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RESUMÃO Processo Penal II

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1. Competência – Art. 69 a 91, CPP
CPP - TÍTULO V; DA COMPETÊNCIA
Art. 69. Determinará a competência jurisdicional:
I - o lugar da infração:
II - o domicílio ou residência do réu;
III - a natureza da infração;
IV - a distribuição;
V - a conexão ou continência;
VI - a prevenção;
VII - a prerrogativa de função.
Por imposição constitucional é necessário saber a competência, obedecendo ao princípio do juiz natural.
CF - Art. 5º - XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
Se uma investigação ou processo começam a tramitar perante uma autoridade judiciária, e posteriormente, ainda que no último grau de jurisdição, for reconhecido ser este juízo incompetente, anula-se todo o procedimento, e em decorrência disso corre-se o risco de haver a prescrição. Tudo que for estudado sobre competência é destinado a responder a pergunta de, qual é o juízo competente, e para tanto há três variáveis básicas que podem se desdobrar em outras, sendo elas a competência definida em razão da pessoa, matéria e território.
A. Competência em razão da pessoa
A competência em razão da pessoa do réu ou investigado refere-se ao foro privilegiado/por prerrogativa de função, que em razão de ocupar determinado cargo ou função responde criminalmente perante o tribunal, logo, ao invés da instância originária do processo ser a 1º, será o tribunal da 2º ou superior. Conforme decisão tomada pelo STF em controle concentrado de constitucionalidade, as disposições sobre competência originária de prerrogativa de função somente serão encontradas na Constituição Federal ou as Estaduais, ou seja, lei ordinária não o faz. Para tanto, se faz necessário entender a organização do poder judiciário que tem competência comum, o que excluí a justiça militar:
Exemplo: Senador tem competência por prerrogativa de função no STF conforme estabelecido na CF; Prefeito em Tribunal de 2º instância. 
CF - Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República; (...)
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente;
 
A CF, na alínea C ao dizer “nas infrações penais comuns” está se referindo a crimes, ou seja, fatos definidos em lei como tipos ilícitos culpáveis a que a lei comina pena criminal (qualquer espécie de crime), já a previsão “nos crimes de responsabilidade” no processo penal a alínea b e c não tem diferenciação, pois esta se encontra no campo do direito político-administrativo, isso porque as autoridades da alínea B não são julgadas pelo STF nos crimes de responsabilidades, e sim, são sancionadas com o impeachment, em que o Presidente da República, o Vice-Presidente, os Ministros do STF nestes casos são sujeitos a julgamento pelo Congresso Nacional, e os Membros do Congresso Nacional pela respectiva casa. 
Exemplo: Dilma Rousseff teve seu mandado cassado pelo CN e Eduardo Cunha pela Câmara dos Deputados, ambos acusados por infrações político-administrativas, conforme as respectivas funções, Presidente da República e Deputado Federal, já as infrações penais que se lhes atribuiu estão sendo processadas perante o Poder Judiciário.
Portanto, em qualquer circunstância que uma investigação ou processo penal envolver como investigado ou réu qualquer dessas autoridades mencionadas nas alíneas b e c do art. 102, CF, o juízo competente é o STF.
CF - Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
I - processar e julgar, originariamente:
a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais;
Observa-se o dispositivo acima o mesmo que havia sido citado anteriormente, em que os Governadores dos Estados e do Distrito Federal irão responder perante o Poder Judiciário, no caso o STJ, apenas por infrações penais, logo, crimes de responsabilidade/infrações político-administrativas o julgamento compete à respectiva Assembléia Legislativa.
CF - Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais:
I - processar e julgar, originariamente:
a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do Ministério Público da União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;
CF - Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos:
(...) X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça;
CF - Art. 96. Compete privativamente:
III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais e do Distrito Federal e Territórios, bem como os membros do Ministério Público, nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral.
A competência por prerrogativa de função não se estabelece em razão da pessoa, mas sim da função que exerce, logo, não importa a natureza do crime pelo qual a pessoa é investigada ou processada, se tem ou não relação com o exercício da função, ressalvada a competência em razão da matéria. Se for um crime praticado no exercício da função ou não, antes ou depois da pessoa estar investida na função, é irrelevante para fixação da competência por prerrogativa de função. 
Exemplo: Eduardo é Prefeito de Nova Monte/MG, logo, tem competência originária no TJMG conforme estabelecido no art. 29, X, CF. Eduardo recebeu dinheiro da secretaria do Estado para reformar a praça da cidade, contudo, sumiu com o dinheiro. Nesta situação, Eduardo responde perante o TJMG, e não porque praticou o ato na condição de Prefeito, e sim por exercer o cargo.
Afonso é Prefeito de Paracatu/MG, e espancou sua esposa por tê-la encontrado na cama com outra pessoa. Nesta situação Afonso responderá perante o TJMG devido o cargo que ocupa.
Vinicius, sem a autorização do órgão ambiental competente, desmatou uma área de preservação ambiental próxima a sua fazenda em Santana dos Montes/MG. Vinicius irá responder pelo crime ambiental perante o juízo de 1º instância/Juiz de Direito. Passado um ano do processo em andamento, Vinicius foi eleito a Prefeito, de forma que em razão de sua função o processo será remetido ao TJMG, que passa a ser o foro competente. Passados dois anos Vinicius foi eleito a Deputado Federal, ao ser diplomado seu processo foi remetido ao STF. Observa-se que o crime continua sendo o mesmo, e o que mudou foi à função de Vinicius. Ao findar o mandato de Deputa Federal, o processo de Vinicius que ainda não tinha finalizado foi remetido para a 1º instância, ou seja, a competência por prerrogativa de função se inicia independentemente de quando o crime ocorreu, mas sim quando está investido no exercício da função e termina com o fim desta.
Matilde é Deputada Federal e está sendo processada perante o STF por ser membro do Congresso Nacional. Ao se aproximar o julgamento, Matilde decidiu renunciar a seu mandato, com isso o processo é remetido em 1º instância.
Exemplo fático: a renuncia ao mandato de Deputa Federal dois dias antes da data de julgamento do STF em facede Natan Donadon, foi o único caso até o presente momento em que, embora não tenha sido uma decisão unânime, o STF decidiu por maioria que a renúncia foi feita com a finalidade exclusiva de subtrair-se a competência do STF, pois a ninguém é dado beneficiar-se da própria torpeza, de forma que foi decidido pela competência do STF prosseguindo-se com o julgamento. Chegou-se a discutir a adoção de um critério objetivo sobre a partir de até qual momento a renúncia modificaria a competência, já que esta é um ato de vontade (não se trata da extinção do mandato por qualquer outro motivo, mas sim, somente a renúncia), porém não se chegou ao consenso de uma maioria.
Não muito tempo depois, surgiu o caso do Deputado Federal Eduardo Azeredo, que renunciou com um tempo maior de espaço antes da data do julgamento. Novamente o STF tentou adotar o critério objetivo, mas, não se chegou a nenhuma conclusão, de forma que no caso de Eduardo Azeredo, como a renúncia foi feita em uma fase muito anterior a data de julgamento, não teve como desconsiderar a renúncia, sendo o processo remetido a 1º instância.
CAPTÍTULO VII; DA COMPETÊNCIA PELA PRERROGATIVA DE FUNÇÃO
Art. 84. A competência pela prerrogativa de função é do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça, dos Tribunais Regionais Federais e Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, relativamente às pessoas que devam responder perante eles por crimes comuns e de responsabilidade.
Art. 85. Nos processos por crime contra a honra, em que forem querelantes as pessoas que a Constituição sujeita à jurisdição do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais de Apelação, àquele ou a estes caberá o julgamento, quando oposta e admitida a exceção da verdade. (André Myssior acha desnecessário estudar este dispositivo para aulas)
Art. 86. Ao Supremo Tribunal Federal competirá, privativamente, processar e julgar:
I - os seus ministros, nos crimes comuns;
II - os ministros de Estado, salvo nos crimes conexos com os do Presidente da República;
III - o procurador-geral da República, os desembargadores dos Tribunais de Apelação, os ministros do Tribunal de Contas e os embaixadores e ministros diplomáticos, nos crimes comuns e de responsabilidade.
Art. 87. Competirá, originariamente, aos Tribunais de Apelação o julgamento dos governadores ou interventores nos Estados ou Territórios, e prefeito do Distrito Federal, seus respectivos secretários e chefes de Polícia, juízes de instância inferior e órgãos do Ministério Público.
Os artigos, 84, 86 e 97, CPP: somente encontra disposições/definições sobre competência de prerrogativa de função nas Constituições Federal e Estadual, e como foi vistos, esta não pode ser matéria de lei ordinária. Portanto, os artigos 84, 86 e 97, CPP ou não tem efeito por apenas repetir o que está na Constituição ou não foi recepcionado por ela, logo, devem ser desconsiderados, pois não tem razão de ser.
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09/02
B. Competência em razão da matéria
A competência em razão da matéria é tratada nos seguintes aspectos, a competência material propriamente dita, que é a Justiça Eleitoral, Federal e Estadual/Comum, e sempre vai do mais ao menos específico, sendo estas que foram citadas respectivamente.
I. Justiça Eleitoral
O que compete a Justiça Eleitoral são crimes eleitorais definidos em lei, como código eleitoral e outras leis eleitorais esparsas, do contrário não serão de competência desta.
Exemplo: Jair matou o candidato adversário. O crime de homicídio não está definido em lei como crime eleitoral, portanto não compete a Justiça Eleitoral.
II. Justiça Eleitoral
A Justiça Federal é competente nas circunstâncias previstas no art. 109, CF (a partir do IV refere-se ao Direito Penal). A previsão do IV “ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral” refere-se que estas são especializadas em relação à Justiça Federal. A previsão “infrações penais praticadas em detrimento de bens” refere-se a quando há interesse direto da União no fato criminoso.
CF - Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;
II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no País;
III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo internacional;
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;
V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;
V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo;
I - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira;
VII - os habeas corpus, em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição;
VIII - os mandados de segurança e os habeas data contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais;
IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar;
X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização;
XI - a disputa sobre direitos indígenas.
§ 1º As causas em que a União for autora serão aforadas na seção judiciária onde tiver domicílio a outra parte.
§ 2º As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal.
§ 3º Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual.
§ 4º Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será sempre para o Tribunal Regional Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau.
§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal.
Exemplo: Luana é Prefeita de Matozinhos/MG, nesta condição celebrou convênio com o Ministério da Educação que liberou R$ 1.000.000,00 na conta do Município para adquirir merenda escolar, mas, Luana simulou licitação embolsando este dinheiro. Embora o crime de peculato praticado por Luana foi realizado em detrimento ao patrimônio do Município, a União que repassou o dinheiro tem interesse legítimo em tomar ciência de como e onde Luana gastou o dinheiro, tanto é assim que a Prefeitura é obrigada a prestar contas. A competência da Justiça Federal neste caso se justifica não pela lesão ao patrimônio da União, mas sim, em virtude de seu interesse em ter a verba que destinou devidamente aplicada.
O juízo competente para processar e julgar o crime de peculato cometidopor Luana é, em razão da matéria a Justiça Federal, e em razão da pessoa é o Tribunal de 2º instância, neste caso o TRF.
Súmula 208 STJ - Compete à Justiça Federal processar e julgar Prefeito Municipal por desvio de verba sujeita a prestação de contas perante órgão federal.
Súmula 209 STJ - Compete à Justiça Estadual processar e julgar Prefeito por desvio de verba transferida e incorporada ao patrimônio municipal.
A diferença das súmulas 208 e 209 do STJ estão na obrigação decorrentes de lei ou convênio, do Prefeito prestar contas a União ou não.
Exemplo: se a verba é apenas transferida, como o FPM – Fundo de Participação dos Municípios, o dinheiro sai da União e destina-se ao Município, porém este recebimento não é sujeito a prestação de contas, logo, se o Prefeito roubou dinheiro do FPM à competência é da Justiça Estadual.
Mas se o Prefeito roubou dinheiro sujeito à prestação de contas a competência é da Justiça Federal.
Em ambos os casos não há lesão ao patrimônio da União, mas sim o crime é praticado em detrimento ao interesse da União.
III. Justiça Estadual
Não se tratando de crime eleitoral, e a situação não estiver prevista no art. 109, CF, a competência da será da Justiça Estadual que é residual.
Exemplo: Douglas é Prefeito de Lavras/MG, e ao disputar a reeleição ofereceu aos eleitores em troca do voto determinado valor. O crime em questão refere-se à corrupção eleitoral, conforme definido no art. 299, Código eleitoral, portanto o juízo competente neste caso é, a competência em razão da matéria a Justiça Eleitoral, e em razão da pessoa o Tribunal de 2º instância, logo, o TRE.
IV. Tribunal do júri
CF - Art. 5º - XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: 
(...) d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; 
Observações de Direito Penal
São definidos como crimes dolosos contra a vida, inclusive os tentados, estes e os que lhe forem conexos são de competência do tribunal do Júri:
Homicídio doloso (art.121 CP); Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio (art.122 CP); Infanticídio (art. 123 CP); e Aborto (art. 124 a 128 CP).
CP - PARTE ESPECIAL; TÍTULO I; DOS CRIMES CONTRA A PESSOA; CAPÍTULO I; DOS CRIMES CONTRA A VIDA
Homicídio simples
Art. 121. Matar alguem:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Caso de diminuição de pena
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II - por motivo futil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Feminicídio 
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: 
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: 
I - violência doméstica e familiar; 
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. 
Pena - detenção, de um a três anos.
Homicídio culposo
§ 3º Se o homicídio é culposo:
Pena - detenção, de um a três anos.
Aumento de pena
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.
§ 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. 
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado: 
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; 
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com deficiência;
III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima. 
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio
Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.
Parágrafo único - A pena é duplicada:
Aumento de pena
I - se o crime é praticado por motivo egoístico;
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.
Infanticídio
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:
Pena - detenção, de dois a seis anos.
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: 
Pena - detenção, de um a três anos.
Aborto provocado por terceiro
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de três a dez anos.
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou debil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência
Forma qualificada
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:
Aborto necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
Exemplo: - Francisco matou o Policial Federal que estava na cama com sua esposa. Este crime não foi praticado em detrimento de bens e serviços interesse da União, logo, o juízo competente é do Tribunal do Júri Estadual.
 - Feliciano matou o Policial Federal que estava investigando sua empresa pelo crime de sonegação fiscal e lavagem de dinheiro. Este crime foi praticado em detrimento de serviços da União, tendo em vista que o Policial Federal foi morto no exercício e em razão de suas funções, logo, a competência é do Tribunal do Júri Federal.
 - O mesário no dia das eleições foi morto por Carlos, pois o impediu de realizar fraude nas eleições. Neste caso o juízo competente é o Tribunal do Júri Federal, tendo em vista que o mesário foi morto em razão e no exercício de suas funções (homicídio não é crime eleitoral, logo, não compete a Justiça Eleitoral), e a Justiça eleitoral é órgão da União.
Se a competência por prerrogativa de função é definida exclusivamente na Constituição do Estado prevalecerá à competência do Júri, isso porque a competência do Júri está prevista na ConstituiçãoFederal, aplicando-se o critério de hierarquia. Se a competência por prerrogativa de função está prevista na Constituição Federal, esta que prevalecerá, isso porque o critério aplicado é o de especialidade, considerando que a norma que prever a competência por prerrogativa de função é especial em relação a que prever a competência do Júri.
Exemplo: 
Constituição do Estado de MG - Art. 106 – Compete ao Tribunal de Justiça, além das atribuições previstas nesta Constituição:
I – processar e julgar originariamente, ressalvada a competência das justiças especializadas:
b) o Secretário de Estado, ressalvado o disposto no § 2º do art. 93, os Juízes do Tribunal de Justiça Militar, os Juízes de Direito, os membros do Ministério Público, o Comandante-Geral da Polícia Militar e o do Corpo de Bombeiros Militar, o Chefe da Polícia Civil e os Prefeitos Municipais, nos crimes comuns e nos de responsabilidade;
- O Secretário de Estado não tem competência por prerrogativa de função na Constituição Federal, logo, qualquer crime em que este for acusado o juízo competente é o TJMG, exceto os de competência do Júri que tem a previsão na Constituição Federal.
- Juízes de Direito está previsto o foro por prerrogativa de função no art. 96, III, CF, sendo o Tribunal de Justiça competente para tanto, logo, se este é acusado de praticar crime doloso contra vida, será julgado pelo Tribunal de Justiça.
- Conforme art. 29, X, CF, o Prefeito tem foro por prerrogativa de função no Tribunal de Justiça, logo, se ele é acusado de praticar crime doloso contra vida será julgado pelo Tribunal de Justiça, e não pelo Júri. Mas, se o Prefeito for acusado de praticar o crime doloso contra vida, em detrimento a bens e interesse da União, será julgado pelo Tribunal Regional Federal, e ao deixar de ser Prefeito o processo será remetido para o Tribunal do Júri Federal de 1º instância.
Para que se verifique a competência da Justiça Federal na forma do art. 109, V, CF, deve haver ao mesmo tempo duas circunstâncias, sendo elas que, o crime seja previsto em tratado ou convenção internacional cujo Brasil seja parte, e a transnacionalidade que é a execução iniciada no Brasil com o resultado ocorrendo ou projetado no estrangeiro e vice-versa (ação no estrangeiro, com resultado ocorrendo ou devesse ocorrer no Brasil). O que importa para definir a transnacionalidade como elemento necessário para a definição de competência da Justiça Federal é, onde começou e terminou a ação. A ação deve começar no exterior e terminar/ou dever terminar no Brasil, o mesmo poderá ocorrer ao contrário. Todavia, se a ação começar e terminar no Brasil a competência será da Justiça Estadual, pois neste caso o crime não será transnacional.
Exemplo: tráfico de drogas/entorpecentes, tráfico de armas, tráfico de órgãos são crimes previstos em tratado internacional cujo Brasil é parte.
- Francisco está vendendo maconha plantada pelo seu filho que mora em Igarapé/MG, logo, o crime de tráfico cometido por ele é de competência da Justiça Estadual.
- Augusto está vendendo cocaína no Brasil, da qual acaba de receber do seu fornecedor da Bolívia, sendo assim, está praticado o crime de tráfico ilícito de entorpecentes ao oferecer o consumo desta droga. O fato de o produto ser importado não significa que a competência será da Justiça Federal. Para saber qual a competência, verifica-se que a ação de Augusto iniciou no Brasil (receber cocaína) e concluída neste mesmo País (vender cocaína), portanto, o crime de tráfico praticado por ele não é transnacional, logo, a competência é da Justiça Estadual. A pessoa que buscou a cocaína na Bolívia para trazer ao Brasil, comete o crime transnacional, que é o de tráfico internacional de entorpecentes, pois, a execução foi iniciada no exterior e concluída no Brasil, logo, este caso a competência é da Justiça Federal. Portando, o que interessa não é a procedência do produto, mas sim, onde que a ação iniciou e terminou.
- Astolfo, ao embarcar no aeroporto de Confins/MG com voo previsto para Lisboa/Portugal, foi preso pela Polícia Federal, pois o funda de sua mala estava repleto de cocaína. Neste caso a competência é da Justiça Federal, pois, embora a ação tenha sido iniciada no Brasil onde Astolfo foi preso, o resultado estava projetado para o exterior.
- Lindalva recebeu em Betim/MG a maconha de seu fornecedor Alexandre, descoberta pela polícia, devido a ação ter sido iniciada no Brasil (consumada por ter em depósito), e finalizada no Brasil, a competência é da Justiça Estadual.
A competência do crime de sonegação fiscal irá depender de quem pertence o tributo sonegado, se for tributo federal o crime foi praticado em detrimento de bens e serviços da União, logo, a competência é da Justiça Federal; se for Estadual ou Municipal a competência será da Justiça Estadual.
Exemplo: contrabando é de competência da Justiça federal, pois o crime é praticado em detrimento a bens e serviços da União, vez que está sendo incutido o pagamento de impostos. Alexandre comprou um Notebook da Apple na Cidade do Leste/Paraguai, trazendo para o Brasil escondido em sua mala, logo, praticou o crime de “Contrabando ou Descaminho”, neste caso a competência é da Justiça Federal, vez que foi sonegado o pagamento de um tributo Federal.
- Martha sonegou ICMS, logo, a competência é da Justiça Estadual, pois, a criação deste tributo compete aos Estados e ao Distrito Federal.
- Ana Célia comprou uns recibos com um amigo médico, no intuito de sonegar IRPF, logo, a competência é da Justiça Federal, pois, o tributo pertence à União.
 - Francisco comprou um apartamento por R$ 500.000,00, mas, combinou com o vendedor de constar na escritura apenas o valor de R$ 350.000,00 para pagar menos ITBI, a competência será da Justiça Estadual, já que este tributo pertence ao Munícipio.
Curiosidades:
- Impostos Federais (recolhidos pela União): Imposto de Importação (II); Imposto de Exportação (IE); Imposto de Renda (IR); Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); Imposto sobre Operações Financeiras (IOF); Imposto sobre Propriedade Territorial Rural (ITR); Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF).
- Impostos Estaduais (recolhidos pelos Estados): Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS); Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA); Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD).
- Impostos Municipais (recolhidos pelos Municípios): Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS); Imposto sobre Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU); Imposto sobre Transmissão de Bens e Imóveis Inter vivos (ITBI).
Exemplo: Talita desconta o INSS na folha dos empregados de sua empresa, todavia, o repasse é direcionado para sua conta pessoal. Neste caso, trata-se do crime de apropriação indébita previdenciária, cuja competência é da Justiça Federal, pois, o Instituto Nacional de Segurança Social – INSS é autarquia Federal.
- Luan é Prefeito de Monte de Minas/MG, e desconta no contra-cheque dos servidores do Munícipio a parcela do Instituto de Previdência Municipal, todavia, o repasse é feito para sua conta pessoal. Neste caso, o Juízo competente é o Tribunal de Justiça, pois, há duas variáveis a serem analisados, o primeiro é o foro por prerrogativa de função que é de competência do Tribunal de 2º Instância no caso de Prefeito, e a matéria em que o Tributo pertence ao Município que é de competência Estadual.
A lei 7.492/86 define os crimes contra o sistema financeiro nacional, que de modo geral, entre os quais o art. 22 que trata do crime de evasão de divisas, em linhas gerais, pode-se dizer que é praticado em detrimento ao Banco Central, que é autarquia Federal, logo, a competência é da Justiça Federal.
Lei 7.492/86 - Art. 22. Efetuar operação de câmbio não autorizada, com o fim de promover evasão de divisas do País:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, a qualquer título, promove, sem autorização legal,a saída de moeda ou divisa para o exterior, ou nele mantiver depósitos não declarados à repartição federal competente.
A lei 9.613/98 dispõe sobre os crimes de "lavagem" ou ocultação de bens, em linhas gerais, o crime de lavagem de dinheiro consiste em dar uma aparente destinação lícita a dinheiro ou bens cuja origem é proveniente de qualquer crime, ou seja, qualquer operação feita para ocultar ou dissimular a origem criminosa do dinheiro ou bens, o configura. O juízo competente para julgar o crime de lavagem de dinheiro será definido pelo Juízo competente do crime antecedente, ou seja, aquele cujo proveito financeiro será objeto da lavagem, definirá a competência da Lavagem de dinheiro, até porque ambos serão julgados conjuntamente.
Exemplo: se o crime antecedente é de competência da Justiça Federal, a Lavagem também o é; se da Justiça Estadual o de lavagem também o é.
- Antônio recebeu R$ 1.000.000,00 proveniente de sua lucratividade com tráfico de drogas em Rio Acima/MG, e para utilizar o dinheiro sem gerar suspeitas, precisou simular uma origem lícita deste, para tanto, Amélia celebrou com ele contrato de empréstimo que diz que ela emprestou este valor. Desta forma, Antônio poderá declarar que esta quantia são provenientes deste contrato de empréstimo entre ele e Amélia. Este empréstimo simulado é o crime de lavagem de dinheiro praticado por eles. A lavagem de dinheiro é uma atividade que em si é lícita, pois, emprestar dinheiro é lícito, contudo, se esta operação foi feita com a finalidade de simular a origem ilícita do dinheiro, configura o crime. Neste caso o Juízo competente para julgar é a Justiça Estadual, pois, o crime antecedente (tráfico de drogas iniciado e terminado no Brasil) é de competência desta.
CAPÍTULO III; DA COMPETÊNCIA PELA NATUREZA DA INFRAÇÃO
Art. 74. A competência pela natureza da infração será regulada pelas leis de organização judiciária, salvo a competência privativa do Tribunal do Júri.
§ 1º Compete ao Tribunal do Júri o julgamento dos crimes previstos nos arts. 121, §§ 1º e 2º, 122, parágrafo único, 123, 124, 125, 126 e 127 do Código Penal, consumados ou tentados.
§ 2o Se, iniciado o processo perante um juiz, houver desclassificação para infração da competência de outro, a este será remetido o processo, salvo se mais graduada for a jurisdição do primeiro, que, em tal caso, terá sua competência prorrogada.
§ 3o Se o juiz da pronúncia desclassificar a infração para outra atribuída à competência de juiz singular, observar-se-á o disposto no art. 410; mas, se a desclassificação for feita pelo próprio Tribunal do Júri, a seu presidente caberá proferir a sentença (art. 492, § 2o).
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14/02
C. Competência dos Juizados Especiais Criminais
O Juizado Especial criminal é competente para o processo, julgamento e a execução, das infrações penais de pequeno potencial ofensivo, assim entendidas as contravenções penais e os crimes cuja pena máxima cominada não excede aos dois anos, conforme previsto no art. 60 da Lei 9.099/95. Se em virtude da incidência de causa de aumento de pena, qualificadora ou concursos de crimes, o máximo de pena possível exceder aos dois anos, a competência será da Justiça Comum e não do Juizado.
Lei 9.099/95; Capítulo III; Dos Juizados Especiais Criminais; Disposições Gerais
Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados ou togados e leigos, tem competência para a conciliação, o julgamento e a execução das infrações penais de menor potencial ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência
Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o juízo comum ou o tribunal do júri, decorrentes da aplicação das regras de conexão e continência, observar-se-ão os institutos da transação penal e da composição dos danos civis.
Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.
Art. 62. O processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pelos critérios da oralidade, informalidade, economia processual e celeridade, objetivando, sempre que possível, a reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de liberdade.
Para identificar a competência do Juizado Especial, deve-se verificar na lei qual a pena cominada ao crime, e se esta for de até dois anos será de competência deste, mas se superior a este será de competência da Justiça Comum. Diferentemente do Juizado Cível no qual pode ser escolhida se a ação será distribuída no Juizado ou na Justiça comum, em matéria criminal a competência do Juizado Especial Criminal é absoluta.
Exemplos: se a infração é de pequeno potencial ofensivo à competência necessariamente é do Juizado, mas, se não for necessariamente não é de competência do Juizado.
- Marilda publicou em seu perfil no facebook uma calúnia contra Lucas. O crime de calúnia em si é considerado delito de menor potencial ofensivo, todavia, no caso de Marilda, a pena máxima é superior a dois anos de detenção, pois, utilizou-se de um meio que facilita a divulgação da calúnia, o que incide o aumento de um terço sobre dois anos, logo, deixa de ser crime de menor potencial ofensivo, de forma que a competência é da Justiça Comum e não do Juizado (art. 139 + 141, III, CP), já que a pena é superior a dois anos.
CP - CAPÍTULO V; DOS CRIMES CONTRA A HONRA; Calúnia
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos.
(...) Disposições comuns
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido:
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;
II - contra funcionário público, em razão de suas funções;
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria.
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria. 
É importante ressaltar que, existe o Juizado Especial Criminal Estadual e o Juizado Especial Criminal Federal, mas não existe o Juizado Especial Eleitoral, todavia, se for praticado um crime eleitoral cuja pena máxima não exceda dois anos terá direito a transação penal (seguem o procedimento sumaríssimo do Juizado Especial Criminal).
Exemplo: Francisca bebeu além da conta, e começou a fazer escândalo na rua, ao ser repreendida por um Policial militar ela o xingou, e ainda desobedeceu uma ordem legal por ele exarada. Neste caso, Francisca praticou o crime de desacato previsto no art. 331, e o de desobediência do art. 330, ambos de pequeno potencial ofensivo previsto no CP. Todavia, Francisca praticou os dois crimes em concurso material, logo, somam-se as penas, totalizando neste caso o máximo de dois anos e seis meses, ou seja, superior a dois anos, logo, a competência é da Justiça Comum Estadual e não Juizado Especial Estadual.
- Se Francisca estivesse praticado apenas um dos crimes contra o Policial Militar, a competência seria do Juizado Especial Estadual, e se fosse contra um Policial Federal, por ter sido praticado em razão de suas funções, a competência será do Juizado Especial Federal.
CP – Desobediência - Art. 330 - Desobedecer à ordem legal de funcionário público: Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.
Desacato - Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Exemplo: 
Observações de Direito Penal
- Concurso de crime: subdividido em concurso material, concurso formal e crime continuado. Ocorre quando o agente mediante mais de uma conduta (ação ou omissão) pratica dois ou mais crimes idênticos ou não.
* Concurso material: as penas de todos os crimes são aplicadas cumulativamente.
* Concursoformal: ocorre quando o autor da infração, mediante uma única conduta ou omissão, pratica dois ou mais delitos, iguais ou não. No concurso formal, caso ocorram crimes diversos, aplica-se ao agente a pena do crime mais grave, aumentada de um sexto até metade.
* Crime continuado: trata-se de um benefício conferido ao agente que comete dois ou mais crimes da mesma espécie, mediante mais de uma ação ou omissão, utilizando-se do mesmo "modus operandi", desde que dentro de um prazo razoável a caracterizar a continuidade entre eles e dentro de uma mesma comarca, pois, a fim de abrandar a punição, aplicar-se-á a pena de apenas um dos crimes, se idênticos, ou do mais grave, se diversas, aumentada de um sexto a dois terços em ambos os casos.
CP - Concurso material
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.
§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Código. 
§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais.
Concurso formal
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código.
Crime continuado
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código.
Multas no concurso de crimes
Art. 72 - No concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas distinta e integralmente.
- Contravenções penais: infrações consideradas de menor potencial ofensivo que muitas pessoas acabam cometendo no dia a dia, que chegam até a serem toleradas pela sociedade e até por autoridades, mas que não podem deixar de receber a devida punição.
- Qualificadora: altera os limites máximo e mínimo da pena. Já se inicia o calculo da penal base com ela já incluída. 
Exemplo: - homicídio simples, pena de 6 a 20 anos. - homicídio qualificado, pena de 12 a 30 anos. 
- Agravantes: elevam a pena base, mas NUNCA ultrapassam seus limites. A lei não determina o montante que o juiz vai aumentar. 
Exemplo: art. 61 do CP, se o indivíduo é reincidente a pena é aumentada, o quando do aumento fica a critério do juiz, mas nunca ultrapassa o limite máximo da pena em abstrato. Ou seja, se o agente cometeu um crime de apropriação indébita que tem pena de 1 a 4 anos, o juiz aplicando uma agravante nunca vai poder passar o limite de 4 anos. 
- Causa de aumento de pena/majorante: é aplicada na terceira fase de aplicação da pena. Pode ultrapassar o limite máximo da pena base. A lei determina o montante.
Exemplo: Na mesma apropriação indébita, com pena de 1 a 4 anos, se o juiz aplica um aumento de 1/3, pois o agente era depositário necessário, a pena pode passar de 4 anos.
D. Competência por prevenção
Todos os critérios de definição de competência servem para responder a questão de qual é o juízo competente, para tanto, analisa-se todos os aspectos/fatores para se chegar a apenas um Juiz, todavia, frequentemente, ao se esgotar todas as circunstâncias, podem acontecer de se chegar a vários Juízes igualmente competentes, com isso, o último critério usado para se chegar a um Juiz somente, será a prevenção. Em suma, o art. 83, CPP, refere-se que, o fato do Juiz iniciar um procedimento no processo o faz prevento.
CPP - CAPÍTULO VI; DA COMPETÊNCIA POR PREVENÇÃO
Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo dois ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou da queixa (arts. 70, § 3o, 71, 72, § 2o, e 78, II, c).
E. Competência por distribuição
Ligada à prevenção, há a distribuição que torna o Juiz prevento, tanto o julgador quanto o órgão julgador.
CPP - CAPÍTULO IV; DA COMPETÊNCIA POR DISTRIBUIÇÃO
Art. 75. A precedência da distribuição fixará a competência quando, na mesma circunscrição judiciária, houver mais de um juiz igualmente competente.
Parágrafo único. A distribuição realizada para o efeito da concessão de fiança ou da decretação de prisão preventiva ou de qualquer diligência anterior à denúncia ou queixa prevenirá a da ação penal
Exemplo: Romildo matou Jacinta em Belo Horizonte/MG e foi preso em flagrante, por ser um crime doloso contra a vida e não haver foro por prerrogativa de função, a competência é do Tribunal do Júri; por não haver interesse da União a Justiça é Estadual; e neste caso o de Belo Horizonte/MG devido à consumação do crime. Todavia, esgotados todos os critérios de definição de competência chegou-se a dois Juízos igualmente competentes, pois em Belo Horizonte há duas varas do Tribunal do Júri, neste caso a competência deve ser definida pela prevenção, ou seja, quem iniciar o procedimento primeiro torna-se competente por ser o Juízo prevento.
1º Delegacia - Como já é sabido, o procedimento da prisão em flagrante: Romildo foi conduzido perante a autoridade Policial -> que ouviu a declaração do condutor, de duas testemunhas e do acusado -> com base nelas e demais circunstâncias como materiais apreendidos, concluiu que ele estava em situação de flagrante em delito -> ratificou a voz de prisão em flagrante, o mandando preso -> no prazo de 24h o Delegado deve remeter a cópia do APFD para o Juiz. 
2º Juiz de Direito - Quando o APFD chega ao Fórum, deve ser distribuído por haver dois Juízos igualmente competentes (o 1º e o 2º Tribunal do Júri de BH): o processo foi distribuído para o 1º Tribunal de Júri de BH -> o Juiz, recebendo o APFD deve decidir se a prisão em flagrante é ou não legal, caso não tenha sido deve relaxar o flagrante; caso tenha sido deve decidir se estão presentes os requisitos da prisão preventiva; ou se são suficientes medidas cautelares diversas à prisão, e no caso de Romildo o Juiz decidiu converter a prisão em flagrante em preventiva.
3º Tribunal de Justiça - Desta forma, o advogado de Romildo para tentar soltá-lo impetrou habeas corpus -> enquanto isso o inquérito está em andamento na delegacia: o Juízo competente para processar e julgar este habeas corpus é sempre o Tribunal imediatamente acima da autoridade coatora, no caso em questão é o Tribunal de Justiça de Minas Gerais -> todavia, o TJMG tem sete câmaras criminais, compostas cada uma por cinco Desembargadores, logo, há 35 Desembargadores igualmente competentes em tudo -> para definir quem é o Juízo competente para julgar o habeas corpus, este deve ser distribuído, de forma que foi distribuído para o Desembargador Manuelda 1º câmara criminal, logo, houve prevenção do julgador e do órgão (Desembargador Manuel e 1º câmara criminal) -> o TJMG denegou a ordem de habeas corpus, de forma que Romildo continuará preso.
4º Superior Tribunal de Justiça - O advogado de Romildo entrou com recurso ordinário em habeas corpus para o STJ: o STJ tem duas turmas que tem competência em matéria criminal, sendo a 5º e a 6º, cada uma compostas por 5 Ministros, logo, há 10 Ministros do STJ que são igualmente competentes em tudo -> o recurso ordinário em habeas corpus foi distribuído para o Ministro Cordeiro da 5º turma, que denegou o pedido.
5º Supremo Tribunal Federal - O habeas corpus foi interposto no STF, que há duas turmas, cada uma formada por cinco Ministros, no total 10 igualmente competentes em tudo -> o habeas corpus foi distribuído para o Ministro Gilmar Mendes da 2º turma, que se tornou prevento.
Enquanto o habeas corpus está sendo interposto, o inquérito continua sendo investigado na Delegacia:
1º -> ao ser concluído o inquérito, este é remetido para a Justiça, que no caso deve ser para o Juiz do 1º Tribunal do Júri de BH, por se ele prevento, ou seja, não se faz necessário ser distribuído já que há prevenção;
2º -> Com o processo em andamento, Romildo foi pronunciado (procedimento do Júri, em que o Juiz entende que há nos autos provas suficientes de autoria e materialidade, para o acusado ir a júri popular.);
3º -> O recurso contra as decisões do juízo de 1º instância vai para o tribunal de 2º instância, no caso o TJMG, e quem irá julgar o recurso contra a pronúncia interposto pelo advogado de Romildo é o Desembargador Manuel da 1º câmara criminal (se tornou prevento quanto o habeas corpus foi distribuído a ele), que negou provimento ao recurso;
4º -> O Advogado de Romildo entrou com recurso especial no STJ, sendo julgado pelo Ministro Cordeiro da 5º turma, que negou provimento;
5º -> O Advogado de Romildo entrou com recurso extraordinário no STF, sendo julgado pelo Ministro Gilmar Mendes da 2º turma, que negou provimento.
2º - A pronúncia transitou em julgado, e Romildo foi julgado pelo plenário/Júri, que foi absolvido;
3º -> Mas, o Ministério Público apelou da decisão do Júri: quem julga a apelação do Ministério Público é o Desembargador Manuel da 1º câmara criminal (se ele não estiver mais atuando como tal, será outro Desembargado da 1º Câmara criminal que estiver entrado em seu lugar) -> e assim sucessivamente.
F – Competência Territorial
I. Competência pelo lugar da infração: o juízo competente será o do lugar que a infração ocorreu. Como é sabido em Direito Penal, na “teoria da ubiquidade” o lugar do crime é tanto o lugar da ação quanto o lugar do resultado, contudo, o conceito de Direito Processual Penal é que a competência será a do lugar em que se consumar a infração/do resultado. Somente se levará em consideração a execução, ou seja, a ação, quando não for crime consumado (que não ocorreu o resultado) de forma que em caso de tentativa será o lugar onde se praticou o último ato de execução, e em caso de crime consumado o lugar do crime será apenas o lugar do resultado, e não apenas da ação.
Exemplo: - Frederico com a intenção matar, atirou três vezes na cabeça de Arlinda em Contagem/MG, que ao ser socorrida foi levada para o Hospital Vera Cruz em Belo Horizonte/MG, local em que veio a óbito. Desta forma, embora a ação tenha ocorrida em Contagem/MG, o juízo competente será o Tribunal do Júri de Belo Horizonte/MG, pois, a competência é a do lugar da consumação.
- Se Arlinda estivesse sobrevivido, o crime seria tentado, logo, o último ato de execução foi praticado em Contagem/MG, de forma que o juízo competente será o Tribunal o Júri de Contagem/MG.
 
É necessário ter uma definição penal de lugar do crime para poder definir se a lei penal brasileira aplica-se ao caso concreto. Salvas as hipóteses de extraterritorialidade (quando a lei penal brasileira atinge fatos ocorridos inteiramente, tanto à ação quanto o resultado no exterior), a lei penal brasileira aplica-se aos crimes praticados no Brasil. Os crimes são considerados praticados no Brasil, e sendo assim aplica-se a lei penal brasileira quando: a ação e o resultado ocorrem no Brasil; a ação ocorre no Brasil e o resultado ocorre ou deveria ter ocorrido no exterior; a ação ocorre no exterior e o resultado ocorre ou deveria ter ocorrido no Brasil. O art. 70, § 1º e 2º , CPP, trata do crime transnacional, em suma quando se tem a ação fora do Brasil e o resultado dentro do Brasil, o juízo competente é o do lugar do resultado, e o contrário, quando há a ação dentro do Brasil e o resultado fora do Brasil, o juízo competente é o do lugar do último ato de execução.
CPP - CAPÍTULO I; DA COMPETÊNCIA PELO LUGAR DA INFRAÇÃO
Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.
§ 1o Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução.
§ 2o Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado.
§ 3o Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.
Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.
Exemplo: se Arlinda morreu dentro da Ambulância na saída entre Contagem e Belo Horizonte, e não têm como apontar com exatidão onde o crime foi consumado, os dois juízos estão concorrendo em competência. Conforme art. 70, § 3o, CPP, quando há dois ou mais juízos concorrendo, será resolvido pelo critério de prevenção.
É importante ressaltar que, como será visto posteriormente, quando há vários crimes o que define a competência territorial é onde foi praticado o crime mais grave.
Exemplo: - Macarrão, a mando de Bruno, sequestrou Eliza no Rio de Janeiro/RJ a trazendo para o sítio em Esmeraldas/MG. Posteriormente, junto com Marcos, Macarrão levou para o sítio de Vespasiano/MG, local em que a matou. Todavia, ao ser feita a denúncia, ainda não era sabido se Eliza estava viva, de forma que foi pedido para procura Eliza, foi pedido para o Juiz de Contagem/MG a realização de diligências, como busca e apreensão e etc. Ao longa da investigação descobriu-se que Eliza chegou em Vespasiano/MG viva, e neste mesmo local foi assassinada. Neste caso, a investigação apurou que o crime de homicídio, que é o mais grave foi praticado em Vespasiano, logo, o correto é que o Juízo competente para este caso seja o Tribunal do Júri de Vespasiano/MG, portanto, deve haver declínio de competência. Existe um entendimento sedimentado do qual diz que a por ser a competência territorial relativa, ela se prorroga, todavia, o Professor André Myssior discorda deste, pois a lei processual penal assim não o dispõe.
- Art. 71, CPP: Josivaldo sequestrou (crime permanente) Débora em Belo Horizonte/MG a colocando no porta-malas de seu carro, passando por Contagem, Betim, Juatuba, Mateus Lemes, Itaúna, Divinópolis e Formiga. Este Crime se consumou onde a vítima esteve com a liberdade privada, que no caso foram todas essas cidades, logo, os Juízes destas estão todos concorrendo entre eles igualmente, e neste caso, a competência é definida pela prevenção.
- Osvaldo recebeu uma carga de Cocaína em Foz do Iguaçu/PR e a trouxe para Belo Horizonte/MG em seu carro. A ação praticada por Osvaldo é de transportar, logo, é permanente, contudo, só veio a ser preso na Polícia Rodoviária de Betim/MG. Verifica-se que o crime se consumou ao longo de todo o trajeto de Osvaldo, de forma que a competência se define por prevenção.
As regras de competência territorialnão se aplicam aos casos de foro por prerrogativa de função, neste caso Tribunal competente sempre será aquele que exerce jurisdição onde a função é exercida.
Exemplo: Talita é Prefeita em Mossoró/RN e praticou um crime em Maranguape/CE, neste caso o juízo competente é o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte. Mas, ao deixar de ser Prefeita cessará o foro por prerrogativa de função, passando a valer às regras ordinárias de competência, de forma que será remetido para o Juiz de Direito de Maranguape, aplicando-se ao caso art. 70, § 1º.
Noções de Direito Penal
- Crime Permanente: é definido pela estrutura típica do crime, que por esta, a consumação/realização integral dos elementos objetivos do tipo se protraem no tempo.
Exemplo: o crime de sequestro é crime permanente, portanto, enquanto o sujeito ativo mantém o sujeito passivo privado de sua liberdade deambulatória, a ação descrita no tipo ocorre permanentemente, pois a pessoa está sendo mantida com sua liberdade privada.
Sequestro e cárcere privado
Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere privado:
Pena - reclusão, de um a três anos.
§ 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:
I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos; 
II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital;
III - se a privação da liberdade dura mais de quinze dias.
IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos;
V – se o crime é praticado com fins libidinosos.
§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
- Infração continuada: quando o agente pratica várias condutas, implicando na concretização de vários resultados, terminando por cometer infrações penais de mesmas espécies, em circunstâncias parecidas de tempo, lugar e modo de execução, aparentando que umas são meras continuações de outras. Em face disso aplica-se a pena de um só dos delitos. Portanto se uma lei nova tiver vigência durante a continuidade, deverá ser aplicada ao caso, prejudicando ou beneficiando.
II. Competência pelo domicílio ou residência do réu: é importante ressaltar que a situação do art. 72, CPP não é a mesma prevista no art. 70, §3º, pois no segundo a hipótese em que a competência se define por prevenção, o lugar do crime não desconhecimento, e sim conhecido, contudo, é incerto (Ex.: pode ter sido em Belo Horizonte ou em Contagem, mas não em Guarapari); no primeiro o lugar do crime é desconhecido, ou seja, não há meios de saber onde o crime se consumou (Ex.: crimes que ocorrem na internet), de forma que sendo assim a competência é do lugar de competência da residência ou domicílio do réu, mas se houver mais de uma ou nenhuma será por prevenção.
CAPÍTULO II; DA COMPETÊNCIA PELO DOMICÍLIO OU RESIDÊNCIA DO RÉU
Art. 72. Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo domicílio ou residência do réu.
§ 1o Se o réu tiver mais de uma residência, a competência firmar-se-á pela prevenção.
§ 2o Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu paradeiro, será competente o juiz que primeiro tomar conhecimento do fato.
Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de domicílio ou da residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração.
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16/02
G - Competência por conexão e continência
A competência por conexão e continência lida com situações em que há pluralidades de crimes e/ou réus, a consequência de ambos é a mesma, sendo julgamento conjunto por um juízo.
CAPÍTULO V; DA COMPETÊNCIA POR CONEXÃO OU CONTINÊNCIA
Art. 76. A competência será determinada pela conexão:
I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as outras;
II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas;
III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares influir na prova de outra infração.
Art. 77. A competência será determinada pela continência quando:
I - duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração; (concurso de agentes).
II - no caso de infração cometida nas condições previstas nos arts. 51, § 1o, 53, segunda parte, e 54 do Código Penal.
Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão observadas as seguintes regras:
I - no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição comum, prevalecerá a competência do júri;
II - no concurso de jurisdições da mesma categoria:
a) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena mais grave;
b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número de infrações, se as respectivas penas forem de igual gravidade;
c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos outros casos;
III - no concurso de jurisdições de diversas categorias, predominará a de maior graduação;
IV - no concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá esta.
Art. 79. A conexão e a continência importarão unidade de processo e julgamento, salvo:
I - no concurso entre a jurisdição comum e a militar;
II - no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores.
§ 1o Cessará, em qualquer caso, a unidade do processo, se, em relação a algum co-réu, sobrevier o caso previsto no art. 152.
§ 2o A unidade do processo não importará a do julgamento, se houver co-réu foragido que não possa ser julgado à revelia, ou ocorrer a hipótese do art. 461.
Art. 80. Será facultativa a separação dos processos quando as infrações tiverem sido praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, quando pelo excessivo número de acusados e para não Ihes prolongar a prisão provisória, ou por outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente a separação.
Art. 81. Verificada a reunião dos processos por conexão ou continência, ainda que no processo da sua competência própria venha o juiz ou tribunal a proferir sentença absolutória ou que desclassifique a infração para outra que não se inclua na sua competência, continuará competente em relação aos demais processos.
Parágrafo único. Reconhecida inicialmente ao júri a competência por conexão ou continência, o juiz, se vier a desclassificar a infração ou impronunciar ou absolver o acusado, de maneira que exclua a competência do júri, remeterá o processo ao juízo competente.
Art. 82. Se, não obstante a conexão ou continência, forem instaurados processos diferentes, a autoridade de jurisdição prevalente deverá avocar os processos que corram perante os outros juízes, salvo se já estiverem com sentença definitiva. Neste caso, a unidade dos processos só se dará, ulteriormente, para o efeito de soma ou de unificação das penas.
Conforme art. 76, da pluralidade de crimes pode resultar a conexão, o que significa que todos os crimes devem ser processados e julgados conjuntamente por estarem ligados/conexos (existe uma linha lógica entre os crimes), de forma que tanto a prova, acusação, quanto à defesa se tornam mais fáceis, além de evitar o risco de decisões contraditórias. A continência será em casos de um crime com concurso de agentes, também havendo um só processo e julgamento, conforme art. 77, CPP. O art. 78, CPP traz o instrumental necessário para definir no caso de conexão ou continência qual o juízo competente:
I – O previsto neste dispositivo refere-se que, a competência do Tribunal do Júri é especial, logo, os crimes conexos aos crimes dolosos contra a vida serão também são de competência deste. 
Exemplo: - Josefina matou Florisvaldo e sumiu com seu corpo, logo, ela cometeu os crimes de homicídio e ocultação de cadáver, logo, devido ao primeiro ser crime doloso contra a vida a competênciapara processar e julgar ambos os crimes será do Tribunal do Júri, tendo em vista que existe conexão entre ambos os crimes, pois o segundo foi praticado para buscar a impunidade do primeiro.
III – Conforme este inciso, a princípio (art. 80 dará outras soluções), sempre que houver continência/concurso de agentes, se um deles tiver foro privilegiado, a competência para processar e julgar todos será a do que tem competência originária em razão da prerrogativa de função. A concorrência entre foro por prerrogativa de função previsto na Constituição Federal (se for a Constituição Estadual somente, irá para o Júri) e Tribunal do Júri gera desmembramento, sendo julgado separadamente cada agente de acordo com suas regras de competência, isso porque a ordem para cada um serem julgados neste é a CF, e a ordem para serem julgados em conjunto é da lei ordinária/CPP, portanto, prevalece a Constituição Federal.
Exemplo: - o Prefeito de Joaquim de Bicas/MG praticou crime de fraude de licitação em conjunto com os membros da comissão de licitação da Prefeitura, o primeiro tem foro por prerrogativa de função no TJMG e os demais não (Juiz de Direito), mas, em razão da continência, a competência originária do TJMG atrairá os demais para serem julgados e processados.
- O Deputado Federal Gustavo praticou crime conexo ao praticado pelo Direito da Petrobrás, como o primeiro tem foro por prerrogativa no STF e o segundo não, a competência originária do STF atrairá o segundo para serem julgados e processados conjuntamente.
- O Prefeito de Cláudio/MG praticou crime em conjunto com o Govenador de MG, o primeiro tem foro por prerrogativa de função no TJMG e o segundo no STJ, a competência originária para julgar ambos é o de maior graduação, neste caso o STJ atrairá.
- o Prefeito de Betim e seu Chefe de Gabinete mataram Josefina, o primeiro tem foro por prerrogativa de função previsto na CF no TJMG e o segundo no Tribunal do Júri. Neste caso, não se aplicam as regras de conexão e continência, de forma que, haverá desmembramento, o Prefeito será julgado no TJMG e o Chefe de Gabinete no Tribunal do Júri.
- O Juiz de Direito e o Desembargador são acusadas da pratica de crime doloso contra vida, ambos tem foro por prerrogativa de função previsto na CF, logo, o Júri sai da equação dos mesmos, o primeiro é no TJMG e o segundo STJ, portanto, prevalecerá o de maior grau (já que ambos estão previsto na CF), desta forma os dois serão julgados no STJ.
IV – Este inciso resolve a conexão e a continência na competência em razão da matéria.
Exemplo: - se há um crime de competência da Justiça Federal conexo com crime de competência da Justiça Estadual, a primeira será competente para o julgamento de ambos. - Se há um crime eleitoral conexo com outro crime que não o é, a competência será da Justiça Eleitoral para julgar ambos os crimes.
- Eduardo, Cleber, e Silvano se reuniram de forma organizada, com divisão de tarefa e de forma estável, com a finalidade de corromper eleitores para votar na Candidata Dilma nas eleições. Neste caso, há dois crimes praticados, sendo eles, quadrilha (não é organização criminosa, pois este é para pratica de crimes cuja pena máxima cominada é superior a 4 anos, e o crime eleitoral a penas máxima é até 4 anos, “e não superior”) e o de corrupção eleitoral. Os três serão julgados pela Justiça Eleitoral, pois, quadrilha é definida no CP, mas o de corrupção o é, logo, a mais especializada atraí a menos especializada. Se um deles for Prefeito, a competência seria o Tribunal Regional Eleitoral.
CP, Associação Criminosa - Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes: Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a associação é armada ou se houver a participação de criança ou adolescente.
C. Eleitoral - Art. 299. Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva, ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção, ainda que a oferta não seja aceita:
Pena - reclusão até quatro anos e pagamento de cinco a quinze dias-multa.
- Silvestre, Alexandre, Jeferson roubaram as agências do BB, Itaú e da CEF, logo, há 4 crimes, sendo eles de organização criminosa, e os outros três de roubo. Dentre os crimes, o roubo à CEF foi praticado em detrimento a bens e interesses da União, de forma que os três acusados serão julgados pelos 4 crimes na Justiça Federal.
- Junior Prefeito em Unaí/MG (mandante), mandou Bernardo (intermediário) contratar Igor e Murilo (autores), para matar a Auditora Fiscal do Trabalho Júnia que estava fiscalizando sua fazenda, sob suspeita de trabalho escravo. Neste caso a competência em razão da matéria é a Justiça Federal, pois, a servidora pública federal foi morta em razão de suas funções, de forma que a competência é do Tribunal do Júri Federal para Bernardo, Igor e Murilo, e Tribunal Regional Federal para Junior. Junior ao deixar de ser Prefeito seu processo será remetido ao Júri.
II – Este inciso está sendo estudado fora da sequência, pois sempre que este conflitar com qualquer dos outros critérios de definição de competência, este é o que ficará de lado. Isto porque, o inciso II é o que traz o critério de definição competência territorial no caso de conexão e continência, e como a definição de competência territorial é meramente legal e as demais são constitucionais, no caso de conflito vale a segunda. Este dispositivo prever critérios sucessivos, ou seja, somente segue para o critério seguinte se o anterior não resolver qual o juízo competente. Na alínea “a”, a princípio não importa quantos crimes foram praticados em um lugar e quantos foram em outro, pois, se for satisfatório o primeiro critério, será onde foi praticado o crime mais grave. Somente se todos os crimes forem de igual gravidade é que se segue para o critério constante na alínea “b” que é o do lugar que ocorreu o maior número de crimes. Quando nenhum dos dois critérios vistos definirem a competência, será a prevenção, conforme a alínea “B”.
Exemplo: - Anastácia matou Cisto em Belo Horizonte e ocultou o cadáver em Nova Lima, o juízo competente será o primeiro, pois, neste lugar é onde foi praticado o crime mais grave.
- Elisa, Clara, e Silvana roubaram 3 bancos em Belo Horizonte, 2 em Betim e 4 em Contagem. Neste caso os crimes são todos de iguais gravidades, mas, o maior número de crime foi praticado em Contagem, logo, o Juízo competente será este. Porém, em Belo Horizonte, no assalto a um dos bancos Elisa matou o Segurança da Agência, logo, um dos roubos foi qualificado pela morte (latrocínio), de forma que o juízo competente é o de Belo Horizonte que foi praticado o crime mais grave.
O art. art. 80, CPP, diz que em regra, no caso de conexão ou continência haverá a unidade de processo e julgamento, com exceção dos crimes dolosos contra a vida no caso em que um dos réus tiver foro por prerrogativa de função e outros não, mas a despeito disso, é possível que o Juiz determine o desmembramento (“ou por outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente a separação.”) para o melhor andamento do processo e melhor facilidade de produção de provas, conforme a apreciação de conveniência que o faz.
Exemplo: - o mensalão, quando iniciado o julgamento de mérito tinham 38 réus no STF, na ocasião apenas 3 réus tinham mandado de Deputado Federal, os demais não tinham foro por prerrogativa de função, contudo, havia várias conexões e continência no processo, de forma que embora tenham tido pedido de desmembramento feito pelas defesas, o STF decidiu fazer o julgamento conjunto de todos.
- na lava jato, somente os que respondem perante o STF quem tem foro por prerrogativa de função, e quem não tem está sendo julgado em 1º instância.
Na questão do desmembramento a importância se deve ao fato de que, quem pode desmembrar é apenas o juízo originariamente competente, o mesmo vale para competência em razão da matéria.
Exemplo: - a lava jato começou em 1º instância, pois no início da investigaçãonão envolvia quem tinha foro por prerrogativa de função. Contudo, no andar da investigação verificou-se que o crime tinha sido praticado no Paraná sobre a jurisdição da 2º vara federal de Curitiba, com o Juiz Sérgio Moro. Um dos réus que foram presos no começo da investigação foi o doleiro Alberto Youssef, que fez acordo de delação premiada, de forma que a princípio começaram a aparecer detentores de mandado eletivo que tem foro por prerrogativa de função. Nesse momento, o processo foi remetido para o STF que decidiu pelo desmembramento, ficando apenas com os réus com foro privilegiado.
- No mensalão mineiro quando o Ministério Público ofereceu a denúncia, um dos denunciados na ocasião era o Senador Eduardo Azeredo, de forma que está foi feita perante o STF. Ao receber a denúncia, o STF decidiu pelo desmembramento. Um dos réus que respondia em 1º instância era Clésio Andrade que na ocasião era suplente de Senador (não tem foro por prerrogativa de função), posteriormente o Senador Eliseu Resende de quem Clésio era suplente veio a falecer, de forma que passou então a ter foro por prerrogativa de função. O Juiz de 1º instância de Belo Horizonte enviou Clésio Andrade para o STF, contudo, este procedimento não foi realizado corretamente, pois, o certo é enviar todos os réus já que o mesmo não tem competência para desmembrar o processo, vez que essa decisão cabe apenas ao juízo originariamente competente, neste caso o STF. O STF avocou o processo, pois a decisão do desmembramento era de sua competência, e assim o fez.
- Há vários crimes conexos sendo que apenas um é de competência da Justiça Federal. Neste caso, o Juiz Federal pode decidir ele ficar com o crime de sua competência e remeter os demais para a Justiça Comum.
- Na operação mar de lama em Governador Valadares/MG, a operação iniciou com desvio de verba federal sujeito a prestação de contas, logo, iniciou no âmbito da Justiça Federal. Mas, no curso das investigações surgiram outros crimes que não foram praticados em detrimento de bens e serviços da união, de forma que, em determinado momento o Juiz Federal ainda que os crimes fossem conexos, optou pelo desmembramento, remetendo a parte que correspondia a Justiça Estadual. É importante ressaltar que, o Juiz Estadual não poderia ter tomado essa decisão, pois quem é originariamente competente neste caso é o Juiz Federal que assim o fez.
Enquanto a investigação estava na Justiça Federal o Ministério Público Federal pediu a prisão preventiva dos vereadores, o Juiz indeferiu este pedido por considerar não estarem presentes os requisitos da prisão preventiva, sendo suficiente a medida cautelar diversa da prisão afastando-os do cargo de vereador, e embora dessa decisão caiba recurso, o Ministério Público Federal não o fez. Posteriormente, com o desmembramento (mencionado acima), o Promotor de Justiça pediu a prisão preventiva e o Juiz de Direito assim o fez. O Juiz de Direito poderia decretar a prisão preventiva se surgissem fatos novos, o que não foi o caso, pois não pode desconsiderar a decisão que já havia sido tomada na Justiça Federal, e sendo assim a defesa recorreu da decisão, o Tribunal de Justiça deferiu, mas o STJ indeferiu.
Conforme art. 82, a reunião dos processos no caso de conexão continência tem como finalidade evitar sentenças contraditórias, de forma que se um dos processos já está sentenciado não há mais motivo para desunir.
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21/02
H – Disposições especiais sobre competência
CAPÍTULO VIII; DISPOSIÇÕES ESPECIAIS
Art. 88. No processo por crimes praticados fora do território brasileiro, será competente o juízo da Capital do Estado onde houver por último residido o acusado. Se este nunca tiver residido no Brasil, será competente o juízo da Capital da República.
Art. 89. Os crimes cometidos em qualquer embarcação nas águas territoriais da República, ou nos rios e lagos fronteiriços, bem como a bordo de embarcações nacionais, em alto-mar, serão processados e julgados pela justiça do primeiro porto brasileiro em que tocar a embarcação, após o crime, ou, quando se afastar do País, pela do último em que houver tocado. (Crimes considerados praticados no Brasil)
Art. 90. Os crimes praticados a bordo de aeronave nacional, dentro do espaço aéreo correspondente ao território brasileiro, ou ao alto-mar, ou a bordo de aeronave estrangeira, dentro do espaço aéreo correspondente ao território nacional, serão processados e julgados pela justiça da comarca em cujo território se verificar o pouso após o crime, ou pela da comarca de onde houver partido a aeronave. (Crimes considerados praticados no Brasil)
Art. 91. Quando incerta e não se determinar de acordo com as normas estabelecidas nos arts. 89 e 90, a competência se firmará pela prevenção.
O art. 88 trata da competência de crimes praticados foro do território brasileiro, tanto a ação quanto o resultado. Os artigos 89 e 90 tratam de crimes praticados a bordo de navios ou aeronaves, em sumo em ambos os casos se embarcação está vindo para o Brasil, o juízo competente será o lugar em que chegar, se a embarcação está saindo do Brasil, o juízo competente é do último lugar em que esteve no território nacional.
2. Sujeitos do processo
A. Juiz
CPP - TÍTULO VIII; DO JUIZ, DO MINISTÉRIO PÚBLICO, DO ACUSADO E DEFENSOR,; DOS ASSISTENTES E AUXILIARES DA JUSTIÇA; CAPÍTULO I; DO JUIZ
Art. 251. Ao juiz incumbirá prover à regularidade do processo e manter a ordem no curso dos respectivos atos, podendo, para tal fim, requisitar a força pública.
Art. 252. O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que:
I - tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão do Ministério Público, autoridade policial, auxiliar da justiça ou perito;
II - ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou servido como testemunha;
III - tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a questão;
IV - ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito.
Art. 253. Nos juízos coletivos (juízos colegiados/Tribunais), não poderão servir no mesmo processo (não é no mesmo julgamento) os juízes que forem entre si parentes, consangüíneos ou afins, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive.
Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por qualquer das partes:
I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles;
II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia;
III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consangüíneo, ou afim, até o terceiro grau, inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes;
IV - se tiver aconselhado qualquer das partes;
V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes;
Vl - se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no processo.
Art. 255. O impedimento ou suspeição decorrente de parentesco por afinidade cessará pela dissolução do casamento que Ihe tiver dado causa, salvo sobrevindo descendentes; mas, ainda que dissolvido o casamento sem descendentes, não funcionará como juiz o sogro(não existe ex-sogro), o padrasto, o cunhado, o genro ou enteado de quem for parte no processo.
Art. 256. A suspeição não poderá ser declarada nem reconhecida, quando a parte injuriar o juiz ou de propósito der motivo para criá-la.
Os artigos 252 e 253, tratam de impedimento do Juiz que causo de anualidade absoluta do processo, imune a preclusão por poder ser alegado/demonstrador a qualquer momento e grau de jurisdição. O art. 254 trata da suspeição, que é causa de nulidade relativa, tendo em vista que, se não for arguida e provada no momento oportuno através do meio de provas que é exceção, será preclusa,

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