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http://professorjoaopaulo.4shared.com Com trauma, nenhuma parte do sistema nervoso pode ser excluída da possibilidade de lesão. Existem padrões para as apresentações clínicas de lesões do sistema nervoso. Estes padrões são baseados, em parte, em locais anatômicos vulneráveis onde uma lesão inicial ao sistema nervoso é mais provável de ocorrer ou se manifestar. Túneis de tecido mole, ósseos ou ósteo- fibrosos: dentro de um túnel, o sistema nervoso contido sempre tem o potencial de atritar-se nas estruturas do túnel e isto pode criar fricção. Como o sistema nervoso se ramifica: isto ocorre particularmente se o ramo sai do tronco principal em um ângulo abrupto. Para ramificar- se, um nervo sacrifica alguns de seus mecanismos de deslizamento e a partir daí pode se tornar mais suscetível a lesões. Onde o sistema é relativamente fixo: exemplos disto são o nervo fibular comum na cabeça da fíbula , a dura mater no segmento vertebral L4, a ligação do nervo radial à cabeça do rádio e o nervo supra-escapular na cintura da escápula. Em adição a locais do túnel, o sistema nervoso pode ser exposto a forças de fricção conforme passa rente às interfaces inflexíveis: os cordões do plexo braquial ao passar sobre a primeira costela, o nervo radial no sulco radial do úmero, ou onde projeções durais ocorrem próximas a pedículos, são exemplos desta situação. Pontos de tensão: outras áreas do sistema nervoso, tais como o nível vertebral de T6 e o nervo tibial no aspecto posterior do joelho parecem anatômica e clinicamente vulneráveis em desordens de tensão adversa. Os traumas nervosos mais comuns encontrados por fisioterapeutas são as conseqüências mecânicas e fisiológicas decorrentes de atrito, compressão, estiramento e ocasionalmente doença. Um trauma não precisa ser grave; movimentos não fisiológicos, posturas e contrações musculares repetitivas podem ser fatores contribuintes para uma lesão nervosa. Outra importante característica que o fisioterapeuta deve reconhecer é que a lesão de uma parte do sistema nervoso provavelmente terá repercussões clínicas em outra parte do sistema. As repercussões têm maior probabilidade de ocorrerem em pontos vulneráveis bem como em locais onde ocorreram outras antigas lesões. Visto que o sistema nervoso é contínuo, locais de lesões antigas ou inativas são comumente exacerbadas como o advento de uma nova lesão. Se o sistema nervoso for danificado de forma grave, como uma transecção ou esmagamento, uma base neuropática para a dor se torna bastante óbvia e é facilmente comprovada, embora os mecanismos exatos da dor possam não ser conhecidos. Em contraste, se a sintomatologia é causada por lesões menores a causa da dor é menos clara, menos reportada e conseqüentemente aberta a discussões. Generalidades Pacientes sempre terão um conjunto pronto de pistas subjetivas e físicas que, em análise, podem dizer ao examinador se o sistema nervoso está mecânica ou fisiologicamente envolvido. Nível de envolvimento (neurônio motor superior ou inferior, nível segmentar), gravidade do envolvimento, componentes teciduais envolvidos, se a dor é de origem local ou de origem distante, se um processo intraneural ou extraneural é evidente, o estágio da desordem e a progressão da desordem. Tipos de sintomas Existem alguns modelos de comportamento e também certos tipos de sintomas os quais comprometem o sistema nervoso. Lembrem-se que a dor e as sensações indesejáveis não são fáceis de se descrever e as descrições dos pacientes são influenciadas por muitos outros fatores além da lesão em si mesma. 1. Dor presumivelmente neuropática apresenta um amplo vocabulário pelos pacientes. Pode ser descrita como vaga, profunda, em queimação, peso e muitos outros termos. Pode ser no membro inteiro ou podem existir arcos dolorosos durante o movimento; 2. Sensações de inchaço, principalmente em regiões das extremidades tais como pés, metacarpo falangianas ou espaços interdigitais, não são incomuns. No exame, freqüentemente parece que não há edema suficiente para justificar tal queixa; 3. Parestesia e anestesia são dois sintomas que permitem reconhecimento instantâneo do envolvimento do sistema nervoso. Estes sintomas podem existir com ou sem dor; 4. Fraqueza como uma queixa realmente aparece e pode ocorrer por inúmeras razões. Poderia haver paralisia do movimento quando os impulsos eferentes estão diminuídos, bem como poderia também haver uma fraqueza inibida pela dor; 5. Os sintomas podem ser piores à noite. Isto é um sintoma bem conhecido das síndromes de encarceramento periféricas. Poderia estar relacionado com a menor pressão sanguínea experimentada à noite, talvez em combinação com certas posturas; 6. Sintomas podem ser piorados ao final do dia. Esta é uma característica comum da irritação crônica das raízes nervosas. Ela pode ser relacionada com a fraqueza muscular, postura sustentada durante o dia ou simplesmente excesso de uso. 1. O Sistema Nervoso é uma unidade O sistema nervoso central e periférico devem ser considerados como uma unidade, já que formam um tecido contínuo. Ele é contínuo de três maneiras. Primeiro, ele é contínuo mecanicamente através da transmissão de forças e movimentos pelos seus envoltórios conectivos. Segundo, os neurônios são contínuos eletricamente – um impulso gerado no pé atinge o cérebro. Terceiro, o sistema nervoso pode ser visto como contínuo quimicamente – os neurotransmissores centrais e periféricos são os mesmos e existe o fluxo axoplasmático de substâncias dentro dos axônios. 2. O sistema Nervoso se move O sistema nervoso se adapta aos movimentos corporais através de movimentos relativos às estruturas que o envolve. Como é um tecido contínuo, movimentos em uma parte podem ser transmitidos para outro local através de movimentos e/ou tensões. 3. O Sistema Nervoso se tensiona O sistema nervoso possui propriedades elásticas, podendo se encurtar ou alongar em resposta a movimentos dos segmentos corporais. Sendo um tecido contínuo, a tensão pode ser transmitida através do sistema. 4. A função e a mecânica do Sistema Nervoso são interligadas O sistema nervoso se adapta aos movimentos através de suas propriedades mecânicas (movimento e tensão) ao mesmo tempo que realiza sua função principal: a de transmissão de impulsos. A sua função depende do seu estado mecânico e seu estado mecânico reflete e depende de sua função. Para a união desses dois aspectos, mecânico e fisiológico, um termo foi introduzido: neurodinâmica. O tecido neural com uma neurodinâmica normal implica que o mesmo apresenta suas propriedades mecânicas e fisiológicas normais. A MOBILIZAÇÃO NEURAL procura restaurar o movimento e elasticidade ao sistema nervoso, o que promove o retorno as suas funções normais. Portanto, a técnica parte do princípio que se houver um comprometimento da mecânica/fisiologia do sistema nervoso isso pode resultar em outras disfunções no próprio SN ou em estruturas músculo-esqueléticas que recebem sua inervação. O restabelecimento de sua biomecânica/fisiologia (neurodinâmica) adequada através do movimento e/ou tensão permite recuperar a função normal do SN assim como das estruturas comprometidas. Esse restabelecimento se dá através de movimentos oscilatórios e/ou brevemente mantidos direcionados aos nervos periféricos e/ou medula. - Slump Test (Teste da inclinação anterior): deve ser um teste de rotina quando existem sintomas na coluna vertebral; existem indicações a partir do exame subjetivo que um exame positivo seja possível; o tratamento será baseado na mobilização de um nervo , utilizando a SLR ou PKB; para certificar que o sistemanervoso move e alonga devidamente em um paciente pronto para receber alta. I ) paciente sentado, com as costas bem no fim do banco, com as coxas inteiramente sustentadas e os joelhos juntos, e com as mãos gentilmente unidas atrás de suas costas; II ) pede-se ao paciente para encurvar-se ou derrear-se, enquanto o examinador mantém a coluna cervical em uma posição neutra. O sacro deve permanecer vertical; III ) com a posição de flexão espinhal mantida, pede-se para o paciente dobrar seu pescoço e colocar o queixo no tórax e então uma pressão maior é adicionada na mesma direção. A resposta é avaliada após a flexão do pescoço e após a uma pressão maior; IV ) pede-se para o paciente estender o joelho ativamente, e a resposta é avaliada. Se há um lado com dor dominante, então examine o lado bom primeiro – isso dará uma melhor idéia do que esperar do lado doloroso; V ) pede-se para o paciente realizar uma dorsiflexão do seu tornozelo; VI ) a flexão do pescoço é lentamente liberada, e a resposta cuidadosamente avaliada. Alguns indivíduos sentirão um alívio instantâneo ou alteração em sintomas, outros terão uma alteração mais tardia numa posição de extensão cervical, outros não terão alteração; VII ) o mesmo é repetido para a outra perna. A ADM e as respostas dolorosas são comparadas; VIII ) na posição de inclinação anterior, ambos os joelhos são estendidos e o efeito da liberação da flexão do pescoço é notado. Nota-se qualquer assimetria na ADM da extensão do joelho. - Teste de Tensão do Membro Superior 1 (ULTT 1): Nervo Mediano É um teste indicado para todos os pacientes com sintomas localizados em qualquer lugar do braço, cabeça, pescoço ou coluna torácica. Para aplicar o teste, seguimos a seqüência abaixo descrita. I ) paciente em decúbito dorsal neutro. O examinador fica de frente para o paciente, e sua mão envolve a mão do paciente assegurando controle para baixo do polegar e dedos. O braço superior da paciente descansa sobre a coxa do examinador; II ) uma força constante de depressão é exercida sobre a cintura escapular durante o movimento. Isto é melhor obtido pelo punho do examinador, sendo empurrado verticalmente para baixo em direção à maca, conseqüentemente a elevação da escápula será evitada durante a abdução. O braço do paciente é subseqüentemente abduzido no plano coronal à aproximadamente 110 graus; III ) com esta posição mantida, o antebraço é supinado e o punho e os dedos estendidos; IV ) o ombro é rodado externamente; V ) o cotovelo é estendido, mantendo-se as posições anteriormente alcançadas; VI ) com esta posição mantida, flexão lateral cervical para a esquerda e então para a direita devem ser adicionadas. - Teste de Tensão do Membro Superior 2 (ULTT 2 ): Nervo Mediano Assim como o ULTT 1, o ULTT 2 deve ser examinado em todas as desordens cervicais, torácicas e de membro superior. O método para a realização deste teste segue abaixo. I ) paciente deita em diagonal na cama, direcionando a cabeça e liberando a escápula do lado a ser tratado. A coxa do examinador repousa contra o membro do paciente, uma mão irá segurar o cotovelo do paciente, enquanto que a outra segurará o punho; II ) usando a coxa, o examinador cuidadosamente deprime a cintura escapular do paciente. O teste terá que ser realizado em aproximadamente 10 graus da abdução de ombro para que o braço esteja livre sobre e paralelo ao lado da cama; III ) a depressão de ombro é mantida e então o examinador subseqüentemente estende o cotovelo do paciente; IV ) a posição de depressão da cintura escapular/extensão de cotovelo é mantida e então o examinador, usando ambos os braços, rotaciona externamente todo o braço o paciente; V ) com esta posição mantida, o antebraço do examinador é pronado e desliza para baixo da mão do paciente. O polegar do examinador desliza para o espaço membranoso entre o polegar do paciente e o dedo indicador. Nessa posição, o examinador estende o punho do paciente, dedos e polegar. - Teste de Tensão do Membro Superior 2 (ULTT 2): Nervo Radial Assim como o ULTT 1, o ULTT 2 deve ser examinado em todas as desordens cervicais, torácicas e de membro superior. O método para a realização deste teste segue abaixo. I ) a posição inicial, movimentos da cintura escapular e a extensão do cotovelo são as mesmas utilizadas pelo ULTT 2 para o nervo mediano; II ) com esta posição mantida, o ombro é então internamente rotacionado, sendo este o fator chave para o teste. O examinador deve alcançar sobre o braço do paciente tão longe quanto possível com um dos seus braços, e com o outro alcançar o punho. Todo o braço do paciente é então direcionado para rotação interna do ombro, inevitavelmente com pronação do antebraço. Com a rotação interna concluída, deve ser possível para o cotovelo do examinador prender o cotovelo do paciente, mantendo-o desta maneira em extensão e mantendo a rotação interna; III ) o punho do paciente é então flexionado, passiva ou ativamente usando a mão do examinador. A flexão das articulações do polegar e desvio ulnar do punho irão sensibilizar o nervo radial via ramo sensorial superficial. - Teste de Tensão do Membro Superior 3 (ULTT 3): Nervo Ulnar É claramente um teste de tensão direcionado para o nervo ulnar, logo o teste deveria ser feito onde qualquer suspeita de envolvimento ulnar existisse na desordem (cotovelo do tenista). Se um paciente ao apresentar-se com restrição para o ULTT 1 e com sintomas de distribuição do nervo mediano, um ULTT 3 poderia ser ainda conveniente, especialmente se o local de tensão for no plexo braquial. O método de aplicação do teste segue abaixo descrito. I ) o paciente e o terapeuta estão na mesma posição inicial do ULTT 1. O cotovelo do paciente descansa logo abaixo da EIAS, na virilha do examinador; II ) o punho do paciente está estendido e o antebraço supinado; III ) com a posição acima mantida, o cotovelo é totalmente fletido; IV ) a depressão do ombro é então feita pelo braço do examinador, empurrando-o para cama e manter a depressão. Nesta posição, a rotação externa de ombro pode ser adicionada; V ) com esta posição mantida, a abdução de ombro pode ser adicionada ainda que seja uma forma de posicionar a mão do paciente ao longo de sua orelha. Para fazer isto de forma suave, o corpo do fisioterapeuta deve ser colocado de forma que um pivô em torno do braço que o empurra para a cama seja criado; VI ) o teste pode ser feito com o pescoço inicialmente em posição de flexão lateral ou a cabeça do paciente pode ser empurrada em flexão lateral durante o curso do teste.
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