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Artigo Hannah Arendt

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1 Acadêmica de Filosofia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Disciplina: História da Filosofia Contemporânea. Docente: Prof. Marcelo Magno Correa Antunes.
A Crítica de Hannah Arendt aos Historiadores e as suas Concepções Sobre o Antissemitismo
Yslenna Leandra de Sousa Pires¹
Resumo
Na obra de Hannah Arendt, “Origens do totalitarismo”, concebida na década de 40 e publicada em 1951, Hannah Arendt realça a singularidade do totalitarismo, como uma nova forma de governo baseada na organização burocrática de massas e apoiada no emprego do terror e da ideologia. O objetivo deste presente trabalho é fazer uma breve análise do conceito de antissemitismo, no pensamento de Hannah Arendt, e a sua crítica aos historiadores, encontrados na obra citada anteriormente.
Palavras-chave: Conceito. Totalitarismo. Antissemitismo.
Introdução
Na primeira parte de sua obra, Hannah Arendt trata sobre as questões referentes ao antissemitismo. Esta autora faz uma exposição inicial a respeito do antissemitismo por ser este um componente do surgimento do totalitarismo, e expõe sua crença de que até então não existiam estudos adequados a respeito desse assunto. 
Propondo uma análise que se distancie do senso comum, Hannah Arendt busca esclarecer confusões conceituais de totalitarismo e o antissemitismo. Acredita que é preciso compreender os fatos, o que não significa negar que estes sejam chocantes. “Compreender não significa negar nos fatos o chocante, eliminar deles o inaudito, ou, ao explicar fenômenos, utilizar-se de analogias e generalidades que diminuam o impacto da realidade e o choque da experiência”. (ARENDT, 1975. P. 12).
No prefácio assim como no primeiro capítulo, esta filósofa destaca a importância de um tratamento historiográfico imparcial e mostra a parcialidade dos historiadores
em relação à questão judaica (tanto historiadores judeus quanto antissemitas).
“Desnecessário dizer, enquanto os historiógrafos judeus, com sua tendência polêmica e apologética, detectavam da história cristã as ocorrências caracterizadas pelo ódio aos judeus, os antissemitas, de modo intelectualmente idêntico, faziam o mesmo, procurando as enunciações das antigas autoridades judaicas que tivessem dado início à tradição judaica de antagonismo, muitas vezes violento, contra os cristãos e gentios”. (ARENDT, 1975. P. 18).
Para tal faz uma diferenciação das etapas e transformações do “antissemitismo” na história. Hannah Arendt analisa desde a ideologia sem conteúdo, passando pelo ódio religioso, até à expectativa de conspirações judaicas para dominação mundial. Modificações que em muitos momentos não foram levadas em consideração. Arendt ressalta a separação entre o antissemitismo da Idade Média e da Modernidade, apontando as circunstâncias históricas para o surgimento e crescimento do antissemitismo e tenta demonstrar teorias simplistas. Principalmente as que colocam os judeus como vítimas na relação sem levar em conta sua parcela de responsabilidade. 
Hannah Arendt então aponta fatores negligenciados como a “indiferença” judaica às condições e eventos do mundo exterior, quando o judaísmo tornou-se um sistema fechado sendo um dos motivos da fragilidade das relações entre gentios e judeus. A auto-interpretação judaica é um fator importante, eles passam a acreditar que possuem uma “natureza interior diferenciada”. Passaram a considerar que a origem da separação entre judeus e gentios estava além das discordâncias doutrinárias, seria então étnica.
Concepções Errôneas Sobre o Antissemitismo
No capítulo “O antissemitismo como ofensa ao bom senso”, Arendt afirma que não seria coerente pensar que a questão judaica sozinha fosse capaz de “colocar em movimento toda uma máquina infernal” (falando da questão judaica durante o regime nazista). O antissemitismo é uma ofensa ao bom senso, pois possui uma condição paradoxal de motivo mistificador insignificante em meio a tantas questões políticas vitais. 
Arendt afirma haver uma grande desconexão entre as causas e as consequências; que o antissemitismo e “nacionalismo” nazista - ideologias utilizadas para conquistar as massas. A autora continua refutando teses muito populares a respeito do antissemitismo, demonstrando os frágeis argumentos e os perigos de se seguir essas linhas de pensamento. “Os nazistas não eram meros nacionalistas. Sua propaganda nacionalista era dirigida aos simpatizantes e não aos membros convictos do partido. Ao contrário, este jamais se permitiu perder de vista o alvo político supranacional.” (ARENDT 1975. P. 24).
A autora tenta demonstrar que o antissemitismo não pode ser identificado com o nacionalismo e utiliza-se de fatos históricos para isso. Arendt fala que há uma semelhança entre o “nacionalismo” nazista e a propaganda nacionalista da União Soviética que servia apenas para alimentar o preconceito das massas. Mas, os nazistas viam com certo desprezo as características do nacionalismo do Estado-nação. 
O objetivo dos nazistas não se limitava à nação, seus movimentos eram direcionados ao âmbito internacional, pois o Estado tinha um campo territorial limitado. Hannah Arendt deixa claro que apenas uma característica não dá conta de explicar o declínio do Estado-nação e o crescimento concomitante do antissemitismo. Por causa disso, o historiador se depara com a complexidade dos fatos históricos, pois este pode tomar uma característica em particular e tomá-la como “espírito da época”.
Segundo Arendt, foi a partir do momento em que os judeus perderam as suas funções públicas, e, portanto as suas influências, e nada lhes restava a não ser as suas riquezas, que o antissemitismo acaba alcançando o seu ponto mais alto. Para esta autora, que inclusive mostra outros fatos históricos para comprovar sua argumentação, o que causa maior revolta contra determinada classe, é quando esta possui bens, mas é desprovida de poder. Deste modo, Arendt explica que: 
“O que faz com que os homens obedeçam ou tolerem o poder e, por outro lado, odeiem aqueles que dispõem da riqueza sem o poder é a idéia de que o poder tem uma determinada função e certa utilidade geral. Até mesmo a exploração e a opressão podem levar a sociedade ao trabalho e ao estabelecimento de algum tipo de ordem. Só a riqueza sem o poder ou o distanciamento altivo do grupo que, embora poderoso, não exerce atividade política são considerados parasitas e revoltantes, porque nessas condições desaparecem os últimos laços que mantêm ligações entre os homens”. (ARENDT 1975. P. 25).
Há então uma necessidade de relação entre explorador e explorado, que acaba no momento em que a riqueza deixa de explorar.
Outra questão colocada por Arendt é a de que por mais que os judeus tenham ido colocados como bode expiatório, isso não quer dizer que este bode expiatório não poderia ser qualquer outro grupo. Essa característica coloca os judeus na posição de vítimas completamente inocentes, portanto essa vítima não teria cometido nenhum mal ou mesmo feito alo relacionado ao assunto. Arendt afirma que esta visão é errônea ao passo que “o fato de ter sido ou estar sendo vítima da injustiça e da crueldade não elimina a sua co-responsabilidade”. (ARENDT 1975. P. 26).
O que acaba aumentando a credibilidade desta teoria do bode expiatório, segundo Arendt, foi o surgimento do terror como uma das principais armas utilizadas pelo governo. O que irá diferenciar as ditaduras modernas das tiranias do passado é a utilização do terror para controlar, e também como instrumento alienador das massas. 
O que causa um enorme problema, segundo esta autora, é a “crença” equívoca de que os judeus sempre foram um povo perseguido e é natural que isso sempre ocorra dentro da história em tempos diferentes. O que reforça este fator é o trabalho dos historiadores que reafirmam esse engodo. Este fator se trona cômodo inclusive para os antissemitas, pois segundo Arendt, é o melhor álibi possível para todos os horrores. “Se é verdade que a humanidade tem insistido em assassinar judeus durante mais de 2 mil anos, então a matança de judeus é uma ocupaçãonormal e até mesmo humana, e o ódio aos judeus fica justificado, sem necessitar de argumentos”. (ARENDT 1975. P. 27).
Outro destaque de Hannah Arendt a esse contexto histórico é o da ignorância do povo judeu, que se tornou responsável pela “fatal subestimação dos perigos reais e sem precedentes que estavam por vir”. (p.27). Todos esses fatores trouxeram consequências para este povo judeu cuja história política “tornou-se mais dependente de fatores imprevistos e acidentais do que a história de outras nações, de sorte que os judeus assumiam diversos papéis na sua atuação histórica, tropeçando em todos e não aceitando responsabilidade precípua por nenhum deles”. (p.27).
Para Arendt, essa tese sobre um antissemitismo eterno se trona mais absurda do que a outra, onde os judeus são tidos como bode expiatório, pois pode inocentar e absolver os mais assombrosos crimes antissemitas. 
Esta autora afirma acreditar que inúmeros fatores têm de ser analisados e interpretados como sérios elementos no estudo da origem do antissemitismo, como a simultaneidade entre o declínio do Estado-nação europeu e o crescimento de movimentos antissemitas, a coincidência entre a queda de uma Europa organizada em nações e o extermínio dos judeus, preparado pela vitória do antissemitismo, etc. Este antissemitismo moderno tem de ser encarado dentro da “estrutura geral do desenvolvimento do Estado-nação, enquanto, ao mesmo tempo, sua origem deve ser encontrada em certos aspectos da história judaica e nas funções especificamente judaicas, isto é, desempenhadas pelos judeus no decorrer dos últimos séculos”. (ARENDT 1975. P. 28).
Conclusão
Sendo assim, percebe-se por parte da autora, uma necessidade de introduzir a sua obra esclarecendo determinados fatos sobre o antissemitismo, para que possa explicar as origens do totalitarismo. Arendt deixa claro que a posição dos historiadores, ao serem parciais e até por lhe faltarem criticidade, acaba tornando difícil o entendimento sobre o antissemitismo e como este tomou conta dos regimes totalitários.
Encarar os judeus como vítimas sem culpa alguma, ou colocá-los em posição e bode expiatório, ou tomar a atitude antissemita como “natural” ao passo que, já que sempre existiu e existirá um povo que se revolte contra os judeus, essa prática se naturaliza, são teses muito equívocas e arriscadas, pois são mentirosas, segundo a autora. Elas escondem verdades que precisam ser analisadas com meticulosidade.
Assim, Arendt faz sua crítica e expõe seu entendimento sobre antissemitismo para continuar suas obra e tratar sobre mais assuntos referentes ao totalitarismo.
REFERÊNCIAS
ARENT, Hannah. Origens do Totalitarismo. Tradução. Roberto Raposo. — Sio Paulo : Companhia das Letras, 1989.

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