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Matéria de Direito Penal II

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DIREITO PENAL II – PARTE ESPECIAL[2: 	 Apostila formulada usando como base as anotações da disciplina de Direito Penal II, ministradas nas aulas do Profº Gilson no UNIVEM em 2013 e a doutrina de César Roberto Bitencourt no seu livro Tratado de Direito Penal vol. II – Parte Especial (Dos crimes contra a Pessoa).]
REVISÃO DA PARTE GERAL
SUJEITO DO CRIME:	_ativo (autor do crime, ser humano, individuo).
				_passivo (individuo que recai o crime, vítima, sociedade).
					_constante (sempre presente, é a sociedade).
					_eventual (ser prejudicado, nem sempre têm).
OBJETO DO CRIME: 
_objeto jurídico do crime: é o bem ou interesse protegido pela norma penal, presente em todos os crimes. Exemplo: vida em homicídio; patrimônio no furto; honra no crime de calúnia.
_objeto material do crime: é a pessoa ou coisa atingida pela conduta criminosa, não está presente em todos os crimes. Exemplo: no furto, a coisa; no homicídio, a pessoa; no ato obsceno não há objeto material.
TIPOS DE CRIME:
_crime consumado ou crime perfeito: praticou a conduta descrita no tipo penal:
_crime material: é o crime que para a consumação necessita do resultado, sem ele o crime ficará no máximo na sua forma tentada. Exemplo: homicídio (morte); furto (subtração); aborto (morte do feto).
_crime formal: o crime se consuma com a simples conduta, não é necessário alcançar o resultado pretendido, basta à conduta. Exemplo: corrupção ativa e passiva; crimes contra a honra; ameaça. 
_crimes de mera conduta: são crimes de mera atividade, mera conduta nem é previsto o resultado. O crime se consuma com a mera conduta. Exemplo: violação de domicílio. 
_crime tentado: é o tipo de crime onde o autor não consegue praticar toda a conduta descrita no tipo penal, a pena pode ser diminuída de 1/3 a 2/3 (art. 14, II).
COMPOSIÇÃO DO CRIME:
I – fato típico:
_conduta
_resultado
_nexo causal
_tipicidade
II – antijuridicidade:
_estado de necessidade
_legitima defesa
_estrito cumprimento do dever legal
_exercício regular de direito
III – culpabilidade: se o autor é culpável.
	_imputabilidade penal: maior, capaz.
	_potencial consciência da ilicitude: saber se é crime.
	_inexigibilidade de conduta diversa
IV – punibilidade: se está prescrito ou não o crime.
FIXAÇÃO DA PENA:
1 – agravantes – atenuantes: a lei informa a quantidade de ausência ou diminuição. O juiz não pode aumentar a pena acima do máximo e nem abaixo do mínimo. Exemplo: art. 61, 62, 63 e 65.
2 – causas de aumento e causas de diminuição: nas causas de aumento e diminuição, a lei indica a quantidade de aumento ou diminuição (1/3, ½, 2/3 e outras) a pena pode ficar abaixo do mínimo ou acima do máximo. Exemplo o homicídio privilegiado que fica abaixo do mínimo da pena.
3 – qualificadoras: muda pena em abstrata (mínimo e máximo).
DOS CRIMES CONTRA A VIDA (art. 121 ao 128)
Do crime de Homicídio: art. 121
_conceito: é a morte de um ser humano (individuo) praticado por outro ser humano. Não se fala na qualidade da morte, se é violento ou não, ou mesmo sobre sua motivação. Crime de matar alguém. O atual código não prevê figuras específicas, com exceção do infanticídio. Enfim, homicídio é a eliminação da vida de alguém levada a efeito por outrem. E como o direito penal tutela bens jurídicos, cabe ao Estado à jurisdição sobre esses casos. 
_objeto jurídico ou objeto de proteção: protege-se a vida humana, o bem jurídico mais valioso de todos, que “em qualquer situação, por precária que seja não perde as virtualidades que a fazem ser tutelada pelo Direito”.
_objeto material: é a pessoa ou coisa que recai o crime. Sem a prova da morte da vítima, não se fala em homicídio. (sempre deve possuir provas diretas ou indiretas).
_prova direta: feita no próprio cadáver da vítima, por meio dos peritos.
_prova indireta: sem o cadáver, entretanto pode ser feita de outras maneiras, sendo por testemunhas, perícias entre outros.
_sujeitos do crime de homicídio:
_sujeito ativo: pode ser qualquer pessoa, podendo ou não estar associado a outras pessoas. É quem pratica os atos até se chegar ao homicídio.
_sujeito passivo: podendo também ser qualquer ser humano. É a pessoal em que recai o crime, entretanto o sujeito ativo não pode ser também o sujeito passivo do homicídio, já que esse crime recebe outra definição (suicídio).
_consumação: 
_crime material: consuma com a morte da vítima, se está não ocorrer, o crime será tentado. Discute-se quando ocorre a morte, a maioria entende que ela se dá com a cessação do funcionamento cerebral, circulatório e respiratório, depois disso é realizado o exame de corpo delito.
_tentativa: é o homicídio tentado quando iniciada a execução, mas por condições adversas não se consegue chegar ao objetivo do agente. Na tentativa, a pena do autor do delito é de uma diminuição de 1/3 a 2/3 da pena final.
_espécies de homicídio: simples (normal), privilegiado (menos grave que o normal) e qualificado (mais grave que o normal).
HOMICÍDIO SIMPLES (art. 121 “caput” – 6 a 20 anos): será simples quando não for privilegiado, qualificado ou culposo. As formas do homicídio podem ser das mais variadas possíveis. É o simples matar alguém, em tese não é objeto de qualquer motivação especial, moral ou imoral, pois o homicídio simples é apenas matar alguém. É um crime de ação livre (por qualquer meio):
I – Direto: mata-se a vítima diretamente, sendo por tiros, fogo ou outro meio.
II – Indiretamente: mata-se de uma forma mediata, por meio de outra causa, como exemplo: matar por omissão, açular animal contra a vítima, usar de um louco para matar alguém e outros.
HOMICÍDIO PRIVILEGIADO (art. 121 § 1º – diminuição de 1/6 a 2/3 da pena): é uma forma menos grave de se matar alguém. A pena é menor porque não indica que o agente seja uma pessoa perigosa. Nas circunstancias abaixo o homicídio será privilegiado: 
Relevante valor moral (individual): interesse do homicida, ou seja, por interesse do próprio autor, e como tal dependendo das circunstâncias terá uma pena reduzida, como exemplo: matar estuprador da filha; matar o assassino do pai.
Relevante valor social (coletivo): neste caso o interesse não é individual e sim coletivo, ou seja, de mais de uma pessoa. Mata-se uma pessoa que fez mal à própria sociedade, apesar de que neste caso não é permitido a morte, o autor do crime terá uma pena reduzida. Exemplo: matar o bandido de um bairro inteiro; estuprador da cidade; traidor da pátria.
Homicídio emocional (violenta emoção): neste caso devem estar presentes os seguintes requisitos (deve possuir os três para se encaixar em homicídio emocional):
_emoção violenta: entende-se por isso aquele estado súbito e passageiro que abala o emocional do agente a ponto de cometer um crime (perde o controle imediatamente). Significa agir sob choque emocional próprio de quem é absorvido por um estado de ânimo caracterizado por extrema excitação sensorial e afetiva, que subjuga o sistema nervoso do indivíduo.
_injusta provocação da vítima: a provocação deve ser injusta a ponto de causar justa indignação, deve vir sempre da vítima do homicídio (não deve se confundir com a legítima defesa e nem com agressão injusta)
_reação imediata: o agente deve reagir na hora (imediatamente), sem intervalo, até porque com o passar do tempo à emoção que retira o controle da pessoa vai diminuindo e deixa de ser privilegiado o crime.
*homicídio passional: é o crime em decorrência de amor. A lei não autoriza matar alguém por amor, em alguns casos o autor é absolvido devido à falta de conhecimento jurídico-técnico dos jurados (tribunal do júri). Ainda, somente será privilegiado se o homicídio ocorrido for por relevante valor moral ou social ou sobre o domínio de violenta emoção. Fora disso o homicídio passional não tem nenhuma contemplação legal.
*legítima defesa da honra: é uma excludente prevista em lei, mas como toda legitima defesa, deve ser “proporcional” à injusta agressão, por isso não cabe no homicídio para aquele que é traído. Traição e vida são bens totalmente desproporcionais.É verdade que em casos esporádicos, o tribunal do júri acaba aceitando isso, mas faz porque os jurados são leigos sobre o conteúdo das leis.
HOMICÍDIO QUALIFICADO (art. 121 § 2º – 12 a 30 anos): é considerado crime hediondo (lei nº 8072/90), por isso a lei é mais rigorosa principalmente em relação ao cumprimento da pena. O agente deverá cumprir pelo menos 2/5 em regime fechado se for primário e 3/5 se for reincidente. Os crimes não hediondos, a progressão de regime se dá com 1/6 da pena. A classificação se divide em “motivos (inciso I e II)”, “meios (inciso III)”, “modos (inciso IV)” e “fins (inciso V)”:
Motivo torpe (art. 121 I): é o motivo abjeto (ninguém aceita), repugnante, que ofende o sentido ético da sociedade. Não se aceita que alguém mate por isso. É o motivo que atinge mais profundamente o sentimento ético-social da coletividade. A lei exemplifica o motivo torpe como o cometimento por recebimento de dinheiro (homicídio mercenário). Mas existem vários motivos torpes: matar mediante dinheiro oferecido; matar para receber herança; matar namorada por recusar o sexo; matar por inveja; matar para demonstrar valentia; matar criança porque chora; matar por negar a reconciliação; matar para obter droga; entre outros. *a vingança e o ciúme por si só não é considerado como motivo torpe.
Motivo fútil (art. 121 II): é o motivo pequeno, desproporcional, banal ao homicídio. Não deve ser confundido com motivo injusto, pois o motivo justo pode chegar a excluir a ilicitude (é aquele que pela sua mínima importância não é causa suficiente para o crime). Normalmente não levaria alguma pessoa a matar outra. Exemplos: discussão de futebol; discussão de namorados; discussão de família; briga de bar; discussão de trânsito; e outros. *ciúme (pode ser por motivo fútil, torpe ou até homicídio privilegiado dependendo do caso concreto).
OBS.: motivo torpe e motivo fútil não se repelem, ou seja, ou é um ou é o outro. Não pode ser fútil e torpe ao mesmo tempo.
Insídia, cruel e perigo comum (art. 121 III): assim como no inciso I, o legislador exemplifica o que seja insídia, crueldade e perigo comum, mas essas são as três formas de qualificar o crime:
_insídia: é o meio fraudulento de se matar alguém. A vítima não sabe que vai morrer. Exemplo: veneno; sabotagem de veículo; fazer e experimentar uma arma carregada dizendo que não está; (o veneno pode não ser insidioso se a vítima é obrigada a tomá-lo – o meio pode ser cruel).
_meio cruel: é o que causa sofrimento desnecessário da vítima. Não haverá crueldade após a morte da vítima. Exemplo: fogo; asfixia, sendo: esganadura (constrição com as mãos), enforcamento (peso do corpo), estrangulamento (uso de objetos), sufocamento (impedimento de respiração pelo uso de mordaça) e soterramento (afogamento, confinamento – neste caso o oxigênio não penetra no organismo, provocando anoxemia, ou seja, falta de oxigênio); tortura; espancamento; esquartejamento lento; pisoteamento.
_perigo comum: a ação de matar coloca em risco um número indeterminado de pessoas. Exemplo: uso de explosivo; desabamento; sabotagem de ônibus; fogo em grande quantidade, ou seja, um incêndio.
Traição, emboscada, dissimulação ou qualquer meio que dificulte ou torne impossível à defesa da vítima (art. 121 IV): neste inciso basta que o meio de emprego que dificulte a defesa da vítima. O legislador exemplifica:
_traição: é a ocultação do moral ou mesmo física para matar a vítima, usando do método sorrateiro e inesperado. O agente ataca de forma sorrateira e repentina a ponto da vítima não ter como se defender. Exemplo: tiro pelas costas; morte durante a refeição; morte durante o ato sexual.
_emboscada: é a tocaia. O agente espera a vítima escondido para atacar ou surpreender à vítima. Exemplo: o autor estuda o local, se esconde e aguarda pacientemente a vítima escondido.
_dissimulação: o agente emprega recurso que distraia a atenção da vítima para matá-lo. A fraude procede à violência (é a ocultação da intenção hostil, do projeto criminosos, para surpreender a vítima). Exemplo: levar a vítima para passear em um terraço de prédio e enterrá-la; tirar a vítima de local público para um lugar ermo e matá-la.
*O inciso IV é parecido com a insídia (III). Na insídia a fraude está no meio empregado (exemplo: veneno), enquanto que na traição ou mesmo dissimulação a fraude está no modo de praticar o crime.
A par dos exemplos do legislador existem varias formas de se matar a vítima em que ela tem pouca defesa. Exemplos: matar a vítima dormindo; abater quando estava em um veículo; matar a vítima que estava namorando.
Conexão: é a interligação de crimes (denota-se de maior periculosidade), podem ser:
_teleológica: mata-se uma pessoa para assegurar a execução de outro crime. Exemplo: mata marido para estuprar esposa.
_consequencial: por consequência de algo:
I – comete-se um crime para ocultar outro crime cometido anteriormente praticado. Exemplo: após matar a vítima, colocar fogo no cadáver.
II – para garantir a impunidade de outro crime. Exemplo: após estuprar, matar a testemunha presencial.
III – para garantir a vantagem de outro crime. Exemplo: mata-se o comparsa de um roubo para ficar com todo o produto do crime.
*Ocasional: parte da doutrina entende que haverá conexão, outros que não (homicídio simples + crime). Ocorre quando o sujeito comete o crime por ocasião de outro. Aproveita a situação. Exemplo: após matar a vítima subtrair seu relógio (a intenção inicial era roubar o relógio).
OBS.: o homicídio somente será qualificado nas hipóteses acima (art. 121 § 2º). A premeditação e o parentesco não qualificam o crime, neste último caso poderá ser uma agravante genérica (art. 61 II “e”).
OBS.: o réu pode ser condenado por mais de uma qualificadora, neste caso, a primeira transforma o homicídio simples em qualificadora. As demais servem de circunstâncias agravantes, devendo o juiz levá-las em consideração na aplicação da pena ou obrigatoriamente não podendo passar do limite máximo da pena.
OBS.: homicídio privilegiado(subjetivo)-qualificado(objetivo)? Podem coexistir? Diverge a doutrina se o homicídio pode ser ao mesmo tempo privilegiado e qualificado. Alguns entendem que se for privilegiado, não pode ser qualificado; outros sustentam que se for reconhecido o homicídio qualificado jamais poderá ser privilegiado. Mas a maioria argumenta que eles podem coexistir desde que o privilégio que é uma circunstância subjetiva coexista com a qualificadora de natureza objetiva. Assim, pode ser motivo de relevante valor moral e recurso que dificulte a defesa da vítima. Exemplo: pai mata de surpresa o assassino da filha.
_circunstâncias subjetivas = móvel, motivo do crime (torpe e fútil).
_circunstâncias objetivas = execução do crime (inciso III e IV).
Uma vez acolhido à tese do homicídio privilegiado-qualificado, ele será considerado hediondo? A maioria sustenta que quando existe em uma mesma situação circunstância objetiva e subjetiva, preponderam as subjetivas que são a motivação do crime (art. 67). Então neste caso deve permanecer o homicídio privilegiado que não é hediondo.
HOMICÍDIO CULPOSO (art. 121 § 3º) e HOMICÍDIO CULPOSO NO TRÂNSITO (art. 302, lei nº 9503/97): todos os crimes do CP são por meio de dolo, salvo disposição em contrário no próprio art. (o a agente deu causa ao resultado).
_previsibilidade (previsível que aconteça alguma coisa) = cuidado normal (não pode ter um cuidado especial, o cuidado normal nada mais é do que o cuidado normal) = resultado (alguns doutrinadores o classificam como AZAR).
_culpa no sentido amplo:
_imprudência: prática de uma conduta arriscada ou perigosa. 
_negligência: falta de precaução, podendo adotas as cautelas necessárias (mas não quis). Não pensa na possibilidade do resultado.
_imperícia: falta de preparo, capacidade ou insuficiência de conhecimento técnico para o exercício de algo específico.
_graus de culpa: (não muda a pena em abstrato): grave, leve e levíssima.
_compensação de culpa: tanto a vítima quanto o autor são culpados (a culpa da vítimanão afasta a culpa do autor). Exemplo: Atropelamento em que o autor estava falando no celular e a vítima não atravessam na faixa.
_concorrência de culpas: (quando dois indivíduos, um ignorando a participação do outro, concorrem, culposamente, para a produção de um fato definido como crime) se ambos tiverem culpa e um causar ferimento no outro, os dois responderam por crime culposo. Exemplo: se dois veículos em um cruzamento forem responsáveis pelo acidente, os dois responderam por crime culposo, e ambos responderam isoladamente pelo resultado produzido.
_modalidades de culpa: 
_imprópria: é uma conduta dolosa que excepcionalmente o legislador trata como culposa. Ocorre quando o sujeito, por erro, prática o resultado querido. Exemplo: sujeito mata vizinho que por brincadeira pula o muro de sua casa para assustá-lo, num local onde tem constantes assaltos.
_inconsciente: é a culpa comum, em que o resultado é previsível, mas não prevista pelo agente. É anormal imprudência, negligencia ou imperícia.
_consciente: é a culpa mais grave, o resultado é previsível e previsto pelo agente, mas, mesmo assim, ele pratica a conduta convicto de que não ocorra. Exemplo: numa caçada o sujeito vê o amigo ao lado de um animal e prevendo que se atirando mo animal possa acertar o amigo, atira e mata o amigo (prevejo, mas faço mesmo assim). A culpa consciente é muito parecida com o dolo eventual, a linha divisória entre os dois é mínima. Na culpa o sujeito não aceita o resultado (importa-se), no dolo eventual o sujeito aceita o resultado (dana-se):
Dolo eventual (previsível, prevê, não quer, mas aceita – foda-se) diferente de culpa consciente (previsível, prevê, não quer o resultado e não aceita – importa-se).
O homicídio culposo é tratado no CP. Se, todavia, o agente estiver na direção de veículo automotor o crime será tratado pelo código de trânsito (art. 302 – lei nº9503/97) cuja pena é um pouco maior (2 – 4 anos).
Por veículo automotor entende-se o de transporte de pessoas, motorizado, conforme uma convenção internacional. Ainda, deve ter mais de 50 cilindradas. Nada impede que o Brasil mude esses critérios. Assim, são veículos automotores: carro, caminhão, ônibus... Não seria: tratores, ciclomotores, bicicletas e outros.
Do crime de Participação em Suicídio: art. 122
_conceito: é a eliminação da própria vida, ante a impossibilidade de se punir o suicida e a desnecessidade de se punir quem tentar o suicídio. Punisse então aquele que colabora com o suicídio. A vida é um bem indispensável. Não existe direito subjetivo de eliminar a própria vida. A lei autoriza, inclusive, o uso de coação ou violência para impedir o suicídio (art. 146 § 3º III).
_sujeito ativo: é um crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa, menos o suicida. O sujeito ativo deve ser aquele que induz, instiga ou auxilia o suicida. O sujeito não pode praticar atos executórios, caso contrário responderá por homicídio. Assim, aquele que segura a corda, puxa o banquinho, empurra a vítima do prédio, mesmo a pedido dela, responde por homicídio.
_sujeito passivo: pessoa determinada e capaz de entendimento de sua ação. Se não tiver entendimento, o crime será de homicídio com autoria mediata (3ª pessoa). Exemplo: induzir um louco a se matar. Não configura o art. 122 a induzimento genérico (mais de uma pessoa, exemplo por meio de incentivo de um livro ou filme).
_condutas: 
_induzir: é o criar a ideia de suicídio. Fazer surgir essa ideia no pensamento de alguém. Exemplo: “sua vida está ruim mesmo, então porque não aproveita e se mata”.
_instigar: é reforçar a ideia já existente de suicídio. Animar, estimular essa mesma ideia do sujeito passivo. Exemplo: “estou pensando em se matar, o que acha?” “é uma ótima ideia, use uma corda”.
_auxiliar: é fornecer os meios materiais para o suicídio, é uma contribuição material ao crime, como por exemplo, veneno, corda, revolver, etc. 
*O art. 122 é um crime de ações múltiplas (mais de uma conduta), sendo que o sujeito responderá por um único crime, mesmo que praticando as três condutas.
_elemento subjetivo: pode ser por dolo direto (quer que a pessoa se mate). Ou ainda pode ser dolo eventual (com sai conduta, assume o risco da pessoa se matar, exemplo: marido que, sabendo da intenção suicida da esposa, aumenta sua humilhação para com ela). Não existe previsão culposo na participação de suicídio.
As condutas acima devem contribuir eficazmente para o suicídio. Não responderá pelo art. 122 a simples concordância, indiferença ou desdém para a intenção suicida da vítima.
_consumação/tentativa: consuma-se o crime com a morte da vítima ou por tentativa que ocasionou lesão grave da vítima, se a vítima não se ferir ou a lesão for leve não haverá punição ao participante. Assim inadmissivelmente a tentativa desse crime.
_participação por omissão: alguns autores sustentam que não é possível participar do suicídio por omissão. A maioria sustenta ser possível desde que o omitente tenha o dever jurídico de impedir o resultado. Exemplo: responderá pelo art. 122 o carcereiro que deixa o preso em greve de fome; a enfermeira que deixa o paciente agonizado se matar.
_roleta russa x duelo americano: é típico exemplo de participação em suicídio. Todos os participantes que sobreviverem responderam pelo art. 122.
_pacto de morte: se tiver sobreviventes, responderam pelo art. 122.
_causas de aumento da pena: o § único do art. 122 trás 2 causas de aumento da pena: a pena torna-se maior com o motivo que impulsionou, e se a vítima for menos ou tiver capacidade de resistência diminuída.
_motivo egoístico: excessivo amor ao interesse próprio. 
_vítima menor: o artigo não demonstra explícito qual é o limite de idade, mas com base na interpretação entende-se como menores de 18 anos (maiores de 14 anos), desde que possui capacidade de discernimento e seja pessoa determinada e capaz; e capacidade de resistência diminuída (idoso, enfermo, embriagado): não possuem resistência e que dificulte a capacidade de entendimento da vítima.
Infanticídio: art. 123
Alguns países tratam o assunto como homicídio privilegiado. O Brasil o trata como delito autônomo, antes o critério adotado era o psicológico, pois tratava de forma mais branda a mulher que matava o próprio filho para esconder a sua desonra. Era chamado de homicídio honoris causa, porque beneficiava a mulher de uma gravidez fora do casamento. Atualmente o critério adotado é o fisiopsicológico, o estado puerperal. Este é entendido como um conjunto de perturbações físicas e psicológicas sofridas pela mulher em razão do parto. Em razão dessas complicações a mãe chega a matar o próprio filho. A pena é bem menor que a do homicídio (2 – 6 anos).
O infanticídio, crime menos grave, pressupõe a existência de 2 requisitos: estado puerperal (perturbações emocionais passageiras) e que o fato seja praticado durante ou logo após o parto. O parto começa com o deslocamento e termina com o desligamento do cordão umbilical (maioria da doutrina), embora existam outros entendimentos, como, o parto inicia com a dilatação do colo do útero.
A expressão “logo após” também não tem unanimidade, para uns perdura de 6 à 7 dias, enquanto que para outros seja de 6 à 8 semanas.
(qualidades ou condição dos sujeitos ativo e passivo da ação delituosa; influencia biopsíquica ou fisiopsicológica do estado puerperal; circunstância temporal contida no tipo: durante ou logo após o parto = infanticídio).
_sujeito ativo: crime próprio, praticado por gestantes em estado puerperal.
_sujeito passivo: neonato, nascente ou recém-nascido.
_elemento subjetivo: dolo (direto ou eventual). Não há punição culposa (caso o recém-nascido morra por culpa então será homicídio culposo).
_consumação/tentativa: com a morte da criança. Se ela não morrer porque foi socorrido, o crime ficará na esfera tentada.
_concurso de agente: o terceiro que ajuda a gestante a matar o próprio filho responderá por homicídio ou infanticídio? 2 posições:
1ª corrente: O terceiro responderá por homicídio, pois as condiçõesgestantes e estado puerperal são personalíssimas, portanto não se estende ao terceiro.
2ª corrente: Por força dos arts. 29 e 30 do CP, o terceiro responderá por infanticídio. O art. 29 adota a teoria monista, segundo a qual todos que participam em um crime respondem por um único crime. Já o art. 30 diz que as elementares de um crime se estendem ao terceiro participante. Exemplo: quatro pessoas se juntam para um furto, dois frutam e os outros ficam na tocaia, todos respondem por roubo. (ADOTADO POR SER MAIS TÉCNICO)
Aborto: art. 124 ao 128
Aborto é a interrupção da gravidez com a morte do feto. No Brasil protege-se o feto perante o direito penal, embora o direito civil não o reconheça como pessoa (o nascituro possui expectativa de vida).
Pune-se o aborto provocado, ou seja, aquele que há interferência da gestante ou de terceiro para interromper a gravidez.
Espécies de aborto:
_natural: é a interrupção espontânea da gravidez.
_acidental: resultante de trauma/acidente.
_social ou econômico: feita por mulher de condições econômicas precárias, não tem condições de cuidar da criança.
_eugênico ou eugenésico: ocorre quando existe a possibilidade da criança nascer com graves problemas mentais.
_moral: é o aborto de motivo pessoa, cometido por vaidade, egoísmo, falta de responsabilidade social, etc.
_criminoso: é o aborto provocado, ilegal.
_legal: é o aborto permitido.
Meios: é um crime de ação livre, porque pode ser praticado de várias formas: físico (pressão no abdômen exagerado, curetagem, agressão física, exercício físico exagerado), químico (uso de medicamento ou substancia abortiva), psíquico (susto, choque moral). O meio deve ser inidôneo (capaz de causar o aborto), se for inidôneo, o sujeito não responderá nem na forma tentada. Exemplo: rezar, despachos são meios inidôneos ao aborto.
_elemento subjetivo: dolo. Não há crime de aborto possível com culpa (a lei simplesmente não foi capaz de prever).
_consumação/tentativa: crime material, e se consuma com a morte do feto. É irrelevante que a morte ocorra dentro do ventre materno ou fora dele em razão da interrupção da gestação. Não havendo a morte do feto, o crime será tentado, ainda que agora a criança tenha sequelas. *se o feto já estiver morto, é crime impossível, o mesmo ocorre quando a mulher nem grávida está, e como tal não é crime de aborto, pois a intenção não é crime.
_formas:
AUTOABORTO (art. 124): o art. 124 contém duas figuras típicas que se pune a gestante: (sujeito ativo é a gestante e o sujeito passivo é o feto)
A própria gestante prática aborto em si mesmo.
A gestante permite que um terceiro faça um aborto.
ABORTO SEM O CONSENTIMENTO DA GESTANTE (art. 125): neste caso, o dissentimento (não consentimento) da gestante pode ser: (sujeito ativo pode ser qualquer pessoa e o sujeito passivo é a gestante)
_real: o terceiro usa de violência, grave ameaça ou fraude.
_presumida: o gestante não tem capacidade de consentir, isto é, eventual “consentimento” é inválido. Exemplo: menor de 14 anos e alienada mental.
ABORTO COM O CONSENTIMENTO DA GESTANTE (art. 126): o consentimento da gestante não exclui o crime, mas o terceiro terá uma pena menor, o consentimento deve ser válido, se não for, o terceiro responderá pelo art. 125 (sujeito ativo é a gestante e o sujeito passivo é o feto)
OBS.: o legislador no art. 126 abriu uma exceção à teoria monista, segundo o qual todos que concorrem para um crime responderam unicamente com este. Como a gestante é a parte no crime que corre riscos à saúde e a vida, o legislador resolveu punir em artigos distintos, de forma mais severa ao terceiro que faz o aborto consentido.
ABORTO QUALIFICADO (art. 127): no caso dos artigos 125 e 126 a pena aumentara em 1/3 se a gestante acaba sofrendo lesão grave e será duplicada se ela morrer. É uma qualificadora preterdolosa (dolo de aborto e culpa no resultado).
ABORTO LEGAL (art. 128): 
_necessária ou terapêutica: é o aborto feito para salvar a vida da gestante.
_sentimento ou humanitário: é a gravidez resultante de estupro, neste caso a gestante ou a representante legal deve autorizar o aborto.
QUESTÕES:
_O médico precisa de autorização legal para se fazer um aborto? Não. No caso do aborto necessário o médico é quem vê a necessidade. No resultante do estupro, basta que ele tome precauções de que o crime tenha ocorrido (boletim de ocorrência, inquérito instaurado, processo em andamento, declaração da vítima).
_O aborto sentimental pode ser feito por qualquer profissional? Só por médico. O necessário todavia, pode ser feito por um médico, ou até por um outro profissional (deveria ser para o médico, mas na falta deste pode ser qualquer outro profissional).
_A gestante pode fazer em si mesma o aborto terapêutico ou sentimental? O necessário pode (estado de necessidade), o sentimental apenas com o auxílio de um médico.
 DAS LESÕES CORPORAIS: (art. 129)
Conceito: é a ofensa à integridade corporal ou a saúde de alguém. Abrange qualquer dano ao funcionamento do organismo, sendo anatômico, fisiológico ou mental. Neste crime analisa-se o animus laedende, ou seja, vontade de agredir. Se a vontade for o animus necandi (vontade de matar), e a vítima apenas se ferir o crime será tentativa de homicídio.
O laudo de exame do corpo de delito e que vai dizer o grau de lesão se não houver lesão, o autor responderá pela contravenção de vias de fato (15 dias – 3 meses; art. 21 LCP).
Na lesão corporal protege-se a integridade física, fisiológica ou mental da vítima.
_integridade física: alteração anatômica do corpo, caracterizado por um ferimento externo;
_lesão fisiológica: diz respeito à funcionalidade interna da vítima;
_saúde mental: refere-se ao dano causado de ordem psíquica, de difícil prova.
*As lesões esportivas, as cirurgias médicas, embora sejam considerados fatos típicos e não são antijurídicas. Estão no exercício regular de direito.
O crime de lesão corporal é material, de dano, chega-se com laudo de exame de corpo de delito.
Os §§ 1º, 2º e 3º tratam do crime de lesão corporal qualificado pelo resultado, que pode ser punido a titulo de dolo ou de culpa. São casos em que o resultado são mais graves do que o normal, por isso punido mais severamente.
Lesão leve:
Ocorre quando a lesão não é considerada grave ou gravíssima, ou seja, chega-se a ela por exclusão.
Lesão corporal grave:
I – Incapacidade para ocupações habituais em mais de 30 dias: a lei se refere às ocupações habituais da vítima (trabalho, lazer, estudos), o período desta incapacidade não se confunde com a duração da lesão. A lesão pode cicatrizar e a lesão permanecer, como também não curada a lesão, desaparecer a incapacidade.
O exame complementar para apurar tal incapacidade será realizado no 31º dia da lesão sofrida, se a vítima não comparecer, salvo prova em contrário será entendida a lesão como leve.
II – Perigo de vida: neste caso o perigo deve ser comprovado através de perícia. O perigo existirá se a vítima correr risco de vida. Pune-se está qualificadora apenas a título de preterdolo, ou seja, dolo de agredir e culpa do perigo. Se o dolo for de matar a vítima, o crime será de tentativa de homicídio.
III – Debilidade de membro/sentido/função: significa enfraquecimento, diminuição da atividade funcional. Pode ser duradoura ou perpétua. 
_membros: são partes do corpo que se prendem ao tronco (braços, mãos, pernas).
_sentido: é a percepção, ou seja, visão, audição, olfato, tato e paladar.
_função: é a atividade específica de um órgão, como respiratório, reprodutivo, digestivo ou ainda circulatório.
*perda de um dente: tem-se entendido que a lesão é leve. Há quem entende que é grave porque pode causar prejuízo a função mastigatória.
**perda de um olho: é a lesão grave porque diminui a função da visão. Se perder os dois a lesão será gravíssima.
IV – Aceleração de parto: ocorre quando em razão da agressão é antecipada a gestação, expulsando o feto precocemente, o feto deve nascer, se não morrer o crime deve ser gravíssima.
O crime épreterdoloso. O agente é agredido e por culpa acelera o parto. Se a intenção com a agressão foi causar o aborto, o crime será de tentativa de aborto ou de aborto consumado se o feto vier a óbito.
Lesão corporal gravíssima: 
O CP não dá esse nome ao parágrafo segundo, mas a doutrina assim o chama em razão das consequências mais graves, resultante da agressão.
I – Incapacidade permanente para o trabalho: é um inciso de difícil consideração, pois a maioria entende que a incapacidade deve ser geral (qualquer trabalho) e não específica para o trabalho da vítima. Assim um motorista que não possa mais dirigir em razão do mal sofrido, por debilidade da visão, nada impede que possa ocupar outro cargo.
II – Enfermidade incurável: é doença do corpo ou da mente que a ciência não consegue a cura. Não se exige a certeza da curabilidade, basta à probabilidade que não tenha cura. Eventual cirurgia para conter a doença não desqualifica o crime, como também não afasta a enfermidade do fato da vítima ter que ser submetida a tratamento, perigoso, danoso.
*AIDS: a dolosa transmissão do vírus da AIDS poderá acarretar esta qualificadora ou, para alguns até tentativa de homicídio for por animus necandi. A respeito do assunto também trata o art. 131.
III – Perda ou inutilização de membro/sentido ou função: perda é a mutilação, amputação. Inutilização refere-se a aptidão do órgão que deixa de funcionar, e que vale a perda. Difere da debilidade (lesão grave) porque nesta o órgão apenas fica enfraquecido. Assim, a perda de um olho é debilidade da visão, enquanto a perda de ambos é lesão gravíssima. A perda de um dedo é debilidade. A perda da mão é lesão gravíssima. *A reconstrução do órgão via cirurgia ou prótese não afasta a gravidade da lesão.
IV – Deformidade permanente: é o dano estético de certa gravidade. É o dano estético que não é corrigido com o tempo. A cirurgia reparadora não afasta essa qualificadora.
V – Aborto: pune-se a título de preterdolo. 
Lesão corporal seguida de morte:
Trata-se de um crime preterdoloso. O agente tem dolo de agressão e culpa pelo resultado “morte” não é querido, se for, o crime será de homicídio. O resultado morte deve ser punido a título de culpa, ou seja, era previsível este resultado, pois se nem previsível for o agente não responderá pelo resultado morte.
Exemplos:
1º Sujeito dá um leve empurrão na vítima e está escorrega, cai, batendo a cabeça. Levado a um hospital por uma ambulância que capota e mata a vítima. O agressor não responderá pela morte.
2º Sujeito dá uma paulada na vítima, está cai e bate a cabeça em uma pedra e morre. Se for uma única paulada, o agente poderá responder por lesão corporal seguida de morte. Todavia se bater várias vezes na cabeça da vítima, até está desfalecer e morrer posteriormente, o crime poderá ser de homicídio.
Pret... dolo (conduta – antecedente) ou culpa (resultado – consequência).
3º Sujeito dá um leve empurram em vítima, está cai e bate a cabeça em uma pedra num campo de futebol. Neste caso, no máximo poderá responder por homicídio culposo (nunca lesão corporal vítima de morte).
*Diferença entre lesão corporal seguida de morte e homicídio culposo: no homicídio culposo, toda conduta é culposa. Na lesão corporal seguida de morte o início da conduta é culposa e o restante é dolo eventual.
Lesão corporal culposa:
É a lesão provocada por conduta culposa. A pena será a mesma independentemente da gravidade da ação. Se a lesão culposa for praticada na direção de veículo automotor, o agente responderá pelo código de trânsito, com pena maior.
OBS.: assim como no homicídio culposo, a lei também prevê a lesão privilegiada como também a possibilidade de substituição da pena por multa.
Violência doméstica: (art. 129 § 9º e Lei nº11340/06 – Lei Maria da Penha)
A lei nº 11340/2006 introduziu o parágrafo nono ao art. 129, para conter e punir a violência doméstica. Ela tem o nome de Lei Maria da Penha em homenagem a biofarmacêutica Maria da Penha Maia que lutou durante 20 anos para ver seu agressor condenado. Em 1983 o marido dela, um professor universitário tentou matá-la duas vezes. Na primeira vez deu um tiro e ela ficou paraplégica. Na segunda tentou eletrocutá-la. A investigação começou no mesmo ano, e no ano seguinte iniciou o processo contra ele (1984). Oito anos depois, em 1992 o agressor foi condenado à 8 anos de prisão, mas usando de recursos diversos foi protelando a execução da pena. A vítima teve de comunicar o fato a OEA (Organização dos Estados Americanos) protestando a falta de punição. O referido órgão internacional acabou fazendo esforços junto ao governo brasileiro e finalmente em 2002 o agressor foi preso, ficou dois anos e cumpriu o restante da pena em liberdade.
A lei Maria da Penha não prevê os benefícios da lei nº 9099/95, ou seja, o agressor não terá direito a transação penal e nem a suspensão do processo. Ainda, o STF entendeu que a ação pública é incondicionada. Para ser abrangido pela lei Maria da Penha, a relação entre o agressor e vítima deve ser amorosa ou de coabitação, ainda que já tenha terminado uma das duas, ou seja, abrange o casal, sendo casado ou não, namorados ou coisa que o valha.
DOS CRIMES DE PERIGO: (art. 130 ao 136)
São os crimes que se comunicam com a simples possibilidade do dano, ou seja, com o simples perigo, não dependem do resultado que, se vier a acontecer normalmente aumenta a pena.
Espécies:
_individual ou determinado: são os crimes que colocam em risco pessoas determinadas. Exemplo: art. 130 até 136.
_coletivo ou indeterminado: são condutas que colocam em risco pessoas indeterminadas. Exemplo: art. 250 até o 284.
_concreto: o perigo deve ser demonstrado no caso concreto. Exemplo: art. 132, 133, 134 e outros.
_abstrato: o perigo se presume, não precisa ser demonstrado, basta a mera conduta. Exemplo: dirigir embriagado, porte de arma e outros.
_atual: está acontecendo.
_iminente: está prestes a acontecer.
_futuro: pode vir a acontecer, perigo remoto.
Perigo de contágio venéreo: art. 130
A conduta é praticar por meio de ato sexual que possa transmitir doença venérea. É um crime de perigo abstrato, porque se presume o perigo de contágio, não necessariamente comprovar tal fato. É um crime atualmente de pouca aplicação, porque a vítima não denúncia o autor às autoridades, pois prefere se tratar (graças ao grande avanço da ciência e da medicina, este crime deixou de ser recorrido).
_o bem jurídico protegido é a incolumidade física e a saúde da pessoa.
_sujeitos: ativo (pode ser qualquer pessoal, desde que possua doença venérea), passivo (qualquer pessoa, não especifica). *Prostituição e matrimônio não são excludentes de tal crime.
_o crime pode se consumar com a prática de ato de libidinagem capaz de transmitir doença venérea, independentemente de seu contágio, ou admite-se tentativa (exemplo: sujeito tem doença venérea, tem a intenção de transmitir, mas na hora da relação sexual ele não consegue).
Pune-se o agente que sabe (dolo direto), ou deva saber (dolo indireto) que tem a doença e mesmo assim praticou ato sexual (não admite culpa). A ação consiste me colocar em perigo a vítima por meio de doença venérea.
A doença não precisa ser transmitida, se foi, poderá o agente responder por delito mais grave (lesão corporal grave ou até homicídio preterdoloso).
*AIDS: não comete este crime quem tem o vírus da AIDS e tem contato sexual, porque a AIDS não é uma doença venérea. No caso o sujeito responderá por outro crime (art. 131, lesão corporal grave, gravíssima ou até por homicídio tentado/consumado).
Perigo de contágio de moléstia grave: art. 131
Comete o crime o sujeito que tem a intenção de transmitir uma doença grave a terceiro (dolo). Pode ser qualquer doença grave, não precisa ser incurável, a cura não exclui o delito. Assim como no artigo anterior, o bem jurídico tutelado é a incolumidade física e a saúde da pessoa.
É um crime de forma livre, porque pode ser praticado por qualquer meio: contato sexual, transfusão de sangue, injeção, ouqualquer outro contato físico. Consuma-se com a prática do ato para transmitir doença, ocorrendo ou não. Podendo-se admitir na forma tentada.
Este crime exige dolo específico (ou seja, direto) = vontade de transmitir a doença.
Como delito de perigo, a doença não precisa ser transmitida para se consumar tal crime.
OBS.: diferente do crime anterior: no art. 130 consuma-se com a prática sexual de sujeito ativo portador da doença e tem intenção de transmitir. Enquanto que no art. 131 pode ser qualquer meio para transmissão, desde que sujeito ativo possua tal doença classificada como grave.
*AIDS: o art. 131 é o melhor enquadramento penal daquele que com o vírus mantém contato que possa transmitir a doença à vítima (ato sexual, compartilhamento de seringa e outro meio).
Perigo para a vida ou saúde de outrem: art. 132
É um crime de perigo (consuma-se com o surgimento efetivo do perigo), que põem em risco pessoas determinadas. É um crime de perigo concreto, porque existe a prova do crime. Consiste em proteger a incolumidade pessoal da vítima, ou seja, a saúde e a vida da pessoa humana.
Não existe o crime se o perigo é inerente à profissão, ou seja, se o sujeito passivo tem o dever legal de enfrentar perigo (médica, enfermeira, policial, bombeiros).
_sujeitos: crime comum, onde qualquer pessoa pode ser sujeito ativo e passivo. 
É um crime doloso (dolo de perigo) (não se admite na forma culposa): vontade de causar o perigo grave ou iminente à vítima (pode ser dolo direito ou eventual). Consuma-se com a prova do perigo, dificilmente configura-se tentativa, apesar de não ser impossível. Se houver dano, o crime poderá ser outro. É um crime subsidiário, pois somente existira se não houver um crime mais grave. Este absorve o crime do art. 132.
Exemplos:
_Cruzar uma feira de bicicleta;
_Soltar pipa com cerol (o menor comete ato infracional);
_Jogar pedra em uma escola, desde que não acerte ninguém;
_Jogar vaso do prédio, desde que não acerte ninguém.
Abandono de incapaz: art. 133
Comete o crime, o sujeito que tem o dever legal (dever jurídico) de zelar pela vítima (o bem jurídico tutelado é a segurança da pessoa humana). É um crime próprio porque exige uma qualidade especial do autor (relação de assistência e proteção para com a vítima): garantidos da vítima. A posição de garante está prevista no art. 13 § 2º (lei + assume responsabilidade de cuidar da vítima + o agente criou o risco).
_Posição de garante: (art. 13 § 2º) este parágrafo define quem tem o dever jurídico para com a vítima. Serve para definir o dependente do agente, em casos como o do crime de abandono de incapazes, como serve para definir os crimes comissivos por omissão (omissivos próprios).
Os crimes podem ser:
_próprios (puros): a lei define a conduta omissiva (não pode fazer algo).
_impróprios (comissivos por omissão): a lei descreve uma conduta ativa (comissiva), mas o sujeito pode cometer por omissão, desde que esteja na posição de garante:
O sujeito tem por obrigação legal zelar pela vítima (cônjuge, ascendente, descendente, bombeiro, policial, carcereiro).
O sujeito não tinha a obrigação para com a vítima, mas assumiu tal obrigação (prometeu cuidar da vizinha doente, prometeu levar bêbado para casa).
O agente criou o risco, por isso se tomou garante (sujeito bom nadador convence o amigo, mal nadador a cruzar o rio; o primeiro deve zelar pelo segundo).
_crime de perigo concreto: exige-se a prova do perigo, ou seja, o simples abandono não caracteriza o crime, a vítima deve correr o risco.
_consumação/tentativa: o crime se consuma com o abandono efetivo do incapaz, desde que com perigo real e concreto. É possível a tentativa desde que na forma comissiva (pune-se a título de dolo direto e eventual, não se admite culpa).
O crime se consuma se o incapaz realmente correr risco à saúde. Se o abandono sofrer lesão grave, ou morrer em razão do abandono, a pena será aumentada, como também se o abandono em decorrência for em um lugar ermo, a vítima maior que 60 anos, ou se o agente for ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima. Se não houver relação de parentesco, o crime será de omissão de socorro.
Abandono de recém-nascido: art. 134
O crime consiste em abandonar recém-nascido para ocultar a desonra própria (protege-se a segurança do recém-nascido). A desonra tem natureza sexual, ou seja, a gravidez seria um fato que desonra a gestante. Por isso ela esconde a gravidez e, quando nasce a criança, o abandona.
É um crime de perigo concreto, porque exige a comprovação do risco. Não haverá o crime, por exemplo, a mãe que abandona o filho com a avó ou com o pai.
O sujeito ativo só poderá ser a mãe (crime próprio), pune-se a título de dolo (direto ou eventual), não admite na forma culposa.
Omissão de socorro: art. 134
Comete o crime o sujeito que não tendo a obrigação para com a vítima deixa de prestar socorro quando possível ou não chama por socorro, pune-se aquele que põe em risco a saúde e a vida de outrem.
Se o agente tiver obrigação para com a vítima, nas hipóteses do art. 13 § 2º, o crime era outro (homicídio ou lesão corporal).
É um crime omissivo puro ou próprio porque a lei descreve a conduta omissiva. São duas as condutas:
Deixar de prestar socorro;
Não pedir socorro, quando não puder socorrer.
A vida e a saúde são bens indisponíveis, pelo que não é necessário o consentimento da vítima para socorrer ela. O agente não precisa correr riscos, a lei pune aquele que pode socorrer e não socorre.
_consumação: crime omissivo próprio (desobedecer uma norma mandamental), e se consuma com a simples omissão, basta apenas comprovar a abstenção do agente. Exige-se apenas que a omissão seja por tempo juridicamente relevante, entendido como tal o risco que corre a vítima. Se a vítima sofrer lesão grave ou morte a pena será aumentada. Não responderá o agente, nesses casos por lesão corporal ou homicídio porque para isso deveria ter o dever jurídico de impedir o resultado, ou seja, posição de garante.
_tentativa: por ser crime omissivo puro, a tentativa é impossível.
OBS.: os crimes omissivos puros não admitem tentativa, ou o sujeito não faz e o crime estará consumado, ou não há tentativa de omissão.
Omissão de socorro no código de trânsito (lei nº9503/97): quem comete acidente de trânsito na direção de veículo, na forma culposa, e vitimar alguém, responderá como em curso nos arts. 302 ou 303 (código de trânsito), que prevê um aumento de pena, no caso de não prestar socorro à vítima. É o caso de lesão culposa ou homicídio culposo com aumento de pena pelo não socorro.
O art. 304 do código transito também prevê o crime de omissão de socorro, mas no caso, responderá o agente se ele não der causa ao acidente, como no caso do passageiro que poderia socorrer a vítima e não o faz.
Maus tratos: art. 136
Crime próprio: autoridade, guarda ou vigilância.
Para fins: educação ensina, tratamento ou custódia.
_animus corrigendi ou disciplinandi ≠ animus laedendi
Trata-se de crime bi-próprio, porque exige qualidade especial tanto do autor, como da vítima. Comete-se este crime quem tem uma relação jurídica preexistente com a vítima, está deve estar sob os cuidados de autoridade (relação de direito público), guarda (relação assistencial) ou vigilância (relação de segurança pessoal). Os maus tratos devem decorrer de abuso dos meios de educação (ensinar hábitos), ensino (conhecimento), tratamento (cuidado e subsistência) ou custódia (detenção, prisão).
Permite-se ainda que se maus tratos de educação, ensino, tratamento e custódia, o crime existira se houver abusos para esses fins.
Assim, permite-se o animus corrigendi ou disciplinandi, mas não o abuso dele, é este o crime de maus tratos.
_animus laedendi ≠ animus corrigendi: no segundo a vontade é de corrigir, enquanto que no primeiro a vontade é a de ferir. O segundo é um crime de perigo, enquanto que o primeiro é um crime de dano. Assim, é o animus a vontade do agente que difere os dois.
O crime de maus tratos não precisa causardano na vítima, é um crime de perigo. Se a vítima sofrer lesão grave ou morte, a pena será aumentada.
_≠ crime de tortura: responderá por crime de tortura, mais grave, se os maus tratos forem para obter, por exemplo, uma confissão da vítima para obter uma informação ou em razão de discriminação racial, religiosa ou de qualquer uma do gênero.
DA RIXA: art. 137
O crime consiste em participar de rixa, salvo para separar os briguentos.
Se, da rixa, alguém sofrer lesão grave ou morte a pena será aumentada.
A rixa é uma briga generalizada, também chamada de fuzuê, sururu, entrevero, quebra-pau e outros. O crime foi criado para punir aqueles que participam de uma briga envolvendo várias pessoas. Punindo todos eles. Sem a rixa havia a dificuldade de se punir individualmente (difícil de analisar), ante a dificuldade de se apurar quem bateu, quem apanhou ou agiu em legitima defesa.
É um crime de perigo, por isso, não exige que alguém fique ferido, mas exige-se que haja pelo menos “vias de fato”, agressões físicas, pode até ser por objetos (arremesso de pedras). Trocas de ofensas verbais generalizadas não configuram este crime.
_nº de participantes (pluralidade de agentes): no mínimo 3 pessoas, a briga deve ser generalizada. Não haverá rixa, por exemplo, se for identificado um grupo de pessoas contra outras. Assim, a briga entre uma torcida contra a outra não é rixa, mas é rixa se três pessoas se agridem mutuamente, neste caso se houver briga entre três grupos distintos.
_bem jurídico: protege-se a integridade física, e a saúde das pessoas, pois é um crime de perigo. Não interessa o momento do ingresso na rixa, responderá por ela aquele que participou um pouco dela (começo – meio – fim).
_sujeito ativo/passivo: são os rixosos.
_tentativa: matéria controvertida. Uns entendem impossível, ou se participa da rixa e o crime esta consumado, ou não se participa e não haverá a forma tentada. Mas, tecnicamente é possível a tentativa. Exemplo: 3 pessoas ou grupos de pessoas marcam pela rede social encontrar para brigarem. Tal informação é interceptada e a polícia intervém na briga.
_rixa qualificada: ocorrendo lesão grave ou morte, todos os rixosos terão pena aumentada, independentemente de ter concorrido para lesão grave ou morte, ainda que esses eventos tenham ocorrido de legitima defesa de alguém. A maioria sustenta que o rixoso que sofreu lesão grave também responde por rixa qualificada. Identificado o autor da lesão grave ou do homicídio, apenas ele responderá por tais resultados. Diverge a doutrina se ele responderá também por rixa qualificada. Uns entendem que responderá pela lesão/homicídio e rixa simples, outros por lesão/homicídio e rixa qualificada. Mesmo identificado o autor, a maioria quase absoluta da jurisprudência entende que os participantes deveram responder por rixa qualificada (se identificado = homicídio ou lesão grave e rixa simples; não identificado = todos respondem por rixa qualificada).
DOS CRIMES CONTRA A HONRA:
Honra é um conjunto de predicados de uma pessoa que lhe dão reputação e estima pessoal. A honra pode ser:
Honra objetiva: é a reputação, ou seja, o que as pessoas pensam de você;
Honra subjetiva: é a estima própria, é o sentimento que cada um tem de si mesmo.
A honra, o crime contra a honra é considerado um dos mais sutis, ou seja, de difícil determinação, porque a ofensa é sempre relativa, pois depende de apenas que, xinga, do ofendido e do contexto. Chamar uma jovem de gata é um elogio, mas chamar uma pessoa idosa de gata não é.
_crimes de perigo: são crimes que não exigem o dano, e simples possibilidade de dano já suficiente. O crime consiste em expor a honra alheira a perigo de dano. São crimes de dano porque a consumação não dependem do resultado pretendido pelo agente, que é ofender a vítima.
_sujeito ativo/passivo: qualquer pessoal pode ofender e ser ofendida.
OBS.: PJ = discute-se se ela pode ser vítima deste crime. Sempre foi pacifica que ela pode ser objeto de difamação, porque tem reputação a zelar (honra objetiva). Também é pacífico que ela não pode ser sujeito passivo na injuria, pois não tem honra subjetiva (estima própria). Discute-se se a PJ pode ser vítima de calunia, o entendimento moderno diz que sim. Se ela pode cometer crime, ela poderá ser vítima de calunia.
_elemento subjetivo: os crimes contra a honra são crimes dolosos. Discute-se que tipo de dolo seria. Até hoje a doutrina diverge sobre o assunto. As duas grandes correntes entendem que a 1ª que basta o dolo genérico, ou seja, basta a prova da ofensa. A 2ª exige a prova do dolo específico (vontade de ofender), a vontade de ofender a vítima. 
Nos animus narrandi ou defendendi e jocandi nesses casos não há crime por falta de dolo.
_morto e incapaz: entende-se que o menor pode ser difamado e injuriado,. Como não comete crime, não poderia ser caluniado. Os mortos não tem honra subjetiva, mas tem reputação (honra objetiva). Assim não podem ser injuriados, mas podem ser difamados ou caluniados. 
As pessoas eventualmente desonradas, os criminosos e as prostitutas podem ser vítimas de crimes contra a honra.
A honra é um bem disponível pelo que o ofendido pode não querer processar o ofensor.
Calúnia: art. 138 (fato + falso + criminoso)
Consiste na imputação falsa de 1 crime. São elementos da calúnia:
	_imputação de um fato;
	_o fato seja criminoso.
Como a lei fala em crime. A imputação falsa de contravenção não é calunia, podendo ser difamação. Exemplo: dizer que João foi quem furtou a faculdade; dizer que determinado político desviou dinheiro da prefeitura; dizer que foi Pedro quem praticou o estupro ocorrido anteriormente.
O agente caluniador deve saber que o fato criminoso é falso.
_autocalúnia: não é crime a autocalúnia, no máximo poderá o sujeito responder pelo crime de autoacusação falsa (art. 341). O crime de calúnia se consuma quando a ofensa chega a conhecimento de terceiro, que não o ofendido, pois é um crime que atenta contra a reputação da vítima.
Pune-se também quem propala, ou divulga a calúnia, sabendo ser falsa a imputação.
A calúnia é uma imputação falsa de um crime, ela pode ser expressa ou implícita (subtendida). Expressa = dizer falsamente que João foi quem estuprou a Maria. Implícito = dizer que determinado funcionário público ficou rico depois que assumiu determinado cargo.
A lei pune a calúnia contra os mortos, porque eles têm reputação. Por omissão legal, infelizmente, não pune a difamação contra os mortos. A família do morto, podem ter interesse em processar seu caluniador.
_exceção da verdade (provar que o fato é verdade e portanto não é crime): é a prova da verdade. A calúnia é uma imputação falsa de crime falsa de crime. Se o caluniador provar que a imputação é verdadeira, não haverá crime de calúnia. E ele o faz pela exceção da verdade, um procedimento apensado ao processo de calúnia, que fica suspenso até o julgamento da exceção.
A lei, todavia não permite a exceção da verdade em 3 situações:
_se a ofensa for contra presidente da república ou chefe de governo estrangeiro: o legislador entende que a relevância desses cargos e as consequências políticas são mais prejudiciais do que a prova da verdade.
_se o crime for de ação privada e o ofendido não tiver sido condenado por sentença irrecorrível (transitada em julgado): neste caso eventual exceção da verdade reabriria um processo que a vítima não quis (da ação privada).
_se o crime for de ação pública e o ofendido dor absolvido por sentença irrecorrível: neste caso, perante a lei, ele é inocente, não se permite via exceção da verdade reabrir o processo.
Difamação: art. 139 (fato + ofensivo)
É imputação de um fato ofensivo à reputação (honra objetiva).
Não interessa se o fato é verdadeiro ou falso, basta que ele seja ofensivo. Difere da calúnia porque nesta o fato é falso e criminoso.
A lei não prevê a punição pela propagação da difamação, como não prevê a difamação contra os mortos.
O crime se consuma quando a difamação chega a conhecimento de terceira pessoa(como na calúnia).
Exemplo: dizer que João, casado, tem um caso com uma vizinha solteira; dizer que uma determinada pessoa tem caso homossexual com outro; dizer que determinado médico só opera, não médica. 
_exceção da verdade: só é admitida em um único caso: se o ofendido for um funcionário público e a ofensa praticada for em razão da função. Exemplo: dizer que o investigador não trabalha, não investiga nada, é um dinheiro mal pago do estado.
Injúria: art. 140 (ofensa genérica – sem fato)
Protege-se a honra subjetiva. É uma forma ultrajante de se dirigir a uma pessoa, ofendendo-lhe a sua dignidade.
A lei fala em dignidade e decoro de alguém. Embora signifique a mesma coisa, a diferença mínima entre elas é que a dignidade se refere a atributos morais (ladrão, canalha, safado), o decoro se refere as demais qualidades, mais relacionas a aspectos físicos e intelectuais (idiota, baixinho, tuberculoso).
_dignidade = morais
_decoro = físico/intelectual
_conduta: a ofensa pode ser praticada de várias formas: palavra, escrito, desenho, gesto e outros. Exemplo: xingamento; mostrar o dedo do meio.
_elemento subjetivo: crime doloso = deve ser analisado o caso concreto, se o sujeito teve a intenção de ofender mesmo.
_exceção da verdade: não existe na injúria. Ninguém pode se achar como o crítico do próximo. Exemplo: xingar uma mulher de galinha, mas provo a verdade. *não é da minha conta, não interessa se é ou não, pois tentar provar a exceção nada mais é do que injuriar.
_injúria real: ocorre quando a ofensa é praticada com violência física. A pena é aumentada. A contravenção de “vias de fato” fica absorvida pela injúria, mas se houver lesão, o autor responderá pelos dois crimes. *não é necessária à presença de vítimas para se configurar tal crime. Exemplo: tapa no rosto, empurrão, puxão de cabelo.
_perdão judicial: dependendo da forma da ofensa, o juiz pode deixar de aplicar a pena. Não se trata de compensação de injúria, até porque o direito penal não admite compensação de crimes. Trata-se apenas de política criminal. Ocorre em dois casos:
_quando o ofendido tiver provocado a injúria.
_retorsão imediata: é o caso de devolver o xingamento na hora que for feito (devolução da injúria).
Injúria qualificada: (preconceituosa = 1 – 3 anos) Em 1997, foi incluído no § 3º no art. 140, com pena maior a denominada injúria preconceituosa. Pune-se de forma bem mais grave a injúria derivada de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião ou origem.
Raça: é o conjunto de origem comum, principalmente em razão da língua e costumes. Exemplo: árabe, judeu (preservam a origem).
Cor: segundo o texto legal, cor se refere a cútis, cor da pele (branco, negro, amarelo, mulato).
Etnia: é um grupo de pessoas de cultura homogênea, não chega a ser uma raça. Exemplo: cigano, índios, rips.
Religião: é a manifestação de crença por meio de uma doutrina própria, que normalmente tem preceitos comuns. *hoje em dia é o mais comum meio que leva a morte.
_origem: refere-se à procedência de determinado grupo de pessoas. Exemplo: gaúchos, nordestinos, africanos.
O fundamento desta pena, ser maior é que normalmente, as pessoas confundem injúria com crime de preconceito.
_lei nº 7716/89 (sem fiança): antes da injúria qualificada, havia um vácuo entre o crime de injúria e o crime de preconceito. Hoje existe a injúria qualificada, que é um meio termo entre os dois. No crime de preconceito, pune-se aquele que discrimina outrem em razão do preconceito, impedindo a vítima, por exemplo, de ter acesso à alguma coisa. Exemplo: impedir um negro de entrar num restaurante, clube. *no Brasil, o preconceito é social e não outro (se rico é lindo e pode tudo, se pobre não presta). **a legítima defesa cabe em todos os crimes, porém tem que ter proporcionalidade.
A injúria para ser qualificada é necessária que o agente tenha o dolo de discriminar a vítima em razão da sua raça, cor. A ofensa que tenha aparência de preconceituosa e às vezes não é. Chamar um judeu de judeu canalha pode não ser uma injúria qualificada. Exemplo: aquele negão é malandro, não é malandro em razão de sua cor, e sim é negão para a identificá-lo. Aquele alemão baixinho é canalha (alemão baixinho é para identificá-lo).
Foi acrescentado (em 2001) ao § 3º, como injúria qualificada, a condição da vítima ser idosa ou deficiente.
Injúria (1 – 6 meses) ≠ injúria qualificada (1 – 3 anos) ≠ lei nº 7716/89 (1 – 5 anos)
Questões:
Cabe a transação penal na injúria qualificada? Não, pois a pena é de 1 a 3 anos e para a transação é pena de até 2 anos, porém cabe a suspensão do processo (se pena mínima, ou seja, um ano).
A injúria qualificada é de ação pública condicionada.
Aumento de pena: o art. 141 trás o aumento de pena nos crimes contra a honra, se forem cometidas nas hipóteses nele previstas.
Exclusão do crime: art. 142. Hipóteses:
I – ofensa irrogada (feita) em juízo, da discussão da causa: se não tiver referida discussão, não haverá exclusão. Exemplo: em uma discussão de guarda dos filhos, a mãe diz que o pai é um bêbado sem vergonha e mau pai (não é crime).
II – crítica literária, artística ou científica: não haverá crime da crítica, mesmo que contundente e possa até ofender o criticado, mas se a crítica não tiver relação com o trabalho do criticado, haverá o crime. Assim, o que afasta o crime contra a honra é o animus criticandi, deste modo, dizer que um pintor fez o quadro no escuro ou com luva de box não é crime, mas dizer que o pintor é uma “anta”, haverá o crime contra a honra.
III – conceito desfavorável feito por funcionário público: não haverá crime porque o funcionário público tem o dever legal de emitir certos conceitos (o delegado pode dizer que o sujeito é tem péssimos antecedentes; a assistente social pode dizer que o pai não é digno de ficar com o filho e outros).
_pedido de explicações: se a ofensa for dúbia, equivoca, ou seja, não inteligível, pode o ofendido pedir explicação ao ofensor judicialmente.
É medida facultativa, não interrompe o prazo decadencial, o ofensor não é obrigado a responder.
O pedido de explicação é da parte, o juiz não interfere. A vítima analisará se vai ou não processar o ofensor.
_retração: nos crimes de calúnia ou difamação, antes da sentença, o réu (querelado) se retratar cabalmente da calúnia ou difamação será isento de pena. Retratar-se significa desdizer, retirar o que disse. O juiz fará conseguir à retratação e isentará a ofensa. Não depende da concordância da vítima ou ofendido.
Não cabe na injúria porque a retratação dela seria uma outra injúria.
_ação penal: em regra a ação é privada (contratar advogado e este entrará com uma queixa-crime respeitando o prazo decadencial de 6 meses). Exceção: ação pública:
I – injúria real com lesão: muitos autores dizem que a ação é pública incondicionada, mas com o advento da lei nº9099/95, que tornou a lesão leve de pública incondicionada para condicionada, ou seja, passou-se a entender que ela também é pública condicionada.
II – vítima (presidente da república ou chefe de governo estrangeiro): pública condicionada.
III – vítima (funcionário público e a ofensa for em razão da função): se a ofensa for em razão da função, a ação é pública incondicionada (dizer que o funcionário público não cumpre com suas obrigações, é um vagabundo; mas dizer que o funcionário público é mulherengo, a ação é privada).
IV – injúria qualificada: pública condicionada.
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL:
Constrangimento ilegal: art. 146
Consiste em obrigar (constrangendo alguém) alguém a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, mediante violência ou grave ameaça. Protege-se a autodeterminação que toda pessoa têm. Deriva do princípio constitucional de que “ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei” (art. 5º II).
Exemplo: obrigar alguém a ingerir bebida alcoólica; obrigar alguém a não passar defronte a sua casa; obrigar alguém a dar carona ou a ser carona.
_crime subsidiário (soldado de reserva): o constrangimentoilegal é um crime subsidiário porque pode ser absorvido se for componente de um crime mais grave. Exemplo: roubo, extorsão, estupro.
O crime de constrangimento ilegal, portanto, funciona como um soldado de reserva (só haverá quando não tiver um crime mais grave).
_violência ou grave ameaça: violência (é a ação física, qualquer forma de agressão física) e grave ameaça (é a energia moral, o agente anuncia o medo, o temor).
_sujeito: (ativo) qualquer pessoa. Se for funcionário público, o crime será de abuso de autoridade. (passivo) qualquer pessoa que tenha autodeterminação, ou seja, capaz de entender o constrangimento.
_imposição ilegítima: o constrangimento já é ilegítimo, ainda que a pretensão possa ser legítima. A imposição ilegítima pode ser:
I – absoluta: a imposição é ilegítima por sua natureza, jamais poderá ser exigida da vítima. Exemplo: deixar de passar na rua; obrigar a ingerir bebida alcoólica.
II – relativa: a pretensão não é proibida, mas haverá o constrangimento ilegal se houver o emprego de violência ou grave ameaça. Exemplo: dívida de jogo; dívida de prostituta.
_consumação/tentativa: crime material, e se consuma com o efetivo constrangimento, isto é, quando se consegue da vítima que ela faça ou deixe de fazer alguma coisa. Se apesar do constrangimento, o agente constrangedor não consegue seu objetivo, o crime fica em força tentada.
_elemento subjetivo: crime doloso, não importa os motivos que geraram o constrangimento.
_exclusão do crime: o § 3º do art. 146 expressamente não pune o constrangimento ilegal em duas situações:
Intervenção médica para salvar paciente: o direito penal balanceia os direitos individuais, autorizando o sacrifício de um bem menor para salvar um maior.
Impediu o suicídio: não haverá constrangimento ilegal no emprego de violência ou grave ameaça para impedir o suicídio.
Ameaça: art. 147
Ocorre quando o agente, por qualquer meio, promete um mal a alguém.
O crime de ameaça é componente de vários outros crimes mais graves, por isso fica absorvido por eles, é um crime subsidiário. 
_objeto jurídico: protege-se a tranquilidade pessoal, a paz de espírito. O sujeito passivo deve ser pessoa determinada e capaz de entender a ameaça, como no constrangimento ilegal.
*PJ: a pessoa jurídica não tem “paz de espírito e não tem capacidade de entender”, não pode ser objeto de ameaça, os proprietários, sócios e seus funcionários podem ser.
A vítima deve ser pessoa determinada, mas não é exigido individualizá-lo com certeza, ou seja, não precisa citar nomes. Não haverá ameaça daquele que diz que vai matar determinado aluno de uma faculdade, até porque o crime é ameaçar alguém.
_sujeito ativo: qualquer pessoa. Se for funcionário público poderá ser abuso de autoridade.
_sujeito passivo: pessoa determinada e capaz de entender a ameaça.
_≠ constrangimento ilegal: no constrangimento ilegal, o uso da grave ameaça é para obrigar alguém a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, ou seja, obriga uma conduta (ação/omissão) da vítima. Na ameaça não há está obrigação de conduta, o agente visa apenas atemorizar a vítima.
_mal injusto e grave: a ameaça que caracteriza o crime deve ser idônea, concreto, séria, ou seja, capaz de intimidar a vítima (põe em risco a paz de espírito da pessoa).
_a ira, a cólera, a raiva: como na embriaguez, a ameaça durante uma discussão, ou briga, pode caracterizar o crime, mas nesses casos, a ameaça deve ser observada com reservas porque são quase que normais feitas nestas circunstancias. Há muitas bravatas nestes casos.
_praga (crença): a praga ou esconjuro caracteriza a ameaça? Não é crime, primeiro porque o mal prometido não depende do ameaçador e segundo que o mal prometido é apenas um desejo.
_consumação/tentativa: crime formal, e se consuma no momento em que a vítima toma conhecimento da ameaça, não é necessário que a vítima se sinta ameaçada, basta que a ameaça seja séria. É possível a tentativa, mas a sua prova é muito difícil, pode ocorrer na hipótese de ameaça escrita.
*ameaça: pode ser expresso (vou te matar), implícita (costumo matar quem não concorda comigo) ou condicional, quando depende de um comportamento da vítima (se repetir o que eu disse, quebro sua cara).
_ação pública condicionada: a vítima tem que autorizar. **no silêncio da lei, a ação é pública incondicionada. Será condicionada se a lei disser que depende de representação (autorização). Será de ação privada se a lei disser que processa mediante queixa.
Sequestro e cárcere privado: art. 148.
Comete o crime o sujeito que priva a vítima da liberdade de locomoção, de ir e vir, se a privação tiver por finalidade uma outra coisa, como, por exemplo, obtenção de dinheiro, ou favor sexual, o crime será outro (extorsão ou estupro).
O sequestro é gênero de que a espécie o cárcere privado. No sequestro a privação é mais ampla: hospital, ilha, fazenda. O cárcere privado e uma privação mais restrita: quarta ou casa. Assim quem encarcera automaticamente sequestra.
_objeto jurídico: protege-se a lei, a liberdade de ir e vir, de locomoção.
_sujeito ativo: qualquer pessoa e se for funcionário público e a privação for em razão da função, o crime será de abuso de autoridade.
_sujeito passivo: qualquer pessoa, inclusive aquelas que não têm discernimento, autodeterminação. A vítima pode ser uma criança, um louco.
_consumação: crime permanente. A consumação se prolonga no tempo, a duração da privação deve ter um tempo juridicamente relevante. Não havendo este tempo, o crime ficara na forma tentada.
_tentativa: o crime será tentado se o agente privar da vítima sua liberdade por tempo juridicamente relevante. Seria o caso do agente ser surpreendido quando o agente esconde a vítima no galpão.
Formas qualificadas: (inciso V – Lei nº11106/2005 – sequestro para fim libidinoso): a lei nº11106/2005 acrescentou o inciso V ao art. 148, punindo de forma mais severa aquele que sequestra coma finalidade sexual. Referida lei revogou o antigo crime de rapto previstos nos artigos 219 ao 222.
Antes o rapto estava previsto nos artigos 219 ao 222, e só poderia ter sido contra mulher. Era divido em consensual (16 – 21 anos) e não consensual (virou o art. 148, V).
Redução à condição análoga a de escravo: art. 149
Praticamente em desuso. Exemplo: trás pessoas da Bolívia para trabalhar 12 horas por dia à condições iguais às dos escravos.
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO:
Comete o crime o sujeito que entra ou permanece, clandestina ou astuciosamente em residência alheia contra a vontade do morador.
_objeto jurídico: protege-se a tranquilidade doméstica, não há posse ou propriedade do imóvel.
*art. 5º, XI CF: garante a constituição federal a inviolabilidade do domicílio. A pessoa só pode ingressar em casa alheia com autorização do morador, salvo em caso de flagrante delito desastre, ou para prestar socorro (durante o dia, ou a noite). Durante o dia com autorização judicial.
Dia/noite = flagrante, desastre ou socorro não precisa de autorização.
Dia = 16 – 18 horas com autorização judicial.
Noite = não pode de maneira alguma.
_conceito de casa (§ 4º): o art. 150, § 4º conceitua o que é casa, enquanto que o § 5º diz o que não é casa. Em resumo, casa é o lugar onde a pessoa reside, ou trabalha, ou qualquer compartimento habitado, de ocupação coletiva, abrangendo suas dependências (quintal, varanda). Não será casa, os locais abertos ao público.
_é casa: residência, quarto de hotel ou pensão, cabine de navio, barraca de campista.
_não é casa: cinema, bar, loja, escola, veículo.
*A saleta de consultório/escritório, enquanto aberta ao público não é casa, mas é casa o cômodo onde o profissional exerce sua atividade.
_sujeito ativo: qualquer pessoa e se for funcionário público a pena será aumentada ou poderá responder por crime de abuso de autoridade.
_sujeito passivo: é o titular do direito de veto (proibir). 
_no regime de subordinação, este titular é o que tem o poder de veto (pais, dono do escritório). No caso do domicílio, osfilhos terão esse direito, na ausência dos pais. 
_no regime de igualdade, todos são titulares do direito de admitir ou excluir. Exemplo: república de estudantes, ocorrendo à divergência, prevalece o direito de veto. No caso o violador poderá argumentar ausência de dolo de violação, eis que foi autorizado por um dos moradores.
Casos:
Empregada que, na ausência dos moradores, deixa o namorado entrar. Entende-se existir o crime porque o dissentimento (não consentimento) dos moradores se presume, isto é, não deixaria o namorado entrar.
Esposo deixa a amante entrar na ausência de sua mulher. Não é crime porque a mulher é titular do direito de veto.
*empregada que mora com os patrões? O patrão só pode entrar no quarto da empregada se for para fim moral.
_condutas: entrar (ingressar no local) ou permanecer (ficar no local após uma entrada lícita) = os dois podem ser feitos de forma clandestina ou astuciosa. Clandestina é a forma oculta, escondida (exemplo: entrar sem ser percebido; na forma permanecer ocorre quando, terminada a festa, o sujeito se esconde na casa para não ir embora). Astuciosa é a forma enganosa, uso de fraude (exemplo: entrar fingindo ser convidado, mentir dizendo ser da vigilância sanitária; permanecer astuciosamente aquele que finge estar doente para não ir embora).
_consumação/tentativa: na forma entrar, quando o sujeito ingressa com o corpo no caso alheio. Na forma permanecer, quando o sujeito fica após ser mandado embora por tempo juridicamente relevante.
A tentativa é possível, embora tecnicamente de difícil prova.
_crime de mera conduta (entrou, cometeu o crime, não depende do objetivo) e subsidiário (só existe se não houver crime mais grave): o crime de violação de domicílio se basta com a mera entrada ou permanecia proibida, não é preciso demonstrar o que o agente pretendia na casa.
É um crime subsidiário porque será consumido se houver crime mais grave. Exemplo: quem entra para furtar, só comete furto.
_formas qualificadas: §§ 1º e 2º.
_exclusão do crime: § 3º.
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO:
Considerações gerais:
_patrimônio em direito penal (objeto jurídico): no direito penal, o patrimônio pode ter valor econômico ou não, protege-se também as coisas de valor sentimental, familiar, moral. No direito civil, patrimônio tem valor econômico. No direito penal, protege-se propriedade, a posse e a detenção da coisa. Assim protege uma coisa de valor monetário como uma de valor pessoal sem valor econômico. (Exemplo: foto com um artista de cinema; carta de um pai falecido; mecha de cabelo da primeira namorada).
_coisa móvel: é qualquer coisa suscetível de serem transportados, inclusive os navios ou os aviões. 
_corpo humano: vivo não é coisa. O cadáver é coisa, pode ser objeto de furto. Mas no nosso direito ele não é objeto de crime patrimonial. Somente será objeto deste crime se for tratado como coisa. Exemplo: experimento cientifico.
Resumindo: quem subtrai cadáver do cemitério não comete crime patrimonial e sim crime de desrespeito aos mortos (vilipendio art. 211). Quem furta um cadáver de uma faculdade de medicina, ou estudos comete crime de furto.
_coisa alheia: é a coisa de terceiro. A coisa própria, a coisa de ninguém ou “res nullis”, a coisa abandonada ou “res derelecta”, a coisa comum ou “res omnium”, não são considerados coisa alheia.
_coisa perdida: pode ser objeto de crime patrimonial, ainda que não se sabe qual seja seu dono.
_animais e peixes: enquanto selvagens não pertencem a ninguém, não são objetos de crime patrimonial. Animais domesticados ou peixes em tanques particulares são objetos de crime patrimonial.
Furto: art. 155
Subtrair para si ou para outrem coisa alheia móvel.
O furto é a subtração de coisa alheia móvel com o intuito de ficar com a coisa definitiva, por subtração entende-se a tirada da “res” da disponibilidade da vítima. Pode ser de forma direta ou de forma indireta (valendo-se de terceira pessoa inocente). Subtrai quem retira a coisa do local como esconde à no mesmo local, como aquele que consome a “res” (come a fruta, toma o vinho).
_coisa alheia: quem subtrai coisa própria não comete furto, pode cometer outro delito (violação de domicílio, exercício arbitrário das próprias razões).
_elemento subjetivo (“animus furandi”): o furto é um crime doloso, em que o agente tem dolo de ficar com a coisa. O erro exclui o dolo, que exclui o crime. Exemplo: trocar de objeto, a conduta culposa ou por brincadeira desclassifica o crime; empregada, escondida do patrão leva o objeto para arrumar e o patrão descobre antes de ela devolver.
*furto de uso: ocorre quando o sujeito subtrai a coisa com o fim de uso momentâneo e restituição rápida da “res” intacta e no mesmo local. O CP não pune tal conduta. O CPM (militar) pune. No furto de uso em definitivo, portanto, a conduta é atípica.
_consumação: diverge a doutrina sobre o momento e que se dá a consumação do furto. Dentre as várias teorias, a mais atual sustenta que o crime se consuma quando o agente tem a posse tranquila, ainda que por pouco tempo, fora da esfera de disponibilidade da vítima (por posse entende-se a detenção).
Admite-se a tentativa se o furtador não chegar a ter posse tranquila da coisa. Exemplo: ao sair do supermercado com a “res”, é detido pelos seguranças.
_atos preparatórios e tentativa: uma das maiores discussões do direito penal, é saber quando a conduta é simples ato preparatório (impunível) e início de execução do furto, punível pela tentativa.
Várias teorias tentam limitar esta diferença, a mais razoável e mais aceita diz que é “o ato externo, indicativo, de início de execução” é que informa a diferença entre ato preparatório e início de execução.
_furto de energia (§ 3º): a energia é comparada a coisa. Assim quem desvia (gato) energia elétrica ou coisa parecida (TV a cabo, água) comete furto de energia.
OBS.: entende-se que o desvio de energia é furto, mas quem adultera (altera) medidas da mesma, comete crime de estelionato.
_furto noturno (§ 1º): aumenta a pena em 1/3 se o furto foi praticado durante o repouso noturno. Não se fala em noite, entende-se por repouso noturno o horário que as pessoas do local normalmente se recolhem em suas casas para repouso. A pena aumenta mais pela facilidade do furtador do que pela sua periculosidade.
_furto privilegiado: (primário + pequeno valor) caracterizado o privilegio do furto, a pena será diminuída, e depois substituída por multa (o que mais acontece) ou por pena alternativa. Não vai preso. Para tanto, o agente deverá ser primário e a coisa furtada deve ser de pequeno valor. Por pequeno valor analisa-se além do valor da coisa a condição econômica da vítima. A jurisprudência tem limitado este valor, para uns até meio salário-mínimo, enquanto que outros colocam este valor até 1 salário-mínimo.
_princípio da insignificância ou bagatela: alguns autores sustentam que a coisa de pequeno valor é atingida por tal princípio. O direito penal não deve se preocupar com esse tipo de crime por falta de ofensividade da conduta do agente. O direito penal não deve se preocupar com crimes desta natureza, de sorte que a conduta seria atípica, eis que tal conduta, além de inofensiva, não atenta contra o bem jurídico relevante ou contra a ordem social. Os que são contra este princípio argumentam que o CP já trata deste assunto no furto privilegiado. Ainda não entendem como atípico a conduta porque desprotegeria vítimas pobres e lojas que vendem coisas de pequeno valor, mas se fosse entendido como atípico, seria abuso de autoridade da polícia que prende-se autores furto de pequeno valor.
_furto qualificado:
I – Rompimento de obstáculos: é a destruição fatal ou parcial de qualquer coisa, que visa impedir a subtração. O dano da coisa não qualifica o crime. Deverá existir um laudo que informe o rompimento do obstáculo. Dificilmente sem este laudo o furtador responderá pela qualificadora. Por rompimento entende-se o dano ao obstáculo. Exemplo: rompimento de cadeado, quebra de porta.
*a remoção de

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