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Estagio Penal S5

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Seção 5 
SUA PETIÇÃO 
DIREITO 
PENAL 
 
 
 
 
 
Olá, futuro advogado. Juntos, estamos seguindo firmes nessa longa e emocionante jornada em 
busca de justiça para Paulo Las Vegas. 
Superada mais uma seção, sempre eivada de ensinamentos e muito realismo jurídico, cabe-nos, 
como já de costume, fazer uma breve recapitulação acerca de tudo que já foi feito por você até o 
presente momento. 
Na Seção 1, você foi contratado por Paulo e acabou por confeccionar um requerimento, no qual 
pleiteou ao magistrado da 2ª Vara Criminal de Amapá/AP a revogação da prisão preventiva em 
desfavor do contratante. 
Relatado o inquérito policial, Paulo Las Vegas foi indiciado nos termos do art. 121, § 2º, II e IV, do 
Código Penal. O Ministério Público local ofereceu denúncia nos termos do relatório policial. 
Ocorre que o magistrado local não recebeu a denúncia, alegando, para tanto, ausência de 
pressupostos processuais, nos termos do art. 395, II, do CPP, sendo interposto recurso em sentido 
estrito por parte do Ministério Público, provido pela 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do 
Amapá, sem, contudo, ter havido qualquer intimação a Paulo ou à sua defesa para apresentação de 
Contrarrazões Recursais. 
Citado para apresentar resposta à acusação, nos termos do art. 406, do CPP, foi suscitada, 
preliminarmente, a nulidade dos atos processuais realizados após a apresentação do Recurso em 
Sentido Estrito, por parte do Ministério Público, em razão da violação da Súmula 707, do STF, e, no 
mérito, a aplicação do art. 397, I, do CPP, em razão de o art. 394, § 4º, do CPP, informar sobre a 
aplicação da norma a qualquer procedimento, mesmo que especial. 
Quando da análise de sua resposta à acusação, o magistrado da 2ª Vara Criminal de Amapá/AP 
ateve-se à questão preliminar, julgando procedente seu requerimento para anular todos os atos 
processuais ocorridos após a apresentação do recurso ministerial, determinando a intimação da 
defesa para, agora, apresentar Contrarrazões ao recurso em sentido estrito aviado pelo MP. 
Desta feita em conformidade com a lei, os autos foramencaminhados ao TJAP para novo julgamento, 
tendo a 1ª Câmara Criminal julgado procedente o reclame ministerial. 
Novamente apresentada a resposta à acusação, foi designada e realizada audiência de instrução e 
julgamento, em 14 de junho de 2012, tendo sido ouvidas as testemunhas de acusação e defesa, bem 
Seção 5 
DIREITO PENAL 
Sua causa! 
 
como interrogado o réu, porém, em razão do atraso da testemunha de acusação, o réu foi interrogado 
em momento anterior à oitiva dela, que acabou por trazer fatos novos em seu depoimento, 
prejudicando, assim, claramente, o direito do réu a defender-se de forma ampla. 
Intimado para apresentar memoriais finais, nos termos do art. 403, § 3º, do CPP, você argumentou, 
preliminarmente, a nulidade relacionada à inversão do interrogatório, e no mérito requereu o 
reconhecimento da legítima defesa e, consequentemente, a aplicação da absolvição sumária, 
prevista no art. 415, do CPP. Pela eventualidade de não entender pela absolvição sumária, requereu 
o decote das qualificadoras manifestamente inaplicáveis ao caso vertente. 
Conclusos os autos para sentença, o magistrado, nos termos do art. 403, § 3º, parte final, no prazo 
de 10 dias, pronunciou Paulo Las Vegas, sob o argumento de que se faz nítida a materialidade e os 
indícios suficientes de autoria, representados, respectivamente, pelo laudo de necropsia e pelo 
depoimento da testemunha de acusação. Sobre as qualificadoras, o magistrado disse que o crime 
fora praticado por motivo fútil e mediante recurso que teria impossibilitado a defesa da vítima, porém, 
sem fundamentar a decisão. 
Ao intimar a defesa da sentença de pronúncia, foram inobservados requisitos indispensáveis para o 
ato, além do fato de o réu não ter sido intimado pessoalmente, o que acabou por ocasionar na 
interposição intempestiva de recurso em sentido estrito, conforme decisão daquele magistrado da 2ª 
Vara Criminal da Comarca de Amapá/AP, que inadmitiu seu recurso. 
Intimado da decisão, em tempo e modo, ou seja, nos termos do art. 639, I, do CPP, você interpôs o 
Recurso de Carta Testemunhável, que teve por finalidade o reconhecimento de irregularidades 
durante a realização de intimações à defesa e ao réu, tendo requerido o provimento do mencionado 
recurso e a consequente determinação da admissão daquele Recurso em Sentido Estrito, nos termos 
do art. 644, do CPP. 
Provido o Recurso de Carta Testemunhável e admitido o Recurso em Sentido Estrito, reconheceu-
se a preliminar de nulidade do interrogatório de Paulo Las Vegas, ficando prejudicada a análise do 
mérito e demais preliminares, determinando à 1ª Câmara Criminal a realização de todos os atos a 
ele subsequentes. 
Interrogado Paulo e novamente apresentadas as alegações finais por parte da acusação e, depois, 
pela defesa, o magistrado da 2ª Vara novamente proferiu sentença de pronúncia, nos termos 
pretendidos na denúncia, sendo que, em relação a tal decisão, foram dela o réu e seu defensor 
devidamente intimados. 
Inconformada, a defesa de Paulo recorreu em Sentido Estrito, tendo o TJAP improvido o recurso 
defensivo, mantendo, consequentemente, a sentença de pronúncia em sua integralidade, decisão 
que acabou transitando em julgado para as partes. 
 
Encaminhado o feito para a Comarca de origem, os autos foram mantidos perante a 2ª Vara Criminal 
de Amapá, em razão de o magistrado dela ser o responsável também por presidir os julgamentos 
realizados perante o Conselho de Sentença. 
No dia 3 de dezembro de 2012, a defesa de Paulo Las Vegas, em tempo e modo, arrolou 
testemunhas que prestaram depoimento em plenário, com cláusula de imprescindibilidade (art. 461, 
CPP), requereu diligências e juntou documentos, tudo em conformidade com o art. 422, do CPP. 
Assim, foram cumpridas, pelo magistrado presidente, as formalidades previstas no art. 423, do CPP, 
e agendado o julgamento para 11 de janeiro de 2013 (sexta-feira), às 8h da manhã. 
Na manhã do dia 11 de janeiro, dia do julgamento em Plenário de Júri, o Ministério Público realizou 
a juntada de um vídeo, no qual Paulo Las Vegas é visto agredindo uma pessoa, não identificada, 
durante um jogo de futebol, que acabaria sendo exibido durante a sessão, a fim de demonstrar que 
Paulo é uma pessoa agressiva e explosiva. 
Chegando ao Fórum local, você observou grande movimentação por parte da imprensa, assim como 
uma manifestação de proporção nunca antes vista, realizada pelos eleitores de Lucas Califórnia, o 
qual, como dito na Seção 1, foi eleito pela quase totalidade dos eleitores de Amapá/AP, tratando-se 
de pessoa muito querida na cidade. Ainda, constatou que os jurados, sorteados nos termos do art. 
433, do CPP, chegaram carregados pela multidão, que clamava pela condenação de Paulo Las 
Vegas, comparecendo à sessão de julgamento somente 15 dos 25 sorteados. Vale ressaltar que 
tudo foi registrado pela imprensa local, por meio de fotografias e vídeos. 
Anunciado o julgamento e apregoadas as partes, presentes 15 jurados, todas as testemunhas e o 
réu, você notou que 12 dos jurados postaram mensagens nas redes sociais manifestando o desejo 
de condenar Paulo Las Vegas. 
Sorteados os jurados, que prestaram compromisso, não havendo dispensa por nenhuma das partes, 
restou formado o Conselho de Sentença, sendo inquiridas as testemunhas de acusação e defesa, 
ato contínuo interrogado o réu, que confessou ter matado Paulo, agindo em legítima defesa. 
Importante ressaltar que o magistrado presidente determinou que Paulo entrasse em plenário de 
julgamento utilizando algema e grilhão, tendo, após formalizado inconformismo da defesa, 
fundamentado a decisão, de forma oral, na existência de risco para as testemunhas. 
Realizados os debates, como tese principal, você requereu a absolvição de Paulo, sob o argumento 
de que ele teria agido em legítima defesa de terceira pessoa. Alternativamente,no caso de não 
reconhecimento da tese primária, requereu o decote das duas qualificadoras constantes da Sentença 
de Pronúncia (motivo fútil e recurso que dificultou a defesa da vítima), com a aplicação do privilégio 
previsto no art. 121, § 1º, do Código Penal, pois Paulo teria agido impelido por motivo de relevante 
valor social e, logo em seguida, por injusta provocação da vítima. Por outro lado, para surpresa da 
 
Qual é a peça prático-profissional a ser apresentada? 
 
defesa, o Ministério Público pugnou a condenação de Paulo Las Vegas com base em elementos que 
não existiam nos autos, notadamente, no fato de que a morte teria ocorrido em virtude de desavenças 
de caráter político, tendo em vista Paulo ter apoiado o candidato que não se sagrou vencedor nas 
eleições municipais, argumento constante no quesito referente à autoria. 
Quando da apresentação dos quesitos aos jurados, você inobservou aquele de caráter absolutório, 
bem como o fato de os quesitos referentes à qualificadora (motivo fútil – art. 121, § 2º, II, CP) e ao 
agravante (recurso que dificulte a defesa da vítima – art. 61, II, c), CP) terem sido alocados antes 
daqueles referentes às teses defensivas (Paulo agiu em legítima defesa? Paulo agiu impelido por 
motivo de relevante valor social e, logo em seguida, por injusta provocação da vítima?). 
Imediatamente suscitado ao magistrado, acerca da ausência do quesito absolutório, este informou 
que a confissão da autoria e a certeza da materialidade dispensariam a realização do quesito. Ainda, 
você fez constar em ata a irresignação tocante à inversão da ordem dos quesitos. 
Ao final, o Conselho de Sentença decidiu, por 7 votos a 0, favoravelmente aos quesitos relacionados 
à materialidade do fato, à autoria e à aplicação das qualificadoras e, consequentemente, 7 votos a 0 
desfavoráveis às 3 teses defensivas (legítima defesa; decote das qualificadoras; homicídio 
privilegiado), tendo as partes assinado o termo de votação. 
Em seguida, foi proferida a sentença, a qual fixou a pena base em 26 anos de reclusão, tendo 
valorado negativamente as circunstâncias judiciais (art. 59, CP) relativas à culpabilidade, à conduta 
social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e às consequências do crime, bem 
como ao comportamento da vítima, sem fundamentar a razão de cada uma delas, reconhecendo o 
motivo fútil para qualificar o homicídio; na segunda fase, considerou a agravante atinente ao recurso 
que dificultou a defesa da vítima, prevista no art. 61, II, c), do CP, majorando a pena em ½, totalizando 
40 anos de reclusão, inicialmente em regime fechado. Disse que Paulo seria maior de 21 anos 
quando da prolação da sentença, bem como não ter confessado o crime. Com base no argumento 
de que o crime teria gerado elevado clamor social e que haveria risco de fuga, determinou a prisão 
imediata de Paulo Las Vegas, que foi recolhido ao presídio local logo após a leitura da sentença. 
Inconformado, ao final da audiência, você, defensor de Paulo, interpôs Recurso, o fazendo na própria 
ata, informando que os argumentos seriam apresentados na data legal. Assim, lavrada a ata, saíram 
as partes devidamente intimadas da sentença proferida na sessão de julgamento, realizada em 11 
de janeiro de 2013 (sexta-feira). 
 
 
 
 
OBS.: a peça processual a ser redigida deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam 
ser utilizados para dar respaldo à pretensão. Indispensável salientar que a simples menção ou 
transcrição do dispositivo legal não servirá como resposta completa. Ainda, a petição deverá ser 
datada do último dia do prazo legal, não sendo válida a interposição de Habeas Corpus. 
 
 
Descrita mais uma etapa referente ao processo a que Paulo Las Vegas responde, perante a Justiça 
do Estado do Amapá, em razão de supostamente ter tirado a vida de Lucas Califórnia, prefeito da 
cidade, por motivo fútil e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima, adentraremos ao estudo 
dos atos processuais posteriores ao trânsito em julgado da sentença de pronúncia. 
Obviamente, o objetivo não é esgotar a matéria, mas norteá-lo para que você confeccione uma boa 
peça prático-profissional, apresentando argumentos que, eventualmente, possam ser utilizados no 
caso informado e/ou em situações futuras. 
Inicialmente, o art. 422, do CPP, traz o momento processual destinado à acusação e defesa para 
que arrolem até 5 testemunhas (a serem inquiridas em plenário de júri), bem como juntem 
documentos e requeiram diligências. 
Sobre a juntada de documentos e exibição de objetos não juntados aos autos, o art. 479, do CPP, 
possibilita que as partes juntem objetos e documentos que serão exibidos em plenário com, no 
mínimo, 3 dias úteis à realização da sessão de julgamento, sob pena de violação dos princípios do 
contraditório e da ampla defesa (art. 5º, LV, Constituição Federal de 1988) e da nulidade dos atos 
subsequentes, cabendo à parte lesada suscitar a questão na forma do art. 571, VIII, do CPP. Sobre 
o assunto, ver REsp 1525053 RS 2015/0077061-61. 
Superada a fase do art. 422, do CPP, o magistrado deliberará acerca das testemunhas e diligências, 
confeccionando “um relatório sucinto do processo, determinando sua inclusão em pauta de reunião 
do Tribunal do Júri”, conforme o art. 423, II, do CPP (BRASIL, 1941, [s.p.]). 
Organizada a pauta de julgamento, o magistrado procederá ao sorteio dos 25 jurados que 
participação de reuniões periódicas ou extraordinárias, não podendo figurar como jurado as pessoas 
listadas no art. 449, do CPP, concedendo especial atenção ao inciso III, que trata do jurado que tenha 
manifestado prévia disposição para condenar ou absolver. 
 
1 Disponível em: https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/527283126/recurso-especial-resp-1525053-rs-2015-
0077061-6. Acesso em: 2 jan. 2020. 
Fundamentando! 
 
 
Importante instituto, que não deve ser desprezado por parte do profissional do Direito, refere-se ao 
chamado Desaforamento, que vem previsto nos arts. 427 e 428, do CPP, tendo sua conceituação 
prevista naquele primeiro artigo: 
Se o interesse da ordem pública o reclamar ou houver dúvida sobre a imparcialidade 
do júri ou a segurança pessoal do acusado, o Tribunal, a requerimento do Ministério 
Público, do assistente, do querelante ou do acusado ou mediante representação do 
juiz competente, poderá determinar o desaforamento do julgamento para outra 
comarca da mesma região, onde não existam aqueles motivos, preferindo-se as mais 
próximas. (BRASIL, 1941, [s.p.]) 
 
Acerca do momento para requerer o desaforamento, Oliveira (2019, p. 761) leciona que “não se 
admitirá o desaforamento na pendência de recurso contra a pronúncia e nem quando já realizado o 
julgamento, a não ser em relação a fato ocorrido durante ou após o julgamento então anulado”. 
Complementando, ainda acerca do momento para a interposição da medida, Távora e Alencar (2012, 
p. 1239) informam que “não existe um termo final para que seja feito o desaforamento. Presentes os 
motivos, pode haver o deslocamento do processo para a comarca mais próxima”. 
Imperioso ressaltar que, quando da confecção da peça prático-processual, o requerimento deve 
constar como questão prejudicial de mérito, ou seja, em preliminar à discussão do mérito, da mesma 
forma que qualquer outra nulidade ocorrida posteriormente à sentença de pronúncia. 
Acerca do número mínimo de jurados presentes para instalação da sessão de julgamento, o art. 463, 
do CPP, preceitua ser em número de 15, sendo que, não se fazendo presentes os jurados em 
quantidade mínima, será agendada data para a realização de nova sessão e sorteio de quantos 
jurados sejam necessários (art. 464, CPP). Do mínimo de 15 presentes e máximo de 25, sete deles 
serão sorteados para que componham o chamado Conselho de Sentença (art. 467, CPP), podendo 
tanto a defesa e quanto a acusação dispensarem,motivadamente, até 3 jurados cada uma (art. 468, 
CPP). Em caso de dispensa motivada, as partes poderão alegar uma das hipóteses apresentadas 
no art. 449, do CPP, como tratar-se de jurado tio da vítima. 
Iniciada a sessão de julgamento, as testemunhas serão inquiridas pelas partes, e o réu será 
interrogado (arts. 473 e 474, CPP), dando-se início aos debates orais (arts. 476 a 481, CPP), 
oportunidade na qual, nos termos do mencionado art. 479, “não será permitida a leitura de 
documentos ou exibição de objetos que não tiver sido juntado aos autos com a antecedência mínima 
de 3 dias úteis, dando-se ciência à outra parte” (BRASIL, 1941, [s.p.]). 
Ressalta-se que, sobre a utilização de algemas por parte do réu, a Súmula Vinculante nº 11, do STF, 
deixa claro tratar-se de exceção, devendo sua utilização ser devidamente fundamentada por parte 
do magistrado2, sob pena de ser declarada a nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, 
 
2 Disponível em: https://www.conjur.com.br/dl/algemas-acordao.pdf. Acesso em: 2 jan. 2020. 
 
valendo anotar tratar-se de nulidade relativa. Sobre o assunto, ver AgRg no Ag em REsp nº 
1.053.049/SP3. 
Finalizados os debates, passa-se à fase da quesitação ou questionário, a ser elaborado pelo 
magistrado presidente e respondido pelos jurados, tudo nos termos dos arts. 482 a 491, do CPP, 
devendo mencionado julgador togado observar as formalidades, sob pena de nulidade da quesitação 
e dos atos subsequentes, mediante imediata manifestação nos autos da parte lesada. 
Nos termos do que preconiza a Súmula 156, do STF, “é absoluta a nulidade do julgamento, pelo júri, 
por falta de quesito obrigatório” (BRASIL, 1963, [s.p.]), estando ele preconizado no art. 483, do CPP. 
Após as alterações legislativas, trazidas pela Lei nº 11.689/2008, que modificou o rito do Tribunal do 
Júri, o quesito genérico de absolvição (art. 483, III, CPP) não pode deixar de ser realizado, 
especialmente, sob o argumento de ser contraditório em relação ao reconhecimento da autoria e da 
materialidade do crime por parte do Conselho de Sentença. 
Outra observação importante refere-se à aplicação da Súmula 162, do STF, a qual informa ser 
“absoluta a nulidade do julgamento pelo júri, quando os quesitos da defesa não precedem aos das 
circunstâncias agravantes” (BRASIL, 1963, [s.p.]). 
Sobre o momento para que as nulidades sejam suscitadas, assim disse o Ministro Nefi Cordeiro, da 
6ª Turma do STJ, quando do julgamento do AgRg no REsp 1366851/MG, realizado em 4/10/2016, 
DJe 17/10/2016: 
Tratando-se de processo de competência do Tribunal do Júri, as nulidades 
posteriores à pronúncia devem ser arguidas depois de anunciado o julgamento e 
apregoadas as partes, e as do julgamento em plenário, em audiência, ou sessão do 
Tribunal, logo após sua ocorrência, sob pena de preclusão, consoante determina o 
art. 571, V e VIII, do Código de Processo Penal. (HC 149007/MT, Rel. Min. Gurgel de 
Faria, Dje de 21/5/2015) 
 
Após a votação dos quesitos, “será o termo a que se refere o art. 488 deste Código assinado pelo 
presidente, pelos jurados e pelas partes” (BRASIL, 1941, [s.p.]), conforme previsto no art. 491, do 
CPP, passando, assim, à prolação da sentença, a ser realizada pelo juiz presidente, conforme 
previsto nos arts. 491 e 492, do CPP, observando-se o critério trifásico de aplicação da pena, adotado 
pelo Código Penal, nos termos do art. 68. 
No que se refere ao mérito, mesmo não havendo por parte dos jurados (juízes leigos) a 
obrigatoriedade de fundamentar a decisão, ao contrário do que ocorre em relação à análise do mérito 
por parte de um juiz togado (sob pena de nulidade da decisão, nos termos do art. 93, IX, da 
 
3 Rcl 16.292 AgR, voto do rel. min. Celso de Mello, 2ª T, j. 15-3-2016, DJE 80 de 26-4-2016. Disponível em: 
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=10784746. Acesso em: 2 jan. 2020. 
 
Constituição Federal de 1988), o jurado deve julgar conforme sua própria convicção, dizendo, 
apenas, “sim” ou “não” aos quesitos apresentados. Ocorre que limitações existem, e, dentre elas, 
está o dever do jurado de decidir em conformidade com uma das versões existentes nos autos, não 
cabendo ao Tribunal revisor decidir se a versão x ou y é a mais adequada ao caso. Nesse sentido: 
As decisões do Júri não podem ser alteradas quanto ao mérito, mas podem ser 
anuladas quando se mostrarem contrárias a prova dos autos, assegurando-se a 
devolução dos autos ao Tribunal do Júri para que profira novo pronunciamento. A 
soberania dos veredictos, prevista no art. 5, inc. XXXVIII, c, da Constituição Federal, 
não exclui a recorribilidade de suas decisões, como proclama o Supremo Tribunal 
Federal. (HC 72.783, Rel. Min. Ilmar Galvão, DJ 15.3.1996, em RExt 2743362, Rel. 
Min Cármen Lúcia4). 
 
Assim, sendo a versão aceita pelos jurados completamente divorciada das provas dos autos, ela 
deve ser anulada, submetendo o feito a novo julgamento perante o Conselho de Sentença, tendo em 
vista a competência do júri para julgamento de crimes dolosos contra a vida e o princípio, não 
intocável, da soberania dos veredictos. Nesse sentido, ver HC 107906/SP, Min. Rel. Celso de Mello5, 
para o qual: 
Embora ampla a liberdade de julgar reconhecida aos jurados, estes somente podem 
decidir com apoio nos elementos probatórios produzidos nos autos, a significar que, 
havendo duas ou mais teses ou versões, cada qual apoiada em elementos próprios 
de informação existentes no processo, torna-se lícito ao Conselho de Sentença, 
presente esse contexto, optar por qualquer delas, sem que se possa imputar a essa 
decisão dos jurados a ocorrência de contrariedade manifesta à prova dos autos. 
 
Acerca do crime previsto no art. 121, do CP, também já foi falado em seções anteriores acerca de 
sua estrutura, inclusive, especificando cada uma das qualificadoras. Ponto até então não explorado, 
refere-se ao chamado homicídio privilegiado, inserido no § 1º do art. 121, o qual dispõe que “se o 
agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de 
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de 1/6 
(um sexto) a 1/3 (um terço)” (BRASIL, 1940, [s.p.]). Sobre tal minorante, ou causa de diminuição de 
pena, importante destrinchar cada um de seus elementos: 
Relevante valor social e moral: para Romano (2015, [s.p.]), “observe-se que o motivo de valor 
social é aquele que atende aos interesses ou fins da vida coletiva. O valor moral do motivo se afere 
segundo os princípios éticos dominantes que são aprovados pela moralidade média, que se extraem 
dos princípios éticos próprios da sociedade presente”, enquanto o valor social refere-se à comoção 
da sociedade acerca de fato praticado pela vítima, por exemplo, o estupro de uma criança. 
 
4 Disponível em: 
https://www.google.com/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=2&ved=2ahUKEwjPvaauhNTkAhV5JLk
GHTSfDwsQFjABegQIARAC&url=http%3A%2F%2Fwww.stf.jus.br%2Fportal%2Fprocesso%2FverProcessoT
exto.asp%3Fid%3D2743362%26tipoApp%3DRTF&usg=AOvVaw344xBj2ZOwqETka_Sl2Sag. Acesso em: 2 
jan. 2020. 
5 Disponível em: http://portal.stf.jus.br/processos/downloadPeca.asp?id=15328030554&ext=.pdf. Acesso em: 
2 jan. 2020. 
 
Domínio de violenta emoção: a violenta emoção é caracterizada como uma perturbação violenta, 
incontrolável, irracional, relacionada, geralmente, ao aspecto da afetividade. 
Logo em seguida, a injusta provocação da vítima: no calor do momento, não havendo que se 
falar em homicídio privilegiado se o autor se afastou, esfriou a cabeça, foi contido por terceiros e teve 
tempo para pensar acerca das consequências de seus atos. 
Vale informar que o relevante valor social ou moral pode ser acompanhado da violenta emoção. 
Acerca da aplicaçãoda pena, a primeira fase cuida das circunstâncias judiciais, previstas no art. 59, 
do CP, que tratam de um critério para nortear a fixação da pena base, devendo incidir sobre o mínimo 
da pena qualificada (se presente a qualificadora), a depender da capitulação, enquanto, na segunda 
fase, são aplicadas as circunstâncias atenuantes e agravantes, previstas, respectivamente, nos arts. 
61, 62 e 65, 66, todos do CP. As agravantes e atenuantes previstas nos artigos citados são chamadas 
de genéricas, tendo em vista serem aplicáveis a qualquer crime. Por fim, na terceira fase, estão as 
causas de aumento e diminuição de pena, também chamadas de majorantes e minorantes, 
possuindo quantidades fixas (ex.: 1/3, 2/3). 
 
 
 
 
 
 
 
 
Importante ressaltar que as qualificadoras não devem ser confundidas com as majorantes (causa de 
aumento de pena), tendo em vista o fato de aquelas serem tidas como “verdadeiros tipos legais” 
(BITENCOURT, 2009), impondo novos limites, mínimos e máximos de pena, incidindo as etapas 1, 
2 e 3 sobre a pena base prevista na qualificadora, ou seja, no caso do homicídio, as etapas devem 
incidir sobre a pena mínima de 12 anos e máxima de 30 anos (qualificado). 
Para facilitar a fixação das diferenças entre majorantes e minorantes das agravantes e atenuantes, 
segue quadro explicativo: 
 
 
 
Quando da existência de duas qualificadoras do delito de homicídio, uma deve ser usada para 
qualificar o crime, e outra, como circunstância agravante. Nesse sentido, leia o REsp nº 
1.733.061-GO. 
Disponível em: 
http://www.mpgo.mp.br/portal/arquivos/2018/06/18/14_15_22_844_15.06.18_MP_Hylden_Meze
t_Coelho._RESP_1.733.061_PROVIDO._QUALIFICADORA_HOMIC%C3%8DDIO_DOSIMETR
IA.pdf. Acesso em: 2 jan. 2020. 
 
 PONTO DE ATENÇÃO 
http://www.mpgo.mp.br/portal/arquivos/2018/06/18/14_15_22_844_15.06.18_MP_Hylden_Mezet_Coelho._RESP_1.733.061_PROVIDO._QUALIFICADORA_HOMIC%C3%8DDIO_DOSIMETRIA.pdf
http://www.mpgo.mp.br/portal/arquivos/2018/06/18/14_15_22_844_15.06.18_MP_Hylden_Mezet_Coelho._RESP_1.733.061_PROVIDO._QUALIFICADORA_HOMIC%C3%8DDIO_DOSIMETRIA.pdf
http://www.mpgo.mp.br/portal/arquivos/2018/06/18/14_15_22_844_15.06.18_MP_Hylden_Mezet_Coelho._RESP_1.733.061_PROVIDO._QUALIFICADORA_HOMIC%C3%8DDIO_DOSIMETRIA.pdf
 
Quadro 1 | Resumo: diferença entre minorante e majorantes das agravantes e atenuantes 
 
AGRAVANTE E ATENUANTE 
CAUSA DE AUMENTO E 
DIMINUIÇÃO OU MAJORANTE 
E MINORANTE 
Posição no Código Penal Arts. 61,62, 65 e 66. Em cada tipo penal, bem como na 
parte geral do código. 
Quantum de variação na pena Não há fixação determinada em 
lei. 
Determina a quantidade mínima e 
máxima, ou fixa variação da pena. 
Limite de incidência Não podem ir para aquém do 
mínimo (Súmula 231, STJ) nem 
superar seu máximo legal. 
As minorantes podem ir para 
aquém do mínimo, enquanto as 
majorantes não podem superar o 
máximo legal. 
Fonte: elaborado pelo autor. 
 
 
Sobre as circunstâncias judiciais, preconizadas no art. 59, do CP, é importante traçar uma breve 
explicação acerca de cada uma delas: 
Culpabilidade: consoante Bitencourt (2009, p. 627), “impõe-se que se examine aqui a maior ou 
menor censurabilidade do comportamento do agente, a maior ou menor reprovabilidade da conduta 
praticada, não se esquecendo, porém, a realidade concreta em que ocorreu, especialmente a maior 
ou menor exigibilidade de outra conduta”. 
Antecedentes: são considerados negativamente ou positivamente, sendo que sua valoração 
negativa refere-se ao fato não utilizado no campo da reincidência, por exemplo, a existência de duas 
condenações pela prática de delito (crime ou contravenção), transitadas em julgado quando 
da prática do novo crime, prestando-se uma delas para os antecedentes, e a outra, para a 
reincidência (quando a prática for de crime, agravante, de acordo com o art. 61, I, CP), desde que 
ambas não tenham sido integralmente cumpridas há mais de 5 anos, nos termos do art. 64, I, do CP 
(período depurador), entendimento firmado nas duas turmas do STF6, mas ainda não pacificado, 
tendo em vista o fato de que o mesmo Supremo Tribunal, no julgamento do RE 593.818, ainda em 
andamento, por 5 votos a 1, possuir, por ora, maioria de votos no sentido da não aplicação do art. 
64, I, do CP, tendo em vista sua aplicação exclusivamente para a reincidência, mesmo 
posicionamento já consolidado no STJ. 
Assim, resumindo, havendo condenações transitadas em julgado, uma pela prática de contravenção 
e a outra por crime, ou as duas por crimes, quando da prática de novo crime, deverá ser considerado 
o mal antecedente, consubstanciado na prática da contravenção ou do crime pretérito, bem como a 
 
6 RHC 168947. Número Único: 0046819-11.2018.3.00.0000. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. 
Origem: MS - MATO GROSSO DO SUL. Relator: MIN. GILMAR MENDES. DJE 19/03/2019. Disponível em: 
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5651993. Acesso em: 2 jan. 2020. 
 
reincidência, tendo em vista a reiteração criminosa após o trânsito em julgado de sentença penal 
condenatória pela prática de crime. 
Conduta social: para Bitencourt (2009, p. 629), “deve-se analisar o conjunto do comportamento do 
agente em seu meio social, na família, na sociedade, na empresa, na associação de bairro etc”. 
Personalidade: é tida como a índole do agente, devendo ser entendida como “síntese das 
qualidades morais e sociais do indivíduo” (BITENCOURT, 2009, p. 629). Geralmente, tal 
circunstância deixa de ser valorada negativamente, especialmente, em razão da ausência de 
formação em psicologia por parte do magistrado e inexistência de avaliação psicológica do réu. 
Motivos da infração penal: trata-se da motivação que tenha levado o delinquente a agir, podendo 
ser mais ou menos reprovável, a depender da qualidade das razões do crime. Importante ressaltar 
que não se valora negativamente a circunstância quando a motivação integrar o próprio tipo penal, 
por exemplo, a prática de homicídio, qualificado pelo motivo torpe. 
Circunstâncias do fato: salvo se já não constitutivas do tipo penal, as condições em que o crime foi 
praticado devem ser consideradas aqui (BITENCOURT, 2009). Assim, é mais censurável a conduta 
do sujeito que mata dentro da igreja lotada do que a daquele que tira a vida de alguém no meio do 
mato. 
Consequências do crime: também devem ser valoradas negativamente as consequências que já 
não façam parte do próprio tipo penal, como o crime de homicídio, no qual a morte, ou seja, a perda 
de um ente querido já é a consequência, mas, ainda no mesmo exemplo, pode-se valorar 
negativamente em razão de a vida perdida referir-se à do pai de dez filhos menores de idade, 
dependentes economicamente dele. 
Comportamento da vítima: refere-se ao comportamento da vítima, devendo ser analisado se ela 
deu ou não ensejo à prática do crime, sequer de forma mínima ou se em absolutamente nada 
contribuiu. 
Sobre o quantum de aumento em caso de valoração negativa de alguma circunstância judicial, o STF 
recentemente reafirmou seu entendimento, no sentido de que o aumento em 1/6 para cada 
circunstância judicial negativa seria válido, tendo em vista a inexistência de parâmetro legal diverso. 
Sobre o assunto, ver AgRg no HC 471.847/MS, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA 
TURMA, julgado em 28/03/2019, DJe 09/04/20197. Ainda, vale a leitura dos ED na AP 644/MT, STF8. 
 
7 Disponível em: 
https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ATC&sequencial=92471343&num_
registro=201802560489&data=20190409&tipo=51&formato=PDF. Acesso em: 2 jan. 2020. 
8 Disponível em: http://portal.stf.jus.br/processos/downloadPeca.asp?id=15339563599&ext=.pdf. Acesso em: 
2 jan. 2020. 
 
Acerca das agravantes e atenuantes, conforme explanado pelo Ministro Teori Zavascki, quandodo 
julgamento do HC 127.382/MG9, datado de 5/5/2015: 
Por não haver o Código Penal estabelecido quantidade de aumento das agravantes 
genéricas, a doutrina e a jurisprudência têm entendido, com certa uniformidade, que 
a elevação deve ser equivalente em até um sexto da pena-base. Precedentes que 
chancelaram a aplicação de fração superior a um sexto, vale registrar, levaram em 
consideração a existência de específica fundamentação lastreada nas especiais 
circunstâncias da causa penal. 
 
Ainda sobre as agravantes e atenuantes, importante ficar atento acerca da possibilidade de aplicação 
do instituto da “confissão qualificada” (art. 65, III, d), CP), que nada mais representa do que aquela 
confissão na qual o réu admite a prática do fato, no entanto, em sua defesa, defende teses 
descriminantes ou exculpantes, como excludentes de ilicitude ou culpabilidade. Sobre o assunto, ver 
STF, HC 99.436/RS, de lavra da Min. Cármen Lúcia10. 
Outro ponto fulcral, desta feita sobre atenuantes, refere-se àquelas relacionadas à menoridade e 
maioridade, previstas no art. 65, I, do CP, devendo ser reduzida a pena se o réu era menor de 21 
anos À ÉPOCA DO FATO A ELE IMPUTADO, ou maior de 70 anos QUANDO DA PROLAÇÃO DA 
SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA. 
Ao prolatar a sentença condenatória, o magistrado pode decretar a prisão preventiva do réu, fazendo-
se presentes alguma das circunstâncias inseridas no art. 312, do CPP. Sobre o tema, vale conceder 
especial atenção ao princípio da contemporaneidade, para o qual se exige contemporaneidade dos 
fatos lançados na decisão como fundamentos ensejadores da medida decretada, no caso, a prisão 
preventiva, princípio muito bem apresentado quando do julgamento do HC nº 509.030/RJ STJ11 e 
HC nº 154.438/MT12 STF. 
Superada as matérias citadas, passa-se à discussão das medidas judiciais aplicáveis ou não ao caso 
proposto, quando serão apresentados o Recurso de Apelação, o Recurso em Sentido Estrito e a 
Revisão Criminal. 
Caberá Recurso de Apelação nas hipóteses previstas no art. 593, do CPP, não se tratando de rol 
taxativo, como no caso do Recurso em Sentido Estrito (art. 581, CPP). Assim, a Apelação acaba por 
ser tratada como uma via recursal subsidiária (TÁVORA; ALENCAR, 2016). 
 
9 Disponível em: http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=8511121. Acesso em: 2 
jan. 2020. 
10 Disponível em: http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=617642. Acesso em: 2 
jan. 2020. 
11 Disponível em: 
Https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ATC&sequencial=95678054&num_
registro=201901287822&data=20190530&tipo=5&formato=PDF. Acesso em: 2 jan. 2020. 
12 Disponível em: https://www.migalhas.com.br/arquivos/2018/6/art20180615-09.pdf. Acesso em: 2 jan. 2020. 
 
Sua interposição se dá por forma escrita ou por termo, a constar na ata de audiência ou lançado na 
última página dos autos (art. 578, CPP), devendo ocorrer, naquele prazo, em no máximo 5 dias (art. 
593, CPP), por meio de simples petição ou já com a juntada das razões recursais. Não querendo 
proceder à juntada das razões recursais junto ao termo de interposição, o art. 600, do CPP, prevê 
prazo de 8 dias para a realização de mencionado ato, a contar da assinatura do termo de Apelação 
(nos autos ou exarado em ata de audiência), razões que devem ser endereçadas ao magistrado 
sentenciante com requerimento, para que junte as razões ao feito e encaminhe os autos à instância 
revisora (arts. 601 a 603, CPP), atentando-se para a preexistência de Câmara preventa. 
 
 
 
 
 
Sobre a súmula citada, há de se atentar para a correta indicação dos fundamentos utilizados para a 
interposição da Apelação, os quais se encontram, nos casos referentes ao Tribunal do Júri, no art. 
593, III e suas alíneas, do CPP. Sobre o assunto, ver RE 638.757 AgR, rel. min. Luiz Fux, 1ª T, j. 9-
4-2013, DJE 78 de 26-4-201313. 
Acerca do Recurso em Sentido Estrito, ele possui hipóteses taxativas de cabimento, especificadas 
no art. 581, do CPP. 
Távora e Alencar (2016, p. 1364) definem o Recurso em Sentido Estrito: 
(...) como a impugnação voluntária, manifestada pela parte interessada e prejudicada 
por decisão judicial criminal que se amolde a uma das situações dispostas no art. 
581, CPP, para fim de vê-la modificada pelo juiz de primeiro grau, em juízo de 
retratação, ou pelo tribunal ad quem, mediante julgamento pelo seu órgão com 
competência criminal, para tanto, subindo os autos principais ou mediante traslado, 
quando a lei assim o determinar. 
 
De forma sucinta, acerca do procedimento para interposição do informado recurso, como já 
mencionado na Seção 2, o art. 581 e seguintes, do CPP, o conceituam acerca do procedimento para 
interposição e apresentação das razões, sendo que o prazo para a parte manifestar o desejo em 
recorrer é de 5 dias após a publicação da decisão, conforme o art. 586, do CPP, podendo o 
interessado recorrer em ata de audiência, quando da prolação da decisão, ou manifestar-se nos 
próprios autos, dentro do prazo acima mencionado, oportunidades nas quais deverá apresentar 
razões recursais no período temporal fixado em lei. 
 
13 Disponível em: http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=3693292. Acesso em: 2 
jan. 2020. 
Súmula 713 
O efeito devolutivo da Apelação contra decisões do júri é adstrito aos fundamentos da 
sua interposição. (BRASIL, 2003, [s.p.]) 
PONTO DE ATENÇÃO 
 
Conforme previsto no art. 588, do CPP, o prazo para apresentação das razões recursais é de 2 dias, 
contados do dia em que houver a manifestação pelo recurso ou da intimação realizada pelo(a) 
escrivão(ã), sendo concedido igual período de tempo para a defesa oferecer as Contrarrazões, 
mesmo não tendo sido instaurada a relação processual, que se dá com a citação do acusado, nos 
termos do art. 363, do CPP. Vale frisar que as razões devem ser endereçadas ao órgão revisor, 
atentando-se para a prevenção, se preexistente. 
Acerca da Revisão Criminal, ela será cabível após o trânsito em julgado da sentença penal 
condenatória, em casos taxativos, previstos no art. 621, do CPP, notadamente quando “a sentença 
condenatória for contrária a texto expresso em lei penal ou à evidência dos autos”; “quando a 
sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou documentos comprovadamente 
falsos”; “quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condenado ou de 
circunstâncias que determine ou autorize diminuição especial de pena”, podendo ser requerida a 
qualquer tempo, antes da extinção da pena imposta em sentença (art. 622 do CPP) (BRASIL, 1941, 
[s.p.]). 
A Revisão Criminal será distribuída diretamente ao STF, quanto às condenações por ele proferidas, 
ou ao Tribunal Federal ou Estadual nos demais casos. Ex.: se condenado definitivamente pela 
Justiça Comum Estadual, a revisão será proposta perante o Tribunal de Justiça Estadual. 
 
 
 
Independentemente da medida por ventura escolhida, deve ser observada a soberania dos vereditos 
(art. 5º, XXXVIII, Constituição Federal de 1988) exarados por parte do Tribunal do Júri, o qual, 
conforme visto, deve ficar adstrito às teses existentes nos autos, não cabendo ao tribunal revisor 
analisar se a tese x ou y é ou não verdadeira, desde que, como mencionado, as duas estejam 
presentes nos autos. 
 
 
Apresentados os argumentos, preliminares e de mérito, qual é a peça cabível ao caso: Apelação, 
Recurso em Sentido Estrito ou Revisão Criminal? 
Inicialmente, deve-se observar o endereçamento, local para onde será encaminhada sua peça. 
Assim, é indispensável averiguar, com atenção, a autoridade judiciária competente, atentando-se 
para as prevenções, por ventura, existentes, bem como fazer um breve relato dos fatos, expor as 
Vamos peticionar! 
Como informado, não há prazo, sendo necessárioo trânsito em julgado, bem como não 
ter findado o cumprimento da pena. 
PONTO DE ATENÇÃO 
 
razões de Direito e apresentar os requerimentos. Ainda, lembre-se de informar acerca da juntada de 
documentos, mencionando-os, bem como atentar-se para os pressupostos recursais específicos. 
Se for o caso, não deixe de solicitar o traslado de peças (Recurso em Sentido Estrito), bem como 
datar e assinar, sem efetuar qualquer identificação, sob pena de anulação da sua peça. Quando for 
datar e assinar, faça da seguinte forma: 
Local e data. 
Nome e assinatura do advogado. 
Nº da OAB. 
 
 
Referências 
 
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal - volume 1: parte geral. 14. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2009. 
 
BRASIL. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Brasília, DF: Presidência 
da República, [2020]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-
lei/del2848compilado.htm. Acesso em: 2 jan. 2020. 
 
BRASIL. Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código de Processo Penal. Brasília, DF: 
Presidência da República, [2020]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-
lei/Del3689Compilado.htm. Acesso em: 2 jan. 2020. 
 
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Súmula 156, de 13 de dezembro de 1963. É absoluta a 
nulidade do julgamento, pelo júri, por falta de quesito obrigatório. Brasília, DF: STF, [2020]. Disponível 
em: http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumarioSumulas.asp?sumula=2745. Acesso 
em: 2 jan. 2020. 
 
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Súmula 162, de 13 de dezembro de 1963. É absoluta a 
nulidade do julgamento pelo júri, quando os quesitos da defesa não precedem aos das circunstâncias 
agravantes. Brasília, DF: STF, [2020]. Disponível em: 
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumarioSumulas.asp?sumula=2749. Acesso em: 2 
jan. 2020. 
 
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 
DF: Presidência da República, [2020]. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 2 jan. 2020. 
 
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Súmula 707, de 13 de outubro de 2003. Constitui nulidade a 
falta de intimação do denunciado para oferecer contra-razões ao recurso interposto da rejeição da 
denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo. Brasília, DF: STF, [2020]. Disponível em: 
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumarioSumulas.asp?sumula=2641. Acesso em: 2 
jan. 2020. 
 
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Súmula 713, de 13 de outubro de 2003. O efeito devolutivo da 
apelação contra decisões do júri é adstrito aos fundamentos da sua interposição. Brasília, DF: STF, 
[2020]. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689Compilado.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689Compilado.htm
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumarioSumulas.asp?sumula=2745
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumarioSumulas.asp?sumula=2749
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumarioSumulas.asp?sumula=2641
 
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumarioSumulas.asp?sumula=2580. Acesso em: 2 
jan. 2020. 
 
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Súmula Vinculante nº 11, de 22 de agosto de 2008. Só é lícito 
o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade 
física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, 
sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da 
prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado. 
Brasília, DF: STF, [2020]. Disponível em: 
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumario.asp?sumula=1220. Acesso em: 2 jan. 2020. 
 
OLIVEIRA, Eugênio Pacelli. Curso de processo penal. 23. ed. São Paulo: Atlas, 2019. 
 
ROMANO, Rogério Tadeu. O homicídio privilegiado. Jus.com.br., 2015. Disponível em: 
https://jus.com.br/artigos/43833/o-homicidio-privilegiado. Acesso em: 2 jan. 2020. 
 
TÁVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Curso de processo penal. 11. ed. Salvador: 
JusPodivm, 2016. 
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumario.asp?sumula=1220

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