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DIREITO PENAL – Questão 61 
Profa. Patricia Vanzolini 
Questão 61 
Zenão e Górgias desejam matar Tales. Ambos sabem que Tales é pessoa bastante metódica e tem a seguinte rotina ao chegar no trabalho: pega uma xícara de café na copa, deixa‐a em cima de sua bancada particular, vai a outra sala buscar o jornal e retorna à sua bancada para lê‐lo, enquanto degusta a bebida. Aproveitando‐se de tais dados, Zenão e Górgias resolvem que executarão o crime de homicídio através de envenenamento. Para tanto, Zenão, certificando‐se que não havia ninguém perto da bancada de Tales, coloca na bebida 0,1 ml de poderoso veneno. Logo em seguida chega Górgias, que também verifica a ausência de qualquer pessoa e adiciona ao café mais 0,1 ml do mesmo veneno poderoso. Posteriormente, Tales retorna à sua mesa e senta‐se confortavelmente na cadeira para degustar o café lendo o jornal, como fazia todos os dias. Cerca de duas horas após a ingestão da bebida, Tales vem a falecer. Ocorre que toda a conduta de Zenão e Górgias foi filmada pelas câmeras internas presentes na sala da vítima, as quais eram desconhecidas de ambos, razão pela qual a autoria restou comprovada. Também restou comprovado que Tales somente morreu em decorrência da ação conjunta das duas doses de veneno, ou seja, somente 0,1 ml da substância não seria capaz de provocar o resultado morte. Com base na situação descrita, é correto afirmar que: 
A) Caso Zenão e Górgias tivesse agido em concurso de pessoas, deveriam responder por homicídio qualificado doloso consumado. 
B) mesmo sem qualquer combinação prévia, Zenão e Górgias deveriam responder por homicídio qualificado doloso consumado. 
C) Zenão e Górgias, agindo em autoria colateral, deveriam responder por homicídio culposo. 
D) Zenão e Górgias, agindo em concurso de pessoas, deveriam responder por homicídio culposo. 
O gabarito assinalou a alternativa “A” como correta e seu conteúdo é, de fato, indiscutível. 
(No entanto, grande parte da doutrina considera correta também a alternativa b) que trata de consagrada hipótese de exclusão alternativa de causas que, isoladas, são insuficientes á produção do resultado, mas cumuladas o provocam. Nesse caso, defende a melhor doutrina que se a exclusão de qualquer uma das condutas altera o resultado, deve ser adotado o critério da eliminação hipotética com a inafastável conclusão de que ambas deverão ser consideradas causa do resultado. 
Nesse sentido, por todos, o magistério de Bittencourt, que retrata com fidelidade o exemplo da prova: “ se dois indivíduos, um ignorando a conduta do outro, com intenção de matar, ministram, separadamente, quantidade de veneno insuficiente para produzir a morte da mesma vítima, mas em razão do efeito produzido pela soma das doses ministradas esta vem a morrer, qual seria a solução recomendada pela teoria da equivalência das condições, consagrada no direito brasileiro? Responderiam ambos por tentativa, desprezando-se o resultado morte? Ou responderia cada um isoladamente, pelo homicídio doloso? 
Outra vez, devemos socorrer-nos do juízo hipotético de eliminação: se qualquer dos dois não tivesse ministrado a dose de veneno, a morte teria ocorrido da forma que ocorreu? Não, evidentemente que não, pois uma dose, isoladamente, era insuficiente para produzir o resultado morte. Na hipótese, cada uma das doses foi condição indispensável à ocorrência do resultado, ainda que, isoladamente, não pudessem produzi-lo. É verdade que esse resultado só foi alcançado pela soma das duas doses. Há nesse caso uma soma de energias, que acabou produzindo o resultado. As duas doses de veneno auxiliaram-se na formação Complexo Damásio de Jesus Razões de recurso – 1ª Fase VI Exame Unificado do processo causal produtor do resultado, unilateralmente pretendido e, conjuntamente, produzido. A nosso juízo, configuram casas relativamente independentes, e ambos devem responder pelo homicídio doloso consumado. Trata-se de uma modalidade de autoria colateral onde não há vínculo subjetivo entre os autores, por isso não há co-autoria. A hipótese de causa superveniente relativamente independente que por si só, provoca o resultado fica completamente afastada na medida em que, pelo juízo hipotético de eliminação, suprimida qualquer das doses, anterior ou posterior, não importa, o resultado não teria sido produzido” (BITTENCOURT, César Roberto. Tratado de Direito Penal. Parte Geral. 13ª edição. São Paulo: Saraiva: 2008, p.246-247) 
O exemplo do autor é idêntico ao que consta da prova, mas a resposta é diversa. A questão deve ser anulada diante da controvérsia doutrinária 
DIREITO PROCESSUAL PENAL – Questão 68 
Prof. Flávio Martins 
Questão 68 
A Constituição do Estado “X” estabeleceu foro por prerrogativa de função aos Prefeitos de todos os seus Municípios, estabelecendo que “os prefeitos serão julgados pelo Tribunal de Justiça". José, Prefeito do Município “Y”, pertencente ao Estado “X”, mata João, amante de sua esposa. Pergunta‐se, qual o órgão competente para o Julgamento de José? 
A) Justiça Estadual de 1ª Instância; 
B) Tribunal de Justiça; 
C) Tribunal Regional Federal; 
D) Justiça Federal de 1ª Instância. 
O gabarito oficial divulgado pela Ordem dos Advogados do Brasil apontou como resposta correta a alternativa “a” (Justiça Estadual de 1a Instância). Essa resposta destoa integralmente da legislação e jurisprudência pátria que versam sobre o tema. 
Primeiramente, a Constituição Federal, no artigo 29, X, afirma que “O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos: X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça” (grifamos). 
Ora, se a questão afirma que “A Constituição do Estado ‘X’ estabeleceu por prerrogativa de função aos Prefeitos de todos os seus Municípios, estabelecendo que ‘os prefeitos serão julgados pelo Tribunal de Justiça’”, trata-se de mera norma de repetição automática da Constituição Federal, que disciplina a competência para julgamento de todos os Prefeitos. 
Alguns poderia apontar que o artigo 29, X, da Constituição Federal não se aplicaria, por se tratar de crime doloso contra a vida. Ora, sobre o tema, já se posicionou o Supremo Tribunal Federal, por meio da Súmula 721: “A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição estadual” (grifamos). 
Ora, como vimos acima, a Competência para julgar o Prefeito não está prevista EXCLUSIVAMENTE na Constituição Estadual, sendo regra prevista na Constituição Federal. Complexo Damásio de Jesus Razões de recurso – 1ª Fase VI Exame Unificado 
Aliás, sobre o tema, expõe de forma brilhante o professor do Complexo Damásio de Jesus, professor Guilherme Souza Nucci: “...se ambas as previsões de competência são estabelecidas na Constituição Federal, deve-se considerar especiais aquelas que dizem respeito à prerrogativa de foro, em detrimento, pois, ao Tribunal do Júri. (...) O júri é o órgão competente para analisar os crimes dolosos contra a vida, como regra geral. Em caráter especial, algumas autoridades têm foro especifico. (...) Consolidando a sua posição acerca do tema e dando novos subsídios importantes, o Supremo Tribunal Federal editou a Súmula 721” (Manual de Processo Penal e Execução Penal. 3 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007). 
Nesse mesmo sentido, Denilson Feitoza afirma que “O art. 29, X, CF é uma regra geral relativamente às normas específicas de competência, por exemplo, da Justiça Federal, devendo ceder a essas. O que a Constituição Federal quis frisar é que o prefeito municipal tem a prerrogativa de ser julgado originariamente na 2a instância. Por paralelismo, consequentemente, o prefeito municipal é julgado no TRF, TRE e STM (este é a segunda instância da Justiça Militar federal)” (Direito Processual Penal. 7 ed. Niteroi:Impetus, 2010. p. 408). 
Da mesma forma, Maria Lúcia Karam, em obra específica sobre o tema, é clara ao afirmar que “Em nenhuma das regras que estabelecem a competência originária de órgãos jurisdicionais superiores para o conhecimento de causas que contenham pretensão fundada na alegada prática de infração penal por ocupantes de determinados cargos públicos (art. 102, inciso I, alíneas b e c; art. 105, inciso I, alínea a; art. 108, inciso I, alínea a; artigo 96, inciso III; artigo 29, inciso X) há qualquer ressalva quanto às infrações penais incluídas na competência privativa do júri. Deixando de excepcionar as aludidas regras, já indicou o constituinte que, a princípio, não haveria margem para o afastamento da competência dos órgãos jurisdicionais ali elencados” (Competência no Processo Penal. 3 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002. p. 96). Se não bastasse a doutrina, de forma unânime, afrontar o gabarito divulgado pela Ordem dos Advogados do Brasil, o Supremo Tribunal Federal já abordou a questão inúmeras vezes. Vejamos: 
No RE 162966/RS, relatado pelo Ministro Néri da Silveira, disse o STF: “NA APLICAÇÃO DO ART. 29, X, DA LEI MAGNA DE 1988, O STF TEM FEITO, APENAS, DISTINÇÃO ENTRE CRIME COMUM DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL E CRIME COMUM DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL, GARANTINDO, DE QUALQUER SORTE, NO ÂMBITO DA JUSTIÇA DA UNIÃO, O FORO DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL, NAS HIPÓTESES DE CRIME, CONTRA BENS, SERVIÇOS OU INTERESSES DA UNIÃO OU SUAS AUTARQUIAS (CONSTITUIÇÃO, ART. 109, IV), PRATICADOS POR PREFEITOS MUNICIPAIS. NAS HIPÓTESES DO ART. 29, X, DA CONSTITUIÇÃO, APLICA-SE, TAMBÉM, A SÚMULA 394 DO STF. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO, A FIM DE RECONHECER A COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO”. 
No RHC 80477/PI, o STF afirma que, no crime doloso contra a vida, quem julga o Prefeito é o Tribunal de Justiça, ao contrário do vereador, que tem sua competência prevista exclusivamente na Constituição estadual: “Competência do Tribunal do Júri para o processo e julgamento dos crimes dolosos contra a vida. Art. 5º, XXXVIII, d), da Constituição Federal. 3. Não prevalece, na hipótese, a norma constitucional estadual que atribui foro especial por prerrogativa de função a vereador, para ser processado pelo Tribunal de Justiça. 4. Matéria não enquadrável no art. 125, § 1º, da Carta Magna. Cumpre observar, ainda, que a regra do art. 29, X, da Constituição Federal, não compreende o vereador. 5. Recurso ordinário em habeas corpus a que se nega provimento”. 
Na Reclamação 636, o STF entende que a competência para julgar o Prefeito por crime doloso contra a vida é do Tribunal de Justiça. Terminado o mandato, o processo deveria ser remetido Complexo Damásio de Jesus Razões de recurso – 1ª Fase VI Exame Unificado para inferior instância: “Reclamação: prejuízo. 1. Julga-se prejudicada a reclamação, quando fato superveniente tornou sem objeto a decisão do STF, cuja autoridade se pretende assegurar. 2. Com a extinção do mandato de Prefeito, cessou a competência originária do Tribunal de Justiça para processá-lo por homicídio anterior à investidura; o fato prejudicou a questão de saber se a competência por prerrogativa de função de um dos réus - então Prefeito - enquanto durou - deveria atrair, por continência, o processo contra os co-réus, com o que ficou sem objeto a ordem de renovar-se o julgamento a respeito, assegurada a defesa dos interessados, como ordenado pelo STF por habeas corpus a eles deferido.

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