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Roteiro de Aula - LPE - L de Tortura - Renato Brasileiro - Aula 10

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1 
www.g7juridico.com.br 
 
 
 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL 
Lei de Tortura 
Renato Brasileiro 
Aula 10 
 
 
ROTEIRO DE AULA 
 
 
 
Tema: Tortura 
 
 
 
TORTURA 
(Lei n. 9.455/97) 
 
O martírio que o crime de tortura acarreta à vítima é tão grave, que as pesquisas demonstram que o constrangimento 
físico, que a vítima é submetida, causa um transtorno psicológico gravíssimo, de modo que as sequelas psicológicas 
dificilmente são superadas. 
 
1. Previsão normativa. 
 
A tortura é objeto de várias Convenções Internacionais: 
 
-Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes – ONU (10/12/84), 
Decreto n. 40/91. 
 
-Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (16/12/66), Decreto n. 592/92; 
 
-Protocolo Facultativo à Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou 
Degradantes (18/12/02), Decreto n. 6085/07. 
 
 
 
2 
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A Tortura na Legislação Brasileira: 
 
Na legislação brasileira, a tortura está prevista na CF/88, posteriormente, o ECA/90 tipificou uma modalidade especial 
de tortura, e, finalmente, o legislador infraconstitucional tipificou o crime de tortura na Lei n. 9.455/97. 
 
Compreenda: 
 
Constituição Federal 
Art. 5º (...) 
(...) 
III – ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante; 
 
(...) 
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de 
entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, 
os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; (mandado de criminalização para os crimes hediondos e aos 
crimes equiparados aos hediondos). 
 
A tortura era prevista na Lei 8.069/90 (ECA), como uma modalidade especial de tortura (com sujeito passivo próprio), 
contudo foi revogada pela Lei n. 9.455/97. 
 
Dentre outros, o doutrinador Alberto Silva Franco criticava a redação do art. 233 (ECA) porque violava a legalidade, 
mais precisamente, em um de seus subprincípios, que é a taxatividade (proibição de tipos penais indeterminados). 
 
Lei n. 8.069/90 
Art. 233. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a tortura: 
Pena - reclusão de um a cinco anos. (Revogado pela Lei n. 9.455/97) 
§1º Se resultar lesão corporal grave: 
Pena - reclusão de dois a oito anos. 
§2º Se resultar lesão corporal gravíssima: 
 Pena - reclusão de quatro a doze anos. 
§ 3º Se resultar morte: 
Pena - reclusão de quinze a trinta anos. 
 
 
 
 
3 
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O STF, por sua vez, decidiu que o art. 233 do ECA, era constitucional:. 
 
STF: “(...) O crime de tortura, desde que praticado contra criança ou adolescente, constitui entidade delituosa 
autônoma cuja previsão típica encontra fundamento jurídico no art. 233 da Lei nº 8.069/90. Trata-se de preceito 
normativo que encerra tipo penal aberto suscetível de integração pelo magistrado, eis que o delito de tortura - por 
comportar formas múltiplas de execução - caracteriza- se pela inflição de tormentos e suplícios que exasperam, na 
dimensão física, moral. 
ou psíquica em que se projetam os seus efeitos, o sofrimento da vítima por atos de desnecessária, abusiva e inaceitável 
crueldade. - A norma inscrita no art. 233 da Lei nº 8.069/90, ao definir o crime de tortura contra a criança e o 
adolescente, ajusta-se, com extrema fidelidade, ao princípio constitucional da tipicidade dos delitos (CF, art. 5º, XXXIX). 
O Brasil, ao tipificar o crime de tortura contra crianças ou adolescentes, revelou-se fiel aos compromissos que assumiu 
na ordem internacional, especialmente àqueles decorrentes da Convenção de Nova York sobre os Direitos da Criança 
(1990), da Convenção contra a Tortura adotada pela Assembleia Geral da ONU (1984), da Convenção Interamericana 
contra a Tortura concluída em Cartagena (1985) e da Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José 
da Costa Rica), formulada no âmbito da OEA (1969). Mais do que isso, o legislador brasileiro, ao conferir expressão 
típica a essa modalidade de infração delituosa, deu aplicação efetiva ao texto da Constituição Federal que impõe ao 
Poder Público a obrigação de proteger os menores contra toda a forma de violência, crueldade e opressão (art. 227, 
caput, in fine). (...)”. (STF, Pleno, HC 70.389/SP, Rel. Min. Celso de Mello, j. 23/06/1994, DJ 10/08/2001). 
 
Contudo, a decisão do STF foi superada pela Lei n. 9.455/97, que tipifica o crime de tortura e revoga o art. 233 do ECA. 
 
Então, em um resumo, temos que: 
 
-CF/88; 
-em 1990: Lei 8.069/90 (ECA) e Lei 8072/90 (Crimes Hediondos); 
-em 1997: Lei 9.455/97 (Tortura - 09/04/97). 
 
Os motivos da demora, para a criação da Lei de Tortura, são bem explicados pelo professor Alberto Silva Franco, em sua 
obra Crimes Hediondos. 
 
É certo que, as torturas ocorridas na Favela Naval, em Diadema, foram determinantes para a criação da lei. 
 
Lei n. 9.455/97 
Art. 1º Constitui crime de tortura: 
 
 
 
4 
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I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: 
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; 
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; 
c) em razão de discriminação racial ou religiosa; 
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso 
sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. 
Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou 
mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal. 
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de 
detenção de um a quatro anos. 
 
O artigo 233, do ECA/90, foi expressamente revogado: 
 
Lei n. 9.455/97 
Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei n. 8.069/90 - Estatuto da Criança e do Adolescente. 
 
Compreenda que não houve abolitio criminis (norma posterior deixa de considerar crime uma conduta que até então 
era criminosa), porque a conduta tipificada pelo art. 233, do ECA/90, migrou para o art. 1º da Lei 9.455/97, em 
decorrência do principio abaixo: 
 
 Obs. 1: Princípio da Continuidade Normativo-Típica; a conduta não deixa de ser crime porque migra de um dispositivo 
para outro. 
 
Mas, para os crimes de tortura previsto no art. 233 (ECA) praticados antes da Lei. 9.455/97, a pena a ser cominada, 
segundo o STJ, será a prevista na lei anterior (ECA) porque mais benéfica: 
 
STJ: “(...) Em matéria penal, a nova lei que redefine a conduta criminal, editada no curso do processo, não provoca o 
fenômeno da abolitio criminis, ensejando, todavia, a ultratividade da lei penal antiga mais benigna. - Embora o art. 233 
da Lei nº 8.069/90 (ECA), que tipificava o crime de tortura contra menores, tenha sido revogado pelo art. 4º da Lei nº 
9.455/97, esta conduta recebeu definição criminal neste novo diploma legal, de forma mais gravosa, impondo-se, 
portanto, a aplicação da lei anterior, mais benéfica. - Recurso ordinário desprovido. (...)”. (STJ, 6ª Turma, RHC 
10.049/CE, Rel. Min. Vicente Leal, j. 06/12/2001, DJ 18/02/2002 p. 494). 
 
 
 
 
 
5 
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Por fim, a Lei n. 12.847/13, de natureza programática, que instituiu no Brasil o Sistema Nacional de Prevenção e 
Combate à Tortura: 
 
Lei n. 12.847/13 
CAPÍTULO I 
DO SISTEMA NACIONAL DE PREVENÇÃO E COMBATE À TORTURA - SNPCT 
Art. 1o Fica instituído o Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura- SNPCT, com o objetivo de fortalecer a 
prevenção e o combate à tortura, por meio de articulaçãoe atuação cooperativa de seus integrantes, dentre outras 
formas, permitindo as trocas de informações e o intercâmbio de boas práticas. 
Art. 2o O SNPCT será integrado por órgãos e entidades públicas e privadas com atribuições legais ou estatutárias de 
realizar o monitoramento, a supervisão e o controle de estabelecimentos e unidades onde se encontrem pessoas 
privadas de liberdade, ou de promover a defesa dos direitos e interesses dessas pessoas. 
(...) 
 
Dois exemplos práticos do SNPCT, que contribuem para monitoramento/supervisão/controle de tortura, de modo a 
promover a defesa dos direitos e interesses de pessoas privadas de liberdade, são: 
 
-audiência de custódia e Inspeções carcerárias. 
 
2. Competência de Justiça. 
 
Regra*: a competência é da Justiça Estadual. 
 
Cuidado porque o art. 109, V, CF, determina que a Justiça Federal tenha competência se: o crime esteja previsto em um 
tratado ou convenção internacional, e seja dotado de uma internacionalidade territorial do resultado. 
 
*Obs. 1: não se pode negar que os crimes previstos na Lei n. 9.455/97 também podem ser julgados por outras 
“Justiças”, a depender do caso concreto: 
 
Justiça Federal-Súmula n. 147 do STJ: “Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra/por 
funcionário público federal, quando relacionados com o exercício da função”. 
 
Justiça Federal-STJ: “(...) Existindo indícios de que o crime de tortura fora praticado por policiais militares estaduais no 
interior de Delegacia da Polícia Federal, compete à Justiça Federal, a teor do art. 109, IV, da Constituição Federal, o 
processamento e julgamento do feito. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo Federal da Subseção. 
 
 
 
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Judiciária de Rio Verde/GO, o suscitante”. (STJ, 3ª Seção, CC 102.714/GO, Rel. Min. Jorge Mussi, j. 26/05/2010, DJe 
10/06/2010). 
 
**Justiça Militar - União/Estados 
 
CPM 
 Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz: 
(...) 
II – os crimes previstos neste Código e os previstos na legislação penal, quando praticados: (Redação dada pela Lei n. 
13.491/17) |. 
 (CP + Legislação Especial) 
(...) 
c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza militar, ou em formatura, ainda que 
fora do lugar sujeito à administração militar contra militar da reserva, ou reformado, ou civil; . 
(...) 
 
Atenção com a constitucionalidade da Lei 13.491/17 (vídeo no Youtube – Professor Renato Brasileiro). 
 
3. Bem jurídico tutelado. 
 
Além da integridade física e psíquica, também a dignidade da pessoa humana. 
 
3.1. Tortura e o cenário da bomba-relógio (Tortura para salvamento ou Ticking Time Bomb Scenario Theory) 
 
É um tipo de tortura para se evitar um ataque terrorista iminente. 
 
Duas correntes sobre o assunto: 
 
1ª corrente: dá preponderância ao direito à vida, e por isso, para proteger milhares de vidas, e diante da presença de 
alguns pressupostos específicos, seria possível a tortura para salvamento, sem responder o torturador por crime. 
 
2ª corrente: a vedação à tortura é absoluta e não comporta exceções. 
 
 
 
 
 
 
7 
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Norberto Bobbio: “(...) o direito a não ser escravizado implica a eliminação do direito de possuir escravos, assim como o 
direito de não ser torturado implica a eliminação do direito de torturar. Esses dois direitos podem ser considerados 
absolutos (...)”. 
 
4. (Im)prescritibilidade dos crimes de tortura. 
 
Decreto n. 4.388/02 – Estatuto de Roma (TPI) 
Art. 7º 
Crimes contra a Humanidade 
1. Para os efeitos do presente Estatuto, entende-se por "crime contra a humanidade", qualquer um dos atos seguintes, 
quando cometido no quadro de um ataque, generalizado ou sistemático, contra qualquer população civil, havendo 
conhecimento desse ataque: 
(...) 
f) Tortura; 
 
Artigo 29 
Imprescritibilidade 
Os crimes da competência do Tribunal não prescrevem. 
 
Duas correntes sobre o assunto: 
 
1ª corrente – minoritária: imprescritibilidade do crime de tortura (Rogério Grecco). Para essa corrente, que trabalha 
segundo a orientação do princípio “pro homine”, deve prevalecer o Estatuto de Roma porque mais protege os direitos 
humanos. 
 
2ª corrente – majoritária: prescritibilidade do crime de tortura (Eduardo Cabette e Francisco Sannini). Precedentes dos 
Tribunais Superiores: 
 
STF – Extradição 1.278: (...) 2. Crimes de tortura, homicídio, sequestro qualificado e desaparecimento forçado de 
pessoas. 3. Atendimento dos requisitos formais. 4. Dupla tipicidade. Desaparecimento forçado de pessoas. Análise da 
dupla tipicidade com base no delito de sequestro. Entendimento adotado na EXT 974/Argentina. 5. Prescrição dos 
crimes de tortura e homicídio, segundo o ordenamento jurídico brasileiro. 6. Pedido de extradição deferido sob a 
condição de que o Estado requerente assuma, em caráter formal, o compromisso de comutar eventual pena de 
prisão perpétua em pena privativa de liberdade, com o prazo máximo de 30 anos. 7. Extraditando que responde a 
processo penal no Brasil por crime diverso daquele que versa o pedido de extradição. 8. Discricionariedade do Chefe 
 
 
 
8 
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do Poder Executivo para ordenar a extradição ainda que haja processo penal instaurado ou mesmo condenação no 
Brasil (art. 89 da Lei 6.815/1980). 9. Pedido de extradição deferido parcialmente (somente em relação aos crimes de 
sequestro). 
(STF - Ext: 1278 DF, Relator: Min. GILMAR MENDES, Data de Julgamento: 18/09/2012, Segunda Turma, Data de 
Publicação: ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-195 DIVULG 03-10-2012 PUBLIC 04-10-2012). 
 
Essa orientação é a que prevalece porque a CF em momento algum diz que a tortura será imprescritível: 
 
Constituição Federal 
Art. 5º (...) 
(...) 
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; 
(...) XLIII - tortura prescritível (art. 109, CP) 
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem 
constitucional e o Estado Democrático; 
 
Cuidado com ações cíveis de indenização por tortura porque são imprescritíveis: 
 
-Obs. 1: conquanto seja dominante a orientação no sentido de que o crime de tortura está sujeito à prescrição, há 
precedentes dos Tribunais Superiores (STF/STJ) no sentido de que a reparação civil do dano decorrente da prática de 
tortura é imprescritível: 
 
STF: “(...) As ações indenizatórias por danos morais decorrentes de atos de tortura ocorridos durante o Regime Militar 
de exceção são imprescritíveis. Inaplicabilidade do prazo prescricional do art. 1º do Decreto 20.910/1932. Precedentes 
do STJ. O Brasil é signatário do Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos das Nações Unidas – incorporado 
ao ordenamento jurídico pelo Decreto-Legislativo 226/1991, promulgado pelo Decreto 592/1992 –, que traz a garantia 
de que ninguém será submetido à tortura, nem a pena ou a tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes, e prevê a 
proteção judicial para os casos de violação de direitos humanos. A Constituição da República não estipulou lapso 
prescricional à faculdade de agir, correspondente ao direito inalienável à dignidade. Agravo Regimental não provido.” 4. 
Agravo regimental DESPROVIDO”. (STF, 1ª Turma, RE 715.268 AgR/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, j. 06/05/2014, DJe 98 
22/05/2014). 
 
5. Crime de tortura do art. 1º, inciso I, da Lei n. 9.455/97. 
 
Inicialmente, compreenda que a lei tem 4 crimes: 
 
 
 
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Lei n. 9.455/97 
Art. 1º Constitui crime de tortura: 
1º crime 
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: 
alíneas a, b = especial fim de agir ou dolo específico 
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima oude terceira pessoa; 
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; 
alínea c = especial motivo de agir 
c) em razão de discriminação racial ou religiosa; 
2º crime 
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso 
sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. 
Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
3º crime 
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou 
mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal. 
4º crime 
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de 
detenção de um a quatro anos. 
 
5.1. Tipo objetivo 
 
Art. 1º Constitui crime de tortura: 
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: 
alíneas a, b = especial fim de agir ou dolo específico 
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; 
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; 
alínea c = especial motivo de agir 
c) em razão de discriminação racial ou religiosa; 
 
Art. 1º, I: 
 
→ constranger; 
→ violência ou grave ameaça; 
→ sofrimento: 
 
 
 
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 físico = dor/tormento: choque elétrico, pau de arara, afogamento, sufocamento, e outros; 
mental = angústia/medo: privação do sono, roleta russa, e outros. 
 
5.2. Tipo subjetivo. 
 
-Dolo direto ou eventual (não basta o dolo genérico) somado ao + especial fim de agir (alíneas a e b) ou ao + especial 
motivo de agir (alínea c). 
 
-Culpa: a tortura não admite modalidade culposa. 
 
5.3. Sujeitos do Crime. 
 
Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa (corrente majoritária). 
 
Nos tratados internacionais a tortura é crime próprio porque o agente deve ser um funcionário público (corrente 
minoritária): 
 
Convenção contra a Tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes da ONU (Decreto n. 
40/1991). 
ARTIGO 1º 
1. Para os fins da presente Convenção, o termo "tortura" designa qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos agudos, 
físicos ou mentais, são infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de obter, dela ou de uma terceira pessoa, 
informações ou confissões; de castigá-la por ato que ela ou uma terceira pessoa tenha cometido, ou seja, suspeita de 
ter cometido; de intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas; ou por qualquer motivo baseado em discriminação 
de qualquer natureza; quando tais dores ou sofrimentos são infligidos por um funcionário público ou outra pessoa no 
exercício de funções públicas, ou por sua instigação, ou com o seu consentimento ou aquiescência. Não se considerará 
como tortura as dores ou sofrimentos que sejam consequência unicamente de sanções legítimas, ou que sejam 
inerentes a tais sanções ou delas decorram. 
 
Atenção porque cai em prova: na Lei n. 9455/97 a tortura, em regra, é crime comum, porque o art. 1º não exige que o 
sujeito ativo seja funcionário público. 
 
Compreenda as duas correntes sobre o assunto: 
 
1ª corrente (minoritária): a tortura é crime próprio -> sujeito ativo é funcionário público; 
 
 
 
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2ª corrente (majoritária): a tortura é crime comum -> sujeito ativo é qualquer pessoa. A corrente esta em conformidade 
com o principio “pro homine” porque a lei brasileira confere aos direitos humanos uma proteção maior, já que 
qualquer pessoa pode praticar tortura. 
 
STJ: “(...) O conceito de tortura, tomado a partir dos instrumentos de direito internacional, tem um viés estatal, 
implicando que o crime só poderia ser praticado por agente estatal (funcionário público) ou por um particular no 
exercício de função pública, consubstanciando, assim, crime próprio. 2. O legislador pátrio, ao tratar do tema na Lei n. 
9.455/1997, foi além da concepção estabelecida nos instrumentos internacionais, na medida em que, ao menos no art. 
1º, I, ampliou o conceito de tortura para além da violência perpetrada por servidor público ou por particular que lhe 
faça às vezes, dando ao tipo o tratamento de crime comum. (...) A adoção de uma concepção mais ampla do tipo, tal 
como estabelecida na Lei n. 9.455/1997, encontra guarida na Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou 
Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, que ao tratar do conceito de tortura estabeleceu -, em seu art. 1º, II -, que: o 
presente artigo não será interpretado de maneira a restringir qualquer instrumento internacional ou legislação nacional 
que contenha ou possa conter dispositivos de alcance mais amplo; não há, pois, antinomia entre a concepção adotada 
no art. 1º, I, da Lei n. 9.455/1997 - tortura como crime comum - e aquela estatuída a partir do instrumento 
internacional referenciado. (...)”. (STJ, 6ª Turma, Resp 1.738.264/DF, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j. 23/08/2018, DJe 
14/09/2018). 
 
5.4. Consumação e tentativa. 
 
A Consumação é o momento da causação do sofrimento físico/mental; 
 
A tentativa é admitida porque sendo a tortura um crime plurissubsistente existe a possibilidade de fracionamento da 
execução. 
 
5.5. Conflito aparente de normas. 
 
Os crimes de lesão corporal leve, ameaça, constrangimento ilegal são fases normais (crimes meios) de um crime fim, 
que é a tortura, portanto pelo principio da consunção serão absorvidos. 
 
Todavia a lesão corporal grave e gravíssima qualificam o crime de tortura. 
 
5.6. Materialidade. 
 
 
 
 
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Não é obrigatório o exame de corpo de delito, ou seja, o laudo pericial não é condição sine qua non para condenação 
do crime de tortura. 
 
Agora, se houver vestígios, deverá ser feito exame de corpo de delito direto, do contrário a prova deverá ser por meio 
de prova testemunhal/documental: 
 
STJ: “(...) O crime previsto no artigo 1º, inciso I, letra a, da Lei 9.455/1997 pressupõe o suplício físico ou mental da 
vítima, não se podendo olvidar que a tortura psicológica não deixa vestígios, não podendo, consequentemente, ser 
comprovada por meio de laudo pericial, motivo pelo qual a materialidade delitiva depende da análise de todo o 
conjunto fático-probatório constante dos autos, principalmente do depoimento da vítima e de eventuais testemunhas. 
Precedentes. (...)”. (STJ, 5ª Turma, HC 214.770/DF, Rel. Min. Jorge Mussi, j. 01/12/2011, DJe 19/12/2011). 
 
5.7. Tortura-confissão (tortura persecutória, tortura prova, tortura probatória, tortura institucional ou tortura 
inquisitorial). 
 
Art. 1º, I, alínea “a”: 
Lei n. 9.455/97 
Art. 1º Constitui crime de tortura: 
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: 
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; 
(...) 
 
Segundo a doutrina, pouco importa a natureza do fato que teria sido objeto dessa informação, declaração ou confissão. 
 
E, a informação, a declaração ou confissão obtida por meio da tortura será prova ilícita. 
 
5.8. Tortura-crime. 
 
Art. 1º, I, alínea “b”: 
Lei n. 9.455/97 
Art. 1º Constitui crime de tortura: 
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: 
(...) 
 
 
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; 
 
 
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(...) 
 
A expressão “criminosa”, contida no final da alínea “b”, não abrange contravenção penal, do contrário seria uma 
analogia in malam partem (adotar uma regulamentação de um caso semelhante, mas que prejudica o réu) 
 
E, seguindo o mesmo raciocínio acima, no caso de ato infracional (que pode ser um crime ou contravenção), se o ato 
for crime pode caracterizar tortura, se for contravenção não. 
 
A vítima da tortura, que praticou ação ouomissão criminosa, não responde pelo crime porque é caso de inexigibilidade 
de conduta diversa (a culpabilidade é excluída). 
 
O sujeito ativo da tortura responde pelo crime do art. 1º, I, b, em concurso material com o crime praticado pela vítima 
da tortura. 
 
Ex: o sujeito ativo tortura vítima, que pratica apropriação indébita, a culpabilidade da vítima é excluída e o sujeito ativo 
responderá por ambos os crime: 
 
Tortura = o sujeito ativo é o autor imediato; 
Apropriação Indébita = o sujeito ativo é autor mediato. 
 
5.9. Tortura-preconceito. 
 
Art. 1º, I, alínea “c”: 
Lei n. 9.455/97 
Art. 1º Constitui crime de tortura: 
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: 
(...) 
c) em razão de discriminação racial ou religiosa; 
(...) 
 
A alínea “c” tem um especial motivo de agir, a discriminação. 
 
Discriminação é tratar de maneira diferenciada: 
 
 
 
 
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-racial = a discriminação racial é tratar de modo diferenciado porque a pessoa tem características físicas ou biológicas 
semelhantes em decorrência da hereditariedade. 
 
-religiosa =a discriminação religiosa é tratar de modo diferenciado, ou porque a pessoa tem uma religião (crença) ou 
porque a pessoa não tem uma religião (ateu). 
 
Homofobia e Transfobia – a decisão do STF abrange somente a Lei 7.716/89, portanto não se aplica à lei de tortura. 
Observação: ADO 26/DF e MI 4.733/DF – por maioria, o Plenário do STF julgou procedentes os pedidos formulados para 
reconhecer a mora do Congresso Nacional em editar lei que criminalizasse os atos de homofobia e transfobia. 
Determinou, também, até que seja colmatada essa lacuna legislativa, a aplicação da Lei n. 7.716/89 (que define os 
crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor) às condutas de discriminação por orientação sexual ou identidade 
de gênero, com efeitos prospectivos e mediante subsunção. 
 
6. Tortura-castigo, vindicativa, punitiva ou intimidatória. 
 
Art. 1º, II: 
 
Lei n. 9.455/97 
Art. 1º Constitui crime de tortura: 
(...) 
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso 
sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. 
Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
(...) 
 
6.1. Tipo objetivo. 
 
6.2. Tipo subjetivo. 
 
6.3. Sujeitos do crime. 
 
O crime de tortura é um crime bipróprio, ou seja, exige uma qualidade especial tanto do sujeito ativo (pessoa que tem a 
guarda, poder ou autoridade) quanto do sujeito passivo (pessoa que está sob a guarda). 
 
Guarda = é estar sob a assistência de alguém (pai, tutor, curador, babá e cuidador de idoso). 
 
 
 
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STJ: “(...) O crime de tortura, na forma do art. 1º, II, da Lei n. 9.455/1997 (tortura-castigo), ao contrário da figura típica 
do inciso anterior, não pode ser perpetrado por qualquer pessoa, na medida em que exige atributos específicos do 
agente ativo, somente cometendo essa forma de tortura quem detiver outra pessoa sob sua guarda, poder ou 
autoridade (crime próprio). A expressão guarda, poder ou autoridade denota um vínculo preexistente, de natureza 
pública, entre o agente ativo e o agente passivo do crime. Logo, o delito até pode ser perpetrado por um particular, mas 
ele deve ocupar posição de garante (obrigação de cuidado, proteção ou vigilância) com relação à vitima, seja em virtude 
da lei ou de outra relação jurídica. (...).Ampliar a abrangência da norma, de forma a admitir que o crime possa ser 
perpetrado por particular que não ocupe a posição de garante, seja em decorrência da lei ou de prévia relação jurídica, 
implicaria uma interpretação desarrazoada e desproporcional, também não consentânea com os instrumentos 
internacionais que versam sobre o tema. No caso, embora a vítima estivesse subjugada de fato, ou seja, sob poder dos 
recorridos, inexistia uma prévia relação jurídica apta a firmar a posição de garante dos autores com relação à vítima, 
circunstância que obsta a tipificação da conduta como crime de tortura, na forma do art. 1º, II, da Lei n. 9.455/1997”. 
(STJ, 6ª Turma, Resp 1.738.264/DF, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j. 23/08/2018, DJe 14/09/2018). 
 
Poder = é a relação de sujeição do sujeito passivo quanto ao sujeito ativo. 
 
Ex: adolescente tatuado na testa pelos tatuadores; Tim Lopes que ficou sob o poder de criminosos que o torturou. 
 
Autoridade = quem exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza civil ou militar, ainda que transitoriamente e 
sem remuneração (art. 5º, Lei n. 4.898/65). 
 
- Obs. 1: para fins de tipificação do crime do art. 1º, II, da Lei n. 9.455/97, é necessário que o ofendido esteja sob a 
guarda, poder ou autoridade do torturador; 
 
STJ: “(...) A conduta da paciente enquadra-se no tipo penal previsto no art. 1º, II, § 4º, II, da Lei n. 9.455/1997. A 
paciente possuía os atributos específicos para ser condenada pela prática da conduta descrita no art. 1º, II, da Lei n. 
9.455/1997. Indubitável que o ato foi praticado por quem detinha as crianças sob guarda, na condição de babá. (...)”. 
(STJ, 6ª Turma, HC 169.379/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j. 22/08/2011, DJe 31/08/2011). 
 
6.4. Consumação e tentativa. 
 
6.5. Distinção em relação ao crime de maus-tratos. 
 
A diferença é sutil, entenda: 
 
 
 
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CP 
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, 
ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a 
trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina: 
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa. 
§1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos. 
§2º - Se resulta a morte: 
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. 
§3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos. 
 
No Manual de Processo Penal (Professor Renato Brasileiro) são apontados ao menos 3 diferenças: 
 
1ª diferença - quanto ao tipo objetivo: 
 
O crime de maus tratos não é de forma livre, trata-se de um crime de forma vinculada porque o próprio legislador já diz 
como tem que ser praticado, 
 
O crime de tortura, do inciso II, é de forma livre; 
 
2ª diferença - dolo de perigo e de dano: 
 
O crime de tortura, do inciso II, é crime de dano, 
 
O crime de maus tratos é um crime de perigo; 
 
3ª diferença - quanto ao especial fim de agir: 
 
O crime de maus tratos é praticado para fins de educação, 
 
No crime de tortura, o especial fim de agir, não precisa estar presente. 
 
 
 
 
 
 
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STJ: “(...) Para que se configure o delito de maus tratos é necessária a demonstração de que os castigos infligidos 
tenham por fim a educação, o ensino, o tratamento ou a custódia do sujeito passivo, circunstâncias que não se 
evidenciam na hipótese. Precedente desta Corte. 2. A conduta verificada nos autos encontra melhor adequação típica 
na descrição feita pelo art. 1o., II da Lei 9.455/97 - tortura, o que não exclui a possibilidade de outra definição do fato se 
verificado, depois de realizada mais aprofundada cognição probatória, serem outras as circunstâncias delitivas. (...)”. 
(STJ, 3ª Seção, CC 102.833/MG, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j. 26/08/2009, DJe 10/09/2009). 
 
7. Figura equiparada ou tortura imprópria. 
 
Art. 1º, § 1º: 
Lei n. 9.455/97 
Art. 1º Constitui crime de tortura: 
(...) 
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou 
mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal. 
 
Prisão = de qualquer espécie (penal, cautelar, preventiva, temporária,ou também extrapenal). 
 
Medida de Segurança = internação ou tratamento ambulatorial. 
 
Observações importantes: 
 
- a figura do art. 1º, §1º, é um crime próprio porque somente o agente que tem a custódia pode praticar o delito; 
 
- a figura do art. 1º, § 1º, não exige violência ou grave ameaça; 
 
- compreenda o significado de “por intermédio da prática de ato não previsto em lei* ou não resultante de medida 
legal**”: 
 
Entenda mediante dois exemplos previstos na LEP: 
 
*O art. 45 especifica vários direitos do preso, dentre eles o direito à alimentação, então, se, por exemplo, o preso for 
privado de alimentação, responderá o agente por tortura porque praticou ato não previsto em lei. 
 
 
 
 
 
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**Por outro lado o RDD (regime disciplinar diferenciado) é previsto na LEP e por isso é uma medida legal que não 
caracteriza tortura. 
 
8. Tortura-omissão 
 
Art. 1º, §2º: 
Lei n. 9.455/97 
Art. 1º Constitui crime de tortura: 
(...) 
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na PENA de 
detenção de um a quatro anos. 
 
Atente para o fato de que “dessas condutas”, constante no §2º, refere-se ao art. 1º, I, II, §1º. 
 
O §2º, prevê 2 delitos praticadas pelo “garante” , veja: 
 
8.1. Não-evitação da prática de qualquer das modalidades de tortura (art. 1º, §2º, 1ª parte). 
(1ª conduta - crime omissivo impróprio - a tortura ainda não fora praticada) 
 
Pena = detenção de 1 à 4 anos. 
 
Mas veja que a pena dos crimes previstos, no art. 1º I, II, §1º, é de reclusão de 2 à 8 anos. 
 
Isso ocorre porque o §2º funciona como uma norma especial em relação ao art.13, § 2º, alínea “a”, do CP, que prevê a 
figura do garante: 
 
CP 
Art. 13. (...) 
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir 
incumbe a quem: 
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; 
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; 
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. 
 
 
 
 
 
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A norma especial do §2º é tratada, por alguns doutrinadores, como inconstitucional porque o tratamento benigno dado 
ao “garante” está em confronto com o art. 5º da CF: 
 
Constituição Federal 
Art. 5º (...) 
(...) 
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de 
entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, 
os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; 
 
Porém, a tese da inconstitucionalidade do §2º, mencionada acima, não é a que prevalece, porque, segundo a maioria da 
doutrina e jurisprudência, o § 2º é uma norma especial, e, então, com base no princípio da especialidade, deve 
prevalecer sobre a regra do art. 13, § 2º, alínea “a”, do CP. 
 
 A não-evitação da prática de qualquer das modalidades de tortura (art. 1º, §2º, 1ª parte), é crime omissivo impróprio. 
 
8.2. Não-apuração da prática de qualquer das modalidades de tortura (art. 1º, §2º, in fine). 
(2ª conduta - crime omissivo próprio - a tortura já ocorreu, mas o responsável não efetua a apuração ) 
 
9. Qualificadoras dos crimes de tortura. 
 
A lesão corporal leve é absorvida pela tortura, por outro lado, a lesão corporal grave e a gravíssima não. 
 
Lei n. 9.455/97 
Art. 1º Constitui crime de tortura: 
(...) 
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta 
morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos. 
 
Atenção para discussões sobre a natureza das qualificadoras: 
 
9.1. Natureza do crime previsto no art. 1º, §3º, da Lei n. 9.455/97. 
 
1ª corrente (Guilherme de Souza Nucci) – o crime do §3º pode ser preterdoloso ou não; 
 
 
 
 
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2ª corrente – o crime do §3º é preterdoloso; 
 
9.2. Abrangência das qualificadoras do §3º do art. 1º da Lei n. 9.455/97. 
 
Existem 3 correntes: 
 
1ª corrente (Roberto Delmanto) – as qualificadoras do §3º só abrangem o art. 1º, I e II; 
 
2ª corrente (majoritária na doutrina) – as qualificadoras do §3º incidem no art. 1º, I e II, e §1º; 
 
3ª corrente – como o §3º não faz nenhuma ressalva, ele será aplicado a tudo que o antecedeu - art. 1º, I e II, §§ 1º e § 
2º. 
 
Obs. 1: distinção em relação ao crime de homicídio qualificado pela tortura: 
 
CP 
Art. 121. Matar alguém: (ANIMUS NECANDI = intenção de matar) 
(...) 
§2º Se o homicídio é cometido: 
(...) 
III – com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar 
perigo comum; 
 
Por sua vez, no § 3º, o DOLO É DE TORTURAR. 
 
10. Causas de aumento de pena. 
 
§4º: 
Lei n. 9.455/97 
Art. 1º Constitui crime de tortura: 
(causa de aumento de pena – incide na terceira fase da dosimetria da pena): 
(...)§4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: 
I - se o crime é cometido por agente público (art. 327,CP); 
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; 
(Redação dada pela Lei n. 10.741/03). 
 
 
 
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III - se o crime é cometido mediante sequestro (de acordo com a doutrina, também abrange o cárcere privado). 
 
As 3 correntes, referentes a abrangência das qualificadoras do § 3º (já mencionadas no ‘item 9.2. Abrangência das 
qualificadoras do §3º do art. 1º da Lei n. 9.455/97’ acima), também se aplicam à causa de aumento do §4: 
 
1ª corrente (Roberto Delmanto); 
2ª corrente (majoritária na doutrina); 
3ª corrente. 
 
11. Efeitos automáticos da condenação. 
 
Vai cair na sua prova = CP x Lei n. 9.455/97. 
 
CP (efeito específico da condenação) 
Art. 92 - São também efeitos da condenação: 
I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: 
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso 
de poder ou violação de dever para com a Administração Pública; 
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais casos. 
(...) 
Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na 
sentença. 
 
Lei n. 9.455/97 (efeito automático da condenação) 
Art. 1º Constitui crime de tortura: 
(...) 
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro 
do prazo da pena aplicada. 
 
O § 5º é uma norma especial em relação ao CP. 
 
Perceba que o § 5º não faz menção à quantidade da pena a ser aplicada, portanto, independente, do quantum da pena 
a condenação, automaticamente, acarreta a perda do cargo, função ou emprego público. 
 
 
 
 
 
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12. Vedação à liberdade provisória com fiança e (im) possibilidade de concessão de liberdade provisória sem fiança 
cumulada com as medidas cautelares diversas da prisão. 
 
A tortura não admite a liberdade provisória com fiança. 
 
Mas, a tortura admite a liberdade provisória sem fiança se for cumulativa com as medidas cautelares diversas da prisão. 
 
E, atenção, porque as cautelares diversas da prisão são obrigatórias, segundo entendimento da doutrina, inclusive do 
Ministro Rogério Schietti Cruz. 
 
13. (Des) necessidade de defesa preliminar nos procedimentos penais referentes ao crime de tortura. 
 
Defesa preliminar = é a manifestação da defesa antes do recebimento da peça acusatória, ou seja, uma espécie de 
contraditório prévio, ao juízo de admissibilidade da peça acusatória, previsto em alguns procedimentos especiais: 
 
CPP 
Art. 514. Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia ou queixa em devida forma, o juiz mandará autuá-lae ordenará a 
notificação do acusado, para responder por escrito, dentro do prazo de quinze dias. 
Parágrafo único. Se não for conhecida a residência do acusado, ou este se achar fora da jurisdição do juiz, ser-lhe-á 
nomeado defensor, a quem caberá apresentar a resposta preliminar. 
 
No crime de tortura não será observado o art. 514, do CPP, por 2 motivos: 
 
-a tortura é inafiançável; 
-e, a jurisprudência determina que: 
 
STJ: “(...) O procedimento especial previsto no Capítulo II, do Título II, do Código de Processo Penal, apenas se aplica aos 
crimes próprios e impróprios previstos no Código Penal, não abarcando outros ilícitos comuns, ainda que a qualidade de 
funcionário público os qualifique ou caracterize causa de aumento de pena. 3. No caso, o paciente foi condenado pelos 
crimes descritos no art. 1º, inciso I, alínea a, c/c o § 4º, da Lei n.º 9.455/1997, e no art. 299 do Código Penal, situação 
que afasta a obrigatoriedade de oferecimento de resposta antes do recebimento da denúncia, nos termos do art. 514 
do Código de Processo Penal. Precedentes. (...)”. (STJ, 5ª Turma, HC 167.503/MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, j. 
21/05/2013, DJe 29/05/2013). 
 
14. Insuscetibilidade de graça, anistia e indulto. 
 
 
 
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Lei n. 8.072/90 (crimes hediondos) 
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são 
insuscetíveis de: 
I - anistia, graça e indulto; 
 
Lei n. 9.455/97 (tortura) 
Art. 1º Constitui crime de tortura: 
(...) 
§6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia. 
 
Veja as 3 correntes sobre o assunto: 
 
1ª corrente – o indulto é cabível apenas para a tortura; 
 
2ª corrente (minoritária) – o indulto também é cabível para os demais crimes hediondos e equiparados; 
 
3ª corrente (majoritária) – não cabe indulto nem mesmo para a tortura, porque a graça é o gênero do qual indulto é 
espécie: 
 
STF: “(...) A jurisprudência deste Supremo Tribunal Federal é firme no sentido de que o instituto da graça, previsto no 
art. 5.º, inc. XLIII, da Constituição Federal, engloba o indulto e a comutação da pena, estando a competência privativa do 
Presidente da República para a concessão desses benefícios limitada pela vedação estabelecida no referido dispositivo 
constitucional. (...)”. (STF, 2ª Turma, HC 115.099/SP, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 19/02/2013, DJe 49 13/03/2013). 
 
STF: “(...) Revela-se inconstitucional a possibilidade de que o indulto seja concedido aos condenados por crimes 
hediondos, de tortura, terrorismo ou tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, independentemente do lapso 
temporal da condenação. (...)”. (STF, Pleno, ADI 2.795 MC/DF, Rel. Min. Maurício Corrêa, j. 08/05/2003). 
 
15. Regime inicial de cumprimento de pena. 
Observe a sequência cronológica: 
 
 
 
 
 
 
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A Lei n. 8.072/90 = determina o regime integralmente fechado: 
Redação original da Lei n. 8.072/90 
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são 
insuscetíveis de: 
(...) 
§1º A pena por crime previsto neste artigo será cumprida integralmente em regime fechado. 
 
A Lei n. 9.455/97 = determina que, em regra, o regime inicial fechado e, por exceção, regime aberto ou semiaberto, para 
a tortura-omissão do § 2º. 
Lei n. 9.455/97 
Art. 1º Constitui crime de tortura: 
(...) 
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime 
fechado. 
 
A doutrina, então, passou a sustentar a revogação tácita do § 1ª, do art. 2º, da Lei. 8.072/90 
 
Mas, a jurisprudência do STF decidiu que não houve revogação: 
 
Súmula n. 698 do STF: “Não se estende aos demais crimes hediondos a admissibilidade de progressão no regime de 
execução da pena aplicada ao crime de tortura”. 
 
Contudo, posteriormente o STF muda seu posicionamento: 
 
Obs. 1: Inconstitucionalidade do cumprimento da pena em regime integralmente fechado (STF, HC 82.959); 
 
Por isso, após esse julgado do HC, os crimes hediondos também passaram a admitir o regime inicial fechado e 
possibilidade de progressão do regime: 
 
Súmula vinculante n. 26: “Para efeito de progressão de regime no cumprimento da pena por crime hediondo ou 
equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei n. 8.072/90, sem prejuízo de avaliar 
se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, 
de modo fundamento, a realização de exame criminológico”. 
 
 
 
 
 
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Posteriormente, nova redação da Lei n. 8.072/90 = regime inicial fechado: 
Redação nova da Lei n. 8.072/90 
Art. 2º (...) 
§1º A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime fechado. 
§2º A progressão de regime, no caso dos condenados pelos crimes previstos neste artigo, dar-se-á após o cumprimento 
de 2/5 da pena, se o apenado for primário, e de 3/5, se reincidente. (Revogado pela Lei n. 13.964/19 – Pacote 
Anticrime). 
 
LEP 
Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para regime menos 
rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos: (Redação dada pela Lei n. 13.964, de 
2019) 
(...) 
V – 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado for condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, se 
for primário; 
VI – 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for: 
a) Condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado morte, se for primário, vedado o 
livramento condicional; 
(...) 
VII – 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente na prática de crime hediondo ou equiparado; 
VIII – 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime hediondo ou equiparado com resultado 
morte, vedado o livramento condicional. 
 
Mas, novamente o STF muda seu posicionamento: 
 
Obs. 2: Inconstitucionalidade do cumprimento da pena em regime inicialmente fechado (STF, HC 111.840); 
 
Na visão do STF, para os crimes hediondos, não necessariamente tem que ser o regime inicial fechado, pois, se o 
indivíduo preencher os requisitos do CP, o regime inicial pode ser o aberto ou semiaberto: 
 
Pergunta da sua prova: se o STF declarou a inconstitucionalidade do regime inicial fechado para os crimes hediondos e 
como fica a tortura? 
 
 
 
 
 
 
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A Doutrina, de maneira arrasadora, diz que: se a própria CF impõe tratamento uniforme para os crimes hediondos e aos 
crimes equiparados, a partir do momento que o STF passou admitir, para os crimes hediondos, o cumprimento da pena 
em regime inicial NÃO NECESSARIAMENTE fechado, igual raciocínio deve valer também para o crime de tortura. 
 
Também tem precedentes do STJ nesse sentido: 
 
STJ: “(...) É flagrante o constrangimento ilegal em relação à fixação do regime inicial fechado com base no art. 1.º, § 7.º, 
da Lei de Tortura. 4. Com a declaração pelo Pretório Excelso da inconstitucionalidade do regime integral fechado e do § 
1.º do art. 2.º da Lei de Crimes Hediondos, com redação dada pela lei n.º 11.464/2007 - também aplicável ao crime de 
tortura -, o cumprimento da pena passou a ser regido pelas disposições gerais do Código Penal. Porém, consideradas 
desfavoráveis as circunstâncias judiciais do caso concreto, cabível aplicar inicialmente o regime prisional semiaberto, 
atendendo ao disposto no art. 33, c.c. o art. 59, ambos do Código Penal. (...)”. (STJ, 5ª Turma, HC 286.925/RR, Rel. Min. 
Laurita Vaz, j. 13/05/2014, DJe 21/05/2014). 
 
Mas, o STF tem posicionamento diverso para o crime de tortura: 
 
STF: “(...) O regime de cumprimento da pena é fixado a partir do período correspondente e as circunstâncias judiciais. 
PENA– REGIME DE CUMPRIMENTO – PREVISÃO LEGAL. Se a lei de regência prevê o regime inicial de cumprimento da 
pena, impõe-se a observância, independente das circunstâncias judiciais”. (STF, 1ª Turma, HC 123.316/SE, Rel. Min. 
Marco Aurélio, j. 09/06/2015, DJe 154 05/08/2015). 
 
16. Extraterritorialidade incondicionada da lei penal brasileira. 
 
Lei n. 9.455/97 
Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a 
vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira. 
 
Extraterritorialidade é a possibilidade de aplicação da lei penal brasileira para crimes cometidos no exterior, em 2 
situações: 
 
-vitima brasileira (princípio de defesa ou real) = é extraterritorialidade incondicionada porque não há necessidade de 
preencher as condições do art. 7º, §§ 2º e 3º, do CP; 
 
-autor do delito está em local sob jurisdição brasileira (princípio da justiça universal). 
 
 
 
 
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Lembre-se que, nos casos de extraterritorialidade, a competência é da Justiça Estadual. No Manual de Legislação 
Criminal, do professor Renato Brasileiro, consta o precedente do STJ - CC 107.397 sobre o assunto.

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