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Gestão de Operações de Exportação Professor Me. George Lucas Máximo Ferreira AUTOR Professor Me. George Lucas Máximo Ferreira Bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade Regional de Joinville – UNI- VILLE (2017). Mestre em Teoria Econômica pela Universidade Estadual de Maringá – UEM (2020). Tutor Educacional no Centro Universitário Cidade Verde (UniFCV). Tem experiência na área de Economia, atuando como Instrutor com ênfase em Consultorias econômico-financeira e valoração de Empresas, bem como nas áreas de Mercado de Capitais por meio do Programa Bom Negócio Paraná. http://lattes.cnpq.br/7384837321788311 APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Seja bem-vindo(a)! Olá, caro(a) aluno(a), seja muito bem-vindo(a) ao material de Gestão de Operações de Exportação. Sou o Professor George Lucas Máximo Ferreira e é com grande satisfação que lhe apresento este conteúdo de minha autoria, cuja finalidade consiste em introduzir os conceitos, definições e operacionalização das operações de exportações por meio da litera- tura concernente ao tema e legislação aduaneira atualizada, preceitos estes fundamentais para o aprendizado acerca dessa disciplina. Inicialmente, na Unidade I, serão apresentados a hierarquia dos órgãos interve- nientes do sistema de Comércio Exterior brasileiro evidenciando a importância da SECEX e seus respectivos departamentos bem como a atuação da Receita Federal do Brasil (RFB) nos processos aduaneiros. Adentraremos, nos conceitos e problemas fundamentais acerca dos custos logísticos internos, formas de pagamentos e variações cambiais finalizando com o Tratamento Administrativo nas operações de exportações. Na Unidade II estudaremos sobre as principais políticas aduaneiras, começando pelos Acordos Comerciais e Blocos Econômicos e a participação brasileira nesse contex- to, bem como sua atuação em acordos bilaterais e multilaterais. Nessa unidade vamos aprender sobre as modalidades e operacionalização das exportações, introduzindo os tipos de exportação, Certificados de Origem como medida de compensação tarifária concluindo com o fluxo de despacho aduaneiro e os processos inerentes. Na Unidade III trataremos da incidência tributária sobre as operações de expor- tação, evidenciando as estratégias adotadas pelos operadores de comércio exterior para obter benefícios fiscais por meio de isenção, suspensão ou desoneração dos impostos sobre tais operações. Abordaremos os aspectos que envolvem a utilização do SISCOMEX e adentraremos sobre os aspectos da Defesa Comercial, conceitos, definições e medidas. Por sua vez, apresentaremos os Incoterms, significados, estruturas e utilização nas opera- ções de exportação. Finalizando, na Unidade IV vamos aprender sobre o Portal Único de Comércio Exterior e a iniciativa do Novo Processo de Exportação e suas consequências para o setor. Abordaremos acerca da Declaração Única de Exportação (DU-E) e as implicações sobre o processo anteriormente utilizado pelos operadores de comércio exterior. Seguimos com a introdução ao sistema informatizado da RFB, o SISCOSERV. Ademais, serão apresentadas as Classificações Fiscais e Regimes Aduaneiros Especiais sob as modalidades de drawba- ck. Reitero ainda, caro(a) aluno(a), que o ato de estudar e obter conhecimento acerca de um tema é imprescindível para o nosso enriquecimento intelectual e pessoal, pois per- mite o ganho e a elevação que jamais serão perdidos. Desejo bons estudos! Prof. Me. George Lucas Máximo Ferreira SUMÁRIO UNIDADE I ...................................................................................................... 6 Conceitos Aduaneiros UNIDADE II ................................................................................................... 24 Tipos de Exportação UNIDADE III .................................................................................................. 42 Tributos e Incentivos UNIDADE IV .................................................................................................. 61 Diferenciais na Exportação 6 Plano de Estudo: ● Conceitos aduaneiros (Sistema de exportação brasileiro) ● Custos logísticos nacionais na exportação ● Tratamento administrativo Objetivos de Aprendizagem: ● Apresentar os órgãos intervenientes do Sistema de Comércio Exterior brasileiro; ● Conceituar e contextualizar a Taxa de Câmbio PTAX; ● Descrever as modalidades de pagamentos; ● Estabelecer a importância do Tratamento administrativo nas operações de exportação de acordo com a legislação vigente. UNIDADE I Conceitos Aduaneiros Professor Mestre George Lucas Máximo Ferreira 7UNIDADE I Conceitos Aduaneiros INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), da disciplina de Gestão de Operação de Exportação vamos iniciar a nossa jornada pelo conhecimento e ampliar os nossos horizontes. Na Unidade I desta disciplina serão apresentadas a distribuição por meio de um organograma hierárquico, as competências e atribuições dos órgãos intervenientes do comércio exterior, desde a presidência da república, instituição que pertence a um dos três poderes, cuja finalidade consiste, entre outras, na execução das atividades de governo por meio dos ministérios. Por sua vez, o Ministério da Economia, Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (MIDC) entre outros ministérios que compõem a organização, regulação e nor- matização das operações de comércio exterior no país, por meio de suas secretarias e departamentos. Adentraremos nos conceitos, definições e características aduaneiras, como os custos logísticos envolvidos nas operações de exportações. Vamos abordar sobre a taxa de câmbio PTAX, como é elaborada, quem regulamenta e como afeta o comércio exterior brasileiro finalizando o tópico com as modalidades de pagamentos. Ademais, vamos introduzir os aspectos dos tratamentos administrativos necessários à operacionalização das exportações de acordo com a legislação aduaneira representada pelo Decreto 6.759/2009 e Portaria da SECEX n 23, de 14 de julho de 2011, que engloba os fatores, regras e normas que determinam, entre outras finalidades, o Registro de Expor- tação (RE), documento sem o qual as exportações não podem ser liberadas. Desejamos bons estudos! 8UNIDADE I Conceitos Aduaneiros 1 CONCEITOS ADUANEIROS (SISTEMA DE EXPORTAÇÃO BRASILEIRA) O sistema de exportação facilita as trocas entre os diversos países. Isso posto, Vazquez (1998) afirma que a principal motivação por trás desse sistema econômico é obter recursos para pagamento dos bens importados essenciais para a manutenção da compe- titividade do país, porque, após a entrada de divisas cambiais, a absorção de tecnologia e métodos de gerenciamento são os ativos mais importantes para aumentar a produtividade. Segalis, França e Shirley (2012) reafirmam que, para um sistema de exportações se for- taleça, é essencial o desenvolvimento de uma estratégia que detecte as necessidades do importador, englobando a qualidade do produto exportado, precisão na entrega e apreça- mento correto da mercadoria, sendo competitivo no mercado em que atua. A comercialização internacional se assemelha às condições domésticas, com ex- ceções e particularidades, como o envio para longas distâncias, negociação em moeda estrangeira (Dólar, Yuan, Euro, Iene etc.), essas variáveis podem tornar as operações de exportação complexas. As operações de exportações podem ocorrer por meio direto ou indireto. Utilizando a primeira forma, as empresas enviam suas mercadorias sem a inter- mediação no seu mercado doméstico por outra empresa, portanto, a empresa é produtora e exportadora. Por meio do segundo método, as empresas que manufaturam os seus produtos no mercado doméstico vendem seus produtos para empresas especializadas em exportação, como as comerciais exportadoras ou trading companies (SEGALIS; FRAN- 9UNIDADE I Conceitos Aduaneiros ÇA; SHIRLEY, 2012). Essas características são denominadas por Werneck (2008) como aspectos queenvolvem as transações de comércio exterior, as quais veremos em seguida. Os diversos aspectos que envolvem as operações de comércio exterior são, de acordo com Werneck (2008), (i) negocial, (ii) logístico, (iii) cambial, (iv) tributário e (v) ad- ministrativo-fiscal. Na forma negocial temos como, nas negociações entre compradores e vendedores, acontece a formalização da transação que ocorre com o envio de uma fatura pro-forma ou pro-forma invoice, que representa uma oferta oficial pelo vendedor do produto; e caso o comprador aceite, ele envia uma mensagem confirmando a compra. A confirma- ção pode acontecer por meio de contrato formal de compra e venda ou simplesmente por emissão de fatura ou invoice. No aspecto logístico são abrangidos os aspectos inerentes ao transporte dos pro- dutos, isto é, da origem (vendedor) até o destino final (comprador), incluindo embalagem, trajetória e armazenagem das mercadorias. Por sua vez, as negociações acontecem em moedas diferentes (aspecto cambial), cuja operação é intermediada pelos bancos centrais dos respectivos países envolvidos na transação comercial. No que concerne à tributação, esse aspecto abrange o pagamento de impostos e tarifas relacionadas às operações de comércio internacional. E, por fim, a composição administrativa-fiscal engloba a presença do governo para que sejam aplicadas as devidas regulamentações, verificações e norma- tizações necessárias ao pleno funcionamento das operações de comércio exterior (WER- NECK, 2008). A estrutura técnica e administrativa do comércio exterior brasileiro é composta por: presidência da república, Secretaria de Comunicação Social (Secom), Ministério da Economia (ME), Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior1 (MDIC), Ministério das Relações Exteriores (MRE), Ministério da Defesa (DF), Comando da Marinha (CM), Diretoria de Portos e Costas (DPC), Secretaria da Receita Federal (SRF), Banco Central do Brasil (BCB), Banco do Brasil( (BB), Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), Câmara de Comércio Exterior (Camex), Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), Departamento de Operações de Comércio Exterior (Decex), De- partamento de Negociações Internacionais (Deint), Departamento de Defesa Comercial (Decom), Departamento de Normas e Competitividade no Comércio Exterior (Decoe) e Departamento de Estatística e Apoio a Exportação (Deaex) (Figura 1). 1 A estrutura do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) é parte integrante do Ministério da Economia, de acordo com Lei 13.844 de 2019, que estabelece a organização básica dos órgãos da Presidência da República e dos Ministérios. 10UNIDADE I Conceitos Aduaneiros Figura 1 - Organograma do Sistema do Comércio Exterior Brasileiro Nota: Estrutura do MDIC passou a integrar o Ministério da Economia, segundo a Lei 13.844/2019. Fonte: adaptado de Behrends (2006) e Segalis, França e Shirley (2012). O organograma apresentado na Figura 1 demonstra a distribuição das responsa- bilidades de cada órgão governamental na estrutura técnica-administrativa do comércio exterior brasileiro. Os ministérios devem se reportar à presidência da república, os quais possuem, em suas respectivas pastas, órgãos competentes e especializados em determi- nado tema, a exemplo temos o Banco Central do Brasil (BCB) e a Receita Federal do Brasil (RFB), ambos sob a tutela do Ministério da Economia. O BCB foi constituído por meio da Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964, pos- suem atuação em todo território nacional, zelando pela execução das determinações do Conselho Monetário Nacional (CMN), responsável pela regulação do Sistema Financeiro Nacional (SFN). Tendo o objetivo de preservar o poder de compra da moeda e a solidez e eficiência do SFN. A Receita Federal do Brasil é um órgão que possui abrangência de responsabilidades e competências, como: estratégia, operação, elaboração e interpretação de normas e regulamentos e combate ao contrabando (SEGALIS; FRANÇA; SHIRLEY, 2012). A Secretaria da Receita Federal (SRF) atua, segundo Werneck (2008), em duas frentes: arrecadação dos tributos federais e no controle aduaneiro. O segundo ministério destacado no organograma é o Ministério do Desenvolvi- mento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) cuja função envolve detectar o fluxo físico de mercadorias e serviços que entram e saem do país, tendo por prerrogativas o planejamento, definição das estratégias comerciais e questões operacionais. São subordinados ao MDIC: a Câmara de Comércio Exterior (Camex) que assume a formulação, adoção, implantação e coordenação de políticas e atividades correlatas ao comércio exterior, serviços e turismo; 11UNIDADE I Conceitos Aduaneiros A SECEX, cujas atribuições incluem: emitir licenças de exportação e importação, fiscalizar preventivamente ou a posteriori os preços, pesos, medidas, classificação, qualidade e tipos declarados nas operações que envolvem operações de exportações e importações, prover regras de financiamento da exportação e da manufatura que envolva exportação, e, entre outras competências, normatiza, supervisiona, orienta, planeja, controla e avalia as ativida- des de aduana (VAZQUEZ, 1998). A SECEX é composta por cinco departamentos: Deint, Deaex, Decex, Decom e Decoe, com ênfase no Decex, que está mais envolvido com as ações da Secretaria do Comércio Exterior. As principais competências do Decex são de aprimorar, simplificar e ade- quar os instrumentos do Comércio Exterior Brasileiro por meio de incentivos que aumentem a competitividade das empresas exportadoras, como a utilização do Drawback para reduzir a quantidade dos impostos pagos nos insumos importados e criar regulamentos para o funcionamento das exportadoras comerciais (trading companies) (SEGALIS; FRANÇA; SHIRLEY, 2012). Por fim, a Apex foi criada em novembro de 1997, como uma Gerência Especial da Agência de Apoio ao Empreendedor e Pequeno Empresário (SEBRAE) Nacional, poste- riormente denominada de Apex-Brasil. A atuação da Apex engloba a preparação das em- presas para a exportação, com o objetivo de inserir mais empresas no contexto econômico internacional, investindo em treinamentos e assessoria, desenvolvendo o relacionamento e divulgação das marcas e produtos brasileiros no exterior em parceria com as embaixadas (STELZER; NASCIMENTO; MORELLA, 2009). Uma inspeção visual no organograma da Figura 1 permite analisar que as transa- ções de comércio exterior são registradas por meio dos sistemas informatizados do governo federal – Sistema Integrado do Comércio Exterior (SISCOMEX) –, em que são computadas as declarações de importação e exportação, cuja finalidade consiste em mitigar e dificultar as tentativas de entradas ilegais de mercadorias (contrabando, descaminho), e para o de- sembaraço das operações de importação, exportação e trânsito, esse último com o objetivo de rastrear a mercadoria atualizando a sua localização (trânsito aduaneiro). O segundo sistema apresentado é o Sistema do Banco Central (SISBACEN), nesse são controlados os pagamentos e recebimentos em moeda estrangeira (contratos de câmbio) (WERNECK, 2008). 12UNIDADE I Conceitos Aduaneiros 2 CUSTOS LOGÍSTICOS NACIONAIS NA EXPORTAÇÃO Os custos logísticos domésticos englobam, segundo Borges, Rosa e Oliveira (2016), embalagem, unitização, manuseio, armazenagem, previsão da demanda, custos e seleção do(s) modal(ais) de transporte(s), equipamentos envolvidos nas operações e processamento dos pedidos. Por sua vez, como são inúmeros os custos envolvidos no transporte das mercadorias até o local combinado com o importador, surgiu a necessidade de regras e normas claras acerca desses custos. Diante do exposto, a Câmara de Comércio Internacional (CCI) elaborou essas re- gras para orientar as transações entre exportadores e importadores, abrangendo o trânsito das mercadorias, despesas implícitas nessas negociações,responsabilidade sobre danos, avarias ou prejuízos decorrentes do manuseio e transporte da(s) carga(s), o resultado foram os Incoterms, os quais serão abordados e esclarecidos na Unidade III desta disciplina. 2.1 Pagamentos Internacionais na Exportação Como cada país possui sua própria moeda, quando são efetuadas transações co- merciais entre países distintos, como operações de exportação e importação, é essencial um sistema para a troca de moedas, originando o sistema cambial. Diante do exposto, câmbio pode ser definido como a troca de uma moeda estrangeira pela moeda de outro país, para realizar essa troca aplica-se uma taxa de câmbio (SEGALIS; FRANÇA; SHIRLEY, 2012). 13UNIDADE I Conceitos Aduaneiros De acordo com Assaf Neto (2018), a taxa de câmbio é o preço entre as duas moedas estrangeiras, ou seja, pressupondo que a troca cambial seja realizada entre a moeda dólar norte-americano e o real brasileiro, a taxa é definida pela quantidade de reais necessários para adquirir uma unidade de dólar ou caso contrário. A valorização cambial da moeda nacional (real) ocorre quando há um aumento do seu poder aquisitivo, isto é, quando é necessária uma quantidade menor de moeda nacional para obter uma unidade de moeda estrangeira. Se a necessidade de moeda nacional aumenta para efetuar essa troca, o cenário predominante é de desvalorização cambial. Qual o interesse em saber sobre a taxa cambial? Se a taxa cambial está valorizada, há um incentivo para a exportação, dado que, ao exportar as mercadorias, a quantidade de moeda nacional obtida será maior (ceteris paribus2). O contrário se verifica com a taxa cambial desvalorizada, os exportadores reduziram seus interesses em vender a merca- doria no exterior, tendo por alternativa direcionar ao mercado interno. Em contrapartida, o importador será incentivado, dado que poderá adquirir produtos no exterior utilizando uma quantidade menor de unidades monetárias estrangeira (exemplo: dólar, euro, yuan, iene etc.). Os efeitos dessa dinâmica são observados, segundo Assaf Neto (2018), na balança de pagamentos, cujo resultado será positivo (superavitário) com a valorização cambial e negativo (deficitário) com a desvalorização cambial. No Brasil, o Banco Central (BCB), apresentado no organograma da Figura 1, é o responsável pela divulgação da taxa cambial denominada como taxa PTAX (Figura 2), cuja atribuição é representar a média das taxas, ou seja, a cotação das moedas estrangeiras com relação à moeda nacional (real). Os dados são registrados por meio do SISBACEN (SEGALIS; FRANÇA; SHIRLEY, 2012). Conforme o Decreto 6.759/09 (regimento aduaneiro) e Circular BCB n 2.767/1997 a qual regulamenta o câmbio de exportação determinam que o valor em reais da mercadoria a ser exportada no Registro de Exportação (RE) deverá ser a taxa de câmbio disponível no SISBACEN referente à compra da moeda estrangeira, denominada transação PTAX800 relativa ao dia útil imediatamente anterior ao da sua emissão (Figura 2). 2 Expressão em latim que significa “permanecendo constante todas as demais variáveis”. Muito utilizada em economia quando se deseja avaliar as consequências de uma variável sobre a outra, supondo- se as demais inalteradas (SANDRONI, 1999). 14UNIDADE I Conceitos Aduaneiros Figura 2 - Taxa de câmbio: Dólar dos Estados Unidos Nota: • Taxa de câmbio – livre – dólar americano (compra), registrada no SISBACEN PTAX800. • Série do câmbio organizada semanalmente (quarta-feira). Fonte: adaptado do BCB (2020). Por sua vez, as modalidades de pagamento operacionalizam o recebimento entre exportadores e importadores, incluindo as trocas entre moedas, sistema de crédito e demais transações pertinentes às operações do comércio internacional. As condições de pagamen- to são estipuladas no conjunto de documentos que compõem os trâmites aduaneiros e o importador só poderá ter acesso à mercadoria na alfândega, geralmente por meio de um despachante aduaneiro, caso essa documentação esteja completa e correta (LA TORRE; SILVA, 2016). As condições de pagamento podem ser classificadas e divididas em três, a saber: (i) pagamento antecipado; (ii) pagamento à vista, (iii) pagamento a prazo e (iv) exporta- ções financiadas (Quadro 1). Assim sendo, na modalidade de pagamento antecipado já foi efetuado o pagamento da mercadoria a ser exportada, sendo necessário o envio da documentação para que o importador possa liberar a(s) carga(s) na alfândega. Na moda- lidade de pagamento à vista, o importador somente paga a mercadoria quando ela chegar ao porto de destino. Confirmada a chegada e efetuado o pagamento, o banco intermediário da transação comercial liberará os documentos para posterior trâmite alfandegário. Por sua vez, na modalidade de pagamento a prazo (usualmente representado por uma letra de câmbio3) o banco intermediário da transação comercial só poderá entregar os 3 Letra de Câmbio: de acordo com Assaf Neto (2018), a Letra de câmbio (LC) é uma ordem de pagamento emitida pelo credor ou sacador contra o devedor ou sacado, sendo que o favorecido da LC pode 15UNIDADE I Conceitos Aduaneiros documentos após análise criteriosa das garantias do importador e, por fim, na modalidade de exportações financiadas é considerado o pagamento superior a 360 dias do embarque (com exigência de ROF4) e, para esses financiamentos, são utilizados fontes de recursos próprias ou de terceiros como o Programa de Financiamentos às Exportações (Proex) e/ou por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) (ASSUMP- ÇÃO, 2007; LA TORRE; SILVA, 2016). Diante do exposto, a(s) garantia(s) de segurança do exportador está na documen- tação de embarque, pois, sem a posse dessa documentação, o importador não consegue desembaraçar e nacionalizar os produtos, isto é, não consegue adentrar o país com a mercadoria de forma legal. ser o próprio sacador ou um terceiro envolvido a ser indicado pelo sacador. 4 ROF: é um documento eletrônico autorizado pelo Banco Central (Bacen) por meio do SISBACEN, cujo objetivo é controlar os montantes superiores a 360 dias (longo prazo) que entram e saem do país através de operações de crédito e por serviço de transferência de tecnologia como em casos de empréstimos de moedas, lançamento de títulos, antecipações de pagamentos de exportações e operações dessas naturezas operacionais (ASSUMPÇÃO, 2007). 16UNIDADE I Conceitos Aduaneiros 3 TRATAMENTO ADMINISTRATIVO As diretrizes do comércio exterior são dispostas por meio do DECRETO n 6.759, de 5 de fevereiro de 2009, que regulamenta a administração das atividades aduaneiras e a fiscalização, o controle e a tributação das operações de comércio exterior. Assim sendo, o tratamento administrativo necessário para operacionalizar as exportações no Brasil como licenciamentos, acompanhamentos e autorizações envolvem diversas instituições governamentais. Cada instituição ou órgão do governo possui uma competência definida como normatizar ou regular o processo de exportação. Isso posto, Segalis, França e Shirley (2012) afirmam que o órgão responsável por normatizar as ope- rações de comércio exterior é o Decex (Figura 1), cujo departamento segue as diretrizes impostas pela SECEX, que, por sua vez, é órgão subordinado ao Ministério do Desenvolvi- mento, Indústria e Comércio Exterior (MIDC). Para iniciar o processo de exportação, é necessário que o exportador se habilite por meio do Ambiente de Registro e Rastreamento de Atuação dos Intervenientes Aduaneiros (RADAR), cujo sistema é administrado pela Receita Federal do Brasil (RFB), os procedi- mentos para o cadastro dos agentes importadores e exportadores de natureza física ou jurídica estão descritos por meio da Instrução Normativa RFB n 1.288, de 31 de agosto de 2012 e no Ato Declaratório Executivo Coana n 33, de 28 de setembro de 2012 (BORGES; ROSA; OLIVEIRA, 2016). 17UNIDADE I Conceitos Aduaneiros O objetivo dessesistema é disponibilizar às unidades aduaneiras da RFB infor- mações contábil e fiscal das operações de comércio exterior. Diante do exposto, o agente devidamente registrado no RADAR estará habilitado a atuar nos processos de exportação e importação. O procedimento a ser adotado pelo exportador, após ser habilitado no RADAR, é solicitar o licenciamento ou autorização fornecida pelo Decex conhecida por Registro de Exportação (RE). O RE, de acordo com Segalis, França e Shirley (2012), é um conjunto de informações disponibilizadas sobre a natureza fiscal, comercial, financeira e cambial, que caracterizam a operação de exportação de uma mercadoria e definem as condições de enquadramento por meio do código NCM5. Esse registro deve passar pelos critérios de análise do Decex e, em casos especiais, é examinado por algum órgão governamental, como na intervenção da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), quando envolve a exportação de alguns medicamentos, e deve ser solicitada antecipadamente à declaração para o despacho aduaneiro (BORGES; ROSA; OLIVEIRA, 2016). Assim sendo, o exportador deve consultar previamente o Tratamento Administrativo do SISCOMEX, cujas normas e procedimentos estão consolidadas na Portaria SECEX, n 23, de 14 de julho de 2011. Por sua vez, a Portaria SECEX n 19, de 02 de julho de 2019, dispõe sobre as licenças de exportação, permissões, certificados e outros documentos. Por sua vez, os documentos solicitados, por meio do Portal Único de Comércio Exterior, de acordo com o Decreto 660, de 25 de setembro de 1992, referido no art. 9-A são realizada utilizando o módulo de Licenças, Permissões, Certificados e Outros Documentos (LPCO). 3.1 Exportações de Material Usado De acordo com a portaria SECEX n 23, de 14 de julho de 2011, art. 257, a exporta- ção de material usado deve ter o seu RE ou ato concessório de drawback, da classificação NCM/TEC e do Decex, Decoe e Coordenação-Geral ou Coordenação responsável pelo assunto encaminhados à seção de protocolos do MIDC. Na seção XXIX, art. 255, o texto da lei preconiza que o material usado e a mercadoria nacionalizada poderá ser objeto de exportação, desde que sejam observadas as normas gerais dispostas na referida portaria. 5 NCM: de acordo com Werneck (2008), trata da classificação fiscal de mercadorias e só foi possível após sucessivos esforços, o que acabou por consolidar em 1983 a Convenção Internacional Sobre o Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias ou Convenção do Sistema Harmonizado (NESH). O Brasil adotou a nomenclatura Brasileira de Mercadorias (NBM), sendo modificado posteriormente para Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM). 18UNIDADE I Conceitos Aduaneiros As regras de combinação e códigos de enquadramento de exportação são descritas por meio do quadro de Tratamentos Administrativos, Modelos de LPCO e Atributos na Exportação disponível no portal do SISCOMEX (Quadro 1). Quadro 1 - Classificação dos tipos de operações de exportação de material usado Cód. Descrição 80106 Exportação de material usado, nacional; 90003 Exportação temporária de obras de arte e de bens destinados a feiras e exposi-ções semelhantes 90005 Exportação temporária de bens a serem submetidos a conserto, reparação ou manutenção 90055 Exportação temporária para aperfeiçoamento passivo artigo 109 IN RFB 1600/2015 90098 Exportação temporária sem nota 90099 Outras exportações temporárias não enquadradas em outros códigos 90115 Exportação temporária de aeronave/material aeronáutico a ser submetido a con-serto, manutenção, reparo, revisão ou inspeção 90199 Exportação para conserto, manutenção, reparo, revisão ou inspeção no exterior de bens anteriormente admitidos temporariamente (artigo 40 IN RFB 1600/2015) a 90001 Exportação temporária de recipientes/embalagens, reutilizáveis 99132 Reexportação de recipientes/embalagens, reutilizáveis, admitidos temporaria-mente 99101 Exportação sem expectativa de recebimento para fins de divulgação comercial e envio de amostras 99103 Exportação sem expectativa de recebimento para complementação (peso/quanti-dade) de exportação anterior 99104 Exportação sem expectativa de recebimento para fins de doação de bens (ativida-des religiosas, filantrópicas etc.) b 99105 Devolução de mercadoria ao exterior - efetivação de vínculo com Drawback isen-ção c 99106 Exportação sem expectativa de recebimento para indenização de mercadoria sem devolução daquela exportada originalmente 99107 Exportação sem expectativa de recebimento para envio de bens sob a forma de herança d 99108 Reexportação de mercadoria admitida temporariamente, exceto operações en-quadradas no código 99123 99109 Exportação sem expectativa de recebimento para envio de partes e peças desti-nadas à reparação de navios com bandeira brasileira 99110 Exportação sem expectativa de recebimento para envio de material para manu-tenção de rota de voo de empresa aérea brasileira no exterior 99111 Exportação sem expectativa de recebimento para envio de peças sobressalentes sob contrato de garantia 99112 Exportação sem expectativa de recebimento para envio de bens sob a forma de investimento de capital brasileiro no exterior 19UNIDADE I Conceitos Aduaneiros 99114 Exportação sem expectativa de recebimento para indenização de mercadoria com devolução daquela exportada originalmente 99122 Exportação sem expectativa de recebimento para devolução de mercadoria im-portada (Portarias MF 150/82, 326/83 e 240/86) 99123 Reexportação de aeronaves ou material aeronáutico 99124 Reexportação de mercadoria admitida em entreposto aduaneiro, industrial ou De-pósito Especial Alfandegado (DEA) 99128 Exportação sem expectativa de recebimento para envio de bens sob a forma de arrendamento operacional 99130 Exportação sem expectativa de recebimento ao amparo do Regime Especial de Importação de Insumos (RECOM) 99131 Exportação sem expectativa de recebimento para envio de partes, peças, compo- nentes e/ou acessórios destinados a atividades de manutenção ou assistência de aeronaves exportadas de fabricação nacional estacionadas no exterior 99133 Reexportação de produtos admitidos no regime aduaneiro especial de depósito afiançado 99194 Devolução de mercadoria importada ao amparo do regime de drawback isenção, sem cobertura cambial, pré-vínculo e 99195 Devolução de mercadoria importada ao amparo do regime de drawback, sem ex-pectativa de recebimento 99196 Exportação definitiva de bens exportados temporariamente sem nota fiscal f 99197 Reexportação sem nota 99198 Exportação definitiva sem nota 99199 Outras exportações sem expectativa de recebimento para envio de bens ao exte-rior não enquadradas em outros códigos 99200 RECOF SPED sem expectativa de recebimento 81101 Drawback suspensão (Notícia SISCOMEX N.003, de 20/02/2013) g 81105 Exportação ao amparo do regime de Drawback Isenção g 81195 Devolução ao exterior de mercadoria importada ao amparo do Regime de Drawba-ck, com expectativa de recebimento g 81501 Exportação financiada - PROEX/Equalização g 81502 Exportação financiada - PROEX/Financiamento g 81503 Exportação financiada-recursos próprios de terceiros, sem PROEX g Nota: apesar de se tratar de uma operação em que, fisicamente, o bem sai do País com intenção de voltar, não se enquadra no regime de exportação temporária descrito no Regulamento Aduaneiro b não pode ser usado para exportação sem nota fiscal. c impede o registro na DU-E (mesmo constando na tabela). d não pode ser usado para exportação sem nota fiscal. e impede o registro na DU-E (mesmo constando na tabela). f sem nota g se usar um enquadramento Grupo 7 com Grupo 8, todos os itens da DU-E devem ter os dois enquadramentos. Fonte: adaptado de SISCOMEX (2020). 20UNIDADE I Conceitos Aduaneiros O RE possui dois grupos de exceções, segundo Borges, Rosa e Oliveira (2016), são estes: (i) alimentos, combustíveis e os demaisprodutos direcionados ao consumo/bordo de aeronaves e embarcações que façam rotas internacionais e (ii) joias, metais preciosos, pedras as quais sejam negociadas em lojas francas, cujos passageiros possuam como destino o exterior ou operação que caracterize em moeda estrangeira a não residentes no país. Diante do exposto, nem todas as operações de exportação necessitam de RE ou guia eletrônica, sendo elegível para dispensa: ● Demonstração ou amostra de mercadorias sem valor comercial; ● Bagagens; ● Caixões contendo cadáveres ou restos mortais; ● Outras mercadorias dispostas na Portaria SECEX n 23/2011; Por sua vez, o SISCOMEX, ao receber as informações da operação de exportação, as analisa e, caso não apresente inconsistências ou pendências, o RE é validado. SAIBA MAIS Durante a Pandemia de Sars-Cov-2 vírus causador da doença COVID-19, o presidente em exercício dos EUA, Donald Trump, invocou uma lei que remete a períodos de guerra, conhecida por Lei de Produção de Defesa. Essa Lei permite que todos os recursos e insumos do setor produtivo norte-americano sejam redirecionados para a produção em escala de equipamentos hospitalares e produtos relacionados para o combate ao avan- ço da doença. Por sua vez, o presidente adotou uma medida mais extrema ao proibir que a empresa 3M exportasse seus produtos médicos para outros países. Fonte: o autor. REFLITA “O Segredo do comércio está em levar as coisas de onde abundam para onde são mais caras” (Ralph Waldo Emerson). 21UNIDADE I Conceitos Aduaneiros CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro(a) estudante, nesta primeira unidade da disciplina de Gestão de Operação de Exportação aprendemos sobre a organização, competência e atribuições dos órgãos intervenientes do comércio exterior brasileiro. Começamos por entender a hierarquia do comércio exterior a partir da presidência da república, ministérios, secretarias, departa- mentos, agentes bancários e fiscal envolvidos nos processos que definem, normatizam e regulam as operações de importação e exportação. Estudamos, por meio de uma breve introdução, os conceitos, elaboração e opera- cionalização da taxa cambial (PTAX), como é registrada no SISBACEN e sua importância para as transações de exportações finalizando o tópico com as modalidades de pagamen- tos abrangendo os quatro tipos, a saber: pagamento antecipado, à vista, a prazo e os financiamentos de exportação Por fim, chegamos no tratamento administrativo regido pelo Decreto 6.759/2009 (legislação aduaneira) e Portaria da SECEX n 23, de 14 de julho de 2011, que dispõe sobre as regras para o Registro de Exportação (RE), que permite aos agentes envolvidos no processo de exportação a compreensão das etapas necessárias a serem cumpridas para ter o RE validado e a mercadoria embarcada. Dando sequência aos nossos estudos, na próxima unidade vamos abordar os tipos de exportação, os acordos comerciais, o que é um despacho aduaneiro e suas formas, seguindo com a Declaração de Exportação (DE) e os processos de natureza correlata. 22UNIDADE I Conceitos Aduaneiros LEITURA COMPLEMENTAR KUSSANO, M. R.; BATALHA, M. O. Custos logísticos agroindustriais: Uma avaliação do es- coamento da soja em grão do Mato Grosso para o mercado externo. Gestão & Produção, São Carlos, v. 19, n. 3, 2012. 23UNIDADE I Conceitos Aduaneiros MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: ABC do Comércio Exterior: Abrindo as Primeiras Páginas Autor: Samir Keedi Editora: Aduaneiras Sinopse: Esta nova edição apresenta, em linhas gerais, sem apro- fundamento operacional, o que existe e como é feito o comércio exterior. São apresentados os assuntos que os profissionais da área precisam conhecer para obterem sucesso. Samir Keedi tem como principal objetivo inserir tanto o aluno como o profissional iniciante nos meandros do comércio exterior. Assim, todos aqueles que convivem com o comércio internacional podem contar com mais esta ferramenta para ajudá-los nesta tarefa. FILME/VÍDEO Título: Death by China (Morte pela China) Ano: 2012 Sinopse: Em 2001, a China ingressou na Organização Mundial do Comércio com o forte apoio de um Presidente Democrata e de um Congresso Republicano. Antes de secar a tinta desse acor- do de livre comércio, a China começou a inundar os mercados dos EUA com exportações subsidiadas ilegalmente, enquanto as grandes empresas multinacionais, que pressionaram fortemente pelo acordo, aceleraram rapidamente o escoramento de empre- gos americanos na China. Hoje, como resultado do maior jogo de aparências da história americana, a China roubou milhões de nossos empregos, os lucros das empresas estão aumentando e agora devemos mais de US $ 3 trilhões à maior nação totalitária do mundo. WEB O vídeo a seguir narra a história dos pais fundadores da economia do Brasil em meados da década de 20. No formato de documen- tário mostra o desfecho das famílias que ajudaram a construir a economia brasileira como os Guinle, proprietários do porto de Santos, os Matarazzo donos de um conglomerado com diversas empresas desde o processamento de banha até importação e exportação e os Martinelli com foco na indústria de transporte ma- rítimo. O cenário que serve como plano de fundo da época era da I Guerra Mundial a qual estabeleceu sérias restrições econômicas no mundo e instituiu medidas agressivas com relação ao transpor- te de cargas como os ataques com submarinos realizados pelos alemães o que afetou os negócios no Brasil. Link: https://youtu.be/aAorwr5bTMQ?list=PLtw3KQvH0Qw8Lx- tRhwcANo74OTqQd8bHe https://youtu.be/aAorwr5bTMQ?list=PLtw3KQvH0Qw8LxtRhwcANo74OTqQd8bHe https://youtu.be/aAorwr5bTMQ?list=PLtw3KQvH0Qw8LxtRhwcANo74OTqQd8bHe 24 Plano de Estudo: ● Exportação temporária ● Exportação “triangular” ● Exportação e EX-tarifário ● Acordos comerciais ● Despacho aduaneiro Objetivos de Aprendizagem: ● Descrever as modalidades de exportação ● Discorrer sobre as características dos Certificados de Origem para enquadramento no Regime de Tarifação Preferencial ● Apresentar os Acordos Comerciais e Blocos Econômicos ● Introduzir os procedimentos aduaneiros para o desembaraço e averbação da mercadoria UNIDADE II Tipos de Exportação Professor Mestre George Lucas Máximo Ferreira 25UNIDADE II Tipos de Exportação INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a) da disciplina de Gestão de Operações de Exportação, seguimos em nossa jornada pelo conhecimento nesta Unidade II, em que vamos abordar as moda- lidades de exportação abrangendo definições, legislação vigente e aplicações. Seguimos com a Política aduaneira começando com os acordos comerciais, como o Mercosul, Nafta, Alca dentre outros, e as relações do Brasil com os blocos econômicos. Discorreremos acerca dos aspectos operacionais e administrativos que envolvem as operações de exportação com a introdução dos conceitos de despacho aduaneiro, quais são os tipos de despacho com a interpretação pautada no Regulamento Aduaneiro (RA), redação dada por meio do Decreto 6.759/2009, Instruções Normativas (IN) da Receita Federal do Brasil, e Portarias da SECEX. Vamos adentrar sobre as características que envolvem os Certificados de Origem e os benefícios trazidos pelo Tratamento Tarifário Preferencial como medida de ressarci- mento tributário ao produtor nas operações de exportações. Vamos aprender juntos os aspectos da operacionalização das exportações por meio do fluxo de despacho aduaneiro, verificação da mercadoria, Declaração de Exportação (DE) e os documentos exigíveis que compõem o processo aduaneiro, bem como a sua análise. Por fim, serão apresentados os aspectos de finalização do processo aduaneiro de exportação com a posse do Comprovante de Exportação (CE) e Averbação no SISCOMEX da operação de exportação com a saída definitiva da mercadoria do território nacional. Desejo bons estudos! 26UNIDADE II Tipos de Exportação 1 ACORDOS COMERCIAIS As economias dos países desenvolveram, supriram e mantêm as negociações com países diversos aos seus, partedesses esforços contribuíram para a globalização da economia mundial, isto é, o trânsito de mercadorias, serviços, ideias, políticas, conflitos etc. Segundo Keedi (2015), o mundo começou um processo de união em blocos econômicos, cujo objetivos e combinações abrangem as mais distintas intenções, como a intensificação do comércio entre os países por meio de acordos bilaterais ou multilaterais entre os paí- ses ou blocos. Evidentemente, os acordos de comércio desejam reduzir ou expurgar os impostos, taxas, tarifas ou qualquer incidências dessas naturezas sobre as mercadorias e ou transações comerciais facilitando o trânsito de produtos, serviços, pessoas etc. entre os países do acordo, ou membros de um bloco econômico, haja visto a União Europeia e a Zona do Euro. Áreas ou Zonas com preferência tributária ou tarifária são constituídas a partir do acordo entre dois ou mais países. Isso posto, para reduzir as tarifas alfandegárias no comércio utilizando o mecanismo de concessão de preferência tarifária é necessário eleger um conjunto de mercadorias será permitida a realização dessas negociações reduzindo as tarifas de importação. Condições podem ser exigidas para que essa preferência seja válida, como a com- provação de origem do país exportador. Com a adoção de áreas ou zonas de livre comércio os países estabelecem o acordo mútuo de trânsito de produtos entre eles, sem tributação 27UNIDADE II Tipos de Exportação sobre importação os chamados direitos alfandegários (KEEDI, 2015). No Quadro 1 são apresentados alguns acordos comerciais, a saber: Quadro 1 - Apresentação dos Acordos Comerciais ou Blocos Econômicos Acordo Comercial ou bloco Descrição do acordo ou união comercial UE União Europeia é composta pela formação de blocos econômicos cuja for- mação aconteceu no século XX. É considerada o mais avançado estágio de acordo econômico entre países caracterizando-se como uma União Econô- mica estabelecendo uma moeda única em jan./2002, o EURO. Países membros: Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Chipre, Croácia, Di- namarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Gré- cia, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Países Bai- xos, Polônia, Portugal, Reino Unido da Grã-Bretanha† e Irlanda do Norte, República Tcheca, Romênia e Suécia. NAFTA Acordo de Livre Comércio da América do Norte (North American Free Trade Agreement - Termo em inglês). Sua formação inicial era composta por Cana- dá e EUA em 1988 e em 1992 o México aderiu ao acordo Países membros: Estados Unidos (EUA), Canadá e México. Objetivos: Eliminação total das barreiras alfandegárias sobre as mercadorias transacionadas entre esses países violando sua premissa inicial que era de zona de preferência tarifaria. APEC Cooperação Econômica Ásia-Pacifico (Apec, Asian Pacific Economic Coope- ration – Termo em inglês) sua formação abrange economias asiáticas, ame- ricanas e da Oceania. Foi criada em 1989 cujo objetivo era um fórum de discussão entre os países da Association of the South East Asian Nations (Asean) junto a alguns parceiros da região do Pacifico sendo consolidado em bloco econômico em 1994 quando o objetivo passou a ser a transformação da região do Pacifico em uma área de livre circulação de mercadorias Países Membros: Austrália, Brunei, Canadá, Chile, China, Coreia do Sul, EUA, Filipinas, Hong Kong, Indonésia, Japão, Malásia, México, Nova Zelân- dia, Papua Nova guiné, Peru, Rússia, Singapura, Taiwan, Tailândia e Vietnã. ALCA A Área de Livre Comércio das Américas tinha por objetivo, um acordo entre os países para livre circulação de mercadorias começando com preferências tarifárias reduzindo os impostos de importação que no limite seria zero. En- tretanto o acordo não prosseguiu porque o Brasil não seguiu com as nego- ciações sem estimativa de retomada nas conversações. Os possíveis países membros seriam: Países membros: Antígua e Barbuda, Argentina, Bahamas, Barbados, Belize, Bolívia, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Dominica, El Salvador, Equador, EUA, Granada, Guatemala, Guiana, Haiti, Honduras, Jamaica, Mé- xico, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Santa Lú- cia, São Cristóvão e Neves, São Vicente e Granadinas, Suriname, Trinidad e Tobago, Uruguai e Venezuela; ALALC Associação Latino-Americana de Livre Comércio, instituída pelo Tratado de Montevidéu de 1960 cujos objetivos englobava o estabelecimento de uma zona de livre comércio começando um processo de reduções tarifárias entre os países do acordo. 28UNIDADE II Tipos de Exportação ALADI Associação Latino-Americana de Integração nas Américas do Sul, Central e Norte substituta da ALALC. Constitui uma área de preferência tarifaria, por- tanto, trata-se de um acordo para redução de impostos de importação e não total isenção. Permite acordos bilaterais entre os países membros com prefe- rências tarifarias maiores que o previsto no tratado geral da Aladi. Países membros: Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, Cuba, Equador, México, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela; Panamá aderiu em 2009 e Nicarágua em 2001. M E R C O - SUL Mercado Comum do Sul, teve início com o Tratado de Assunção, celebrado em 26 de março de 1991 entre Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. Seu objetivo é uma união aduaneira cuja tarifa é denominada de Tarifa Externa Comum (TEC). Entre os membros originais há livre trânsito de mercadorias sendo imposta uma tarifa única de importação para os demais países. O Mercosul possui acordos de preferência tarifárias com a Aladi, comunidade andina (CAN) e negociações em andamento para fechar acordos com outros blocos⊥. Nota 1: †BREXIT: Junção das palavras “British Exit” ou Saída do Reino Unido, que foi oficializado as 23h (20h horário de Brasília) em 31 de janeiro de 2020 da União Europeia. Na prática, a saída do Reino Unido da UE recria fronteiras alfandegarias entre os seus vizinhos, como é o caso das inspeções que serão submetidas às mercadorias e produtos vindos da Irlanda do Norte, os quais precisaram pagar impostos de importação (BBC, 2018). ⊥A previsão é que o acordo reduza em dez anos as tarifas de exportação da América do Sul para a Europa e que no limite esta seja zero, isto é, não será aplicada cobrança tarifária nas negociações futuras e, em contrapartida, a Europa precisa reduzir as tarifas de exportação que aplica nas merca- dorias do Mercosul. Lembrando que o Brasil é um dos maiores exportadores agrícolas que destinam mercadorias a Europa (BRASIL, 2016). Fonte: adaptado de Keedi (2015) e Werneck (2008). Ademais, o Brasil participa de acordos multilaterais, como o celebrado com o Acor- do de Complementação Econômica 18 (ACE 18), em que se estabelecem as preferências tarifárias com os países, a saber: Argentina, Paraguai e Uruguai independente da classifica- ção dada pela Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM). Isso posto, a tarifa de importação entre esses países não incide, ou seja, é zero com a particularidade da indústria automotiva que é considerada por meio do acordo ACE-14 (Brasil-Argentina). Assim sendo, o Brasil está envolvido com outros acordos dessa natureza, como ACE 2 (Brasil-Uruguai), ACE 53 (Brasil-México), ACE 38 (Brasil-Guiana) e ACE 41 (Brasil-Suriname) (KEEDI, 2015). Ademais, são apresentados os seguintes acordos que o Mercosul está inserido e, por consequência, o Brasil, a saber: ACE 35 (Brasil-Chile), ACE 36 (Mercosul-Bolívia), ACE 55 (Mercosul-México), ACE 58 (Mercosul-Peru), ACE 59 (Mercosul-CAN) e ACE 62 (Mercosul-Cuba). Associados a esses acordos comerciais são firmadas parcerias entre o Mercosul e a Índia, Mercosul e Israel, estabelecendo preferências tarifarias, englobando diversas mercadorias de acordo com a classificação NCM. 29UNIDADE II Tipos de Exportação 2 EXPORTAÇÃO TEMPORÁRIA, “TRIANGULAR” E EX-TARIFÁRIO Caro (a) aluno (a), você já imaginou como são complexos os processospara expor- tação das mercadorias? Isso se deve à finalidade, destino, natureza do produto, classificação fiscal, legislação aduaneira nacional e internacional, precificação da mercadoria, entre outros fatores. As exportações estão em ritmo de crescimento devido aos interesses dos empresá- rios em diversificar as suas operações, negociar em moeda estrangeira estando, portanto, exposto às variações cambiais inerentes a essas operações. No entanto, as exportações, com sua formação complexa e conjunto de variáveis e atribuições associadas aos desafios constantes de interpretação da legislação aduaneira, são consideradas um benefício para o país por captar divisas, gerar empregos, renda e aumento da qualificação do capital intelectual envolvido nos processos. Diante do exposto, vamos introduzir alguns conceitos sobre as modalidades e operacionalização dos processos de exportação. A Exportação temporária é o regime cuja finalidade permite a exportação e importação por um tempo pré-determinado com a aplicação da suspensão do pagamento de tributação durante o período acordado. Isso posto, esse regime é utilizado para expor produtos em feiras, uso de equipamentos por atletas em competições como Olimpíadas, Circuito Automobilístico (carros de Fórmula 1) etc. De acordo com La Torre e Silva (2016), o uso desse instrumento é comum por empresas que se enquadram segundo os dispositivos legais, Decreto-Lei n 37/1966, art. 92, com a redação dada pelo Decreto n 2.472/1988, art. 1 e por meio do Decreto n 6.759, art. 431 que estabelece os termos da exportação temporária. 30UNIDADE II Tipos de Exportação Por sua vez, a Exportação “triangular”, a operação de exportação por conta e or- dem, foi criada com a Lei 12.995/2014, que estipula que para efeitos fiscais a mercadoria foi exportada pelo produtor ou revendedor contratante da exportação e deverá ocorrer no prazo de 30 dias, contados da contratação da pessoa jurídica exportadora por conta e ordem. Diante do exposto, não se considera exportação por conta e ordem de terceiro, a operação de venda de mercadorias para empresas exportadoras (trading companies). Nesse tipo de exportação o importador (comprador) determina que a mercadoria adquirida seja entregue para uma empresa em país diverso ao destino final, método semelhante é aplicado nas operações de exportação triangular1. Por sua vez, o respaldo dessa operação é concedido por meio do Convênio ICMS 59/2007, que dispõe sobre os procedimentos para a emissão de documentos fiscais nas remessas de mercadoria para exportação direta, por conta e ordem de terceiros, situadas no exterior. Isso posto, o exportador deverá emitir a nota fiscal de exportação em nome do importador no exterior (Uruguai) com as seguintes diretrizes: ● No campo natureza da operação - “Operação de exportação direta”; ● No campo do CFOP – código 7.101 ou 7.102 (em consonância com a situação); ● No campo informações complementares preencher: = O número do Registro de Exportação (RE) do SISCOMEX; = Demais obrigações definidas nas legislações das entidades federadas. O exportador deverá emitir a nota fiscal de saída de remessa devido o transporte da mercadoria em nome do destinatário que se encontra em país diverso daquele do adqui- rente (EUA). Nessa etapa do processo de exportação deverá constar: ● no campo natureza da operação - “Remessa por conta e ordem”; ● no campo do CFOP – código 7.949 (outras saídas de mercadorias não especi- ficadas); ● No campo informações complementares preencher: = O número do Registro de Exportação (RE) do SISCOMEX; = Número, série e a data da nota fiscal da operação de exportação direta (primeira etapa do processo). 1 A operação de exportação triangular não é uma operação comumente utilizada devido à algumas especificidades. Nesse tipo de exportação um importador (exemplo: Itália), adquire um produto do Brasil (exportador), entretanto, a mercadoria é produzida nos Estados Unidos (fabricante). Isso posto, devido a estratégias de comércio exterior protegidos por acordos contratuais, é escolha do exportador omitir a presença do fabricante declarando apenas o local de origem, porém sem os dados de identificação para dificultar a venda direta entre comprador e fabricante, dito isso é raro a aplicação desse método de exportação, observando que o importador com frequência deseja adquirir a mercadoria direto do vendedor eliminando intermediários e os custos inerentes ao processo. 31UNIDADE II Tipos de Exportação Ademais, o regime de EX-tarifário consiste na redução temporária da alíquota do imposto na importação de máquinas, equipamentos etc. (mercadorias que se configurem como Bens de Capital - BK), e na área de informática e telecomunicações (BIT), previstos na Tarifa Externa Comum do Mercosul (TEC) quando a produção nacional for inexistente. A Portaria do Ministério da Economia (ME) n 309, de 24 de junho de 2019, estabelece as regras dos procedimentos para análise de pedidos de redução temporária e excepcional da alíquota do imposto de importação para os bens supracitados. Entretanto, esse regime de isenção tributário não se aplica em operações de exportações. Isso posto, trataremos do Certificado de Origem, cujos benefícios fiscais são elegíveis e similares. O Certificado de Origem2 Formulário A (Form “A”) é um documento que atesta o país de origem dos produtos exportados e deve ser apresentado junto ao conhecimento de embarque, fatura comercial, Registro de Exportação (RE) ou Registro de Exportação Simplificado (RES) ou Declaração Simplificada de Exportação (DES), Incoterm (FOB ou Ex-works) e outros documentos de comprovação a serem exigidos. O produto a ser certifi- cado precisa cumprir alguns requisitos como se enquadrar nas regras de origem. As regras de origem do produto podem ser classificadas em duas categorias: (i) Regras de Origem Preferenciais e (ii) Regras de Origem Não-Preferenciais3. As regras preferencias são termos negociados entre as partes interessadas em acordos preferenciais de comércio, estabelecidos para uma determinada mercadoria, objetivando um tratamento tarifário preferencial. Nessa categoria se destaca o Sistema Geral de Preferência (SGP), cuja finalidade é a inserção de países em desenvolvimento na economia internacional. Isso posto, na segunda regra, o produtor que exportou mercadorias manufaturadas poderá obter, para fins de ressarcimento parcial ou total, o valor remanescente (residual) dos impostos federais cobrados no seu processo produtivo (BRASIL, 2020). Segundo Assumpção (2007), é requerido pelas autoridades da alfândega, quando os produtos estão enquadrados em tratamento preferencial tarifário, ou seja, para elegibi- lidade à isenção ou redução tributária de importação (II) em consonância com os acordos internacionais ou legislação doméstica. A emissão desse certificado ocorre por meio da 2 Para efeitos de conferência, convido você, caro(a) aluno(a), a acessar o Sistema sobre Tarifas, Regras de Origem e Serviços dos Acordos Comerciais Brasileiros (CAPTA), cujo objetivo é facilitar a consulta on-line dos acordos comerciais firmados pelo Brasil. 3 Por meio da Lei nº 12.546/2011 em que dispõe sobre as regras de origem não preferenciais aplicadas como instrumentos não-preferenciais na política comercial brasileira. No art. 1 do referido dispositivo legal é possível encontrar a instituição do Regime Especial de Reintegração de Valores para as Empresas Exportadoras (Reintegra), cuja finalidade consiste em reintegrar valores relacionados a custos tributários federais residuais existentes do processo produtivo. A Portaria SECEX nº 38/2015 dispõe sobre as regras de verificação no âmbito das importações das mercadorias destinadas ao Brasil, sob a prerrogativa do DEINT departamento vinculado a SECEX. 32UNIDADE II Tipos de Exportação apresentação da fatura comercial pelas federações da agricultura, indústria e do comércio, associações comerciais,centros e câmaras de comércio. De acordo com a Portaria da SECEX N 16/2011, que dispõe sobre a emissão de certificados de origem preferenciais na Exportação, define uma lista de instituições autorizadas a emitir o certificado (Quadro 2). Quadro 2 - Instituições autorizadas à emissão dos certificados de origem Entidade emissora Unidade da Federação Associação Comercial de Porto Alegre RS Associação Comercial de Santos SP Associação Comercial do Estado do Paraná PR Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Paranaguá PR Centro de Comércio do Café do Rio de Janeiro RJ Federação da Agricultura do Pará PA Federação das Associações Comerciais do Estado da Bahia BA Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina SC Nota: se trata de uma lista parcial, para obter a lista completa, acessar a Portaria SECEX n 16/2011. Fonte: adaptado do Brasil (2011b). As autorizações para a emissão de certificados de origem por parte das instituições deverão ser requisitadas junto ao sistema do DEINT por meio de documento escrito, confor- me determina a Portaria SECEX n 16/2011. Para efeito do regime de tarifação preferencial auferida com a Certificação de Origem se entende por mercadoria originária a mercadoria originária do país em que foi realizado o seu processo de produção, independentemente do uso de insumos importados na confecção deste produto. É usual a definição em duas categorias por meio dos Acordos Comerciais da origem dos produtos, a saber: (i) originária, a mercadoria é fabricada no país membro do acordo ou mais de um país e os (ii) bens com alguma adição de insumo importado, mas que respeitam os termos dos acordos do regime de origem (BRASIL, 2020). Por fim, o processo de emissão e verificação de origem da mercadoria exige aten- ção, cumprimento a um conjunto de normas e especificações nacionais e internacionais e meticulosidade na forma de cálculo respeitando a composição do produto em consonância com os insumos empregados de acordo suas respectivas classificações NCM. 33UNIDADE II Tipos de Exportação 3 DESPACHO ADUANEIRO Toda mercadoria a ser exportada, inclusive a reexportada (BRASIL, 2009, art. 581), precisa ser internacionalizada, isto é, passa por um processo de desembaraço aduaneiro de exportação e verificação da legitimidade dos documentos. Segundo La Torre e Silva (2016), usualmente o exportador realiza essa operação denominada de Despacho Aduaneiro de Exportação por meio de um despachante aduaneiro4 cadastrado na Secretaria da Receita Federal (SRF), o qual deverá cumprir os seguintes passos: Figura 1 - Etapas do processo de Despacho Aduaneiro Fonte: adaptado de Assumpção (2007) e La Torre e Silva (2016). O conjunto de operações descriminados na Figura 1 compõe os procedimentos alfandegários necessários que são processados por meio do SISCOMEX e tem início com a Declaração de Exportação (DE), exame dos documentos, verificação das mercadorias, desembaraço aduaneiro e averbação de embarque. A solicitação do despacho deve ser requisitada pelo exportador ou despachante, funcionário ou servidor público relacionado a área de atuação aduaneira. Por sua vez, a conferência aduaneira é de competência da SRF, conforme legislação aduaneira vigente representada pelo Decreto 6.759/2009, sub- seção IV, art. 325. Diante do exposto, a SRF realiza, por amostragem e estabelece a rigor, três canais de parametrização nas operações de exportações, a saber: 4 O despachante aduaneiro é o agente responsável pela liberação das mercadorias na alfândega. Deve ser um profissional habilitado e registrado na Secretaria da Receita Federal (SRF). Suas competências abrangem a organização da documentação necessária, como registros, pagamentos da tributação, acompanhamento da conferência das mercadorias até que seja liberada no setor alfandegário (BORGES; ROSA; OLIVEIRA, 2016). 34UNIDADE II Tipos de Exportação Figura 2 - Canais de Parametrização nas operações de Exportações Fonte: adaptado de Assumpção (2007) A seleção parametrizada (Figura 2) é constituída em níveis distintos de conferência aduaneira para a Declaração de Exportação (DE). Dividida em canais, o canal verde segue ao desembaraço automático da declaração; no canal laranja, segundo a Instrução Normativa (IN) SRF n 28, de 27 de abril de 1994, arts. 22 a 24, é obrigatório o exame documental a ser aplicado pela fiscalização aduaneira; e, por fim, se a mercadoria for classificada no canal vermelho estará sujeita ao exame documental e verificação. A verificação da Classificação da parametrização pode ser realizada por meio do SISCOMEX em histórico de despacho. 3.1 Tipos de Despacho Tendo em vista o disposto na IN SRF n 28/1994, alterada pela IN RFB n 1.742, de 22 de setembro de 2017, e legislação aduaneira por meio do Decreto n 6.759/2009, capítulo II, art. 580, fica entendido por despacho de exportação o procedimento fiscal mediante o qual se processa o desembaraço aduaneiro da(s) mercadoria(s), cujo destino é o exterior. Isso posto, os tipos de despacho de exportação são: (i) com registro e (ii) sem registro no SISCOMEX. Os despachos de exportação com registro podem ser no Grande Porte ou na Web. Se no Grande Porte, este subdivide-se em: 35UNIDADE II Tipos de Exportação Quadro 3 - Subdivisão dos registros de despacho no Grande Porte Subdivisão Grande Porte Descrição DE anterior ao embarque A Declaração de Exportação é efetuada antes do embarque ou da saída da mercadoria DE posterior ao embarque a A Declaração de Exportação é efetuada após o embarque ou saída da mercadoria do país. Nota: a Segundo a IN SRF n 28/1994; IN RFB n 1.742/2017. Fonte: o autor. Exemplificando as subdivisões apresentados no Quadro 3, a DE posterior ao embarque é efetuada após o embarque da mercadoria ou sua saída do país com o RE previamente registrado nos termos do parágrafo único do art. 52 da supracitada Instrução Normativa SRF n 28/1994. Assim sendo, são elegíveis algumas mercadorias a esse tipo de despacho aduaneiro, a saber: de granéis – inclusive petróleo bruto e derivados, de produtos da indústria metalúrgica e de mineração, de produtos agroindustriais acondicionados em fardos ou sacaria etc. Por sua vez, associado aos despachos com DE – Grande Porte, se tem o Despacho com DSE (Declaração Simplificada de Exportação) informatizada, a qual poderá ser utilizada segundo IN SRF n 611/2006, art. 30, que entre outras operações incluem: bens exportados por pessoa física com ou sem a cobertura cambial respeitando o limite de US$ 50.000,00 (cinquenta mil dólares dos Estados Unidos da América) ou equi- valente em outra moeda estrangeira, desde que em quantidades que não designe a prática de comércio ou que se configure em hábito com exceção de produtos para os quais haja complacência de algum órgão governamental, respeitando a Portaria da SECEX n 23/2011, art. 183. Por fim, do registro no SISCOMEX Exportação Web, denominada de Declaração de Exportação Web no SISCOMEX (DE Web). Poderá segundo a IN RFB n 1.742/2017, art. 5, ser realizada uma única declaração para o despacho de exportação da mercadoria no exterior, cuja entrega terá participação de mais de um estabelecimento da mesma empresa exportadora no mesmo embarque. O despacho aduaneiro será processado por meio da DE Web quando da utilização da via de transporte internacional rodoviário e mercadorias sendo transportadas em veículos com autorização de caráter ocasional ou frota própria, deverá ser indicada na DE na via de transporte: meios próprios, e a apresentação deve ser na forma impressa (papel físico) – Conhecimento Internacional de Transporte Rodoviário (CRT) junto com o manifesto de carga – Manifesto Internacional de Carga Rodoviária/De- 36UNIDADE II Tipos de Exportação claração de Trânsito Aduaneiro (MIC/DTA) de saída, compondo o conjunto de documentos de instrução de embarque. A legislação prevê a possibilidade de realização de despacho de exportação semo registro no SISCOMEX, por meio dos modelos de Declaração Simplificada de Exportação (DSE) que, segundo Assumpção (2007), é um documento alternativo a DE com a vantagem de dispensar a emissão de Registro de Exportação e do Registro Simplificado de Expor- tação (DES). Pode ser emitida via SISCOMEX, anterior ao embarque, sendo aplicada em operações sem(com) cobertura cambial e de contrária a RES admite mais de um produto da classificação NCM, desde que destinado ao mesmo comprador (importador). Exemplificando de acordo com a IN SRF n 611, de 18 de janeiro de 2006, as ex- portações realizadas por missão diplomática, repartição consular de carreira e de caráter permanente que esteja em representação de instituição internacional da qual o Brasil seja integrante ou delegação membro do governo, tanto seus associados como funcionários; peritos e técnicos não necessitam de registro no SISCOMEX. 3.2 Verificação de Mercadoria A verificação da mercadoria acontece no âmbito da conferência aduaneira, segun- do a legislação pertinente (BRASIL, 2009, seção V, art. 589), cujo objetivo consiste em identificar o exportador, verificar a(s) mercadoria(s) e a correção das informações relativas a sua natureza, examinar o enquadramento segundo a classificação fiscal, quantidade e preço e confirmar se estão sendo cumpridas todas as demais obrigações. Sendo que a realização da verificação da mercadoria é de competência de Auditor-Fiscal da RFB ou com a supervisão de Analista Tributário na presença do exportador ou seus representantes (despachante aduaneiro). 3.3 Declaração de Exportação O processo de despacho aduaneiro tem início com a elaboração da Declaração de Exportação (DE), conforme Decreto n 6.759/2009, seção III, art. 586. Sendo assim, a SRF poderá estabelecer diferentes tipos e formas de apresentação da DE, segundo a natureza dos despachos aduaneiros ou características especificas com relação à(s) mercadoria(s) ou concernente à aplicação do regime tributário. 37UNIDADE II Tipos de Exportação 3.4 Registro da DE Por sua vez, o registro da DE é realizado no sistema SISCOMEX e pode conter um ou mais registros de exportação desde que sejam referentes ao mesmo exportador, as mercadorias negociadas na mesma unidade monetária e termos de vendas (Incoterms), unidades da SRF, de despacho e embarque. Realizado o registro, a DE é enumerada pelo sistema e o exportador recebe um prazo de 15 dias para efetuar a entrega da documenta- ção à SRF competente do despacho. Caso o prazo não seja respeitado a DE é cancelada exigindo a reinicialização do processo (ASSUMPÇÃO, 2007). 3.5 Formalização de Exigências e Retificação da DE (Retificações) Ademais, a formalização de exigências e retificação da DE acontecerá mediante alteração das informações prestadas ou observada a inclusão de novas, será realizada pela autoridade aduaneira, de ofício ou por meio de requerimento do exportador na forma determinada pela SRF. 3.6 Documentos de Instrução da DE A Declaração de Exportação (DE) será instruída com a primeira via da nota fiscal, com a via original do conhecimento de embarque e do manifesto internacional de carga para as exportações realizadas por via terrestre, fluvial ou lacustre e outros documentos que a legislação aduaneira demandar. Os documentos que compõem essa instrução deverão ser entregues à autoridade aduaneira, observada a forma correta de preenchimento, normas e o prazo nas condições determinadas pela SRF. 3.7 Exame Documental A análise documental consiste em examinar o conjunto de documentos que envol- vem o processo de exportação, que é dividido em documentos comerciais e administrati- vos. Os documentos comerciais de exportação são: fatura proforma (pro forma invoice), nota fiscal, fatura comercial (commercial invoice), romaneio (packing list), conhecimento de embarque (bill of landing), apólice ou certificado de seguro, documento financeiro. Na sequência tem-se os documentos administrativos, a saber: certificado de origem e fatura consular (consular invoice) (ASSUMPÇÃO, 2007). 38UNIDADE II Tipos de Exportação Conforme disposto no Decreto 6.759/2009, capítulo V, art. 15, parágrafo 1, para efeitos da administração aduaneira, que compreende a fiscalização e o controle sobre o comércio exterior, necessários à defesa dos interesses do erário nacional, os documentos anteriormente citados compreendem o conjunto de documentos de instrução das declara- ções aduaneiras, a correspondência comercial, incluídos os documentos de negociação e cotação dos preços, os instrumentos de contrato comercial, financeiro, cambial, transporte e referentes aos seguros das mercadorias, bem como outros que a SRF possa exigir. 3.8 Desembaraço Aduaneiro Realizada a verificação da carga o fiscal responsável registra a operação no sistema de acordo com o canal de conferência. Borges, Rosa e Oliveira (2016), reitera que o desem- baraço aduaneiro é a ação pela qual é registrada a conclusão da conferência aduaneira. Por sua vez, a legislação aduaneira (DECRETO n 6.759/2009, Seção IV, art.591) reitera a transposição de fronteira ou a autorização para liberação da mercadoria ao importador somente concluídos os procedimentos de desembaraço aduaneiro. 3.9 Comprovante de Exportação Finalmente, de acordo com IN SRF n 28/1994, art. 50, a emissão do Comprovante de Exportação (CE) é um documento com valor fiscal a ser emitido pela SRF por meio do SISCOMEX, cujo objetivo é comprovar a realização efetiva da operação de exportação. Não é obrigatória a sua impressão, entretanto é usual que o exportador solicite para even- tual necessidade probatória da exportação com a receita fiscal (ASSUMPÇÃO, 2007). O processo aduaneiro será considerado finalizado e a mercadoria exportada se o despacho de exportação estiver averbado no SISCOMEX. 39UNIDADE II Tipos de Exportação SAIBA MAIS O Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP) e sua agenda de negociações superam os acordos tradicionais sobre questões de reduções tarifárias, zonas de livre comércio ou acordos aduaneiros. Parte dos esforços para firmar esse acordo é devido à ascensão da China e da Ásia-Pacifico no cenário econômico e geopo- lítico internacional. Isso posto, a união entre EUA e UE objetiva o alinhamento das práti- cas regulatórias entre essas potências, gerando consequente aumento do PIB europeu, ganhos nas exportações e facilitação do mercado norte-americano nas relações com a UE, criação de empregos e aumento da renda das famílias. Fonte: Fernandes (2017). REFLITA Segundo o relatório Trade and Statistcs Outlook, divulgado pela Organização Mundial do Comércio (OMC) para o ano de 2018, o Brasil está na posição 27 do rank de expor- tadores mundiais, com o equivalente a 240 bilhões de dólares e participação de 1,2% das exportações globais. Sendo assim, um aumento da interação das relações inter- nacionais com os mercados estrangeiros por meio de acordos bilaterais, multilaterais ou participando de blocos econômicos, zonas de livre comércio, de redução tarifária ou mesmo o acordo entre Mercosul e União Europeia que despontará as exportações bra- sileiras cujo fator contribuirá para o crescimento da economia doméstica com a geração de empregos, oferta de crédito, fomento ao investimento e medidas afins. Fonte: o autor. 40UNIDADE II Tipos de Exportação CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro(a) estudante, nessa segunda unidade de Gestão de Operações de Exportação abordamos as modalidades de exportação, conceitos, definições e aplicações utilizando o Regulamento Aduaneiro (RA) redação do Decreto 6.759/2009, conjuntamente às Instruções Normativas da SRF e Portarias da SECEX. Discorremos sobre os regimes de exportação temporária e exportação por conta e ordem e introduzimos as características dos Certifica- dos de Origem como medida alternativa ao benefício fiscal concedido aos produtores de produtos originários ou não-originários,isto é, com ou sem adição de insumos importados. Isso posto, o produtor que optar pela operação de exportação e o seu produto obter o certi- ficado de origem é elegível ao ressarcimento do imposto, denominado de Regime Tarifário Preferencial. Apresentamos os acordos comerciais e alguns blocos econômicos, bem como acordos bilaterais e multilaterais do Brasil com outros países, blocos econômicos ou uniões econômicas, finalizando com os Acordo de Complementação Econômica (ACE). Adentramos nos conceitos, prática e definição do conjunto de procedimentos admi- nistrativos aduaneiros, começando com o despacho aduaneiro, modalidades de despacho, verificação da mercadoria, Declaração da Exportação (DE) com e sem registro no SISCO- MEX, análise documental necessária a finalização do processo de internacionalização da mercadoria com o desembaraço aduaneiro e averbação, etapa final que, de acordo com a legislação vigente, considera a saída definitiva da mercadoria do solo nacional. Na Unidade III vamos seguir o nosso aprofundamento nas características que envolvem as operações aduaneiras de exportação, abordando a incidência tarifária, fatos geradores da tributação, tipos de impostos, taxa de utilização do SISCOMEX finalizando a Defesa Comercial com medidas compensatórias e protetivas de antidumping e salvaguar- das. 41UNIDADE II Tipos de Exportação MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Acordos Comerciais Internacionais Autor: Neusa Maria Pereira Bojikian Editora: UNESP Sinopse: Empregando instrumentos de análise forjados nos estu- dos sobre negociações internacionais, e mobilizando copiosa in- formação sobre as negociações a respeito de serviços financeiros no âmbito do GATT/OMC e em outras frentes - ALCA; Mercosul; Mercosul-União Europeia -, bem como sobre o processo de aber- tura financeira no Brasil, Neusa Bojikian mostra convincentemente porque a opção pela “liberalização administrada” (adoção de medidas desse teor, com a prerrogativa de altera-las, em caso de necessidade, por decisão do Executivo) se impôs às autoridades brasileiras como uma escolha racional. Mas a autora faz mais, ao enfrentar o desafio de refletir sobre as conclusões alcançadas em seu estudo, à luz dos acontecimentos precipitados pela crise finan- ceira internacional ainda em curso, sem calar os seus juízos de natureza normativa. Por isso não é exagero afirmar que, embora tenha tratado com rigor um tema difícil, comumente visitado por especialistas, o livro de Neusa Bojikian tem alcance amplo e alto interesse para o grande público. FILME/VÍDEO Título: SERGIO Ano: 2020 Sinopse: Baseado no livro O homem que queria salvar o mundo de Samantha Power, e produzido pela Netflix, Sergio relata a biografia de Sergio Vieira de Mello (Wagner Moura), diplomata brasileiro das Nações Unidas que morreu em Bagdá, em 2003, durante um bombardeio à sede da ONU local. 42 Plano de Estudo: ● Tributos incidentes na Exportação ● Taxa de utilização do SISCOMEX ● Defesa comercial ● INCOTERM na exportação Objetivos de Aprendizagem: ● Introduzir os aspectos sobre a tributação, tipos e a legislação vigente ● Discorrer sobre a Taxa de utilização do SISCOMEX ● Apresentar as características e dispositivos legais da Defesa Comercial ● Explicar as medidas antidumping, compensatórias e salvaguardas ● Estudar os Incoterms, siglas, composições e aplicações UNIDADE III Tributos e Incentivos Professor Mestre George Lucas Máximo Ferreira 43UNIDADE III Tributos e Incentivos INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a) da disciplina de Gestão de Operações de Exportação, segui- mos em nossa jornada pelo conhecimento nesta Unidade III, em que vamos incorporar e aprofundar o arcabouço tributário por meio da Regulamentação Aduaneira (RA), Código Tributário Nacional (CTN), Decretos, Instruções Normativas, Acordos e outras medidas. Vamos compreender quais são os órgãos governamentais responsáveis por essa etapa do processo das exportações. Na sequência discorreremos sobre os impostos e suas nomen- claturas, formas de incidência, isenção, suspensão ou outra modalidade de aplicação sob as exportações. Adentraremos na Taxa de utilização do SISCOMEX para operações de exportações e seguiremos com as estratégias de Defesa Comercial, abordando as práticas de dumping e medidas antidumping, direitos compensatórios devido à prática de subsídios antecipado e combatido pelo GATT, com Acordos Compensatórios e medidas de Salvaguarda. Finalmente, vamos aprender sobre os Incoterms, principais siglas, definições, con- ceitos e operacionalização. Por sua vez, são elencadas as despesas diversas ou adicionais que incorrem sob os custos das operações de exportação, caso sejam elegíveis. Desejo bons estudos! 44UNIDADE III Tributos e Incentivos 1 TRIBUTOS INCIDENTES NA EXPORTAÇÃO, LEGISLAÇÃO A política de comércio exterior é regida por meio da aplicação do Código Tributário Nacional (CTN) por meio da Lei n 5.172, de 25 de outubro de 1966, Instruções Normativas (IN) e Decretos da Receita Federal do Brasil (RFB). Isso posto, a definição de Tributo, segundo o CTN no art. 3, é de toda a prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em Lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. De acordo com Werneck (2008), a tributação possui duas características, a saber: (i) fiscal, cujo objetivo é arrecadar recursos para pagar despesas públicas e (ii) extrafiscal, que se utiliza com a finalidade de intervenção na economia para incentivar ou desincentivar setores da economia. Por sua vez, há a tributação parafiscal que é atribuição de Conselhos de fiscalização e manutenção da ordem profissional, como Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Conselho Federal de Economia (COFECON), Conselho Federal de Medicina (CRM), entre outros. Por fim, os tributos são classificados de acordo com o CTN como: 45UNIDADE III Tributos e Incentivos Quadro 1 - Classificação da tributação Classificação Descrição Impostos O fato gerador1 não depende da natureza da atividade estatal específica ao contribuinte, isto é, o contribuinte deve pagar, mas não deve esperar contrapartida excluídas a utilização com critério dos recursos amealhados nas atividades governamentais de forma geral. Taxa O fato gerador deve configurar o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização do serviço público prestado ao contribuinte a colocado à sua disposição. Contribuição Arrecadação já possui objetivo específico e o poder público não detêm obrigação direta com o contribuinte. Nota: 1 Fato Gerador: é a situação prevista em Lei como condição necessária e suficiente para a incidência da tributação. Fonte: adaptado de Brasil (1966) e Werneck (2008). As informações sobre a incidência de tributação sobre as operações de exportação são fornecidas pela Secretaria da Receita Federal (SRF). De acordo com a legislação tributária, o imposto sobre exportação é de competência da União, para o estrangeiro, de produtos nacionais ou nacionalizados e tem como fato gerador a saída destes do território doméstico (BRASIL, 1966, seção II, art. 23). Segundo Souto e Barbosa (2011), as exportações brasileiras são favorecidas com benefícios fiscais e tributários, que contemplam a não incidência de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), e a isenção da Contribuição para Fins Sociais (COFINS) e Programa para Integração Social (PIS). Nesse arcabouço fiscal há a preservação dos créditos de IPI e ICMS, crédito pre- sumido do IPI1, a diminuição da alíquota do Imposto de Renda (IR) na remessa de divisas (Dólar, EURO, Yuan etc.), para o exterior com o objetivo de pagar por serviços de promoção comercial dos produtos domésticos e, por fim, há a disponibilidade do drawback. 1.1 Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços – ICMS Para incentivar a competitividade
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