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DADOS DO AUTOR: Prof. Dr. Luiz Claudio Gonçalves (profluizgoncalves@bol.com.br) Possui Pós-doutorado em Administração de Empresas (Green Supply Chain Management), Doutorado em Engenharia de Produção, Mestrado em Engenharia de Produção, Mestrado em Administração de Empresas, Mestrado em Turismo Ambiental, Especialização em Marketing, Especialização em Planejamento Empresarial e graduação em Engenharia Elétrica. É pesquisador, professor (graduação e pós-graduação) e autor nas áreas de Administração de Empresas e Engenharia de Produção nos seguintes temas: Gestão da Cadeia de Suprimentos e Logística, Gestão de Operações, Gestão de Marketing, Gestão de Sustentabilidade. CADEIA DE SUPRIMENTOS (Supply Chain, SC) 1. O CONCEITO DE SC A Cadeia de Suprimentos ou Supply Chain (SC) refere-se a um conjunto de organizações que estão envolvidas, por meio de interligações (a jusante e a montante), a diferentes processos e atividades que agregam valor a bens e serviços para o cliente final. Essas organizações podem incluir fornecedores, transportadoras, centros de distribuição, varejistas e compradores, etc. A Cadeia de Suprimentos (SC) 1.1 A ESTRUTURA DA CADEIA DE SUPRIMENTOS Pode-se avaliar a estrutura de uma SC a partir da empresa foco (considera-se a empresa-foco o elo mais forte da cadeia, ou seja, aquela empresa que detêm a governança1 da mesma. Na figura anterior, tomando como base a empresa-foco, pode-se observar dois fluxos. Um fluxo é no sentido montante (upstream), onde há a presença dos fornecedores de primeira camada ou imediatos, que são as empresas que tem relacionamento direto com a empresa-foco. Em seguida, pode-se observar os fornecedores de segunda camada que se relaciona com o primeiro e podem assim, suceder-se até chegar aos fornecedores iniciais de matéria-prima. O outro fluxo é no sentido jusante (downstream), que são os relacionamentos com os clientes, ou seja os clientes diretos que são os intermediários e os clientes diretos que são os clientes finais. Algumas questões estratégicas estão relacionadas a cada um desses fluxos. À montante, as questões estratégicas são orientadas para o desenvolvimento de produtos, fluxo de informação, seleção de fornecedores, etc. Já a jusante, o foco está nas questões estratégicas que envolvem a logística de distribuição, percepção da demanda real e atendimento (nível de serviço) ao cliente. Com relação à questão dos membros da SC, pode-se afirmar que essa envolve todas as empresas com as quais a empresa-foco se relaciona direta ou indiretamente por meio de seus fornecedores ou clientes, do ponto de origem ao ponto de consumo. O ponto chave está em identificar quais são os membros críticos ao sucesso da cadeia, os quais merecem mais atenção e recursos. 1 O termo Governança está relacionado ao fato de como é conduzida a integração das atividades econômicas, quer seja essa por meio de procedimentos hieráquicos ou de colaboração. No contexto da SCM, a Governança é exercida pelo elo mais forte (empresa-foco), o qual dita o ritmo e as tendências da SC. 1.2 DIMENSÕES ESTRUTURAIS DA SC Existem três dimensões estruturais que são essenciais para a análise e gerenciamento da SC: 1) Estrutura Horizontal – refere-se ao número de níveis (camadas) na estrutura da cadeia. Sendo assim, a mesma pode ser longa, com muitos níveis, ou curta com poucos níveis. 2) Estrutura Vertical – refere-se ao número de empresas (clientes e fornecedores) representadas em cada camada. Dessa forma, cada camada pode ser estreita, com poucas empresas, ou larga, com muitas empresas. 3) Posição da empresa-foco na cadeia – a empresa-foco pode estar posicionada perto do fornecedor inicial, próxima ao cliente, ou então estar em algum lugar no meio da cadeia. Classificação da SC ESTRUTURA DA SC/REDE Empresas em rede SC em Serviços 2. GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS (Supply Chain Management, SCM) The Global Supply Chain Forum (GSCF) define SCM: “como a integração de processos-chave de negócios, desde os fornecedores originais até o usuário final que provém produtos, serviços e informações que adicionam valor para clientes e outros stakeholders”. Dessa forma, a implantação da SCM envolve as atividades de identificar os membros da cadeia e os elos críticos, os processos que interagem entre os membros-chaves e o nível de integração que é aplicado entre esses processos. A SCM também pode ser considerada como: “Um modelo gerencial que busca obter sinergias por meio da integração dos processos de negócios chaves ao longo da cadeia de suprimentos. O objetivo principal da SCM é atender ao cliente final e outros stakeholders da forma mais eficaz e eficiente possível (efetiva), ou seja, com bens e/ou serviços de maior valor percebido pelo cliente final e obtido por meio do menor custo possível”. 3. O PAPEL DA LOGÍSTICA NA SCM Cabe salientar que, desde o seu surgimento, o ceonceito de SCM tem sido confundida com o conceito de Logística e no intuito de esclarecer esse equívoco, em 1998 o Council of Logistics Management (CLM) redefiniu Logística para indicar que essa é um subconjunto da SCM. Assim, o CLM estipulou a seguinte definição: “Logística é parte da cadeia de suprimentos que planeja, implementa e controla o efetivo fluxo e estocagem de bens, serviços e informações correlatas desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o objetivo de atender as necessidades dos clientes”. Assim sendo, pode-se considerar que a Logística seja o conjunto de técnicas (compras, transportes, armazenagem, embalagem, manuseio de material, PCP, gestão de estoques, distribuição, etc) que possibilitam a operacionalidade da SCM. O papel da Logística na SCM 4. EIXOS DE ABRANGÊNCIA DA SCM. Por sua característica abrangente e inovadora, a SCM é notadamente uma área multifuncional (operações, logística, marketing, suprimentos, TIC, etc) ainda de dificil classificação. Entretanto, pode-se considerar que seu escopo inclua pelo menos três grandes eixos de atuação que são: 1) Processos de negócio – contempla os processos de negócio chaves que devem ser executados efetivamente ao longo da SC. Pode-se afirmar que esse eixo represente o porquê da existência e a finalidade principal da SCM. 2) Tecnologia, iniciativas e novas práticas – contempla as TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação), as novas práticas e sistemas que estão sendo utilizadas para executar a SCM. Em outras palavras são os meios inovadores que vaibilizam a execução dos processos de negócios chaves dentro da SCM. 3) Organização (estrutura) e pessoas – contempla a estrutura organizacionbal e a qualificação e capacitação organizacional e pessoal capaz de viablilizar uma efetiva SCM. Assim sendo, representa as transformações em termos de estrutura organizacional e de capacitação dos colaboradores para que o modelo gerencial de SCM possa ser entendido, viabilizado e implantado. 5. CADEIAS DE SUPRIMENTO ENXUTAS E CADEIAS DE SUPRIMENTO ÁGEIS. O termo “Lean” tem sido utilizado no contexto da SCM, em especial por um conjunto de pesquisadores do Reino Unido, com o sentido de remoção das anomalias e de práticas que causam desperdícios nos processos ao longo da SC. A lógica básica é “fazer mais com menos”, geralmente porm meio de práticas consagradas como o Just-in-Time. Nesse caso, geralmente, o critério ganhador depedido é o custo. Já em meados da década de 1990, surgiu também o termo Produção Ágil (Agile Production, termo mais contemporâneo com a expansão do conceito de SCM). Assim, o termo “Agile” significa um foco na obtenção de uma operação produtiva que se adapte e responda rapidamente às mudanças no mercado, ou seja, um sistema mais responsivo. Uma característica chave de uma SC ágil é a flexibilidade e o critério ganhador de pedido é a disponibilidade. COMPARAÇÃO SUPRIMENTO ENXUTO VERSUS SUPRIMENTO ÁGIL ATRIBUTO SUPRIMENTO ENXUTO SUPRIMENTO ÁGIL Produtos típicos Commodities Produtos de moda Demanda Previsível Volátil Variedade de Produtos Baixa Alta Ciclo de Vida do Produto Longo Curto Critério Ganhador de Pedidos Custo Disponibilidade Margem de lucro/unid. Baixa Alta Custos Dominantes Custos Operacionais (físicos) Custos de Marketing Qualidade das Informações Desejável Obrigatória 6. EMPRESAS VIRTUAS As Empresas Virtuais2 (Virtual Enterprise - VE) são vistas como uma forma inovadora de gestão, um novo modelo criado para responder as expectativas de um mercado cada vez mais exigente e competitivo. O conceito de empresa virtual foi apresentado pela primeira vez em 1986 pelo autor Mowshowitz, sendo criadas com base na teoria da cooperação e são classificadas como redes dinâmicas de empresas. Não existe na literatura um consenso a respeito do que seriam as Empresas Virtuais. Assim, existem diversos conceitos que buscam expressar quais são as principais características das EV, dentre os quais destaca-se: Uma EV pode ser considerada como sendo uma cooperação temporária entre parceiros de negócios (empresas) com o intuito de desenvolver suas competências complementares e explorar uma oportunidade específica de negócio. Para muitos autores, o conceito de EV tem crescido em resposta à velocidade e globalização da era digital. Novas necessidades dos clientes aumentaram rapidamente e as empresas frequentemete identificam lacunas em suas competências que as impedem de atingir as exigências requeridas pelos mercados. Nesse sentido, combinar competências com as competências de outros parceiros de negócio pode permitir a criação de uma EV com a capacidade de prosperar e encontrar novos mercados. Tendo em vista o conceito apresentado anteriormente, de forma geral, as principais características comumente atribuídas a uma EV são: a) Foco nas competências centrais (core) – cada empresa parceira participa com sua competência, que é complementar às outras competências das outras empresas participantes. Assim, cada empresa isolada contribui para a EV com sua competência central. b) Dirigida pela oportunidade – uma EV é uma cooperação temporária disparada por uma oportunidade especifica de negócios. c) Estrutura dinâmica – uma EV apresenta uma estrutura organizacional dinâmica (uma empresa pode entrar e sair da EV a qualquer momento) com regras adaptáveis que a tornam flexível. Em tese, todos os membros da EV compartilham dos mesmos direitos e não deverá exiustir uma empresa dominante. d) Relacionamento semi-estável – o relacionamneto entre as empresas na EV tende a ser menos formal e permamente. e) Confiança – uma característica importante é o nível de confiança existente entre as empresas na EV. A confiança deve se sobrepor a cultura de controle. f) Infraestrutura tecnológica – a TIC possibilita que empresas posicionadas geograficamente distantes possam unir suas competências e trabalhar juntas, reduzindo, significativamete os custos de transação. 2 No contexto de VE o termo “virtual” não pode ser entendido como “na web”. O conceito de virtualidade nesse contexto significa, a habilidade da empresa oferecer um produto completo ao cliente, sendo essa propriétaria apenas de seus recursos, ou seja, tendo que buscar uma complementação de competência por meio da cooperação com outras empresas. Após uma reflexão a respeito de cada uma dessas características, provavelmente logo se chega à conclusão de que essas também podem ser aplicadas no caso de uma SC. Por exemplo, uma das principais características de uma SC e uma EV é a existência de parcerias entre as empresas independentes que dividem competências e recusros com o propósito de atender as demandas de mercado. Outro ponto é o uso crescente da TIC para fcilitar a execução conjunta de procedimentos de negócios. 6.1 CICLO DE VIDA DE UMA VE 6. GESTÃO DE DEMANDA NA SCM Em função de seus sensíveis impactos na SCM, a Gestão de Demanda tem sido na atualidade, um tema discutido nos meios acadêmicos e profissonais. Dessa forma, alguns autores e profissionais preferem se referir ao assunto SCM utilizando a expresão Gestão da Cadeia de Demanda (Demand Chain Management – DCM). A DCM pode ser definida como o processo que gerencia e coordena a SC em seu sentido montante, ou seja, desde o cliente final até os fornecedores. Assim, a partir do disparo da demanda por parte do cliente final, o produto é puxado até o fornecedor incial da SC. Embora o termo DCM possa ser considerado recente e relativamente pouco usado, seus beneficíos tendem a ser positivos. A questão é que uma adequada DCM requer a integração extensiva no fluxo de informações entre os elementos da SC, bem como uma adequanda resposta ao tradicional trade-off existente entre custos, a abrangência, o conteúdo e o tempo de atualização dasa informações transacionais. Mesmo as tecnologias de informação mais recentes, como o EDI, ainda não resolveram satsifatoriamente essa questão. Contudo, fica cada vez mais claro que, com a expansão da Internet, praticamente todos esses trade-offs tendem a ser minimizado, permitindo a necessaria integração entre os elementos de uma SC. Dessa forma, tecnologias baseadas na Web estão se tornando fundamentais para a execução de alguns dos processos básicos de uma SC, como: previsão de vendas (forecasting), planejamento da produção (scheduling) e controle. Nesse sentido, sabe-se que as incertezas da demanda e a natureza dos problemas de previsão de demanda (forecasting) tem um considerável impacto na estrutura da SC. A partir desses fatos, surge a necessidade de se discutir um tema que apresenta muita influência no sucesso da SCM, que é o Efeito Chicote. 8. EFEITO CHICOTE As distorções na informação acerca da demanda ocorrem, à medida que se avança para mais distante do cliente final ao longo da SC. Nesse sentido, um dos temas que em função de sua ampla influência na variabilidade na demanda, que aqui cabe ressaltar é o fenômeno denominado Efeito Chicote (Bulwhip Effect), o qual ocorre devido ao alto nível de incertezas na demanda. O Efeito Chicote diz respeito à aplificação da variancia das informações da demanda á medida que essas se propagam no sentido montante da SC, ou seja, as flutuações da demanda em um fornecedor de matéria-prima tendem a ser bem maiores do que a demanda real existente entre o ponto de venda e o cliente final. Sendo assim, o Efeito Chicote pode ser entendido como o termo utilizado para descrever a propagação e amplificação do erro ou incertezas da demanda ao longo da SC, partindo dos clientes finais para os fornecedores. Esse efeito é um fenômeno, no qual os pedidos colocados em níveis mais altos de uma SC apresentam maior variabilidade que pedidos colocados em níveis mais próximos aos clientes finais.
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