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2 A FAUNA E A FLORA DO A FAUNA E A FLORA DO A FAUNA E A FLORA DO A FAUNA E A FLORA DO VERDE VALE DO ITAPEMIRIM:VERDE VALE DO ITAPEMIRIM:VERDE VALE DO ITAPEMIRIM:VERDE VALE DO ITAPEMIRIM: Vertebrados Terrestres (anfíbios, répteis, aves e mamíferos) e Caracterização da Vegetação dos Remanescentes Florestais da Fazenda do Ouvidor 3 _________________________________________________________________ Paz, Pedro Rogério de; Venturini, Ana Cristina; Helmer, José Luiz e Assis, André Moreira. A Fauna e Flora do Verde Vale do Itapemirim. Vila Velha, 2009. 169p. 1. Fauna. 2. Flora. 3. Taxonomia. 4. Anurofauna. 5. Herpetofauna. 6. Avifauna. 7. Mastofauna. 8. Fitofisionomia. _________________________________________________________________ 4 A Fauna e a Flora do Verde Vale do Itapemirim: Vertebrados terrestres (anfíbios, répteis, aves e mamíferos) e Caracterização da Vegetação dos Remanescentes Florestais da Fazenda do Ouvidor Relatório TécnicoRelatório TécnicoRelatório TécnicoRelatório Técnico Cachoeiro de Itapemirim, Janeiro de 2009 5 usina paineiras s.a. Açúcar e Álcool Tramirim Instituto de Meio Ambiente e desenvolvimento Sustentável 6 INSTITUTO DE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL – TRAMIRIM Diretoria Carlos Alexandre Damasceno de Paz Ana Helena Cazetta Amarildo Souza Bristes Gabriel Rios André Aristides Fonseca Filho Superintendente Executiva Vera Lúcia de Paz USINA PAINEIRAS S.A Diretoria Diretor Presidente Régis Sousa de Carvalho Britto Diretor Superintendente Cláudio de Carvalho Britto Vital Brasil Diretor Industrial Ruy Vital Brasil Filho Estudos realizados a partir do Projeto Verde Vale do Itapemirim: Proposta de plano de comunicação, educação ambiental e capacitação para pequenos agricultores e agricultoras do entorno do Verde Vale do Itapemirim – área prioritária para a Conservação da Mata Atlântica (ISA/2000 e PROBIO / 2003) e apoio a criação da RPPN do Ouvidor. 7 COORDENAÇÃO GERAL Vera Lúcia de Paz COORDENADOR EXECUTIVO DE ATIVIDADES NA USINA PAINEIRAS Jorge Edson Machado Alves – Gestor Ambiental – Engenheiro Florestal APOIO LOGÍSTICO (OPERACIONAL) - USINA PAINEIRAS Ailton Abílio Rosa – Apoio de campo nas trilhas José Antônio Satiro Gonçalves – Ex-Gerente de Pecuária José Augusto Binoti – Atual Gerente de Pecuária Jô Martins Reis – Serviços Gerais – Indústria Manoel de Oliveira Rosa – Apoio de Campo nas trilhas Maria das Graças Campos – Secretária da Diretoria Mario Sergio Venâncio da Silva – Topógrafo EQUIPE – FAUNA Empresa Consultora FAUNATIVA CONSULTORIA E COMÉRCIO LTDA Técnicos Responsáveis Pedro Rogerio de Paz - Biólogo (CRBio 12721/02) Mastofauna Ana Cristina Venturini - Bióloga (CRBio 12707/02) Avifauna Dr. José Luiz Helmer - Biólogo (CRBio 7428/02) Anurofauna e Herpetofauna Apoio de campo Cleunice Ferreira Pimenta Alexandre Mendonça Thiago Herzog Adeilto José Moreira Claudia Aparecida Pimenta 8 EQUIPE – FLORA Empresa Consultora BIÓTICA ESTUDOS E PROJETOS LTDA Técnicos Responsáveis André Moreira de Assis – Biólogo, Msc. Biologia Vegetal (CRBio: 32.098/02) Karla Fabíola de Oliveira Faria – Bióloga Valdir Geraldo Demmuner – Biólogo Apoio Logístico (Herbário e Filmadora no MBML) Helio de Queiroz Boudet Fernandes – Diretor do Museu de Biologia Mello Leitão (MBML) Rosemberg Ferreira – Chefe Técnico do MBML Especialistas que auxiliaram na identificação botânica Anderson F. P. Machado: Museu Nacional / RJ - Moraceae André P. Fontana: MBML - Orchidaceae e famílias em geral Daniela M. Ferreira: Museu Nacional / RJ - Piperaceae Helio Q. B. Fernandes: MBML - Arecaceae e famílias em geral Ludovic J. C. Kollmann MBML: Begoniaceae, Bromeliaceae, Orchidaceae e famílias em geral Marcelo Viana Filho: Museu Nacional / RJ – Moraceae Milton Goppo: Universidade de São Paulo - Rutaceae 9 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO _________________________________________________________15 AGRADECIMENTOS ______________________________________________________18 Capitulo 1: FaunaCapitulo 1: FaunaCapitulo 1: FaunaCapitulo 1: Fauna_____________________________________________________20 1. INTRODUÇÃO__________________________________________________________20 1.1. Enquadramento regional e caracterização da área_______________________________ 20 1.2. Enquadramento zoogeográfico _______________________________________________ 24 2. METODOLOGIA ________________________________________________________26 2.1. Equipe ___________________________________________________________________ 26 2.2. Procedimentos_____________________________________________________________ 27 2.2.1. Anurofauna______________________________________________________________________28 2.2.2. Herpetofauna ____________________________________________________________________30 2.2.3. Avifauna ________________________________________________________________________31 2.2.4. Mastofauna______________________________________________________________________32 3. RESULTADOS E COMENTÁRIOS _________________________________________36 3.1. Anurofauna_______________________________________________________________ 37 3.1.1. Composição geral das espécies ______________________________________________________38 3.1.2. Espécies ameaçadas de extinção _____________________________________________________41 3.1.3. Espécies endêmicas de Mata Atlântica ________________________________________________41 3.1.4. Espécies de atividade cinegética e de xerimbabo ________________________________________43 3.1.5. Nomes locais ____________________________________________________________________44 3.1.6. Registro fotográfico _______________________________________________________________45 2. Herpetofauna_______________________________________________________________ 55 3.2.1. Composição geral das espécies ______________________________________________________55 3.2.2. Espécies ameaçadas de extinção _____________________________________________________58 3.2.3. Espécies endêmicas de Mata Atlântica ________________________________________________58 3.2.4. Espécies de atividade cinegética e de xerimbabo ________________________________________60 3.2.5. Nomes locais ____________________________________________________________________61 3.2.6. Registro fotográfico _______________________________________________________________62 3.3. Avifauna _________________________________________________________________ 68 3.3.1. Composição geral das espécies ______________________________________________________68 3.3.2. Espécies ameaçadas de extinção _____________________________________________________75 3.3.3. Espécies endêmicas de Mata Atlântica ________________________________________________77 3.3.4. Espécies de atividade cinegética e de xerimbabo ________________________________________78 3.3.5. Nomes locais ____________________________________________________________________79 3.2.6. Registro fotográfico _______________________________________________________________80 3.4. Mastofauna _______________________________________________________________96 3.4.1. Composição geral das espécies ______________________________________________________96 3.4.2. Espécies ameaçadas de extinção ____________________________________________________100 3.4.3. Espécies endêmicas de Mata Atlântica _______________________________________________102 3.4.4. Espécies de atividade cinegética e de xerimbabo _______________________________________104 3.4.5. Nomes locais ___________________________________________________________________105 3.4.6. Registro fotográfico ______________________________________________________________107 CONSIDERAÇÕES FINAIS________________________________________________115 4.1. Análise geral da área ______________________________________________________ 115 4.2. Potencialidades ___________________________________________________________ 120 4.3. Necessidades _____________________________________________________________ 122 5. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS________________________________________123 10 6. ANEXO : Licença Ibama 13212-1__________________________________________128 Capitulo 2: FloraCapitulo 2: FloraCapitulo 2: FloraCapitulo 2: Flora ____________________________________________________132 1. INTRODUÇÃO_________________________________________________________132 2. MATERIAL E MÉTODOS _______________________________________________135 2.1. Área de Estudo ___________________________________________________________ 135 2.2. Metodologia______________________________________________________________ 137 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ___________________________________________141 3.1. Fitofisionomia ____________________________________________________________ 141 3.1.1. Remanescente “Área A” __________________________________________________________141 3.1.2. Remanescente “Área B” __________________________________________________________144 3.2. Flora____________________________________________________________________ 147 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS______________________________________________162 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ______________________________________164 11 ÍNDICE DAS FIGURAS Figura 1 - Mapa de localização geográfica referenciando o município de Itapemirim, sul do Espírito Santo, Brasil região do presente estudo. __________________________________21 Figura 2 - Mapa esquemático de localização da área central dos estudos de fauna dos vertebrados terrestres do Verde Vale do Itapemirim, Itapemirim, ES: Matas do Ouvidor. __22 Figura 3 - Aspecto da Mata do Ouvidor e a lagoa às suas margens um dos ambientes integrantes do Complexo do Verde Vale do Itapemirim. ____________________________23 Figura 4 - Detalhe da Mata do Vale Verde do Itapemirim (“Mata do Brejão”): o maior bloco florestal contínuo da região. __________________________________________________23 Figura 5 - Províncias zoogeográficas da América do Sul (Segundo Fittkau 1969), com algumas modificações, destacando a localização do presente trabalho. _________________25 Figura 6 - Equipe de campo da esquerda para direita: Ailton Abílio Rosa (guia de campo), Ana C. Venturini (Bióloga), Cleunice Pimenta e Alexandre Mendonça (técnicos de campo).26 Figura 7 - Equipe de Biólogos em trabalho de campo de fauna. A partir da esquerda: Pedro Paz, Ana C. Venturini, Claudia Pimenta, José L. Helmer e Adeilto J. Moreira.___________26 Figura 8 - Documentação de fauna (anfíbio) através de fotografia e filmagem.___________28 Figura 9 - Exemplo de anfíbio capturado manualmente._____________________________29 Figura 10 - Tomada de padrão biométrico (comprimento rostro-anal) de anfíbio._________29 Figura 11 - Equipe com exemplar de réptil capturado, manuseado com gancho, sendo documentado.______________________________________________________________30 Figura 12 - Tomada de padrões biométricos de réptil. ______________________________30 Figura 13 - Observação de aves com auxilio de binóculos e luneta.____________________31 Figura 14 - Uso de gravador e microfone para documentação de aves. _________________32 Figura 15 - Uso de rede de neblina para captura de aves no sub-bosque. ________________32 Figura 16 - Observação de mamífero com auxilio de binóculo. _______________________33 Figura 17 - Armadilha Tomahawk utilizada na captura de pequenos mamíferos. _________33 Figura 18 - Uso de armadilha Sherman para captura de mamíferos. ___________________34 Figura 19 - Uso de fita zebrada para a sinalização de pontos de captura por armadilha. ____34 Figura 20 - Armadilha fotográfica de trilha. ______________________________________35 Figura 21 - Número de espécies de animais de acordo com a classe. ___________________36 Figura 22 - Riqueza de espécies de anfíbios de acordo com as famílias. ________________39 Figura 23 - Distribuição das espécies de anfíbios de acordo com o ambiente. ____________40 Figura 24 – Leptodactylus spixi rã-de-bigode, espécie de anfíbio endêmica de Mata Atlântica. _________________________________________________________________42 Figura 25 - A perereca verde-pequena Sphaenorhynchus planicola é encontrada geralmente na vegetação aquática e também é endêmica da Mata Atlântica. ______________________43 Figura 26 – Rã-manteiga Lepitodactylus ocellatus, uma espécie de anfíbio cinegética. ___43 Figura 27 - Riqueza de espécies de répteis de acordo com as famílias. _________________56 Figura 28 - Distribuição das espécies de répteis de acordo com o ambiente. _____________57 Figura 29 - Gymnodactylus darwinin lagartixa-da-mata, réptil florestal endêmico da Mata Atlântica. _________________________________________________________________59 Figura 30 - Bothrops jararaca conhecida localmente como “surucucu” é uma das espécie endêmicas da Mata Atlântica registrada na área. __________________________________59 Figura 31 - Leptotyphlops salgueiroi cobra-da-terra. ______________________________60 Figura 32 - Helicops carinicaudus a cobra-d’água é endêmica da Mata Atlântica e uma importante espécie dentro do elo da cadeia alimentar da região. ______________________60 Figura 33 - Número de espécies de aves em cada ordem.____________________________74 Figura 34 - Distribuição das espécies de aves de acordo com o ambiente._______________74 12 Figura 35 - O querequeté Pyrrhura cruentata psitacídeo ameaçado de extinção em nível estadual, nacional e global. As matas da região são importantes sítios de conservação da espécie no Estado já tendo sido observado um grupo com cerca de 50 indivíduos. ________76 Figura 36 – O papagaio Amazona rhodocorytha é uma espécie ameaçada de extinção no estado do Espírito Santo onde é considerada criticamente em perigo, porém é uma espécie bem freqüente na região do Verde Vale do Itapemirim. _____________________________76 Figura 37 - Macho de conconha Thamnophilus ambiguus Passeriforme endêmico da Mata Atlântica. _________________________________________________________________78 Figura 38 - Uma das aves noturnas o corujão Pulsatrix koeniswaldiana é uma espécie endêmica de Mata Atlântica. __________________________________________________78 Figura 39 - Número de espécies de mamíferos de acordo com as ordens. _______________97 Figura 40 - Distribuição das espécies de mamíferos de acordo com o ambiente.__________99 Figura 41 – A preguiça-de-coleira, Bradypus torquatus, pode ser considerada uma das espécies chaves na conservação da região. ______________________________________101 Figura 42 – Leopardus wiedii, gato-maracajá uma das espécies de felídeo presente nas matas do Verde Vale do Itapemirim. ________________________________________________101 Figura 43 – Cebus nigritus o macaco-prego é uma espécie quase ameaçada de extinção em nível global e endêmica de Mata Atlântica. _____________________________________102 Figura44 - Didelphis aurita gambá, ocorre na Mata Atlântica de parte do Brasil, Paraguai e Argentina sendo endêmica deste bioma. ________________________________________103 Figura 45 – Marmosops incanus cuíca, endêmica da Mata Atlântica do leste do Brasil. __103 Figura 46 – Alouatta guariba barbado é um primata comum na área. ________________104 Figura 47 - Nasua nasua quati é utilizado como animal de estimação. ________________105 Figura 48 – Cuniculus paca. A paca é uma das espécies cinegéticas da região. Muito visada por caçadores. ____________________________________________________________105 Figura 49 - Poleiro construído por caçadores no interior da mata usualmente utilizado para abate de mamíferos como paca e tatus. _________________________________________116 Figura 50 – Armadilhas artesanais encontradas no interior da mata do Brejão em trilha de Tatu.____________________________________________________________________117 Figura 51 - Escada rudimentar construída em árvore na mata, encontrada na região de estudo, com objetivo de captura de filhotes de papagaio (e grupo) no ninho.__________________117 Figura 52 – Cachorro doméstico em comportamento de caça flagrado pela armadilha fotográfica no interior da mata _______________________________________________118 Figura 53 - Localização da Fazenda do Ouvidor (círculo vermelho), no município de Itapemirim (ES). Fonte: Google Earth 2007. ____________________________________135 Figura 54 - Localização dos remanescentes estudados “Área A” e “Área B” (setas vermelhas) na área potencial para criação da RPPN na Fazenda do Ouvidor, município de Itapemirim (ES).____________________________________________________________________136 Figura 55 - Atividades relacionadas ao registro de plantas na Fazenda do Ouvidor, município de Itapemirim (ES): a) coleta de ramos com auxílio de podão; b) coleta de planta na borda da mata; c) preparação das exsicatas; d) prensas na estufa do Herbário MBML para desidratação do material coletado. _______________________________________________________139 Figura 56 - Atividades relacionadas à identificação das plantas na Fazenda do Ouvidor, município de Itapemirim (ES): a) consulta ao herbário; b) observação na lupa de características morfológicas; c) consulta à literatura e comparação com exsicatas do herbário. ________________________________________________________________________140 Figura 57 - Aspectos da vegetação do remanescente florestal da “Área A” na Fazenda do Ouvidor, município de Itapemirim (ES): a) borda com vegetação de grande porte; b) sub- bosque diversificado; c) sub-bosque com palmeiras; d) exemplo de epifitismo (Aechmea multiflora)._______________________________________________________________142 13 Figura 58 - Aspectos da vegetação do remanescente florestal da “Área A” na Fazenda do Ouvidor, município de Itapemirim (ES): a) liana de grande porte; b) borda de trecho secundário, com abundância de lianas; c) raízes adventíceas de arácea retirada para fazer corda; d) evidência de outro impacto antrópico: fezes bovinas no interior do remanescente florestal. _________________________________________________________________143 Figura 59 - Aspectos da vegetação do fragmento florestal na “Área B” na Fazenda do Ouvidor, município de Itapemirim (ES): a) aspecto geral do fragmento; b) detalhe da borda da floresta; c) estrato interior da floresta; d) planta herbácea do sub-bosque: Griffinia sp. _145 Figura 60 - Vegetação do remanescente florestal na “Área B” - Fazenda do Ouvidor, município de Itapemirim (ES): a) exemplo do epifitismo no local; b) bromélia epífita: Aechmea multiflora; c) liana comum no sub-bosque: Abuta sp; d) exemplar de grande porte de braúna (Melanoxylon brauna) cortado._______________________________________147 Figura 61 - Distribuição do número de espécies dentre as principais famílias de plantas da Fazenda do Ouvidor, município de Itapemirim (ES). (Legenda: Leg= Leguminosae; Rub= Rubiaceae; Big= Bignoniaceae; Euph= Euphorbiaceae; Sapi= Sapindaceae; Arec= Arecaceae; Brom= Bromeliaceae; Mor= Moraceae; Myrt= Myrtaceae; Rut= Rutaceae; Apoc= Apocynaceae; Arac= Araceae; Pip= Piperaceae). _________________________________153 Figura 62 - Distribuição das espécies registradas na Fazenda do Ouvidor, município de Itapemirim (ES), de acordo com seu porte. (Legenda: Ar= árvore; Arb= arbusto; Ep= epífita; Esc= escandente; Hem= hemiepífita; Her= herbácea; Lia= liana; Pal; palmeira; Par= parasita). ________________________________________________________________________154 Figura 63 - Espécies ameaçadas de extinção no estado do Espírito Santo ocorrentes na Fazenda do Ouvidor, município de Itapemirim (ES): a) Aechmea multiflora (Bromeliaceae); b) Galeandra beyrichii (Orchidaceae); c) Anthurium coriaceum (Araceae); d) Cyrtopodium gigas (Orchidaceae). _______________________________________________________159 14 ÌNDICE DAS TABELAS Tabela 1 - Espécies ameaçadas de extinção e/ou endêmicas de Mata Atlântica registradas no Verde Vale do Itapemirim e arredores entre agosto de 2007 e novembro de 2008. ________36 Tabela 2 - Anfíbios registrados no Verde Vale do Itapemirim e arredores entre agosto de 2007 e novembro de 2008. ________________________________________________________38 Tabela 3 - Riqueza de espécies de anfíbios em diferentes localidades no Espírito Santo. ___41 Tabela 4 - Anfíbios endêmicos de Mata Atlântica registrados na área de estudo. _________42 Tabela 5 - Répteis registrados no Verde Vale do Itapemirim e arredores entre agosto de 2007 e novembro de 2008. ________________________________________________________55 Tabela 6 - Riqueza de répteis em diferentes áreas de baixada no Espírito Santo.__________57 Tabela 7 - Répteis endêmicos da Mata Atlântica registrados na área de estudo. __________58 Tabela 8 - Aves registradas na Mata do Ouvidor e arredores, Itapemirim, Espírito Santo entre agosto de 2007 e novembro de 2008. ___________________________________________68 Tabela 9 - Riqueza de aves em diferentes áreas de baixada no Espírito Santo. ___________75 Tabela 10 - Aves ameaçadas de extinção que ocorrem na região do Verde Vale do Itapemirim. _________________________________________________________________________75 Tabela 11 - Espécies de aves endêmicas registradas na região. _______________________77 Tabela 12 - Mamíferos registrados no Verde Vale do Itapemirim e arredores, Itapemirim, Espírito Santo entre agosto de 2007 e novembro de 2008. ___________________________97 Tabela 13 - Riqueza de mamíferos em diferentes áreas de baixada no Espírito Santo. _____99 Tabela 14 - Mamíferos ameaçados de extinção registrados na região do Verde Vale do Itapemirim. ______________________________________________________________100 Tabela 15 - Espécies de mamíferos endêmicos de Mata Atlântica registrados na área. ____102 Tabela 16 - Lista de plantas registradas para a Fazenda do Ouvidor, município de Itapemirim (ES).____________________________________________________________________148 Tabela 17 - Dez famílias com maior número de espécies na Fazenda do Ouvidor, município de Itapemirim (ES) e outras áreas do Bioma Mata Atlântica no sudeste brasileiro. _______155 Tabela 18 - Relação das espécies identificadas como ameaçadas de extinção, conforme legislação Estadual e Federal, na Fazenda do Ouvidor, município de Itapemirim (ES). ___157 Tabela 19 - Espécies da Fazenda do Ouvidor, município de Itapemirim (ES), com distribuição geográfica restrita/endêmica, de acordo com sua distribuição pelos estados brasileiros, presente na base de dados de herbários nacionais e estrangeiro.______________________160 15 APRESENTAÇÃO Esta obra tem por objetivo levar a um público diferenciado, as informaçõesproduzidas a partir do levantamento de Fauna e Flora no Verde Vale do Itapemirim, um conjunto de fragmentos florestais com 1.546 hectares, de propriedade da Usina Paineiras S.A. que se sobressai no sul do Estado como área de importância para a preservação da Mata Atlântica. Os estudos de fauna e flora tiveram por finalidade apoiar a criação da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) da Fazenda do Ouvidor, com 195 hectares, inserida no Verde Vale do Itapemirim, um dos maiores fragmentos de Mata Atlântica do sul do Estado do Espírito Santo. Os levantamentos tornaram-se possíveis através do apoio do PDA (Projetos Demonstrativos), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente (MMA) e seus diversos parceiros: KWF, GTZ e Cooperação Técnica Brasil x Alemanha; do Projeto Corredores Ecológicos; do Instituto de Defesa Agroflorestal do Espírito Santo (IDAF) - Escritório Regional; da Secretaria de Agricultura de Itapemirim; do Programa de Desenvolvimento Regional Sustentável (DRS); do Banco do Brasil e principalmente da Usina Paineiras S.A além da Faunativa Consultoria e Comércio LTDA que teve participação fundamental nos trabalhos de campo de fauna e na elaboração e edição deste documento. A importância deste trabalho é retratada pela qualidade das informações, as quais dão um conhecimento precípuo de uma realidade que até então só nos foi possível imaginar. A "Mata do Ouvidor”, pertencente à Usina Paineiras, representa um oásis em uma região que vivenciou a era do “Verde Vale de Ouro” do “café”, do “surto industrial” do Governador Jerônimo Monteiro e hoje espanta aos olhos de quem a vê rodeada pelos solos desnudos, processos erosivos, pastos e intercaladas lavouras de mandioca, cana e abacaxi. É a mata que nos apresenta uma rica variedade de espécies da fauna e da flora típicos da Mata Atlântica. Em um intervalo de 15 meses de levantamento de campo foram identificadas 251 espécies de vertebrados terrestres, 24 espécies de anfíbios, 18 espécies de répteis, 16 172 espécies de aves, 37 espécies de mamíferos e 268 espécies vegetais. Este trabalho ganhou uma significância ainda maior no momento em que se verificou que entre os vertebrados identificados há 11 espécies ameaçadas de extinção e 44 endêmicas de Mata Atlântica. Neste cenário Pyrrhura cruentata (querequeté), Amazona rhodocorytha (papagaio), Bradypus torquatus (preguiça-de-coleira) e Calicebus personatus (guigó) são espécies consideradas ameaçadas de extinção em nível estadual, nacional e global. Entre aves, anfíbios, répteis e mamíferos a variedade aponta para o endemismo da Mata Atlântica com 44 espécies registradas até o momento. Quanto aos aspectos da vegetação vale observar que este é um dos poucos locais onde há remanescentes da floresta estacional semidecidual com extensão considerável. Já foi possível catalogar 268 espécies, dentre as quais a Paradrypetes ilicifolia considerada regionalmente extinta. São estas breves considerações que apontamos para este trabalho que exigiu paciência e obstinação por parte dos pesquisadores, dias que se estenderam em muitas horas mata adentro. Quem passar pela “Mata do Ouvidor” e tiver folheado as páginas desta publicação, doravante não a verá mais como uma área “de sombra” entremeada por pastos, cana, abacaxi, mandioca e solos desnudos... O VERDE VALE DO ITAPEMIRIM retoma a força no cenário do Sul do Estado do Espírito Santo como mais uma conquista para a “preservação e a conservação da Mata Atlântica”. Não se pode furtar de observar que este patrimônio de relevância global está em solo de propriedade privada desta empresa que o mantém por livre iniciativa desde os 27 de setembro de 1939, até então sem se dar conta da importância do patrimônio genético que preservou ao longo dos anos. Esta iniciativa envolvendo uma Organização não governamental, empresas (a proprietária da área e as de consultoria), o poder público, pesquisadores, agricultores e moradores rurais, deve ser vista como exemplo em um País onde nem 17 sempre os diversos setores conseguem esta interação e interlocução. O Projeto VERDE VALE DO ITAPEMIRIM é mais do que um exemplo graças à persistência e ao excelente trabalho desenvolvido por todos os que participaram direta e indiretamente nesta ação, é um fato, uma realidade. Vera Lúcia de Paz Coordenadora Técnica do Projeto Verde Vale do Itapemirim Instituto de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável -TRAMIRIM 18 AGRADECIMENTOS Agradecemos a Deus por ter permitido a realização e conclusão deste importante trabalho e a todas as pessoas e instituições que contribuíram, de alguma forma, no desenvolvimento e finalização deste. Além da dedicação pessoal dos autores, este trabalho se tornou possível pelo empenho de diversas pessoas e instituições a quem somos gratos: • Aos companheiros que ajudaram com dedicação e disciplina nos trabalhos de campo. • À equipe do Tramirim. • À equipe da Usina Paineiras S.A. • Ao PDA (Projetos Demonstrativos), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente (MMA) e seus diversos parceiros: KWF, GTZ e Cooperação Técnica Brasil x Alemanha; • Ao Projeto Corredores Ecológicos (Iema). • Ao Instituto de Defesa Agroflorestal do Espírito Santo (IDAF) - escritório regional de Cachoeiro. • À Secretaria de Agricultura de Itapemirim (PMI). • Ao Programa de Desenvolvimento Regional Sustentável (DRS) do Banco do Brasil. Um agradecimento especial a Vera Lúcia de Paz (Superintendente Executiva do Tramirim), a Cláudio de Carvalho Britto Vital Brasil (Diretor Superintendente da Usina Paineiras S.A.) e a Jorge Edson Machado Alves (Gestor Ambiental/ Coordenador Executivo de Atividades na Usina Paineiras S.A.) sem os quais este trabalho não teria sido efetuado. Os autores 19 20 Capitulo 1: FaunaCapitulo 1: FaunaCapitulo 1: FaunaCapitulo 1: Fauna 1. INTRODUÇÃO 1.1. Enquadramento regional e caracterização da área A área de estudo usualmente denominada “Verde Vale do Itapemirim” localiza-se no município de Itapemirim, sul do estado do Espírito Santo (figura 1) e pertence à Usina Paineiras S.A. Açúcar e Álcool. As coordenadas geográficas da área são 20º 58’ 15.5” S e 41º 02’ 56.9” W. Seu principal acesso é pela Rodovia ES-490 que liga o município de Cachoeiro de Itapemirim a Marataízes. Está inserida no microcorredor ecológico de Guanandy (definido pelo IEMA -Instituto Estadual do Meio Ambiente) e próximo do microcorredor Burarama-Pacotuba-Cafundó (em Cachoeiro de Itapemirim). Localiza-se na bacia hidrográfica do rio Itapemirim. Possui áreas planas (vales) com morros ondulados em altitudes que variam de 20 a 100 m. A formação vegetal predominante é a Floresta Estacional Semidecidual (F.E.S). É considerada a segunda formação mais importante do Espírito Santo em termos de área ocupada (IPEMA 2005). Os locais estudados englobaram os diferentes ambientes da região incluindo áreas na sede da Usina Paineiras S.A. (especialmente o alagado e parte da área urbanizada com jardins pomares e também parte do canavial) e as demais áreas de remanescentes florestais e seu entorno (pastagem, canavial e alagados). A área florestal, principal objeto do trabalho, integra a Fazenda do Ouvidor, em diferentes glebas (que recebem localmente diferentes nomes) que serão chamadas todas de “Matas do Ouvidor” (figura 2). Possui um total de 1.546,20 ha que se apresentam em dois principais fragmentos:• a “Mata do Ouvidor” propriamente dita (ao lado direito da rodovia ES-490 sentido Marataízes x Cachoeiro) (figuras 2 e 3); e • a “Mata do Córrego do Ouro” e do “Barro Branco”, que formam um só fragmento (ao lado esquerdo da rodovia ES-490 sentido Marataízes x Cachoeiro ES-490) e a “Mata do Brejão” ao lado direito da mesma rodovia e separada das outras duas deste bloco pela Rodovia (figuras 2 e 4). 21 Figura 1 - Mapa de localização geográfica referenciando o município de Itapemirim, sul do Espírito Santo, Brasil região do presente estudo. 22 Figura 2 - Mapa esquemático de localização da área central dos estudos de fauna dos vertebrados terrestres do Verde Vale do Itapemirim, Itapemirim, ES: Matas do Ouvidor. 23 Figura 3 - Aspecto da Mata do Ouvidor e a lagoa às suas margens um dos ambientes integrantes do Complexo do Verde Vale do Itapemirim. Figura 4 - Detalhe da Mata do Vale Verde do Itapemirim (“Mata do Brejão”): o maior bloco florestal contínuo da região. 24 1.2. Enquadramento zoogeográfico A área em estudo está localizada na região Zoogeográfica Neotropical que compreende toda a América do Sul, as Antilhas e México. A sua fauna é bastante diversificada, constituída principalmente por espécies autóctones (originárias do próprio local, nativas), ao lado das que invadiram mais recentemente (plioceno - cerca de 12.000.000 de anos atrás). Existe abundância em espécies endêmicas (devido ao isolamento da América do Sul durante o Terciáro). Uma característica importante da fauna neotropical é o grande número de espécies com pequena abundância de indivíduos com alta especialização em habitats e recursos restritos o que está diretamente relacionado à diversidade morfoclimática (Paiva 1999). A província neotropical desta região de estudo é a Tupi (figura 5) caracterizada por uma zona de matas costeiras e seus ecossistemas associados (manguezais, formações de restinga e campos de altitude) localizada do sul da Bahia, até Santa Catarina, incluindo todo território do Espírito Santo e Rio de Janeiro, parte oriental de Minas Gerais, grande parte de São Paulo e a porção oriental do Paraná e Santa Catarina (Fittkau 1969 in Paiva, 1999). Nela merecem destaque os primatas e as aves, juntamente com as espécies de maior porte, que se encontram entre os grupos mais ameaçados de extinção devido à destruição dos habitats naturais e por necessitarem de grandes áreas florestadas para sua sobrevivência (Paiva, 1999 modif.). Os endemismos da Mata Atlântica (que é o principal bioma da província Tupi) podem ser evidenciados em estudos realizados com anfíbios, répteis, aves, mamíferos e plantas vasculares, dentre outros grupos (Muller 1973, Bauer 1999, Arruda 2001). 25 Figura 5 - Províncias zoogeográficas da América do Sul (Segundo Fittkau 1969), com algumas modificações, destacando a localização do presente trabalho. 26 2. METODOLOGIA 2.1. Equipe O presente trabalho foi desenvolvido por pesquisadores com conhecimento e experiência de levantamento de campo em especial da fauna silvestre brasileira, com apoio de campo através de guias locais, conhecedores da região em estudo (figuras 6 e 7). Figura 6 - Equipe de campo da esquerda para direita: Ailton Abílio Rosa (guia de campo), Ana C. Venturini (Bióloga), Cleunice Pimenta e Alexandre Mendonça (técnicos de campo). Figura 7 - Equipe de Biólogos em trabalho de campo de fauna. A partir da esquerda: Pedro Paz, Ana C. Venturini, Claudia Pimenta, José L. Helmer e Adeilto J. Moreira. 27 2.2. Procedimentos Os dados deste trabalho foram obtidos através diferentes procedimentos: • Informações primárias em cinco excursões de campo realizadas no período de 7 a 11/08/2007, 19 a 25/11/2007, 12 a 17/03/2008, 2 a 5/09/2008 e 11 a 14/11/2008 somando 190 h/campo. • Dados anteriores dos autores. • Dados bibliográficos (Bauer 1999 e Bauer et al. 1997 para aves) e • Entrevista com moradores da região que nasceram e moram na área e auxiliaram nos trabalhos de campo. Os quatro grupos de vertebrados terrestres (anfíbios, répteis, aves e mamíferos) foram investigados em grande parte da região pertencente à Usina Paineiras especialmente, nos blocos de mata, mas também em outras áreas abertas. Podem ser assim determinadas: • Ambiente florestal (F): engloba os diferentes blocos de floresta estacional semidecidual que recebem localmente nomes próprios: “Mata do Ouvidor, propriamente dita”, “Mata do Córrego do Ouro”, “Mata do Brejão” e “Mata do Barro Branco”. • Área alagada (A): engloba diferentes ambientes incluindo a “lagoa” (represa) na borda da Mata do Ouvidor, brejos e pasto alagado dentro da Usina Paineiras e outras área alagadas próximas aos córregos e matas. • Áreas abertas (C): em toda região de pastos e cultivo de cana-de-açúcar. • Pomar/jardim (P): dentro da Usina, próximo à área administrativa e outras similares. Os nomes comuns para as espécies citadas neste relatório estão de acordo com nomes conhecidos localmente e/ou com a bibliografia específica de cada grupo. Os animais registrados foram documentados, sempre que possível, através de gravação de vocalização (GV), fotografia (FO) e filmagem (FI) (figura 8). 28 Figura 8 - Documentação de fauna (anfíbio) através de fotografia e filmagem. Para verificação do estado de conservação das espécies (status), verificando o grau de ameaça, foram consultadas as listas de espécies ameaçadas de extinção em nível estadual (Espírito Santo-DOE 2005), nacional (Machado et al. 2008) e global (IUCN 2007). Para captura de indivíduos (licença de captura Ibama n° 13212-1, em anexo I) foram utilizados equipamentos específicos e metodologias de acordo com cada grupo, sendo que todos indivíduos capturados foram documentados, identificados e devolvidos ao local de captura. As diferentes metodologias de registro das espécies e as bibliografias utilizadas para cada grupo são descritas a seguir. 2.2.1. Anurofauna Para o estudo dos anfíbios foram realizadas capturas manuais (figura 9), especialmente na 2ª e 3ª excursão, através de busca ativa com auxílio de lanternas, nos diferentes locais como serrapilheira, árvore, troncos caídos, pedras, buracos no solo, clareiras, borda de estradas, vegetação marginal de áreas alagadas, brejos, e outros ambientes propícios. Especialmente à noite, a localização de indivíduos era orientada através da vocalização. Os indivíduos quando capturados eram acondicionados em sacos plásticos para se proceder à medição de tamanho (figura 10), identificação da espécie e documentação. Algumas espécies foram registradas 29 apenas através de vocalização e sua documentação foi através de gravação de vocalização com auxílio de gravadores e microfones. Figura 9 - Exemplo de anfíbio capturado manualmente. Figura 10 - Tomada de padrão biométrico (comprimento rostro-anal) de anfíbio. Para a identificação das espécies, determinação de endemismo de Mata Atlântica e os nomes comuns foram consultadas as seguintes fontes: Kwet e Di-Bernardo (1999), Izecksonh e Carvalho-e-Silva (2001), Freitas e Silva (2004), Ramos e Gasparini (2004), Eterovick e Sazima (2004), Freitas e Silva (2005a), Sociedade Brasileira de Herpetologia (SBH 2008a), Deiques et al. (2007), Frost (2008),Amphibiaweb (2008). A sistemática segue SBH (op. cit.). 30 2.2.2. Herpetofauna O estudo dos Répteis foi desenvolvido através de busca direta de indivíduos com auxílio de ganchos (figura 11) ou de seus vestígios (muda de pele, rastro, ovos) revirando-se os diferentes substratos (serrapilheira, troncos caídos, buracos no solo, casca de árvores e outros) no ambiente florestal ou áreas abertas. Os exemplares capturados foram medidos, fotografados e/ou filmados (figuras 11 e 12). Tivemos registro de exemplares através de captura por terceiros e através de observação (sem captura). Figura 11 - Equipe com exemplar de réptil capturado, manuseado com gancho, sendo documentado. Figura 12 - Tomada de padrões biométricos de réptil. 31 A identificação das espécies, determinação de endemismo de Mata Atlântica e a determinação dos nomes comuns, quando necessário, foram realizadas através de : Grantsau (1991), Borges (2001), Marques et al. (2001), Lema (2002), Freitas (2003), Freitas e Silva (2005a), Sociedade Brasileira de Herpetologia (SBH 2008b), Deiques et al. (2007). A sistemática segue SBH (op. cit.) 2.2.3. Avifauna O estudo das aves foi realizado através da observação de indivíduos ou seus vestígios (ninhos, penas) com auxílio de binóculos e luneta (figura 13). Registro e procura de algumas espécies por play back foi realizado com auxílio de gravadores e microfones (figura 14). Para a captura de aves no sub-bosque do ambiente florestal foram utilizadas 4 redes de neblina durante a 2ª excursão perfazendo 32 horas/rede (figura 15). As bibliografias utilizadas para auxiliar na identificação das espécies, verificação de espécies endêmicas de Mata Atlântica e nomes comuns, quando necessário, foram: Schauensee e Phelps Jr. (1978), Sick (1997), Ridgely e Tudor (1989 e 1994), Souza (1998) e del Hoyo et al. (1992, 1994, 1996, 1997, 1999, 2001, 2002, 2003, 2004 e 2005), Bencke et al. (2006), CBRO (2008). A sistemática está de acordo com CBRO (op. cit.). Figura 13 - Observação de aves com auxilio de binóculos e luneta. 32 Figura 14 - Uso de gravador e microfone para documentação de aves. Figura 15 - Uso de rede de neblina para captura de aves no sub-bosque. 2.2.4. Mastofauna Para o conhecimento dos mamíferos da região foram realizadas observações de indivíduos ou vestígios (como tocas, pegadas, unhas e fezes) com auxílio de binóculos e luneta (figura 16). O uso de play back através de gravadores e microfones foi utilizado para busca de algumas espécies. Capturas foram realizadas utilizando-se armadilhas do tipo Tomahawk (figura 17) e Sherman (figura 18) nas 3 primeiras excursões de campo totalizando um esforço de captura de 650 armadilhas/noite. Elas foram distribuídas dentro do ambiente florestal em pontos 33 eqüidistantes de 25 m sendo duas por ponto e cada ponto foi devidamente sinalizado (figura 19). As armadilhas foram iscadas com diferentes tipos de atrativo (banana, laranja, abacaxi, óleo de fígado de bacalhau, lingüiça e outras) e ainda foi preparada uma pasta especial composta por amendoim, óleo de fígado de bacalhau e canjiquinha. As armadilhas eram vistoriadas todo dia pela manhã e novamente iscadas à tarde. Armadilhas fotográficas (camaras trap) (4 nas duas primeiras excursões, 7 na terceira e 5 entre a quarta e quinta excursão) foram distribuídas na região de estudo, em locais estratégicos (cevas naturais, trilhas de animais previamente avaliadas) totalizando 416 armadilhas/dia (número de armadilhas fotográficas x número de dias – 24 horas) (figura 20). Figura 16 - Observação de mamífero com auxilio de binóculo. Figura 17 - Armadilha Tomahawk utilizada na captura de pequenos mamíferos. 34 Figura 18 - Uso de armadilha Sherman para captura de mamíferos. Figura 19 - Uso de fita zebrada para a sinalização de pontos de captura por armadilha. 35 Figura 20 - Armadilha fotográfica de trilha. As bibliografias utilizadas para o estudo de mamíferos para auxiliar na identificação de espécies, nomes comuns quando necessário e determinação de espécies endêmicas de Mata Atlântica foram: Emmons (1990, 1997), Silva (1994), Fonseca et al. (1996), Eisenberg e Redford (1999), Câmara e Murta (2003), Freitas e Silva (2005b), Reis et al. (2005), Oliveira e Cassaro (2005), Mamede e Alho (2006), Auricchio e Auricchio (2006), Reis et al. (2006) e Canevari e Vaccaro (2007). A sistemática segue Wilson e Reeder (2005). 36 3. RESULTADOS E COMENTÁRIOS Foram registradas até o momento 24 espécies de Anfíbios, 18 espécies de Répteis, 172 espécies de Aves e 37 espécies de Mamíferos. Soma-se assim, 251 espécies registradas de vertebrados terrestres (figura 21). Figura 21 - Número de espécies de animais de acordo com a classe. Do total de espécies até agora registradas (n = 251), 11 são ameaçadas de extinção (4,4%) nos diferentes níveis aqui considerados (estadual, nacional e global) e 44 espécies (17,5%) são endêmicas de Mata Atlântica (tabela 1). Tabela 1 - Espécies ameaçadas de extinção e/ou endêmicas de Mata Atlântica registradas no Verde Vale do Itapemirim e arredores entre agosto de 2007 e novembro de 2008. Status: AE: espécie ameaçada em nível estadual (ES), AB: espécie ameaçada em nível nacional (Brasil), AG: espécie ameaçada em nível global e MA: espécie endêmica de Mata Atlântica. CLASSE ESPÉCIE NOME COMUM STATUS MA Amphibia Rhinella crucifer sapo-comum - MA Haddadus binotatus rã-da-mata - MA Thoropa miliaris rã-da-pedra - MA Aplastodiscus cavicola perereca-verde - MA Dendropsophus anceps perereca-coral - MA Dendropsophus berthalutzae pererequinha - MA Dendropsophus bipunctatus pererequinha - MA Dendropsophus branneri perereca-pequena - MA Dendropsophus decipiens perereca-pequena - MA Hypsiboas faber sapo-ferreiro - MA Hypsiboas semilineatus perereca-dormideira - MA Phyllodytes kautskyi perereca-de-bromélia - MA 24 18 172 37 0 50 100 150 200 Anfíbios Répteis Aves Mamíferos nº de espécies 37 CLASSE ESPÉCIE NOME COMUM STATUS MA Scinax alter perereca - MA Sphaenorhynchus planicola pereca-verde-pequena - MA Leptodactylus spixi rã-de-bigode - MA sub-total 15 0 15 Reptilia Gymnodactylus darwinii lagartixa-da-mata - MA Leptotyphlops salgueiroi cobra-da-terra - MA Helicops carinicaudus cobra-d’água - MA Bothrops jararaca jararaca - MA sub-total 4 0 4 Aves Crypturellus noctivagus jaó-do-sul AE, AB MA Crypturellus variegatus inhambu-anhangá AG - Pyrrhura cruentata querequeté AE, AB, AG MA Amazona rhodocorytha papagaio AE, AB, AG MA Pulsatrix koeniswaldiana corujão - MA Nyctibius grandis mãe-da-lua-gigante AE - Phaethornis idaliae rabo-branco-mirim - MA Veniliornis maculifrons picapauzinho - MA Thamnophilus ambiguus conconha - MA Conopophaga melanops cuspidor-de-máscara-preta - MA Dendrocincla turdina arapaçu-liso - MA Tripophaga macroura rabo-amarelo AB, AG MA Hemitriccus orbitatus tiririzinho-do-mato MA Myiornis auricularis miudinho - MA Rhynchocyclus olivaceus bico-chato-grande AE - Attila rufus capitão-de-saíra - MA Pyroderus scutatus pavó - MA Tachyphonus coronatus tié-preto - MA Tangara brasiliensis cambada-de-chaves - MA sub-total 19 7 16 Mammalia Didelphis aurita gambá - MA Gracilinanus microtarsus catita; cuiquinha - MA Marmosops incanus cuíca - MA Bradypus torquatus preguiça-de-coleira AE, AB, AG MA Cebus nigritus macaco-prego - MA Callithrix geoffroyi saui - MA Callicebuspersonatus guigó AE, AB, AG MA Alouatta guariba barbado - MA Leopardus pardalis jabutirica AE, AB - Leopardus wiedii gato-maracajá AE, AB - Sphigurus sp. ouriço-cacheiro - MA sub-total 11 4 9 TOTAL 49 11 44 3.1. Anurofauna Os Anfíbios foram os primeiros vertebrados a conquistarem o ambiente terrestre e atualmente ocupam os cinco continentes, estando ausentes apenas nas regiões polares e algumas ilhas oceânicas (Ramos e Gasparini 2004, Eterovick e Sazima 2004). De modo geral, são considerados importantes controladores biológicos de 38 insetos e outros invertebrados dos quais se alimentam. Porém, devido ao fato de a maioria das espécies dependerem de ambientes úmidos, muitas espécies não conseguem sobreviver em ambientes alterados que não conservam as características necessárias para a sua existência. A região neotropical possui a maior riqueza de espécies conhecida com mais de 1.740 espécies (Ramos e Gasparini op. cit). É um grupo ainda com conhecimento em ampla expansão existindo referência de 6.300 (Amphibiaweb 2008) a 6.347 espécies (Frost 2008) conhecidas no mundo. Somente no Brasil foram reconhecidas 59 novas espécies de anfíbios desde 2005 que somam, atualmente, 841 espécies (SBH 2008a). Assim, o Brasil se confirma como o país de maior riqueza de espécies de anfíbios, seguido por Colômbia e Equador (SBH op. cit.). Os dados disponíveis para o Estado são esparsos e pulverizados em diferentes tipos de trabalhos. Os resultados obtidos da fauna de Anfíbios para a região do Verde Vale do Itapemirim apresentados a seguir contribuem para o conhecimento da diversidade deste grupo para o Estado bem como fornece uma idéia inicial da importância da área na conservação deste grupo. 3.1.1. Composição geral das espécies Foram registradas neste trabalho, até o momento, 24 espécies de Anfíbios pertencentes a 1 ordem (Anura) e 6 famílias de acordo com a sistemática adotada por SBH (2008a) (tabela 2). Tabela 2 - Anfíbios registrados no Verde Vale do Itapemirim e arredores entre agosto de 2007 e novembro de 2008. Local: F: floresta, A: alagado (margens de brejo e/ou pasto alagado), C: campo (áreas abertas: estrada, pasto); Tipo de Registro: VI: visualização, VO: Vocalização, CM: captura manual, EN: entrevista (Manoel de Oliveira Rosa); Documentação (DOC.): IM: imagem (FO: foto, FI: filmagem), GV: gravação de vocalização. Entre aspas em negrito (“nome comum”): nomes populares atribuídos às espécies localmente. LOCAL T. REGISTRO DOC. N° ORDEM/FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME COMUM F A C VI VO CM EN IM GV ANURA Bufonidae 1. Rhinella crucifer “sapo-comum” F C VI CM EN FO 2. Rhinella granulosa sapinho F VI CM FO 39 LOCAL T. REGISTRO DOC. N° ORDEM/FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME COMUM F A C VI VO CM EN IM GV 3. Rhinella schneideri “sapo-boi” C EN Craugastoridae 4. Haddadus binotatus rã-da-mata F VI CM FO FI Cycloramphidae 5. Thoropa miliaris rã-da-pedra; rã-bode F VI FO Hylidae 6. Aplastodiscus cavicola perereca-verde F VI FO 7. Dendropsophus anceps perereca-coral A VI VO CM FO FI GV 8. Dendropsophus berthalutzae pererequinha A VI VO CM FO 9. Dendropsophus bipunctatus pererequinha A VI VO CM FO FI GV 10. Dendropsophus branneri perereca-pequena A VI VO CM FO GV 11. Dendropsophus decipiens perereca-pequena A VI VO CM FO GV 12. Dendropsophus elegans perereca-de-moldura A VI VO CM FO GV 13. Hypsiboas albomarginatus perereca-verde A VI VO CM FO FI GV 14. Hypsiboas crepitans perereca A VI CM FO 15. Hypsiboas faber sapo-ferreiro F A VI VO CM FO FI GV 16. Hypsiboas semilineatus perereca-dormideira F A VI VO CM FO FI GV 17. Phyllodytes kautskyi perereca-de-bromélia F VO GV 18. Scinax alter perereca A VI VO CM FO GV 19. Sphaenorhynchus planicola pereca-verde-pequena A VI VO CM FO GV 20. Trachycephalus nigromaculatus perereca-cabeça-de-osso F VI VO CM FO FI GV Leiuperidae 21. Physalaemus cuvieri rãzinha A VI CM FO Leptodactylidae 22. Leptodactylus fuscus rã-assoviadeira A C VI VO CM FO GV 23. Leptodactylus ocellatus “rã" A VO EN FO 24. Leptodactylus spixi rã-de-bigode F VI VO CM FO FI 1 ordem / 6 famílias / 24 espécies 1 0 15 3 21 16 19 3 22-8 13 Dentre as famílias registradas, a que possui maior número de espécies é Hylidae (15 = 62,5%), seguida de Leptodactylidae e Bufonidae (3 = 12,5% cada) e Craugastoridae, Cycloramphidae e Leiuperidae (1 = 4,2% cada família) (figura 22). 3 1 1 15 1 3 Bufonidae Craugastoridae Cycloramphidae Hylidae Leiuperidae Leptodactylidae Figura 22 - Riqueza de espécies de anfíbios de acordo com as famílias. 40 De acordo com os dados obtidos até o momento as espécies foram agrupadas em 3 ambientes com predominância do florestal e alagados (tabela 2, figura 23). A maioria das espécies, até o momento, foram exclusivas de um só ambiente com predominância para o ambiente alagado de áreas abertas (brejos, pasto alagado, borda de córrego). As espécies registradas nos diferentes fragmentos florestais foram aquelas encontradas especialmente no chão da mata (serrapilheira) durante o dia (rã-da-mata Haddadus binotatus e rã-de-bigode Leptodactylus spixi), ou na borda da mata com alagado (sapo-ferreiro Hypsiboas faber e perereca-dormideira H. semilineatus) à noite, ou em bromélia arbórea (perereca-de-bromélia Phyllodytes kautskyi) ou em trilhas no chão à noite (sapo-comum Rhinella crucifer e sapinho R. granulosa). Já a perereca-cabeça-de-osso Trachycephalus nigromaculatus foi registrada à noite tanto no chão como nas árvores. 15 10 3 0 2 4 6 8 10 12 14 16 Alagado Floresta Campo n º de e sp éc ie s Figura 23 - Distribuição das espécies de anfíbios de acordo com o ambiente. Os dados levantados demonstram uma riqueza de espécies (n = 24) significativa especialmente se levar em conta que foram apenas 5 excursões de campo (entre agosto de 2007 e novembro de 2008), com busca ativa mais intensa na segunda e terceira excursão e não foi usado nenhum tipo de armadilha específica como, por exemplo, armadilhas de queda (pitfall). Outros trabalhos de regiões de baixada no Espírito Santo possuem os seguintes resultados (tabela 3): 41 Tabela 3 - Riqueza de espécies de anfíbios em diferentes localidades no Espírito Santo. Local Riqueza de espécies Fonte Itaúnas (Parque Estadual e arredores), Conc. da Barra 31 Venturini e Paz in litt. APA de Setiba e P. E. Paulo C. Vinha, Guarapari 36 Cepemar (2007) Ubu, Anchieta 17 Lopes (s.d) RPPN Cafundó e arredores, C. de Itapemirim 14 Paz e Ventuirini, 2008 Matas do Ouvidor e arredores, Itapemirim 24 presente trabalho Apesar das diferenças de metodologia de cada trabalho (incluindo a duração dos mesmos) e dimensão de cada área é possível perceber que o número de espécies até agora registrado é, relativamente, elevado. Além disto, deve-se também levar em consideração o número de espécies endêmicas de Mata Atlântica (item 3.1.3) presentes na área de estudo. 3.1.2. Espécies ameaçadas de extinção De acordo com as espécies registradas até o momento nenhuma encontra-se ameaçada de extinção em nível estadual (Espírito Santo-DOE 2005), nacional (Machado et al. 2008) e global (IUCN 2007). Quando se consulta a lista global verifica-se que as espécies de anfíbios encontradas na região estão na categoria “least concern” ou “near threatened”,ou seja, porque não se enquadram em nenhuma das categorias de espécies ameaçadas (criticamente em perigo, em perigo e vulnerável). 3.1.3. Espécies endêmicas de Mata Atlântica A definição das espécies de anfíbios como endêmicas de Mata Atlântica ainda é uma tarefa complicada visto que o conhecimento sobre a distribuição das espécies está em franca expansão. Porém, baseado em algumas das fontes disponíveis (bibliografias já referidas para o grupo), foi possível chegar a uma relação de 15 espécies (62,5%) cuja ocorrência conhecida está inserida, basicamente, no domínio da Mata Atlântica (tabela 4, figuras 24 e 25). 42 Tabela 4 - Anfíbios endêmicos de Mata Atlântica registrados na área de estudo. ESPÉCIE NOME COMUM Rhinella crucifer sapo-comum Haddadus binotatus rã-da-mata Thoropa miliaris rã-da-pedra Aplastodiscus cavicola perereca-verde Dendropsophus anceps perereca-coral Dendropsophus berthalutzae Pererequinha Dendropsophus bipunctatus Pererequinha Dendropsophus branneri perereca-pequena Dendropsophus decipiens perereca-pequena Hypsiboas faber sapo-ferreiro Hypsiboas semilineatus perereca-dormideira Phyllodytes kautskyi perereca-de-bromélia Scinax alter perereca Sphaenorhynchus planicola perereca-verde-pequena Leptodactylus spixi rã-de-bigode 15 espécies Figura 24 – Leptodactylus spixi rã-de-bigode, espécie de anfíbio endêmica de Mata Atlântica. 43 Figura 25 - A perereca verde-pequena Sphaenorhynchus planicola é encontrada geralmente na vegetação aquática e também é endêmica da Mata Atlântica. 3.1.4. Espécies de atividade cinegética e de xerimbabo Os anfíbios em geral não são utilizados para fins de alimentação ou como animal de estimação. Exceção já observada no Espírito Santo é a rã Lepitodactylus ocellatus usualmente utilizada como alimento (figura 26) e é possível que este fato também ocorra na região. Figura 26 – Rã-manteiga Lepitodactylus ocellatus, uma espécie de anfíbio cinegética. 44 3.1.5. Nomes locais De acordo com as informações obtidas na região, pode-se constatar que o conhecimento do grupo é bem superficial. Há pouca diferenciação nos nomes locais, havendo referências genéricas para “sapo”, “rã” e “perereca”. Apenas três espécies citadas puderam ser associadas aos nomes científicos (tabela 2). Deve-se ressaltar que uma destas espécies, o sapo-boi Rhinella schneideri, não foi ainda detectada em campo o que demonstra a importância da participação de agentes locais no trabalho. Na tabela 2 destacamos entre aspas “nome comum” os nomes populares atribuídos às espécies de anfibios localmente. 45 3.1.6. Registro fotográfico 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 2. Herpetofauna Os répteis são vertebrados terrestres com uma grande variedade na estrutura do corpo. Algumas espécies não possuem membros, outras possuem membros vestigiais, outras possuem patas com até 5 dedos e outras ainda os têm em forma de remos. Existem espécies que ocupam os mais diversos habitas, por exemplo, as espécies arborícolas, aquáticas e fossoriais e muitas das espécies são sensíveis às modificações de seus ambientes. De acordo com Reptile database (2008) são conhecidas 8.734 espécies de répteis no mundo. Até o momento foram reconhecidas 701 espécies de répteis naturalmente ocorrentes e se reproduzindo no Brasil (SBH 2008b). Diante dos números atuais, o Brasil deve ocupar a terceira colocação na relação de países com maior riqueza de espécies de répteis, atrás da Austrália e do México. No Espírito Santo não existem dados atualizados da quantidade de espécies de répteis. Serão apresentados a seguir os resultados de Répteis obtidos, até o momento, para a região do Verde Vale do Itapemirim. 3.2.1. Composição geral das espécies Foi possível registrar, até o momento, 18 espécies de Répteis distribuídas em 2 ordens e 11 famílias (tabela 5). Tabela 5 - Répteis registrados no Verde Vale do Itapemirim e arredores entre agosto de 2007 e novembro de 2008. Local: F: floresta, A: alagado (lagoa e outras áreas alagadas), C: campo (áreas abertas: estrada, pasto); Tipo de Registro: VI: visualização, CM: captura manual, EN: entrevista (1: Ailton Abílio Rosa, 2: Manoel de Oliveira Rosa); Documentação (DOC.): FO: foto, FI: filmagem. Entre aspas em negrito (“nome comum”): nomes populares atribuídos às espécies localmente. LOCAL REGISTRO DOC. N° ORDEM/FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME COMUM F A C VI CM EN FO FI CROCODYLIA Alligatoridae 1. Caiman latirostris “jacaré” A 2 SQUAMATA Polychrotidae 2. Anolis punctatus lagarto F VI FO 3. Polychrus marmoratus “cambaleão” F VI CM FO Tropiduridae 56 LOCAL REGISTRO DOC. N° ORDEM/FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME COMUM F A C VI CM EN FO FI 4. Tropidurus torquatus “cambaleão” C VI 2 FO Gekkonidae 5. Hemidactylus mabouia “taruíra” C VI 2 FO Phyllodactylidae 6. Gymnodactylus darwinii lagartixa-da-mata F VI CM FO Teiidae 7. Tupinambis merianae “lagarto, teu” F VI 2 FO Leptotyphlopidae 8. Leptotyphlops salgueiroi cobra-da-terra F VI CM FO Boidae 9. Boa constrictor “jibóia” F C 2 10. Corallus hortulanus cobra-veadeira F VI FO FI Colubridae 11. Chironius bicarinatus cobra-cipó F VI FO 12. Helicops carinicaudus “cobra-d’água” A VI CM FO FI 13. Liophis miliaris cobra-d’água A C VI CM FO FI 14. Liophis poecilogyrus jararaquinha F VI FO 15. Oxybelis aeneus cobra-cipó-bicuda F VI FO 16. Philodryas patagoniensis corredeira F VI CM FO Elapidae 17. Micrurus sp. “cobra-coral” F 1, 2 Viperidae 18. Bothrops jararaca “surucucu” (jararaca) F VI 1, 2 FO FI 2 ordens / 11 famílias / 18 espécies 13 3 4 15 6 7 15 4 A família com maior riqueza de espécies registrada foi Colubridae com 6 espécies (33,3%), seguida de Polychrotidae e Boidae com 2 espécies cada (11,1% cada), Gekkonidae, Phyllodactylidae, Alligatoridae, Tropiduridae, Leptotyphlopidae, Elapidae e Viperidae com 1 espécie cada (5,5% cada) (figura 27). 1 2 1 1 1 1 12 6 1 1 Alligatoridae Polychrotidae Tropiduridae Gekkonidae Phyllodactylidae Teiidae Leptotyphlopidae Boidae Colubridae Elapidae Viperidae Figura 27 - Riqueza de espécies de répteis de acordo com as famílias. 57 De acordo com os dados disponíveis até o momento o ambiente florestal foi o que teve maior número de espécies (13: 72,2%) com apenas 1 que não foi exclusiva deste ambiente (tabela 5, figura 28). 13 4 3 0 2 4 6 8 10 12 14 Floresta Campo Alagado n° d e e sp é ci es Figura 28 - Distribuição das espécies de répteis de acordo com o ambiente. O número de espécies registradas até o momento fornece uma idéia geral do grupo de répteis para a área de estudo. Deve-se ressaltar que o esforço empreendido ainda é, relativamente, pequeno e capturas com armadilhas de queda (pitfall) - importante para o registro de espécies com deslocamento terrestre (comoalgumas espécies de cobras e lagartos) - ainda não foram realizadas. Apesar das diferenças de metodologia (incluindo duração dos trabalhos) e tamanho das áreas amostradas, comparativamente, outros trabalhos em áreas de baixada do Estado tiveram os seguintes resultados (tabela 6): Tabela 6 - Riqueza de répteis em diferentes áreas de baixada no Espírito Santo. Local Riqueza de espécies Fonte Itaúnas (Parque Estadual e arredores), Conc. da Barra 29 Cepemar (2004) APA de Setiba e P. E. Paulo C. Vinha, Guarapari 43 Cepemar (2007) Ubu, Anchieta 14 Lopes (s.d) RPPN Cafundó e arredores, C. de Itapemirim 10 Paz e Ventuirini, 2008 Matas do Ouvidor e arredores, Itapemirim 18 presente trabalho Assim, pode-se verificar que o número de espécies para a área, mesmo que ainda através de dados iniciais, é relativamente significativo. 58 3.2.2. Espécies ameaçadas de extinção De acordo com as espécies registradas até o momento nenhuma está ameaçada de extinção em nível estadual (Espírito Santo-DOE 2005), nacional (Machado et al. 2008) e global (IUCN 2007). Em nível global, o jacaré Caiman latirostris está na categoria de “baixo risco – subitem Least concern”, ou seja, não se enquadra nas categorias de criticamente em perigo, em perigo ou vulnerável, porém, poderá vir a integrar uma destas categorias estando, no momento no subitem de menor preocupação. 3.2.3. Espécies endêmicas de Mata Atlântica De acordo com as informações disponíveis, 4 espécies (22,2%) podem ser, em princípio, consideradas como ocorrentes apenas no domínio da Mata Atlântica (tabela 7) e, por isto, serão consideradas como endêmicas deste bioma. Três são florestais: lagartixa-da-mata Gymnodactylus darwinii, (figura 29) jararaca Bothrops jararaca (figura 30) e cobra-da-terra Leptotyphlops salgueiroi (figura 31), e a última é também fossorial. Já a cobra-d’água Helicops carinicaudus (figura 32) é aquática e 1 exemplar foi capturado em anzol deixado por pescadores na “lagoa” do Ouvidor (na intenção de capturar traíra) e outro foi observado sendo predado por um socó Tigrisoma lineatum na mesma lagoa. Tabela 7 - Répteis endêmicos da Mata Atlântica registrados na área de estudo. ESPÉCIE NOME COMUM Gymnodactylus darwinii largartixa-da-mata Leptotyphlops salgueiroi cobra-da-terra Helicops carinicaudus cobra-d’água Bothrops jararaca surucucu, jararaca 4 espécies 59 Figura 29 - Gymnodactylus darwinin lagartixa-da-mata, réptil florestal endêmico da Mata Atlântica. Figura 30 - Bothrops jararaca conhecida localmente como “surucucu” é uma das espécie endêmicas da Mata Atlântica registrada na área. 60 Figura 31 - Leptotyphlops salgueiroi cobra-da-terra. Figura 32 - Helicops carinicaudus a cobra-d’água é endêmica da Mata Atlântica e uma importante espécie dentro do elo da cadeia alimentar da região. 3.2.4. Espécies de atividade cinegética e de xerimbabo De maneira geral a população não possui um bom relacionamento ou empatia pelos répteis, especialmente pela ordem Squamata, subordem Ofídia (as cobras) devido ao fato de existirem espécies peçonhentas as quais podem ser potencialmente perigosas ao homem. Por isto, historicamente, as cobras são, preferencialmente, 61 eliminadas quando avistadas. Outras 2 espécies de répteis registradas na região são geral e historicamente de atividade cinegética: o teiú Tupinambis merianae e o jacaré Caiman latirostris. 3.2.5. Nomes locais As informações obtidas localmente demonstram uma relação da população com a fauna de répteis que enfoca as espécies de cobras (vários nomes foram citados, mas nem todos puderam ser identificados com a espécie correspondente), alguns lagartos e o jacaré. São espécies de grande porte (algumas que culturalmente foram ou ainda são utilizadas como alimento) e/ou as que são consideradas perigosas (as cobras). Chama a atenção a denominação de Bothrops jararaca como “surucucu” e não ‘jararaca’. O nome de “jacaré” apenas ao invés, por exemplo, de ‘jacaré-do-papo- amarelo’ faz sentido, visto que só ocorre uma espécie e não há necessidade de diferenciá-lo de outro. Na tabela 5 destacamos entre aspas “nome comum” os nomes populares atribuídos às espécies de répteis localmente. 62 3.2.6. Registro fotográfico 63 64 65 66 67 68 3.3. Avifauna As aves, no geral, são consideras como um importante grupo na discussão de estratégias de conservação da biodiversidade, devido, especialmente ao fato de (I) a maioria ser de hábitos diurnos e, relativamente, de fácil observação facilitando a coleta de dados, (II) ocupar diferentes hábitats, sendo algumas espécies especialistas, e reagir às mudanças ambientais facilitando a detecção de tal mudança e (III) a sistemática e distribuição serem relativamente bem conhecidas, comparativamente a outros grupos animais (Alves e Silva, 2000). O Brasil é um dos países com maior número de espécies de aves possuindo 1822 no total, segundo CBRO (2008). O Espírito Santo ainda não possui uma compilação de dados de aves mas Venturini e Paz (2003) estimam entre 620 e 700 espécies. A avifauna da região zoogeográfica Neotropical possui cerca de 3300 espécies [este número deve ser maior atualmente] e é considerada a mais rica do mundo. Várias são as espécies que se originaram e evoluíram nesta região, apresentando vários centros de endemismos (ou seja, com espécies de distribuição geográfica restrita a esta região), em especial nas áreas de florestas como a Amazônia e a Mata Atlântica (Sick 1997). Serão apresentados a seguir os resultados sobre o estudo de aves do Verde Vale do Itapemirim, incluindo as Matas do Ouvidor e arredores obtidos até o momento. 3.3.1. Composição geral das espécies Foram registradas até o momento 172 espécies de aves distribuídas em 20 ordens e 50 famílias de acordo com a sistemática adotada por CBRO (2008) (tabela 6). Tabela 8 - Aves registradas na Mata do Ouvidor e arredores, Itapemirim, Espírito Santo entre agosto de 2007 e novembro de 2008. Local: F: floresta, A: alagado, C: campo, P: pomar, jardim, O: outros (em vôo, não identificado). Tipo de Registro: VI: visualização, VO: vocalização, NI: ninho, EN: entrevista (1: Ailton Abílio Rosa, 2: Manoel de Oliveira Rosa), BB (Bibliografia): a: Bauer 1999, b: Bauer et al. 1997, c: informações inéditas anteriores. Documentação (DOC.): IM: imagem (FO: fotografia, FI: filmagem), GV: gravação 69 de vocalização. Entre aspas em negrito (“nome comum”): nomes populares atribuídos às espécies localmente. LOCAL TIPO DE REGISTRO DOC. N° ORDEM/FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME COMUM F A C P O VI VO NI EN BB IM GV TINAMIFORMES Tinamidae 1. Crypturellus soui “tururim” F VO 1, 2 a GV 2. Crypturellus noctivagus jaó-do-sul F VO a 3. Crypturellus variegatus inhambu-anhangá F VO a 4. Crypturellus tataupa “inhambu” F VO 1 GV 5. Rhynchotus rufescens “perdiz" C 1, 2 6. Nothura cf. maculosa “codorna” C 2 ANSERIFORMES Anatidae 7. Dendrocygna viduata “arerê" A VI 1 FO 8. Dendrocygna autumnalis “arerê” AVI 1 9. Cairina moschata “pato-do-mato” A VI 1 10. Amazonetta brasiliensis “marreca" A VI VO 1, 2 c GALLIFORMES Cracidae 11. Penelope superciliaris “jacupemba” F 1, 2 PODICIPEDIFORMES Podicipedidae 12. Tachybaptus dominicus “mergulhão" A VI 1 c CICONIIFORMES Ardeidae 13. Tigrisoma lineatum “socó", socó-da-mata F A VI 1, 2 FO 14. Botaurus pinnatus socó-boi-baio A VI c 15. Nycticorax nycticorax savacu A VI VO GV 16. Butorides striata socozinho A VI VO 17. Bubulcus ibis garça-vaqueira C VI c FO 18. Ardea cocoi garça-moura F VI 19. Ardea alba “galça-grande” A VI 2 c FO 20. Syrigma sibilatrix maria-faceira C VI FO 21. Pilherodius pileatus “galça-azul” F A VI 1 22. Egretta thula “galça-pequena” A VI 2 FO CATHARTIFORMES Cathartidae 23. Cathartes aura urubu-de-cabeça-vermelha O VI FO 24. Cathartes burrovianus urubu-de-cabeça-amarela O VI c 25. Coragyps atratus “bica-couro”, “urubu” O VI 1, 2 c FALCONIFORMES Accipitridae 26. Leptodon cayanensis gavião-de-cabeça-cinza O VI VO 27. Elanoides forficatus “gavião-tesoura” F O VI 1 28. Ictinia plumbea sovi F VI FO 29. Geranospiza caerulescens gavião-pernilongo O VI 30. Heterospizias meridionalis “gavião-telha” F C VI VO 1 c FO GV 31. Rupornis magnirostris gavião-carijó F VI VO c GV 32. Buteo albicaudatus gavião-de-rabo-branco C VI FO Falconidae 33. Caracara plancus caracará C O VI c 34. Milvago chimachima “pinhé" C O VI 2 c GV 35. Herpetotheres cachinnans “côa” F VI VO 1, 2 GV 36. Micrastur semitorquatus falcão-relógio F VI VO GV 70 LOCAL TIPO DE REGISTRO DOC. N° ORDEM/FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME COMUM F A C P O VI VO NI EN BB IM GV 37. Falco sparverius “gavião-rapina” C VI VO 2 GV GRUIFORMES Aramidae 38. Aramus guarauna carão A VI VO FO GV Rallidae 39. Porzana albicollis “saricória” A VO 1 c 40. Pardirallus nigricans saracura-sanã A VO c 41. Gallinula chloropus “frango-d’água” A VI 1 c 42. Gallinula melanops frango-d'água-carijó A VI b, c 43. Porphyrio martinica “frango-d’água” A VI 1 c FO Cariamidae 44. Cariama cristata “seriema” C VI VO 1 CHARADRIIFORMES Charadriidae 45. Vanellus chilensis quero-quero C VI VO c GV Scolopacidae 46. Gallinago undulata “rola-pau” O 1 47. Tringa solitária maçarico-solitário A VI c Jacanidae 48. Jacana jacana “piaçoca” A VI VO 1 c FO GV COLUMBIFORMES Columbidae 49. Columbina minuta rolinha-de-asa-canela A VI a, c 50. Columbina talpacoti rolinha C VI NI c FO 51. Patagioenas picazuro pombão C VI 52. Leptotila verreauxi “juriti” F VO 2 GV 53. Leptotila rufaxilla “juriti" F VO 2 GV 54. Geotrygon montana “juriti” F VO 2 GV PSITTACIFORMES Psittacidae 55. Primolius maracana “maracanã” F VI VO 1 GV 56. Aratinga leucophthalma periquito-maracanã F VI VO FO GV 57. Aratinga aurea periquito-rei C VI VO GV 58. Pyrrhura cruentata “querequeté" F VI VO 1,2 a FO GV 59. Forpus xanthopterygius “periquitinho”, periquito C P VI VO 1, 2 FO 60. Pionus maximiliani “maitaca” F VI VO 1, 2 FO GV 61. Amazona rhodocorytha “papagaio’ F VI VO 1, 2 FO GV CUCULIFORMES Cuculidae 62. Piaya cayana “rabilonga’ F VI VO 1, 2 63. Crotophaga major “anum-coroi’ F A VI VO 2 FO GV 64. Crotophaga ani “anum’ C VI VO 2 c FO 65. Guira guira anu-branco C VI VO c FO 66. Tapera naevia “peixe-frito’ C VO 1 c STRIGIFORMES Tytonidae 67. Tyto alba coruja-da-igreja C VO Strigidae 68. Megascops choliba corujinha-do-mato F VO FO 69. Pulsatrix koeniswaldiana “corujão” F VI VO 1 FO GV 70. Glaucidium brasilianum “caburé’ F VO 2 71. Athene cunicularia “corujinha’ C VI 2 FO CAPRIMULGIFORMES 71 LOCAL TIPO DE REGISTRO DOC. N° ORDEM/FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME COMUM F A C P O VI VO NI EN BB IM GV Nyctibiidae 72. Nyctibius grandis mãe-da-lua-gigante F VI VO FO GV Caprimulgidae 73. Nyctidromus albicollis “bacurau” F VI VO NI 2 FO GV APODIFORMES Apodidae 74. Streptoprocne zonaris taperuçu-de-coleira-branca O VI 75. Chaetura cinereiventris andorinhão-de-sobre-cinzento O VI Trochilidae 76. Glaucis hirsutus balança-rabo-de-bico-torto F VI a FO 77. Phaethornis idaliae rabo-branco-mirim F VI VO 78. Eupetomena macroura beija-flor-tesoura P VI 79. Hylocharis sapphirina beija-flor-safira F VI a 80. Hylocharis cyanus beija-flor-roxo F VI FO GV 81. Polytmus guainumbi beija-flor-de-bico-curvo F A VI c TROGONIFORMES Trogonidae 82. Trogon viridis “joão-bobo” F VI VO 1 FO GV CORACIIFORMES Alcedinidae 83. Megaceryle torquata Martim-pescador-grande A VI GALBULIFORMES Galbulidae 84. Galbula ruficauda bico-de-agulha F VI FO PICIFORMES Ramphastidae 85. Ramphastos vitellinus “tucano’ F VO 1 86. Pteroglossus aracari “araçari” F VI VO 1 GV Picidae 87. Picumnus cirratus pica-pau-anão-barrado F VI VO GV 88. Melanerpes candidus “pica-pau-do-branco-branco’ C VI VO 1 89. Veniliornis maculifrons picapauzinho-de-testa-pintada F VI 90. Piculus flavigula pica-pau-bufador F VO a 91. Colaptes campestris pica-pau-do-campo C VO c 92. Celeus flavescens pica-pau-de-cabeça-amarela F VI VO GV PASSERIFORMES Thamnophilidae 93. Thamnophilus ambiguus “conconha’ F VI VO 2 FO GV 94. Myrmotherula axillaris choquinha-de-flanco-branco F VI VO GV Conopophagidae 95. Conopophaga melanops cuspidor-de-máscara-preta F VI VO GV Dendrocolaptidae 96. Dendrocincla turdina arapaçu-liso F VI VO GV Furnariidae 97. Furnarius figulus casaca-de-couro-da-lama A C VI VO c GV 98. Furnarius rufus joão-de-barro C P VI VO c GV 99. Certhiaxis cinnamomeus curutié A VI VO c 100. Thripophaga macroura rabo-amarelo F VI VO a GV 101. Phacellodomus rufifrons “joão-palito’ C VI VO NI 1 GV Tyrannidae 102. Leptopogon amaurocephalus cabeçudo F VO GV 103. Hemitriccus orbitatus tiririzinho-do-mato F VO a GV 104. Myiornis auricularis miudinho F VI VO GV 72 LOCAL TIPO DE REGISTRO DOC. N° ORDEM/FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME COMUM F A C P O VI VO NI EN BB IM GV 105.
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