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www.cers.com.br CARREIRA JURÍDICA – LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Lei nº 9.455/97 Rogério Sanches 1 TORTURA: INTRODUÇÃO Tortura é um crime equiparado a hediondo (tem os mesmos consectários). - Após a 2ª Grande Guerra nasce um movimento de repúdio à tortura. - Aprovações de várias Convenções e Tratados contra a tortura (alguns ratificados pelo Brasil). TORTURA: INTRODUÇÃO - No Brasil, após a CF/88, foi consagrado como direito fundamental do cidadão não ser submetido à tortura. (art. 5º III CF). “Art. 5º III, CF - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;” OBS.1: OBS.2: - Lei 8069/90 – art. 233 (ECA): 1º diploma a definir crime de tortura (vítima apenas criança e adolescente). - Lei 8072/90: Equiparou tortura a crimes hediondos – prevê para a tortura as mesmas consequências de um crime hediondo. - Lei 9455/97: Definiu tortura no Brasil, revogando o art. 233 ECA. - Lei 12.847/13 (institui o Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura) DETALHE: No Brasil, a Lei de Tortura destoa dos Tratados Internacionais em dois pontos: 1º. 2º. As hipóteses de IMPRESCRITIBILIDADE estão previstas no art. 5º, XLII e XLIV da CF/88: XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático; # No Brasil, o crime de tortura é prescritível? Art. 1º lei nº 9455/97 - Constitui crime de tortura: I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; c) em razão de discriminação racial ou religiosa; Pena - reclusão, de dois a oito anos. www.cers.com.br CARREIRA JURÍDICA – LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Lei nº 9.455/97 Rogério Sanches 2 ART. 1º, I: SUJEITO ATIVO: SUJEITO PASSIVO: CONDUTA PUNIDA: VOLUNTARIEDADE: ART. 1º, I: A) COM O FIM DE OBTER INFORMAÇÃO, DECLARAÇÃO OU CONFISSÃO DA VÍTIMA OU DE TERCEIRA PESSOA (TORTURA PROVA) EXEMPLO: CONSUMAÇÃO: TENTATIVA: ART. 1º, I: B) PARA PROVOCAR AÇÃO OU OMISSÃO DE NATUREZA CRIMINOSA (TORTURA CRIME) EXEMPLO: CONSUMAÇÃO: TENTATIVA: ART. 1º, I: B) PARA PROVOCAR AÇÃO OU OMISSÃO DE NATUREZA CRIMINOSA (TORTURA CRIME) # Constranger com violência alguém para praticar jogo do bicho (contravenção penal), constitui tortura? 1ªC: 2ªC : ART. 1º, I: B) PARA PROVOCAR AÇÃO OU OMISSÃO DE NATUREZA CRIMINOSA (TORTURA CRIME) # E se ocorrer a conduta criminosa pelo torturado? ART. 1º, I: C) EM RAZÃO DE DISCRIMINAÇÃO RACIAL OU RELIGIOSA (TORTURA PRECONCEITO / DISCRIMINAÇÃO) EXEMPLO: www.cers.com.br CARREIRA JURÍDICA – LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Lei nº 9.455/97 Rogério Sanches 3 CONSUMAÇÃO: TENTATIVA: ART. 1º, I: C) EM RAZÃO DE DISCRIMINAÇÃO RACIAL OU RELIGIOSA (TORTURA PRECONCEITO / DISCRIMINAÇÃO) # Abrange a homofobia? Art. 1º, lei nº 9455/97 - Constitui crime de tortura: II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. Pena - reclusão, de dois a oito anos. ART. 1º,II: TORTURA CASTIGO SUJEITO ATIVO: SUJEITO PASSIVO: CONDUTA: VOLUNTARIEDADE: ART. 1º,II: TORTURA CASTIGO CONSUMAÇÃO: TENTATIVA: Art. 1º, lei nº 9455/97: § 1º Na mesma pena (reclusão de 2 a 8 anos) incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal. ART. 1º, § 1º: TORTURA PELA TORTURA SUJEITO ATIVO: www.cers.com.br CARREIRA JURÍDICA – LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Lei nº 9.455/97 Rogério Sanches 4 SUJEITO PASSIVO: CONDUTA PUNIDA: ART. 1º, § 1º: TORTURA PELA TORTURA VOLUNTARIEDADE: CONSUMAÇÃO: TENTATIVA: Art. 1º, lei nº 9455/97 - Constitui crime de tortura: I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; c) em razão de discriminação racial ou religiosa; II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. Pena - reclusão, de dois a oito anos. § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal. www.cers.com.br CARREIRA JURÍDICA – LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Lei nº 9.455/97 Rogério Sanches 5 Art. 1º, lei nº 9455/97 - Constitui crime de tortura: § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las (omissão imprópria) ou apurá-las (omissão própria), incorre na pena de detenção de um a quatro anos. ART. 1º, § 2º: TORTURA OMISSÃO 1ª PARTE: OMISSÃO IMPRÓPRIA (QUANDO TINHA O DEVER DE EVITAR A TORTURA) Figura do GARANTE ou GARANTIDOR. EXEMPLO: Art. 13 CP - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. Relevância da omissão § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. Art. 5º, XLIII CF- a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; ART. 1º, § 2º: TORTURA OMISSÃO Conflito: - CP prevê a mesma pena para o garantidor e executor (art. 13, § 2º CP). - CF exige a mesma consequência do executor para o garantidor (art. 5º, XLIII CF). - # Como solucionar tal conflito? 1ªC: 2ªC: 3ªC: ART. 1º, § 2º: TORTURA OMISSÃO 2ª PARTE: OMISSÃO PRÓPRIA (QUANDO TINHA O DEVER DE APURAR A TORTURA) EXEMPLO:www.cers.com.br CARREIRA JURÍDICA – LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Lei nº 9.455/97 Rogério Sanches 6 Art. 1º, Lei nº 9455/97: § 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos. ART. 1º, § 3º: QUALIFICADORAS TORTURA QUALIFICADA PELO RESULTADO: LESÃO GRAVE/GRAVÍSSIMA ou SEGUIDA DE MORTE - Os resultados são culposos (crime preterdoloso). ATENÇÃO! Não se confunde homicídio qualificado pela tortura com tortura qualificada pela morte CUIDADO: Art. 1º, Lei nº 9455/97: § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: I - se o crime é cometido por agente público; II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; III - se o crime é cometido mediante seqüestro. ART. 1º, § 4º: CAUSAS DE AUMENTO DE PENA I- SE O CRIME É COMETIDO POR AGENTE PÚBLICO II – SE O CRIME É COMETIDO CONTRA CRIANÇA, GESTANTE, PORTADOR DE DEFICIÊNCIA, ADOLESCENTE OU MAIOR DE 60 (SESSENTA) ANOS; III - SE O CRIME É COMETIDO MEDIANTE SEQUESTRO. # PERGUNTA DE CONCURSO: A causa de aumento do p. 4º. , inc. I, incide no crime do art. 1º, II (tortura castigo) quando seu autor for servidor público? 1ªC 2ªC www.cers.com.br CARREIRA JURÍDICA – LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Lei nº 9.455/97 Rogério Sanches 7 Art. 1º, lei nº 9455/97 § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada. Art. 92 CP - São também efeitos da condenação: I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública; b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais casos. (...) Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença. Art. 1º, lei nº 9455/97: § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia. ART. 1º, § 6º: O CRIME DE TORTURA É INAFIANÇÁVEL E INSUSCETÍVEL DE GRAÇA OU ANISTIA INAFIANÇABILIDADE: 1ªC: Não admitindo fiança, implicitamente também não admite liberdade provisória. 2ªC (STF): Fiança não se confunde com liberdade provisória (que pode ser concedida com ou sem fiança). - A proibição da liberdade provisória com base na gravidade em abstrato, não analisando o caso concreto é inconstitucional. - Apesar de não admitir fiança, admite liberdade provisória. ART. 1º, § 6º: O CRIME DE TORTURA É INAFIANÇÁVEL E INSUSCETÍVEL DE GRAÇA OU ANISTIA # Cabe indulto? 1ªC: 2ªC: 3ªC: Art. 1º § 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado. www.cers.com.br CARREIRA JURÍDICA – LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Lei nº 9.455/97 Rogério Sanches 8 Art. 2º, lei nº 9455/97: O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira. ART. 2º: EXTRATERRITORIALIDADE LEI 9455/97 (art. 2º): a extraterritorialidade da lei na tortura praticada contra brasileiros é INCONDICIONADA CÓDIGO PENAL (art. 7º, § 3º): a extraterritorialidade da lei em crimes praticados contra brasileiros é HIPERCONDICIONADA Art. 7º CP - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: II - os crimes: a) Que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; § 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: a) entrar o agente no território nacional; b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: a) não foi pedida ou foi negada a extradição; b) houve requisição do Ministro da Justiça. FORÇA GALERA!!! “A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.” (Charles Chaplin) # Tamo junto!!!
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