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Comportamento Organizacional Aula 05 Os direitos desta obra foram cedidos à Universidade Nove de Julho Este material é parte integrante da disciplina oferecida pela UNINOVE. O acesso às atividades, conteúdos multimídia e interativo, encontros virtuais, fóruns de discussão e a comunicação com o professor devem ser feitos diretamente no ambiente virtual de aprendizagem UNINOVE. Uso consciente do papel. Cause boa impressão, imprima menos. Aula 05: Personalidade – Tipologias 1.1 Personalidade: interesses da disciplina pelo tema A personalidade é objeto dos estudos de comportamento organizacional por ser ela um fator muito importante de previsão de tendências de comportamento do indivíduo no trabalho. Autores importantes como Robbins (2010, p. 78) afirmam que a personalidade se mostra uma importante causa explicativa da satisfação que o indivíduo experimenta no trabalho que executa. Compreender como a personalidade define as características pessoais mais marcantes de um indivíduo e conhecer as teorias mais importantes sobre o funcionamento da personalidade e seus efeitos nas condutas de trabalho são os objetivos principais deste capítulo. 1.2 Personalidade: conceitos gerais A personalidade é uma característica presente em todos os indivíduos e pode ser medida de forma consistente e válida. Podemos definir a personalidade como sendo a soma de suas características comportamentais mais marcantes e com as quais a pessoa define sua identidade de indivíduo. Chiavenato (2005, p.199) destaca que a personalidade reúne características de um indivíduo que lhe sejam estáveis e permitam observar essas tendências de comportamento se repetindo em situações diversas. A isso o autor define como sendo a característica da personalidade de dar consistência às condutas do indivíduo. A personalidade permite também que seja possível observar as características singulares das pessoas quando se observar as peculiaridades de pessoas diferentes quando estas enfrentam situações semelhantes de vida. As pessoas, por meio de sua personalidade, definem suas aptidões pessoais para lidar com as situações de vida, incluindo aí as situações de trabalho. Os estudos sobre personalidade são variados e estão condicionados ao papel que se atribua à personalidade na avaliação de um comportamento humano específico. No caso dos estudos do comportamento organizacional, as teorias de personalidade baseadas no entendimento de que a personalidade humana seja estudada como sendo o conjunto de traços pessoais específicos ganharam destaque e orientam as pesquisas em comportamento organizacional. 1.3 Fatores determinantes da personalidade A personalidade é determinada por dois fatores internos do indivíduo: a) Fatores hereditários – são os fatores genéticos que o indivíduo herda de seus pais. A herança genética é a principal causa explicativa das características emocionais de um indivíduo. Segundo Robbins (2010, p.127-8), os fatores hereditários são importantes por definir traços emocionais predominantes, como também os interesses ocupacionais e de lazer das pessoas. b) Fatores sociais – decorrentes da experiência social e educacional do indivíduo. Fazem parte as ideias, pensamentos e convicções que sustentam o sistema de valores do indivíduo. A soma dos fatores hereditários e sociais do indivíduo define seu perfil de personalidade. Os estudos de comportamento organizacional tornaram alguns modelos de personalidade mais utilizados na análise e previsão das condutas de trabalho de indivíduos no contexto organizacional. Vamos apresentar as teorias mais conhecidas do funcionamento da personalidade humana. 1.4 Teorias de personalidade mais conhecidas Os estudos sobre traços apontam para a identificação de um conjunto de traços gerais que sejam mais importantes do que outros. Vamos destacar três teorias mais conhecidas. 1.4.1 Teoria dos cinco grandes traços O modelo conhecido como Big Five1 classifica as diferenças de personalidade de indivíduos com base em cinco dimensões de análise: I. Extroversão – avalia a tendência do indivíduo em ser introvertido ou extrovertido. II. Amabilidade – avalia a tendência do indivíduo em ser amável em suas relações. III. Conscienciosidade – avalia o grau de responsabilidade revelado pelo indivíduo em seu envolvimento nas situações de vida. IV. Estabilidade emocional – avalia o grau de oscilação de humor observado no indivíduo. V. Interesse por novas experiências – mede o grau de abertura para novas experiências do indivíduo. Esse modelo teve a partir da década de 1990 (ROBBINS, 2010, p.130) um grande reconhecimento nas pesquisas para realizar previsões de traços comportamentais e de elaborar perfis consistentes de personalidade no ambiente de trabalho. O modelo reconhece 32 tipos distintos de perfis de personalidade. Essas cinco dimensões de personalidade teriam grande aplicação nas condutas de trabalho. Para os estudiosos desse modelo teórico as situações de trabalho guardam as seguintes relações (WAGNER III e HOLLENBECK, 2006, p.41-2): Figura 1.1 Efeitos da personalidade no desempenho do cargo 1 Saiba Mais: (Disponível em: <http://www.psicologiananet.com.br/teste-de-personalidade- denominado-big-five-%E2%80%93-modelo-dos-cinco-grande-fatores-na-avaliacao-da- personalidade/1963/>. Acesso em: 2 mai. 2011.) Extroversão Amabilidade Conscienciosidade Estabilidade Emocional Interesse por novas Experiências Aprendizado e improvisação Motivação Domínio nas Tarefas (Fonte: Wagner III e Hollenbeck, 2006, 44.) O modelo admite a hipótese de que a personalidade funciona como um indicador das aptidões profissionais de um indivíduo. Porém, faz-se necessário o seguinte comentário: Diferente do que se observa nos testes psicológicos que avaliam aptidões humanas cognitivas (exemplos: testes de inteligência e de memória), a elaboração de perfis de personalidade não possuem o mesmo nível de precisão e de validade. Ainda assim, os perfis de personalidade são uma base importante de informação para se avaliar o potencial de um indivíduo para um determinado cargo. 1.4.2 Modelo de Tipologia de Myers-Briggs2 (MBTI) Esse modelo teórico vem sendo bastante utilizado, de acordo com Chiavenato (2005, p. 200) em diversos trabalhos, envolvendo aconselhamento de carreira, desenvolvimento de equipes, gestão de conflitos e estilos gerenciais. O modelo é baseado na teoria psicológica do suíço Carl Jung. O modelo faz o levantamento do perfil com base num questionário de 100 itens. O modelo se apoia em quatro dimensões de personalidade que permite identificar 16 perfis distintos de personalidade. A Figura 1.2 apresenta esquematicamente os fatores de avaliação do MBTI. 2Saiba Mais: (Disponível em: <http://www.inspiira.org/view/pt-br/114-type-preferences/>. Acesso em: 2 mai. 2011. Extrovertido (E) Sociável. Gregário. Fala para pensar Introvertido (I) Quieto. Concentrado. Pensa para falar. Sensorial (S) Prático. Detalhista. Concreto. Específico. Intuitivo (N) Teórico. Genérico. Abstrato. Especulador. De onde a pessoa tira sua energia? Como a pessoa prestaatenção e confere as informações obtidas do ambiente? Figura 1.2: Dimensões e Indicadores de Meyers-Briggs (Fonte: Chiavenato, 2005, p.200.) No contexto organizacional brasileiro o modelo MBTI tem obtido grande aceitação. Porém, no contexto científico há críticas sobre sua validade como instrumento confiável de avaliação de personalidade. 1.4.3 Traços específicos de personalidade Algumas pesquisas de personalidade se dedicaram por medir não mais um conjunto integrado de traços, com o objetivo de estabelecer perfis distintos e consistentes de personalidade, mas de estudar traços isolados, que fossem úteis em relação a determinadas situações de trabalho. Iremos destacar alguns desses traços. a) Autoestima – mede o grau com que as pessoas gostam de si mesmas. Avalia a intensidade com que as pessoas demonstram ter boa aceitação sobre suas características marcantes. Pessoas com elevada autoestima demonstram maior tolerância a enfrentar situações de frustração. Pessoas com baixa autoestima são mais reativas a situações críticas e comentários dos outros sobre sua personalidade. Sentimental (F) Subjetivo. Afetivo. Passional. Pensador (T) Analítico. Cerebral. Foco nas regras. Julgador (J) Foco no tempo Decisivo. Organizado. Perceptivo (P) Flexível. Que protela. Espontâneo. Como a pessoa avalia e toma decisões? Como a pessoa se orienta em relação ao mundo exterior? b) Centro de Controle – mede a força da tendência do indivíduo em orientar suas condutas na crença de que os resultados de suas ações estão sob seu próprio controle. Quando o indivíduo conduz suas ações sob esta percepção ele demonstra ter o traço de centro de controle interno. Quando suas ações são orientadas pela percepção de que sua vida é movida pelas oportunidades oferecidas pelo ambiente externo, o indivíduo tem como traço predominante o centro de controle externo. c) Maquiavelismo – traço que avalia o grau de pragmatismo presente na orientação das ações de um indivíduo. Quanto menor a influência de princípios morais sobre a conduta do indivíduo e se tais condutas forem influenciadas pelo princípio do utilitarismo, o indivíduo demonstrará um traço de maquiavelismo elevado. Caso suas condutas demonstrem uma orientação moral mais rígida, com menos concessões a utilidade dos meios para alcançar seus fins, o traço maquiavélico de sua personalidade será reduzido. d) Narcisismo – este traço avalia o grau de admiração que o indivíduo demonstra ter de si mesmo. Quanto mais vaidoso e convencido de sua importância e do orgulho que demonstra de suas realizações, mais acentuado será o seu traço de narcisismo. Se a pessoa demonstrar maior senso de humildade e desprendimento com suas próprias realizações, seu traço de narcisismo será reduzido. e) Automonitoramento – avalia a capacidade do indivíduo de fazer ajustes em suas condutas de acordo com as expectativas das pessoas com quem se relaciona. Pessoas com elevado automonitoramento demonstram habilidade de perceber expectativas externas sobre o seu desempenho e conseguem ajustar suas condutas para agradar as pessoas. Porém, há pessoas que, apesar de se esforçarem, não conseguem perceber se estão, ou não, agradando às pessoas com quem se relacionam. Tendem a ser pessoas autênticas e sinceras, mas pouco sensíveis às exigências sinalizadas pelo ambiente social de sua convivência. Podem ser pessoas, por essa razão, indiscretas e inconvenientes diante dos outros. f) Pró-atividade – esse traço expressa a característica do indivíduo tomar iniciativa para melhorar uma situação ou criar novas situações. Ele sinaliza a motivação do indivíduo de se envolver voluntariamente nas situações de trabalho, sem esperar ser solicitado. Esse traço tem uma forte relação do traço automonitoramento. g) Aversão a riscos – esse traço avalia a tendência do indivíduo assumir espontaneamente condutas arriscadas. Pessoas que sejam arrojadas em suas ações possuem baixa aversão a riscos. Já pessoas cautelosas, prudentes e inseguras revelam elevada aversão a riscos. Se você quiser conhecer um pouco sobre sua personalidade, visite o AVA UNINOVE e visualize o infográfico contendo um questionário que mede o traço aversão a riscos. h) Assertividade – a assertividade expressa um traço de comportamento social em que o indivíduo consegue adotar ações voltadas aos seus interesses de forma sincera e honesta, sem desrespeitar os sentimentos e interesses de outros indivíduos. O comportamento assertivo tende a expressar uma forma de exercer influência sobre outras pessoas que sejam de natureza positiva, sem ferir os direitos e interesses dos outros. i) Tipos A e B de personalidade – esse modelo teórico classifica as pessoas em dois tipos. O tipo A representa pessoas dinâmicas, competitivas, impacientes, multitarefas e materialistas. Já o tipo B representa pessoas mais pacientes, independentes e impermeáveis às pressões do ambiente social em que atuam. Essas pessoas tendem a ser mais rígidas e acomodadas em comparação às pessoas do tipo A. Esses traços podem ser avaliados isoladamente por meio de questionários específicos de personalidade. Também podem ser integrados a outros modelos teóricos de classificação de personalidade. Sua vantagem consiste em simplificar o processo avaliativo, por meio de investigações mais rápidas e focadas apenas aos traços considerados essenciais ao exercício do cargo a ser preenchido. Cargos focados em vendas, para funções administrativas ou que envolvam habilidades de negociação permitem modelos mais simples de avaliação, pois admitem perfis de personalidade muitos distintos aos seus ocupantes. 1.5 Implicações dos conhecimentos da personalidade humana aos gestores As implicações desse tipo de conhecimento na gestão de pessoas estão relacionadas com a maior precisão de acerto nas indicações de pessoas aos cargos ocupacionais na empresa. Com maiores conhecimentos sobre tipos de personalidades os gestores conseguem avaliar melhor se um indivíduo tem aptidão ou não ao cargo que irá ocupar. Esse tipo de conhecimento deve permitir que os gestores avaliem com antecedência o comportamento de funcionários diante de situações futuras, dentro de uma margem de certeza maior do que se não dominassem os conhecimentos de classificação de personalidade. Por fim, os gestores, ao conhecerem os perfis de personalidade de seus colaboradores, poderão evitar situações de conflitos decorrentes de incompatibilidades pessoais entre membros de suas equipes. Essa compreensão mais profunda sobre a personalidade humana deve favorecer os gestores nos esforços de formarem equipes de trabalho mais harmoniosas. REFERÊNCIAS CHIAVENATO, Idalberto. Comportamento organizacional: a dinâmica do sucesso das organizações. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus Elsevier, 2005. DuBRIN, Andrew. Fundamentos do comportamento organizacional. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003. PROJETO INSPIIRA. Uma Breve História do Modelo de Myers-Briggs. (Disponível em: <http://www.inspiira.org/view/pt-br/114-type-preferences/>. Acesso em: 2 mai. 2011.) PSICOLOGIA NA NET. Teste de personalidade denominado BIG FIVE – Modelo dos cinco grande fatores na avaliação da personalidade. (Disponível em: <http://www. psicologiananet.com.br /teste-de-personalidade-denominado-big-five-%E2%80%93- modelo-dos-cinco-grande-fatores-na-avaliacao-da-personalidade/1963/>. Acesso em: 2 mai. 2011.) ROBBINS, StephenPaul, et al. Comportamento organizacional: teoria e prática no contexto brasileiro. 14. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. WAGNER III, John A.; HOLLENBECK, John R. Comportamento organizacional: criando vantagem competitiva. São Paulo: Saraiva, 2006.
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