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3 - Passagem do Mito a Filosofia

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PASSAGEM DO MITO À FILOSOFIA
Vicente Keller
	Na Grécia Antiga existia o mito. Na tentativa de se encontrar algo que lhe desse segurança, o ser humano servia-se da adivinhação. Por exemplo, Oráculos, exame das entranhas das vítimas, etc...
	Todo homem necessita saber A QUE SE ATER. Os gregos, assim como outros povos, atinham-se ao Mito. Por exemplo, na retirada dos dez mil, de Xenofonte. Enquanto não houve presságio favorável, o exército não levantou acampamento.
	No mito há uma absoluta descontinuidade entre a realidade patente e a latência em vista da qual se orienta ou se deve decidir a vida. Com o mito, não é possível ir ao latente (anseios escondidos, profundos). É o latente que deve vir ao indivíduo, por intermédio dos deuses. Para ter acesso ao latente, a partir das coisas que estão aí, não há caminho (método).
ESTRUTURA E FUNÇÃO DOS MITOS
Constitui a História dos atos dos entes sobrenaturais
Essa história é considerada absolutamente verdadeira e sagrada
O mito se refere sempre a uma criação, contando como algo veio à existência, ou como um padrão de comportamento, uma instituição, uma maneira de trabalhar foram estabelecidos.
Conhecendo-se o mito, conhece-se a origem das coisas, chegando-se, consequentemente, a dominá-las à vontade.
 De uma maneira ou de outra, vive-se o mito, e sempre deve ser atualizado a fim de que não perca o seu valor.
Nas civilizações primitivas, o mito desempenha uma função indispensável: ele exprime e codifica a crença. Salvaguarda e impõe princípios morais; oferece regras práticas para a orientação do homem.
CAUSAS DO APARECIMENTO DA FILOSOFIA NA GRÉCIA
Circunstâncias que prepararam a aparição da Filosofia e favoreceram seu rápido desenvolvimento:
Situação Geográfica - o solo pobre fez com que o grego procurasse alimentação em outras terras. A Costa favorece a navegação e faz com que se mantivesse contatos com outras culturas. Através do contato, ele perde sua tranquilidade, pois os mesmos fenômenos têm explicações diferentes em cada cultura. Com isso, sente-se a fragilidade do mito. Nesta condição, o grego se descobre fazendo filosofia.
Contato com os Povos Orientais - É importante distinguir três concepções:
A filosofia grega não tem nenhuma originalidade, ou seja, todos os conteúdos filosóficos são provenientes do Oriente.
Todos os conteúdos filosóficos são gregos.
Os gregos sofreram a influência do Oriente, mas também legaram uma cultura altamente original.
	São três correntes, sendo que a terceira é a mais aceita. Os gregos receberam influência do Oriente, mas legaram para a posteridade algo mais racional .
aparecimento da Filosofia na Grécia não pode ser explicado somente pela influência do Oriente. Isto não quer dizer que possa ser explicado sem esta influência. Segundo Rodolfo MONDOLFO, no livro O Pensamento Antigo, pp. 11-14, as principais ideias herdadas do Oriente pelos gregos foram:
Ideia da Unidade Universal
Ideias orientais sobre a originação do mundo (universo) - cosmogonias
Os processos de originação do Universo: a) quer pela intervenção de uma energia superior à materialidade bruta; b) quer por um elemento intrínseco à própria materialidade; c) quer pela luta entre duas forças opostas (amor X ódio).
Ideia das revoluções periódicas do Universo (o retorno cíclico)
 A metempsicose - transmigração das almas
Ideia do dualismo: corpo material X alma espiritual
Asceticismo e a meditação para a libertação do espírito. 
O Gênio Grego - isto não quer dizer que outros povos não fossem dotados de racionalidade. No entanto, em todos os ramos culturais, o povo grego deixou suas marcas. Nas diversas correntes filosóficas, encontram-se raízes já nos gregos. As posições das correntes filosóficas já encontraram adeptos entre os gregos. Quanto à espiritualidade, somos herdeiros da tradição judaico-cristã. Cabe, aqui, uma advertência: No Universo intelectual, quase tudo devemos aos gregos. No Universo espiritual, somos herdeiros do povo judeu e da tradição judaico-cristã quanto à maior parte de nossas Ideias morais e religiosas. Duas ideias decisivas e que nos proporcionam a chave da realidade nos são transmitidas pelo judeu-cristianismo: 
a criação a partir do nada, ou da dependência absoluta do mundo com relação ao Incondicionado que a tudo condiciona (esta ideia é estranha ao pensamento grego que é dominado pelas ideias de eternidade da matéria e das revoluções periódicas.
a ideia da personalidade no homem e em Deus (quem diz personalidade diz poder criador da vontade). Os gregos reduzem tudo ao necessitarismo; a liberdade do homem está restrita aos quadros da natureza ou da cidade.
Assombro diante da multiplicidade e do movimento - quem se admira diante das coisas, da realidade, começa a refletir e fazer filosofia. Como explicar o movimento? Como explicar que algo é um, e existem tantos seres diferentes? Diante da perfeição na natureza, surge o assombro. Como explicar? Onde está a certeza, a verdade, o conhecimento a respeito das coisas? Como explicar o “devir”? Distinguem-se 4 classes de movimento (kinesis):
local - troca de lugar, ir de um lugar a outro
quantitativo - aumento e diminuição
qualitativo - alteração
substancial - a geração e a corrupção das coisas (aí está a verdadeira preocupação. Como explicar?)
	A partir das questões sobre a natureza, sobre a geração (MONDOLFO, p. 31-33) surge a questão sobre a PHYSIS - natureza (não o que se pode dominar - concepção moderna).
indica aquilo que por si brota, se abre, emerge, o desabrochar que surge de si próprio e se manifesta neste desdobramento, pondo-se a descoberto, em manifesto - arché (primeiro princípio de todas as coisas, princípio de tudo aquilo que vem a ser).
À physis pertence um princípio inteligente (razão, logos, espírito, pensamento, inteligência, divindade). Os deuses gregos são compreendidos como partes integrantes da physis.
A totalidade daquilo que é. Tudo (SER OU ENTE). Quando o grego tenta abstrair, ou abarcar a totalidade das coisas, está filosofando metafisicamente.

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