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Filosofia e Ética nas Organizações. 
 
Prof. Elir Battisti 
 
Uma definição de filosofia. 
Concordamos com Comte-Sponville (2005) que Filosofar é viver com a razão que é 
universal. “A filosofia é questionamento radical, busca da verdade global ou última (e 
não, como nas ciências, desta ou daquela verdade particular), criação ou utilização de 
conceitos (mesmo que isso também se faça em outras disciplinas), reflexividade (volta 
do espírito ou da razão para si mesmo: pensamento do pensamento), meditação sobre 
sua própria história e sobre a história da humanidade, busca da maior coerência 
possível, da maior racionalidade possível (é a arte da razão, por assim dizer, mas que 
desembocaria numa arte de viver), construção, às vezes, de sistemas, elaboração, 
sempre, de teses, de argumentos, de teorias... Mas também é, e talvez, antes de mais 
nada, crítica das ilusões, dos preconceitos, das ideologias. Toda filosofia é um combate. 
Sua arma? A razão. Seus inimigos? A tolice, o fanatismo, o obscurantismo. Seus 
aliados? As ciências. Seu objeto? O todo, com o homem dentro. Ou o homem, mas no 
todo. Sua finalidade? A sabedoria: a felicidade, mas na verdade!” (p.14) 
A filosofia é um pensamento livre, que não se detém. Assim, em filosofia tudo é incerto, 
inclusive o fato de que tudo seja incerto. Até mesmo o cogito, que é considerado a 
evidência por excelência, pode ser posto em dúvida. Disso conclui-se que, na filosofia, 
o que nós amamos não é a certeza nem, aliás, a dúvida, mas o próprio pensamento. 
Filosofia se faz “por discursos e raciocínios”. Filosofia se faz com palavras, mas com 
palavras que mais frequentemente designam idéias gerais, noções, conceitos. (Idem, 
p.10/1). 
 “O homem não é causa de si, nem essencialmente senhor de si, nem, menos ainda, 
transparente a si mesmo. Ele é o resultado de certa história, que o atravessa e o constitui 
sem que ele saiba. Ele só é o que faz porque é, antes de tudo, o que o faz (seu corpo, seu 
passado, sua educação...)” (Idem, p.131). Ele faz parte da natureza, cuja ordem segue, 
ele faz parte da história, que ele faz e que o faz, ele faz parte de uma sociedade, de uma 
época, de uma civilização. A humanidade é uma espécie, que é necessário preservar, 
uma história, que é necessário conhecer, um conjunto de indivíduos, que é necessário 
reconhecer, enfim, um valor que é necessário defender (Idem, p. 133). 
A filosofia é para o homem esforço em direção à sabedoria, o qual está sempre 
inconcluso (Kant). A sabedoria é o alvo; a filosofia, o caminho. Se fôssemos sábios, não 
mais precisaríamos filosofar. Mas, se fôssemos completamente loucos ou 
completamente ignorantes, não poderíamos fazê-lo. 
É necessário filosofar porque não sabemos viver. 
A sabedoria não é uma utopia. Nenhuma utopia é sábia. O mundo não é para ser 
sonhado, mas transformado. A sabedoria? É, antes de mais nada, certa relação com a 
verdade e com a ação, uma lucidez tônica, um conhecimento em ato, e ativo. Conhecer 
e aceitar. Compreender e transformar. Resistir e superar. “É o espírito do estoicismo: 
aceitar o que não depende de nós; fazer o que depende. Ou seja, só devemos nos ocupar 
efetivamente daquilo que está sob o nosso controle. Não podemos entregar ao outro o 
comando de nosso espírito. É o espírito do spinozismo: conhecer, compreender, agir” 
(A.C-S, 2002, p. 141). O sábio é um homem de ação. Como transformar o real sem 
primeiro enxergá-lo tal como é, conhecê-lo, compreendê-lo? 
“Trata-se de pensar (filosofia) e de viver (sabedoria) o mais inteligentemente possível, 
isto é, em conformidade com a razão. (...) A felicidade está no fim, talvez. Mas é a 
verdade que é o caminho” (ACS, 2005, p.121). “...a busca da felicidade e a busca da 
verdade caracterizam, juntas, a filosofia. (Idem, p. 132). 
Para A.C-S, todos os homens sem exceção procuram ser felizes, e cita Pascal, em seus 
Pensamentos (1670): “A busca da felicidade é o motivo de todas as ações de todos os 
homens, inclusive dos que vão se enforcar”. 
Horácio (65-8) já dizia: “Todas as minhas esperanças estão em mim” (Idem). Não 
ponha nos outros a sua felicidade. A sabedoria está mais do lado da vontade que da 
esperança, mais próxima da ação que da fé. O sábio é o oposto de um sonhador ou de 
um utópico, o inverso de um espírito submisso ou passivo. 
É difícil ser feliz quando se tem fome ou se é escravo ou oprimido. A humanidade, nos 
últimos 24 séculos, fez progressos consideráveis. Não acho positivo que o ser humano 
se torne um escravo da sociedade de consumo, associando seu grau de felicidade ao 
valor de seus bens e propriedades. Já dizia Demócrito (460-370): “Ocupe-se de pouco 
para ser feliz”. 
O que é a filosofia? “... é uma reflexão sobre os saberes disponíveis. É por isso que não 
se pode aprender filosofia, dizia Kant: só se pode aprender a filosofar. Como? 
Filosofando por conta própria: interrogando-se sobre seu próprio pensamento, sobre o 
pensamento dos outros, sobre o mundo, sobre a sociedade...”. As obras dos grandes 
filósofos? Uma ocasião para se fazer um juízo sobre eles, até mesmo contra eles (Kant). 
(Idem, p.12) 
Ao interrogar as ciências, a arte, a religião, a política... já damos um passo para dentro 
da filosofia. Esta também deve ser interrogada, mas ao fazê-lo não saímos dela, 
entramos nela. 
Fazemos filosofia, “pouco ou muito, bem ou mal, quando nos interrogamos (de maneira 
ao mesmo tempo racional e radical) sobre o mundo, sobre a humanidade, sobre a 
felicidade, sobre a justiça, sobre a liberdade, sobre a política, sobre a morte, sobre Deus, 
sobre o conhecimento... E quem poderia renunciar a fazê-lo? O ser humano é um animal 
filosofante: só pode renunciar à filosofia renunciando a uma parte de sua humanidade”. 
(Idem, p. 15) 
Na prática, os objetos da filosofia são incontáveis: nada do que é humano ou verdadeiro 
lhe é estranho. 
Para Mance (1998), frente aos desafios contemporâneos lançados à civilização na atual 
etapa da globalização, que passa rapidamente por transformações profundas, novamente 
a filosofia está desafiada naquilo que lhe é mais fundamental: elaborar conceitos que 
permitam compreender criticamente o que acontece à nossa volta e no mundo todo, a 
fim de que nossas escolhas e ações contribuam para expandir cada vez mais as 
liberdades públicas e privadas ao invés de restringi-las. 
A Moção em Defesa da Filosofia no Segundo Grau (1996) destaca: 
"entre as disciplinas humanísticas necessárias à educação para a cidadania ressaltamos a 
importância da Filosofia que deve constar nos currículos escolares. O seu papel é formar 
pessoas com pensamento crítico, solidário, criativo, que saibam distinguir argumentos, 
fundamentar posições e tomar decisões, habilidades necessárias ao mundo prático. Não 
se trata somente de apreender conteúdos tecnológicos já elaborados, mas desenvolver a 
capacidade de compreendê-los, criticá-los e de produzir ciência. Trata-se de manejar 
estruturas de pensamento e resolver problemas, formando as condições básicas para o 
pensar em todos os campos, inclusive o tecnológico." 
A filosofia, portanto, não pode abdicar de sua tarefa de problematizar o sentido da vida 
humana, problematizar os critérios de nossas escolhas ou a fragilidade de nossas 
compreensões da realidade. O esvaziamento da filosofia implica no retorno ao mito, ao 
dogmatismo e à intolerância ou ao modismo, ao ceticismo e à indiferença. O mundo 
contemporâneo assiste esse duplo movimento: a expansão de violências fundadas em 
dogmatismos e intolerâncias dos mais diversos tipos em inúmeros países, bem como, a 
expansão da miséria e exclusão social em várias outras sociedades marcadas pela 
indiferença, pelo ceticismo e individualismo. 
Contudo, nem toda filosofia é necessariamente umareflexão que contribua para o 
fortalecimento da democracia. Pelo contrário, posturas antidemocráticas, autoritárias e 
opressivas encontraram, historicamente, respaldo em literaturas filosóficas que 
advogaram até mesmo a manutenção da escravatura em idos tempos, ou a tecnocracia 
em tempos recentes. Frente a esta ambivalência da filosofia, cabe sempre a autocrítica 
conceitual do próprio filosofar. 
Portanto: “A filosofia, para um espírito livre, é menos um conjunto de dogmas do que 
um arsenal ou uma „caixa de ferramentas‟ (a expressão é de Foucault). (...) A filosofia, 
como a vida, é combate e construção. Cada um encontra suas ferramentas e suas armas 
aonde pode” (A.C-S, 2005, p. 93). 
 
Ética. 
Comte-Sponville (2002;2005): A ética designa “um discurso normativo, mas não 
imperativo (ou sem outros imperativos fora os hipotéticos), que resulta da oposição 
entre o bom e o mau, considerados como valores imanentes e relativos: é o conjunto 
refletido dos desejos de um indivíduo ou de um grupo. Uma ética – porque, por 
conseguinte, existem várias – responde à questão: Como viver? Ela não manda, e sim 
recomenda. É sempre particular a um indivíduo ou a um grupo. É uma arte de viver: 
tende mais frequentemente à felicidade e culmina na sabedoria.”. Sua ética? “O que 
você exige de você mesmo, não em função do olhar alheio ou de determinada ameaça 
exterior, mas em nome de certa concepção de bem e do mal, do dever e do proibido, do 
admissível e do inadmissível, enfim, da humanidade e de você mesmo. Concretamente: 
o conjunto de regras a que você se submeteria, mesmo que fosse invisível e invencível” 
(A.C-S, 2002, p.19). Agir eticamente é levar em conta os interesses do outro. Você quer 
saber se determinada ação é boa ou condenável? Pergunte-se o que aconteceria se todo o 
mundo se comportasse assim. “É preciso, portanto, proibir-se de fazer o que você 
condenaria nos outros ou então renunciar a se aprovar de acordo com o universal, isto é, 
de acordo com o espírito ou a razão. É esse o ponto decisivo, trata-se de submeter 
pessoalmente a uma lei que nos parece valer, ou que deveria valer, para todos” (Idem, 
p.22). 
O grande filósofo da ética nos tempos modernos? Espinosa (que deixa à moral o lugar 
dela) e Nietzsche (que a recusa). Quanto aos antigos, quase todas as suas teorias morais 
ou éticas são teorias do soberano bem
1
, o que supõem que a felicidade e a virtude – e 
 
1 “O soberano bem é o bem supremo (que não pode ser aumentado) e último (que é o fim, direto ou indireto, de todos 
os nossos meios, e o meio de nenhum fim)”(A.C-S, 2005, p.91). 
portanto também a ética e a moral
2
 – andam juntas. 
 
Filosofia e Ética nas Organizações. 
Nas organizações, a grande competitividade competição coloca as pessoas em batalhas 
sem fim, disputando fatias de mercado, disputando posições de destaque dentro das 
empresas e fora delas. Na busca desenfreada pelo reconhecimento, manutenção do 
“status”, prestígio, lucratividade e poder, é comum conflitos éticos. O papel da ética 
numa organização é colocar limites e parâmetros aos choques de interesses individuais 
existentes, servindo como uma reguladora das relações, conciliando os interesses 
pessoais com os objetivos comuns (da organização). 
Vários temas são abordados sob a insígnia da ética na administração, entre eles: ética 
relacionada a produtos, questões relativas à propaganda enganosa, os preços, margem de 
lucro... 
Para Furbino (2007), a ética organizacional, além de parecer pautada, de forma nítida, 
quanto ao comportamento e conduta adotados pelos gestores da organização, deve 
aparecer também, de forma clara, na missão, nos princípios e valores impregnados, nas 
políticas e estratégias adotadas, no código de ética elaborado e concebido pela 
organização como padrão efetivo de diretrizes da ação profissional. Portanto, constitui-
se numa filosofia de vida. 
Segundo Silva (2002), existem quatro visões do comportamento ético: 
1) Utilitarista: entrega dos melhores produtos para o maior número de pessoas 
(resultados, benefício social); 
2) Individualista ou do interesse próprio: voltado para a elevação dos auto-
interesses. Você proporciona algo ao outro porque é de seu interesse fazê-lo. De 
acordo com os seguidores dessa escola, a responsabilidade social da empresa 
consiste em aumentar o seu lucro, maximizar os seus retornos. A preocupação 
com os empregados, com a qualidade, com o bem estar da comunidade, enfim, 
tudo que ela faz pelos outros, justifica-se apenas se a ação resulta na 
maximização dos resultados econômicos da empresa (Ex.: preocupação 
ambiental). [posição fortalecida pelo liberalismo/neoliberalismo]; 
3) Direitos morais ou ética orientada para o outro: ético é quem respeita e protege 
os direitos fundamentais das pessoas. Tem por objetivo básico a valorização do 
outro para o benefício do todo. Parte do princípio de que é fazendo o outro feliz 
que eu vou me realizar, que eu vou me sentir bem, feliz. É na medida que os 
outros crescem que o grupo todo cresce. Em termos empresariais, isto significa 
uma filosofia ou uma ética do serviço. Nesta perspectiva, o valor maior é a 
solidariedade, a profunda interdependência humana, o crescimento do outro. 
Este é o objetivo. O lucro, o benefício econômico é um subproduto. 
4) Justiça: considera ético aquele que trata as pessoas de maneira justa, de acordo 
com regras e padrões legais. 
 
2 “Chamamos de moral todo discurso normativo e imperativo que resulta da oposição entre o Bem e o Mal, 
considerados como valores absolutos ou transcendentes: é o conjunto dos nossos deveres. A moral responde à 
questão: „O que eu devo fazer?‟. Ela se quer uma, universal e incondicional. Ela manda de maneira absoluta, ou 
aspira a isso. Ela tende à virtude (como disposição adquirida para fazer o bem) e culmina na santidade (no sentido de 
Kant: no sentido de que a santidade é „a inteira conformidade da vontade à lei moral‟). (...) “A moral se quer ao 
mesmo tempo universal e absoluta: pretende governar todos incondicionalmente”. (A.C-S, 2005, p.90) 
Teorias sobre a formação dos conceitos éticos: 
a) Teoria Fundamentalista: propõe que os conceitos éticos sejam obtidos de uma 
fonte externa ao ser humano (Autoridade: Bíblia, Mandamentos, Cristo, 
Hierarquia). 
b) Teoria Utilitarista: sustenta que o conceito ético deve ser elaborado no critério 
do benefício social (maior bem para a sociedade com um todo). 
c) Teoria Kantiana: concebe que o conceito ético é extraído de princípios 
universais. 
d) Teoria Contratualista: parte do pressuposto de que o ser humano assumiu com 
seus semelhantes a obrigação de se comportar de acordo com as regras morais, 
para poder conviver em sociedade. Segundo essa teoria, o Estado ou a vida 
civilizada teria surgido de uma „acordo‟ ou de um contrato firmado pelos 
indivíduos. Os conceitos éticos seriam extraídos, portanto, das regras morais que 
conduzissem à perpetuação da sociedade, da paz e da harmonia do grupo social. 
e) Teoria Relativista: cada pessoa deve decidir sobre o que é ou não ético, com 
base nas suas próprias convicções e concepção de bem e mal. 
Nadas (2007): “A ética é a maneira de pôr em prática os valores morais. É um sistema 
de balizamento ou de codificação para ser usado na tomada de decisões. É a forma de 
traduzir a moral em atos”. O autor sugere a valorização das pessoas, do trabalho, acima 
das coisas (tecnologia, lucro). Isto supõe a participação efetiva na empresa contribuindo 
com idéias na construção de seus resultados. 
Segundo Bateman (2006, p. 148), o “objetivo da ética é identificar tanto as regras que 
devem governar o comportamento das pessoas quanto os bons atosque valem a pena ser 
buscados, as decisões éticas são gerados pelos valores subjacentes de cada pessoa”. Os 
valores representam os princípios de conduta como proteção, honestidade, 
responsabilidade, respeito... [estes são fruto da educação e cultura familiar e social, da 
tradição, história adquirida ao longo do tempo]. 
Nas organizações a ética (regras de conduta, sistema de recompensa, sistema de 
seleção...) é definida pela alta administração a partir da leitura da cultura organizacional 
e visa evitar ressentimentos, desrespeito, falta de confiança, garantindo o bom 
funcionamento da empresa. “Um código de ética é uma declaração formal dos valores 
da empresa e das questões sociais; ele comunica aos funcionários o que a empresa 
representa”. (DAFT, 2005, p. 115) 
Segundo o Código de Ética Profissional do Administrador, a ética é definida como a 
explicitação teórica do fundamento último do agir humano na busca do bem comum e 
da realização individual. A busca desta satisfação ocorre dentro de um contexto social, 
onde outras pessoas perseguem o mesmo objetivo, o que as torna comprometidas com a 
qualidade dos serviços prestados e com o seu aprimoramento intelectual. A busca dessa 
satisfação individual ocorre, no trabalho, de acordo com normas de conduta profissional 
que orientam as relações do indivíduo com o cliente, o ambiente e as pessoas de sua 
relação. A busca constante da realização do bem comum e individual – que é o 
propósito da ética – conduz ao desenvolvimento social, compondo um binômio 
inseparável. No mundo organizacional, cabe ao administrador preponderante papel de 
agente de desenvolvimento social. 
São deveres éticos do administrador (Art. 6º): respeitar os princípios da livre iniciativa 
e da livre empresa; propugnar pelo desenvolvimento da sociedade e das organizações, 
subordinando a eficiência aos valores da verdade e do bem comum; capacitar-se; 
atualizar-se; contribuir, como cidadão e como profissional, para o incessante progresso 
das instituições sociais e dos princípios legais que regem o país; zelo, diligência e 
honestidade; sigilo; opinar; pleitear a melhor adequação do trabalho ao ser humano, 
melhorando suas condições de acordo com os mais elevados padrões de segurança; 
estimular, dentro da empresa, a utilização de técnicas modernas (qualidade do produto e 
excelência dos serviços); preservar o meio ambiente; informar e orientar o cliente, entre 
outros. 
Proibições: anunciar-se com excesso; contribuir ara a realização de ato contrário à lei; 
recusar-se à prestação de contas; violar o sigilo profissional... 
Segundo Passos (2004), as empresas precisam incentivar o comportamento ético a partir 
de ações que favoreçam a consciência e a reflexão éticas. Diz que a empresa deve rever 
a relação entre meio e fins, estabelecendo novas relações entre os bens públicos e 
privados, elegendo a ética como parte do negócio e colocando o ser humano no centro – 
reconhecer o esforço da equipe, respeitar seus direitos e considerar suas necessidades, 
atuar democraticamente e com responsabilidade social. 
Críticas: a empresa está inserida num tipo de sociedade – capitalismo – que legitima 
posturas competitivas e tem como lógica gerar riqueza e lucro, e isto supõe exploração 
do trabalhador, concorrência desleal, corrupção, loby... o trabalhador é reconhecido 
desde que dê lucro, vantagem à organização. 
No séc. XXI, a ética não é mais uma opção e sim uma exigência de mercado – é o 
diferencial da empresa. Um bom código de ética, é um bom negócio: facilitador para 
aliar lucros, resultados, produtividade, qualidade, eficiência, cooperação.... [o ambiente 
externo – competidores, leis e regulamentos governamentais – influencia a ação e 
conduta organizacional]. 
Muitas vezes, organizações e grupos definem padrões considerados éticos para elas, e 
acabam pré-estabelecendo códigos a serem seguidos de forma rígida pelos integrantes 
desta. Estes códigos de ética, por si só, acabam intervindo nos valores morais 
preestabelecidos pelos integrantes da organização. 
[Questão da flexibilidade como forma de manter jovens talentos. Ex.: Google] 
 
Ética e Profissão. 
A ética profissional é o “conjunto de regras morais de conduta que o indivíduo deve 
observar em sua atividade, no sentido de valorizar a profissão e bem servir aos que dela 
dependem”3(p. 363). 
Para Bittar, a profissão representa “uma atividade moral na medida em que, por meio 
dela, se pode transformar o ambiente, a conduta e as condições de vida das pessoas que 
dela dependem. Isso justifica, por exemplo, a formulação de princípios éticos em 
diversos setores profissionais” (p. 365). A empresa “tem uma função social”; é “um 
serviço à comunidade”; o lucro não é a única razão; igualdade de tratamento a todos os 
trabalhadores; busca da independência tecnológica e financeira do pais; repasse aos 
trabalhadores dos ganhos de produtividade; boas condições de trabalho, de qualificação 
e de segurança aos funcionários. 
As atividades profissionais têm finalidades sociais, pois a primeira característica da 
 
3 Sidou, Dicionário Jurídico: Academia Brasileira de Letras Jurídicas, 1997, p. 335. In: Bittar, op. cit. p. 363. 
profissão é estar à serviço do social. “Então, o que define o estatuto ético de uma 
determinada profissão é a responsabilidade que dela decorre, pois, quanto maior sua 
importância, maior a responsabilidade que dela provém, em face dos outros” (p. 363). 
 Profissão e Códigos de Ética
4
. 
Para Bittar, na atualidade, a ética tem se reduzido e simplificado de modo extremado a 
uma tecnologia ética. Devido a esta realidade os Códigos de Ética proliferaram. Na 
realidade são todos códigos de conduta. Trata-se de uma onda positivista (concretizar e 
especificar os princípios e deveres éticos), trazendo como conseqüência: a 
transformação das prescrições éticas em mandamentos legais; a reificação excessiva dos 
campos conceituais da ética; a compartimentação da ética em tantas partes quantas 
profissões existentes (negando a possibilidade de um padrão universal aplicável a todos 
os casos); d) a juridicização dos mandamentos éticos. 
A ética profissional, quando regulamentada, “deixa de ter seu conteúdo de 
espontaneidade, que é o que caracteriza a ética”, tornando-se “conjunto de prescrições 
de conduta. Deixam, portanto, de ser normas puramente éticas, para ser normas jurídicas 
de direito administrativo” (obrigatoriedade, sansões). (p. 367) 
 “Nesse contexto, as infrações éticas acabam se equiparando, ou sendo tratadas 
igualmente, às demais infrações funcionais”. (p. 368) 
As influências da bioética e das regras científicas (previsão, logo, ação) “têm favorecido 
esse tipo de redução da ética á tecnologia codificada. Essa postura é perniciosa pois 
reduz o pensamento ético e a prática ética a um conjunto preceptístico de caráter 
formular e abstrato, sem liame com a práxis efetiva”. (risco de perversão de valores e do 
esvaziamento de uma das principais raízes humanas, a ética). 
Bittar: Essa tendência faz do homem um cumpridor de códigos de conduta internos de 
empresas, categorias profissionais ou órgãos públicos. (p. 368/9) 
A tecnologização e a pragmatização da ética, transformam as normas éticas em 
jurídicas, “deturpando-se as essenciais lições da ética que são: a livre consciência e a 
autodeterminação, deixando de lado o que (desde Sócrates, os Estóicos, Epicuristas, 
Aristóteles, entre outros) sempre foi o núcleo da ética: a felicidade e a formação do 
caráter (Bittar, p. 369). 
 
Utilidade dos códigos de ética profissional. 
A ética codificada vem a preencher uma necessidade de se transformar em algo claro e 
prescritivo, para efeitos de controle corporativo, institucionale social, o que navega nas 
incertezas da ética filosófica. 
Não poderiam as profissões ficarem à mercê da livre-consciência dos profissionais 
agirem de acordo com suas regras éticas subjetivas – a liberdade absoluta de escolha 
ética, não vale completamente para o âmbito profissional. O profissional deve adaptar 
sua ética pessoal aos mandamentos mínimos da categoria. A ética profissional é 
minimalista, enunciando-se por discursos proibitivos. Dessa forma, a liberdade ética do 
profissional vai até onde esbarra nas exigências da corporação ou instituição que 
controla seus atos. Mais, a liberdade do profissional vai até onde seu comportamento 
fere as exigências coletivas – exigência de responsabilidade para com o coletivo. 
 
4 Conjunto de prescrições de caráter puramente formal e jurídico. 
É importante a existência dessas normas éticas, uma vez que garantem a publicidade, 
oficialidade e igualdade. 
Se essa é a importância dos códigos de ética, se deve destacar que a ética não se reduz a 
esse tipo de preocupação. 
Os deveres ético-profissionais. 
Ciência e consciência são os dois grandes mandamentos ético-profissionais. A primeira 
tem que ver com o preparo técnico e/ou intelectual permanente do profissional (dever 
ético de saber); a segunda tem a ver com seu compromisso para com os efeitos (função 
social) de seu exercício profissional (dever ético de ser). 
No caso do administrador, não basta a capacitação técnica ou intelectual, pois é mister a 
virtude do ser (democracia, verdade, justiça, honestidade). 
Percebe-se, pois, que a noção de dever profissional se liga diretamente à noção de 
virtude. 
São virtudes profissionais indispensáveis: competência; sigilo; honestidade e zelo. 
 
Ética e Profissão Administrativa. 
As profissões administrativas, por envolver questões de alto grau de interesse coletivo, 
são profissões de exercício vinculado a deveres, obrigações e comportamentos regrados 
– expressos em legislação, códigos éticos, regimentos internos, portarias, regulamentos, 
circulares ou até mesmo em texto constitucional. 
Não existe uma regra que domine e resolva de modo formular todos os problemas éticos 
das diversas carreiras administrativas (públicas e privadas). Cada qual possui suas 
peculiaridades. No entanto, podem-se enunciar alguns princípios gerais e comuns a 
todas as carreiras, a saber, entre outros: o princípio da cidadania (direitos do cidadão); o 
princípio da efetividade (que os atos profissionais, surtam os efeitos desejados); o 
princípio da probidade (zelo administrativo pelo bem comum); o princípio da liberdade; 
o princípio da defesa das prerrogativas profissionais (proteção das qualidades 
profissionais de sua categoria); os princípios da informação e da solidariedade (clareza, 
publicidade e cordialidade nas relações). 
 
O controle da conduta dos profissionais. 
Os profissionais da administração, além de possuírem um regramento específico de suas 
atividades profissionais, pela importância e pelo caráter social de que se revestem suas 
profissões, têm também órgãos censórios revestidos de poder decisório bastante 
inclusive para a cassação da habilitação profissional. Os CRA, a OAB possuem 
comissões de ética e disciplina que se incumbem da punição pelo comportamento 
desviante. 
Contudo, os órgãos censórios têm seus poderes limitados pela legislação, pelo princípio 
constitucional de ampla defesa. O Art. XXXV, da CF/88 prevê reintegração no cargo, 
refazimento do julgamento, reparação civil por danos morais... do profissional 
prejudicado pela sansão que lhe foi imposta. 
 
Consciência Ética do Administrador. 
A atuação do administrador possui mais que simplesmente efeitos e conseqüências 
administrativas. Todo administrador pratica atos que se projetam por sobre outras áreas. 
O administrador tem de estar consciente de que o instrumental que manipula é aquele 
capaz de cercear a liberdade, de alterar fatores econômicos e prejudicar populações 
inteiras, de eliminar empregos, desestruturar famílias, de intervir sobre a felicidade e o 
bem-estar das pessoas... A consciência ética e social do administrador é um mister na 
medida em que interfere na conduta e no comportamento das pessoas e em sua forma de 
se organizar e distribuir socialmente. 
A exigência de uma grande consciência ética, requer do administrador uma formação 
nas humanidades. Deve ser, pois, historiador, filósofo, economista, sociólogo, 
futurólogo, psicólogo. Isto porque os fins sociais da administração prevalecem sobre os 
fins individuais, pessoais e egoístas que eventualmente a ela se queira dar. 
Uma virtude importante do administrador é a completa ausência de maniqueísmo. Isto é 
jamais adotarmos diante de um conflito de interesses uma postura de detentores da 
verdade. 
O primeiro compromisso ético do profissional da administração é: “Não há lugar para 
individualismos, sobretudo na atualidade, pois o raciocínio do administrador deve se 
medir pelas necessidades sociais e pelas condições do exercício da cidadania no país” – 
implica em compromisso com os trabalhadores, o cliente e a sociedade. 
O segundo compromisso do profissional da administração é o dever de fidelidade aos 
interesses que patrocina. Assim, se a ética pessoal e a ética profissional do 
administrador conflitarem, deverá preponderar a segunda. (a menos que renunciar ao 
cargo). 
Deve-se salientar, na relação com o cliente, além do princípio de confiança, a 
importância do dever de informar a verdade; do dever de lealdade; do dever de 
diligência; do dever de honestidade nas relações, altivez (não se submeter a desmandos). 
 
Ética na Administração. 
A ética deve ser a bússola do administrador. 
A ética surge para evitar que interesses particulares sejam colocados acima do bem da 
coletividade. 
Até mesmo ardorosos defensores da cultura capitalista perceberam que não se pode 
levar muito a sério a tese de que a defesa do interesse individual gera o bem-estar da 
coletividade. 
A ausência de ética na administração e a simples defesa do interesse próprio põem em 
perigo a sobrevivência das empresas e, portanto, dos seus próprios empregos. 
A crítica ética das instituições é eficaz para a moralização da coisa pública. 
Não existe duas pessoas iguais em todo o universo, portanto o profissional tem que estar 
preparado para entender a essência humana. 
A Ética tem caráter histórico e social, ou seja, acompanha as tendências da sociedade o 
tempo. 
A ausência de princípios e valores éticos e a impunidade de altos integrantes dos 
poderes constituídos (Executivo, Legislativo e Judiciário) vêm gerando muito descrédito 
pessoal e institucional. 
No centro da devastação acham-se as próprias instituições, que vão perdendo 
credibilidade na medida em que a preocupação máxima dos seus integrantes não se 
volta para a apuração dos fatos divulgados, mas sim, ao seu acobertamento. 
Tão repugnante quanto o enriquecimento ilícito, a malversação do dinheiro público, a 
confusão do público com o privado é o acobertamento de todas essas falcatruas. 
Isso explica porque o Brasil ocupa a 70ª posição no “ranking” mundial de percepção da 
corrupção elaborado pela “Transparency International” (dados de 2006). Isto significa 
que ele é considerado um país pouco sério em relação às medidas concretas e efetivas 
para enfrentar a corrupção e a impunidade. 
O relatório do Banco Mundial de 2007 concluiu que o Brasil é um dos piores lugares 
para se fazer negócios muito em razão da instabilidade gerada pela corrupção e pela 
criminalidade. 
 
Referências: 
BATEMAN, S. Administração: novo cenário competitivo. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 
2006. 
BITAR, EduardoC. B. Curso de Ética Jurídica – Ética Geral e Profissional. São 
Paulo: Saraiva, 2002. (Parte II – Ética Profissional, p. 363-426). 
COMTE-SPONVILLE, André. A Filosofa. 1ª ed., São Paulo: Martins Fontes, 2005. 
COMTE-SPONVILLE, André. Apresentação da Filosofa. 1ª ed., São Paulo: Martins 
Fontes, 2002. 
CONSELHO FEDERAL DE ADMINISTRAÇÃO. Código de ética profissional do 
administrador, Ano IX, n.º 25, Mai, 1999. 
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FURBINO, Marizete. Ética, Questão de Sobrevivência. Disponível em 
www.webartigos.com. Acesso em 14/09/2007. 
GOMES, Luiz Flávio. A ética e o poder político brasileiro. In: Jornal O Estado do 
Paraná 08 jul. 2007. 
JORQUERA, C. R. Ética empresarial. Disponível em: 
www.administradores.com.br/artigos/etica_empresarial/13778, 24/04/07. Acesso em 
20/10/2007. 
MANCE, Euclides André. Questões Éticas no Mundo Globalizado. IFIL, nov. de 
1998. 
MO SUNG, Jung e SILVA, Josué Cândido. Conversando sobre ética e sociedade. 5ª 
Edição, Editora Vozes, 1999. 
MOREIRA, J. M. A Ética empresarial no Brasil. São Paulo: Pioneira, 2002. 
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Administrador. Disponível em www.fides.org.br/artigo. Acesso em 14/09/2007. 
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2002.

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