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Hipertensão na Gravidez e Síndrome HELLP Alunos: Milton Lima Fernandes Neto Pedro Neto Freitas Cabral Priscyla Nayara Calvinho Silva UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FACULDADE DE MEDICINA Belém – PA 2015 Definição • A Doença Hipertensiva Específica da Gestação (DHEG) é um termo amplo que diz respeito à hipertensão desenvolvida na segunda metade da gravidez, resultante das alterações ocorridas da invasão trofoblástica. Epidemiologia • A DHEG ocorre em cerca de 3 a 14% das gestações, sendo a maior causa de morte materna no Brasil (35% dos casos). • Complica 12 a 22% das gestações. • As formas leves representam 75% dos casos, e 10% ocorrem antes da 34ª semana de gestação. Classificação Classificação das formas de manifestação da DHEG Hipertensão Gestacional Hipertensão que se desenvolve no final da gestação, sem proteinúria Pré-eclâmpsia Hipertensão e proteinúria após 20 semanas de gestação, em gestante previamente normotensa Eclâmpsia Ocorrência de crises convulsivas seguidas ou não de coma em uma paciente com pré-eclâmpsia , descartando-se outras causas Hipertensão Arterial Crônica (HAC) Observada antes da gravidez, ou antes de 20 semanas de gestação, ou diagnosticada pela primeira vez durante a gravidez e não se resolve até 12 semanas após o parto Pré-eclâmpsia sobreposta HAC acompanhada de proteinúria (National High Blood Pressure Education Program Working Group on High Blood Pressure in Pregnancy. 2000) Fatores de Risco Primiparidade Hidropsia Fetal Gravidez Múltipla Extremos de vida reprodutiva (> 35 anos ou adolescente) Hipertensão Arterial Crônica Pré-eclâmpsia em gestação anterior Diabetes Mellitus História familiar de DHEG Doença Renal Crônica Raça Negra Colagenoses Longo intervalo interpartal Trombofilias Síndrome antifosfolipídeo Obesidade Troca de parceiro e nova gravidez Gestação Molar Fisiopatologia • Teoria da Placentação Anormal Fisiopatologia • Teoria da Má Adaptação – Resposta imune materna deficiente a antígenos paternos • Teoria do Estresse Oxidativo – Hipoxemia placentária • Teoria da Susceptibilidade Genética – História familiar, gêmeos e raça negra – Genes: Mutação de Leiden, AIG, EPHX Repercussões Sistêmicas • Alterações Cardiovasculares: aumento da RV, hemoconcentração • Alterações Hematológicas: trombocitopenia, hemólise • Alterações Renais: endoteliose capilar glomerular • Alterações Cerebrais: isquemia, hemorragia e edema cerebral • Alterações Hepáticas: hemorragia periportal, depósito de fibrina e gordura • Alterações Uteroplacentárias: ausência da 2ª onda de invasão trofoblástica, DPP, isquemia placentária e aumento da atividade uterina Repercussões Sistêmicas • Endoteliose capilar glomerular (Rio et. al., 2004) Características Clínicas • Hipertensão: – Pressão Arterial > 140 x 90 mmHg – Aumento de 30 mmHg na PAS ou 15 mmHg na PAD não é mais utilizado – Método: Paciente em repouso por 10 minutos, sentada, em duas medidas espaçadas por pelo menos 4 horas, não ultrapassando 7 dias. Características Clínicas • Proteinúria: – Proteinúria de 24h: presença de 300 mg ou mais – Proteinúria em fita: 1+ ou 2+ em duas amostras quaisquer, com intervalo mínimo de 4 horas – Dosagem em amostra isolada: 30 mg/dL ou mais – Relação proteína/creatinina urinária: valores > 0,3 se associam significativamente com proteinúria > 300 mg Características Clínicas • Edema: – O edema (mãos, face e abdome) não é mais considerado como integrante das manifestações clínicas – Pode ser notado antes da elevação dos níveis tensionais, como aumento excessivo de peso Formas Clínicas • Pré-eclâmpsia Leve – Ganho ponderal súbito: aumento maior que 1Kg em 1 semana ou 3Kg em 1 mês – Retenção hídrica e edema – Geralmente seguido de hipertensão arterial Formas Clínicas • Pré-eclâmpsia Grave Pressão Arterial PA > 160 x 100 (persistente por 30 minutos em repouso e DLE) Proteinúria > 2 g/24h ou 3+ (melhor parâmetro) Oligúria < 25 ml/hora ou 500 ml/dia Elevação da Creatinina > 1,3 mg/dL Complicações Respiratórias Edema agudo de pulmão e cianose Síndrome HELLP Hemólise, Elevação de enzimas hepáticas e trombocitopenia Repercussões Fetais CIUR Complicações Neurológicas Acidente Vascular Cerebral Iminência de Eclâmpsia Sinais indicativos de episódio convulsivo Formas Clínicas • Eclâmpsia – Convulsões tônico-clônicas, em geral com duração menor que 60-75 segundos – Pode ocorrer durante a gravidez (50%), durante o trabalho de parto (25%) ou no puerpério (25%) – Iminência de Eclâmpsia • Distúrbios cerebrais: cefaleia, torpor • Distúrbios visuais: visão turva, diplopia, escotomas • Dor epigástrica: dor em barra de Chausier • Hiperreflexia tendinosa profunda Formas Clínicas • Eclâmpsia – Classificação • Não complicada: quadro convulsivo sem outras intercorrências • Complicada: coagulopatia, insuficiência respiratória/cardíaca, icterícia, temperatura > 38° C, IRA ou PAD > 115 mmHg • Descompensada: choque, coma, hemorragia cerebral ou necessidade de assistência ventilatória Predição da DHEG • Dopplerfluxometria (A) Artéria Uterina (B) Artéria Umbilical Fonte: Moussa, H.N.;Arian, S.E.; Sibai, S.M. Management of hypertensive disorders in pregnancy. Women’s Health 10(4). 2014 Predição da DHEG • Teste da Hipotensão Supina (Teste de Gant) – Elevação da PAD em 20 mmHg após mudança de decúbito lateral para dorsal (entre 28 e 32 semanas de gestação) • Fundo de Olho – Pré-eclâmpsia: edema retiniano, espasmo arteriolar – HAC: estreitamento arteriolar, cruzamento AV patológico, hemorragias/exsudatos, papiledema • Teste da Angiotensina II – Elevação da PAD em 20 mmHg após infusão de até 8mg/Kg/min de Angiotensina II Diagnóstico Diferencial • Se baseiam na classificação. Em algumas situações, outras investigações devem ser realizadas para um maior esclarecimento. Gestantes de alto risco que apresentam PA normal: • História de aumento da pressão antes da concepção ou em gestação prévia, especialmente antes de 34 semanas; • Diabetes, doença do colágeno ou doença renal vascular ou parenquimatosa; • Mulheres com gestação múltipla. Diagnóstico Diferencial • Realizar precocemente na gravidez para comparação posterior: hematócrito, hemoglobina, contagem de plaquetas, creatinina, ácido úrico. • A presença de proteinúria 1+ ou mais em amostra única de urina deve ser seguida de uma determinação da proteinúria de 24 horas e cálculo do clearance de creatinina. Nestas gestantes também deve ser realizada uma datação acurada da idade gestacional, de preferência com ultrassonografia precoce. • Deve-se realizar ainda um exame de ultrassonografia adicional com 25 – 28 semanas para avaliação do crescimento fetal. Diagnóstico Diferencial Gestantes que apresentam hipertensão antes das 20 semanas de gestação: • A maioria destas gestantes tem ou irá desenvolver hipertensão essencial. • Mulheres jovens com hipertensão preexistente ou gestacional precoce devem ser submetidas à avaliação de hipertensão secundária (doença renal, hipertensão renovascular, aldosteronismo primário, síndrome de Cushing e feocromocitoma). • Deve-se realizar os mesmos exames citados anteriormente. Diagnóstico Diferencial Gestantes que apresentam hipertensão após a segunda metade da gravidez ou que apresentam agravamento de hipertensão prévia: • São realizados os exames laboratoriais de duas em duas semanas, ou mais frequentemente, se as circunstâncias clínicaslevam à hospitalização da gestante. Servem para distinguir a pré-eclâmpsia da hipertensão crônica, assim como para avaliar o progresso e a gravidade da doença. • Em mulheres com pré-eclâmpsia, uma ou mais anormalidades podem estar presentes mesmo quando a elevação da pressão arterial for mínima. Conduta nas Síndromes Hipertensivas da Gravidez Pré-Eclâmpsia/Eclâmpsia: • A presença de aumento rápido de peso, edema facial ou outros sintomas sugestivos da doença requerem uma monitoração mais rigorosa da pressão arterial e a detecção de proteinúria. • Se a pressão começar a aumentar, a gestante deve ser reavaliada dentro de 1 a 3 dias. • Assim que se tiver o diagnóstico, a conduta dependerá da gravidade e da idade gestacional. Conduta nas Síndromes Hipertensivas da Gravidez Pré-eclâmpsia leve: • As gestantes com pré-eclâmpsia leve, de preferência, devem ser hospitalizadas para avaliação diagnóstica inicial e mantidas com dieta normossódica e repouso relativo. Na avaliação das condições maternas deve constar: • PA de 4/4h durante o dia; • Pesagem diária; • Pesquisa de sintomas de iminência de eclâmpsia: Cefaleia frontal ou occipital persistente; Distúrbios visuais (escotomas, diplopia, amaurose); Dor epigástrica ou no hipocôndrio direito, acompanhada ou não de náuseas e vômitos; Hiper-reflexia; Proteinúria na fita ou proteinúria de 24 horas; Hematócrito e plaquetas; Provas de função renal e hepática. • Não há necessidade de tratamento medicamentoso Conduta nas Síndromes Hipertensivas da Gravidez Avaliação das condições fetais: • Contagem de movimentos fetais diariamente; • Avaliação do crescimento fetal e do líquido amniótico. Se os resultados estiverem normais, repetir o teste a cada três semanas; • Cardiotocografia basal (CTB), se disponível. Se a CTB for reativa, repetir semanalmente; • A reavaliação materna e fetal deve ser imediata se ocorrerem mudanças abruptas nas condições maternas, redirecionando a conduta. • Nas gestações pré-termo, o controle ambulatorial pode ser iniciado após a hospitalização se confirmadas condições materno-fetais estáveis, com as seguintes recomendações: Consultas semanais; Repouso relativo (evitar grandes esforços); Pesar diariamente pela manhã; Proteinúria na fita semanalmente pela manhã; Medir a pressão arterial pelo menos uma vez ao dia. A presença dos seguintes sinais e sintomas demanda retorno imediato ao hospital: • PA > 150/100mmHg; • Proteinúria na fita ++ ou mais; • Aumento exagerado de peso; • Cefaleia grave e persistente. • Dor abdominal persistente, principalmente na região epigástrica e hipocôndrio direito; • Sangramento vaginal; • Presença de contrações uterinas regulares; • Presença de distúrbios visuais como diplopia, fotofobia, escotomas etc.; • Náusea ou vômitos persistentes; • Diminuição dos movimentos fetais. Conduta nas Síndromes Hipertensivas da Gravidez Indicações para o parto: • A antecipação do parto é o único tratamento definitivo para a pré-eclâmpsia e as indicações estão no quadro abaixo: Conduta nas Síndromes Hipertensivas da Gravidez Pré-eclâmpsia grave: • As gestantes com diagnóstico de pré-eclâmpsia grave deverão ser internadas, solicitados os exames de rotina e avaliadas as condições maternas e fetais. • Avaliar necessidade de transferência para unidade de referência, após a estabilização materna inicial. • Se a idade gestacional for maior ou igual a 34 semanas de gestação, devem ser preparadas para interrupção da gestação. • A conduta conservadora pode ser adotada em mulheres com pré- eclâmpsia grave com idade gestacional entre 24 e 33:6 semanas, através de monitoração materno-fetal rigorosa, uso de sulfato de magnésio e agentes anti-hipertensivos. • As gestantes nessas condições devem ser admitidas e observadas por 24 horas para determinar a elegibilidade para a conduta e nesse período serão manejadas como se segue: Conduta nas Síndromes Hipertensivas da Gravidez • Administração de sulfato de magnésio; • Uso de corticoide (betametasona 12mg, a cada 24 horas, 2 aplicações IM); • Administração de anti-hipertensivos de ação rápida (Hidralazina ou Nifedipina); • Infusão de solução de Ringer lactato a 100- 125ml/h; • Exames laboratoriais: hemograma completo com plaquetas, creatinina sérica, ácido úrico, AST/TGO, ALT/TGP, desidrogenase lática, proteinúria de 24 horas; • Dieta suspensa (permitir pequenas ingestões de líquidos claros e medicação oral). Após o período inicial de observação, confirmando-se a elegibilidade materno-fetal para a conduta expectante, adota-se o seguinte: • Interrupção do sulfato de magnésio; • Determinação da PA a cada 4-6 horas; • Contagem de plaquetas diariamente; • TGO/ AST, ALT/TGP, creatinina e bilirrubina de 2 em 2 dias; • Repetir a proteinúria de 24 horas semanalmente; • Uso de medicação anti-hipertensiva para manter a pressão entre 140/90 e 150/100mmHg (Alfametildopa até 2g, associada a Nifedipina, ou Betabloqueador, ou Hidralazina); • Se as condições maternas estão estáveis, realizar CTB diariamente e PBF duas vezes por semana; • Avaliação do crescimento fetal por ultrassonografia a cada duas semanas; • Dopplerfluxometria fetal semanalmente. Conduta nas Síndromes Hipertensivas da Gravidez • Nas gestantes em manejo conservador, o parto deve ser realizado pela via apropriada de acordo com os critérios delineados. Conduta nas Síndromes Hipertensivas da Gravidez Conduta nas Síndromes Hipertensivas da Gravidez Eclâmpsia: • A ocorrência de convulsões em mulheres com pré-eclâmpsia caracteriza o quadro de eclâmpsia. A conduta clínica visa ao tratamento das convulsões, da hipertensão e dos distúrbios metabólicos, além de cuidados e controles gerais. Cuidados Gerais: • Manter o ambiente tranquilo, o mais silencioso possível; • Decúbito elevado a 30° e face lateralizada; • Cateter nasal com oxigênio (5l/min); • Punção de veia central ou periférica calibrosa; • Cateter vesical contínuo. • A conduta obstétrica visa à estabilização do quadro materno, à avaliação das condições de bem-estar fetal e a antecipação do parto, em qualquer idade gestacional. • Após a estabilização do quadro, iniciar os preparativos para interrupção da gestação. Conduta nas Síndromes Hipertensivas da Gravidez Terapia anticonvulsivante: • A terapia anticonvulsivante é indicada para prevenir convulsões recorrentes em mulheres com eclâmpsia, assim como o aparecimento de convulsões naquelas com pré-eclâmpsia. O sulfato de magnésio é a droga de eleição para tal. Deve ser utilizado nas seguintes situações: • Gestantes com eclâmpsia • Gestantes com pré-eclâmpsia grave admitidas para conduta expectante nas primeiras 24 horas • Gestantes com pré-eclâmpsia grave nas quais se considera a interrupção da gestação • Gestantes com pré-eclâmpsia nas quais se indica a interrupção da gestação e existe dúvida se a terapia anticonvulsivante deve ser utilizada (a critério do médico assistente) • O sulfato de magnésio pode ser utilizado durante o trabalho de parto, parto e puerpério, devendo ser mantido por 24 horas após o parto se iniciado antes do mesmo. • Quando iniciado no puerpério, deve ser mantido por 24 horas após a primeira dose. Conduta nas Síndromes Hipertensivas da Gravidez Dose do sulfato de magnésio: • Dose de ataque – 4,0g (8,0ml de sulfato de magnésio a 50% com 12,0ml de água bidestilada) em infusão endovenosa lenta (aproximadamente 15 minutos) ou 5,0g (10ml de sulfato de magnésio a 50%) intramuscular em cada nádega. • Dose de manutenção – 1,0g/hora (10ml de sulfato de magnésio a 50% com 490ml de solução glicosada a 5% a 100ml/hora em bomba de infusão) ou 2,0g/hora (20ml desulfato de magnésio a 50% com 480ml de solução glicosada a 5% a 100ml/hora em bomba de infusão) ou 5,0g (10ml de sulfato de magnésio a 50%) intramuscular de 4 em 4 horas. Cuidados com o uso do sulfato de magnésio: • A administração da dose de manutenção deverá ser suspensa caso a frequência respiratória tenha menos de 16 incursões por minuto, os reflexos patelares estejam completamente abolidos ou a diurese seja inferior a 100ml durante as 4 horas precedentes. • Deve-se utilizar agulha longa e técnica em zigue- zague para a administração intramuscular. • O gluconato de cálcio a 10% atua como antídoto. É indispensável manter sempre à mão uma ampola de 10ml, para aplicação imediata no caso de eventual parada respiratória, apesar desta raramente ocorrer quando são devidamente observadas as normas de aplicação e vigilância do sulfato de magnésio. • Na recorrência de convulsões, utiliza-se mais 2g IV e aumenta-se a velocidade de infusão do sulfato de magnésio. Na persistência delas, com crises subentrantes, pode-se optar pela fenil-hidantoína, segundo o esquema: • Dose de ataque: 250mg + SG 5% 250ml IV em gotejamento até completar a dose total de 750mg. • Dose de manutenção: 100mg 8/8h IV e, a seguir, 100mg 8/8 h VO, até a alta. Tratamento da Hipertensão Aguda • A terapia anti-hipertensiva deve ser adotada para níveis de pressão diastólica persistentemente acima de 105 ou 110mmHg. Em gestantes adolescentes cujos níveis anteriores estavam abaixo de 75mmHg deve-se considerar o tratamento para níveis acima de 100mmHg. Conduta nas Síndromes Hipertensivas na Gravidez Via de parto: • O parto vaginal é preferível à cesariana para mulheres com pré-eclâmpsia/eclâmpsia, desse modo evitando o estresse adicional de uma cirurgia em uma situação de alterações fisiológicas múltiplas. • Medidas paliativas por várias horas não aumentam o risco materno se realizadas de forma apropriada. • A indução do parto deve ser realizada de forma intensiva assim que a decisão para a interrupção for tomada. Em gestações longe do termo nas quais o parto é indicado e com condições maternas estáveis o suficiente para permitir que a gravidez possa ser prolongada por 48 horas, os corticoides devem ser administrados para acelerar a maturidade pulmonar fetal. • A abordagem intensiva para a indução inclui um ponto final claro para o parto, de cerca de 24 horas após o início do processo. Em gestações >34 semanas com colo imaturo, recomenda-se realizar amadurecimento cervical sob monitoração intensiva. Se o parto vaginal não puder ser efetuado dentro de um período razoável de tempo, deve-se realizar a cesariana. • A anestesia neuraxial (epidural, espinhal ou combinadas) deve ser a técnica de eleição para o parto (vaginal ou cesárea), devendo-se evitar bloqueio motor no caso do parto vaginal. • Na cesariana deve-se evitar a hipotensão por meio de técnica adequada e uso cuidadoso de expansão de volume. Deve-se discutir com o anestesiologista a melhor técnica de acordo com o estado da gestante. • Nos casos de Síndrome Hellp, adotar anestesia geral. Seguimento pós-parto • Mulheres que desenvolvem hipertensão na gravidez devem ser cuidadosamente avaliadas nos meses imediatamente após o parto e aconselhadas a respeito de futuras gestações e risco cardiovascular. • Qualquer anormalidade laboratorial ou achado físico que não retorne ao normal antes da alta deve ser reavaliado na consulta de puerpério. A expectativa é que a hipertensão e outros sinais e sintomas ou disfunção orgânica associados à pré-eclâmpsia terão remissão seis semanas após o parto. • Se as anormalidades persistirem, as gestantes deverão ser reexaminadas após seis semanas e, se a patologia mantiver, provavelmente tornou-se crônica. Síndrome HELLP Síndrome HELLP • “H: Hemolysis, EL: Elevated Liver Enzymes, LP: Low platelets” • É considerada um agravamento do quadro de pré- eclâmpsia • A associação destes parâmetros com a eclâmpsia foi relatada na década de 1950. Em 1982, Weinstein reuniu essas alterações sob o acrônimo de ‘HELLP’ Síndrome HELLP - Epidemiologia • Incidência varia de 2 a 12% do total de mulheres com diagnóstico de pré-eclâmpsia • Em nosso meio, Parpinelli et al. relatam incidência de 2,13% do total de mulheres com síndrome hipertensiva • Nos casos de apresentação anteparto 10% ocorrem antes de 27 semanas , 20% após 37 semanas e 70% entre 27 e 37 semanas • Pode afetar multíparas em igual ou maior proporção que primigestas Síndrome HELLP - Fisiopatologia • Anemia hemolítica microangiopática: marco da síndrome HELLP – atribuída à deformidade (esquizócitos) e destruição das hemácias na microcirculação, secundárias ao dano endotelial, com subsequente vasoespasmo e deposição de fibrina nas paredes vasculares, que também conduzem à ativação, agregação e ao maior consumo periférico das plaquetas (plaquetopenia) *Essas alterações são comuns à fisiopatologia da pré-eclâmpsia Síndrome HELLP - Fisiopatologia • A lesão hepática clássica é a necrose parenquimatosa focal ou periportal, com depósitos de material hialino nos sinusoides hepáticos. -Essas alterações podem ser responsáveis pela elevação de enzimas hepáticas e pela dor em quadrante superior direito do abdome; - Pode ocorrer hemorragia intra- hepática com formação de hematoma subcapsular (raro) Síndrome HELLP - Laboratório • Hemólise – Anemia – DHL > 600 UI/L – Bilirrubina Total > 1,2mg% – Esquizócitos em grande quantidade no sangue periférico • ELevação das enzimas hepáticas – AST e/ou ALT > 70 UI/L – DHL > 600UI/L • Plaquetopenia – Contagem plaquetária < 100.000/mm³ Sibai, 1991 Síndrome HELLP - Classificação • Completa: – <100.000 plaquetas/ml – DHL 600UI/L e/ou BILIRRUBINA >1,2mg/dL e/ou esquizócitos – TGO 70UI/L • Incompleta: – Apenas um ou dois acima presentes Síndrome HELLP - Clínica • Manifestações imprecisas, sendo comuns: – dor epigástrica, mal estar geral, náuseas, vômitos, cefaleia, dor na parte superior do abdômen – sintomas semelhantes a uma síndrome viral inespecífica • O diagnóstico precoce é, iminentemente, laboratorial e deve ser pesquisado de maneira sistemática nas mulheres com pré- eclâmpsia/eclâmpsia e/ou dor no quadrante superior direito do abdômen Síndrome HELLP – Diagnóstico Diferencial • História clínica: pielonefrite com septicemia, colecistopatias, pancreatopatias, intoxicação por cocaína • Comportamento das alterações laboratoriais: hepatites virais, CIV • Particularmente difícil em: púrpura trombocitopênica trombótica (PTT), síndrome hemolítico-urêmica (SHU), fígado gorduroso agudo da gravidez (FGAG) e exacerbação do LES Síndrome HELLP – Diagnóstico Diferencial • PTT e SHU: – anemia hemolítica microangiopática, plaquetopenia de consumo e formação de trombose intravascular (trombos de plaquetas/fibrina) – fatores de risco: gravidez, algumas drogas (ciclosporina, sinvastatina), infecções por agentes produtores de endotoxina ou citotoxina, além do HIV – PTT: principalmente após a 24ª semana predominância de envolvimento do sistema nervoso central e febre – SHU: majoritariamente no puerpério manifestação principal é a rápida e progressiva insuficiência renal Síndrome HELLP - Condutas • Antecipação do diagnóstico – Hemograma, plaquetas, urinálise, creatinina sérica, DHL, ácido úrico, bilirrubinas e transaminases – DHL >1.400UI/L, TGO >150UI/L, TGP >100UI/L e ácido úrico >7,8 mg/dL, presença de náuseas, vômitos e/ou dor epigástrica são fatores de risco significativo de morbidade materna Síndrome HELLP - Condutas • Avaliar condições materno-fetais – Solicitar demais exames, se necessário (dx diferencial) – Avaliar bem-estar fetal: monitorização fetal eletrônica, ultrassonografia com doppler – TODAS com síndromeHELLP devem ser preparadas para parto por via vaginal ou abdominal em 24 horas – Caso IG< 34 semanas, fazer uso de corticóide, mesmo se o parto não puder ser adiado pelo período ideal de 24-48 horas Síndrome HELLP - Condutas • Controle da PA: – Tratar se PAS ≥ 150 mmHg e manter PAD entre 80-90 mmHg • “Resgate de dexametasona” anteparto – 10mg IV, de 12 em 12 horas – Sempre que plaquetas ≤50.000 • Prevenção das convulsões com sulfato de magnésio – Dose de ataque de 4-6g por via intravenosa seguida de dose de manutenção de 1,5-4g/hora individualizada de acordo com a gestante Síndrome HELLP - Condutas • Manejo de fluidos e eletrólitos – Alternar [glicose a 5% com solução salina meio a meio] e solução de Ringer lactato a 100ml/hora – Manter débito urinário de 30-40ml/hora • Uso criterioso de sangue e hemoderivados – Transfusão de plaquetas se contagem < 50.000 – Em caso de parto via abdominal, transfundir 6 unidades de plaquetas Síndrome HELLP - Condutas • Tratar a gestante intensivamente no pós-parto – UCI até que: • contagem de plaquetas demonstre tendência consistente de elevação e a DHL uma tendência consistente de diminuição; • diurese >100ml/hora por duas horas consecutivas sem infusão adicional rápida de fluidos ou sem diuréticos; • hipertensão esteja bem controlada, com a PAS em torno de 150mmHg e a PAD <100mmHg; e • melhora clínica óbvia e não haja complicações significativas – Uso continuado de dexametasona no pós-parto, na mesma dose do resgate, até que: • plaquetas >100.000/μL, a DHL diminua, débito urinário >100ml/hora e a gestante esteja clinicamente estável; • depois, mais duas doses de 5mg de 12 em 12 horas Síndrome HELLP - Condutas • Aconselhamento sobre gestações futuras – O risco de recorrência da síndrome HELLP pode variar de 19 a 27% – Se gestação anterior interrompida com <32 semanas, o risco aumenta para 61% Referências • Ministério da Saúde. Gestação de Alto Risco: Manual Técnico. Ações Programáticas Estratégicas. – 5. ed. – Brasília. Editora do Ministério da Saúde, 2012. • FEBRASGO. Manual de Gestação de Alto Risco. Manual de Orientação. 2011. • Rio SMP et al . Alterações ultra-estruturais do glomérulo na pré-eclâmpsia. Rev. Bras. Ginecol. Obstet. Rio de Janeiro , v. 26, n. 3, p. 185- 192, Apr. 2004 • Moussa HN, Arian SE, Sibai SM. Management of hypertensive disorders in pregnancy. Women’s Health 10(4). 2014. • Roberts JM, August PA, Bakris G et al. Hypertension in pregnancy report of the American College of Obstetricians and Gynecologists’ Task Force on hypertension in pregnancy. Obstet. Gynecol. 122(5), 1122–1131. 2013. • Williams D. Long-term complications of pre-eclampsia. Semin. Nephrol. 31(1), 111–122. 2011. Hipertensão na Gravidez e Síndrome HELLP Definição Epidemiologia Classificação Fatores de Risco Fisiopatologia Fisiopatologia Repercussões Sistêmicas Repercussões Sistêmicas Características Clínicas Características Clínicas Características Clínicas Formas Clínicas Formas Clínicas Formas Clínicas Formas Clínicas Predição da DHEG Predição da DHEG Diagnóstico Diferencial Diagnóstico Diferencial Diagnóstico Diferencial Diagnóstico Diferencial Conduta nas Síndromes Hipertensivas da Gravidez Conduta nas Síndromes Hipertensivas da Gravidez Conduta nas Síndromes Hipertensivas da Gravidez Conduta nas Síndromes Hipertensivas da Gravidez Conduta nas Síndromes Hipertensivas da Gravidez Conduta nas Síndromes Hipertensivas da Gravidez Conduta nas Síndromes Hipertensivas da Gravidez Conduta nas Síndromes Hipertensivas da Gravidez Conduta nas Síndromes Hipertensivas da Gravidez Conduta nas Síndromes Hipertensivas da Gravidez Conduta nas Síndromes Hipertensivas da Gravidez Tratamento da Hipertensão Aguda Conduta nas Síndromes Hipertensivas na Gravidez Seguimento pós-parto Síndrome HELLP Síndrome HELLP Síndrome HELLP - Epidemiologia Síndrome HELLP - Fisiopatologia Síndrome HELLP - Fisiopatologia Síndrome HELLP - Laboratório Síndrome HELLP - Classificação Síndrome HELLP - Clínica Síndrome HELLP – Diagnóstico Diferencial Síndrome HELLP – Diagnóstico Diferencial Síndrome HELLP - Condutas Síndrome HELLP - Condutas Síndrome HELLP - Condutas Síndrome HELLP - Condutas Síndrome HELLP - Condutas Síndrome HELLP - Condutas Referências
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