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A Fauna e a Flora do Verde Vale do Itapemirim/ Espirito Santo

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2 
A FAUNA E A FLORA DO A FAUNA E A FLORA DO A FAUNA E A FLORA DO A FAUNA E A FLORA DO 
VERDE VALE DO ITAPEMIRIM:VERDE VALE DO ITAPEMIRIM:VERDE VALE DO ITAPEMIRIM:VERDE VALE DO ITAPEMIRIM: 
 
Vertebrados Terrestres 
(anfíbios, répteis, aves e mamíferos) 
e 
Caracterização da Vegetação dos 
Remanescentes Florestais da 
Fazenda do Ouvidor 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
_________________________________________________________________ 
 
Paz, Pedro Rogério de; Venturini, Ana Cristina; Helmer, José Luiz e Assis, André Moreira. 
A Fauna e Flora do Verde Vale do Itapemirim. Vila Velha, 2009. 
169p. 
1. Fauna. 2. Flora. 3. Taxonomia. 4. Anurofauna. 5. Herpetofauna. 6. Avifauna. 7. 
Mastofauna. 8. Fitofisionomia. 
_________________________________________________________________ 
 
 4 
A Fauna e a Flora do Verde Vale do Itapemirim: 
Vertebrados terrestres (anfíbios, répteis, aves e mamíferos) e 
Caracterização da Vegetação dos Remanescentes Florestais da 
Fazenda do Ouvidor 
 
 
Relatório TécnicoRelatório TécnicoRelatório TécnicoRelatório Técnico 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cachoeiro de Itapemirim, Janeiro de 2009 
 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
usina
paineiras s.a.
Açúcar e Álcool
 
 
 
 
 
 
 
Tramirim
Instituto de Meio Ambiente e desenvolvimento Sustentável
 6 
INSTITUTO DE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL – 
TRAMIRIM 
 
Diretoria 
Carlos Alexandre Damasceno de Paz 
Ana Helena Cazetta 
Amarildo Souza Bristes 
Gabriel Rios André 
Aristides Fonseca Filho 
 
Superintendente Executiva 
Vera Lúcia de Paz 
 
 
USINA PAINEIRAS S.A 
 
Diretoria 
Diretor Presidente 
Régis Sousa de Carvalho Britto 
 
Diretor Superintendente 
Cláudio de Carvalho Britto Vital Brasil 
 
Diretor Industrial 
Ruy Vital Brasil Filho 
 
 
 
Estudos realizados a partir do Projeto Verde Vale do Itapemirim: Proposta de plano 
de comunicação, educação ambiental e capacitação para pequenos agricultores e 
agricultoras do entorno do Verde Vale do Itapemirim – área prioritária para a 
Conservação da Mata Atlântica (ISA/2000 e PROBIO / 2003) e apoio a criação da 
RPPN do Ouvidor. 
 7 
COORDENAÇÃO GERAL 
Vera Lúcia de Paz 
 
COORDENADOR EXECUTIVO DE ATIVIDADES NA USINA PAINEIRAS 
Jorge Edson Machado Alves – Gestor Ambiental – Engenheiro Florestal 
 
APOIO LOGÍSTICO (OPERACIONAL) - USINA PAINEIRAS 
Ailton Abílio Rosa – Apoio de campo nas trilhas 
José Antônio Satiro Gonçalves – Ex-Gerente de Pecuária 
José Augusto Binoti – Atual Gerente de Pecuária 
Jô Martins Reis – Serviços Gerais – Indústria 
Manoel de Oliveira Rosa – Apoio de Campo nas trilhas 
Maria das Graças Campos – Secretária da Diretoria 
Mario Sergio Venâncio da Silva – Topógrafo 
 
 
EQUIPE – FAUNA 
 
Empresa Consultora 
FAUNATIVA CONSULTORIA E COMÉRCIO LTDA 
 
Técnicos Responsáveis 
Pedro Rogerio de Paz - Biólogo (CRBio 12721/02) Mastofauna 
Ana Cristina Venturini - Bióloga (CRBio 12707/02) Avifauna 
Dr. José Luiz Helmer - Biólogo (CRBio 7428/02) Anurofauna e Herpetofauna 
 
Apoio de campo 
Cleunice Ferreira Pimenta 
Alexandre Mendonça 
Thiago Herzog 
Adeilto José Moreira 
Claudia Aparecida Pimenta 
 
 
 8 
EQUIPE – FLORA 
 
Empresa Consultora 
BIÓTICA ESTUDOS E PROJETOS LTDA 
 
Técnicos Responsáveis 
André Moreira de Assis – Biólogo, Msc. Biologia Vegetal (CRBio: 32.098/02) 
Karla Fabíola de Oliveira Faria – Bióloga 
Valdir Geraldo Demmuner – Biólogo 
 
Apoio Logístico (Herbário e Filmadora no MBML) 
Helio de Queiroz Boudet Fernandes – Diretor do Museu de Biologia Mello Leitão 
(MBML) 
Rosemberg Ferreira – Chefe Técnico do MBML 
 
Especialistas que auxiliaram na identificação botânica 
Anderson F. P. Machado: Museu Nacional / RJ - Moraceae 
André P. Fontana: MBML - Orchidaceae e famílias em geral 
Daniela M. Ferreira: Museu Nacional / RJ - Piperaceae 
Helio Q. B. Fernandes: MBML - Arecaceae e famílias em geral 
Ludovic J. C. Kollmann MBML: Begoniaceae, Bromeliaceae, Orchidaceae e famílias 
em geral 
Marcelo Viana Filho: Museu Nacional / RJ – Moraceae 
Milton Goppo: Universidade de São Paulo - Rutaceae 
 
 9 
SUMÁRIO 
APRESENTAÇÃO _________________________________________________________15 
AGRADECIMENTOS ______________________________________________________18 
Capitulo 1: FaunaCapitulo 1: FaunaCapitulo 1: FaunaCapitulo 1: Fauna_____________________________________________________20 
1. INTRODUÇÃO__________________________________________________________20 
1.1. Enquadramento regional e caracterização da área_______________________________ 20 
1.2. Enquadramento zoogeográfico _______________________________________________ 24 
2. METODOLOGIA ________________________________________________________26 
2.1. Equipe ___________________________________________________________________ 26 
2.2. Procedimentos_____________________________________________________________ 27 
2.2.1. Anurofauna______________________________________________________________________28 
2.2.2. Herpetofauna ____________________________________________________________________30 
2.2.3. Avifauna ________________________________________________________________________31 
2.2.4. Mastofauna______________________________________________________________________32 
3. RESULTADOS E COMENTÁRIOS _________________________________________36 
3.1. Anurofauna_______________________________________________________________ 37 
3.1.1. Composição geral das espécies ______________________________________________________38 
3.1.2. Espécies ameaçadas de extinção _____________________________________________________41 
3.1.3. Espécies endêmicas de Mata Atlântica ________________________________________________41 
3.1.4. Espécies de atividade cinegética e de xerimbabo ________________________________________43 
3.1.5. Nomes locais ____________________________________________________________________44 
3.1.6. Registro fotográfico _______________________________________________________________45 
2. Herpetofauna_______________________________________________________________ 55 
3.2.1. Composição geral das espécies ______________________________________________________55 
3.2.2. Espécies ameaçadas de extinção _____________________________________________________58 
3.2.3. Espécies endêmicas de Mata Atlântica ________________________________________________58 
3.2.4. Espécies de atividade cinegética e de xerimbabo ________________________________________60 
3.2.5. Nomes locais ____________________________________________________________________61 
3.2.6. Registro fotográfico _______________________________________________________________62 
3.3. Avifauna _________________________________________________________________ 68 
3.3.1. Composição geral das espécies ______________________________________________________68 
3.3.2. Espécies ameaçadas de extinção _____________________________________________________75 
3.3.3. Espécies endêmicas de Mata Atlântica ________________________________________________77 
3.3.4. Espécies de atividade cinegética e de xerimbabo ________________________________________78 
3.3.5. Nomes locais ____________________________________________________________________79 
3.2.6. Registro fotográfico _______________________________________________________________80 
3.4. Mastofauna _______________________________________________________________96 
3.4.1. Composição geral das espécies ______________________________________________________96 
3.4.2. Espécies ameaçadas de extinção ____________________________________________________100 
3.4.3. Espécies endêmicas de Mata Atlântica _______________________________________________102 
3.4.4. Espécies de atividade cinegética e de xerimbabo _______________________________________104 
3.4.5. Nomes locais ___________________________________________________________________105 
3.4.6. Registro fotográfico ______________________________________________________________107 
CONSIDERAÇÕES FINAIS________________________________________________115 
4.1. Análise geral da área ______________________________________________________ 115 
4.2. Potencialidades ___________________________________________________________ 120 
4.3. Necessidades _____________________________________________________________ 122 
5. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS________________________________________123 
 10 
6. ANEXO : Licença Ibama 13212-1__________________________________________128 
Capitulo 2: FloraCapitulo 2: FloraCapitulo 2: FloraCapitulo 2: Flora ____________________________________________________132 
1. INTRODUÇÃO_________________________________________________________132 
2. MATERIAL E MÉTODOS _______________________________________________135 
2.1. Área de Estudo ___________________________________________________________ 135 
2.2. Metodologia______________________________________________________________ 137 
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ___________________________________________141 
3.1. Fitofisionomia ____________________________________________________________ 141 
3.1.1. Remanescente “Área A” __________________________________________________________141 
3.1.2. Remanescente “Área B” __________________________________________________________144 
3.2. Flora____________________________________________________________________ 147 
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS______________________________________________162 
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ______________________________________164 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 11 
ÍNDICE DAS FIGURAS 
Figura 1 - Mapa de localização geográfica referenciando o município de Itapemirim, sul do 
Espírito Santo, Brasil região do presente estudo. __________________________________21 
Figura 2 - Mapa esquemático de localização da área central dos estudos de fauna dos 
vertebrados terrestres do Verde Vale do Itapemirim, Itapemirim, ES: Matas do Ouvidor. __22 
Figura 3 - Aspecto da Mata do Ouvidor e a lagoa às suas margens um dos ambientes 
integrantes do Complexo do Verde Vale do Itapemirim. ____________________________23 
Figura 4 - Detalhe da Mata do Vale Verde do Itapemirim (“Mata do Brejão”): o maior bloco 
florestal contínuo da região. __________________________________________________23 
Figura 5 - Províncias zoogeográficas da América do Sul (Segundo Fittkau 1969), com 
algumas modificações, destacando a localização do presente trabalho. _________________25 
Figura 6 - Equipe de campo da esquerda para direita: Ailton Abílio Rosa (guia de campo), 
Ana C. Venturini (Bióloga), Cleunice Pimenta e Alexandre Mendonça (técnicos de campo).26 
Figura 7 - Equipe de Biólogos em trabalho de campo de fauna. A partir da esquerda: Pedro 
Paz, Ana C. Venturini, Claudia Pimenta, José L. Helmer e Adeilto J. Moreira.___________26 
Figura 8 - Documentação de fauna (anfíbio) através de fotografia e filmagem.___________28 
Figura 9 - Exemplo de anfíbio capturado manualmente._____________________________29 
Figura 10 - Tomada de padrão biométrico (comprimento rostro-anal) de anfíbio._________29 
Figura 11 - Equipe com exemplar de réptil capturado, manuseado com gancho, sendo 
documentado.______________________________________________________________30 
Figura 12 - Tomada de padrões biométricos de réptil. ______________________________30 
Figura 13 - Observação de aves com auxilio de binóculos e luneta.____________________31 
Figura 14 - Uso de gravador e microfone para documentação de aves. _________________32 
Figura 15 - Uso de rede de neblina para captura de aves no sub-bosque. ________________32 
Figura 16 - Observação de mamífero com auxilio de binóculo. _______________________33 
Figura 17 - Armadilha Tomahawk utilizada na captura de pequenos mamíferos. _________33 
Figura 18 - Uso de armadilha Sherman para captura de mamíferos. ___________________34 
Figura 19 - Uso de fita zebrada para a sinalização de pontos de captura por armadilha. ____34 
Figura 20 - Armadilha fotográfica de trilha. ______________________________________35 
Figura 21 - Número de espécies de animais de acordo com a classe. ___________________36 
Figura 22 - Riqueza de espécies de anfíbios de acordo com as famílias. ________________39 
Figura 23 - Distribuição das espécies de anfíbios de acordo com o ambiente. ____________40 
Figura 24 – Leptodactylus spixi rã-de-bigode, espécie de anfíbio endêmica de Mata 
Atlântica. _________________________________________________________________42 
Figura 25 - A perereca verde-pequena Sphaenorhynchus planicola é encontrada geralmente 
na vegetação aquática e também é endêmica da Mata Atlântica. ______________________43 
Figura 26 – Rã-manteiga Lepitodactylus ocellatus, uma espécie de anfíbio cinegética. ___43 
Figura 27 - Riqueza de espécies de répteis de acordo com as famílias. _________________56 
Figura 28 - Distribuição das espécies de répteis de acordo com o ambiente. _____________57 
Figura 29 - Gymnodactylus darwinin lagartixa-da-mata, réptil florestal endêmico da Mata 
Atlântica. _________________________________________________________________59 
Figura 30 - Bothrops jararaca conhecida localmente como “surucucu” é uma das espécie 
endêmicas da Mata Atlântica registrada na área. __________________________________59 
Figura 31 - Leptotyphlops salgueiroi cobra-da-terra. ______________________________60 
Figura 32 - Helicops carinicaudus a cobra-d’água é endêmica da Mata Atlântica e uma 
importante espécie dentro do elo da cadeia alimentar da região. ______________________60 
Figura 33 - Número de espécies de aves em cada ordem.____________________________74 
Figura 34 - Distribuição das espécies de aves de acordo com o ambiente._______________74 
 12 
Figura 35 - O querequeté Pyrrhura cruentata psitacídeo ameaçado de extinção em nível 
estadual, nacional e global. As matas da região são importantes sítios de conservação da 
espécie no Estado já tendo sido observado um grupo com cerca de 50 indivíduos. ________76 
Figura 36 – O papagaio Amazona rhodocorytha é uma espécie ameaçada de extinção no 
estado do Espírito Santo onde é considerada criticamente em perigo, porém é uma espécie 
bem freqüente na região do Verde Vale do Itapemirim. _____________________________76 
Figura 37 - Macho de conconha Thamnophilus ambiguus Passeriforme endêmico da Mata 
Atlântica. _________________________________________________________________78 
Figura 38 - Uma das aves noturnas o corujão Pulsatrix koeniswaldiana é uma espécie 
endêmica de Mata Atlântica. __________________________________________________78 
Figura 39 - Número de espécies de mamíferos de acordo com as ordens. _______________97 
Figura 40 - Distribuição das espécies de mamíferos de acordo com o ambiente.__________99 
Figura 41 – A preguiça-de-coleira, Bradypus torquatus, pode ser considerada uma das 
espécies chaves na conservação da região. ______________________________________101 
Figura 42 – Leopardus wiedii, gato-maracajá uma das espécies de felídeo presente nas matas 
do Verde Vale do Itapemirim. ________________________________________________101 
Figura 43 – Cebus nigritus o macaco-prego é uma espécie quase ameaçada de extinção em 
nível global e endêmica de Mata Atlântica. _____________________________________102 
Figura44 - Didelphis aurita gambá, ocorre na Mata Atlântica de parte do Brasil, Paraguai e 
Argentina sendo endêmica deste bioma. ________________________________________103 
Figura 45 – Marmosops incanus cuíca, endêmica da Mata Atlântica do leste do Brasil. __103 
Figura 46 – Alouatta guariba barbado é um primata comum na área. ________________104 
Figura 47 - Nasua nasua quati é utilizado como animal de estimação. ________________105 
Figura 48 – Cuniculus paca. A paca é uma das espécies cinegéticas da região. Muito visada 
por caçadores. ____________________________________________________________105 
Figura 49 - Poleiro construído por caçadores no interior da mata usualmente utilizado para 
abate de mamíferos como paca e tatus. _________________________________________116 
Figura 50 – Armadilhas artesanais encontradas no interior da mata do Brejão em trilha de 
Tatu.____________________________________________________________________117 
Figura 51 - Escada rudimentar construída em árvore na mata, encontrada na região de estudo, 
com objetivo de captura de filhotes de papagaio (e grupo) no ninho.__________________117 
Figura 52 – Cachorro doméstico em comportamento de caça flagrado pela armadilha 
fotográfica no interior da mata _______________________________________________118 
Figura 53 - Localização da Fazenda do Ouvidor (círculo vermelho), no município de 
Itapemirim (ES). Fonte: Google Earth 2007. ____________________________________135 
Figura 54 - Localização dos remanescentes estudados “Área A” e “Área B” (setas vermelhas) 
na área potencial para criação da RPPN na Fazenda do Ouvidor, município de Itapemirim 
(ES).____________________________________________________________________136 
Figura 55 - Atividades relacionadas ao registro de plantas na Fazenda do Ouvidor, município 
de Itapemirim (ES): a) coleta de ramos com auxílio de podão; b) coleta de planta na borda da 
mata; c) preparação das exsicatas; d) prensas na estufa do Herbário MBML para desidratação 
do material coletado. _______________________________________________________139 
Figura 56 - Atividades relacionadas à identificação das plantas na Fazenda do Ouvidor, 
município de Itapemirim (ES): a) consulta ao herbário; b) observação na lupa de 
características morfológicas; c) consulta à literatura e comparação com exsicatas do herbário.
________________________________________________________________________140 
Figura 57 - Aspectos da vegetação do remanescente florestal da “Área A” na Fazenda do 
Ouvidor, município de Itapemirim (ES): a) borda com vegetação de grande porte; b) sub-
bosque diversificado; c) sub-bosque com palmeiras; d) exemplo de epifitismo (Aechmea 
multiflora)._______________________________________________________________142 
 13 
Figura 58 - Aspectos da vegetação do remanescente florestal da “Área A” na Fazenda do 
Ouvidor, município de Itapemirim (ES): a) liana de grande porte; b) borda de trecho 
secundário, com abundância de lianas; c) raízes adventíceas de arácea retirada para fazer 
corda; d) evidência de outro impacto antrópico: fezes bovinas no interior do remanescente 
florestal. _________________________________________________________________143 
Figura 59 - Aspectos da vegetação do fragmento florestal na “Área B” na Fazenda do 
Ouvidor, município de Itapemirim (ES): a) aspecto geral do fragmento; b) detalhe da borda 
da floresta; c) estrato interior da floresta; d) planta herbácea do sub-bosque: Griffinia sp. _145 
Figura 60 - Vegetação do remanescente florestal na “Área B” - Fazenda do Ouvidor, 
município de Itapemirim (ES): a) exemplo do epifitismo no local; b) bromélia epífita: 
Aechmea multiflora; c) liana comum no sub-bosque: Abuta sp; d) exemplar de grande porte 
de braúna (Melanoxylon brauna) cortado._______________________________________147 
Figura 61 - Distribuição do número de espécies dentre as principais famílias de plantas da 
Fazenda do Ouvidor, município de Itapemirim (ES). (Legenda: Leg= Leguminosae; Rub= 
Rubiaceae; Big= Bignoniaceae; Euph= Euphorbiaceae; Sapi= Sapindaceae; Arec= Arecaceae; 
Brom= Bromeliaceae; Mor= Moraceae; Myrt= Myrtaceae; Rut= Rutaceae; Apoc= 
Apocynaceae; Arac= Araceae; Pip= Piperaceae). _________________________________153 
Figura 62 - Distribuição das espécies registradas na Fazenda do Ouvidor, município de 
Itapemirim (ES), de acordo com seu porte. (Legenda: Ar= árvore; Arb= arbusto; Ep= epífita; 
Esc= escandente; Hem= hemiepífita; Her= herbácea; Lia= liana; Pal; palmeira; Par= parasita).
________________________________________________________________________154 
Figura 63 - Espécies ameaçadas de extinção no estado do Espírito Santo ocorrentes na 
Fazenda do Ouvidor, município de Itapemirim (ES): a) Aechmea multiflora (Bromeliaceae); 
b) Galeandra beyrichii (Orchidaceae); c) Anthurium coriaceum (Araceae); d) Cyrtopodium 
gigas (Orchidaceae). _______________________________________________________159 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 14 
ÌNDICE DAS TABELAS 
 
 
Tabela 1 - Espécies ameaçadas de extinção e/ou endêmicas de Mata Atlântica registradas no 
Verde Vale do Itapemirim e arredores entre agosto de 2007 e novembro de 2008. ________36 
Tabela 2 - Anfíbios registrados no Verde Vale do Itapemirim e arredores entre agosto de 2007 
e novembro de 2008. ________________________________________________________38 
Tabela 3 - Riqueza de espécies de anfíbios em diferentes localidades no Espírito Santo. ___41 
Tabela 4 - Anfíbios endêmicos de Mata Atlântica registrados na área de estudo. _________42 
Tabela 5 - Répteis registrados no Verde Vale do Itapemirim e arredores entre agosto de 2007 
e novembro de 2008. ________________________________________________________55 
Tabela 6 - Riqueza de répteis em diferentes áreas de baixada no Espírito Santo.__________57 
Tabela 7 - Répteis endêmicos da Mata Atlântica registrados na área de estudo. __________58 
Tabela 8 - Aves registradas na Mata do Ouvidor e arredores, Itapemirim, Espírito Santo entre 
agosto de 2007 e novembro de 2008. ___________________________________________68 
Tabela 9 - Riqueza de aves em diferentes áreas de baixada no Espírito Santo. ___________75 
Tabela 10 - Aves ameaçadas de extinção que ocorrem na região do Verde Vale do Itapemirim.
_________________________________________________________________________75 
Tabela 11 - Espécies de aves endêmicas registradas na região. _______________________77 
Tabela 12 - Mamíferos registrados no Verde Vale do Itapemirim e arredores, Itapemirim, 
Espírito Santo entre agosto de 2007 e novembro de 2008. ___________________________97 
Tabela 13 - Riqueza de mamíferos em diferentes áreas de baixada no Espírito Santo. _____99 
Tabela 14 - Mamíferos ameaçados de extinção registrados na região do Verde Vale do 
Itapemirim. ______________________________________________________________100 
Tabela 15 - Espécies de mamíferos endêmicos de Mata Atlântica registrados na área. ____102 
Tabela 16 - Lista de plantas registradas para a Fazenda do Ouvidor, município de Itapemirim 
(ES).____________________________________________________________________148 
Tabela 17 - Dez famílias com maior número de espécies na Fazenda do Ouvidor, município 
de Itapemirim (ES) e outras áreas do Bioma Mata Atlântica no sudeste brasileiro. _______155 
Tabela 18 - Relação das espécies identificadas como ameaçadas de extinção, conforme 
legislação Estadual e Federal, na Fazenda do Ouvidor, município de Itapemirim (ES). ___157 
Tabela 19 - Espécies da Fazenda do Ouvidor, município de Itapemirim (ES), com distribuição 
geográfica restrita/endêmica, de acordo com sua distribuição pelos estados brasileiros, 
presente na base de dados de herbários nacionais e estrangeiro.______________________160 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 15 
APRESENTAÇÃO 
 
Esta obra tem por objetivo levar a um público diferenciado, as informaçõesproduzidas a partir do levantamento de Fauna e Flora no Verde Vale do Itapemirim, 
um conjunto de fragmentos florestais com 1.546 hectares, de propriedade da Usina 
Paineiras S.A. que se sobressai no sul do Estado como área de importância para a 
preservação da Mata Atlântica. 
 
Os estudos de fauna e flora tiveram por finalidade apoiar a criação da Reserva 
Particular do Patrimônio Natural (RPPN) da Fazenda do Ouvidor, com 195 hectares, 
inserida no Verde Vale do Itapemirim, um dos maiores fragmentos de Mata Atlântica 
do sul do Estado do Espírito Santo. 
 
Os levantamentos tornaram-se possíveis através do apoio do PDA (Projetos 
Demonstrativos), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente (MMA) e seus diversos 
parceiros: KWF, GTZ e Cooperação Técnica Brasil x Alemanha; do Projeto 
Corredores Ecológicos; do Instituto de Defesa Agroflorestal do Espírito Santo (IDAF) 
- Escritório Regional; da Secretaria de Agricultura de Itapemirim; do Programa de 
Desenvolvimento Regional Sustentável (DRS); do Banco do Brasil e principalmente 
da Usina Paineiras S.A além da Faunativa Consultoria e Comércio LTDA que teve 
participação fundamental nos trabalhos de campo de fauna e na elaboração e 
edição deste documento. 
 
A importância deste trabalho é retratada pela qualidade das informações, as quais 
dão um conhecimento precípuo de uma realidade que até então só nos foi possível 
imaginar. A "Mata do Ouvidor”, pertencente à Usina Paineiras, representa um oásis 
em uma região que vivenciou a era do “Verde Vale de Ouro” do “café”, do “surto 
industrial” do Governador Jerônimo Monteiro e hoje espanta aos olhos de quem a vê 
rodeada pelos solos desnudos, processos erosivos, pastos e intercaladas lavouras 
de mandioca, cana e abacaxi. É a mata que nos apresenta uma rica variedade de 
espécies da fauna e da flora típicos da Mata Atlântica. 
 
 Em um intervalo de 15 meses de levantamento de campo foram identificadas 251 
espécies de vertebrados terrestres, 24 espécies de anfíbios, 18 espécies de répteis, 
 16 
172 espécies de aves, 37 espécies de mamíferos e 268 espécies vegetais. 
 
Este trabalho ganhou uma significância ainda maior no momento em que se verificou 
que entre os vertebrados identificados há 11 espécies ameaçadas de extinção e 44 
endêmicas de Mata Atlântica. Neste cenário Pyrrhura cruentata (querequeté), 
Amazona rhodocorytha (papagaio), Bradypus torquatus (preguiça-de-coleira) e 
Calicebus personatus (guigó) são espécies consideradas ameaçadas de extinção 
em nível estadual, nacional e global. Entre aves, anfíbios, répteis e mamíferos a 
variedade aponta para o endemismo da Mata Atlântica com 44 espécies registradas 
até o momento. 
 
Quanto aos aspectos da vegetação vale observar que este é um dos poucos locais 
onde há remanescentes da floresta estacional semidecidual com extensão 
considerável. Já foi possível catalogar 268 espécies, dentre as quais a Paradrypetes 
ilicifolia considerada regionalmente extinta. 
 
São estas breves considerações que apontamos para este trabalho que exigiu 
paciência e obstinação por parte dos pesquisadores, dias que se estenderam em 
muitas horas mata adentro. 
 
Quem passar pela “Mata do Ouvidor” e tiver folheado as páginas desta publicação, 
doravante não a verá mais como uma área “de sombra” entremeada por pastos, 
cana, abacaxi, mandioca e solos desnudos... O VERDE VALE DO ITAPEMIRIM 
retoma a força no cenário do Sul do Estado do Espírito Santo como mais uma 
conquista para a “preservação e a conservação da Mata Atlântica”. 
 
Não se pode furtar de observar que este patrimônio de relevância global está em 
solo de propriedade privada desta empresa que o mantém por livre iniciativa desde 
os 27 de setembro de 1939, até então sem se dar conta da importância do 
patrimônio genético que preservou ao longo dos anos. 
 
Esta iniciativa envolvendo uma Organização não governamental, empresas (a 
proprietária da área e as de consultoria), o poder público, pesquisadores, 
agricultores e moradores rurais, deve ser vista como exemplo em um País onde nem 
 17 
sempre os diversos setores conseguem esta interação e interlocução. O Projeto 
VERDE VALE DO ITAPEMIRIM é mais do que um exemplo graças à persistência e 
ao excelente trabalho desenvolvido por todos os que participaram direta e 
indiretamente nesta ação, é um fato, uma realidade. 
 
 
Vera Lúcia de Paz 
Coordenadora Técnica do Projeto Verde Vale do Itapemirim 
Instituto de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável -TRAMIRIM 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 18 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradecemos a Deus por ter permitido a realização e conclusão deste importante 
trabalho e a todas as pessoas e instituições que contribuíram, de alguma forma, no 
desenvolvimento e finalização deste. Além da dedicação pessoal dos autores, este 
trabalho se tornou possível pelo empenho de diversas pessoas e instituições a quem 
somos gratos: 
• Aos companheiros que ajudaram com dedicação e disciplina nos trabalhos de 
campo. 
• À equipe do Tramirim. 
• À equipe da Usina Paineiras S.A. 
• Ao PDA (Projetos Demonstrativos), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente 
(MMA) e seus diversos parceiros: KWF, GTZ e Cooperação Técnica Brasil x 
Alemanha; 
• Ao Projeto Corredores Ecológicos (Iema). 
• Ao Instituto de Defesa Agroflorestal do Espírito Santo (IDAF) - escritório 
regional de Cachoeiro. 
• À Secretaria de Agricultura de Itapemirim (PMI). 
• Ao Programa de Desenvolvimento Regional Sustentável (DRS) do Banco do 
Brasil. 
 
Um agradecimento especial a Vera Lúcia de Paz (Superintendente Executiva do 
Tramirim), a Cláudio de Carvalho Britto Vital Brasil (Diretor Superintendente da 
Usina Paineiras S.A.) e a Jorge Edson Machado Alves (Gestor Ambiental/ 
Coordenador Executivo de Atividades na Usina Paineiras S.A.) sem os quais este 
trabalho não teria sido efetuado. 
 
 
Os autores 
 
 
 
 
 19 
 
 
 20 
Capitulo 1: FaunaCapitulo 1: FaunaCapitulo 1: FaunaCapitulo 1: Fauna 
1. INTRODUÇÃO 
 
1.1. Enquadramento regional e caracterização da área 
 
A área de estudo usualmente denominada “Verde Vale do Itapemirim” localiza-se no 
município de Itapemirim, sul do estado do Espírito Santo (figura 1) e pertence à 
Usina Paineiras S.A. Açúcar e Álcool. As coordenadas geográficas da área são 20º 
58’ 15.5” S e 41º 02’ 56.9” W. Seu principal acesso é pela Rodovia ES-490 que liga o 
município de Cachoeiro de Itapemirim a Marataízes. Está inserida no microcorredor 
ecológico de Guanandy (definido pelo IEMA -Instituto Estadual do Meio Ambiente) e 
próximo do microcorredor Burarama-Pacotuba-Cafundó (em Cachoeiro de 
Itapemirim). Localiza-se na bacia hidrográfica do rio Itapemirim. Possui áreas planas 
(vales) com morros ondulados em altitudes que variam de 20 a 100 m. A formação 
vegetal predominante é a Floresta Estacional Semidecidual (F.E.S). É considerada a 
segunda formação mais importante do Espírito Santo em termos de área ocupada 
(IPEMA 2005). 
 
Os locais estudados englobaram os diferentes ambientes da região incluindo áreas 
na sede da Usina Paineiras S.A. (especialmente o alagado e parte da área 
urbanizada com jardins pomares e também parte do canavial) e as demais áreas de 
remanescentes florestais e seu entorno (pastagem, canavial e alagados). A área 
florestal, principal objeto do trabalho, integra a Fazenda do Ouvidor, em diferentes 
glebas (que recebem localmente diferentes nomes) que serão chamadas todas de 
“Matas do Ouvidor” (figura 2). Possui um total de 1.546,20 ha que se apresentam 
em dois principais fragmentos:• a “Mata do Ouvidor” propriamente dita (ao lado direito da rodovia ES-490 
sentido Marataízes x Cachoeiro) (figuras 2 e 3); e 
• a “Mata do Córrego do Ouro” e do “Barro Branco”, que formam um só 
fragmento (ao lado esquerdo da rodovia ES-490 sentido Marataízes x 
Cachoeiro ES-490) e a “Mata do Brejão” ao lado direito da mesma rodovia e 
separada das outras duas deste bloco pela Rodovia (figuras 2 e 4). 
 21 
 
 
Figura 1 - Mapa de localização geográfica referenciando o município de Itapemirim, sul do Espírito 
Santo, Brasil região do presente estudo. 
 22 
 
 
 
Figura 2 - Mapa esquemático de localização da área central dos estudos de fauna dos vertebrados 
terrestres do Verde Vale do Itapemirim, Itapemirim, ES: Matas do Ouvidor. 
 23 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3 - Aspecto da Mata do Ouvidor e a lagoa às suas margens um dos ambientes integrantes do 
Complexo do Verde Vale do Itapemirim. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 4 - Detalhe da Mata do Vale Verde do Itapemirim (“Mata do Brejão”): o maior bloco florestal 
contínuo da região. 
 
 
 
 
 
 24 
1.2. Enquadramento zoogeográfico 
 
A área em estudo está localizada na região Zoogeográfica Neotropical que 
compreende toda a América do Sul, as Antilhas e México. A sua fauna é bastante 
diversificada, constituída principalmente por espécies autóctones (originárias do 
próprio local, nativas), ao lado das que invadiram mais recentemente (plioceno - 
cerca de 12.000.000 de anos atrás). Existe abundância em espécies endêmicas 
(devido ao isolamento da América do Sul durante o Terciáro). Uma característica 
importante da fauna neotropical é o grande número de espécies com pequena 
abundância de indivíduos com alta especialização em habitats e recursos restritos o 
que está diretamente relacionado à diversidade morfoclimática (Paiva 1999). 
 
A província neotropical desta região de estudo é a Tupi (figura 5) caracterizada por 
uma zona de matas costeiras e seus ecossistemas associados (manguezais, 
formações de restinga e campos de altitude) localizada do sul da Bahia, até Santa 
Catarina, incluindo todo território do Espírito Santo e Rio de Janeiro, parte oriental de 
Minas Gerais, grande parte de São Paulo e a porção oriental do Paraná e Santa 
Catarina (Fittkau 1969 in Paiva, 1999). Nela merecem destaque os primatas e as 
aves, juntamente com as espécies de maior porte, que se encontram entre os 
grupos mais ameaçados de extinção devido à destruição dos habitats naturais e por 
necessitarem de grandes áreas florestadas para sua sobrevivência (Paiva, 1999 
modif.). Os endemismos da Mata Atlântica (que é o principal bioma da província 
Tupi) podem ser evidenciados em estudos realizados com anfíbios, répteis, aves, 
mamíferos e plantas vasculares, dentre outros grupos (Muller 1973, Bauer 1999, 
Arruda 2001). 
 
 
 
 
 
 
 
 25 
 
 
Figura 5 - Províncias zoogeográficas da América do Sul (Segundo Fittkau 1969), com algumas 
modificações, destacando a localização do presente trabalho. 
 
 
 
 
 
 26 
2. METODOLOGIA 
2.1. Equipe 
O presente trabalho foi desenvolvido por pesquisadores com conhecimento e 
experiência de levantamento de campo em especial da fauna silvestre brasileira, 
com apoio de campo através de guias locais, conhecedores da região em estudo 
(figuras 6 e 7). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 6 - Equipe de campo da esquerda para direita: Ailton Abílio Rosa (guia de campo), Ana C. 
Venturini (Bióloga), Cleunice Pimenta e Alexandre Mendonça (técnicos de campo). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 7 - Equipe de Biólogos em trabalho de campo de fauna. A partir da esquerda: Pedro Paz, Ana 
C. Venturini, Claudia Pimenta, José L. Helmer e Adeilto J. Moreira. 
 27 
2.2. Procedimentos 
 
Os dados deste trabalho foram obtidos através diferentes procedimentos: 
• Informações primárias em cinco excursões de campo realizadas no período 
de 7 a 11/08/2007, 19 a 25/11/2007, 12 a 17/03/2008, 2 a 5/09/2008 e 11 a 
14/11/2008 somando 190 h/campo. 
• Dados anteriores dos autores. 
• Dados bibliográficos (Bauer 1999 e Bauer et al. 1997 para aves) e 
• Entrevista com moradores da região que nasceram e moram na área e 
auxiliaram nos trabalhos de campo. 
 
Os quatro grupos de vertebrados terrestres (anfíbios, répteis, aves e mamíferos) 
foram investigados em grande parte da região pertencente à Usina Paineiras 
especialmente, nos blocos de mata, mas também em outras áreas abertas. Podem 
ser assim determinadas: 
• Ambiente florestal (F): engloba os diferentes blocos de floresta estacional 
semidecidual que recebem localmente nomes próprios: “Mata do Ouvidor, 
propriamente dita”, “Mata do Córrego do Ouro”, “Mata do Brejão” e “Mata do 
Barro Branco”. 
• Área alagada (A): engloba diferentes ambientes incluindo a “lagoa” (represa) 
na borda da Mata do Ouvidor, brejos e pasto alagado dentro da Usina 
Paineiras e outras área alagadas próximas aos córregos e matas. 
• Áreas abertas (C): em toda região de pastos e cultivo de cana-de-açúcar. 
• Pomar/jardim (P): dentro da Usina, próximo à área administrativa e outras 
similares. 
 
Os nomes comuns para as espécies citadas neste relatório estão de acordo com 
nomes conhecidos localmente e/ou com a bibliografia específica de cada grupo. 
 
Os animais registrados foram documentados, sempre que possível, através de 
gravação de vocalização (GV), fotografia (FO) e filmagem (FI) (figura 8). 
 28 
 
Figura 8 - Documentação de fauna (anfíbio) através de fotografia e filmagem. 
 
Para verificação do estado de conservação das espécies (status), verificando o grau 
de ameaça, foram consultadas as listas de espécies ameaçadas de extinção em 
nível estadual (Espírito Santo-DOE 2005), nacional (Machado et al. 2008) e global 
(IUCN 2007). 
 
Para captura de indivíduos (licença de captura Ibama n° 13212-1, em anexo I) foram 
utilizados equipamentos específicos e metodologias de acordo com cada grupo, 
sendo que todos indivíduos capturados foram documentados, identificados e 
devolvidos ao local de captura. As diferentes metodologias de registro das espécies 
e as bibliografias utilizadas para cada grupo são descritas a seguir. 
 
2.2.1. Anurofauna 
 
Para o estudo dos anfíbios foram realizadas capturas manuais (figura 9), 
especialmente na 2ª e 3ª excursão, através de busca ativa com auxílio de lanternas, 
nos diferentes locais como serrapilheira, árvore, troncos caídos, pedras, buracos no 
solo, clareiras, borda de estradas, vegetação marginal de áreas alagadas, brejos, e 
outros ambientes propícios. Especialmente à noite, a localização de indivíduos era 
orientada através da vocalização. Os indivíduos quando capturados eram 
acondicionados em sacos plásticos para se proceder à medição de tamanho (figura 
10), identificação da espécie e documentação. Algumas espécies foram registradas 
 29 
apenas através de vocalização e sua documentação foi através de gravação de 
vocalização com auxílio de gravadores e microfones. 
 
 
Figura 9 - Exemplo de anfíbio capturado manualmente. 
 
 
Figura 10 - Tomada de padrão biométrico (comprimento rostro-anal) de anfíbio. 
 
Para a identificação das espécies, determinação de endemismo de Mata Atlântica e 
os nomes comuns foram consultadas as seguintes fontes: Kwet e Di-Bernardo 
(1999), Izecksonh e Carvalho-e-Silva (2001), Freitas e Silva (2004), Ramos e 
Gasparini (2004), Eterovick e Sazima (2004), Freitas e Silva (2005a), Sociedade 
Brasileira de Herpetologia (SBH 2008a), Deiques et al. (2007), Frost (2008),Amphibiaweb (2008). A sistemática segue SBH (op. cit.). 
 30 
2.2.2. Herpetofauna 
 
O estudo dos Répteis foi desenvolvido através de busca direta de indivíduos com 
auxílio de ganchos (figura 11) ou de seus vestígios (muda de pele, rastro, ovos) 
revirando-se os diferentes substratos (serrapilheira, troncos caídos, buracos no solo, 
casca de árvores e outros) no ambiente florestal ou áreas abertas. Os exemplares 
capturados foram medidos, fotografados e/ou filmados (figuras 11 e 12). Tivemos 
registro de exemplares através de captura por terceiros e através de observação 
(sem captura). 
 
 
Figura 11 - Equipe com exemplar de réptil capturado, manuseado com gancho, sendo documentado. 
 
 
Figura 12 - Tomada de padrões biométricos de réptil. 
 
 31 
A identificação das espécies, determinação de endemismo de Mata Atlântica e a 
determinação dos nomes comuns, quando necessário, foram realizadas através de : 
Grantsau (1991), Borges (2001), Marques et al. (2001), Lema (2002), Freitas (2003), 
Freitas e Silva (2005a), Sociedade Brasileira de Herpetologia (SBH 2008b), Deiques 
et al. (2007). A sistemática segue SBH (op. cit.) 
 
2.2.3. Avifauna 
 
O estudo das aves foi realizado através da observação de indivíduos ou seus 
vestígios (ninhos, penas) com auxílio de binóculos e luneta (figura 13). Registro e 
procura de algumas espécies por play back foi realizado com auxílio de gravadores 
e microfones (figura 14). Para a captura de aves no sub-bosque do ambiente 
florestal foram utilizadas 4 redes de neblina durante a 2ª excursão perfazendo 32 
horas/rede (figura 15). 
 
As bibliografias utilizadas para auxiliar na identificação das espécies, verificação de 
espécies endêmicas de Mata Atlântica e nomes comuns, quando necessário, foram: 
Schauensee e Phelps Jr. (1978), Sick (1997), Ridgely e Tudor (1989 e 1994), Souza 
(1998) e del Hoyo et al. (1992, 1994, 1996, 1997, 1999, 2001, 2002, 2003, 2004 e 
2005), Bencke et al. (2006), CBRO (2008). A sistemática está de acordo com CBRO 
(op. cit.). 
 
Figura 13 - Observação de aves com auxilio de binóculos e luneta. 
 
 32 
 
Figura 14 - Uso de gravador e microfone para documentação de aves. 
 
 
Figura 15 - Uso de rede de neblina para captura de aves no sub-bosque. 
2.2.4. Mastofauna 
 
Para o conhecimento dos mamíferos da região foram realizadas observações de 
indivíduos ou vestígios (como tocas, pegadas, unhas e fezes) com auxílio de 
binóculos e luneta (figura 16). O uso de play back através de gravadores e 
microfones foi utilizado para busca de algumas espécies. Capturas foram realizadas 
utilizando-se armadilhas do tipo Tomahawk (figura 17) e Sherman (figura 18) nas 3 
primeiras excursões de campo totalizando um esforço de captura de 650 
armadilhas/noite. Elas foram distribuídas dentro do ambiente florestal em pontos 
 33 
eqüidistantes de 25 m sendo duas por ponto e cada ponto foi devidamente 
sinalizado (figura 19). As armadilhas foram iscadas com diferentes tipos de atrativo 
(banana, laranja, abacaxi, óleo de fígado de bacalhau, lingüiça e outras) e ainda foi 
preparada uma pasta especial composta por amendoim, óleo de fígado de bacalhau 
e canjiquinha. As armadilhas eram vistoriadas todo dia pela manhã e novamente 
iscadas à tarde. Armadilhas fotográficas (camaras trap) (4 nas duas primeiras 
excursões, 7 na terceira e 5 entre a quarta e quinta excursão) foram distribuídas na 
região de estudo, em locais estratégicos (cevas naturais, trilhas de animais 
previamente avaliadas) totalizando 416 armadilhas/dia (número de armadilhas 
fotográficas x número de dias – 24 horas) (figura 20). 
 
Figura 16 - Observação de mamífero com auxilio de binóculo. 
 
 
Figura 17 - Armadilha Tomahawk utilizada na captura de pequenos mamíferos. 
 34 
 
 
 
Figura 18 - Uso de armadilha Sherman para captura de mamíferos. 
 
 
 
Figura 19 - Uso de fita zebrada para a sinalização de pontos de captura por armadilha. 
 
 
 35 
 
Figura 20 - Armadilha fotográfica de trilha. 
 
As bibliografias utilizadas para o estudo de mamíferos para auxiliar na identificação 
de espécies, nomes comuns quando necessário e determinação de espécies 
endêmicas de Mata Atlântica foram: Emmons (1990, 1997), Silva (1994), Fonseca et 
al. (1996), Eisenberg e Redford (1999), Câmara e Murta (2003), Freitas e Silva 
(2005b), Reis et al. (2005), Oliveira e Cassaro (2005), Mamede e Alho (2006), 
Auricchio e Auricchio (2006), Reis et al. (2006) e Canevari e Vaccaro (2007). A 
sistemática segue Wilson e Reeder (2005). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 36 
3. RESULTADOS E COMENTÁRIOS 
 
Foram registradas até o momento 24 espécies de Anfíbios, 18 espécies de Répteis, 
172 espécies de Aves e 37 espécies de Mamíferos. Soma-se assim, 251 espécies 
registradas de vertebrados terrestres (figura 21). 
 
 
Figura 21 - Número de espécies de animais de acordo com a classe. 
 
Do total de espécies até agora registradas (n = 251), 11 são ameaçadas de extinção 
(4,4%) nos diferentes níveis aqui considerados (estadual, nacional e global) e 44 
espécies (17,5%) são endêmicas de Mata Atlântica (tabela 1). 
 
Tabela 1 - Espécies ameaçadas de extinção e/ou endêmicas de Mata Atlântica registradas no Verde 
Vale do Itapemirim e arredores entre agosto de 2007 e novembro de 2008. 
Status: AE: espécie ameaçada em nível estadual (ES), AB: espécie ameaçada em nível nacional 
(Brasil), AG: espécie ameaçada em nível global e MA: espécie endêmica de Mata Atlântica. 
CLASSE ESPÉCIE NOME COMUM STATUS MA 
Amphibia Rhinella crucifer sapo-comum - MA 
 Haddadus binotatus rã-da-mata - MA 
 Thoropa miliaris rã-da-pedra - MA 
 Aplastodiscus cavicola perereca-verde - MA 
 Dendropsophus anceps perereca-coral - MA 
 Dendropsophus berthalutzae pererequinha - MA 
 Dendropsophus bipunctatus pererequinha - MA 
 Dendropsophus branneri perereca-pequena - MA 
 Dendropsophus decipiens perereca-pequena - MA 
 Hypsiboas faber sapo-ferreiro - MA 
 Hypsiboas semilineatus perereca-dormideira - MA 
 Phyllodytes kautskyi perereca-de-bromélia - MA 
24
18
172
37
0 50 100 150 200
Anfíbios
Répteis
Aves
Mamíferos
nº de espécies
 37 
CLASSE ESPÉCIE NOME COMUM STATUS MA 
 Scinax alter perereca - MA 
 Sphaenorhynchus planicola pereca-verde-pequena - MA 
 Leptodactylus spixi rã-de-bigode - MA 
sub-total 15 0 15 
Reptilia Gymnodactylus darwinii lagartixa-da-mata - MA 
 Leptotyphlops salgueiroi cobra-da-terra - MA 
 Helicops carinicaudus cobra-d’água - MA 
 Bothrops jararaca jararaca - MA 
sub-total 4 0 4 
Aves Crypturellus noctivagus jaó-do-sul AE, AB MA 
 Crypturellus variegatus inhambu-anhangá AG - 
 Pyrrhura cruentata querequeté AE, AB, AG MA 
 Amazona rhodocorytha papagaio AE, AB, AG MA 
 Pulsatrix koeniswaldiana corujão - MA 
 Nyctibius grandis mãe-da-lua-gigante AE - 
 Phaethornis idaliae rabo-branco-mirim - MA 
 Veniliornis maculifrons picapauzinho - MA 
 Thamnophilus ambiguus conconha - MA 
 Conopophaga melanops cuspidor-de-máscara-preta - MA 
 Dendrocincla turdina arapaçu-liso - MA 
 Tripophaga macroura rabo-amarelo AB, AG MA 
 Hemitriccus orbitatus tiririzinho-do-mato MA 
 Myiornis auricularis miudinho - MA 
 Rhynchocyclus olivaceus bico-chato-grande AE - 
 Attila rufus capitão-de-saíra - MA 
 Pyroderus scutatus pavó - MA 
 Tachyphonus coronatus tié-preto - MA 
 Tangara brasiliensis cambada-de-chaves - MA 
sub-total 19 7 16 
Mammalia Didelphis aurita gambá - MA 
 Gracilinanus microtarsus catita; cuiquinha - MA 
 Marmosops incanus cuíca - MA 
 Bradypus torquatus preguiça-de-coleira AE, AB, AG MA 
 Cebus nigritus macaco-prego - MA 
 Callithrix geoffroyi saui - MA 
 Callicebuspersonatus guigó AE, AB, AG MA 
 Alouatta guariba barbado - MA 
 Leopardus pardalis jabutirica AE, AB - 
 Leopardus wiedii gato-maracajá AE, AB - 
 Sphigurus sp. ouriço-cacheiro - MA 
sub-total 11 4 9 
TOTAL 49 11 44 
 
 
3.1. Anurofauna 
 
Os Anfíbios foram os primeiros vertebrados a conquistarem o ambiente terrestre e 
atualmente ocupam os cinco continentes, estando ausentes apenas nas regiões 
polares e algumas ilhas oceânicas (Ramos e Gasparini 2004, Eterovick e Sazima 
2004). De modo geral, são considerados importantes controladores biológicos de 
 38 
insetos e outros invertebrados dos quais se alimentam. Porém, devido ao fato de a 
maioria das espécies dependerem de ambientes úmidos, muitas espécies não 
conseguem sobreviver em ambientes alterados que não conservam as 
características necessárias para a sua existência. 
 
A região neotropical possui a maior riqueza de espécies conhecida com mais de 
1.740 espécies (Ramos e Gasparini op. cit). É um grupo ainda com conhecimento 
em ampla expansão existindo referência de 6.300 (Amphibiaweb 2008) a 6.347 
espécies (Frost 2008) conhecidas no mundo. Somente no Brasil foram reconhecidas 
59 novas espécies de anfíbios desde 2005 que somam, atualmente, 841 espécies 
(SBH 2008a). Assim, o Brasil se confirma como o país de maior riqueza de espécies 
de anfíbios, seguido por Colômbia e Equador (SBH op. cit.). 
 
Os dados disponíveis para o Estado são esparsos e pulverizados em diferentes tipos 
de trabalhos. Os resultados obtidos da fauna de Anfíbios para a região do Verde 
Vale do Itapemirim apresentados a seguir contribuem para o conhecimento da 
diversidade deste grupo para o Estado bem como fornece uma idéia inicial da 
importância da área na conservação deste grupo. 
 
3.1.1. Composição geral das espécies 
 
Foram registradas neste trabalho, até o momento, 24 espécies de Anfíbios 
pertencentes a 1 ordem (Anura) e 6 famílias de acordo com a sistemática adotada 
por SBH (2008a) (tabela 2). 
 
Tabela 2 - Anfíbios registrados no Verde Vale do Itapemirim e arredores entre agosto de 2007 e 
novembro de 2008. 
Local: F: floresta, A: alagado (margens de brejo e/ou pasto alagado), C: campo (áreas abertas: 
estrada, pasto); Tipo de Registro: VI: visualização, VO: Vocalização, CM: captura manual, EN: 
entrevista (Manoel de Oliveira Rosa); Documentação (DOC.): IM: imagem (FO: foto, FI: filmagem), 
GV: gravação de vocalização. Entre aspas em negrito (“nome comum”): nomes populares atribuídos 
às espécies localmente. 
LOCAL T. REGISTRO DOC. N° ORDEM/FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME COMUM 
F A C VI VO CM EN IM GV 
 ANURA 
 Bufonidae 
1. Rhinella crucifer “sapo-comum” F C VI CM EN FO 
2. Rhinella granulosa sapinho F VI CM FO 
 39 
LOCAL T. REGISTRO DOC. N° ORDEM/FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME COMUM 
F A C VI VO CM EN IM GV 
3. Rhinella schneideri “sapo-boi” C EN 
 Craugastoridae 
4. Haddadus binotatus rã-da-mata F VI CM FO FI 
 Cycloramphidae 
5. Thoropa miliaris rã-da-pedra; rã-bode F VI FO 
 Hylidae 
6. Aplastodiscus cavicola perereca-verde F VI FO 
7. Dendropsophus anceps perereca-coral A VI VO CM FO FI GV 
8. Dendropsophus berthalutzae pererequinha A VI VO CM FO 
9. Dendropsophus bipunctatus pererequinha A VI VO CM FO FI GV 
10. Dendropsophus branneri perereca-pequena A VI VO CM FO GV 
11. Dendropsophus decipiens perereca-pequena A VI VO CM FO GV 
12. Dendropsophus elegans perereca-de-moldura A VI VO CM FO GV 
13. Hypsiboas albomarginatus perereca-verde A VI VO CM FO FI GV 
14. Hypsiboas crepitans perereca A VI CM FO 
15. Hypsiboas faber sapo-ferreiro F A VI VO CM FO FI GV 
16. Hypsiboas semilineatus perereca-dormideira F A VI VO CM FO FI GV 
17. Phyllodytes kautskyi perereca-de-bromélia F VO GV 
18. Scinax alter perereca A VI VO CM FO GV 
19. Sphaenorhynchus planicola pereca-verde-pequena A VI VO CM FO GV 
20. Trachycephalus nigromaculatus perereca-cabeça-de-osso F VI VO CM FO FI GV 
 Leiuperidae 
21. Physalaemus cuvieri rãzinha A VI CM FO 
 Leptodactylidae 
22. Leptodactylus fuscus rã-assoviadeira A C VI VO CM FO GV 
23. Leptodactylus ocellatus “rã" A VO EN FO 
24. Leptodactylus spixi rã-de-bigode F VI VO CM FO FI 
 1 ordem / 6 famílias / 24 espécies 1
0 
15 3 21 16 19 3 22-8 13 
 
 
Dentre as famílias registradas, a que possui maior número de espécies é Hylidae (15 
= 62,5%), seguida de Leptodactylidae e Bufonidae (3 = 12,5% cada) e 
Craugastoridae, Cycloramphidae e Leiuperidae (1 = 4,2% cada família) (figura 22). 
3
1
1
15
1
3
Bufonidae Craugastoridae Cycloramphidae
Hylidae Leiuperidae Leptodactylidae
 
Figura 22 - Riqueza de espécies de anfíbios de acordo com as famílias. 
 
 40 
De acordo com os dados obtidos até o momento as espécies foram agrupadas em 3 
ambientes com predominância do florestal e alagados (tabela 2, figura 23). A maioria 
das espécies, até o momento, foram exclusivas de um só ambiente com 
predominância para o ambiente alagado de áreas abertas (brejos, pasto alagado, 
borda de córrego). As espécies registradas nos diferentes fragmentos florestais 
foram aquelas encontradas especialmente no chão da mata (serrapilheira) durante o 
dia (rã-da-mata Haddadus binotatus e rã-de-bigode Leptodactylus spixi), ou na borda 
da mata com alagado (sapo-ferreiro Hypsiboas faber e perereca-dormideira H. 
semilineatus) à noite, ou em bromélia arbórea (perereca-de-bromélia Phyllodytes 
kautskyi) ou em trilhas no chão à noite (sapo-comum Rhinella crucifer e sapinho R. 
granulosa). Já a perereca-cabeça-de-osso Trachycephalus nigromaculatus foi 
registrada à noite tanto no chão como nas árvores. 
 
15
10
3
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Alagado Floresta Campo
n
º 
de
 e
sp
éc
ie
s
 
Figura 23 - Distribuição das espécies de anfíbios de acordo com o ambiente. 
 
Os dados levantados demonstram uma riqueza de espécies (n = 24) significativa 
especialmente se levar em conta que foram apenas 5 excursões de campo (entre 
agosto de 2007 e novembro de 2008), com busca ativa mais intensa na segunda e 
terceira excursão e não foi usado nenhum tipo de armadilha específica como, por 
exemplo, armadilhas de queda (pitfall). Outros trabalhos de regiões de baixada no 
Espírito Santo possuem os seguintes resultados (tabela 3): 
 
 41 
Tabela 3 - Riqueza de espécies de anfíbios em diferentes localidades no Espírito Santo. 
Local Riqueza de 
espécies 
Fonte 
Itaúnas (Parque Estadual e arredores), Conc. da Barra 31 Venturini e Paz in litt. 
APA de Setiba e P. E. Paulo C. Vinha, Guarapari 36 Cepemar (2007) 
Ubu, Anchieta 17 Lopes (s.d) 
RPPN Cafundó e arredores, C. de Itapemirim 14 Paz e Ventuirini, 2008 
Matas do Ouvidor e arredores, Itapemirim 24 presente trabalho 
 
Apesar das diferenças de metodologia de cada trabalho (incluindo a duração dos 
mesmos) e dimensão de cada área é possível perceber que o número de espécies 
até agora registrado é, relativamente, elevado. Além disto, deve-se também levar em 
consideração o número de espécies endêmicas de Mata Atlântica (item 3.1.3) 
presentes na área de estudo. 
 
3.1.2. Espécies ameaçadas de extinção 
 
De acordo com as espécies registradas até o momento nenhuma encontra-se 
ameaçada de extinção em nível estadual (Espírito Santo-DOE 2005), nacional 
(Machado et al. 2008) e global (IUCN 2007). Quando se consulta a lista global 
verifica-se que as espécies de anfíbios encontradas na região estão na categoria 
“least concern” ou “near threatened”,ou seja, porque não se enquadram em 
nenhuma das categorias de espécies ameaçadas (criticamente em perigo, em perigo 
e vulnerável). 
 
3.1.3. Espécies endêmicas de Mata Atlântica 
 
A definição das espécies de anfíbios como endêmicas de Mata Atlântica ainda é 
uma tarefa complicada visto que o conhecimento sobre a distribuição das espécies 
está em franca expansão. Porém, baseado em algumas das fontes disponíveis 
(bibliografias já referidas para o grupo), foi possível chegar a uma relação de 15 
espécies (62,5%) cuja ocorrência conhecida está inserida, basicamente, no domínio 
da Mata Atlântica (tabela 4, figuras 24 e 25). 
 
 
 42 
Tabela 4 - Anfíbios endêmicos de Mata Atlântica registrados na área de estudo. 
ESPÉCIE NOME COMUM 
Rhinella crucifer sapo-comum 
Haddadus binotatus rã-da-mata 
Thoropa miliaris rã-da-pedra 
Aplastodiscus cavicola perereca-verde 
Dendropsophus anceps perereca-coral 
Dendropsophus berthalutzae Pererequinha 
Dendropsophus bipunctatus Pererequinha 
Dendropsophus branneri perereca-pequena 
Dendropsophus decipiens perereca-pequena 
Hypsiboas faber sapo-ferreiro 
Hypsiboas semilineatus perereca-dormideira 
Phyllodytes kautskyi perereca-de-bromélia 
Scinax alter perereca 
Sphaenorhynchus planicola perereca-verde-pequena 
Leptodactylus spixi rã-de-bigode 
15 espécies 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 24 – Leptodactylus spixi rã-de-bigode, espécie de anfíbio endêmica de Mata Atlântica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 43 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 25 - A perereca verde-pequena Sphaenorhynchus planicola é encontrada geralmente na 
vegetação aquática e também é endêmica da Mata Atlântica. 
 
 
3.1.4. Espécies de atividade cinegética e de xerimbabo 
 
Os anfíbios em geral não são utilizados para fins de alimentação ou como animal de 
estimação. Exceção já observada no Espírito Santo é a rã Lepitodactylus ocellatus 
usualmente utilizada como alimento (figura 26) e é possível que este fato também 
ocorra na região. 
 
 
Figura 26 – Rã-manteiga Lepitodactylus ocellatus, uma espécie de anfíbio cinegética. 
 
 
 
 44 
3.1.5. Nomes locais 
 
De acordo com as informações obtidas na região, pode-se constatar que o 
conhecimento do grupo é bem superficial. Há pouca diferenciação nos nomes locais, 
havendo referências genéricas para “sapo”, “rã” e “perereca”. Apenas três espécies 
citadas puderam ser associadas aos nomes científicos (tabela 2). Deve-se ressaltar 
que uma destas espécies, o sapo-boi Rhinella schneideri, não foi ainda detectada 
em campo o que demonstra a importância da participação de agentes locais no 
trabalho. 
Na tabela 2 destacamos entre aspas “nome comum” os nomes populares atribuídos 
às espécies de anfibios localmente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 45 
3.1.6. Registro fotográfico 
 
 
 
 
 46 
 
 
 
 47 
 
 
 
 
 48 
 
 
 49 
 
 
 
 
 50 
 
 
 51 
 
 
 
 
 52 
 
 
 53 
 
 
 
 
 54 
 
 
 55 
2. Herpetofauna 
 
Os répteis são vertebrados terrestres com uma grande variedade na estrutura do 
corpo. Algumas espécies não possuem membros, outras possuem membros 
vestigiais, outras possuem patas com até 5 dedos e outras ainda os têm em forma 
de remos. Existem espécies que ocupam os mais diversos habitas, por exemplo, as 
espécies arborícolas, aquáticas e fossoriais e muitas das espécies são sensíveis às 
modificações de seus ambientes. 
 
De acordo com Reptile database (2008) são conhecidas 8.734 espécies de répteis 
no mundo. Até o momento foram reconhecidas 701 espécies de répteis 
naturalmente ocorrentes e se reproduzindo no Brasil (SBH 2008b). Diante dos 
números atuais, o Brasil deve ocupar a terceira colocação na relação de países com 
maior riqueza de espécies de répteis, atrás da Austrália e do México. No Espírito 
Santo não existem dados atualizados da quantidade de espécies de répteis. 
 
Serão apresentados a seguir os resultados de Répteis obtidos, até o momento, para 
a região do Verde Vale do Itapemirim. 
3.2.1. Composição geral das espécies 
 
Foi possível registrar, até o momento, 18 espécies de Répteis distribuídas em 2 
ordens e 11 famílias (tabela 5). 
 
Tabela 5 - Répteis registrados no Verde Vale do Itapemirim e arredores entre agosto de 2007 e 
novembro de 2008. 
Local: F: floresta, A: alagado (lagoa e outras áreas alagadas), C: campo (áreas abertas: estrada, 
pasto); Tipo de Registro: VI: visualização, CM: captura manual, EN: entrevista (1: Ailton Abílio Rosa, 
2: Manoel de Oliveira Rosa); Documentação (DOC.): FO: foto, FI: filmagem. Entre aspas em negrito 
(“nome comum”): nomes populares atribuídos às espécies localmente. 
LOCAL REGISTRO DOC. N° ORDEM/FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME COMUM 
F A C VI CM EN FO FI 
 CROCODYLIA 
 Alligatoridae 
1. Caiman latirostris “jacaré” A 2 
 SQUAMATA 
 Polychrotidae 
2. Anolis punctatus lagarto F VI FO 
3. Polychrus marmoratus “cambaleão” F VI CM FO 
 Tropiduridae 
 56 
LOCAL REGISTRO DOC. N° ORDEM/FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME COMUM 
F A C VI CM EN FO FI 
4. Tropidurus torquatus “cambaleão” C VI 2 FO 
 Gekkonidae 
5. Hemidactylus mabouia “taruíra” C VI 2 FO 
 Phyllodactylidae 
6. Gymnodactylus darwinii lagartixa-da-mata F VI CM FO 
 Teiidae 
7. Tupinambis merianae “lagarto, teu” F VI 2 FO 
 Leptotyphlopidae 
8. Leptotyphlops salgueiroi cobra-da-terra F VI CM FO 
 Boidae 
9. Boa constrictor “jibóia” F C 2 
10. Corallus hortulanus cobra-veadeira F VI FO FI 
 Colubridae 
11. Chironius bicarinatus cobra-cipó F VI FO 
12. Helicops carinicaudus “cobra-d’água” A VI CM FO FI 
13. Liophis miliaris cobra-d’água A C VI CM FO FI 
14. Liophis poecilogyrus jararaquinha F VI FO 
15. Oxybelis aeneus cobra-cipó-bicuda F VI FO 
16. Philodryas patagoniensis corredeira F VI CM FO 
 Elapidae 
17. Micrurus sp. “cobra-coral” F 1, 2 
 Viperidae 
18. Bothrops jararaca “surucucu” (jararaca) F VI 1, 2 FO FI 
 2 ordens / 11 famílias / 18 espécies 13 3 4 15 6 7 15 4 
 
A família com maior riqueza de espécies registrada foi Colubridae com 6 espécies 
(33,3%), seguida de Polychrotidae e Boidae com 2 espécies cada (11,1% cada), 
Gekkonidae, Phyllodactylidae, Alligatoridae, Tropiduridae, Leptotyphlopidae, 
Elapidae e Viperidae com 1 espécie cada (5,5% cada) (figura 27). 
1
2
1
1
1
1
12
6
1 1
Alligatoridae Polychrotidae Tropiduridae
Gekkonidae Phyllodactylidae Teiidae
Leptotyphlopidae Boidae Colubridae
Elapidae Viperidae
 
Figura 27 - Riqueza de espécies de répteis de acordo com as famílias. 
 
 57 
De acordo com os dados disponíveis até o momento o ambiente florestal foi o que 
teve maior número de espécies (13: 72,2%) com apenas 1 que não foi exclusiva 
deste ambiente (tabela 5, figura 28). 
13
4
3
0
2
4
6
8
10
12
14
Floresta Campo Alagado
n°
 d
e
 e
sp
é
ci
es
 
Figura 28 - Distribuição das espécies de répteis de acordo com o ambiente. 
 
O número de espécies registradas até o momento fornece uma idéia geral do grupo 
de répteis para a área de estudo. Deve-se ressaltar que o esforço empreendido 
ainda é, relativamente, pequeno e capturas com armadilhas de queda (pitfall) - 
importante para o registro de espécies com deslocamento terrestre (comoalgumas 
espécies de cobras e lagartos) - ainda não foram realizadas. Apesar das diferenças 
de metodologia (incluindo duração dos trabalhos) e tamanho das áreas amostradas, 
comparativamente, outros trabalhos em áreas de baixada do Estado tiveram os 
seguintes resultados (tabela 6): 
 
Tabela 6 - Riqueza de répteis em diferentes áreas de baixada no Espírito Santo. 
Local Riqueza de 
espécies 
Fonte 
Itaúnas (Parque Estadual e arredores), Conc. da Barra 29 Cepemar (2004) 
APA de Setiba e P. E. Paulo C. Vinha, Guarapari 43 Cepemar (2007) 
Ubu, Anchieta 14 Lopes (s.d) 
RPPN Cafundó e arredores, C. de Itapemirim 10 Paz e Ventuirini, 2008 
Matas do Ouvidor e arredores, Itapemirim 18 presente trabalho 
 
Assim, pode-se verificar que o número de espécies para a área, mesmo que ainda 
através de dados iniciais, é relativamente significativo. 
 
 58 
3.2.2. Espécies ameaçadas de extinção 
 
De acordo com as espécies registradas até o momento nenhuma está ameaçada de 
extinção em nível estadual (Espírito Santo-DOE 2005), nacional (Machado et al. 
2008) e global (IUCN 2007). Em nível global, o jacaré Caiman latirostris está na 
categoria de “baixo risco – subitem Least concern”, ou seja, não se enquadra nas 
categorias de criticamente em perigo, em perigo ou vulnerável, porém, poderá vir a 
integrar uma destas categorias estando, no momento no subitem de menor 
preocupação. 
 
3.2.3. Espécies endêmicas de Mata Atlântica 
 
De acordo com as informações disponíveis, 4 espécies (22,2%) podem ser, em 
princípio, consideradas como ocorrentes apenas no domínio da Mata Atlântica 
(tabela 7) e, por isto, serão consideradas como endêmicas deste bioma. Três são 
florestais: lagartixa-da-mata Gymnodactylus darwinii, (figura 29) jararaca Bothrops 
jararaca (figura 30) e cobra-da-terra Leptotyphlops salgueiroi (figura 31), e a última é 
também fossorial. Já a cobra-d’água Helicops carinicaudus (figura 32) é aquática e 1 
exemplar foi capturado em anzol deixado por pescadores na “lagoa” do Ouvidor (na 
intenção de capturar traíra) e outro foi observado sendo predado por um socó 
Tigrisoma lineatum na mesma lagoa. 
 
 
Tabela 7 - Répteis endêmicos da Mata Atlântica registrados na área de estudo. 
ESPÉCIE NOME COMUM 
Gymnodactylus darwinii largartixa-da-mata 
Leptotyphlops salgueiroi cobra-da-terra 
Helicops carinicaudus cobra-d’água 
Bothrops jararaca surucucu, jararaca 
4 espécies 
 
 
 59 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 29 - Gymnodactylus darwinin lagartixa-da-mata, réptil florestal endêmico da Mata Atlântica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 30 - Bothrops jararaca conhecida localmente como “surucucu” é uma das espécie endêmicas 
da Mata Atlântica registrada na área. 
 
 
 60 
 
Figura 31 - Leptotyphlops salgueiroi cobra-da-terra. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 32 - Helicops carinicaudus a cobra-d’água é endêmica da Mata Atlântica e uma importante 
espécie dentro do elo da cadeia alimentar da região. 
 
 
3.2.4. Espécies de atividade cinegética e de xerimbabo 
 
De maneira geral a população não possui um bom relacionamento ou empatia pelos 
répteis, especialmente pela ordem Squamata, subordem Ofídia (as cobras) devido 
ao fato de existirem espécies peçonhentas as quais podem ser potencialmente 
perigosas ao homem. Por isto, historicamente, as cobras são, preferencialmente, 
 61 
eliminadas quando avistadas. Outras 2 espécies de répteis registradas na região são 
geral e historicamente de atividade cinegética: o teiú Tupinambis merianae e o 
jacaré Caiman latirostris. 
 
3.2.5. Nomes locais 
 
As informações obtidas localmente demonstram uma relação da população com a 
fauna de répteis que enfoca as espécies de cobras (vários nomes foram citados, 
mas nem todos puderam ser identificados com a espécie correspondente), alguns 
lagartos e o jacaré. São espécies de grande porte (algumas que culturalmente foram 
ou ainda são utilizadas como alimento) e/ou as que são consideradas perigosas (as 
cobras). 
 
Chama a atenção a denominação de Bothrops jararaca como “surucucu” e não 
‘jararaca’. O nome de “jacaré” apenas ao invés, por exemplo, de ‘jacaré-do-papo-
amarelo’ faz sentido, visto que só ocorre uma espécie e não há necessidade de 
diferenciá-lo de outro. Na tabela 5 destacamos entre aspas “nome comum” os 
nomes populares atribuídos às espécies de répteis localmente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 62 
3.2.6. Registro fotográfico 
 
 
 
 63 
 
 
 
 64 
 
 
 
 
 65 
 
 
 66 
 
 
 
 
 67 
 
 
 68 
3.3. Avifauna 
 
As aves, no geral, são consideras como um importante grupo na discussão de 
estratégias de conservação da biodiversidade, devido, especialmente ao fato de (I) a 
maioria ser de hábitos diurnos e, relativamente, de fácil observação facilitando a 
coleta de dados, (II) ocupar diferentes hábitats, sendo algumas espécies 
especialistas, e reagir às mudanças ambientais facilitando a detecção de tal 
mudança e (III) a sistemática e distribuição serem relativamente bem conhecidas, 
comparativamente a outros grupos animais (Alves e Silva, 2000). 
 
O Brasil é um dos países com maior número de espécies de aves possuindo 1822 
no total, segundo CBRO (2008). O Espírito Santo ainda não possui uma compilação 
de dados de aves mas Venturini e Paz (2003) estimam entre 620 e 700 espécies. 
 
A avifauna da região zoogeográfica Neotropical possui cerca de 3300 espécies [este 
número deve ser maior atualmente] e é considerada a mais rica do mundo. Várias 
são as espécies que se originaram e evoluíram nesta região, apresentando vários 
centros de endemismos (ou seja, com espécies de distribuição geográfica restrita a 
esta região), em especial nas áreas de florestas como a Amazônia e a Mata 
Atlântica (Sick 1997). 
 
Serão apresentados a seguir os resultados sobre o estudo de aves do Verde Vale do 
Itapemirim, incluindo as Matas do Ouvidor e arredores obtidos até o momento. 
 
3.3.1. Composição geral das espécies 
 
Foram registradas até o momento 172 espécies de aves distribuídas em 20 ordens e 
50 famílias de acordo com a sistemática adotada por CBRO (2008) (tabela 6). 
 
Tabela 8 - Aves registradas na Mata do Ouvidor e arredores, Itapemirim, Espírito Santo entre agosto de 2007 e 
novembro de 2008. 
Local: F: floresta, A: alagado, C: campo, P: pomar, jardim, O: outros (em vôo, não identificado). Tipo 
de Registro: VI: visualização, VO: vocalização, NI: ninho, EN: entrevista (1: Ailton Abílio Rosa, 2: 
Manoel de Oliveira Rosa), BB (Bibliografia): a: Bauer 1999, b: Bauer et al. 1997, c: informações 
inéditas anteriores. Documentação (DOC.): IM: imagem (FO: fotografia, FI: filmagem), GV: gravação 
 69 
de vocalização. Entre aspas em negrito (“nome comum”): nomes populares atribuídos às espécies 
localmente. 
LOCAL TIPO DE REGISTRO DOC. N° ORDEM/FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME COMUM 
F A C P O VI VO NI EN BB IM GV 
 TINAMIFORMES 
 Tinamidae 
1. Crypturellus soui “tururim” F VO 1, 2 a GV 
2. Crypturellus noctivagus jaó-do-sul F VO a 
3. Crypturellus variegatus inhambu-anhangá F VO a 
4. Crypturellus tataupa “inhambu” F VO 1 GV 
5. Rhynchotus rufescens “perdiz" C 1, 2 
6. Nothura cf. maculosa “codorna” C 2 
 ANSERIFORMES 
 Anatidae 
7. Dendrocygna viduata “arerê" A VI 1 FO 
8. Dendrocygna autumnalis “arerê” AVI 1 
9. Cairina moschata “pato-do-mato” A VI 1 
10. Amazonetta brasiliensis “marreca" A VI VO 1, 2 c 
 GALLIFORMES 
 Cracidae 
11. Penelope superciliaris “jacupemba” F 1, 2 
 PODICIPEDIFORMES 
 Podicipedidae 
12. Tachybaptus dominicus “mergulhão" A VI 1 c 
 CICONIIFORMES 
 Ardeidae 
13. Tigrisoma lineatum “socó", socó-da-mata F A VI 1, 2 FO 
14. Botaurus pinnatus socó-boi-baio A VI c 
15. Nycticorax nycticorax savacu A VI VO GV 
16. Butorides striata socozinho A VI VO 
17. Bubulcus ibis garça-vaqueira C VI c FO 
18. Ardea cocoi garça-moura F VI 
19. Ardea alba “galça-grande” A VI 2 c FO 
20. Syrigma sibilatrix maria-faceira C VI FO 
21. Pilherodius pileatus “galça-azul” F A VI 1 
22. Egretta thula “galça-pequena” A VI 2 FO 
 CATHARTIFORMES 
 Cathartidae 
23. Cathartes aura urubu-de-cabeça-vermelha O VI FO 
24. Cathartes burrovianus urubu-de-cabeça-amarela O VI c 
25. Coragyps atratus “bica-couro”, “urubu” O VI 1, 2 c 
 FALCONIFORMES 
 Accipitridae 
26. Leptodon cayanensis gavião-de-cabeça-cinza O VI VO 
27. Elanoides forficatus “gavião-tesoura” F O VI 1 
28. Ictinia plumbea sovi F VI FO 
29. Geranospiza caerulescens gavião-pernilongo O VI 
30. Heterospizias meridionalis “gavião-telha” F C VI VO 1 c FO GV 
31. Rupornis magnirostris gavião-carijó F VI VO c GV 
32. Buteo albicaudatus gavião-de-rabo-branco C VI FO 
 Falconidae 
33. Caracara plancus caracará C O VI c 
34. Milvago chimachima “pinhé" C O VI 2 c GV 
35. Herpetotheres cachinnans “côa” F VI VO 1, 2 GV 
36. Micrastur semitorquatus falcão-relógio F VI VO GV 
 70 
LOCAL TIPO DE REGISTRO DOC. N° ORDEM/FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME COMUM 
F A C P O VI VO NI EN BB IM GV 
37. Falco sparverius “gavião-rapina” C VI VO 2 GV 
 GRUIFORMES 
 Aramidae 
38. Aramus guarauna carão A VI VO FO GV 
 Rallidae 
39. Porzana albicollis “saricória” A VO 1 c 
40. Pardirallus nigricans saracura-sanã A VO c 
41. Gallinula chloropus “frango-d’água” A VI 1 c 
42. Gallinula melanops frango-d'água-carijó A VI b, c 
43. Porphyrio martinica “frango-d’água” A VI 1 c FO 
 Cariamidae 
44. Cariama cristata “seriema” C VI VO 1 
 CHARADRIIFORMES 
 Charadriidae 
45. Vanellus chilensis quero-quero C VI VO c GV 
 Scolopacidae 
46. Gallinago undulata “rola-pau” O 1 
47. Tringa solitária maçarico-solitário A VI c 
 Jacanidae 
48. Jacana jacana “piaçoca” A VI VO 1 c FO GV 
 COLUMBIFORMES 
 Columbidae 
49. Columbina minuta rolinha-de-asa-canela A VI a, c 
50. Columbina talpacoti rolinha C VI NI c FO 
51. Patagioenas picazuro pombão C VI 
52. Leptotila verreauxi “juriti” F VO 2 GV 
53. Leptotila rufaxilla “juriti" F VO 2 GV 
54. Geotrygon montana “juriti” F VO 2 GV 
 PSITTACIFORMES 
 Psittacidae 
55. Primolius maracana “maracanã” F VI VO 1 GV 
56. Aratinga leucophthalma periquito-maracanã F VI VO FO GV 
57. Aratinga aurea periquito-rei C VI VO GV 
58. Pyrrhura cruentata “querequeté" F VI VO 1,2 a FO GV 
59. Forpus xanthopterygius “periquitinho”, periquito C P VI VO 1, 2 FO 
60. Pionus maximiliani “maitaca” F VI VO 1, 2 FO GV 
61. Amazona rhodocorytha “papagaio’ F VI VO 1, 2 FO GV 
 CUCULIFORMES 
 Cuculidae 
62. Piaya cayana “rabilonga’ F VI VO 1, 2 
63. Crotophaga major “anum-coroi’ F A VI VO 2 FO GV 
64. Crotophaga ani “anum’ C VI VO 2 c FO 
65. Guira guira anu-branco C VI VO c FO 
66. Tapera naevia “peixe-frito’ C VO 1 c 
 STRIGIFORMES 
 Tytonidae 
67. Tyto alba coruja-da-igreja C VO 
 Strigidae 
68. Megascops choliba corujinha-do-mato F VO FO 
69. Pulsatrix koeniswaldiana “corujão” F VI VO 1 FO GV 
70. Glaucidium brasilianum “caburé’ F VO 2 
71. Athene cunicularia “corujinha’ C VI 2 FO 
 CAPRIMULGIFORMES 
 71 
LOCAL TIPO DE REGISTRO DOC. N° ORDEM/FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME COMUM 
F A C P O VI VO NI EN BB IM GV 
 Nyctibiidae 
72. Nyctibius grandis mãe-da-lua-gigante F VI VO FO GV 
 Caprimulgidae 
73. Nyctidromus albicollis “bacurau” F VI VO NI 2 FO GV 
 APODIFORMES 
 Apodidae 
74. Streptoprocne zonaris taperuçu-de-coleira-branca O VI 
75. Chaetura cinereiventris andorinhão-de-sobre-cinzento O VI 
 Trochilidae 
76. Glaucis hirsutus balança-rabo-de-bico-torto F VI a FO 
77. Phaethornis idaliae rabo-branco-mirim F VI VO 
78. Eupetomena macroura beija-flor-tesoura P VI 
79. Hylocharis sapphirina beija-flor-safira F VI a 
80. Hylocharis cyanus beija-flor-roxo F VI FO GV 
81. Polytmus guainumbi beija-flor-de-bico-curvo F A VI c 
 TROGONIFORMES 
 Trogonidae 
82. Trogon viridis “joão-bobo” F VI VO 1 FO GV 
 CORACIIFORMES 
 Alcedinidae 
83. Megaceryle torquata Martim-pescador-grande A VI 
 GALBULIFORMES 
 Galbulidae 
84. Galbula ruficauda bico-de-agulha F VI FO 
 PICIFORMES 
 Ramphastidae 
85. Ramphastos vitellinus “tucano’ F VO 1 
86. Pteroglossus aracari “araçari” F VI VO 1 GV 
 Picidae 
87. Picumnus cirratus pica-pau-anão-barrado F VI VO GV 
88. Melanerpes candidus “pica-pau-do-branco-branco’ C VI VO 1 
89. Veniliornis maculifrons picapauzinho-de-testa-pintada F VI 
90. Piculus flavigula pica-pau-bufador F VO a 
91. Colaptes campestris pica-pau-do-campo C VO c 
92. Celeus flavescens pica-pau-de-cabeça-amarela F VI VO GV 
 PASSERIFORMES 
 Thamnophilidae 
93. Thamnophilus ambiguus “conconha’ F VI VO 2 FO GV 
94. Myrmotherula axillaris choquinha-de-flanco-branco F VI VO GV 
 Conopophagidae 
95. Conopophaga melanops cuspidor-de-máscara-preta F VI VO GV 
 Dendrocolaptidae 
96. Dendrocincla turdina arapaçu-liso F VI VO GV 
 Furnariidae 
97. Furnarius figulus casaca-de-couro-da-lama A C VI VO c GV 
98. Furnarius rufus joão-de-barro C P VI VO c GV 
99. Certhiaxis cinnamomeus curutié A VI VO c 
100. Thripophaga macroura rabo-amarelo F VI VO a GV 
101. Phacellodomus rufifrons “joão-palito’ C VI VO NI 1 GV 
 Tyrannidae 
102. Leptopogon amaurocephalus cabeçudo F VO GV 
103. Hemitriccus orbitatus tiririzinho-do-mato F VO a GV 
104. Myiornis auricularis miudinho F VI VO GV 
 72 
LOCAL TIPO DE REGISTRO DOC. N° ORDEM/FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME COMUM 
F A C P O VI VO NI EN BB IM GV 
105.

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