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COMITÊ BRASILEIRO DE BARRAGENS 
XXX - SEMINÁRIO NACIONAL DE GRANDES BARRAGENS 
FOZ DO IGUAÇU – PR, 11 A 13 DE MAIO DE 2015 
RESERVADO AO CBDB 
XXVI Seminário Nacional de Grandes Barragens 1 
SOBRE A TOMADA DE DECISÕES E A AVALIAÇÃO DE RISCOS 
 
Ruben José Ramos CARDIA 
Engenheiro Civil – RJC Engenharia, Bauru, SP, BR. 
 
FRANK L. Blackett P.E. 
Engenheiro Civil – FERC, Portland, OR, EUA. 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
Finalmente, após longa atuação histórica, a Comunidade em Segurança de Barragens 
aguarda a Regulamentação da Lei n. 12.334/2010 em Segurança de Barragem. 
 
Um dos itens abordados na nova Lei se refere à revisão da estabilidade e consequente 
Segurança da Barragem. No texto se procura apresentar comentários demonstrando 
alguns fatores que devem ser verificados (Potenciais Modos de Ruptura) ao se ter de 
tomar decisões para a manutenção, correção e melhoria de Segurança de Barragens, 
inclusive na área hidrológico-hidráulica. 
 
A ampliação da capacidade do Vertedouro para poder passar a Cheia de Projeto 
(revisada) pode apresentar alguns problemas e/ou dificuldades não só técnicas, mas 
que envolvam o bem estar da Sociedade e como ela deve reagir a essas alterações. 
 
 
ABSTRACT 
 
Finally, after long historic acting Brazilian Community on Dam Safety awaits regulation 
of Federal Law #12.334/2010 on Dam Safety. 
 
One of the enclosed items inside that Law refers to Dam stability evaluation and its 
consequent Safety. In this Paper, some comments present key factors to check 
(Potential Failure Modes) whenever one must make a decision regarding Dam 
maintenance, refurbishment and upgrading Dam Safety classification, including 
aspects in hydrologic and hydraulic items. 
 
Increase in Spillway capacity in order to pass Design Flood (revised values) may pose 
some problems and technical difficulties as well they may relate to Society’s wellbeing. 
 
COMITÊ BRASILEIRO DE BARRAGENS 
XXX - SEMINÁRIO NACIONAL DE GRANDES BARRAGENS 
FOZ DO IGUAÇU – PR, 11 A 13 DE MAIO DE 2015 
RESERVADO AO CBDB 
XXVI Seminário Nacional de Grandes Barragens 2 
1. PRÓLOGO 
 
Conforme se entende com a aprovação (e futura Regulamentação) da Lei n. 
12.334/2010, a Segurança de Barragens, é uma Responsabilidade Ética, Legal e 
Moral. Assim, a Proprietária de Barragem pode ser processada para responder por 
eventuais danos causados a Terceiros, por falha de construção, operação e/ou de 
manutenção das estruturas. 
 
O Plano de Segurança de Barragens, da Proprietária de Barragem deve prever as 
atividades principais: 
 Supervisão e Monitoramento das Estruturas (com emissão dos Relatórios); 
 Inspeção Visual (rotineira e periódica, por pessoal próprio ou contratado; por 
Consultor e/ou representante da Agência Reguladora); 
 Reavaliação Periódica (independente) da Estabilidade da Barragem; 
 Plano de Ação Emergencial – PAE (se for exigido na Classificação); 
 Avaliação da Segurança Patrimonial e de proteção ao Público; 
 Estudo dos Potenciais Modos de Ruptura; e 
 Avaliação e Definição dos Riscos. 
 
Nos estudos de estabilidade, pode ser considerado que a capacidade de vertimento 
não está mais adequada, tendo em vista novas situações a jusante e as novas teorias 
usadas nas avaliações (por exemplo, quando um vertedouro foi dimensionado por 
Cheia de Projeto antiga – Bimilenar, e agora se deve usar a Decamilenar e/ou PMF). 
Então, havendo um novo dimensionamento, pode ser adotado o aumento de 
capacidade, com construção de novos vãos ou de um vertedouro auxiliar. 
 
No entanto, deve ser alertado que, os efeitos de maiores vazões a serem 
descarregadas, podem causar muitos prejuízos ao Vale a jusante e a Análise de Risco 
deve ser efetuada, inclusive para permitir a avaliação de outras alternativas 
(estruturais e não estruturais – inclusive operacionais). 
 
 
2. SOBRE A SUPERVISÃO E MONITORAMENTO 
 
Conforme a publicação do Comité Nacional Español de Grandes Presas (tradução do 
Boletim ICOLD n. 138), para se garantir o adequado padrão de Segurança de 
Barragens, há necessidade de ser estabelecido um Plano de Supervisão. A 
Supervisão de Barragens (Figura 2.1) é importante para que se possa detetar 
antecipadamente, os eventos ou fenômenos que possam representar algum tipo de 
Risco para a integridade (estrutural, funcional e operacional) do Aproveitamento, 
incluindo todos os equipamentos e obras auxiliares. 
 
Para a maior redução possível na Probabilidade de Falha e/ou de Ruptura da 
Barragem, o Plano deve realizar atividades de: 
 Estudo dos Potenciais Modos de Ruptura – PFMA; 
 Determinação (antecipada) dos Fatores Iniciadores, os quais 9se não 
controlados) podem induzir rapidamente a Falha e/ou Ruptura; 
 Estudo dos Parâmetros Físicos que permitam o adequado conhecimento do 
comportamento da Barragem, para se manter seu grau de Segurança. 
 
COMITÊ BRASILEIRO DE BARRAGENS 
XXX - SEMINÁRIO NACIONAL DE GRANDES BARRAGENS 
FOZ DO IGUAÇU – PR, 11 A 13 DE MAIO DE 2015 
RESERVADO AO CBDB 
XXVI Seminário Nacional de Grandes Barragens 3 
 
 
FIGURA 2.1: Supervisão de Barragens 
(apud Comité de Vigilancia de Presas, 2011). 
 
Não só a estrutura desse Plano deve ser adequada e com base em procedimentos e 
critérios técnicos avançados, mas também a equipe e pessoas envolvidas com as 
atividades, devem ter a obrigatória Capacitação, obtida por meio de Treinamentos 
específicos e experiência adquirida em serviços de campo. Não adianta contar com 
pessoas apenas Teóricas (mesmo que bem estudadas). No Brasil, parece não existir 
mais um número considerável de Engenheiros experientes e com adequado 
conhecimento prático em Instrumentação de Auscultação e Segurança de Barragens. 
 
Em diversas Barragens, a realização de Inspeção Visual Periódica permitiu verificar a 
série de falhas de projeto, de instalação e até mesmo de procedimentos de leituras. 
Não é porque a pessoa responsável pelo projeto da Instrumentação de Auscultação 
possui titulação acadêmica (‘Strictu Senso’), que ela realmente está Capacitada a ser 
a pessoa mais indicada para essas atividades (principalmente de campo). Esse tipo 
de formação teórica está (aparentemente) mais indicada e voltada à formação teórica 
para pessoas interessadas em Carreira Acadêmica. E mesmo os recentes cursos de 
Especialização em Segurança de Barragens, não vão realmente Capacitar o titulando 
nas ‘expertises’ da Instrumentação de Auscultação. 
 
Espera-se que a Regulamentação da Lei n. 12.334/2010 não venha a servir de escudo 
para a participação inadequada (em atividades de Supervisão de Barragens) de 
qualquer Engenheiro que se considere Capacitado, simplesmente porque possui 
CREA (e quando muito, esteve, durante algum tempo, envolvido com atividades em 
projeto, ou construção, ou operação de Barragens). 
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3. SOBRE AS INSPEÇÕES VISUAIS 
 
Anteriormente (CBDB, 1999), no Estado da Prática em Segurança de Barragens eram 
considerados alguns tipos de Inspeção Visual: Inspeção Rotineira (feita 
periodicamente, normalmente na frequência Mensal, pelo responsável pelas 
atividades locais, em Segurança de Barragens); Inspeção Periódica (feita 
periodicamente, normalmente na frequência Anual, pelo Engenheiro responsável 
pelas atividades em Segurança de Barragens, eventualmente sendo Terceirizado); 
Inspeção Formal (com frequência determinada pela Agência Reguladora, sugerida 
como a cada 5 anos, e realizada por equipe multidisciplinar independente); e Inspeção 
Especial (sem frequência determinada, mas relacionada com a necessidade de se 
verificar o estado das estruturas, após a ocorrência de um evento de grande porte --- 
Cheia Anormal; Sismos; etc). 
 
Coma aprovação da Lei n. 12.334/2010, foi alterada a Nomenclatura, para: Inspeções 
de Segurança Regulares em Barragens e Inspeção de Segurança Especiais de 
Barragens. 
 
As Inspeções de Segurança Regulares de Barragem têm com produtos finais: a Ficha 
de Inspeção Regular (preenchida); o Relatório de Inspeção Regular; o Extrato da 
Inspeção de Segurança Regular de Barragem; e a Declaração de Condição de 
Estabilidade da Barragem. O objetivo é o de se avaliar as condições físicas das partes 
integrantes da Barragem visando identificar (antecipadamente) e monitorar Anomalias 
que afetem Potencialmente a Segurança da Barragem. 
 
As Inspeções de Segurança Especiais de Barragem têm com produtos finais: a Ficha 
de Inspeção Especial (preenchida); o Relatório de Inspeção Especial; o Extrato da 
Inspeção de Segurança Especial de Barragem; e a Declaração de Condição de 
Estabilidade da Barragem. Essa Inspeção de Segurança Especial deverá ser 
realizada, sempre que ocorra algum evento negativo (o que permitirá identificar 
alguma Anomalia considerável, nos itens constantes da Planilha de Avaliação do 
Estado de Conservação da Barragem, estabelecida na Regulamentação da Lei). O 
objetivo é o de se avaliar as condições físicas das partes integrantes da Barragem 
visando identificar e monitorar Anomalias que afetem Potencialmente a Segurança da 
Barragem, provavelmente causadas pelo evento inesperado. Essa Inspeção pode ser 
realizada por pessoas do quadro da Proprietária, ou poderá ser efetuado por equipe 
mista, contando com apoio externo, de Consultor 
 
 
4. SOBRE AS REAVALIAÇÕES PERIÓDICAS 
 
No texto da Lei n. 12.334/2010 existe referência à exigência na realização de 
Reavaliações Periódicas das condições de estabilidade da Barragem, por equipe 
Multidisciplinar e Independente (não pertencente aos quadros da Proprietária da 
Barragem). 
 
A Frequência de realização desses estudos está ligado à Classificação da Barragem 
e à quantidade de Aproveitamentos da Proprietária (conforme estipulado na 
Resolução ANA n. 91/12 e CNRH n. 143/12). 
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De acordo com a Classificação da ‘Categoria de Risco’ e de ‘Danos Potenciais’ (de 
ALTO, MÉDIO ou BAIXO) os intervalos de Revisões Periódicas variam entre 5 anos, 
7 anos ou 10 anos. Já em função da quantidade de Barragens (variando entre 1 e 
mais que 20 Barragens), foram considerados (a contar a partir de 20SET12) os Prazos 
Intermediários (variando de: 3 Barragens em até 2 anos, para 7 Barragens em até 4 
anos) condicionados aos respectivos Prazos Limites (variando entre 1 ano e 12 anos). 
 
Deve ser tomado o devido cuidado para se determinar a necessidade de obtenção de 
novos e atualizados parâmetros (principalmente geotécnicos) para realização dos 
estudos de estabilidade, por meio de modelagem matemática e uso de procedimentos 
computadorizados (pelo Método dos Elementos Finitos - MEF e/ou outros). Valores 
originais e muito antigos, com parâmetros obtidos por ocasião do projeto e construção 
original da obra (por mais de 10 anos) devem ser desprezados, pois não refletem mais 
a ‘condição atual’ da estrutura. É recomendável a execução de novas investigações 
(coleta de Amostras Deformadas e Indeformadas e realização de Ensaios Especiais 
de Laboratório) para atualização dos parâmetros. 
 
Antes do uso dos dados fornecidos pela Instrumentação de Auscultação, existentes 
em banco de Dados, deve ser verificada a autenticidade e acuidade dos valores. A 
situação dos Instrumentos de Auscultação (sensores, terminais e medidores), dos 
procedimentos de Compilação, de Validação, de Arquivo e de Avaliação devem ser 
verificadas e aprovadas. Pode ter ocorrido falha de Instalação, ou falta de 
entendimento do procedimento de leitura, ou interferência local no funcionamento do 
Instrumento de Auscultação, etc, o que poderia causar erro de interpretação e uso dos 
dados, na Reavaliação da Estabilidade da Barragem. 
 
 
5. SOBRE O PLANO DE AÇÃO EMERGENCIAL - PAE 
 
Ainda se aguarda a Regulamentação do item sobre o Plano de Ação Emergencial – 
PAE, na Lei n. 12.334/2010. Por enquanto, não está havendo forte cobrança das 
Agências Reguladoras quanto à realização desses estudos e emissão de 
documentos. 
 
Espera-se que não haja confusão entre responsabilidades e seja determinada a 
divisão entre o que compete à Empresa Proprietária, também chamada de 
Empreendedor, e o que deve ser de responsabilidade dos Órgãos Públicos (Prefeitura 
Municipal, Defesa Civil, Agências estaduais e federais, etc). Assim, deverão ser 
preparados dois documentos diferentes, separados, mas mutuamente dependentes e 
complementares: Plano de Ação Emergencial – PAE (da Proprietária) e Plano de 
Reação de Emergência (dos Órgãos Públicos). 
 
No VIII Simpósio de Pequenas e Médias Centrais Hidrelétricas – SPMCH realizado 
pelo CBDO em 2013 em Porto Alegre, RS, foi apresentado trabalho referente às 
condições básicas de preparo do Plano de Ação de Emergência – PAE (CARDIA & 
ANDERÁOS, 2013). Também existe um Trabalho aprovado para este presente evento 
(CARDIA et al, 2015), procurando contribuir para o conhecimento dos procedimentos 
básicos esperados para realização de Plano de Ação Emergencial – PAE, para futuro 
atendimento à Regulamentação do item respectivo, da Lei n. 12.334/2010. 
 
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6. SOBRE A AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA POR OUTROS ASPECTOS 
 
Normalmente se fala muito (ou se escreve muito) sobre a questão da Segurança de 
Barragens, do ponto de vista de questões físicas e estruturais. Em inglês, existe uma 
diferenciação entre ‘Safety’ (Segurança Estrutural da Barragem) e ‘Security’ 
Segurança Patrimonial e Pessoal em relação à Barragem). Em português, a palavra 
‘Segurança de Barragem’ abrange todos esses diversos aspectos. 
 
Devem ser lembradas as necessárias atividades preventivas para a Segurança da 
Barragem, que possam envolver aspectos indiretos: Risco de Acidentes com 
Equipamentos (Incêndios, Quebras, Arrancamentos, Deterioração, etc); Riscos de 
Atos de Invasão, Vandalismo, e/ou Terrorismo (como a questão de ações do 
Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB, na Sala de Comando da UHE 
Tucurui); Riscos de Ingerência Política na Operação do Reservatório; Evolução 
Tecnológica, alterando os Procedimentos de Classificação no Risco da Barragem, 
e/ou os Limites e Referências anteriormente permitidas por Lei; etc. Logicamente, 
deveria existir um Manual (Plano de Contingência) para orientar quanto à existência 
de recursos e Procedimentos para fazer face a essas ocorrências. 
 
Outro aspecto a ser considerado, seria a questão da validade de uso de alternativa à 
necessidade de adequação do Aproveitamento à Cheia de Projeto atualizada, 
contando simplesmente com o aumento da capacidade de Vertedouro (construção de 
mais vãos, livre ou com comporta). 
 
Existe uma publicação da American Society of Civil Engineers (ASCE 1994), que 
apresentou o resultado de estudos realizados para determinação de tipos de proteção 
contra ou em caso de Galgamento de Barragem. Foram debatidos e relacionados os 
recursos (normalmente úteis para Pequenas Barragens): Vertedouro Labirinto; 
Aterros Fusíveis; Capeamento de Talude com Concreto Compactado com Rolo – CCR 
(ou com Blocos Articulados, para Barragens menores). Também foram considerados 
os problemas de Gerenciamento no Vale a jusante e a implantação de Sistemas de 
Alerta Antecipado no Vale a jusante. 
 
Recentemente (24 a 26NOV14) foi realizado em Madri, Espanha, pelo Comité 
Nacional Español de Grandes Presas – SPANCOLD, o primeiroSeminário 
Internacional sobre Proteção de Barragens contra Galgamento e Vazamentos 
Acidentais. Foram apresentados resultados de estudos de proteção (com uso de 
materiais macios e/ou duros) contra Ruptura por Galgamento, para Barragens de 
Terra e Enrocamento, Barragens de Concreto e Barragens de Alvenaria (ou Cantaria). 
 
 
7. SOBRE POTENCIAIS MODOS DE RUPTURA 
 
O desenvolvimento e aplicação das Análises de Potenciais Modos de Ruptura 
(Potential Failure Mode Analysis – PFMA) por Federal Energy Regulatory Commission 
– FERC, nos EUA, ocorreu já em 2002 (REGAN, 2012). Considerou-se então, que 
todas as barragens classificadas como tendo Risco Alto ou Considerável, deveriam 
receber essa análise (PFMA). Ela deveria ser revisada, nas reavaliações periódicas, 
efetuadas a cada 5 (Cinco) anos. 
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FOZ DO IGUAÇU – PR, 11 A 13 DE MAIO DE 2015 
RESERVADO AO CBDB 
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Aqui no Brasil, com a aprovação da Lei, se espera que analogamente, sejam 
efetuadas essas análises, não só para o desenvolvimento do Plano de Ação de 
Emergência - PAE, mas também, dentro das atividades de Revisão Periódica. 
 
Por definição, os Estudos dos Potenciais Modos de Ruptura - PFMA englobam uma 
sequência de eventos que pode culminar com a Ruptura da Barragem. Como a 
definição de Falha (no sentido de Ruptura) considera uma liberação não controlada 
de forte vazão, a Ruptura da Barragem não precisa ser uma Ruptura Total e 
catastrófica, da estrutura. Os estudos devem ser efetuados, sem se considerar valores 
de possibilidade e/ou probabilidade de Ruptura. 
 
Inicialmente devem ser obtidos todos os materiais e documentos relevantes 
disponíveis, para verificação e triagem. A equipe de estudo deve verificar as 
informações e buscar familiaridade com a barragem e suas instalações anexas. 
 
No segundo passo, a realização de Inspeção Visual das instalações irá permitir 
conhecer realmente como o Aproveitamento foi construído e qual sua atual (aparente) 
situação. Com apoio e troca de informações da equipe operacional (local) que 
acompanhe a Inspeção, podem ser idealizados os locais mais vulneráveis e realmente 
as possibilidades de problemas que poderão ocorrer, principalmente, vistos da forma 
não tradicional. 
 
A equipe de estudo deve efetuar um debate a respeito das possíveis vulnerabilidades 
da estrutura, permitindo ao Líder ou Facilitador, listar os principais e viáveis Potenciais 
Modos de Ruptura para essa Barragem em particular. Esse Facilitador deve verificar 
que todos tenham entendido os detalhes dos Potenciais Modos de Ruptura. Deve se 
procurar imaginar todo e qualquer possível modo que a estrutura poderia vir a falhar 
e/ou chegar à Ruptura. 
 
Para o real conhecimento do fenômeno, devem ser buscados, identificados e descritos 
os três fatores principais: 
 
 Fato Iniciador = Um evento ou ação que dará início á sequência indesejada 
de eventos, por exemplo: Elevação anormal do reservatório; Cheia inesperada; 
Terremotos; Deterioração e/ou falta de manutenção em equipamentos e/ou sistemas; 
 
 Mecanismo de Falha e de progresso = Uma condição que (eventualmente 
associada a outros eventos ou ação), irão permitir a á sequência e o rápido progresso 
do(s) evento(s) indesejado(s). Deve se procurar reconhecer adequada e 
completamente, as condições do local e do caminho do evento, porá se tentar avaliar 
possíveis ações corretivas; 
 
 Impacto do Mecanismo de Falha e de seu Progresso, sobre a Segurança 
da Estrutura = Características da Falha (ou Brecha); Rapidez do Progresso; Forma 
e disposição localizada da Falha; Tipo e condições da Falha ou Ruptura (parcial; local, 
total, etc); 
 
Deve se procurar conhecer e entender em condição de detalhes, a forma de progresso 
da Falha, que pode levar à Ruptura do Aproveitamento. 
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E, para que o estudo dos Potenciais Modos de Ruptura para essa Barragem em 
particular possa ser realmente produtivo, inicialmente já se deve procurar entender a 
real finalidade e os objetivos do estabelecimento desse tipo de estudo (PFMA). 
 
A qualidade do estudo de PFMA está relacionada com a capacidade de se 
desenvolver completamente os detalhes do evento, deste o Fato Iniciador, até sua 
Falha ou Ruptura. Deve ser usado o bom senso e a experiência para se desenvolver 
completamente o estudo de PFMA, considerando-se que ao final do evento, poderá 
ocorrer uma elevada e incontrolada vazão (Falha ou Incidente) ou poderá ocorrer (até 
mesmo) uma Ruptura Catastrófica (Acidente). 
 
Tendo em vista as condições particulares da Barragem, devem ser verificadas as 
possíveis e prováveis condições de carregamento estrutural: 
 
 Comportamento Hidrológico no Reservatório; 
 Comportamento Hidráulico (Condição Estática de ‘Fio-d’água’ e/ou Condição 
Sazonal do Reservatório); 
 Ação Dinâmica da ocorrência de Sismo; 
 Comportamento Operacional (Funcionamento Anormal de Sistemas; Falha 
Humana do Operador; etc). 
 
Podem ser lembrados alguns dos principais problemas a serem enfrentados, para as 
Barragens; 
 
 Erosão Hídrica, eventualmente chegando ao Piping; 
 Deslocamento da Estrutura (Recalques; Escorregamentos; Falha de 
Resistência por Dissolução de materiais do corpo ou Fundação ou Ombreiras); 
 Galgamento, por Falha de Comportas do Vertedouro (ou sua Insuficiência); 
 Etc 
 
Uma vez relacionadas e estudadas (em detalhes) as possíveis ocorrências, deve ser 
preparado um Relatório, contendo as informações objetivas. Devem ser listados os 
principais Fatores Mais Prováveis. Devem ser listados em seguida, os principais 
Fatores Menos Prováveis. Deve se procurar identificar e salientar os Fatores Chave, 
que justifiquem e/ou afetem o julgamento dessa forma de ocorrência. Deve ser 
lembrado que podem existir Fatores Desconhecidos, os quais (podendo ser estimados 
ou lembrados) devem ser registrados. 
 
Logicamente, seria importante registrar que se considerou o Risco de existirem 
Fatores Desconhecidos e Não Lembrados ou Não Reconhecidos. (Não Se Sabe Que 
Não Se Sabe!). 
 
Caso os resultados dos estudos de PFMA indiquem que haja uma sensível suspeita 
de ocorrência do evento, poderia ser efetuada a avaliação desse Risco. Se a Falha 
ou Ruptura ‘Já esteja em Progresso’ ou em estado de ‘Iminência’, não haverá tempo 
para se preocupar com o estudo e quantificação do Risco. Na verdade, já se deve 
tomar Ação Imediata. Se não há suspeita ou se não há credibilidade na ocorrência de 
um determinado evento, então não será necessário o progresso dos estudos para se 
determinar quantitativamente esse Risco. 
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Se não houver disponibilidade de informações suficientes para permitir a avaliação da 
credibilidade de ocorrência do evento, então deve ser dada continuidade aos estudos. 
Precisará ser verificada a estimativa do Risco, e desenvolver as análises de 
sensibilidade dos parâmetros chave existentes, para se determinar se há necessidade 
de mais investigações e análises mais aprofundadas. 
 
Ao final dos estudos de PFMA, deve ser feita uma avaliação das conseqüências da 
possível Falha e/ou Ruptura. Diferentes formas de Falha e/ou de Ruptura irão 
apresentar diferentes impactos no Vale a jusante, principalmente em termos de 
Perdas de Vidas e em Impactos Econômicos e Ambientais. Dependendo do tipo e 
condições de estrutura, a evolução da Falha e da Ruptura irá apresentar uma 
diferença de Tempo, resultando em maior ou menorintervalo de tempo de Reação. 
 
Além disso, a variação sazonal de níveis do reservatório irá causar diferentes 
impactos a jusante. Esse tipo de situação vem a ilustrar a justificativa para que a 
Modelagem da Ruptura da Barragem seja feita também para o Cenário de Vazões 
Incrementais. Deve ser lembrado que, normalmente, um Potencial Modo de Ruptura 
com Baixas Consequências, provavelmente irão representar u’a maior Probabilidade 
de ocorrência. 
 
Deve ser lembrado que, o Relatório deve ser o melhor detalhado e documentado 
possível, para que se comprove e justifique as decisões tomadas, ao longo do preparo 
e desenvolvimento dos estudos de PFMA. Assim, esse documento poderá ser 
realmente valioso em futuras situações de problemas. 
 
 
8. SOBRE ‘RIDM’ 
 
Para a Tomada de Decisão, em referência a itens e/ou eventos que possam envolver 
a Segurança de Barragens, o Executivo precisa ter à sua disposição todos e possíveis 
detalhes técnicos, administrativos, e se possível legais. Essas informações devem ser 
preparadas por equipe(s) experientes e confiáveis. Entretanto, nem sempre é possível 
dispor de tempo prévio para promover as necessárias e adequadas avaliações. 
 
Inicialmente no Brasil, as informações sobre Avaliações de Riscos em Barragens 
foram apresentadas em uma publicação do CBDB (SILVEIRA, 1999). Em Portugal, 
algumas publicações importantes para a divulgação dos estudos sobre Riscos em 
Barragens, no Vale a jusante e em Geotecnia foram emitidas pelo Laboratório 
Nacional de Engenharia Civil – LNEC (VISEU, 2008; CALDEIRA, 2008; e BAPTISTA, 
2009). 
 
Em atividades relacionadas com Supervisão de Barragens, ‘Risco’ envolve: 
 
 A Probabilidade de Ocorrência de um Carregamento (por exemplo: Cheia 
Anormal; Sismo; etc); 
 
 A Probabilidade de Ocorrência de uma Reação Anormal da estrutura (por 
exemplo: Cheia Anormal Provocando Danos no Vertedouro e/ou Comporta; 
Falha e/ou Ruptura na Barragem; etc); 
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 A Magnitude das Consequências Advindas daquele Evento Anormal (por 
exemplo: Perdas de Vidas; Danos Ambientais; Danos Econômicos; etc). 
 
O uso de Teoria de Risco para determinação e/ou justificativa na Tomada de Decisões 
(RIDM) envolve as atividades de: 
 
 Análise de Risco 
Devem ser estudados e determinados os Potenciais Modos de Falha – PFMA, 
o Comportamento Estrutural e as prováveis Condições Adversas, para os quais 
devem ser dadas as estimativas Qualitativa e Quantitativa para a Probabilidade 
de Ocorrência e Magnitude das Consequências desses Potenciais Modos de 
Ruptura (carregamentos, níveis de reservatório, valor de cheias, 
carregamentos por sismos, etc); 
 
 Avaliação do Risco 
Devem ser examinadas as Condições de Segurança da Barragem, buscando 
emitir recomendações específicas de atuação, bem como contribuir para que 
seja possível a Tomada de Decisão. Deverão ser considerados os principais 
Fatores: Probabilidade de Ocorrência; Extensão das Consequências; Custos 
de Prevenção e/ou de Recuperação; Impactos de toda ordem; etc. Pode ser 
considerada necessária a realização de investigações e/ou estudos adicionais 
aprofundados (incluindo ampliação da Auscultação; Ensaios Especiais; etc) 
e/ou Ação Remediais de Emergência. Eventualmente, pode ser julgado mais 
prudente o Descomissionamento da Barragem. Ou, até mesmo, ser avaliada 
uma situação já estabilizada, para a qual não serão mais necessárias, Ações 
Adicionais. 
 
A Avaliação dos Riscos envolvidos pode ser efetuada pelo pessoal técnico da 
equipe interna da Proprietária da Barragem, ou De Consultoria Contratada e/ou 
contar com a participação de representantes de Agência Reguladora. 
 
 Gerenciamento do Risco. 
Prevê a Tomada de Decisão Informada pelo Conhecimento do Risco (RIDM), 
priorizando a Avaliação do Risco (Ambiental; Cultural; Ético; Legal; Político e 
Social); as Atividades de Redução do Risco; e a organização de Planos ou 
Programas de Tomadas de Decisões relacionados com o gerenciamento 
organizacional de um Portfólio de Barragens. 
 
Devem ser consideradas Ações Estruturais e/ou Não Estruturais, em 
complementação Às atividades rotineiras e periódicas (Auscultação, Inspeção 
Visual, Reavaliação Estrutural, Complementação de Estudos locais, 
Confirmação da Eficácia e Eficiência do Plano de Ação Emergencial – PAE, 
entre outras atividades). 
 
A Comunicação Interpessoal e/ou Interempresarial deve fazer parte constante de 
todos os aspectos principais do Processo de Tomada de Decisão Informada no 
Conhecimento do Risco (RIDM). A Comunicação sobre as condições de Risco não 
deve ser efetuada só dentro da organização da Empresa (e eventualmente de suas 
Contratadas – Projetista, Consultor, Construtora, etc). 
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Deve ser feita, principalmente, da Empresa com a Agência Reguladora e também com 
Entidades, Empresas e/ou Órgãos que possam ser afetados em caso de ocorrer a 
Falha e/ou Ruptura da Barragem. 
 
Então, a Avaliação de Risco em Segurança de Barragens conta inicialmente com os 
Estudos de Potenciais Modos de Ruptura – PFMA. Esse tipo de estudo deveria se 
tornar padrão nas Reavaliações Periódicas que passaram a ser exigidas com a 
aprovação da Lei n. 12.334/2010. Deve ser lembrado que PFMA é apenas uma forma 
de avaliação qualitativa, e não u’a ferramenta de decisão gerencial/técnica. A 
identificação dos Potenciais Modos de Ruptura fornece dados para u’a melhor 
avaliação da Segurança da Barragem, incluindo detalhes sobre: Monitoramento 
(Instrumentação de Auscultação e Inspeção Visual); Plano de Ação Emergencial – 
PAE e dados para recuperação e resiliência em caso real de Emergência; Condições 
adequadas de O&M, em termos de Segurança de Barragem; etc). 
 
Após a obtenção dos Possíveis Modos de Ruptura, a Priorização (com uso de Índices 
adequados) irá ajudar na definição das necessidades, em termos de investigação, 
estudos e classificação de Segurança. O uso de uma forma de medição dos Índices 
poderá definir essa atividade como sendo Informada pelo Risco. Essa atividade pode 
ter algum tipo de limite em seu escopo. Assim, poderá ser complementada pelo estudo 
mais completo. 
 
A Avaliação do Risco em Portfólio contribui para a determinação das prioridades em 
termos de comparação de custos e disponibilidade econômica, para decisões de O&M 
em relação a itens da Segurança de um grupo de Barragens, normalmente de uma 
mesma Empresa. Com esse tipo de estudo, os representantes das Proprietárias 
poderão ter u’a melhor visão para interrelação entre as tomadas de decisão e suas 
responsabilidades legais. 
 
Finalmente, deve ser feita a Avaliação Quantitativa do Risco. Os resultados dos 
estudos contribuem para um melhor entendimento das Probabilidades e suas 
Consequências, envolvendo tomadas de decisão (de Executivos e Acionistas da 
Empresa), relacionadas com Segurança de Barragens. Logicamente, podem existir as 
incertezas que farão parte dos estudos, seja na introdução dos dados disponíveis, e 
logicamente nos resultados obtidos. 
 
Torna-se necessário um melhor uso de estimativas para Probabilidades de Ocorrência 
dos Eventos e de suas Consequências. Por envolver a Segurança de pessoas no Vale 
a jusante e a visão da Opinião Pública, devem ser bem definidos os critérios de 
aceitação e tolerância dos riscos. Normalmente, tem sido feita referência ao critério 
conhecido como ‘ALARP’ (As Low As Reasonably Possible). No entanto, se deve 
procurar interpretar o problema da Cultura Regional, na avaliação e uso desses 
critérios. No final das contas,uma ocorrência de evento indesejável, pode parecer 
simples (técnica e/ou legalmente), mas pode trazer grandes danos para a Empresa 
(pelo menos no aspecto de Imagem Pública), caso as pressões emocionais sofridas 
pelas pessoas afetadas façam com que elas julguem que a Empresa não agiu com a 
devida Responsabilidade. Inclusive, a Empresa poderá sofrer Processo para que 
venha a custear os Tratamentos Psicológicos para as pessoas envolvidas no evento, 
que se considerem traumatizadas (GLESER et al, 1981). 
 
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Como se trata ainda de uma atividade relativamente nova, com opiniões favoráveis e 
outras, um tanto discordantes, a Avaliação de Riscos deve ser usada com o devido 
cuidado, servindo (ainda) de auxílio às avaliações de Segurança de Barragens nas 
formas mais tradicionais 
 
Em todo e qualquer estudo envolvendo Risco de Ruptura de Barragem, devem ser 
considerados (pelo menos) alguns Princípios Básicos: 
 
 A Segurança de Vida é Primordial, consequentemente, a Preservação da 
Barragem também é muito importante; 
 O Processo de Tomada de Decisão deve ser Informado dos resultados 
adequados da Condição de Risco, a qual também deverá ser aplicada na 
melhoria das condições de Segurança da Barragem; 
 Os Riscos para Vida e Propriedades, impostos pelos problemas com a 
Barragem devem ser identificados e reduzidos para uma condição de Limite de 
Risco Socialmente Aceitável, ou ‘ALARP’ (As Low as Reasonably Practicable); 
 A Urgência na implementação das Ações para recuperação da Segurança da 
Barragem deve ser compatível com o Grau de Risco adotado ou assumido. 
 
Muito importante nesse contexto é o Reconhecimento e a Compreensão (por parte 
dos Engenheiros, mas, principalmente por parte dos Executivos da Proprietária) do 
‘Risco Tolerável’. Este pode também ser considerado como ‘Risco Residual’. É aquele 
que permanece, mesmo após terem sido desenvolvidas ações imediatas para se 
tentar reduzir o Risco, ou após se confirmar que uma Condição de Risco de remota 
possibilidade não seria realmente um problema factível para a Segurança da 
Barragem. 
 
Também se pode considerar como ‘Risco Tolerável’ ou como ‘Risco Residual’, aquela 
situação em que, a Alta Diretoria da Empresa Proprietária, tendo recebido os detalhes 
sobre todos os fatos e informações relacionados com problemas para a Segurança da 
barragem, concluem e/ou decidem que Ações Adicionais não são Razoavelmente 
Práticas. Para essa decisão, existem outros aspectos, que não o meramente 
relacionado com a estimativa do valor numérico do Risco, entre elas: 
 
 O elevado custo para reduzir ainda mais, o já pequeno Risco; 
 O grau de Certeza ou de Incerteza a respeito de vários aspectos do problema; 
 Um precedente em Decisões semelhantes, em outras Barragens similares; 
 A Possibilidade de que a preocupação não tenha maneira razoável de ser 
lidada na prática; 
 A Probabilidade de Sucesso e o Tempo necessário para uma possível ação 
remediadora; 
 Outras considerações. 
 
 Deve ser observado que, independentemente do tipo de Ação tomada (ou deixada 
de tomar), irá sempre existir um determinado grau de ‘Risco Residual’. Portanto, ao 
invés de se ignorar ou se fingir que o Risco seja ‘Nulo’, recomenda-se que sejam 
estudados e identificados os graus de ‘Risco Tolerável’ para os vários aspectos 
envolvendo a Segurança da Barragem e do Vale a jusante. 
 
 
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9. COMENTÁRIOS CONCLUSIVOS’ 
 
Infelizmente, nas Empresas de Hidroeletricidade, não tem sido reconhecido o valor 
das ações de Supervisão de Barragens, no aspecto de Engenharia Civil. Só é bem 
quisto o item ‘Elétrico’ (pois a Geração é que propicia a entrada de Eletrodólares). É 
aceito o item ‘Mecânico’ (pois a Operação e a Segurança necessitam da contribuição 
das Turbinas, outras engrenagens e das Comportas). Já a Engenharia Civil já 
providenciou a construção e assim, não necessitaria de mais gastos. Ainda mais, que 
‘não contribui nada para a geração’). Os Executivos não entendem que na prática, há 
um ‘Tripé’. Não havendo Manutenção Civil e prevenção na Segurança de Barragens, 
a Ruptura da Barragem irá impedir a geração (por falta de água e/ou inundação da 
Casa de Força), além de serem necessários gastos com reconstrução, indenizações, 
processos legais e criminais (em caso de mortes), queda de Imagem Empresarial, etc. 
 
Deveriam ser lembradas outras questões que estão relacionadas com a Segurança 
de Barragens, mas, nem sempre de forma direta para a estrutura, como o caso de 
Proteção a Pessoas nas Áreas da Barragem. A Segurança da População no Vale a 
jusante é uma das principais justificativas para a necessidade de se manter uma 
adequada atividade preventiva em Segurança de Barragens. Diversas atividades 
praticadas por pessoas (principalmente de Terceiros, não ligados à Empresa 
Proprietária e a atividades Técnicas nas Barragens), nas proximidades das áreas 
afetadas pela simples existência da Barragem (com seu Reservatório), podem resultar 
em Incidentes, acidentes e até mesmo, em tragédias. Inicialmente, isso seria causado 
pela falta de conhecimento das pessoas, dos Potenciais Riscos existentes. 
 
É obrigação das Proprietárias, efetuar estudos e tomar medidas adequadas, para 
alerta e proteção da população afetada. Logicamente, as questões diretamente 
ligadas à Ruptura, são tratadas no Plano de Ação de Emergência – PAE. Mas, as 
variações repentinas nos fluxos do rio, com variações de quantidade de geração e/ou 
de aberturas de comportas dos Descarregadores, podem provocar consequências 
indesejáveis e danosas às pessoas. Devem ser verificados os problemas relacionados 
com a operação diária de equipamentos e órgãos do Aproveitamento (Unidades 
Geradoras --- Tomada ‘Água e Canal de Fuga; Descarregadores --- Canal de 
Aproximação, Soleira e/ou Poço, Calha, Bacia de Dissipação, Canal de Restituição, 
etc), para que essas informações possam ser usadas nos já citados estudos para 
Gerenciamento de Riscos. Sabe-se de casos onde as pessoas usam as margens do 
Reservatório (nas proximidades da Barragem) para lazer em fins-de-semana, mas 
acabam invadindo as instalações e se aventurando em locais perigosos. 
 
 
10. AGRADECIMENTO 
 
Os Autores agradecem ao Sr. Patrick J. Regan, P.E., por sua intensa atuação no 
desenvolvimento de RIDM e por suas colocações durante as apresentações efetuadas 
no RIDM2 - Basics Workshop 2104, em Madison, WI, EUA. 
 
 
11. PALAVRAS-CHAVE 
 
DECISÃO – PFMA – RISCO - RUPTURA 
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12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
7.1. BAPTISTA, M. L. P, "Abordagens de Riscos em Barragens de Aterro", Teses e 
Programas de Investigação, Série TPI-59, LNEC, Lisboa, PT, 2009; 
 
7.2. BLACKETT, F. L, (2014), "Identifying, Describing and Classifying Potential 
Failure Modes”, Risk Informed Decision Making – Level 1 Training, FERC, 
Madison, WI, USA; 
 
7.3. CALDEIRA, L.M. M. S, "Análises de Risco em Geotecnia. Aplicação a Barragens de 
Aterro", Teses e Programas de Investigação, Série TPI-56, LNEC, Lisboa, PT, 2008; 
 
7.4. CARDIA, R, J. R & ANDERÁOS, A, (2012), "Algumas Considerações sobre 
o Plano de Ação Emergencial - PAE”, in Simpósio de Pequenas e Médias 
Centrais Hidrelétricas, Anais, VIII, CBDB, Porto Alegre, RS; 
 
7.5. CARDIA, R. J. R; ROCHA, H. L. & de LARA, P. G, (2014), " Contribuição aoConhecimento sobre o Plano de Ação Emergencial - PAE”, in Seminário 
Nacional de Grandes Barragens, Anais, XXX, CBDB, Foz do Iguaçú, PR; 
 
7.6. COMISSÃO REGIONAL DE SEGURANÇA DE BARRAGENS, (1999), Guia Básico 
de Segurança de Barragens, NRSP, CBDB, São Paulo, SP, 77 p.; 
 
7.7. COMITÉ DE VIGILANCIA DE PRESAS, (2011), La Vigilancia: Elemento 
Básico de la Gestión de Seguridad de Presas, Boletín 138, versão espanhola 
do Boletim emitido em 2009 por ICOLD, SPANCOLD, 40 pp, Madrid, ES; 
 
7.8. GLESER, G. C, GREEN. B. L. & WINGET, C, (1981), Prolonged 
Psychosocial Effects of Disaster. A Study of Buffalo Creek, Academic Press, 
New York, NY, USA; 
 
7.9. MATEO, M. J, (2014), “Seguridad Pública Alrededor de las Presas”, Boletín 
Trimestral, Julio 2014, Volumen 2 n. 2, SPANCOLD, 12 pp, Madrid, ES; 
 
7.10. REGAN, P. J. (P. E.), (2013), "Senior Leaders Dam Safety Seminar”, Western 
Forum Workshop, FERC, Sacramento, CA, USA; 
 
7.11. SILVEIRA, J.F.A, ‘A Análise de Risco Aplicada à Segurança de Barragens’, Revista 
do Comitê Brasileiro de Barragens, Edição Especial, pág.1-42, CBDB, RJ, NOV99; 
 
7.12. TASK COMMITTEE ON OVERTOPPING PROTECTION, (1994), “Alternatives for 
Overtopping Protection of Dams”, ASCE, NY, USA; 
 
7.13. VISEU, T, "Segurança dos Vales a Jusante de Barragens. Metodologia de Apoio à 
Gestão do Risco", Teses e Programas Investigação, TPI-54, LNEC, Lisboa, 2008; 
 
7.14. WORKING GROUP on RISK ASSESSMENT, (2003), "Summary of USSD 
White Paper on Dam Safety Risk Assessment: What is it? Who’s Using It and 
Why? Where Should We Be Going With It?”, USSD Committee on Dam 
Safety, New York, NY, USA;

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