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e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Escola Técnica Aberta do Brasil Comércio Administração do Comércio Exterior e Legislação do Comércio Internacional Elaine de Fátima Soares Barbosa Souto Luis Fernando Barbosa Ministério da Educação e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Escola Técnica Aberta do Brasil Comércio Administração do Comércio Exterior e Legislação do Comércio Internacional Elaine de Fátima Soares Barbosa Souto Luis Fernando Barbosa Montes Claros - MG 2011 Ministro da Educação Fernando Haddad Secretário de Educação a Distância Carlos Eduardo Bielschowsky Coordenadora Geral do e-Tec Brasil Iracy de Almeida Gallo Ritzmann Governador do Estado de Minas Gerais Antônio Augusto Junho Anastasia Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior Alberto Duque Portugal Reitor João dos Reis Canela Vice-Reitora Maria Ivete Soares de Almeida Pró-Reitora de Ensino Anette Marília Pereira Diretor de Documentação e Informações Huagner Cardoso da Silva Coordenador do Ensino Profissionalizante Edson Crisóstomo dos Santos Diretor do Centro de Educação Profissonal e Tecnólogica - CEPT Juventino Ruas de Abreu Júnior Diretor do Centro de Educação à Distância - CEAD Jânio Marques Dias Coordenadora do e-Tec Brasil/Unimontes Rita Tavares de Mello Coordenadora Adjunta do e-Tec Brasil/ CEMF/Unimontes Eliana Soares Barbosa Santos Coordenadores de Cursos: Coordenador do Curso Técnico em Agronegócio Augusto Guilherme Dias Coordenador do Curso Técnico em Comércio Carlos Alberto Meira Coordenador do Curso Técnico em Meio Ambiente Edna Helenice Almeida Coordenador do Curso Técnico em Informática Frederico Bida de Oliveira Coordenador do Curso Técnico em Vigilância em Saúde Simária de Jesus Soares Coordenador do Curso Técnico em Gestão em Saúde Zaida Ângela Marinho de Paiva Crispim ADMINISTRAÇÃO DO COMÉRCIO EXTERIOR E LEGISLAÇÃO DO COMÉRCIO INTERNACIONAL e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Elaboração Elaine de Fátima Soares Barbosa Souto Luis Fernando Barbosa Projeto Gráfico e-Tec/MEC Supervisão Wendell Brito Mineiro Diagramação Hugo Daniel Duarte Silva Marcos Aurélio de Almeida e Maia Impressão Gráfica RB Digital Designer Instrucional Angélica de Souza Coimbra Franco Kátia Vanelli Leonardo Guedes Oliveira Revisão Maria Ieda Almeida Muniz Patrícia Goulart Tondineli Rita de Cássia Silva Dionísio Presidência da República Federativa do Brasil Ministério da Educação Secretaria de Educação a Distância e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesAdministração do comércio exterior e legislação do comércio internacional AULA 1 Alfabetização Digital 3 Prezado estudante, Bem-vindo ao e-Tec Brasil/Unimontes! Você faz parte de uma rede nacional pública de ensino, a Escola Técnica Aberta do Brasil, instituída pelo Decreto nº 6.301, de 12 de dezembro 2007, com o objetivo de democratizar o acesso ao ensino técnico público, na modalidade a distância. O programa é resultado de uma parceria entre o Ministério da Educação, por meio das Secretarias de Educação a Distancia (SEED) e de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC), as universidades e escola técnicas estaduais e federais. A educação a distância no nosso país, de dimensões continentais e grande diversidade regional e cultural, longe de distanciar, aproxima as pes- soas ao garantir acesso à educação de qualidade, e promover o fortalecimen- to da formação de jovens moradores de regiões distantes, geograficamente ou economicamente, dos grandes centros. O e-Tec Brasil/Unimontes leva os cursos técnicos a locais distantes das instituições de ensino e para a periferia das grandes cidades, incenti- vando os jovens a concluir o ensino médio. Os cursos são ofertados pelas instituições públicas de ensino e o atendimento ao estudante é realizado em escolas-polo integrantes das redes públicas municipais e estaduais. O Ministério da Educação, as instituições públicas de ensino téc- nico, seus servidores técnicos e professores acreditam que uma educação profissional qualificada – integradora do ensino médio e educação técnica, – é capaz de promover o cidadão com capacidades para produzir, mas também com autonomia diante das diferentes dimensões da realidade: cultural, so- cial, familiar, esportiva, política e ética. Nós acreditamos em você! Desejamos sucesso na sua formação profissional! Ministério da Educação Janeiro de 2010 Apresentação e-Tec Brasil/Unimontes e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesAdministração do comércio exterior e legislação do comércio internacional AULA 1 Alfabetização Digital Indicação de ícones 5 Os ícones são elementos gráficos utilizados para ampliar as formas de linguagem e facilitar a organização e a leitura hipertextual. Atenção: indica pontos de maior relevância no texto. Saiba mais: oferece novas informações que enriquecem o assunto ou “curiosidades” e notícias recentes relacionadas ao tema estudado. Glossário: indica a definição de um termo, palavra ou expressão utilizada no texto. Mídias integradas: possibilita que os estudantes desenvolvam atividades empregando diferentes mídias: vídeos, filmes, jornais, ambiente AVEA e outras. Atividades de aprendizagem: apresenta atividades em diferentes níveis de aprendizagem para que o estudante possa realizá-las e conferir o seu domínio do tema estudado. e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesAdministração do comércio exterior e legislação do comércio internacional AULA 1 Alfabetização Digital Sumário 7 Palavra do professor conteudista .................................................9 Projeto instrucional ............................................................... 11 Aula 1 - Introdução ao Comércio Exterior ..................................... 13 1.1 Comércio ................................................................. 13 1.2 Comércio Exterior ...................................................... 14 1.3 Comércio Exterior no Brasil ........................................... 15 1.4 Intervenção do Estado no Comércio Exterior ....................... 16 1.5 Órgãos com atuação no Comércio Exterior ......................... 16 Resumo ....................................................................... 19 Atividades de aprendizagem .............................................. 20 Aula 2 – Planejamento para exportação ....................................... 21 2.1 Preceitos do Exportador ............................................... 21 2.2 Por que Exportar ....................................................... 22 2.3 Começando a Exportar ................................................ 25 2.4 Incoterms ............................................................... 30 Resumo ....................................................................... 33 Atividades de aprendizagem .............................................. 34 Aula 3 – Procedimentos administrativos na Importação ..................... 35 3.1 Importação .............................................................. 35 3.2 Seleção e distribuição para conferência aduaneira ................ 40 3.3 Importação por conta e ordem de terceiros ........................ 41 3.4 Importação por Encomenda ........................................... 41 3.5 Transporte ............................................................... 41 Resumo ....................................................................... 43 Atividades de aprendizagem .............................................. 43 Aula 4 – Legislação Tributária aplicada ao comércio exterior .............. 45 4.1 Planejamento Tributário ............................................... 45 4.1 Legislação Tributária Básica .......................................... 48 Resumo ....................................................................... 50 Atividadesde aprendizagem .............................................. 50 Aula 5 – Legislação Comercial aplicada ao comércio exterior .............. 51 5.1 Legislação Comercial ................................................... 51 Resumo ....................................................................... 53 Atividades de aprendizagem .............................................. 53 Aula 6 – Organismos e acordos internacionais do comércio exterior ....... 55 6.1 Organismos Internacionais ............................................. 55 6.2 Acordos Internacionais e Grupos econômicos ...................... 58 Resumo ....................................................................... 65 Atividades de aprendizagem .............................................. 66 Aula 7 – Leitura, interpretação e redação de contratos ..................... 67 7.1 Cuidados ao montar contrato de exportação ....................... 67 7.2 Tipos de contrato relativos a exportação e importação .......... 68 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Comércio8 7.3 Termos essenciais do contrato ........................................ 69 7.4 Modelos de contrato .................................................... 72 Resumo ....................................................................... 81 Atividades de aprendizagem .............................................. 81 Referências ......................................................................... 82 Currículos dos professores conteudistas ....................................... 84 e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesAdministração do comércio exterior e legislação do comércio internacional AULA 1 Alfabetização Digital 9 Palavra do professor conteudista Seja bem-vindo aos estudos da Disciplina Administração do comér- cio exterior e Legislação internacional do comércio, do Curso Técnico em Administração do Comércio. Em nossa disciplina, vamos mostrar, através de conceitos e exem- plos, toda a dinâmica do comércio exterior, seja nas exportações ou impor- tações. Conhecer as nuances referentes ao comércio exterior e as várias situações que serão observadas quanto a situações entre compradores, ven- dedores, fornecedores, governos, entre outros, é um dos objetivos desta nossa disciplina. A nossa proposta é oferecer subsídios para o aprendizado das tran- sações comerciais de maneira bem fácil, por isso oferecemos recursos teóri- cos e práticos. Para tanto, oferecemos uma série de literaturas complemen- tares, pois nosso estudo não se encerrar aqui, estamos apenas iniciando esta etapa. Para que este aprendizado tenha o efeito esperado, é preciso muita leitura e perseverança para se alcançar bons resultados. Então, bons estudos e seja criativo, procure se informar, se atuali- zar sempre e a colocar em prática os conceitos adquiridos. Faça as atividades propostas para cada unidade e não deixe de acessar o ambiente virtual do curso para ter acesso às atividades complementares, aulas, chats e fóruns. Esta disciplina tem como objetivo desenvolver conhecimentos ne- cessários e suficientes para a análise das operações comerciais internacionais como instrumental de apoio para o processo de tomadas de decisões econô- micas e financeiras nas organizações. e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesAdministração do comércio exterior e legislação do comércio internacional AULA 1 Alfabetização Digital 11 Projeto instrucional Disciplina: Administração do Comércio Exterior e Legislação do Co- mércio Internacional (carga horária: 49h). Ementa: Comércio Exterior: Conceitos básicos, visão geral sobre a política comercial brasileira, órgãos governamentais intervenientes e promo- tores da política comercial, procedimentos administrativos de exportação: planejamento, negociação, incoterms, aspectos cambiais, documentação, operações especiais, incentivos fiscais, procedimentos administrativos da importação: planejamento, negociação documentação, legislação tributária aplicada, legislação comercial aplicada, leitura, interpretação e redação de contratos, organismos e acordos internacionais: países participantes, organi- zação, funcionamento, normas e etc. AULA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM MATERIAIS CARGA HORÁRIA Aula 1. Introdução ao Comércio Exte- rior Compreender os Concei- tos Básicos, visão geral sobre a política comer- cial brasileira, órgãos governamentais interve- nientes e promotores da política comercial. Apostila do e- -tec e textos na página virtual 7 h Aula 2. Planejamento para Exportação Conhecer os procedi- mentos administrativos de exportação. Apostila do e- -tec e textos na página virtual 7 h Aula 3. Procedimentos Administrativos na importação Entender o planeja- mento a ser feito, as negociações e a docu- mentação utilizada na importação. Apostila do e- -tec e textos na página virtual 7 h Aula 4. Legislação Tri- butária aplicada ao Comércio Exterior Conhecer a legislação tributária brasileira aplicada no comércio exterior. Apostila do e- -tec e textos na página virtual 7 h Aula 5. Legislação Co- mercial Aplicada ao Comércio Exterior Conhecer a legislação comercial brasileira aplicada ao comércio exterior. Apostila do e- -tec e textos na página virtual 7 h e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Comércio12 Aula 6. Organismos e acordos inter- nacionais do co- mércio exterior Entender a organização, funcionamento, normas e quais são os países participantes. Apostila do e- -tec e textos na página virtual 7 h Aula 7. Leitura, In- terpretação e Redação de Con- tratos. Aprender como fazer um contrato na área do comércio exterior. Apostila do e- -tec e textos na página virtual 7 h e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesAdministração do comércio exterior e legislação do comércio internacional AULA 1 Alfabetização Digital 13 Aula 1 - Introdução ao Comércio Exterior Figura 1 : Comércio internacional. Fonte: Disponível em: http://universodalogistica.files.wordpress.com/2010/01/comercio_exterior. jpg Acesso em 12 julho 2011 Objetivos Veremos, nesta aula, alguns conceitos básicos do comércio exte- rior, uma visão geral sobre a política comercial brasileira, órgãos governa- mentais intervenientes e promotores da política comercial. Olá cursistas, para iniciarmos nossa disciplina vamos compreender alguns conceitos básicos do comércio, de exportação e importação. 1.1 Comércio Vamos observar os conceitos de comércio tanto na visão econômica quanto na jurídica, esses conceitos são essenciais para o seu aprendizado. Na visão econômica de REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comer- cial. São Paulo: Saraiva, 2005, o comércio é a atividade humana que põe em circulação a riqueza produzida, aumentando-lhe a utilidade. Porém, como nós Seres Humanos nunca estamos satisfeitos com o que temos, somos leva- dos a nos aproximar uns dos outros para trocar os produtos excedentes de nosso trabalho. O homem, por isso, tende à vida em grupo, constituindo-se em sociedade. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Comércio14 Na visão jurídica de REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. São Paulo: Saraiva, 2005, o comércio é o complexo de atos de intromissão entre o produtor e o consumidor, que, exercidos habitualmente com fim de lucros, realizam, promovem ou facilitam a circulação dos produtos da natu- reza e da indústria, para tornar mais fácil e pronta a procura e a oferta. Como você pode observar, o comércio se baseia no nosso conceito de troca e de necessidade. 1.2 Comércio Exterior Então, agora iremos partir para o comércio exterior, objeto do nos- so estudo. Segundo RATTI, Bruno. Comércio Internacional e Câmbio. São Pau- lo: Edições Aduaneiras, 2000, o comércio exterior compreende na troca de mercadorias e serviços de todos os tipos entre diferentes países etudo o que for ligado a sua execução, incluindo transporte e financiamento. Donde se pode concluir que o comércio exterior é a compra e venda de bens e servi- ços entre produtor e consumidor, situados em distintos pontos do planeta se utilizando da prática de Exportação e Importação. Cada vez mais com a utilização da internet, a aquisição de mer- cadoria de outros mercados vem se firmando como uma forma concreta de negociação. 1.2.1 Exportação/Importação A exportação corresponde ao envio de mercadorias ao exterior, já a importação é a entrada de mercadorias originárias do exterior. A exportação é basicamente a saída da mercadoria do território aduaneiro, decorrente de um contrato de compra e venda internacional, que pode ou não resultar na entrada de divisas. Exportar é uma forma de adquirir melhor conhecimento do merca- do, pois a necessidade de agregar tecnologias de novos mercados aprimora a qualidade do seu produto e cresce substancialmente a vantagem em relação aos concorrentes internos. Para a empresa participar de um processo de exportação, ela passa por três fases, que são: • Administrativa: está ligada aos procedimentos necessários para efetuar a exportação que variam de acordo com o tipo de ope- ração e mercadoria. • Fiscal: compreende o despacho aduaneiro que se completa com o pagamento dos tributos e retirada física da mercadoria da al- fândega. • Cambial: está voltada para a transferência de moeda estrangei- ra por meio de um banco autorizado a operar em câmbio. Território aduaneiro: O território aduaneiro compreende todo o território nacional, inclusive o mar territorial, as águas territoriais e o espaço aéreo correspondente. e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesAdministração do comércio exterior e legislação do comércio internacional 15 1.3 Comércio Exterior no Brasil Como vimos anteriormente, o comércio exterior é a troca de bens e serviços realizada entre fronteiras internacionais ou territoriais. Normalmen- te representa uma grande parcela do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Até 1960, o Brasil exportava produtos primários como o algodão, cacau, fumo, açúcar, madeira, carne, café (representando 70% das exporta- ções) e outros. Figura 2: Comércio exterior no Brasil. Fonte: Disponível em: http://cdn1.mundodastribos.com/wp-admin/uploads/2010/11/curso-de- comercio-exterior-2011-gratuito.jpg Acesso em 15 Julho 2011 Hoje, o Brasil exporta diversos produtos industrializados e semima- nufaturados como calçados, suco de laranja, produtos têxteis, óleos comestí- veis, bebidas, alimentos industrializados, aparelhos mecânicos, armamentos, produtos químicos, material de transporte e outros chegando a 55% e 65% das exportações. As importações também sofreram alterações, pois antigamente importava-se quase que totalmente, bens manufaturados, que são os bens utilizados na produção de outros bens, como exemplo, o cacau que produz o chocolate, e hoje aproximadamente 40% das importações são matérias- -primas, combustíveis, minerais, trigo, carne, bebidas, artigo de informática e telefonia, alguns metais, máquinas, motores e vários outros. Os principais mercados para os quais o Brasil exporta seus produtos são: • União Européia, Estados Unidos, Argentina, Japão, Paraguai, Uruguai, México, Chile, China, Taiwan, Coréia do Sul e Arábia Saudita. Os principais parceiros dos quais o Brasil importa seus produtos são: • Estados Unidos, União Européia, Argentina, Arábia Saudita, Ja- pão, Venezuela, México, Uruguai, Chile, China, Coréia do Sul, Kuwait e Nigéria. O produto interno bruto é a soma de todos os bens e serviços produzidos no País durante o ano. Desde a produção de um simples bolo a produção de um carro de luxo, tudo é computado no somatório de produção de bens. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Comércio16 1.4 Intervenção do Estado no Comércio Exterior Após conhecermos um pouco sobre os conceitos de comércio, ve- remos agora que, para a realização das transações comerciais é necessário que se tenha uma política de governo com o objetivo de nortear estas ne- gociações. Pires (2001) explica que o intercâmbio de bens e serviços deve aten- der a uma política de trocas econômicas, cabendo ao governo, tão somente, preservar e defender os valores de caráter social, prioritários em relação aos interesses individuais. Essa diretriz induz à produção e à comercialização em todos os níveis e setores da atividade econômica, razão pela qual o Estado intervém, nas operações comerciais privadas. Para o Estado moderno, converge todo um conjunto de complexas normas instituídas com o fim de regulamentar a vida dos indivíduos e das organizações públicas e privadas. A intervenção do Estado nas atividades de comércio exterior tem em vista melhor atender aos interesses econômicos e estratégicos das empresas que operam nessa área. 1.5 Órgãos com atuação no Comércio Exterior Para conhecermos melhor como é a atuação do governo e de en- tidades privadas no comércio exterior, conheceremos agora os órgãos que atuam que auxiliam estas transações comerciais. Orgãos com atuação no mercado exterior Conselho Monetário Nacional (CMN) Industrial Câmara de Comércio Exterior (CAMEX) Ministério das Relações Exteriores (MRE) Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) Ministério da Fazenda (MF) Ministério das Comunicações (MC) Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAA) Agência de Promoção de Exportações S/A (APEX) Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) Seguradora Brasileira de Crédito à Exportação (SBCE) Confederação Nacional da Indústria (CNI) Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (FUNCEX) Federações Estaduais Câmaras de Comércio Quadro 1 – Orgãos com atuação no mercado exterior. Fonte: Próprio autor. O termo intervenção geralmente porta um sentido negativo de intromissão. Etimologicamente, o vocábulo significa ação ou efeito de meter-se de permeio, intrometer- se em matéria à qual não pertence. Na doutrina do Direito Econômico, a ação do Estado no domínio econômico recebeu o nome tradicional de intervenção. Melhor seria a utilização do termo atuação, ou mesmo ação, do Estado no domínio econômico e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesAdministração do comércio exterior e legislação do comércio internacional 17 Conselho Monetário Nacional (CMN) É a entidade normativa superior do sistema financeiro nacional, responsável pela fixação das diretrizes da política monetária, creditícia e cambial do país. Câmara de Comércio Exterior (CAMEX) Ela define diretrizes e procedimentos relativos à implementação da política de comércio exterior; coordena e orienta as ações dos órgãos que possuem competência nessa área; define diretrizes sobre normas e proce- dimentos para exportação e importação; estabelece diretrizes básicas da política aduaneira, seja para negociar ou até mesmo para tributar. Ministério das Relações Exteriores (MRE) Subsecretaria – Geral de Assuntos de Integração, Econômicos e de Comercio Exterior (SGIE). À ela compete assessorar o Secretário-Geral no trato das questões de natureza econômico – comercial relacionadas com a integração regional, com a economia internacional e com a promoção do comércio exterior. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) Tem a atribuição de ampliar a participação do Brasil no comércio mundial; formular propostas de políticas e programas de comércio exterior, e estabelecer normas para sua implementação; coordenar a aplicação de defesa contra as práticas desleais de comércio, bem como de medidas de salvaguarda comerciais; apoiar a participação brasileira em negociações de comércio exterior;aperfeiçoar o sistema operacional de comércio exterior brasileiro. Ministério da Fazenda (MF) É composto pelo Banco Central do Brasil (BACEN), Secretaria da Receita Federal - SRF e Banco do Brasil (BB). Cada um deles com a função de controlar movimentações financeiras, como financiamentos em progra- mas do governo, agindo também na administração dos tributos internos e aduaneiro da União e estabelecendo normas sobre operações de câmbio no comércio exterior. As medidas de salvaguarda têm como objetivo aumentar, temporariamente, a proteção à indústria doméstica que esteja sofrendo prejuízo grave ou ameaça de prejuízo grave decorrente do aumento, em quantidade, das importações, em termos absolutos ou em relação à produção nacional, com o intuito de que durante o período de vigência de tais medidas a indústria doméstica se ajuste, aumentando a sua competitividade. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Comércio18 Ministério das Comunicações (MC) Tem como agência mais importante a Empresa Brasileira de Cor- reios e Telégrafos (ECT), atuando com o programa Exporta Fácil, que é um serviço de exportação dos Correios, visando dar maior flexibilidade e rapidez às exportações das pequenas e médias empresas espalhadas pelo território nacional. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAA) A ele compete estabelecer os procedimentos para certificação sa- nitária das exportaçoes brasileiras. Por intermédio do Departamento de De- fesa e Inspeção Vegetal (DDIV) e do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA), emitindo Certificado que comprova a sanidade das mercadorias de origem agropecuária exportadas pelo Brasil. Agência de Promoção de Exportações S/A (APEX) Entre as atribuições da APEX, destaca-se o apoio financeiro a pro- gramas setoriais ou projetos de promoção de exportações, em parceria com instituições públicas ou privadas. Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SE- BRAE) É uma sociedade civil, sem fins lucrativos, de apoio ao desenvolvi- mento da atividade empresarial de pequeno porte, voltada para o fomento e difusão de programas e projetos que visam à promoção e o desenvolvimento, inclusive no que diz respeito à atividade exportadora. Seguradora Brasileira de Crédito à Exportação (SBCE) É uma companhia privada com o objetivo de oferecer ao mercado instrumento de garantia às exportações. Tem como acionistas o Banco do Brasil, Bradesco Seguros, Sul América Seguros, a Minas Brasil Seguros, Uni- banco Seguros e o COFACE (Compagne Française d’Assurance pour Le Com- merce Extérieur). Que estão entre as maiores empresas seguradoras brasi- leira. Confederação Nacional da Indústria (CNI) Foi criada em 1938 como entidade máxima de representação do se- tor industrial brasileiro. Atua, entre outras, nas seguintes áreas de interesse da indústria. e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesAdministração do comércio exterior e legislação do comércio internacional 19 Política econômica industrial, relações de trabalho, qualidade, pro- dutividade e tecnologia, meio ambiente e comércio exterior e integração internacional. Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) É uma sociedade civil, sem fins lucrativos, com os seguintes objeti- vos de estudar os assuntos relacionados com o comércio exterior do Brasil e propor soluções para os seus problemas, colaborar no constante aperfeiçoa- mento dos sistemas de crédito e de seguro de crédito à exportação, colocar- -se à disposição de seus associados para assistência técnica legal, em nível de consultoria. Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (FUNCEX) É uma instituição privada, que tem como finalidade o desenvolvi- mento do comércio exterior brasileiro, por meio da elaboração e divulgação de estudos setoriais sobre os principais aspectos envolvidos nas atividades de exportação e importação. Federações Estaduais As federações estaduais, por meio dos Centros Internacionais de Negócios (CIN) desenvolvem ações de promoção de negócios internacionais para produtos e empresas dos respectivos Estados. São também responsáveis pela emissão de Certificados de Origem do Mercado Comum do Sul (MERCO- SUL) e da Associação Latino Americana de Integração (ALADI). Câmaras de Comércio As Câmaras de Comércio são sociedades civis, sem fins lucrativos, e visam estimular o comércio bilateral. Normalmente são fundadas por empre- sários interessados em expandir o comércio com um determinado país e têm como associados pessoas físicas e jurídicas, nos dois países. Resumo Nesta aula, você aprendeu de forma sucinta os conceitos básicos do Comércio exterior, podendo entender um pouco como começam os pro- cedimentos de exportação e importação. Vimos como o Brasil organiza sua política comercial, desde o seu surgimento até os dias de hoje, assim como os órgãos governamentais e privados que trabalham para promover essa po- lítica comercial. Agora vamos verificar o que você compreendeu nessa aula? O seguro de crédito a exportação tem a finalidade de garantir ao exportador a indenização por perdas ocasionadas pelo não recebimento de crédito concedido a seus clientes no exterior e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Comércio20 Atividades de aprendizagem Prezado(a) acadêmico(a), com base na apostila virtual e na biblio- grafia recomendada, responda às questões a seguir. 1- Defina os conceitos de: a) Comércio Exterior: b) Exportação: c) Importação: 2 – Quais são os principais países dos quais o Brasil importa seus produtos? 3 – Quais são os Órgãos brasileiros atuantes no comércio exterior? e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesAdministração do comércio exterior e legislação do comércio internacional AULA 1 Alfabetização Digital 21 Aula 2 – Planejamento para exportação Figura 3 : Planejamento para exportação. Fonte: Disponível em : http://www.reidaverdade.com/wp-content/uploads/2010/11/ planejamento-estrategico.jpg > acesso em 22 de julho de 2011 Objetivos Veremos, nesta aula, como se preparar para exportar, porque ex- portar, procedimentos administrativos de exportação: planejamento, nego- ciação, aspectos cambiais, documentação, operações especiais, incentivos fiscais, incoterms. Bom, agora que já conhecemos o significado de comércio exterior e o que é exportar e importar, iremos agora entender como as empresas realizam essa forma de comercialização. 2.1 Preceitos do Exportador Ao iniciar uma operação comercial com mercados internacionais, o exportador deve antes de tudo, conhecer as normas que regem este merca- do, com o intuito de se preparar para as diversidades do mercado. Nas pala- vras de Castro (2003), a exportação é uma atividade empresarial integrada, e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Comércio22 nunca isolada, exigindo permanente intercâmbio de informações entre os diversos setores envolvidos, tais como, administrativo, comercial, financeiro, fiscal, produtivo, embalagem, expedição, contábil, entre outros. A decisão de exportar não deve ser tomada apenas como um tapa-buraco momentâ- neo para compensar eventuais reduções de vendas internas. Esse procedi- mento pode ser transformar em um tapa-mercado-externo, temporário ou mesmo definitivo, para a empresa. Portanto, ainda nas palavras de Castro (2003), para exportarmos devemos: • Saber a hora de investir no mercado; • Criar uma tradição exportadora; • Manter uma regularidade de vendas, sem ficar na dependência de fatores fora de seu controle em mercados internacionais; • Conhecer o cliente, pois enquanto no mercado interno é sufi- ciente conhecer o cadastro do comprador, na exportação é ne- cessário também avaliar o cadastro do país comprador (risco cambial e político); • Estar sempre preparado, pois empresas desonestas existem também no exterior; • Conceder mais formas de pagamento;• Saber que existem mais exportadores do que importadores, por- tanto, a qualquer deslize o mercado estará repleto de concor- rentes a fim de ocupar o seu espaço; • Escolher bem o Agente de Exportação, pois ele é o cartão de vi- sitas da empresa, e mantê-lo sempre atualizado e treinado sobre as exigências da empresa; • Analise muito bem o mercado que se deseja atingir, antes de definir seu preço de exportação; • O que gera lucro e confere competitividade a um produto são os detalhes, pois o trivial as empresas exportadoras são obrigadas a conhecer; • Diga “não”, se necessário, em lugar de “talvez” e criar uma ex- pectativa difícil ou mesmo impossível de ser concretizada; • Nunca prometa o que não pode cumprir, pois seguramente trará reflexos negativos e sempre cumpra o prometido, ainda que isto possa lhe trazer prejuízos presentes. 2.2 Por que Exportar A empresa ao verificar a possibilidade de expansão do mercado, através do aumento das suas receitas operacionais, passa a observar outras razões também muito importantes como enumera Castro (2003). e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesAdministração do comércio exterior e legislação do comércio internacional 23 Figura 4: Exportação no Brasil. Fonte: Disponível em: http://lbarreiros.files.wordpress.com/2010/05/exportacao11.jpg. Acesso em 17 de julho de 2011 2.2.1 Melhorias financeiras As exportações realizadas para pagamento à vista ou a prazo dis- põem de mecanismos internos, entre os quais o Atendimento sobre contrato de câmbio (ACC) e/ou Adiantamentos sobre cambiais entregues (ACE) os quais permitem o recebimento antecipado das receitas de exportação. Es- sas, por sua vez, permitem o recebimento antecipado das receitas de expor- tação, a taxas de juros internacionais, antes mesmo do início de produção da mercadoria do seu embarque para o exterior ou do seu pagamento pelo importador. Nessa alternativa a empresa tem a possibilidade de aumentar o capital de giro, reduzir custos e melhorar o fluxo de caixa. 2.2.2 Marketing e Status Figura 5: Marketing e status. Fonte: Disponível em http://www.midiatismo.com.br/wp-content/uploads/marketing-tambem-e- dinheiro.jpg Acesso em 19 de Julho de 2011 ACC (Adiantamento sobre Contrato de Câmbio) é uma antecipação de recursos em moeda nacional (R$) ao exportador, por conta de uma exportação a ser realizada no futuro. ACE (Adiantamento sobre Cambiais Entregues) é uma antecipação de recursos em moeda nacional (R$) ao exportador, após o embarque da mercadoria para o exterior, mediante a transferência ao Banco do Brasil dos direitos sobre a venda a prazo. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Comércio24 Com a efetivação de exportações para mercados com níveis eleva- dos de controle e consumidores exigentes, como Europa e Estados Unidos, a empresa exportadora cria uma imagem de que seus produtos possuem qua- lidade e preço competitivo. Consequentemente criando uma boa imagem no mercador interno. 2.2.3 Qualidade e Operacionalidade O mercado externo requer das empresas exportadoras técnicas de produção mais elaboradas e controles de qualidade mais rigorosos. A aplica- ção desses instrumentos operacionais nos produtos destinados ao exterior, automaticamente, também será adotada para melhorar a operacionalidade e a qualidade dos produtos comercializados no mercado doméstico, provocan- do aumento em sua competitividade produtividade e lucratividade. 2.2.4 Redução da Instabilidade e Diluição de Risco A concentração de atividades comerciais apenas no mercado in- terno expõe a empresa a riscos de instabilidade decorrentes de eventuais alterações na política econômica. Figura 6: Minimizar riscos. Disponível em http://www.ribeirodasilva.pro.br/Imagens/grafico-falencia.jpg Acesso em 22 Julho de 2011 e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesAdministração do comércio exterior e legislação do comércio internacional 25 Essa situação dificulta a elaboração de planejamentos de longo pra- zo, a realização de investimentos em novos segmentos, a aquisição de novas tecnologias e a expansão ou modernização industrial, em decorrência da insegurança representada pela concentração de atividades comerciais num único mercado. Por essa razão, a destinação de parte da produção também ao mercado externo dilui os riscos comerciais e econômicos entre mais de um mercado. 2.2.5 Importação de Tecnologia Oculta Quando uma empresa realiza a venda de um produto para o exte- rior, normalmente tornam-se necessárias algumas alterações em seu sistema de produção, no seu controle de qualidade, no seu design, entre outras, para atender às exigências ou características do mercado importador. Essas modificações podem ser concretizadas a partir de informa- ções técnicas, desenhos industriais, pesquisas de mercado, moldes, mode- los, entre outros, que muitas vezes são fornecidos pelo próprio importador, constituindo-se, indiretamente, numa importação de tecnologia oculta e sem custo. Além desses motivos destacados, poderão surgir diversos outros motivos para uma empresa se tornar exportadora, vai depender das necessi- dades e individualidades de cada uma delas. 2.3 Começando a Exportar Após vermos o porquê exportar, vamos iniciar agora os passos para a exportação. Bem, como vocês viram nas disciplinas anteriores para uma admi- nistração eficiente o empresário deve sempre elaborar um bom planeja- mento. 2.3.1 Planejamento Primeiro passo é identificar mercados de destino. A empresa deve avaliar as possibilidades de inserção de seu produto no mercado internacio- nal selecionando países que têm carência do produto fabricado ou apresen- tem aspectos favoráveis no tocante a preços praticados, tributos, logística, fatores culturais, entre outros. Assim ela deverá verificar se o produto fabricado não tem restri- ções para ser exportado. A empresa deve checar se a legislação brasileira e a aplicada no país escolhido como destino de suas futuras vendas permitem a comercialização do produto em questão. Essa verificação pode ser feita junto aos órgãos governamentais, como a Secretaria de Comércio Exterior, a Secretaria da Receita Federal, o Inmetro, e também junto às Câmaras de Co- mércio Bilateral, que fornecem informações sobre certificados e documentos exigidos nos países que representam. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Comércio26 2.3.2 Agentes de Exportação Conhecer um agente de exportação competente é o início de uma exportação eficaz. Uma figura importante na empresa exportadora são os agentes de exportação, que a exemplo do que se verifica no mercado interno com os re- presentantes comerciais, o agente de exportação desempenha papel funda- mental, quase que indispensável, nas transações comerciais internacionais. Segundo Castro (2003), a atividade desse agente é atuar no exterior como a “ponta da lança” da empresa exportadora no mercado-alvo, promo- vendo e comercializando seus produtos, recebendo como remuneração um percentual sobre o valor free on board das exportações efetivamente con- cretizadas e cujo pagamento pelo importador já tenha ocorrido. 2.3.3 Credenciamento Para iniciar a exportação, é necessário se credenciar nos órgãos competentes, como veremos a seguir. Após o planejamento e a contratação do agente exportador, este último não necessariamente é um passo obrigatório, vamos agora creden- ciar a empresa nos órgãos necessários, a fim de tornar o ato legal. Todas as pessoas, físicas ou jurídicas, atuantes ou que venham a atuar no comércio exterior devem estar inscritas primeiramente no Registro de Exportadores e Importadores (REI), o qual é parte integrante do Cadastro de Exportadores e Importadores operacionalizado pelo Departamento de Operações de Comér- cio Exterior (Decex) da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). E também deve se credenciar no Sistema Integradode Comércio Exterior (Siscomex) e no sistema de Registro e Rastreamento da Atuação de Intervenientes Adu- aneiros (Radar). Para efetuar o credenciamento em ambos os sistemas, é necessário que o representante da empresa que responda pelo Cadastro Na- cional de Pessoa Jurídica (CNPJ) compareça à Inspetoria da Receita Federal de sua região e apresente a documentação solicitada. O credenciamento leva em média 10 dias. 2.3.4 Obter informações sobre impostos e sobre incen- tivos fiscais às exportações Com certeza não devemos esquecer-nos de verificar os impostos incidentes nas exportações e importações, pois no planejamento tributário da empresa é fundamental para que a empresa tenha um ganho nesta ope- ração. “valor Free on board - FOB” é o valor pago ao exportador pela mercadoria no momento em que esta sai do navio no porto designado para embarque, após o qual o importador assume todos os custos, inclusive as despesas referentes ao transporte das mercadorias e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesAdministração do comércio exterior e legislação do comércio internacional 27 Figura 7: Impostos sobre exportação. Fonte: Disponível em http://www.globalframe.com.br/gf_base/empresas/MIGA/imagens/3D90A03 8BECBE5B52953C62A37AB1B6E4A1E_109939.jpg Acesso em 22 de julho de 2011 As informações referentes à tributação na exportação sobre qual- quer produto podem ser fornecidas pela Secretaria da Receita Federal. As exportações brasileiras são beneficiadas por incentivos fiscais e tributários que compreendem a não incidência de Imposto sobre Produtos Industriali- zados (IPI) e Imposto sobre circulação de mercadoria e serviços (ICMS), a isenção da Contribuição para Fins Sociais (COFINS) e Programa de Inte- gração Social (PIS), a manutenção de créditos fiscais de IPI e ICMS, Crédito presumido do IPI, a redução da alíquota do Imposto de Renda na remessa de divisas para o exterior para pagamento de despesas de promoção comercial de produtos brasileiros e a utilização do drawback. 2.3.5 Enviar informações sobre o produto ao importa- dor, tais como catálogos, lista de preços e amostras Como vimos, o comércio exterior é uma forma de marketing utiliza- do pela empresa, para isso ela precisa mostrar sua cara para os seus clientes, chegou a hora de colocar o seu produto em exposição. Identificado o cliente com potencial, a empresa deve fazer con- tato, enviando o maior número de informações possíveis sobre seu produto e colocar-se à disposição para enviar esclarecimentos técnicos e sobre sua atuação comercial mais detalhada. Drawback: suspensão ou isenção do recolhimento de taxas e impostos incidentes na importação de bens utilizados na fabricação de produtos exportados ou a exportar. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Comércio28 2.3.6 Definir se a exportação vai ser realizada com ou sem intermediário A empresa deve analisar qual a melhor opção para suas vendas, se diretamente, sem a atuação de intermediários, emitindo a fatura proforma em nome do importador, providenciando a documentação e recebendo o pagamento diretamente de seu cliente, ou se através de uma empresa co- mercial exportadora, uma trading companies e outras opções de exportação indireta 2.3.7 Preparar a mercadoria para ser embarcada Programar a produção para entregar as quantidades e especifica- ções acordadas com o cliente. Figura 8: Embarque de mercadorias. Fonte: Disponível em http://www.aspencargo.com.br/images/exportacao.jpg Acesso em 21 Julho 2011. Caso não haja mercadoria em estoque, a empresa deve programar a produção, de forma a atender os prazos e especificações negociados e contidos na fatura proforma, não se esquecendo dos controles de qualidade. 2.3.8 Confirmar com o importador se já providenciou a abertura da carta de crédito ou o pagamento e soli- citar a autorização para efetuar o embarque Concluída a produção, o exportador deverá solicitar ao importador a confirmação da abertura da carta de crédito e avisando que a mercadoria já está pronta para ser embarcada. Embora haja outras formas de pagamen- Fatura Proforma: Documento emitido pelo exportador, em caráter preliminar, a pedido do importador, para providenciar o início da efetivação da importação. Contém os elementos da fatura definitiva, mas não gera a obrigação de pagamento por parte do comprador e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesAdministração do comércio exterior e legislação do comércio internacional 29 to, a segurança oferecida por essa modalidade faz com que seja a mais utili- zada no comércio internacional. O importador deve enviar uma autorização de embarque. Assim o banco emitente se compromete a efetuar o pagamen- to ao exportador, no exterior. 2.3.9 Providenciar o processo de preparação da docu- mentação pré-embarque De posse da autorização de embarque emitida pelo importador, a empresa deve providenciar a seguinte documentação: Romaneio ou Packing List, Nota Fiscal, RE – Registro de Exportação, Conhecimento de Embarque e Certificados, se for o caso. 2.3.10 Embarque da mercadoria e despacho aduaneiro Após a emissão de tais documentos, a empresa deverá efetuar o embarque dos bens, providenciando o despacho aduaneiro na Secretaria da Receita Federal, pois a verificação física e da documentação é realizada por seus agentes nos terminais aduaneiros. Todas as etapas do despacho podem se feitas através do Siscomex – Sistema integrado de Comércio Exterior, pelos despachantes credenciados. 2.3.11 Efetuar a contratação da operação de câmbio A empresa deve negociar com uma instituição financeira autorizada a conversão do valor em moeda estrangeira, relativo à aquisição da merca- doria, para o pagamento em reais, mediante a formalização de um contrato de câmbio. 2.3.12 Prepara a documentação pós-embarque Fatura Comercial, RE – Registro de Embarque, SD – Solicitação de Despacho, Saque ou Cambial, Apólice de Seguros, Visto Consular, Conheci- mento de Embarque, e certificados de origem, se for o caso. Esses documen- tos serão apresentados ao importador. 2.3.13 Apresentar os documentos ao importador A documentação acima deverá ser apresentada a um banco indi- cado pelo importador, demonstrando, na hipótese de utilização de carta de crédito, de que todas as especificações demandadas pelo importador foram cumpridas. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Comércio30 2.3.14 Liquidação do câmbio Quando a carta de crédito ou o pagamento em moeda estrangeira forem transferidos para o banco do exportador, deverá ser feita a liquidação do contrato de câmbio de acordo com as condições nele descritas, com o recebimento pelo exportador do valor da exportação em reais. 2.4 Incoterms Em um mercado globalizado, é necessária uma uniformidade de termos para que o empresário consiga colocar seu produto em vários merca- dos. Dessa forma, foi criada a Câmara de Comércio Internacional (CCI) para as quais foram criadas regras para administrar conflitos oriundos da interpre- tação de contratos internacionais firmados entre exportadores e importado- res concernentes à transferência de mercadorias, às despesas decorrentes das transações e à responsabilidade sobre perdas e danos. A CCI instituiu, em 1936, os INCOTERMS (International Commercial Terms). Os Termos Internacionais de Comércio, inicialmente, foram empre- gados nos transportes marítimos e terrestres e a partir de 1976, nos trans- portes aéreos. Mais dois termos foram criados em 1980 com o aparecimento do sistema intermodal de transporte que utiliza o processo de unitização da carga. Em 1990, adaptando-se ao intercâmbio informatizado de dados, uma nova versão dos INCOTERMS foi instituída contendo treze termos. Está em vigor desde 01.01.2000 o Incoterms 2000, que leva em consideração o re- cente crescimento das zonas de livre comércio,o aumento de comunicações eletrônicas em transações comerciais e mudanças nas práticas relativas ao transporte de mercadorias. Além disso, o Incoterms 2000 oferece uma visão mais simples e mais clara dos 13 Incoterms. Figura 9: Meios de transporte. Fonte: Disponível em http://comexando.files.wordpress.com/2011/05/incoterms-post-1.jpg Acesso em 16 de Julho de 2011. e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesAdministração do comércio exterior e legislação do comércio internacional 31 2.4.1 Classificação Vamos conhecer alguns termos utilizados nos INCOTERMS e que são representados por siglas. As regras estabelecidas internacionalmente são uniformes e imparciais e servem de base para negociação no comércio entre países. A classificação abaixo obedece a uma ordem crescente nas obri- gações do vendedor: As vendas referidas no grupo acima compreendem as que são efetuadas na partida e na chegada. As vendas na partida, caso dos grupos E, F e C, deixam os riscos do transporte a cargo do comprador. No caso de vendas na chegada, os riscos serão de responsabilidade do vendedor no caso dos termos do grupo D, exceto o DAF. No caso do DAF - Delivery At Frontier - entregue na fronteira, o vendedor assume os riscos até a fronteira citada no contrato e o comprador, a partir dela. Os termos do grupo C mere- cem atenção para evitar confusões. Por exemplo, se o contrato de transpor- te internacional ou o seguro for contratado pelo vendedor não implica que os riscos totais do transporte principal caibam a ele. A CCI seleciona como próprios ao transporte marítimo, fluvial ou lacustre, os termos FAS, FOB, CFR, CIF, DES e DEQ. Destinam-se a todos os meios de transporte, inclusive multimodal: EXW, FCA, CPT, CIP, DAF, DDU e DDP. O DAF é o mais utilizado no terrestre. 2.4.2 Definições Grupo E • EXW - Ex Works - a mercadoria é entregue no estabelecimento do vendedor, em local designado. O comprador recebe a merca- doria no local de produção (fábrica, plantação, mina, armazém), na data combinada; todas as despesas e riscos cabem ao com- prador, desde a retirada no local designado até o destino final; são mínimas as obrigações e responsabilidade do vendedor. Grupo F • FCA - Free Carrier - Franco Transportador ou Livre Transporta- dor. A obrigação do vendedor termina ao entregar a mercadoria, desembaraçada para a exportação, à custódia do transportador nomeado pelo comprador, no local designado; o desembaraço aduaneiro é encargo do vendedor. • FAS - Free Alongside Ship - Livre no Costado do Navio. A obri- gação do vendedor é colocar a mercadoria ao lado do costado do navio no cais do porto de embarque designado ou em em- barcações de transbordo. Com o advento do Incoterms 2000 o desembaraço da mercadoria passa a ser de responsabilidade do vendedor, ao contrário da versão anterior quando era de respon- sabilidade do comprador. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Comércio32 • FOB - Free on Board - Livre a Bordo do Navio. O vendedor, sob sua conta e risco, deve colocar a mercadoria a bordo do na- vio indicado pelo comprador, no porto de embarque designado. Compete ao vendedor atender as formalidades de exportação; esta fórmula é a mais usada nas exportações brasileiras por via marítima ou aquaviário doméstico. A utilização da cláusula FCA será empregada, no caso de utilizar o transporte rodoviário, fer- roviário ou aéreo. Grupo C • CFR - Cost and Freight - Custo e Frete. As despesas decorrentes da colocação da mercadoria a bordo do navio, o frete até o por- to de destino designado e as formalidades de exportação correm por conta do vendedor; os riscos e danos da mercadoria, a partir do momento em que é colocada a bordo do navio, no porto de embarque, são de responsabilidade do comprador, que deverá contratar e pagar o seguro e os gastos com o desembarque. Este termo pode ser utilizado somente para transporte marítimo ou transporte fluvial doméstico. Será utilizado o termo CPT quando o meio de transporte for rodoviário, ferroviário ou aéreo. • CIF - Cost, Insurance and Freight - Custo, Seguro e Frete. Cláusu- la universalmente utilizada em que todas as despesas, inclusive seguro marítimo e frete, até a chegada da mercadoria no porto de destino designado correm por conta do vendedor; todos os riscos, desde o momento que transpõe a amurada do navio, no porto de embarque, são de responsabilidade do comprador; o comprador recebe a mercadoria no porto de destino e arca com todas despesas, tais como, desembarque, impostos, taxas, di- reitos aduaneiros. Esta modalidade somente pode ser utilizada para transporte marítimo. Deverá ser utilizado o termo CIP para os casos de transporte rodoviário, ferroviário ou aéreo. • CPT - Carriage Paid To - Transporte Pago Até. O vendedor paga o frete até o local do destino indicado; o comprador assume o ônus dos riscos por perdas e danos, a partir do momento em que a transportadora assume a custódia das mercadorias. Este termo pode ser utilizado independentemente da forma de transporte, inclusive multimodal. • CIP - Carriage and Insurance Paid to - Transporte e Seguro Pagos até. O frete é pago pelo vendedor até o destino convencionado; as responsabilidades são as mesmas indicadas na CPT, acrescidas do pagamento de seguro até o destino; os riscos e danos passam para a responsabilidade do comprador no momento em que o transportador assume a custódia das mercadorias. Este termo pode ser utilizado independentemente da forma de transporte, inclusive multimodal. e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesAdministração do comércio exterior e legislação do comércio internacional 33 Grupo D • DAF - Delivered At Frontier - Entregue na Fonteira. A entrega da mercadoria é feita em um ponto antes da fronteira alfande- gária com o país limítrofe desembaraçada para exportação, po- rém não desembaraçada para importação; a partir desse ponto a responsabilidade por despesas, perdas e danos é do comprador. • DES - Delivered Ex-Ship - Entregue no Navio. O vendedor coloca a mercadoria, não desembaraçada, a bordo do navio, no porto de destino designado, à disposição do comprador; até chegar ao destino, a responsabilidade por perdas e danos é do vende- dor. Este termo somente pode ser utilizado quando tratar-se de transporte marítimo. • DEQ - Delivered Ex-Quay - Entregue no Cais. O vendedor entrega a mercadoria não desembaraçada ao comprador, no porto de destino designado; a responsabilidade pelas despesas de entrega das mercadorias ao porto de destino e desembarque no cais é do vendedor. Este Incoterm prevê que é de responsabilidade do comprador o desembaraço das mercadorias para importação e o pagamento de todas as formalidades, impostos, taxas e ou- tras despesas relativas à importação, ao contrário dos Incoterms 1990. • DDU - Delivered Duty Unpaid - Entregues Direitos Não-pagos. Consiste na entrega de mercadorias dentro do país do compra- dor, descarregadas; os riscos e despesas até a entrega da mer- cadoria correm por conta do vendedor exceto as decorrentes do pagamento de direitos, impostos e outros encargos decorrentes da importação. • DDP - Delivered Duty Paid - Entregue Direitos Pagos. O vende- dor cumpre os termos de negociação ao tornar a mercadoria disponível no país do importador no local combinado desemba- raçada para importação, porém sem o compromisso de efetuar desembarque; o vendedor assume os riscos e custos referentes a impostos e outros encargos até a entrega da mercadoria; este termo representa o máximo de obrigação do vendedor em con- traposição ao EXW. Resumo Nesta aula, você aprendeu quais são os objetivos do comércio exte- rior, como planejar a sua empresa para a prática da exportação, as melho- rias financeiras, o Marketing, a qualidade e a operacionalidade. Aprendemos também como registrar a empresa exportadora e importadora e todos os documentosnecessários para a prática do comércio exterior. Além de en- tender todos os Incoterms. Agora vamos verificar o que você compreendeu nesta aula? http://www. aprendendoaexportar. gov.br/informacoes/ incoterms.htm e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Comércio34 Atividades de aprendizagem Prezado(a) acadêmico(a), com base na apostila virtual e na biblio- grafia recomendada, responda às questões a seguir. 1 – Quais as vantagens da exportação? 2 – Quem são e o que fazem os Agentes de Exportação? 3 – Como se classificam os Incoterms? e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesAdministração do comércio exterior e legislação do comércio internacional AULA 1 Alfabetização Digital 35 Aula 3 – Procedimentos administrativos na Importação Figura 9: Planejamento administrativo. Fonte: Disponível em: http://www2.fiescnet.com.br/web/uploads/20100407101155.jpg > acesso em 22 de julho de 2011 Objetivos Veremos, nessa aula, o planejamento para a importação, formas de negociação e a documentação necessária. 3.1 Importação Então, após conhecermos os passos para que o empresário possa exportar, iremos agora compreender os procedimentos para a importação de produtos do exterior. A importação compreende a compra de produtos no exterior obser- vada as normas comerciais, cambiais e fiscais vigentes. Como a exportação, o processo de importação se divide em três fases: • Administrativa: está ligada aos procedimentos necessários para efetuar a importação que variam de acordo com o tipo de ope- ração e mercadoria. • Fiscal: compreende o despacho aduaneiro que se completa com o pagamento dos tributos e retirada física da mercadoria da al- fândega. • Cambial: está voltada para a transferência de moeda estrangei- ra por meio de um banco autorizado a operar em câmbio. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Comércio36 3.1.1 Despacho Aduaneiro Após verificar a necessidade de aquisição de mercadoria de outros países, o empresário inicia o processo através do despacho aduaneiro de mercadorias na importação, o procedimento mediante o qual é verificada a exatidão dos dados declarados pelo importador em relação às mercadorias importadas, aos documentos apresentados e à legislação específica, com vistas ao seu desembaraço aduaneiro. Toda mercadoria procedente do exterior, importada a título de- finitivo ou não, sujeita ou não ao pagamento do imposto de importação, deve ser submetida a despacho de importação, que é realizado com base em declaração apresentada à unidade aduaneira sob cujo controle estiver a mercadoria. Em geral, o despacho de importação é processado por meio de Declaração de Importação (DI), registrada no Sistema Integrado de Comér- cio Exterior (Siscomex), nos termos da Instrução Normativa SRF nº 680/06, conforme descrito abaixo. Entretanto, em algumas situações, o importador pode optar pelo despacho aduaneiro simplificado, que pode se dar por meio do Siscomex ou por formulários, conforme o caso. Figura 10: Despacho aduaneiro. Fonte: Disponível em http://2.bp.blogspot.com/_a2ulBQy8bT4/Sd0QzZ2lm_I/AAAAAAAAAF4/ BhionxXc2NA/s320/comex2.jpg Acesso em 10 de Julho de 2011 Assim, antes de iniciar a sua operação de importação, o interessado deve verificar se a sua habilitação para utilizar o Siscomex será necessária e se ela se encontra em vigor. e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesAdministração do comércio exterior e legislação do comércio internacional 37 O despacho aduaneiro de importação é dividido, basicamente, em duas categorias: o despacho para consumo; e o despacho para admissão em regime aduaneiro especial ou aplicado em áreas especiais. O despacho para consumo ocorre quando as mercadorias ingressa- das no país forem destinadas ao uso, pelo aparelho produtivo nacional, como insumos, matérias-primas, bens de produção e produtos intermediários, bem como quando forem destinadas ao consumo próprio e à revenda. O despacho para consumo visa, portanto, a nacionalização da mercadoria importada e a ele se aplica o regime comum de importação. O despacho para admissão em regimes aduaneiros especiais ou apli- cados em áreas especiais tem por objetivo o ingresso no País de mercado- rias, produtos ou bens provenientes do exterior, que deverão permanecer no regime por prazo certo e conforme a finalidade destinada, sem sofrerem a incidência imediata de tributos, os quais permanecem suspensos até a extin- ção do regime. Entre outros, se aplica às mercadorias em trânsito aduaneiro (para um outro ponto do território nacional ou com destino a um outro país) e em admissão temporária, caso em que as mercadorias devem retornar ao exterior, após cumprirem a sua finalidade. Antes de iniciar uma operação de importação, o interessado deve sempre verificar se a mercadoria a ser importada está sujeita a controle administrativo, pois, em regra, este deve ser efetuado anteriormente ao em- barque da mercadoria no exterior, sob pena de pagamento de multa. 3.1.2 Declaração de Importação - DI O despacho aduaneiro de importação é processado com base em declaração a ser apresentada à unidade aduaneira sob cujo controle estiver a sua mercadoria. A DI deve conter, entre outras informações, a identificação do im- portador e do adquirente ou encomendante, caso não sejam a mesma pes- soa, assim como a identificação, a classificação, o valor aduaneiro e a origem da mercadoria. A DI é formulada pelo importador ou seu representante legal no Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex) e consiste na prestação das informações constantes do Anexo Único da IN SRF nº 680/06, de acordo com o tipo de declaração e a modalidade de despacho aduaneiro. Essas in- formações estão separadas em dois grupos: • Gerais - correspondentes à operação de importação; • Específicas (adição) - contendo dados de natureza comercial, fis- cal e cambial sobre cada tipo de mercadoria. O tratamento aduaneiro a ser aplicado à mercadoria importada é determinante para a escolha do tipo de declaração a ser preenchida pelo importador. De acordo com a Receita Federal (2011), na elaboração da DIs, de- verão ser prestadas as seguintes informações, conforme a natureza da ope- ração de importação: e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Comércio38 Informações na Declaração de Importação 1. Natureza da operação: Identificação do tipo de importação para a qual será elaborada a declaração de importação. 2. Tipo de importador: Identificação da pessoa que está promovendo a entrada, no País, de mercadoria procedente do exterior. 3. Identificação do importador: Número de inscrição do importador no CNPJ ou CPF. 4. Empresa declarante: Número de inscrição do declarante no CNPJ, quando se tra- tar da ECT ou de empresa de transporte internacional expresso habilitada pela SRF. 5. Representante legal: Número do CPF da pessoa habilitada a representar o im- portador ou da pessoa habilitada a representar a ECT ou a empresa de transpor- te internacional expresso. 6. País de procedência: Código do país onde a mercadoria se encontrava no momento de sua aquisição e de onde saiu para o Brasil, independentemente do país de origem ou do ponto de embarque final, de acordo com a tabela Países, administrada pelo BACEN. 7. Peso bruto: Somatório dos pesos brutos das mercadorias objeto do despacho, expresso em kg (quilograma) e fração de até cinco casas decimais. 8. Peso líquido: Somatório dos pesos líquidos das mercadorias objeto do despa- cho, expresso em Kg (quilograma) e fração de até cinco casas decimais. 9. UL de despacho: Unidade da SRF responsável pela execução dos procedimen- tos necessários ao desembaraço aduaneiro da mercadoria importada, de acordo com a tabela Órgãos da SRF, administrada pela SRF. 10. Data do embarque: Data de emissão do conhecimento de transporte, da pos- tagem da mercadoria ou da partida da mercadoria do local de embarque.11. Recinto alfandegado: Código do recinto alfandegado onde se encontre a mer- cadoria, conforme a tabela Recintos Alfandegados, administrada pela SRF. 12. Setor: Código do setor que controla o local de armazenagem da mercadoria, conforme tabela administrada pela Unidade local. 13. Tipo de embalagem: Espécie ou tipo de embalagem utilizada no transporte da mercadoria submetida a despacho, conforme a tabela Embalagens, adminis- trada pela SRF. 14. Volumes: Quantidade de volumes objeto do despacho, exceto para mercado- ria a granel. 15. Via de transporte: Via utilizada no transporte internacional da carga, confor- me tabela. 16. Conhecimento de carga (BL): Documento emitido pelo transportador ou consolidador, constitutivo do contrato de transporte internacional e prova de propriedade ou posse da mercadoria importada. 17. Frete total: Custo do transporte internacional da mercadoria objeto do des- pacho, na moeda negociada, de acordo com a tabela Moedas, administrada pelo Banco Central - BACEN. As despesas de carga, descarga e manuseio associadas a esse trecho devem ser incluídas no valor do frete. 18. Seguro total: Valor do prêmio de seguro internacional relativo às mercado- rias objeto do despacho, na moeda negociada, de acordo com a tabela Moedas, administrada pelo BACEN. e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesAdministração do comércio exterior e legislação do comércio internacional 39 19. Número da LSI: Número de identificação da Licença Simplificada de Importação. 20. Regime de tributação: Regime de tributação pretendido, conforme tabela Regimes de Tributação, administrada pela SRF. 21. Fundamento legal: Enquadramento legal que ampara o regime de tributação pretendido, conforme tabela Fundamentação Legal, administrada pela SRF. 22. Motivo: Indicação do motivo da admissão temporária de bens, nas hipóteses previstas no art. 4º da IN 285/03, conforme tabela administrada pela SRF. 23. Classificação: Código da mercadoria segundo a Nomenclatura Comum do Mercosul – NCM ou da Tabela Simplificada de Designação e de Codificação de Produtos – TSP, administradas pela SRF. 24. Destaque: Destaque da mercadoria dentro do código NCM, para fins de licenciamento de importação. O importador deverá utilizar a função Consulta a Tratamento Administrativo para verificar se existe algum destaque NCM para a mercadoria ou operação de importação. Caso existam destaques NCM para a referida classificação e a mercadoria a ser importada não se enquadrar em nenhum dos destaques, o importador deverá informar o código 999. 25. MERCOSUL: Informação obrigatória quando se tratar de importação originá- ria de Estado parte integrante do Mercosul. 26. País de origem: País de origem do bem importado. 27. Quantidade na medida estatística: Quantidade da mercadoria expressa na unidade de medida estatística informada pelo sistema. 28. Medida de comercialização: Unidade de medida em que o bem foi comercia- lizado. 29. Material usado: Marcar o campo, caso o bem seja usado. 30. Peso líquido: Peso líquido das mercadorias declaradas, expresso em Kg (qui- lograma) e fração de até cinco casas decimais. 31. Moeda: Moeda em que as mercadorias foram comercializadas, de acordo com a tabela Moedas. 32. Valor unitário: Valor unitário da mercadoria na unidade comercializada, na condição de venda (incoterm) e na moeda negociada, de acordo com a fatura comercial. 33. VMLE: Valor total das mercadorias objeto do despacho, no local de em- barque e na moeda negociada, conforme a tabela Moedas, administrada pelo BACEN. Quando as mercadorias objeto da declaração tiverem sido negociadas em moedas diversas, esse valor deve ser informado em Reais. 34. Especificações: Descrição completa da mercadoria, de modo a permitir sua perfeita identificação e caracterização. 35. Código da Receita: Código da receita tributária conforme a Tabela Orçamen- tária, administrada pela Secretaria da Receita Federal - SRF. 36. Código do banco e da agência: Código do banco e da agência arrecadadora dos tributos devidos. 37. Conta corrente: Conta corrente a ser debitada no valor dos tributos devidos. Quadro 02 - Informações na Declaração de Importação. Fonte: Receita federal. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Comércio40 3.2 Seleção e distribuição para conferência aduaneira Para receber as mercadorias adquiridas, ela precisam passar por três tipos de canais conferências, a saber: Canais de recebimento de mercadorias Canal verde - desembaraço automático, sem exame documental, verificação e valoração aduaneira; Canal amarelo - com exame documental e dispensa de verificação e valoração aduaneira; Canal vermelho - com exame documental, verificação e valoração aduaneira. Quadro 03- Canais de recebimento de mercadorias. Fonte: Próprio autor. A designação do canal será feita pela SRF, segundo os critérios: • regularidade fiscal do importador; • natureza, volume ou valor da operação; • valor dos impostos incidentes; • origem, procedência e destino das mercadorias; • tratamento administrativo tributário; • características da mercadoria. 3.2.1 Conferência aduaneira O prazo legal para a conferência das declarações selecionadas para os canais amarela e vermelha será de até 5 (cinco) dias contados do dia seguinte ao da recepção do extrato da declaração e dos documentos que a instruem, sempre na presença do importador ou de seu representante legal. 3.2.2 Desembaraço Aduaneiro Após o desembaraço aduaneiro realizado pelo SISCOMEX, a merca- doria é liberada, ou seja, recebe permissão para entrar em território nacio- nal. Em caso de transporte terrestre, a legislação permite a entrega fracio- nada da mercadoria, que, em virtude do peso, precisa ser transportada em mais de um veículo. 3.2.3 Comprovante de importação É o documento final que legitima o processo de importação, porém, para efeito de circulação da mercadoria em território nacional, não substitui a Nota Fiscal exigida nos termos da lei. e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesAdministração do comércio exterior e legislação do comércio internacional 41 3.3 Importação por conta e ordem de terceiros Entende-se por operação de importação por conta e ordem de ter- ceiro aquela em que uma pessoa jurídica promove, em seu nome, o despacho aduaneiro de importação de mercadoria adquirida por outra, em razão de contrato previamente firmado, que pode compreender, ainda, a prestação de outros serviços relacionados com a transação comercial, como a realiza- ção de cotação de preços e a intermediação comercial. O controle aduaneiro relativo à atuação de pessoa jurídica impor- tadora que opere por conta e ordem de terceiros é exercido conforme o estabelecido na Instrução Normativa SRF nº 225/02. O registro da Declaração de Importação (DI) pelo contratado é con- dicionado à sua prévia habilitação no Siscomex, para atuar como importador por conta e ordem do adquirente, pelo prazo previsto no contrato. 3.4 Importação por Encomenda Entende-se por operação de importação por encomenda aquela em que uma pessoa jurídica promove, em seu nome, o despacho aduaneiro de im- portação de mercadorias por ela adquiridas no exterior, para revenda a empre- sa encomendante predeterminada, em razão de contrato firmado entre elas. Não é considerada importação por encomenda a operação realizada com recursos do encomendante, ainda que parcialmente. O controle aduaneiro relativo à atuação de pessoa jurídica importa- dora que opere por encomenda é exercido conforme o estabelecido na Ins- trução Normativa SRF no 634/06. O registro da Declaração de Importação (DI) fica condicionado à prévia habilitação no Siscomex, tanto do encomendante, quanto do importa- dor por encomenda, e à prévia vinculação entre eles realizada nesse sistema. 3.5 Transporte O transporte de mercadorias no comércio exterior é a etapa quecompreende o deslocamento físico do produto, desde o local em que é produ- zido (empresa) ou armazenado, até o destino final previamente acordado com o importador (comprador). Alguns fatores devem ser analisados, como pontos de embarque e desembarque, prazo de entrega, peso da carga, possibilidades de uso do meio de transporte, tais como a disponibilidade e frequência. Recomenda-se a utilização de transporte rodoviário para curtas e médias distâncias, visto que proporciona agilidade e flexibilidade no deslo- camento de cargas. Outra característica importante desta modalidade de transporte é a simplicidade de funcionamento, permitindo, em qualquer ocasião, os embarques urgentes. Possui, ainda, outras vantagens, como a entrega direta e segura do produto ao importador e o manuseio mínimo da carga, pois o caminhão segue lacrado até o destino. De maneira geral, os fretes rodoviários são negociados livremente no mercado e dependem do vo- lume a ser exportado, dada a limitação da capacidade de carga dos veículos. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Comércio42 Figura 11: Transporte na importação. Fonte: Disponível em http://2.bp.blogspot.com/_mefVXmPjQpM/THkjPhlsJJI/AAAAAAAAAA4/r- pDd5XDMhc/aduanas%5B1%5D.jpg Acesso em 08 de Julho de 2011. O transporte ferroviário internacional percorre trajetos sem flexibi- lidade de percursos, portanto, a utilização mais usual é para países próximos. O custo do transporte é o menor entre as modalidades de transporte. Em- bora a malha ferroviária brasileira seja pequena, o Brasil mantém convênios bilaterais de transporte ferroviário com a Argentina, a Bolívia e o Uruguai. O despacho aduaneiro referente aos países membros do MERCOSUL requer a apresentação da Carta de Porte Internacional e da Declaração de Trânsito Aduaneiro (TIF/TDA). Nessa modalidade, o documento necessário para transporte é o Conhecimento de Embarque Ferroviário. O transporte marítimo representa, praticamente, a totalidade dos serviços de transporte no comércio exterior, sendo responsável por cerca de 90% das cargas, devido ao seu baixo custo. O transporte marítimo pode ser dividido em três formas de nave- gação: • Navegação de cabotagem: realizada entre portos do território de um país; • Navegação interior: realizada em hidrovias interiores, em per- curso nacional ou internacional; Navegação de longo curso: utilizada dos portos de um país a outro. Os custos do transporte marítimo são influenciados pelas carac- terísticas da carga, peso, volume, fragilidade, embalagem, valor, distância entre os portos de embarque e desembarque e localização dos portos. As despesas de frete são baseadas no peso (tonelada) ou no volume (cubagem). e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesAdministração do comércio exterior e legislação do comércio internacional 43 Quanto aos custos portuários, os países seguem modelos tarifários próprios. O documento necessário para o transporte internacional nesta mo- dalidade é o Conhecimento de Embarque, também conhecido como Bill of Lading. O transporte aéreo é recomendado para pequenas cargas, que te- nham urgência na entrega, como o transporte de amostras. Esse tipo de transporte pode ser feito por serviços regulares, mantidos por companhias associadas ou não-associadas à International Air Transport Association (IATA), e por serviços fretados. Resumo Nesta aula, você aprendeu de forma básica o que fazer para impor- tar, como fazer, e quais órgãos devem ser consultados. Vimos todo o proces- so de logística e a parte legal da empresa até poder importar. Agora vamos verificar o que você compreendeu nesta aula? Atividades de aprendizagem Prezado(a) acadêmico(a), com base na apostila virtual e na biblio- grafia recomendada, responda às questões a seguir. 1 – Como se faz o Despacho Aduaneiro e qual sua função? 2 – O que deve contar em uma Declaração de Importação (DI) e que irá formulá-la? 3 – Como é feita a seleção e distribuição para a conferência aduaneira? A IATA atende a quatro grupos engajados na operação equilibrada do sistema de transporte aéreo mundial: o público em geral, governos, terceiros como agentes de viagem e carga ou fornecedores de equipamentos e sistema. e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesAdministração do comércio exterior e legislação do comércio internacional AULA 1 Alfabetização Digital 45 Aula 4 – Legislação Tributária aplicada ao comércio exterior Figura 12 : Legislação tributária. Fonte: Disponível em http://bibliotecaucs.files.wordpress.com/2011/04/imagem_trabtecnico_ dj_8.jpg > acesso em 19 de julho de 2011 Objetivos Veremos, nesta aula, o planejamento tributário que deve ser feito para poder atuar no comércio exterior. 4.1 Planejamento Tributário No módulo II em Administração estratégica, vocês viram a neces- sidade da empresa em fazer um planejamento, na comercialização interna- cional o planejamento tributário é de suma importância para o empresário. A empresa precisa verificar se a exportação ou importação não irá onerar a empresa devido ao grande número de impostos pagos nesta comer- cialização. Atualmente no Brasil, cresce consideravelmente o número de em- presas brasileiras que possuem o seu cadastro de exportador e importador, o que não significa que de fato operam no comércio exterior, mas que mani- festaram o interesse de importar ou exportar. Na maioria das vezes, os tributos são mais representativos no custo da importação do que o próprio frete internacional somado ao seguro e as despesas portuárias ou aeroportuárias, o que ressalta a necessidade de que o planejamento tributário aplicado à importação faça parte da rotina dos gestores e empreendedores. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Comércio46 Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário - IBPT, no Brasil, 33% do faturamento empresarial, em média, é direcionado ao pa- gamento de tributos. Somente o Imposto de Renda e a Contribuição Social Sobre o Lucro podem chegar a representar 51,51% do lucro líquido apurado. O que vem reafirmar a necessidade de utilização do planejamento tributário como ferramenta fundamental, para as empresas na otimização dos lucros. Para empresas que operam no segmento de importação, o planeja- mento tributário se torna ainda mais necessário, pois existem vários fatores que podem influenciar na tributação de um determinado produto: localidade da empresa importadora, porto utilizado para importação e até mesmo o próprio produto. Dessa forma, a utilização de um planejamento tributário que pos- sibilite uma importação eficiente em busca de maior competitividade com a utilização do máximo de benefícios previstos em lei é de fundamental importância. Como no Brasil existem alguns tipos de regimes de tributação, tais como: o Simples, Lucro Presumido, Lucro Real e Arbitrado, ao iniciar sua em- presa é necessário que seja feito um planejamento tributário para a escolha de sua forma de regime tributário. A análise dessa decisão deve ser feita inteiramente interligada com o negócio da empresa, pois o empresário que faz a análise de uma empresa importadora deve considerar que a competitividade de seus produtos no mercado brasileiro sofrerá influências diretas da tributação incidente. Dessa forma, em uma análise de uma empresa importadora, o em- presário deve colocar na balança o regime do lucro presumido e lucro real. Se a opção for pelo lucro presumido essa empresa obterá em uma importa- ção o crédito do IPI e ICMS que poderão ser usados da venda. Entretanto, a empresa não se valerá do crédito do PIS/ COFINS, já que nesse regime esses dois tributos são cumulativos. É interessante que seja feita uma comparação entre a margem de lucro real da empresa, com a margem que seria presumida pelo governo no lucro presumido. Se a margem de lucro pelo lucro real for maior que a pre- sumida, a melhor opção
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