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Dadaísmo, Surrealismo e Anti-arte

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Aula 6: Dadaísmo, Surrealismo e Anti-arte
Introdução
“Nu descendo a escada”, 
óleo sobre tela de Marcel Duchamp, 147 cm X 89,2 cm - Philadelphia Museum of Art - Philadelphia - United States.
Marcel Duchamp 
Haroldo de Campos: Chama Marcel Duchamp de “pré-dadaísta”, afirmando seu aspecto precursor e não totalmente redutível aos conceitos estéticos-filosóficos do movimento dadá. 
Por meio de seus ready-mades, Duchamp pretendeu iniciar o debate em torno da relação obra/artista, ao enfatizar um repúdio à “criação artística”, ao afirmar não acreditar na função criativa do artista. Para ele, o artista é um homem como qualquer outro e seu trabalho consiste em fazer certas coisas, porém o homem de negócios também faz “certas coisas”.
Duchamp interessou-se pelo significado da palavra “arte”, vinda do sânscrito fazer: “hoje em dia todo mundo faz alguma coisa, e aqueles que fazem coisas em uma tela, com uma moldura, são chamados de artistas”. Antigamente, eles eram chamados de artesãos, um termo que Marcel Duchamp parece preferir: “Todos somos artesãos, na vida civil, militar ou artística”.
Duchamp interessou-se pelo significado da palavra “arte”, vinda do sânscrito fazer. 
Sânscrito: Antiga língua dos brâmanes. língua sagrada do Indostão. Sânscrito é a língua erudita da Índia, a língua da História, da Religião, da Filosofia, bem como da Literatura e da Ciência clássica. 
“Hoje em dia, todo mundo faz alguma coisa, e aqueles que fazem coisas em uma tela, com uma moldura, são chamados artistas.” (...)
“Todos somos artesãos, na vida civil, militar, ou artística.
Artesãos: Antigamente, artistas eram chamados de artesãos, um tempo que Duchamp parece preferir. 
“A noiva despida pelos seus celibatários, mesmo 
(O grande vidro)”,
 Marcel Duchamp,  
1915-23, óleo, verniz, folha de chumbo, arame de chumbo e pó sobre dois painéis de vidro (rachados) montados em molduras de alumínio, madeira e aço, 272,5 x 175,8 cm. Museu de Arte da Filadélfia.
Duchamp declarou que ele “queria matar a arte (para ele mesmo)”, mas, na realidade, ele permitiu e mesmo estimulou a mitologia ao seu redor ao abandonar a pintura, em 1920.
E foi em 1920 que nasceu “Rrose Sélavy” (trocadilho para “a vida é rosa”) - quando Duchamp quis mudar sua identidade. A primeira ideia que lhe ocorreu foi adotar um nome hebraico, já que ele era católico e seria uma mudança de uma religião para outra. Porém, ele não encontrou nenhum nome judaico que lhe agradasse e, repentinamente, ocorreu-lhe uma ideia: por que não mudar de sexo? Isso era muito mais simples, e o nome “Rrose Sélavy” derivou de tal ideia. Hoje em dia isso pode parecer banal, mas na década de 1920 Rrose era um nome provocador, tendo derivado seu duplo “R” de uma pintura de Francis Picabia, que se encontrava em um cabaré parisiense. 
Marcel Duchamp como “Rrose Sélavy”, 
Man Ray 
1920-21, 21,6 x 17,3 cm. Coleção particular.
“Viúva Fresca”, Marcel Duchamp, 1920, 
janela em miniatura: madeira pintada de azul e oito retângulos de couro polido, 77,5 x 45 cm. MoMA, Nova Iorque.
Outro trabalho seu "Viuva Fresca" ("Fresh Widow") significava "esperta" para Duchamap (ou "Merry widow" , "Viuva alegre"), carregando ainda mais uma referência a "Frech Window", tipo de janela venezianas de madeira. 
Para Duchamp, todas essas “coisas” tinham o mesmo espírito e eram muito agradáveis como fórmula.
Naquele momento, Duchamp parecia haver alcançado o limite do não estético e do injustificável
O essencial de sua obra reside na responsabilidade assumida pelo artista ao pôr sua assinatura sobre um objeto, executado por ele ou não ou produzido em série, mas do qual ele se apropria, atribuindo ao objeto um status de obra de arte.
Com isso, torná-lo capaz de provocar a mesma emoção artística de um quadro de um mestre, além de lograr entrar no mercado de arte, podendo ser exposto em um museu ou galeria e, portanto, ser comercializado e consumido pelo público como obra de arte.
A vertente Dadá 
Surrealismo + Dadaísmo = O "outro" 
Já o Dadaísmo e o Surrealismo representam respostas culturais, articuladas de modos diversos, mas tendo em vista uma mesma situação: a falência de valores estéticos, filosóficos, morais do século XIX e o confronto com a nova realidade que superou os limites do racionalismo no século XX, evidenciada com a guerra.
A vertente crítica da arte moderna, constituída pelo Surrealismo e pelo Dadaísmo, representa o “outro” do projeto formal construtivo e do Cubismo, no sentido de que essas linguagens operaram uma transformação no interior das linguagens, mas não refletiram criticamente sobre o estatuto social dessas mesmas linguagens como prática na sociedade.
A vertente Dadá é crítica quanto à própria arte moderna e procurou revelar os limites do pensamento racionalista clássico, que afirmava que tanto o conhecimento teórico quanto a sua fundamentação prática eram assuntos de uma consciência isolada e autárquica. 
O paradigma da “arte pela arte” expressava o pensamento racionalista que propunha que a arte devia encontrar em si mesma seu sentido último.
O Dadaísmo:
·	Contestava
O conceito do que seja obra-prima, expressando que o objetivo da atividade artística não era a arte, mas a “antiarte” como postura revolucionária contra um esteticismo gasto, propondo atividades de “destruição” das noções de bom gosto e de libertação da arte dos projetos de racionalização.
·	Destacava
O papel do sujeito-artista como crítico, como sujeito que reflete sobre a experiência do mundo e expõe, pela sua ação crítica, o sentido de crise e de falência dos valores estéticos, filosóficos e morais. A arte, para Duchamp, não representava a cultura pelo objeto-símbolo, porém sua preocupação não residia, igualmente, em negar a cultura. Para ele, não existia apenas uma verdade, “não há uma solução porque não existe um problema”, a vida era movimento e circularidade e também acaso, e a única possibilidade era a dúvida, o questionamento.
Duchamp: Juízos de valoração não eram absolutos e não havia apenas uma ética. Havia sim uma não ética ou metaética, também definida como “existencialista.” 
Nesse sentido, sua norma ética não estava interligada a uma norma de hierarquia de bens morais a que o homem aspirasse, mas se aproximava da ética dos cínicos como em seu desprezo às convenções, postulando sobre a liberdade da vontade ante a natureza, a história e a vida. 
Ready-mades duchampianos
Destaca-se, principalmente, uma indiferença que foi analisada por Otávio Paz, comparando sua filosofia à filosofia milenar chinesa.
Os chineses escolhiam pedras que lhes parecessem interessantes e atribuíam-lhes nomes ou pintavam o seu nome nelas, transformando-as em obras. Enquanto o chinês afirmava sua identidade com a natureza, Duchamp afirmava sua diferença irredutível e sua crítica.
Em 1913, teve ele a ideia de montar a roda de uma bicicleta sobre um banquinho de cozinha e de observá-la girando. De acordo com seu decreto, os ready-mades tornavam-se obras de arte na medida em que Duchamp lhes atribuía esse título. 
“Roda de Bicicleta”, Marcel Duchamp, 1913 (réplica de 1964), ready-made, roda de bicicleta montada sobre um banco, 132 x 64,8 cm. Coleção Arturo Scwartz, Milão.
Escolhendo uma pá ou um urinol, por exemplo, assinando e datando essa pá ou esse urinol, eles eram retirados do mundo morto das coisas insignificantes e colocado no mundo vivo das obras de arte: o olhar fazia, então, com que se tornassem obras de arte.

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