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cesariana bovinos

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS 
CAMPUS JATAÍ / UNIDADE JATOBÁ 
TCCG- GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CLÍNICA CIRÚRGICA E REPRODUÇÃO DE BOVINOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Acadêmico: Eduardo Siqueira Martins 
Orientadora: Profa. Cecília Nunes Moreira Sandrini 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Jataí 
2007 
 ii
 
EDUARDO SIQUEIRA MARTINS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CLÍNICA CIRÚRGICA E REPRODUÇÃO DE BOVINOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de conclusão de curso de Graduação 
em Medicina Veterinária apresentado para 
obtenção do título de Médico Veterinário junto 
à Universidade Federal de Goiás, Campus 
Jataí 
 
 
 
Orientadora: 
Profa. Dra. Cecília Nunes Moreira Sandrini 
Supervisor: 
Médico Veterinário Leandro Bonifácio da Silva 
 
 
 
 
 
 
 
Jataí 
2007 
 iii 
 EDUARDO SIQUEIRA MARTINS 
 
 
Trabalho de conclusão de curso de graduação em Medicina Veterinária defendida 
e aprovada em 23 de novembro de 2007, pela seguinte banca examinadora: 
 
 
 
 
 
 
____________________________________________ 
Profa. Dra. Cecília Nunes Moreira Sandrini 
Presidente da Banca 
 
 
 
 
 
 
____________________________________________ 
Prof. Msc. Henrique Trevizoli Ferraz 
Membro da banca 
 
 
 
 
 
____________________________________________ 
Médico Veterinário Valdir Chiogna Junior 
Membro da banca 
 iv
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho aos meus pais; 
Tiburcio Siqueira Gama Neto e Cacilda Martins Neves 
Gama, pessoas que sempre me incentivaram e 
ensinaram com paciência, compreensão e amor, me 
mostrando sempre o valor do estudo, da honestidade e 
do respeito pelos próximos; à minha irmã Paula 
Siqueira Martins, por ter me mostrado a importância 
em se dedicar a seus ideais e pelo que me ensinou 
durante toda minha vida, sendo minha amiga e 
conselheira. 
 v
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Agradeço a Deus, por ter me dado a oportunidade de poder estudar, 
por ter me dado uma família honesta, responsável e amigos verdadeiros. 
Aos meus pais, pessoas que eu sempre amarei e admirarei por terem 
me criado com carinho e respeito, sempre preocupados com meu bem estar e 
conforto e sempre se esforçando para que eu pudesse me dedicar 
exclusivamente aos meus estudos. 
Aos meus irmãos Paula Siqueira Martins, Fernando Siqueira Martins e 
a minha prima Fernanda Martins Neves, que para mim sempre foi e será uma 
irmã. Pessoas que sempre me ajudaram, com alegria e disposição, sempre 
suportando e rindo do meu jeito. 
A Gracielle Teles Pádua, que esteve ao meu lado nos últimos anos, 
sempre apoiando minhas decisões, compreendendo minhas manias e me 
ajudando em tudo que eu precisasse. 
Aos meus avós e minha família, que sempre me acolheram com alegria 
e satisfação. Pessoas que eu admiro e respeito. 
Aos meus irmãos de republica: Werik (Agrônomo), Felipe (Nanico), Luiz 
Fabiano (Bianno), Arthur (IG), Ricardo (Carrerinha), Murilo (Piriguete) e Maicol 
(Lumbriga); pela amizade e paciência que sempre tiveram comigo, por terem me 
acolhido, tornando nos últimos anos minha segunda família. Pessoas que sempre 
considerarei como meus irmãos. 
Ao amigo Daniel Rezende, pessoa que conheço a vários anos, que 
para mim sempre foi um amigo para todas as horas, e que admiro pela sua 
amizade, confiança e seu humor. 
Ao Médico Veterinário Leandro Bonifácio da Silva, que supervisionou 
meu estágio, transmitindo muitos conhecimentos e se tornado um verdadeiro 
amigo no decorrer do estágio. 
Aos amigos Bruno Najjar, Daniel Afonso, Fernando Baraldi, Renatinho, 
Valdir, Felipe (Valdomiro), Candango, Arnaldo Jr., Vinícius, Leandro, Wladimir, 
Diego (Cowboy) e outros mais. 
 vi
Aos meus amigos e colegas de sala, pessoas que apesar das muitas 
brigas e desentendimentos, aprendi a gostar e sei que sentirei falta no futuro, 
especialmente Heriton (Tigrão), Janderson (Bié), Danilo (Pudim), Thiago, Keyla, 
Cínara, Ana Luiza, Alliny e Talita. 
Aos professores da Universidade, pelos ensinamentos e empenho em 
melhorar o curso de Medicina Veterinária, especialmente a Cecília, Rogério, 
Fabiano, Alana, Filipe e Vera Banys. 
Aos proprietários e funcionários da Vetmaster, pessoas que me 
acolheram e transmitiram muitos conhecimentos, e que considero verdadeiros 
amigos, especialmente João Paulo, Gabriel, Uander, Luciano e Maxuel. 
Aos funcionários e colaboradores da Universidade Federal de Goiás, 
Campus Jataí, por proporcionarem condições para o nosso estudo na 
Universidade. 
Aos animais, que são o verdadeiro motivo de nossas vidas, aqueles 
que escolhemos para conviver diariamente, e que merecem todo respeito e 
consideração. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O meu muito obrigado. 
 vii
LISTA DE TABELAS 
 
 
TABELA 1 Atividades realizadas por especialidade veterinária, durante o 
estágio curricular supervisionado, realizado no período de 30 
de julho de 2007 a 11 de outubro de 2007, na empresa 
Comercial Vetmaster Ltda, no município de Pontalina – GO..... 
 
TABELA 2 Procedimentos realizados na área de clínica cirúrgica, durante 
o estágio curricular supervisionado, realizado no período de 30 
de julho de 2007 a 11 de outubro de 2007, na empresa 
Comercial Vetmaster Ltda, no município de Pontalina – GO...... 
 
TABELA 3 Atividades realizadas nas especialidades de Reprodução 
animal e obstetrícia, segundo a espécie animal, durante o 
estágio supervisionado curricular realizado no período de 30 
de julho de 2007 a 11 de outubro de 2007, na empresa 
Comercial Vetmaster Ltda, no município de Pontalina – GO...... 
 
TABELA 4 Atividades desenvolvidas nas especialidades nutrição e 
sanidade animal, durante o estágio supervisionado curricular 
realizado no período de 30 de julho de 2007 a 11 de outubro 
de 2007, na empresa Comercial Vetmaster Ltda, no município 
de Pontalina – GO....................................................................... 
 
TABELA 5 Atividades desenvolvidas na especialidade clinica médica 
animal, durante o estágio supervisionado curricular realizado 
no período de 30 de julho de 2007 a 11 de outubro de 2007, na 
empresa Comercial Vetmaster Ltda, no município de Pontalina 
– GO............................................................................................ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
4 
4 
5 
6 
 viii 
LISTA DE FIGURAS 
 
 
FIGURA 1 Locais para incisão na parede abdominal e no útero em 
cesarianas nos bovinos........................................................... 8 
FIGURA 2 Cesariana em uma matriz nelore - Matriz em trabalho de 
parto no momento de exame clínico....................................... 12 
FIGURA 3 Cesariana em uma matriz nelore - Matriz em trabalho de 
parto no momento de exame clínico....................................... 12 
FIGURA 4 Cesariana em uma matriz nelore - Contenção física da 
matriz....................................................................................... 13 
FIGURA 5 Cesariana em uma matriz nelore – Matriz em decúbito 
lateral direito com tricotomia da região paramamária, para 
realização da incisão............................................................... 14 
FIGURA 6 Cesariana em matriz nelore. Incisão Paramamária................ 15 
FIGURA 7 Cesariana em matriz nelore. Exposição de parte do útero..... 15 
FIGURA 8 Cesariana em uma matriz nelore - Local da incisão após a 
dermorrafia..............................................................................16 
FIGURA 9 Cesariana em uma matriz nelore - Local da incisão após 
aplicação de SPORLAN spray®.............................................. 17 
FIGURA 10 Cesariana em uma matriz nelore - Matriz e bezerra após a 
realização da cirurgia.............................................................. 18 
FIGURA 11 Interação entre o sistema nervoso central e o sistema 
endócrino para manutenção da atividade reprodutiva............ 22 
FIGURA 12 Desenvolvimento folicular e produção de hormônios pelos 
ovários .................................................................................... 24 
FIGURA 13 Ondas de crescimento folicular............................................... 26 
FIGURA 14 Folículo fotografado no momento da ovulação...................... 27 
FIGURA 15 Escore de condição corporal. Escala de 1 a 5...................... 29 
FIGURA 16 Efeito do ECC na taxa de gestação ao longo da estação de 
monta....................................................................................... 30 
FIGURA 17 Alguns medicamentos utilizados na sincronização do ciclo 
estral. Croniben®.................................................................... 38 
FIGURA 18 Alguns medicamentos utilizados na sincronização do ciclo 
estral. Cronibest®.................................................................... 38 
FIGURA 19 Alguns medicamentos utilizados na sincronização do ciclo 
estral. Folligon®...................................................................... 
38 
FIGURA 20 Diferentes dispositivos intravaginais de progesterona............ 39 
FIGURA 21 Dispositivo Intravaginal sendo colocado no aplicador............. 40 
FIGURA 22 Momento em que o dispositivo é colocado no fundo do saco 
vaginal. - Dispositivo sendo colocado..................................... 41 
FIGURA 23 Momento em que o dispositivo é colocado no fundo do saco 
vaginal. Aplicador sendo inserido na vagina........................... 41 
FIGURA 24 Retirada do dispositivo intravaginal de progesterona............. 42 
 
 
 
 ix
 
SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................... 1 
2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO.................................................. 2 
3 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS.............................. 3 
4 CESARIANA.............................................................................................. 7 
4.1 Revisão de literatura................................................................................. 7 
4.2 Relato de caso.......................................................................................... 12 
4.2.1 Pré-operatório........................................................................................... 13 
4.2.2 Trans-operatório........................................................................................ 14 
4.2.3 Pós-operatório........................................................................................... 16 
4.2.4 Evolução do quadro.................................................................................. 18 
4.3 Discussão e conclusão............................................................................. 18 
5 
INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM TEMPO FIXO EM VACAS 
LEITEIRAS................................................................................................ 21 
5.1 Introdução................................................................................................. 21 
5.2 Revisão de literatura................................................................................. 22 
5.2.1 Fisiologia reprodutiva............................................................................... 22 
5.2.2 Ciclo estral em bovinos............................................................................. 25 
5.2.3 Dinâmica folicular...................................................................................... 25 
5.2.4 Nutrição - escore de condição corporal (ECC)......................................... 28 
5.2.5 Inseminação artificial (IA).......................................................................... 30 
5.2.6 Inseminação artificial em tempo fixo (IATF).............................................. 31 
5.2.7 Principais fármacos utilizados no controle do ciclo estral......................... 32 
5.3 Relato de caso.......................................................................................... 35 
5.3.1 Anamnese................................................................................................. 36 
5.3.2 Diagnóstico de gestação........................................................................... 37 
5.3.3 Recomendações ao proprietário................................................................ 37 
5.3.4 Tratamento................................................................................................ 38 
5.3.5 Inseminação artificial após a sincronização do cio................................... 42 
5.3.6 Diagnóstico de gestação após a IATF...................................................... 43 
5.4 Discussão e conclusão............................................................................. 43 
6 CONCLUSÃO............................................................................................ 46 
7 REFERÊNCIAS......................................................................................... 47 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 Lojas de produtos agropecuários, com corpo técnico qualificado, têm se 
mostrado como excelentes locais para realização de estágio, tanto curricular 
quanto extracurricular, uma vez que permitem ao estagiário entender de forma 
prática qual o campo de atuação do médico veterinário nesta área. 
 Esses estabelecimentos permitem que o aluno se relacione com 
proprietários rurais, conhecendo suas reais dúvidas e necessidades, além de 
permitir que o estagiário contribua para resolução de tais problemas. 
 O local para realização do estágio curricular foi escolhido pelo fato de 
ser uma empresa conceituada, com profissionais competentes, com uma alta 
casuística em atendimento de grandes animais, principalmente bovinos leiteiros e 
também de pequenos animais. 
 Além do conhecimento adquirido na Universidade, o estudante de 
medicina veterinária muitas vezes se depara com situações em que é necessário 
um conhecimento mais prático para resolução de um problema, fato que muitas 
vezes é crucial para o sucesso do profissional. 
 O estágio curricular permite ao aluno adquirir conhecimentos teóricos e 
práticos de médicos veterinários experientes, contribuindo assim para a formação 
de um bom profissional. 
 
 
 
 
 2
2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO 
 
 O estágio curricular supervisionado foi realizado na empresa Comercial 
Vetmaster Ltda, localizada no seguinte endereço: Avenida Comercial, nº. 1260, 
Centro, município de Pontalina – GO, no período de 30 de julho de 2007 a 11 do 
outubro de 2007, sob a supervisão do Médico Veterinário Leandro Bonifácio da 
Silva, perfazendo um total de 400 horas. 
 Esta é uma empresa privada existente há 5 anos, constituída pelos 
Médicos Veterinários Leandro Bonifácio da Silva e Maxuel Martins Ribeiro, um 
gerente, dois balconistas, duas funcionárias de caixa, um técnico agrícola e dois 
carregadores. 
 A empresa possui área de loja veterinária, consultório para pequenos 
animais, fábrica de rações concentradas e suplementos minerais formulados em 
parceria com a Nutron – Nutrição Animal, pet shop com banho e tosa de 
pequenos animais, laboratório para realização de exames de brucelose e 
depósitos de rações e sais minerais. 
 Realiza serviços a campo envolvendo assistência técnica à 
propriedades rurais, controle zootécnico, manejonutricional e sanitário de 
rebanhos, programa de controle estratégico de endoparasitas e ectoparasitas, 
manejo reprodutivo e atendimento clínico e cirúrgico. 
 
 
 
 
 
 3
 
3 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS 
 
Durante as 400 horas de estágio curricular supervisionado 
acompanhou-se a rotina de trabalho da empresa Comercial Vetmaster Ltda, onde 
foram realizadas várias atividades nos mais distintos campos da Medicina 
Veterinária, indo de simples orientações técnicas, como no manejo nutricional de 
rebanhos até intervenções clínicas e cirúrgicas, podendo ser observadas na 
Tabela 1. 
 
 
TABELA 1 Atividades realizadas por especialidade veterinária, durante o estágio 
curricular supervisionado, realizado no período de 30 de julho de 
2007 à 11 de outubro de 2007, na empresa Comercial Vetmaster 
Ltda, no município de Pontalina – GO. 
Área de atuação 
Espécies 
Bovina Eqüina Canina Felina Total % 
Clinica cirúrgica 27 1 12 — 40 7,02 
Reprodução e obstetrícia 307 1 — — 308 54,03 
Nutrição 14 — — — 14 2,45 
Clínica médica 51 1 24 2 78 13,7 
Sanidade 130 — — — 130 22,8 
Total 529 3 36 2 570 100 
Fonte: Comercial Vetmaster Ltda. 
 
 
 Na área de clínica cirúrgica foram realizados diversos procedimentos, 
durante o estágio curricular supervisionado, podendo ser observados de acordo 
com a espécie na tabela 2. 
 
 
 
 
 4
TABELA 2 Procedimentos realizados na área de clínica cirúrgica, durante o 
estágio curricular supervisionado, realizado no período de 30 de julho 
de 2007 a 11 de outubro de 2007, na empresa Comercial Vetmaster 
Ltda, no município de Pontalina – GO. 
Procedimento 
 Espécies 
Bovina Eqüina Canina Total % 
Casqueamento curativo 12 — — 12 30 
Sutura de teto 3 — — 3 7,5 
Glossoplástia 1 — — 1 2,5 
Enucleação 1 — — 1 2,5 
Cesariana 3 — 2 5 12,5 
Castração de machos — 1 6 7 17,5 
Obstrução uretral 1 — — 1 2,5 
Abertura do esfíncter do teto 3 — — 3 7,5 
Ovariosalpingehisterectomia — — 2 2 5 
Sutura de reto e vulva 1 — — 1 2,5 
Desmotomia patelar 1 — — 1 2,5 
Remoção de teto extra-numerário 1 — — 1 2,5 
Evisceração — — 2 2 5 
Total 27 1 12 40 100 
Fonte: Comercial Vetmaster Ltda. 
 
 Foram realizadas várias atividades nas especialidades de Reprodução 
Animal e Obstretrícia, durante o estágio supervisionado curricular. Como pode ser 
observado na Tabela 3. 
TABELA 3 Atividades realizadas nas especialidades de Reprodução animal e 
Obstetrícia, segundo a espécie animal, durante o estágio 
supervisionado curricular realizado no período de 30 de julho de 2007 
a 11 de outubro de 2007, na empresa Comercial Vetmaster Ltda, no 
município de Pontalina – GO. 
Procedimentos 
 Espécies 
Bovina Canina Total % 
Prolapso Cérvico-vaginal 1 — 1 0,31 
Prolapso uterino 10 — 10 3,25 
Diagnóstico de gestação 240 — 240 78,15 
Parto distócico 5 — 5 1,63 
Inseminação Artificial em Tempo Fixo 47 — 47 15,30 
Cesariana 3 2 5 1,63 
Total 306 2 308 100 
Fonte: Comercial Vetmaster Ltda. 
 5
 
 As atividades desenvolvidas nas áreas de nutrição e sanidade animal, 
foram agrupadas na Tabela 4, de acordo com as espécies, foram realizadas 
principalmente atividades na área de sanidade, como a coleta de material, 
realização de exame de brucelose e tuberculose e envio de amostras para 
laboratórios. 
 
 
TABELA 4 Atividades desenvolvidas nas especialidades nutrição e sanidade 
animal, durante o estágio supervisionado curricular realizado no 
período de 30 de julho de 2007 a 11 de outubro de 2007, na empresa 
Comercial Vetmaster Ltda, no município de Pontalina – GO. 
Procedimentos 
 Espécies 
Bovina Eqüina Suína Total % 
Palestras — — 2 2 1,39 
Manejo nutricional 10 — — 10 6,94 
Coleta de amostras de silagem 2 — — 2 1,39 
Coleta de sangue para exames 73 2 — 75 52,08 
Exames de Brucelose e 
Tuberculose 55 — — 55 38,20 
Total 140 2 2 144 100 
Fonte: Comercial Vetmaster Ltda. 
 
 
 Na área da Clinica Médica foram feitos diversos procedimentos 
diagnósticos, consultas e tratamentos, atendendo principalmente bovinos e cães. 
Na Tabela 5 pode-se observar as atividades realizadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 6
TABELA 5 Atividades desenvolvidas na especialidade clinica médica animal, 
durante o estágio supervisionado curricular realizado no período de 30 
de julho de 2007 a 11 de outubro de 2007, na empresa Comercial 
Vetmaster Ltda, no município de Pontalina – GO. 
Área de atuação 
 Espécies 
Bovina Eqüina Canina Felina Total % 
Intoxicação por abamectina 1 — — — 1 1,28 
Otite 2 — 1 — 3 3,84 
Carbúnculo Sintomático 8 — — — 8 10,30 
Botulismo 1 — — — 1 1,28 
Abdome Agudo — 1 — — 1 1,28 
Retenção de placenta 6 — — — 6 7,70 
Hipocalcemia 4 — 5 — 9 11,53 
Babesiose 7 — 3 — 10 12,82 
Erliquiose — — 2 — 2 2,56 
Traqueobronquite Infecciosa — — 2 — 2 2,56 
Intoxicação por micotoxina 3 — — — 3 3,84 
Parvovirose — — 3 — 3 3,84 
Cinomose — — 3 — 3 3,84 
Consultas 10 0 5 2 17 21,80 
Timpanismo/indigestão 9 — — — 9 11,53 
Total 51 1 24 2 78 100 
Fonte: Comercial Vetmaster Ltda. 
 
 7
4 CESARIANA 
 
4.1 REVISÃO DE LITERATURA 
 
 Segundo TONIOLLO & VICENTE (1993), o termo cesárea se origina da 
expressão latina caesa matris útero, que significa corte do útero materno. A 
cesariana trata-se de uma laparohisterotomia com finalidade de retirar um ou mais 
fetos, vivos ou mortos, de fêmeas uníparas ou multíparas na época do parto, 
podendo ser conservativa ou total (histerectomia). 
 Para TURNER & MCILWRAITH (2002), a cesariana é indicada para os 
diversos tipos de distocia, incluindo aquelas causadas por tamanho 
desproporcional relativo do feto, quando há deformidade da pelve materna, 
monstros fetais, endurecimento da cérvix, má-posição fetal, hidropsia do âmnio e 
do alantóide, torção uterina e também quando há fetos enfisematosos. 
 A distocia pode ser devido a causas fetais, maternas ou mecânicas. A 
fetal resulta de anormalidades na apresentação ou posição do feto e de 
irregularidades de postura da cabeça ou membros; podendo ser devido a um 
relativo ou absoluto excesso de tamanho do feto, as monstruosidades fetais, ou a 
presença de gêmeos. A materna ocorre por inércia uterina primária (incapacidade 
do útero em se contrair suficientemente para expulsar o feto), ou secundária 
(exaustão da musculatura uterina por excesso de contração), ou seja, depende da 
capacidade de contração do útero, bem como de dilatação suficiente do cérvix. As 
causas mecânicas são geralmente devido à desproporção feto-pélvica, torções 
uterinas, estenose de cérvix e vagina ou devido a anomalias congênitas (HAFEZ, 
1995). Segundo SMITH (1994) em fêmeas bovinas, a incidência de distocia oscila 
de 3 a 25% dos partos. 
 A cesariana é, geralmente, um procedimento de emergência, pois a 
distocia prolongada coloca em risco as vidas da mãe e/ou do feto (BOJRAB, 
1996). Sendo que a vaca que tenha sofrido um longo período de manipulação 
fetal ou tentativas de fetotomia, estando sistemicamente comprometida, não é 
uma candidata para a cesariana (TURNER & MCILWRAITH, 2002). 
 Diferentes formas de abordagem foram desenvolvidas para a secção 
cesariana, como a abordagem pelo flanco ou paralombar esquerda (Figura 1), 
 8
sendo esta a incisão padrão para um feto não contaminado viável ou 
recentemente morto, em que a vaca é capaz de suportar a cirurgia enquanto 
estiver em estação. Em algumas situações, a laparotomia pelo flanco direito fica 
indicada quando existe uma distensão acentuada do rúmen ou quando o exame 
clínico indica que a remoção pelo lado direito seria mais conveniente. Nos casos 
de rotina, a incisão pelo flanco esquerdo é a mais indicada, pois este 
procedimentoevita maiores problemas com os intestinos, como por exemplo, a 
dificuldade que se tem para localizar e expor o útero, uma vez que as alças 
intestinais se localizam em menor quantidade neste lado, havendo uma menor 
probabilidade dessas alças se exteriorizarem, evitando com isso uma maior 
contaminação, tanto dos intestinos como do peritônio do animal (TURNER & 
MCILWRAITH, 2002). 
 No caso de um feto morto ou enfisematoso, a abordagem ventral deve 
ser empregada. A incisão paramediana ventral requer que a vaca esteja em 
decúbito dorsal. Uma alternativa é a abordagem oblíqua ventrolateral que poderá 
ser realizada com o animal em decúbito lateral. Ambas as técnicas reduzem a 
contaminação do peritônio, que poderá ocorrer durante a remoção do feto 
enfisematoso contaminado e seus debris associados (TURNER & MCILWRAITH, 
2002). 
 
 
 
FIGURA 1 – Locais para incisão na parede abdominal e no útero 
em cesarianas nos bovinos. 
Fonte: www.mcguido.vet.br 
Incisão 
uterina 
Ultima costela 
Incisão 
abdominal 
 9
 SILVA et al. (2000) afirmaram que a contenção do animal em decúbito 
é preferível, já que facilita a exteriorização do útero e reduz o risco do animal cair 
durante a operação. 
 Quanto à contenção química, os tranqüilizantes, apesar de passarem 
pela barreira placentária, aparentemente não apresentam risco imediato para o 
feto, desde que usados com cautela. É conveniente, quando necessário, usá-los 
em doses menores (MASSONE, 2003). 
 O risco de uma cesariana aumenta quando ocorrem alterações 
fisiológicas que interferem na reposta do paciente e do feto em relação ao 
anestésico ou ainda diante de técnicas que podem ser consideradas cômodas 
para a fêmea, mas desconfortáveis para o feto, aumentando o risco de morbidade 
ou mortalidade do mesmo (MASSONE, 1988). 
 Segundo SLATTER (1998), não existe um protocolo anestésico que 
seja, isoladamente, melhor que os demais. O cirurgião deve considerar o estado 
fisiológico do paciente e do feto. 
 No entanto, TONIOLLO & VICENTE (2003) consideram que qualquer 
droga anestésica, independente da forma de administração, atravessa com 
rapidez a barreira placentária, atingindo o feto que ainda possui atividade 
microssomal hepática deficiente. Os autores ainda afirmam que a resposta da 
fêmea ao efeito anestésico pode-se alterar em função de seu estado fisiológico, e 
que devem ser utilizadas drogas que possibilitem rápido retorno anestésico para 
facilitar a amamentação. 
 Segundo FIALHO (1985) as vacas deixam de se alimentarem horas 
antes do parto, e em casos de distocias, este tempo muitas vezes ultrapassa 24 
horas, esgotando as reservas de glicogênio e diminuindo a capacidade 
desintoxicante do fígado. 
 A cesariana da vaca é efetivada com o animal sob analgesia local. Se a 
abordagem é pelo flanco, poderá ser feito um bloqueio paravertebral, em L 
invertido ou então linear. A imobilização do animal com cordas, com ou sem 
sedação, é uma medida suplementar de restrição das vacas quando se faz a 
abordagem ventral (TURNER & MCILWRAITH, 2002). 
 A incisão paramediana ventral para a cesariana é situada na metade 
do caminho entre a linha mediana e a veia subcutânea abdominal estendendo-se 
 10
na direção caudal do umbigo até a glândula mamária (TURNER & MCILWRAITH, 
2002). 
 Após a pele, secciona-se a fáscia do músculo obliquo abdominal 
externo com o bisturi, com posterior divulsão com os dedos dos músculos obliquo 
abdominal externo, obliquo interno do abdome e transverso abdominal, seguindo-
se então a secção do peritônio (GETTY, 1981). 
 Na cavidade peritoneal, o cirurgião manipula a porção do corno uterino 
que contém o feto e tenta exteriorizar uma região para a histerotomia. A incisão 
uterina é normalmente feita no corno uterino próximo ao local onde é identificado 
um dos membros do feto. Sendo que esta incisão deve ser longa o bastante para 
permitir a remoção do feto sem que se dilacere ou se amplie à incisão uterina 
(TURNER & MCILWRAITH, 2002). 
 Segundo SOUZA (1977) deve-se incindir 20 a 25 cm no corno 
gravídico longitudinalmente em sua face convexa, sendo a incisão extra-
abdominal para evitar a contaminação da cavidade com membranas e líquidos 
fetais. Garantindo que a incisão uterina seja corretamente fechada com suturas 
invertidas (Shimieden e Cushing, por exemplo) e é essencial que não haja 
pedaços de placenta deixadas nas suturas. A reposição do útero na sua posição 
normal no abdômen antes de fechar a incisão abdominal é realizada sem grandes 
técnicas (SACCAB et al., 2005). 
 Segundo TURNER & MCILWRAITH (2002), os nós e a sutura quando 
expostos tendem a desenvolver aderências entre o útero e os órgãos vicerais, 
sendo assim deve-se observar para que ocorra a mínima exposição possível do 
fio, evitando maiores danos à vida reprodutiva do animal, após a cesariana e 
consequentemente evitando o descarte desnecessário de animais, pois de acordo 
com SILVA et al. (2004) os problemas reprodutivos estão entre as principais 
causas de descartes em fêmeas bovinas. 
 Para evitar a aderência do útero com a parede abdominal ou rumem, é 
aconselhável a aplicação única, por via intra-abdominal, de uma dose de 
corticosteróide diluído em 100 ml de água destilada ou soro fisiológico 
(GRUNERT & BIRGEL, 1989). 
 Em relação aos fios utilizados nas suturas, MAGALHÃES (1993) 
afirmou que a escolha do fio absorvível é feita quando a manutenção da 
 11
resistência não é importante ou quando a presença de processo infeccioso torna 
indesejável o uso de material inabsorvível. 
 TOGNINI & GOLDENBERG (1998) aprovam o uso de fios absorvíveis 
na síntese da parede abdominal, tais como, o categute simples e cromado; e os 
não-absorvíveis como a poliamida monafilamentar, seda, algodão, aço inoxidável, 
polipropileno, poliéster, entre outros. Entretanto, a opção pela utilização do fio de 
algodão é baseada no risco potencial de deiscência de ferida, em virtude da 
natureza físico-química dos fios absorvíveis. 
 Segundo DIOGO-FILHO et al. (2004), a nitrofurazona utilizada na 
cavidade atua na cicatrização, diminuindo o tecido de granulação, não diminuindo 
a incidência de aderências entre as alças intestinais e o peritônio parietal, porém 
diminuindo a intensidade das aderências e consequentemente a gravidade 
destas. 
 Porém a nitrofurazona pertence ao grupo de compostos denominados 
nitrofuranos, sendo que no Brasil foram estabelecidos para estes compostos 
limites de tolerância zero, assim sua utilização é proibida em animais produtores 
de alimentos (SOUZA et al., 2001). 
 Após a retirada deve-se limpar a boca e focinho dos fetos, eliminando o 
muco e líquido fetal. Se necessário pode-se também segurar os fetos, levantando-
os pelos membros posteriores, para ajudar a drenar o fluído ou usar aparelho 
para sucção. A respiração deverá ser estimulada esfregando e pressionando 
levemente a região torácica do feto (SACCAB et al., 2005). 
 Para estimular a respiração do recém-nascido podem ser usados 
fármacos broncodilatadores como aminofilina, que tem ação curta, porém potente, 
produzindo vasodilatação coronariana e estimulando a diurese (SPINOSA et al., 
2002). 
 No pós-operatório, segundo SPINOSA et al. (2002), o uso de 
glicocorticóide deve ser feito buscando um efeito antiinflamatório e prevenindo um 
possível choque séptico, porém, VIANA (2000) cita que estes fármacos podem 
causar efeitos indesejáveis, retardando a cicatrização e podendo reduzir a 
produção de leite. 
 É indicado o uso de penicilina, um antibiótico beta-lactâmico, para o 
tratamento de infecções causadas principalmente por bactérias gram positivas, 
 12
porém com uma pequena atuação sobre gram negativas,que atua impedindo a 
síntese da parede bacteriana, estrutura responsável pelas funções de proteção, 
sustentação e manutenção da forma da bactéria (SPINOSA et al. 2002). 
 Segundo SILVA et al. (2000) as principais complicações pós-
operatórias observadas em animais submetidos à cesariana são: retenção de 
envoltórios fetais, metrite clínica, retenção associada à metrite, deiscência de 
ferida, peritonite e edema. 
 
4.2 RELATO DE CASO: 
 
Foi solicitado por um cliente a presença de um Médico Veterinário para o 
atendimento de uma fêmea bovina, nelore PO, de aproximadamente 400 kg e 36 
meses de idade, que se apresentava com distocia (Figura 2 e 3). À anamnese foi 
informado que a matriz entrou em trabalho de parto há aproximadamente seis 
horas. A novilha apresentava boa condição corporal, estava alerta e em estação. 
Sendo conduzida até o brete para inspeção. Ao exame percebeu-se um dos 
membros do feto pronunciado pela vagina que, à palpação, confirmou-se como 
torácico e como agravante pode-se identificar um outro feto. A matriz apresentava 
a via fetal dilatada. Tentou-se concluir o parto através de manobra obstétrica, 
porém pelo tamanho de um dos fetos ser desproporcional à entrada pélvica, o 
procedimento não resultou sucesso. 
 
 
 
FIGURA 2 e FIGURA 3 – Cesariana em uma matriz nelore - Matriz em 
trabalho de parto no momento de exame 
clínico. 
Fonte: Comercial Vetmaster Ltda. 
2 3 
 13
 Analisou-se então, o estado geral do animal, avaliando-se o 
comprometimento da novilha, estado geral e mucosas. Como o animal estava 
alerta e sem sinais agravantes ao procedimento cirúrgico, decidiu-se recorrer à 
realização de uma cesariana, procedendo-se da seguinte forma: 
 
 
 
4.2.1 Pré-operatório: 
 A matriz não foi tranqüilizada apesar de estar alerta uma vez que o uso 
de tranqüilizantes poderia causar efeitos adversos aos fetos, foi contida em 
decúbito lateral direito com uso de cordas (Figura 4). 
 
 
 
Então foi realizada a limpeza da região paramamária que foi a opção 
da abordagem cirúrgica, com água e sabão, em seguida foi feita a tricotomia 
paramamária e antissepsia de toda região com solução de iodo 2,6% (Figura 5). 
Infiltrou-se anestésico local em L invertido e na linha de incisão, com cloridrato de 
FIGURA 4 – Cesariana em uma matriz nelore - Contenção física da matriz. 
Fonte: Comercial Vetmaster Ltda. 
 
 
 14
lidocaína 2g + epinefrina 0,002g (Anestésico L Pearson) na dose de 1mg/kg (20 
ml). 
 
 
 
 
4.2.2 Trans-operatório: 
 Realizou-se uma incisão longitudinal da pele de aproximadamente 30 
cm de comprimento com o bisturi, bem como da fáscia do músculo oblíquo 
abdominal externo (Figura 6). Os músculos oblíquo abdominal externo, oblíquo 
interno do abdome e transverso abdominal foram divulsionados com as mãos. 
Incidiu-se o peritônio com uma tesoura romba-romba, protegendo as vísceras 
com o dorso da mão. O útero foi tracionado e exteriorizado parcialmente (Figura 
7), reconhecendo a posição de um dos fetos e fazendo a incisão uterina sobre um 
dos membros posteriores deste para facilitar a retirada. Os membros posteriores 
foram exteriorizados e o feto tracionado para fora da cavidade. Este primeiro feto 
já estava morto e era macho, então continuou-se o procedimento, e o segundo 
FIGURA 5 – Cesariana em uma matriz nelore – Matriz em decúbito lateral direito com 
tricotomia da região paramamária, para realização da incisão. 
Fonte: Comercial Vetmaster Ltda. 
 
 15
feto foi retirado com um pouco mais de dificuldade devido ao seu tamanho e a 
posição em que se encontrava no útero, sendo tracionado pelos membros 
anteriores. Após sua retirada foi feita uma massagem torácica sendo necessário 
que levantasse a bezerra pelos membros posteriores para eliminação de líquidos 
e limpeza de suas narinas, como a bezerra apresentava dificuldade para respirar 
foi necessária à aplicação endovenosa de cinco ml de aminofilina 24 mg/ml (4 
mg/kg). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Em seguida foi feita a limpeza e lavagem do útero com nitrofurazona 
2% (Riocin®), esse procedimento foi realizado devido a ausência de outro 
medicamento na propriedade, sendo, portanto a única opção no momento. A 
histerorrafia foi realizada com fio orgânico absorvível categute nº. 3, optando-se 
por padrão Shimieden para aproximação das bordas da ferida cirúrgica no útero. 
A sutura de inversão de bordas foi a de Cushing, utilizando também fio orgânico 
absorvível categute nº3. 
Retornou-se o útero à cavidade cobrindo-o com o omento. 
 À musculatura e o peritônio foram suturados com fio orgânico 
absorvível categute nº. 3, padrão X, a fáscia do músculo oblíquo abdominal 
externo foi suturada com fio inabsorvível de algodão-000, padrão simples 
separado. 
 A dermorrafia foi feita com fio inabsorvível de algodão-000, padrão 
simples separado (Figura 8). 
FIGURA 6 e 7 – Cesariana em matriz nelore. 6 – Incisão Paramamária. 7 – 
Exposição de parte do útero. 
Fonte: Comercial Vetmaster Ltda. 
7 
7 6 
 16
 
 
 
 
 
4.2.3 Pós-operatório: 
 Fez-se curativo com spray a base de Spinosad 0,4 g + clorexidina 
digluconato 0,08 g + éter dimetil (DME) 30 g + excipiente q.s.p. 100 g 
(SPORLAN®, Elanco), sendo recomendado repetir o procedimento a cada 24 
horas, até a completa cicatrização da ferida cirúrgica. Para os pontos de pele foi 
recomendada a retirada após 15 dias. 
 
FIGURA 8 – Cesariana em uma matriz nelore - Local da 
incisão após a dermorrafia. 
Fonte: Comercial Vetmaster Ltda. 
 
 17
 
 
 
 
 
 
 Como antibioticoterapia foi utilizada solução a base de benzil penicilina 
G benzatina 10.000.000 UI + benzil penicilina G procaína 10.000.000 + 
diidroestreptomicina (sulfato) 20 g + veículo q.s.p. 100 ml (Penfort PPU®, Ouro 
Fino), na dose de 25.000 UI/kg da benzil penicilina G benzatina, em intervalos de 
48 horas até completar cinco aplicações. 
 Foi usado como antiinflamatório uma aplicação intramuscular de 
suspensão de Fenilpropionato de dexametasona 2 mg + fosfato-sódico de 
dexametasona 1 mg + veiculo q.s.p. 1ml (Dexaforce®), na dose de 10 mg/animal. 
FIGURA 9 – Cesariana em uma matriz nelore -Local da 
incisão após aplicação de SPORLAN spray. 
Fonte: Comercial Vetmaster Ltda. 
 
 18
 
 
 
4.2.4 Evolução do quadro 
 A cirurgia foi bem sucedida e proporcionou uma perfeita recuperação 
da vaca e da bezerra (Figura 10), visto que a intervenção foi feita na hora correta, 
sem que tenha ocorrido manipulação excessiva por pessoas inabilitadas, 
contribuindo-se assim para recuperação do animal. 
 
4.4 DISCUSSÃO E CONCLUSÃO 
 A opção pela cirurgia fundamentou-se nas recomendações de 
TURNER & MCILWRAITH (2002), devido à impossibilidade de extrair o feto pelas 
vias fetais normais, uma vez que seu tamanho era desproporcional quanto à 
entrada pélvica materna. 
 Outro fato que contribuiu para a opção cirúrgica foi o diagnóstico de 
uma gestação gemelar, o que segundo HAFEZ (1995) apresenta em gado de 
FIGURA 10 – Cesariana em uma matriz nelore - Matriz e bezerra após a realização 
da cirurgia. 
Fonte: Comercial Vetmaster Ltda. 
 
 19
corte uma proporção de nascimento, em média, menor do que 1%, sendo assim 
necessário a rápida retirada dos fetos, uma vez que a matriz já estava em 
trabalho de parto há aproximadamente seis horas. 
 Grande parte dos animais submetidos a cesariana estão em estado 
toxêmico, e as toxemias causam degenerações nos órgãos parenquimatosos, 
particularmente no fígado e miocárdio,por isso deve-se ter precaução na 
administração de fármacos anestésicos não-voláteis em animais intoxicados ou 
debilitados, recomendando-se nesses casos bloqueio anestésico regional e 
epidural. 
 Quanto à técnica cirúrgica adotada, a utilização da abordagem 
paramediana ventral com o animal colocado em decúbito lateral direito obteve 
bom resultado, apesar de discordar de TURNER & MCILWRAITH (2002), porém, 
segundo nosso aprendizado e a experiência do médico veterinário responsável, 
esse tipo de técnica tem trazido excelentes resultados. Outro fator que levou a 
escolha da abordagem foi que a matriz estava bastante ativa, o que dificultaria a 
utilização de outra abordagem. 
 Deve-se dar preferência à parte dorsal do corno uterino (face convexa 
do corno gravídico), pois a incisão em outro local pode até facilitar a retirada do 
feto, mas a cicatriz da incisão causa um local de “surdez uterina”, impossibilitando 
a nidação do embrião, comprometendo a fertilidade futura da vaca. 
 O padrão de sutura adotado no procedimento cirúrgico foi correto, com 
dois planos de sutura no útero (Shimieden e Cushing) possibilitando uma síntese 
segura (SACCAB et al., 2005) e com pouco contato com orgãos viscerais 
minimizando-se assim a ocorrência de aderências e comprometendo a fertilidade 
da matriz (TURNER & MCILWRAITH, 2002), 
 De acordo com GRUNERT & BIRGEL (1989), para evitar a aderência 
do útero com a parede abdominal ou rumem, é aconselhável a aplicação única, 
por via intra-abdominal, de uma dose de corticosteróide diluído em 100 ml de 
água destilada estéril ou soro fisiológico. Este procedimento não foi utilizado no 
caso. 
 O tipo de fio de sutura escolhido (absorvível) para a histerorrafia e a 
musculatura foi correto, de acordo com TURNER & MCILWRAITH (2002), uma 
 20
vez que o útero estava pouco contaminado, causando menor impacto reprodutivo 
na paciente e permitindo uma boa cicatrização da região muscular divulsionada. 
 A sutura da fáscia do músculo oblíquo abdominal externo e a 
dermorrafia foram corretamente feitas com fio de algodão nº. 000 com padrão 
simples separado, garantindo resistência e segurança, por este ser fio pouco 
cortante. 
 O uso de nitrofurazona 2% está de acordo com DIOGO-FILHO (2004), 
pois além de possuir atividade antimicrobiana, ela atua reduzindo a intensidade e 
gravidade das aderências, porém, segundo a Agência Nacional de Vigilância 
Sanitária, no Brasil, a Portaria Ministerial nº. 448, de 10 de setembro de 1998, 
proíbe a fabricação, importação, comercialização e o emprego de preparação 
farmacêutica de uso veterinário, contendo nitrofurazona, para o uso em animais 
destinados ao consumo humano. 
 O glicocorticóide parenteral foi usado buscando efeito anti-inflamatório 
e prevenindo um possível choque séptico, procedimento respaldado por 
SPINOSA et al. (2002). 
 A antibioticoterapia foi realizada para combater e prevenir 
complicações por meio de infecções, devido a provável contaminação do campo 
cirúrgico e do próprio líquido uterino. 
 
 21
 
5. INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM TEMPO FIXO EM VACAS LEITEIRAS 
 
5.1 INTRODUÇÃO 
 A atual situação econômica da pecuária mundial exige dos produtores 
máxima eficiência para garantia de satisfatório retorno econômico. Desta forma, 
elevados índices de produção, associados à alta eficiência reprodutiva, devem ser 
metas que norteiam os técnicos e criadores a alcançarem maior produtividade 
(BARUSELLI et al., 2004). 
 Para melhorar a eficiência reprodutiva é importante ressaltar que o 
nível de manejo da propriedade é fator imprescindível, uma vez que as 
características reprodutivas são de baixa herdabilidade, e consequentemente são 
muito mais influenciadas pelo meio ambiente (BARUSELLI et al., 2004). 
 A inseminação artificial (IA) é a tecnologia reprodutiva mais 
amplamente difundida em rebanhos de todo o mundo. Sua importância na 
pecuária leiteira pode ser avaliada pelo fato de que pesquisadores atribuem 
metade de todo ganho em produção de leite dos últimos 50 anos, apenas ao seu 
uso (DURÃES et al., 2001). 
 Para obtenção de elevados índices reprodutivos com o uso da IA é 
necessário compreender as limitações do emprego desta biotecnologia. Em todo 
mundo existem relatos que indicam baixa taxa de serviço em bovinos, 
principalmente devido a comprometimentos na eficiência de detecção de cio 
(BARUSELLI et al., 2004). 
 Desta forma programas que visam empregar a inseminação artificial 
em tempo fixo (IATF), sem a necessidade de detecção de estro colaboram para o 
aumento do emprego desta biotecnologia e consequentemente para o aumento 
na eficiência reprodutiva, garantindo assim um maior retorno econômico 
(BARUSELLI et al., 2004). 
A sincronização da ovulação através da utilização de hormônios ou por 
meios físicos permite a manipulação do ciclo estral. Essa biotécnica possibilita 
concentrar o momento da inseminação e, por conseguinte, a parição em épocas 
desejáveis. Um programa de sincronização de estros eficiente deve proporcionar 
um alto percentual de animais manifestando estro em um curto período de tempo, 
 22
com fertilidade similar a um processo fisiológico, pois o sistema produtivo 
depende zootécnica e economicamente de altos percentuais de terneiros 
nascidos e desmamados (MORAES, 1994). 
 
 
5.2 REVISÃO DE LITERATURA 
 
5.2.1 Fisiologia da reprodução 
 
 Ao longo do tempo, o controle da reprodução dos mamíferos deixou de 
ser considerado como regulado apenas pelo sistema nervoso central (SNC), 
passando a ser visto como uma função controlada por dois sistemas separados: o 
sistema nervoso central e o sistema endócrino (Figura 11) (HAFEZ, 1995). 
 
 
 
 
 FIGURA 11 – Interação entre o sistema nervoso central e o sistema 
endócrino para manutenção da atividade reprodutiva. 
Fonte: BARUSELLI et al., 2004. 
 23
a) Hipotálamo 
 O hipotálamo localiza-se na base do cérebro (região do terceiro 
ventrículo) estendendo-se do quiasma óptico aos corpos mamilares e é 
responsável pela síntese endógena de GnRH (hormônio liberador de 
gonadotrofina). As células responsáveis pela produção e secreção desse 
hormônio ficam dispersas nas áreas periventriculares, preópticas e mediais do 
hipotálamo. O GnRH é secretado pelas extremidades dos axônios, que fazem 
sinapses com os capilares na eminência média desta mesma glândula (DUKES, 
1996). 
 O sangue flui para o sistema porta-hipotálamo-hipofisário, o qual 
começa e termina em capilares sem a passagem pelo coração. Desta forma o 
GnRH produzido no hipotálamo é transportado até a hipófise para estimular a 
produção hormonal dos gonadotrofos (BARUSELLI, et al., 2004). 
 
b) Hipófise 
A hipófise é composta de três partes: um lobo anterior denominado 
adeno-hipófise, um lado intermediário chamado pars intermedia e um lobo 
posterior chamado neuro-hipófise. A adeno-hipófise produz dois hormônios 
protéicos que são importantes para o controle da reprodução, denominados 
gonadotrofinas: o hormônio folículo estimulante (FSH) e o hormônio luteinizante 
(LH), e um terceiro hormônio denominado prolactina (CUNNINGHAM, 1999). 
O FSH e o LH são secretados em padrões pulsáteis para atuarem nos 
ovários, estimulados pela secreção do GnRH. O FSH é o hormônio responsável 
pelo crescimento dos pequenos folículos, enquanto o LH atua no crescimento final 
do folículo dominante e na ovulação. De acordo com a freqüência e amplitude dos 
pulsos de GnRH, ocorre a secreção de LH ou FSH. O GnRH secretado em maior 
freqüência e menor amplitude leva à secreção de LH e em menor freqüência e 
maior amplitude, de FSH (DUKES, 1996). 
Vacas em anestro apresentam liberação de FSH, porém os folículosdominantes falham em ovular, pois não crescem o suficiente (devido a menor 
pulsatilidade de LH) e consequentemente, não produzem suficiente estradiol para 
estimular pico de LH e ovulação (VASCONCELOS et al., 2004). 
 
 24
c) Ovários 
O ovário desempenha funções exócrinas (liberação de oócitos) e 
endócrinas (esteroidogênese), apresentando estruturas na sua superfície 
(folículos e corpo lúteo) que permite classificar a fase do ciclo estral em que o 
animal se encontra (HAFEZ, 2004). 
Os ovários são dois orgãos simétricos localizados na cavidade 
abdominal e responsáveis pela gametogênese e pelo controle endócrino das 
funções reprodutivas (BARUSELLI et al., 2004). 
O estabelecimento da atividade cíclica ovariana na puberdade é 
importante para a formação e liberação dos gametas, assim como para a 
ocorrência da maturidade sexual (DUKES, 1996). 
Durante a fase de maturação dos folículos verifica-se o aumento na 
produção de estrógeno, que age no SNC, estimulando o comportamento de cio e, 
no útero, vagina, vulva e oviduto provoca alterações importantes para o transporte 
e maturação de gametas (Figura 12). Após a ovulação forma-se o corpo lúteo, 
que é responsável pela produção de progesterona, hormônio responsável pelo 
preparo do endométrio uterino para a futura gestação, e pela manutenção da 
mesma por um determinado período (BARUSELLI et al., 2004). 
 
 
 
FIGURA 12 - Desenvolvimento folicular e produção de hormônios pelos ovários. 
Fonte: BARUSELLI et al., 2004. 
 25
c) Útero 
O útero é o órgão que recebe o embrião e oferece condições de 
desenvolvimento e manutenção do feto até o parto. É o órgão responsável pela 
produção de PGF2α, a qual regula a duração do ciclo estral pelo seu efeito 
luteolítico (BARUSELLI et al., 2004). 
A função principal do útero é a gestacional, ou seja, garantir o 
desenvolvimento completo de um novo indivíduo (concepto) até a sua parição 
(PALHANO et al., 2003). 
 
5.2.2 Ciclo estral em bovinos 
 
 Mudanças morfológicas, endócrinas e secretórias, ocorrem nos ovários 
e no restante da genitália tubular da vaca durante o ciclo estral. O conhecimento 
dessas mudanças é essencial na detecção do cio, na sincronização de cio, na 
superovulação e, consequentemente, na inseminação artificial (HAFEZ, 2OO4). 
 O ciclo estral em bovinos apresenta duração média de 21 dias, variando 
de 17 a 25 dias (GONÇALVES et al., 2001), ou 18 a 24 dias (DUKES, 1996). O 
ciclo é regido por interações e antagonismos endocrinológicos de hormônios 
secretados pelo hipotálamo, hipófise, gônadas e útero. O ciclo folicular pode ser 
dividido em duas fases, fase folicular ou estrogênica, que se estende do proestro 
ao estro culminando na ovulação, e a fase luteínica ou progesterônica, que é o 
período de atividade do corpo lúteo, compreendendo o metaestro e o diestro e 
terminando na luteólise (BARUSELLI, 2004). 
 PALHANO et al. (2003) relatam que devemos considerar como início do 
ciclo estral, o momento da ovulação. 
 
 
 
5.2.3 Dinâmica folicular 
 
 O crescimento dos folículos ovarianos em bovinos ocorre em um 
padrão denominado ondas de crescimento folicular (Figura 13), onde em um ciclo 
 26
estral há normalmente a emergência de duas ou três ondas de crescimento 
folicular e esporadicamente uma ou quatro ondas (GINTHER et al., 1996). 
 Animais com três ondas de crescimento folicular durante o ciclo estral 
apresentam maior fertilidade que animais de duas ondas de crescimento folicular, 
melhorando a qualidade do oócito e, consequentemente a taxa de concepção 
(TOWNSON et al. 2002), isso ocorre devido ao menor tempo de crescimento do 
folículo ovulatório (BARUSELLI et al., 2004). 
 
 
 
 
 
 O aumento das concentrações plasmáticas de FSH constitui o estímulo 
necessário para o recrutamento e emergência da onda folicular (ADAMS et al. 
1992). Em espécies monovulatórias, apenas um folículo é selecionado dentre os 
recrutados para continuar a crescer e diferenciar-se em folículo ovulatório (Figura 
14), enquanto os demais têm como destino a atresia (BURANITI Jr. 2007). O 
folículo selecionado é conhecido como folículo dominante e suprime ativamente o 
crescimento dos subordinados pela secreção de estradiol e inibina (FORTUNE, 
1994; citado por BURANITI JR., 2007). 
 O crescimento de folículos com diâmetro inferiores a 4,0 mm depende 
do FSH, mas os folículos antrais maiores (de 7,0 a 9,0 mm) transferem suas 
necessidades gonadotróficas para o LH (HAFEZ, 1995). 
Figura 13 – Ondas de crescimento folicular. 
Fonte: BARUSELLI et al., 2004. 
 27
 O folículo dominante da primeira onda regride em função do alto nível 
plasmático de progesterona (P4), a qual não permite o pico pré-ovulatório de LH e 
consequentemente a ovulação do mesmo (PALHANO et al., 2003). 
 Após a ovulação ocorre a formação do CL no local em que estava 
presente o folículo ovulatório. O corpo lúteo passa a secretar P4, gradualmente, 
até atingir a fase de platô. A P4 interfere diretamente na dinâmica folicular do ciclo 
estral, no reconhecimento materno da gestação e no seu estabelecimento 
(BINELLI et al, 2002). 
 
 
 
 Caso o concepto esteja presente no útero entre os dias 14 e 17 após a 
ovulação, e ocorra secreção adequada de interferon tau (γ) (proteína secretada 
pelo trofoderma do concepto responsável pelo reconhecimento materno da 
gestação), não ocorrerá à liberação de PGF2α e a P4 continuará a ser secretada 
para a manutenção da gestação (HAFEZ, 1995). Caso exista comprometimento 
na produção de interferon ou ausência do feto nesse período, ocorrerá a liberação 
de PGF2α com conseqüente luteólise e queda dos níveis plasmáticos de P4, 
proporcionando condições favoráveis para o crescimento folicular e ovulação 
(BARUSELLI, 2007). 
 Após o parto, ocorre a imediata liberação do FSH (dois a sete dias) 
seguida da emergência da primeira onda de crescimento folicular. No entanto, os 
primeiros folículos dominantes não têm capacidade ovulatória devido ao nível 
 FIGURA 14 – Folículo fotografado no momento 
da ovulação. 
Fonte: Oklahoma State University. 
 28
limitante de LH, tornando-se folículos atrésicos e frequentemente são confundidos 
com cistos (ARTHUR et al. 1989, citado por KOZICKI, 1998). 
 CUNNINGHAM (1999) cita que alguns fatores externos têm influência 
nos ciclos reprodutivos das fêmeas. Durante a amamentação, os fatores 
inibidores da síntese da prolactina, que incluem a dopamina e o peptídeo 
associado ao GnRH, precisam ser suprimidos para a síntese de prolactina, 
diminuindo a síntese e liberação de gonadotrofinas, o que resulta na supressão 
lactacional da atividade ovariana. 
 Depois de restabelecidos os estoques de LH na hipófise anterior, a 
interação entre a vaca e o bezerro passa a ser um dos fatores mais importantes 
no anestro pós-parto, devido ao seu efeito negativo sobre a liberação de LH, 
afetando a maturação final e a ovulação do folículo dominante. De acordo com o 
aumento do período pós-parto, os efeitos da amamentação, tornam-se menos 
intensos e os animais começam a ciclar (BARUSELLI et al. 2004). 
 A amamentação não é o único fator responsável pelo anestro pós-
parto, a olfação, visão, audição e tato entre a vaca e o bezerro também 
contribuem para esse efeito (BARUSELLI et al. 2007). 
 
 
 
 
5.2.4 Nutrição – Escore de condição corporal 
 
 A baixa nutrição é a principal causa da reduzida fertilidade de vacas 
criadas em áreas tropicais e subtropicais (BÓ et al., 2003 citado por BARUSELLI 
et al., 2004). 
 A ovulação tem sido associada com o retorno do equilíbrio alimentar do 
animal frente ao balanço energético negativo. Há, contudo, animais que ovulammesmo nestas condições. O anestro pós-parto pode ser causado pelo simples 
fato de alimentação deficiente, principalmente quanto pobre em energia 
(KOZICKI, 1998). 
 29
 
 
 Os escores de condição corporal (ECC) (Figura 15) indicam, com 
elevada acurácia, o nível de armazenamento de energia do animal, o que está 
diretamente relacionado com o reinício da atividade ovariana pós-parto 
(BARUSELLI et al. 2004). 
 Segundo VASCONCELOS et al. (2006) animais com melhor ECC 
tiveram maior taxa de sincronização. O ECC teve efeito linear sobre a taxa de 
concepção, mostrando melhora na taxa de concepção proporcional ao aumento 
no ECC (Figura 16). 
 FIGURA 15 – Escore de Condição Corporal. 
Escala de 1 a 5. 
 30
 
FIGURA 16 – Efeito do ECC na taxa de gestação ao longo da estação de monta. 
Fonte: VASCONCELOS et al. (2006). 
 
 
5.2.5 Inseminação artificial 
 A inseminação artificial consiste na deposição mecânica do sêmen 
coletado de um reprodutor no aparelho reprodutivo da fêmea com intuito de 
fertilização do óvulo (PALHANO et al., 2003). 
 Segundo GOFERT (2005), a inseminação artificial (IA) é a tecnologia 
mais importante para a propagação de genética superior em rebanhos bovinos 
uma vez que possibilita o uso de touros comprovadamente melhoradores, além 
de diminuir os custos (pois não tem que manter touros na fazenda), e reduzir a 
propagação de doenças no rebanho, desde que higienizada de forma correta, 
entre outras vantagens. 
 As principais vantagens da IA, são os controles eficientes da qualidade 
do sêmen, da escrituração e registros de todos os eventos reprodutivos 
(TEIXEIRA & ARAÚJO, 1998). Outras vantagens são a padronização do rebanho, 
a ordenação do trabalho na fazenda e principalmente à obtenção de animais com 
maior potencial de produção e reprodução (BARUSELLI, 2004). 
 No entanto, embora o progresso genético tenha alcançado os índices 
médios de produtividade, ainda são considerados baixos (menos de 50%), se 
comparados com a eficiência dos rebanhos de países desenvolvidos. As 
diferenças verificadas são reflexos da alimentação inadequada, condições 
 31
sanitárias deficientes e dificuldade para a detecção do cio por parte dos 
observadores (TEIXEIRA & ARAÚJO, 1998). 
 Um dos grandes problemas da IA é a falha na detecção do cio. A perda 
de um cio retarda em 21 dias a IA e, consequentemente, aumenta o intervalo 
entre partos, diminuindo o número de bezerros nascidos e a produção de leite. Ao 
observarem esses efeitos negativos, muitos fazendeiros interromperam os 
programas de inseminação artificial. Assim, a utilização de programas de 
inseminação artificial em tempo fixo (IATF), sem a necessidade de detecção de 
cio, colabora para o aumento da eficiência e da praticidade no emprego dessa 
importante técnica para o melhoramento genético (BARUSELLI, 2004). 
 
 
5.2.6 Inseminação artificial em tempo fixo (IATF) 
 A IATF é uma técnica que visa tornar o uso da IA mais eficiente. A 
técnica melhora os índices reprodutivos por eliminar a necessidade de detecção 
de cios neste tratamento e proporcionar concepção em fêmeas em anestro, o que 
possibilita a redução do intervalo entre partos, o aumento no numero de vacas 
prenhes e, consequentemente, o aumento na produção de bezerro, carne e/ou 
leite (GOFERT, 2005). 
 Segundo BARUSELLI et al. (2004), as vantagens da IATF são: 
- Elimina a necessidade da observação do cio; 
- Evita inseminações de vacas fora do momento correto, diminuindo o desperdício 
de sêmen, material e mão de obra; 
- Possibilita altas taxas de prenhez no inicio da estação de monta; 
- Diminui o intervalo entre partos, aumentando a taxa de concepção; 
- Possibilita concentrar as inseminações em um curto período; 
- Concentra o retorno ao cio em fêmeas que não se tornaram gestantes na IATF; 
-Diminui o investimento com touros; 
-Concentra a mão-de-obra, diminuindo o número de horas extras com 
inseminadores. 
 Outro benefício é a programação de partos para épocas estratégicas 
diminuindo os custos de produção (MIRANDA & ANDRADE, 2004). 
 32
 Atualmente o custo do protocolo de IATF varia de R$15,00 a R$45,00, 
dependendo dos fármacos utilizados, mostrando uma boa relação entre custo e 
beneficio, pois o aumento do intervalo entre partos, ao longo dos anos, causa 
uma redução na vida produtiva da vaca e consequentemente causando uma 
inconstância na produção. 
 
 
5.2.7 Principais fármacos utilizados no controle do ciclo estral 
 
a) PGF2α 
 A PGF2α foi descoberta no início da década de 70 como um potente 
agente luteolítico. A partir de então, estas substâncias e seus análogos têm sido 
os agentes farmacológicos mais utilizados nos tratamentos para sincronização do 
estro em fêmeas bovinas. O sucesso da sincronização do estro com PGF2α 
depende da presença de um CL, já que a ação da luteolisina é provocar a 
regressão morfológica e funcional desta estrutura e a queda dos níveis 
endógenos de progesterona. Após a luteólise, o estro e a ovulação são 
distribuídos ao longo de seis dias e são influenciados não apenas pela 
responsividade do corpo lúteo, mas também pelo estágio de desenvolvimento do 
folículo dominante (BARUSELLI et al., 2004). 
 VASCONCELOS et al. (2004) afirmam que obtém-se grande taxa de 
regressão do corpo lúteo quando a PGF2α é injetada por via intramuscular entre 
os dias 6 e 17 do ciclo estral. No entanto, a PGF2α controla somente a regressão 
do corpo lúteo não alterando o crescimento folicular. 
 
b) Progesterona e progestágenos 
 Segundo VASCONCELOS et al. (2004), as progestinas são divididas 
em P4 (fonte natural) e progestágenos (fonte sintética). No subgrupo P4, 
podemos citar os dispositivos intravaginais, e no subgrupo progestágenos, os 
implantes subcutâneos de norgestomet e o acetato de melengestrol, este último 
administrado por via oral. 
 Desde a década de 50 os progestágenos vêm sendo utilizados na 
sincronização de estros e sua função é simular uma fase lútea, permitindo 
 33
regressão do CL e, consequentemente, concentrando o estro em um curto 
período de tempo. No entanto, o período ideal de exposição ao progestágeno 
para se obter ótima fertilidade não deve ultrapassar sete a nove dias (FARIAS et 
al., 2004). 
 O tratamento com P4, quando longo (14 a 21 dias), é efetivo para 
sincronizar o estro, porém a fertilidade dessa ovulação é reduzida por induzir a 
ovulação de folículos persistentes, com conseqüente envelhecimento do oócito, 
que provoca baixa fertilidade. Sendo assim, deve-se associar o tratamento a 
estrógenos para sincronização da nova onda de crescimento folicular e à PGF2α 
como agente luteolítico (BARUSELLI et al. 2004). 
 
c) Estradiol 
 O tratamento com estradiol, na presença de P4, induz a supressão do 
FSH circulante e consequentemente a atresia de todos os folículos dependentes 
de FSH, que recrutará os folículos de uma nova onda folicular após três a cinco 
dias, dependendo do tipo de estradiol (BÓ et al., 2004). 
 A aplicação de 1,0 a 2,0 mg de benzoato de estradiol no momento da 
colocação dos dispositivos de progesterona, provoca a atresia nos folículos 
dominantes e sincroniza a emergência da nova onda folicular. Porém, como o 
benzoato de estradiol possui uma vida média curta, os dispositivos poderão 
permanecer por um período de sete a oito dias. Portanto, o benzoato de estradiol 
não parece ser tão eficaz quanto o valerato de estradiol (possui uma vida média 
muito longa), para provocar a regressão luteínica, de modo que uma aplicação de 
PGF2α se faz necessária no momento em que os dispositivos são retirados 
(MADUREIRA, 2000). 
 O estrógeno pode agir como um agente sincronizador da ovulação,induzindo um pico de LH através de feedback positivo ao GnRH e 
consequentemente liberação de LH (MOREIRA, 2002). 
 Os estrógenos são capazes de induzir a luteólise pela sua capacidade 
de estimular a secreção endógena de PGF2α (BARUSELLI et al. 2004). 
 Segundo CUNNINGHAM (1999), o estrogênio diminui a amplitude de 
pulso e a progesterona diminui a freqüência de pulso da secreção de 
gonadotrofina. Isto significa que durante a fase folicular a freqüência de pulso 
 34
aumenta por causa da ausência de progesterona, e a amplitude diminui por causa 
da presença de estrogênio. Esta combinação de freqüência de pulso aumentada e 
amplitude de pulso diminuída é importante para a maturação da fase de 
crescimento final do folículo ovulatório. 
 A administração de 1 mg de benzoato de estradiol, 24 horas após a 
retirada dos dispositivos de progesterona, antecipa e sincroniza eficientemente a 
ovulação, além de diminuir o diâmetro máximo do folículo ovulatório (HAFEZ, 
2004). 
 MADUREIRA (2000) afirma que a aplicação de 0,5 a 1,0 mg de 
benzoato de estradiol 24 horas após a retirada dos implantes sincroniza o estro e 
a ovulação, aumentando inclusive a porcentagem de fêmeas bovinas que ovulam 
após o tratamento. 
 
d) Gonadotrofina coriônica eqüina – eCG 
 O eCG é um fármaco de meia vida longa (até 3 dias), produzido nos 
cálices endometriais da égua prenhe que se liga aos receptores foliculares de 
FSH e de LH e aos receptores de LH do corpo lúteo. O eCG cria condições de 
crescimento e de ovulação e seu uso tem-se mostrado compensador em 
rebanhos com baixa taxa de ciclicidade, em animais recém paridos e em animais 
com condição corporal comprometida (BARUSELLI et al. 2004). 
 De acordo com HAFEZ (2004), o crescimento de folículos ovarianos 
em fêmeas anéstricas (acíclicas) pode ser estimulado com FSH de origem 
hipofisária ou gonadotrofina coriônica eqüina. O FSH e o LH têm meia-vida 
biológica mais curta que o eCG. Assim, múltiplas injeções de FSH e LH são 
necessárias para estimular a quantidade de crescimento folicular e a ovulação 
que iria resultar de uma única injeção de eCG. 
 Além do FSH, uma grande dose de GnRH provoca a ovulação de um 
folículo maduro pela liberação de LH e FSH endógenos. Também deve-se notar 
que bovinos e ovinos exibem cio em resposta à injeção de gonadotrofina apenas 
após prévia exposição a níveis elevados de progesterona ou progestágeno 
sintético. 
 
 
 35
 e) Hormônio Liberador de Gonadotrofinas (GnRH) 
 O acetato de buserelina é um análogo sintético do GnRH, sendo um 
decapeptídeo composto de 10 aminoácidos. 
 Vários dos hormônios hipotalâmicos foram sintetizados e 
comercializados para utilização clínica. O papel do hipotálamo na reprodução 
envolve os efeitos acionantes dos hormônios esteróides sobre o comportamento 
sexual e simultaneamente o controle da secreção das gonadotrofinas hipofisárias. 
O hipotálamo pode controlar o comportamento sexual de várias maneiras: fixação 
dos esteróides sexuais e elaboração de baixa ação da motivação sexual, controle 
direto da atividade sexual e satisfação sexual (HAFEZ, 2004). 
 O GnRH tem sido utilizado para diminuir a variação no tempo de 
ovulação após o tratamento com prostaglandinas, viabilizando a IATF em bovinos. 
A aplicação de GnRH causa ovulação do folículo dominante presente no 
momento do tratamento, desde que não esteja na fase de crescimento e sim no 
início da fase após a divergência, e possibilitar o aparecimento de uma nova onda 
de crescimento folicular 2 a 3 dias após o tratamento com GnRH (MOREIRA, 
2002). 
 O tratamento com GnRH em dias desconhecidos do ciclo estral 
promove a ovulação do folículo dominante presente no momento do tratamento e 
uma nova onda de crescimento folicular emerge após 1 a 2 dias (BARUSELLI, 
2004) 
 A administração de GnRH ou estradiol pode induzir um pico de LH, 
mas a ovulação seguida da formação de um CL com vida normal pode não 
ocorrer a menos que este pico de LH tenha sido precedido por uma fase lútea 
normal ou por algum tratamento com progestágeno durante um período mínimo 
de 7 dias. Tratamentos envolvendo única ou múltiplas aplicações de GnRH 
associados a implantes de progesterona, com ou sem a remoção temporária da 
amamentação, podem ser usados para induzir a ovulação em vacas lactantes 
(MOREIRA, 2002). 
 
 
 
 
 36
5.3 RELATO DE CASO 
 
 Foi solicitada a presença do médico veterinário em uma propriedade de 
gado leiteiro para realizar o diagnóstico de gestação em 87 animais que estavam 
em lactação e em 20 animais não-lactantes. A maioria dos animais era da raça 
holandesa preto e branco e tinham produção média de 16 kg de leite/dia segundo 
o proprietário. 
 
 
 
5.3.1 Anamnese 
 O proprietário relatou que havia abandonado o uso de IA, 
principalmente devido à ausência de mão-de-obra qualificada na região, além do 
fato de não possuir rufião, fato que dificultava a detecção de cio. 
 Havia apenas dois touros na propriedade, um touro reprodutor para as 
vacas lactantes e um para as não-lactantes, fato que veio a sobrecarregar o 
reprodutor e consequentemente, a reduzir os índices reprodutivos na propriedade. 
 Diante dos fatos o proprietário concluiu que seria necessária a 
realização de diagnóstico de gestação em todo o rebanho lactante da 
propriedade. 
 Segundo o proprietário, todo o rebanho era vacinado há alguns anos 
contra doenças reprodutivas, como Rinotraqueite Infecciosa Bovina (IBR), 
Diarréia Viral Bovina (BVD), Leptospirose e Brucelose, seguindo rigorosamente o 
calendário de vacinação. 
 A maioria dos animais apresentavam ECC adequado, entre três e 
quatro na escala de um a cinco. 
 Os animais se alimentavam de silagem de milho de boa qualidade, 
juntamente com concentrado, que continha 22% de proteína, sendo fornecido em 
média 1 kg de concentrado para 3 kg de leite produzido, para as vacas com ECC 
igual ou maior que 3, e 1 kg de concentrado para 2,5 kg de leite para as vacas 
com ECC inferior a 3. 
 O concentrado era feito na propriedade e fornecido no momento da 
ordenha, devido a problemas relacionados à mão-de-obra. 
 37
 Na propriedade, além da produção de leite, havia também a produção 
de grãos (milho, soja e sorgo) e confinamento de animais para corte. Na produção 
de leite havia três funcionários, dois responsáveis pela ordenha e manejo dos 
animais e um responsável pelo fornecimento de volumoso para os animais, tanto 
as vacas em lactação quanto os animais do confinamento. 
 Os funcionários responsáveis pela ordenha e manejo, também eram 
responsáveis pelo fornecimento de leite, volumoso e concentrado para todos os 
bezerros, e concentrado para as vacas no momento da ordenha. 
 Portanto, fica evidente a sobrecarga de trabalho dos funcionários, 
dificultando o desempenho dos mesmos nas atividades de observação do cio das 
vacas e na IA, visto que tinham necessidade de executar outras atividades 
primordiais. 
 
5.3.2 Diagnóstico de gestação 
 O diagnóstico de gestação foi realizado através da palpação transretal, 
sendo os animais contidos em um brete. 
 Após a realização do diagnóstico de gestação, foi possível confirmar a 
suspeita do proprietário, já que das 107 vacas palpadas, haviam somente 52 
fêmeas gestantes, e todas com período pós parto acima de 60 dias. 
 
5.3.3 Recomendação ao proprietário 
 Para solução do problema, o médico veterinário recomendou ao 
proprietário que fosse feita a sincronização de ovulação das vacas que não 
estavam prenhas, possibilitando que todas fossem inseminadas ao mesmo 
tempo. 
 Com o uso dessa técnica, as matrizes poderiam ser inseminadas ao 
mesmo momento sem a necessidade de observaçãode cio, além de que aquelas 
que não emprenhassem na primeira IATF, poderiam apresentar o ciclo estral 
regular, retornando ao cio em aproximadamente 21 dias após a IA. 
 O médico veterinário alertou o proprietário quanto ao quadro de 
funcionários, ou seja, deveria contratar no mínimo um inseminador treinado no 
momento da IATF, e um funcionário para observação e IA nas matrizes que 
retornassem ao cio após os 21 dias. 
 38
 O proprietário autorizou a realização de todos os procedimentos para 
realização da IATF e, por indicação do médico veterinário, contratou os serviços 
de um técnico agropecuário para IA, visto que este tinha experiência e trabalhava 
frequentemente como inseminador em rebanhos submetidos a protocolos de 
sincronização de estro. 
 
5.3.4 Tratamento 
 Os animais foram selecionados de acordo com o escore de condição 
corporal (ECC), priorizando animais com ECC entre três e quatro, numa escala de 
um a cinco. Assim foram descartados 13 animais que apresentavam ECC inferior 
a três e dois animais devido a problemas nos cascos. 
 Foi realizado então o exame ginecológico e palpação retal dos 40 
animais que haviam sido selecionados para IATF, avaliando-se os ovários, útero e 
vagina. 
 Para o protocolo de sincronização o médico veterinário fez uso dos 
seguintes hormônios (Figuras 17, 18, 19 e 20): progesterona, por meio de um 
dispositivo intravaginal (Cronipres®, Dispositivo Intravaginal Indutor/Sincronizador 
do Ciclo Estral em Bovinos à Base de Progesterona, para três usos – Biogenesis 
Brasil); Benzoato de Estradiol (Cronibest®, Biogenesis Brasil); D-Cloprostenol 
(Croniben®, Biogenesis Brasil); eCG (Foligon®, Intervet Brasil). 
 
 
 Os animais selecionados foram agrupados em dois lotes (lote 1 e lote 
2) de 20 animais, objetivando dois usos dos dispositivos intravaginais de 
FIGURAS 17, 18 e 19 – Alguns medicamentos utilizados na sincronização do 
ciclo estral. 17 – Croniben. 18 – Cronibest. 19 – 
Folligon. 
Fonte: www.reivet.com.br 
17 18 19 
 39
progesterona, sendo que no dia da retirada do dispositivo do lote 1, esses seriam 
colocados no lote 2. 
 Quanto aos dispositivos intravaginais (Figura 20), os mesmos 
apresentavam em sua composição 1,0 g de progesterona, além de vir 
acompanhado de três anéis complementares, os quais continham 100 mg de 
progesterona cada. 
 Apesar de o dispositivo intravaginal ser utilizado na maioria dos casos 
por três vezes, optou-se em utilizá-los por duas vezes. No primeiro uso com um 
anel de progesterona (lote 1) e no segundo uso com os outros dois anéis (lote 2). 
 
 
 Convém lembrar que durante o tratamento os animais foram mantidos 
separados do reprodutor, sendo que só voltariam para junto do mesmo após a 
segunda inseminação artificial. 
 Na realização da IATF, foram realizados os seguintes passos: 
primeiramente foi higienizada as vulvas das matrizes com papel toalha, retirando 
as fezes do local. 
FIGURA 20 – Diferentes dispositivos intravaginais de progesterona. 
Fonte: BARUSELLI et al., 2004. 
 40
 Em seguida introduziu-se o dispositivo intravaginal dentro do aplicador 
(tubo laranja) (Figura 21) e do lado contrario do dispositivo, foi colocado o 
expulsor (êmbolo preto). 
 
 
 Introduziu-se o aplicador na vagina, até o fundo do saco vaginal 
(Figuras 22 e 23). Uma vez comprovada a correta localização deste, puxava-se o 
aplicador (parte laranja), mantendo o expulsor (êmbolo preto) firme até que o 
dispositivo fosse liberado no interior da vagina, esse é um detalhe importante, 
uma vez que vários profissionais ao invés de puxar o aplicador, empurram o 
êmbolo, sendo esse um procedimento incorreto, pois aplicador já esta no fundo 
do saco vaginal. 
 FIGURA 21 – Dispositivo Intravaginal sendo 
colocado no aplicador. 
 Fonte: BARUSELLI et al, 2004. 
 41
 
 
 Uma vez comprovada a correta fixação do dispositivo intravaginal, 
aplicou-se 2 mg de benzoato de estradiol por via intramuscular profunda. 
 Após a introdução na vagina da matriz o aplicador e o expulsor eram 
desinfectados com solução iodada a 5% (Biocid®, Pfizer Divisão de Saúde Animal 
Ltda), o aplicador era deixado imerso na solução por aproximadamente 3 minutos. 
 Após oito dias da introdução do dispositivo intravaginal, o mesmo foi 
retirado por meio do cordão extrator (Figura 24) e lavado em água corrente, para 
colocação dos outros dois anéis de progesterona no dispositivo. 
 FIGURAS 22 e 23 – Momento em que o dispositivo é colocado no fundo do 
saco vaginal. 22 - Dispositivo sendo colocado. 23 - 
Aplicador sendo inserido na vagina. 
Fonte: BARUSELLI et al., 2004. 
reto 
reto 
22 23 
 42
 
 
 Na retirada dos dispositivos aplicou-se por via intramuscular 400 UI de 
eCG e 0,15 mg de D-cloprostenol (PGF2α). Após 24 horas aplicou-se por via 
intramuscular 1 mg de benzoato de estradiol. 
 No dia da retirada dos dispositivos do lote um, após limpeza e 
desinfecção dos dispositivos com solução a base de amônia quaternária a 0,5%, 
os mesmos foram colocados no lote 2. 
 
5.3.5 Inseminação artificial 
 
 Após 30 horas da aplicação de 1 mg de benzoato de estradiol, os 
animais foram inseminados, independente da manifestação de estro. 
 As matrizes foram colocadas em um piquete próximo à casa do 
funcionário, visando facilitar a observação de cio após aproximadamente 21 dias 
naquelas que não haviam emprenhado na IATF. 
FIGURA 24 – retirada do dispositivo intravaginal de progesterona. 
Fonte: baruselli et al., 2004. 
 43
 Após a segunda IA, as matrizes foram colocadas juntas com o 
reprodutor. 
 Os procedimentos foram semelhantes para o lote 1 e lote 2. 
 
5.3.6 Diagnóstico de gestação após a IA 
 
 O diagnóstico de gestação foi realizado 45 dias após a última IA, 
obtendo-se um índice de prenhês de 50% na primeira IA, das 40 matrizes 
tratadas. 
 No entanto, a maioria das matrizes que não emprenhou com a primeira 
IA, retornou a ciclar após 21 dias, sendo novamente inseminadas e soltas com o 
reprodutor para o repasse, fato que contribui para elevar o índice reprodutivo do 
rebanho, e consequentemente, minimizar ou mesmo resolver os problemas 
apresentados pelo proprietário. 
 
5.4 DISCUSSÃO 
 Os produtores que desejam se manter na atividade leiteira devem 
sempre procurar eficiência para ter rentabilidade. Assim, elevado nível de 
produção de leite associado à alta eficiência reprodutiva devem ser sempre metas 
que norteiam os criadores para alcançarem alta produtividade e retorno 
econômico. Portanto, a otimização da eficiência reprodutiva pode ser um dos 
principais fatores que contribuem para melhorar a performance e a lucratividade 
do rebanho (VASCONCELOS et al., 2004). 
 Um dos grandes entraves da pecuária leiteira é o longo intervalo entre 
partos, pois para produzir leite é necessário que haja vaca gestante e quanto 
maior o número de parições que uma vaca tiver, maior será a produção de leite 
na vida útil desta fêmea, porém, alguns autores consideram a persistência de 
lactação como um fator mais importante que o intervalo entre parto. Sabendo 
disto, a adoção da prática de sincronização de cio feita na propriedade tem um 
efeito muito positivo, pois através do uso de hormônios as vacas são induzidas a 
sair da condição de anestro (HAFEZ, 2004). 
 Com isso, para realizar a IATF, o médico veterinário, a princípio, 
procurou selecionar os animais que apresentavam ECC igual ou superior a três 
 44
(escala de um a cinco). Tal conduta é certa segundo PALHANO et al. (2003), que 
citam que o ECC em gado leiteiro inferior a três, podem afetar a reprodução de 
várias maneiras, tais como redução

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