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PAPEL DO ESTADO MELIN G1

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PAPEL DO ESTADO NO DOMÍNIO ECONÔMICO – LUIZ EDUARDO MELIN 
Aula 1 – Rio, 18.08.14 - MELIN
Conteúdo de economia: Melin / Conteúdo de direito: Peixinho – cada semana um dará aula
Avaliações Melin: objetivas – não discursivas. Todo conteúdo será baseado nas aulas.
Entender o Estado no aspecto econômico.
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Aula 2 – Rio, 25.08.14 – MELIN
CONCEITO ECONÔMICO DO ESTADO
-Visão geral de como a teoria econômica vê o Estado nos seus contornos gerais – Plano de fundo:
O conceito de economia do Estado já aparece com a própria constituição da economia como uma ciência. A economia só se torna uma disciplina que faz sentido quando tem um objeto distinto: as causas e as motivações para a produção e distribuição dos frutos do trabalho humano.
Isso vira um fruto de estudo quando se torna algo inteligível – quando a atividade de produzir pode ser explicada nos seus próprios termos. Você produz e vende os bens e os serviços de acordo com uma motivação que tem a ver com o próprio processo econômico. 
A atividade produtiva sempre foi regulada por estruturas da vida comunitária/coletiva pelo poder do Estado. Antes de ter sociedades bem hierarquizadas (antes de Egito e Roma – já se entendem como Estado), mesmo antes de poder chamar de Estado já tinham estruturas familiares, os clãs, e fica fácil ver que, tanto nesses casos como em casos que já existiam Estados, a necessidade de produzir e como a distribuição era definida por uma série de regras que vinham pela estrutura de controle da sociedade. 
Qualquer sociedade a partir da agricultura, da história, do domínio da escrita, produzia o necessário para sua subsistência (para a reposição dos meios de produção) e também para que se possa reproduzir aquele estilo de vida que levou a que você pudesse se manter vivo, ou seja, para que você possa ter o mesmo acesso a itens comestíveis, utensílios – tudo aquilo que você precisa para reproduzir a forma de vida daquela sociedade. Sempre teve a quantidade de bens que você precisava produzir para que a sociedade se desenvolvesse.
Só se fala em sociedade quando os grupamentos humanos se aprimoram na sua organização social quando chegam ao EXCEDENTE: tudo aquilo que for produzido num determinado ciclo (por exemplo: 1 ano) em excesso do que você necessitaria para estritamente repor as condições que te levaram até ali, mantendo a maneira de produzir que te gerou aquela possibilidade de subsistência naquela sociedade.
Quem decidia o que devia ser feito (a organização social daquela sociedade) era uma racionalidade do controle social (quem decidia como ia ser distribuído o excedente acumulado pela sociedade; a quantidade que deveria ser caçada e etc.). 
Estas instâncias de controle da vida social, ou seja, as instâncias de controle político/ de hierarquia política, decidiam desde como seria direcionado o esforço dos seus membros do ponto de vista produtivo e como o excedente seria utilizado, possibilitando que se fizesse reserva do excedente para uso exclusivo daqueles membros da sociedade que compõe a liderança. 
O que acontece na história para que passamos a ter a atividade de produção e circulação de bens e serviços passa a ser decidia pelos próprios produtores e não pelos lideres políticos? Ou seja, quando se torna autônoma (com lei própria, com lógica própria)? Que causa e motivação é essa que faça com que se produza mais ou menos, por exemplo? O que acontece num determinado ponto da história é que tem uma mudança no sistema de organização social em que se autonomiza essas decisões – decisões deixam de ser tomadas exclusivamente por quem detinha o poder político (até o feudalismo ainda se tem isso – feudatário governa por direito de herança de ordem religiosa, que tem o comando efetivo das forças produtivas da sua propriedade. E a produção é para satisfazer as necessidades da comunidade e para satisfazer quem regula aquela produção). No século IX e X começam a ter crises de produção: falta de alimentos e utensílios, porque:
Piora de condições de solo e clima dada por exaustão de técnicas primitivas de terra – a terra não produzia mais ou produzia em quantidade insuficiente; 
Problema do fracionamento da sociedade do feudalismo – só quem herdava era o primogênito -> o tamanho da propriedade não contribua para que esta fosse autossuficente
Passa a se permitir, pelo instituto do arrendamento os proprietários da terra pudessem dar a terra para cidadãos que ali quisessem produzir, por meio de um tributo (sistema autônomo) – aceitavam que alguém viesse a sua terra e lhe pagasse para ali produzir e quando este cidadão dá ao senhor da terra essa quantidade de recursos, este pode garantir as suas despesas de proteção. 
A economia de mercado, como entendemos, nasce não ligada ao capital financeiro (isso vem depois), nasce, na verdade, no campo. 
A solução crucial que surge: esse cidadão que se apossa, passa a produzir sem se preocupar se com esse uso terá armas e cavalos para desafiar o duque da terra tal, mas está preocupado com: que ele obtenha da sua atividade naquela terra produto que ele possa subsequentemente conseguir que alguém pague por aquele produto valor suficiente para remunerar o dono da terra, para manter seus trabalhadores vivos, replantar suas sementes e para que possa ter um lucro. Começa, então, a buscar as prospectar os compradores possíveis. Se movimenta dentro do próprio feudo e para regiões e cidades vizinhas. As cidades viram um centro de troca – quem quer comprar e quem tem o que vender se encontrem nas praças de mercado. 
O burguês é quem passa a tomar as decisões de produção e de distribuição dos bens e serviços, portanto, e não mais a estrutura de controle social. É dado a ele, nesse sistema, como organizador da produção, a faculdade de uso da produção de excedente daquele pedaço da onde lhe foi dado o controle. 
Quando toda a produção do campo europeu seja efetivamente para mercado, temos o conjunto total de empresários fazendo isso, sendo os responsáveis pelo conjunto total de excedente que aquela sociedade produz.
Ao assumir o controle, assume o risco da produção: quando se produz algo para o mercado, você não está produzindo para garantir a subsistência de alguém ou de um grupo, mas sim para conseguir a melhor remuneração possível por meio de compradores.
O lucro só surge quando se passa a produzir uma mercadoria. Antes se produzia porque tinha uma encomenda do faraó, por exemplo – isto não era chamado de mercadoria. No caso do sistema de produção para mercado, o item passa a ser uma mercadoria, pois mobiliza os seus recursos, reúne matéria-prima, porque acha que alguém numa região próxima irá precisar dessas lanças, então terá a quem vender. 
Até então, tudo que se fazia em termos de produção era um bem ou um serviço sempre motivado pelo seu valor de uso – faço uma pá para cavar; faço uma cela para andar em um cavalo – esse é o valor de uso de cada item de produção. Antes a sociedade encomendava em cima do valor de uso. 
Mas o produtor para mercado está pensando no valor de troca – faz a produção porque acredita que pode trocar o fruto da sua produção por algo mais valioso. 
A moeda era usada em função de duas características:
Como uma unidade de conta – para poder quantificar o quanto de produção se tinha 
Função como meio de troca –moeda cunhada com o valor de troca de um bem por outro bem 
Na produção para o mercado, a moeda ganha uma nova função, passando a ter uma terceira função: função de reserva de valor – isso quer dizer o seguinte: a partir do momento que se organiza a produção tendo um agente que decide o que será produzido exclusivamente pensando em ter um valor maior no final do processo produtivo, esse sujeito quando vai de uma cidade para outra não quer simplesmente levar a moeda como sinal representativo de quanto ele tem de uma mercadoria, na verdade, de posse de moeda vai usá-la não só para o seu consumo, mas vai usar o resultado da sua ida ao mercado, sob a forma da moeda, para decidir o quantode produção vai fazer. Vai usar aquilo como uma maneira de comandar os recursos que estão à sua volta. A moeda se torna o equivalente ao quanto de recursos/ o acesso que você terá àquela coleção de mercadorias. Reserva de valor do valor de produção que se usou no mercado.
Qual o papel que esse estrutura de comando da sociedade (o Estado) terá em determinar/em interagir essa esfera produtiva de agentes organizadores de produção que agem por motivação privada? O Estado se insere nesse novo sistema de maneiras diversas:
Estado é o emissor da moeda (ligada à moeda) -> O Estado tem um papel de ser garantidor do curso da moeda – logo que se começa esse sistema de trocas de mercados, os meios de troca usados como reserva de valor não tem qualquer uniformização. Dentro de um domínio territorial/de uma jurisdição aquela determinada moeda passa a ter curso forçada de quem controla o Estado – quem emite o valor da moeda. O primeiro papel do Estado é de assegurar aos produtores que a moeda cunhada dessa forma poderá ser usada e terá valor reconhecido comum a todos nessa região. Monopólio da emissão de moeda é do Estado.
Com isso, tanto o chefe político, como o agente produtor, vão querer expandir o território, para que a sua jurisdição seja maior Aliança entre o Estado e o produtor (coincidência de interesses)
O Estado ao tributar, deixa claro que aquela era a parcela do excedente para situações especiais – o tributo era muito mais uma maneira de carimbar o pedaço do excedente para que este tivesse uma destinação especial. 
Posteriormente, o tributo é uma ingerência do poder político na esfera produtiva. O Estado usa a sua força coercitiva, essa autoridade para incidir como tributador e desta forma pode dizer que quer menos atividade para a produção de charretes e mais para a produção de navio (a fim de aumentar sua frota marítima, para conquistar e expandir território), por exemplo. 
Estado assume papel jurisdicional de arbitragem dos marcos regulatórios, dos termos nos quais as trocas vão acontecer, dos termos como os agentes vão interagir. Estado através do judiciário e também como fixador da arbitragem. Sistema de segurança jurídica para o funcionamento do Estado.
A segurança jurídica mais importante que o Estado tem que assegurar: garantir e definir a definição de propriedade privada (fundamento contratual básico). 
O Estado entra de três maneiras muito claras: como emissor de moeda (garantidor do curso forçado da moeda); como tributador (como direcionador das prioridades de produção, quando determina o quinhão); tem o dever de garantir a regra dos contratos e o contrato maior é a definição de propriedade privada (que extensão de controle e que grau de inviolabilidade tem o elemento produtor sobre os fatores da produção). Isso leva a uma situação estrutural e que permeia a história: sobre o sistema de mercado, sobre o sistema capitalista, o Estado e o produtor têm interesses em comum (convergentes) e têm interesses divergentes (conflitantes). Esta é uma natureza de equilíbrio instável. O Estado tem que olhar pela lógica coletiva de sistema de produção, enquanto que o produtor olha pela lógica individual. O Estado tem que garantir lucro dentro do sistema capitalista, mas não pode ceder a todos os reclames que maximizassem os lucros dos empresários.
Diante disso vemos como o Estado é imprescindível para o funcionamento econômico. 
Estado tem interesse em permitir o lucro e manter o equilíbrio entre as forças (as quais são antagônicas).
.........................................................
Aula 3 – Rio, 26.08.14
FISIOCRATAS E ADAM SMITH
Com a consolidação desse novo sistema, centrado numa maneira de organizar a sociedade em torno da produção, que é organizada com a possibilidade de mercado de troca e de lucro, temos um período de muitas contradições.
O Estado não pode o tempo todo funcionar para os empresários individuais e nem para a coletividade. O Estado tem uma série de interesses e necessidades que não coincidem em todos os momentos e nem em todos os pontos com as necessidades da classe produtora (aqueles que comandam a produção – empresários).
-Estado Mercantilista
Num primeiro momento, o Estado ainda está calcado no momento feudal, que está sendo superado. Estado se adaptando à nova realidade, mas o poder da nobreza e o do soberano (no ápice da hierarquia) ainda é muito forte no Estado Capitalista. 
Se por um lados os nobres detentores de terra e o monarca estão felizes com o momento, por outro, pensam que as pessoas que produzem navios, tecidos e que estão sendo tributados (burgueses) continuam sendo os vassalos. O Estado ainda tem perfil de direitos e hierarquias que são herdados do sistema feudal. ESTADO MERCANTILISTA - MERCANTILISMO
Expansão física das redes de comércio; é o momento em que começa a surgir o capital financeiro. As casas bancárias começam a funcionar como casas fiduciárias (não é mais um produtor de tecidos que faz esse papel de por uma remuneração honrar pagamentos de outro empresário). 
O Estado que regula ainda tem uma forma eivada de instituições feudais, a nobreza com controle. 
Isso gera um sistema que por um lado é muito pujante, tem muita vitalidade, porque vem de um colapso de produção, de um período de fome (escassez), querendo romper as suas fronteiras, de repente vive-se uma fase de produção muito rápida, mas, por outro lado, ainda, não mudou a sociedade da noite pro dia, a institucionalidade é a do regime anterior (feudalismo), gerando muitas distorções e uma grande intervenção -> Cartorialismo de dependência do poder real/político para exercer a atividade econômica – só é produzido aquilo que é permitido pelo soberano). 
Além disso, no período do Mercantilismo, com as maiores quantidades de produções e com o dinheiro entrando no cofre dos soberanos, estes tomam uma decisão (decisão do Estado): expandir suas fronteiras -> de expansão de poder político e econômico. Movimento das Grandes Navegações (corrida atrás de metais preciosos) -> desejo da monarquia européia a começar a ter independência financeira nova da sociedade, que aos poucos vai fazendo suas reivindicações (que mais tarde culminam nas revoluções burguesas). 
Também tem um incentivo muito grande às atividades de transformação -> as incporporações de ofício assumem atitude mais empresarial e as atividades de transformação geram um retorno maior e mais rápido para a Coroa – produção de bens através de manufaturas primitivas (ainda não é a industria no sentido moderno), ganhando no Estado Mercantilista a prioridade. Isso gera no início no século XVIII, problemas de subinvestimento no campo: como os incentivos de quem manda está na busca de metais preciosos no exterior ou nas atividades de manufatura e menos nas atividades do campo, começamos a ter pouco investimento na produção agrícola e agropecuária, voltando a ter crises de abastecimento.
Com isso surgem o primeiro grupo de pessoas que vão estudar esse momento -> observam que de um lado vivem uma prosperidade muito maior, os soberanos têm mais riqueza e vivemos melhor, por outro lado vivem problemas que não estão entendendo: existem revoltas camponesas por falta de comida; tem colocações de imensas quantidades de recursos para os reis construírem suas frotas marítimas. Esse grupo que na França eram chamados de Os Economistas (faziam a contagem e assentavam os registros – profissional liberal que habitava nos burgos) que historicamente chamamos de Fisiocratas. 
A referência desse período foi François Quesnay – “Quadro Econômico” – interreações entre as produções dos setores (1758)
Teve a visão de que a produção/economia de uma sociedade devia ser vista como um ser vivo e se tem algo não indo bem num organismo, isso acaba afetando outras partes do corpo – da mesma forma, isso acontece na economia. Propõe a visão da economia como um organismo que deve ser dividido nas suas partes constituintes, para entender seu funcionamento como um todo – divisão setorial. Chega à conclusão de que se temos um sistema integrado, as atividadesdo sujeito que está produzindo arado, pode repercutir no sujeito que está produzindo navios: pois com arados insuficientes, a quantidade de alimento diminui, e para que o produtor de navio possa manter a sua produção e manter seus operários alimentados, terá que pagar mais. INTERCONEXÃO E INTERRALAÇÃO DOS DIVERSOS SETORES. Vê o mal que pode ser causado pela falta de circulação da moeda.
A moeda funciona como o sangue funciona no corpo humano – se você retém o sangue em um lugar, isso causa um problema no restante do sistema. É preciso que não haja entesouramento da moeda, a reserva de valores deve ser recolocada a favor de quem produz. 
A partir dessa visão, o que os fisiocratas acham que está acontecendo: o problema está sendo o modo como o Estado está intervindo na economia. Existem intervenções indevidas, concessões de privilégios para que não deve, ninguém deveria exercer atividade só com concessão do Estado 
Proposta nº 1 dos fisiocratas: acabar com as incorporações de ofício – querem que não sejam mais necessárias cartas de privilégio do rei para que as atividades sejam feitas; e que para se exercer um ofício não se precise mais de uma sagração medieval, qualquer pessoa pode passar a produzir determinado produtor, sem precisar fazer parte daquele “clã”
Proposta nº 2 dos fisiocratas: pregam a abolição de todos impostos, tarifas a e subsídios, a serem substituídos por um imposto único da atividade da terra, pois a terra é o recurso natural, da onde vem o valor de tudo e todo o resto é derivado. Se não tivesse a terra como matriz de produção daquilo que sustenta a vida, nada mais seria viável. – isso é algo que não soou muito bem ao ouvido dos grandes proprietários de terra, porque isso impactaria de bastante forma a renda da terra e também reforçaria a tendência de ter maiores lucros nas atividades manufatureiras
Proposta nº 3 dos fisiocratas: pregam que o estado deveria agir para impedir a existência de pequenas propriedades rurais, pois elas são ineficientes e não tem grande contribuição a dar. A produção no campo tem que ser feita em larga escala, para render. Ideia que o capitalismo acabou tendo: transformar o campo em um agronegócio – a agricultura familiar vira um pedaço cada vez menor e menos importante para o sistema econômico como um todo. 
A partir do pensamento fisiocrata se cunhou a expressão: “Laissez faire, laissez passer” – nenhum impedimento/entrave seja por concessões, privilégios e tributos, para ter circulação absolutamente livre de mercadorias.
Para o Estado Mercantilista ter menos problemas, vem com essa visão LIBERAL ORIGINAL. Propõem a desmontagem do sistema de intervenções que o sistema mercantilista colocava em prática. São diferentes do neoliberais!! 
Turgout - Vendo as ideias dos fisiocratas achou preocupante várias delas e escreveu um livro. Não concorda com a ideia de que o único valor gerado na economia é gerado na terra, que é a matriz de toda a sustentabilidade humana e só ela gera valor – acha isso perigoso, porque causa distorções na maneira que se vê o processo produtivo.
Adam Smith: Economista Clássico -> visão que inclua a visão de função do Estado
Dizia que a maneira que os seres humanos produziam e satisfaziam suas necessidades materiais era a base para entender como a sociedade funciona -> ou seja, coloca uma hierarquia.
Chega à seguinte conclusão: diz que a existência de um governo não tinha a importância que tem hoje, quando se viviam em estados primitivos, de caça e pastoreio, em que não havia a necessidade que todas as atividades de subsistência eram comumente partilhadas.
Do direito de propriedade, se tem um divisor de águas: quando o atendimento das necessidades básicas das pessoas é calcada nos meios de produção na mão de um grupo de elementos da sociedade a quem é dada a faculdade de dispor desses recursos para organizar a produção e direcioná-la da maneira que melhor vai convir à realização da venda, do ganho por parte de quem organizou – se é baseado nisso, se não tem como fazer o sistema funcionar sem que o direito de propriedade esteja cristalizado e defendido, temos que fazer com que esse direito seja defendido.
É um sistema que precisa concentrar a propriedade dos meios de produção em um determinado grupo de pessoas, e que precisará instituir regras e mecanismos de proteger esse direito.
Inclusive, a partir dessa reflexão, faz a seguinte proposta: a prosperidade que existe numa sociedade que produz para o mercado gera uma ilusão: a ilusão de que obter mais objetos materiais gerará felicidade. Ele vê todo o progresso que está sendo alcançado e dessa maneira nova de produzir, e atribui a isso uma ilusão, pois em algum momento as pessoas se convenceram de que obter bens materiais gerará bem-estar de quem detém esses bens. É como se houvesse uma “mão invisível” que empurrasse as pessoas para acumular mais bens materiais, sem que elas percebam que ao fazê-lo estão gerando um sistema de produção que libertou a ordem anterior da sua ineficiência e incapacidade de gerar riquezas. 
Para a visão dele, ele acha que isso é baseado nesta ilusão, mas mesmo assim é que homens que durante séculos buscaram a acumular riquezas, quando isso lhes foi permitido, sem que percebessem, pois apenas queriam melhorar suas condições de vida, foram levados por essa ilusão, e instituíram nova maneira de produzir na sociedade que gerou onda de prosperidade, de progresso e de necessidade de ter cada vez mais. 
Essa energia que motivou isso e gerando o seu interesse particular, acabou gerando maior prosperidade para a sociedade como um todo.
Faz um rompimento muito severo com os fisiocratas: é óbvio que não é a terra a única fonte de valor para a vida humana; pelo contrário, pois a terra ociosa e abandonada não gera nenhum valor. 
Teoria Valor Trabalho: o valor de tudo que existe no mundo é mensurável na quantidade de trabalho para obtê-lo. Só existe a riqueza na medida que adiciona o trabalho humano ao que for. Se não for objeto da manipulação do trabalho humano, não gera valor uso e nem valor de troca para ninguém. 
Se é verdade que todo valor é gerado pelo trabalho, precisamos entender que o valor das coisas não corresponde necessariamente aos seus preços, porque em uma sociedade em que todos trabalham igualmente e dividem os frutos de seus trabalhos, nessa sociedade haverá uma correspondência natural. 
“A riqueza das nações” -> propõe a noção de propriedade, tem que ter governo civil para proteger a propriedade daqueles que não a tem. Necessidade de se ter uma perspectiva sobre como a maior prioridade e mais importante atividade é o trabalho.
Ao falar do valor trabalho e dizer que o regula a produção, o que produz ao final o valor de uso é porque o trabalho humano intervém. Ao desenvolver essa teoria está tentando mostrar a distribuição do excedente. A busca do interesse particular, a “Mão Invisível” fez as pessoas produzirem e desenvolver a noção de prosperidade. Como qualquer prosperidade é o trabalho que é realizado na sociedade, então o trabalho é a maior riqueza de uma sociedade. 
Capital: o estoque de trabalho acumulado que pode ser utilizado para a produção. Todas as etapas de produção. 
Terra: proprietário de terra
Capital: empresários
Trabalho: trabalhadores rurais/urbanos
Análise feita por Smith na “Riqueza das Nações”, demonstrando que este (itens acima) é um arranjo explosivo: 
O proprietário só tem um direito, que vem por herança e quer receber o máximo possível da produção que sai do trabalho para que ele permita que usem o recurso natural que só ele controla.
Empresários tem estoque de riqueza, que é fruto de trabalho pretérito, que acumulou, pois é quem organiza a atividade produtiva (sociedade determinou que ele cuidasse da produção de alimentos para todos nós) e por sem quem organizou a produção (privadamente mobilizou recursos que eram só dele, assumiu o risco de produzir e de mobilizar recursos para que a produção ocorra e se não conseguir que a sociedade dê a ele um retorno suficiente, o risco é dele) quer acessoao menor preço possível e ao mesmo tempo quer mobilizar o trabalho pelo menor custo possível.
E o trabalhador quer dar a sua força física mental e o seu tempo de vida quer vender isso pelo maior preço possível.
Diante disso, entende que há um excedente que vai ter que ser compartilhado e não há nada estabelecido e fixado, mas sim uma constante tensão entre os elementos. 
Não está pregando a luta de classes, mas diz que o sistema funciona por uma repartição de riquezas que sem o empresário e sem o capitalista que se não tiverem acesso ao trabalho, não terá papel a desempenhar. 
Vê que na medida em que o capitalismo avança, chega a duas conclusões: 
Cada vez mais para que se possa preservar a capacidade pelo fato do capital ser o elemento que garante a produção e a prosperidade da sociedade, nesse conflito de interesses duas coisas tenderão a acontecer: o capital remunerará cada vez menos os proprietários da terra – o acesso ao recurso natural continuará sendo remunerado, mas será barateado para facilitar a produção; e vão tentar manter os salários num nível de subsistência. Isso ocorrerá por causa de regras que impeçam reivindicação e por expansão territorial, que leva ao processo de especialização, que diminuirá a remuneração dos trabalhadores. 
Prevê como sendo as atribuições do Estado: o governo tem a função de proteger a sociedade da violência e de outras sociedades (defesa contra agressão externa); função de oferecer administração da justiça (segurança interna da pessoa física e também da integridade do modo de vida da propriedade individual e da saúde de cada membro; poder de polícia); função de criar obras públicas e mantê-las (provisão de bens públicos – os trabalhos que beneficiam o todo da sociedade, mas que individualmente fazer um sistema educacional ou uma determinada obra pública, como um sistema de estradas, pode ser lucrativo ou não. Quando for lucrativo, os empresários vão se interessar em fazer. Pode ter uma série de iniciativas que não vão dar lucros, mas que nem por isso deixam de ser necessárias, devendo o poder público realizar). 
Visão fundadora de um novo modo de pensar sobre a economia. E vários de seus sucessores atuam de forma distinta. 
Não se pode atribuir o “Laissez faire, laissez passer” e a visão distorcida de “a mão invisível” a Adam Smith, pois ele entende que sem nenhum tipo de regulação levará a conflitos e vai dar um vazio nas infraestruturas. Necessidade da regulação do Estado. Não há como eridir o fato de que todo valor gerado advém do trabalho – não há criação de valor, sem trabalho humano. E por mais que isso seja manipulado, resultará em posições assimétricas de interesse, que o Estado deve regular para compor a sociedade. 
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Aula 4 – Rio, 08.09.14
DAVID RICARDO – SUCESSOR DE ADAM SMITH
Revisão da última aula Economia dando seus primeiros passos como um método de estudo, a fim de explicar os funcionamentos do modelo econômico – passou-se a estudar porque as decisões de produzir são tomadas, o que motivam essas decisões, quando os diversos setores da economia operam de uma boa maneira, quais são as condições necessárias para uma boa circulação dos bens e serviços. Começa a surgir um objeto de estudo e pesquisa para entendimento.
Surge uma visão sistêmica – diferente do Mercantilismo, que era extremamente intervencionista. Adam Smith faz revolução nessa visão: o que determina o caráter/perfil da atividade econômica/da produção em uma sociedade é o trabalho humano. Se tivermos o recurso natural (que era os fisiocratas valorizavam) se não for objeto de trabalho humano, não vai virar objeto de produção, e, portanto, não terá valor de uso, não se tornando produto para a sociedade, e assim não pode virar mercadoria, deixando de ter valor de troca também.
Isso leva ao Smith mostrar que na verdade temos os detentores dos diversos fatores de produção, os detentores dos recursos naturais para produzir são os empresários e quem detém a força de trabalho ?
A “mão invisível” é a natural propensão/estímulo dos indivíduos buscarem a acumulação de patrimônio, de rendimento de bens materiais. Mas as pessoas se enganam de achar que acumular mais trará mais felicidade, mas esse impulso é que leva os empresários a correr o risco da produção, de mobilizar recursos e o que leva esse ímpeto individual quando multiplicado para muitos indivíduos da sociedade, traz um resultado bom para o sistema como um todo. A mão invisível garante o funcionamento automático das forças de mercado, que sozinhas se equilibram e se auto-regulam, gerando prosperidade para a economia. 
-David Ricardo – como ele entende o papel do Estado 
É o sucessor imediato de Smith. Já encontra o capitalismo desenvolvido na Inglaterra, encontrando um comércio com base em bens que ainda não tinham sido estocados, os armazenadores faziam promessas de entregas para o futuro, surgindo as primeiras bolsas de mercadorias. 
Era como se fosse um agente de mercado financeiro. Ao comprar promessas e vendar promessas de estoques de mercadorias, acumula uma fortuna por uma via que seus antepassados não poderiam entender. E então se dedica a explicar como que esse sistema, que está se sofisticando, está funcionando. Sua obra mais conhecida chama-se “Princípios de Economia Política e Tributação”.
Nessa obra, o que Ricardo coloca de forma pioneira: dado que todo valor que um bem tem deriva da aplicação de trabalho humano que é nele colocado, o valor de troca de qualquer mercadoria só pode advir de duas fontes: 
da escassez para aquilo que não pode ser reproduzido livremente – exemplo: diamantes. Por mais que se tenha equipamentos e máquinas, trabalhadores, não necessariamente terá a livre produção de diamantes, porque existe dificuldade de localização/escassez desse tipo de minério. Por isso esse minério é valorizado. A escassez só é uma fonte verdadeira de valorização e de valor de troca para os bens que não são livremente reprodutíveis; 
e da quantidade de força de trabalho para a sua produção – todo aumento da força de trabalho, aumenta o valor da mercadoria. 
Para ele, além de mostrar a origem do valor de mercadoria, responde a crítica à teoria do trabalho: a teoria do valor do trabalho não leva em contribuição o valor que a terra e o capital trazem à mercadoria quando tem uma máquina que entorta arame para fazer clip de papel, aquele equipamento é bem de capital, agora a ideia é que aquela máquina foi fruto da elaboração de uma série de materiais através de trabalho humanos, e estas peças foram produzidas das matérias primas, que foram extraídas da matéria bruta. Em cada equipamento desse se tem presente os recursos naturais e o valor que eles têm a cada etapa do processo – o valor desses recursos depende totalmente da quantidade de trabalho humano que lhe é colocado. 
Só que o Ricardo percebe a partir dessas definições de valor de trabalho, que ele não faz a tentativa de mostrar como as formas antigas de produção evoluíram para as atuais, como Smith fez. Ele está interessado em apenas o que existe na sua época, não quer ver como a economia evoluiu (“ahistórica”). 
Ele explicita que existem os 03 fatores: terra (recursos naturais em geral); capital (máquinas/implementos); e trabalho e diz que os agentes econômicos que controlam cada um desses fatores de produção terão que ter uma distribuição feita entre eles do excedente, do produto final do trabalho da sociedade. O principal problema da economia é determinar as leis que regem essa distribuição. Primeiro começa com uma visão de querer entender como as decisões são tomadas por cada empresário, mas ao se aprofundar chega à conclusão que o que possibilita o entendimento dessas questões mais pragmáticas é a resposta para essa questão: que princípios e regras que regem a distribuição entre os três fatores de produção do produto do trabalho social? 
Ao colocar isso, Ricardo faz uma elação que é bastante pragmática: ele percebe que na época dele (revolução francesa; primeira revolução industrialna Inglaterra) mais do que na de Smith, envolve um grau de mecanização da manufatura, ou seja, a produtividade (o quanto de produto você está produzindo usando o mesmo nº de fatores de produção) está crescendo muito. A renda da terra, o quanto os proprietários podem cobrar para a utilização de suas terras (direito de propriedade) e diz quem pode ter acesso ao recurso natural – diante disso, Ricardo se questiona o quanto este detentor deste fator de produção tem que ser decrescente e chegar no patamar institucional mínimo? o problema é que o lucro depende da quantidade necessária para suprir a subsistência dos trabalhadores – coloca uma relação dicotômica: a cada ciclo teremos um produto e ele terá que ser repartido – se concordamos que para atender à necessidade dos trabalhadores de alimentação, vestimenta e bem estar uma fatia crescente será alocado a eles, uma fatia decrescente será alocado aos detentores da força de trabalho. 
Além disso, enxerga que a substituição do trabalho humano por máquinas é desinteressante aos trabalhadores, mas é favorável à sociedade como um todo, ocasionando o barateamento dos bens.
Qual é o papel do Estado diante disso? Como ele deve se posicionar como elemento dinâmico (elemento que impulsiona a economia)? -> Os salários devem ficar a vontade da livre iniciativa, nunca devendo ser interferidos pelo legislativo (poder público para Adam Smith). Ricardo diz que existe uma assimetria estrutural de interesses como Smith colocou, e a verdadeira questão se coloca em quantos trabalhadores se apropriarão do trabalho social e o quanto os empresários se apropriarão? Se você tiver qualquer tipo de interferência que eleve aos salários isso levará aos desestímulo de impulso empresarial, então com relação aos salários deve haver uma livre iniciativa. 
Reconheceu a situação estrutural de desencontro ou assimetria de interesses e adotou a visão Ed que para que o sistema continue produzindo o aumento da produção e o barateamento do bens o Estado deve impedir que haja um aumento artificial da remuneração do fato trabalho, que desestruturaria o sistema. 
Ele aprofunda as definições da teoria do valor de trabalho de Smith; formaliza a estrutura de fatores de produção e a teoria dos rendimentos decrescentes dos recursos naturais; e contrapõe a dicotomia entre os interesses dos empresários e dos trabalhadores no que diz respeito à pergunta central: que leis regerão a distribuição dos fatores de produção do produto final da economia.
Contudo, Marx vai falar que não é por causa do impedimento de qualquer proteção social ao salário, interferência do poder público na definição do salário, a razão pela qual o salário ficará sempre baixo, não é porque vai haver uma escassez de alimento, é porque na verdade se tem uma possibilidade (que o Adam Smith fala explicitamente) de uma coordenação de interesses muito mais fácil entre os detentores de capital e os comuns com relação à multidões de trabalhadores. 
KARL MARX 
É um “Ricardiano” no início - é o herdeiro direto da visão de que existe uma relação dicotômica de quem na sociedade controla o fator trabalho e quem controla o fator capital. 
É criticado porque sua proposta levava na direção de que houvesse um questionamento da parte dos trabalhadores com relação à parcela do produto que era percebido por eles, sendo criticado por ter se desviado do método cientifico, sendo caracterizado como ideológico e não científico. 
Para ele, o sistema de produção é baseado em uma expropriação (retira de quem produz) e isso é moralmente incorreto e tecnicamente insustentável, porque ao longo do tempo isso levará ao movimento de conglomeração do capital (grupos que concentram em suas mãos o poder de decidir de como os produtos serão alocados, com que preço será vendido) e isso levará a um movimento de acirramento de concorrência entre dois atores que levará a: 
Ao conluio – práticas anti-competitivas; 
 Tendência de queda da taxa de lucro total da economia -> a parcela dos lucros na economia será grande, mas a margem terá que ser cada vez menor por causa da concorrência. Para fechar a equação competitiva entre os conglomerados pressionaria o nível de vida dos trabalhadores cada vez mais para baixo e isso gerará descontentamento, e isso dará problemas, desequilíbrios incontornáveis. 
Conclui pela abolição do sistema de produção para o mercado; a propriedade privada dos recursos naturais e dos meios de produzir tinha que ser abolida, ou seja, não poderiam ser elementos privados da sociedade.
Ele não separava a atividade dele da atuação política, do seu ativismo político. Dizia que não havia análise de como a economia funcionava, mas era apenas uma forma de panfletar suas ideias a fim de incitar as revoltas. É responsável por essa mistura que o que está em trabalho de análise não precisa se misturar com o ativismo pessoal dele. 
Não fez uma Teoria do Estado e nem um papel específico deste na sua análise econômica, porque chegou à conclusão, através de uma análise histórica e evolutiva da dinâmica da economia (se assemelha a Smith), de que o Estado capitalista que existia na sua época, que tinha evoluído de forma vinculada à necessidade do sistema reprodutivo de regulação e para sua reprodução ampliada, para atender necessidades regulatórias de tal ordem irrealista, sendo impossível pensar que o Estado possa exercer um papel que seja regulador ou corretor as assimetrias básicas e de permitir que o sistema funcione de maneira mais justa. Ou seja, ele foi radical: não via a possibilidade de ter uma forma de Estado capitalista regulador, tendo que derrubar este Estado, para ter uma nova ordem política e que levasse à extinção do Estado (pregação utópica comunista). 
Sua análise metodológica teve muitos méritos, pois previu a existência de crises de produção, mas em momento algum fez uma prescrição para o papel do Estado, uma vez que este deveria ser abolido.
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Aula 5 – Rio, 09.09.14
ESCOLA NEOCLÁSSICA
Século XIX - Inglaterra tinha o sistema de manufaturas altamente desenvolvido - expansão territorial; expansão imperial. Com esse tipo de capacidade de penetração no mercado mundial a Inglaterra acelera a máquina de desenvolvimento. 
Depois tem a 2ª revolução industrial com o uso de máquinas e utilização do vapor (navegação a vapor encurta muito as distâncias) – auge do predomínio do capital inglês. 
O sistema de produção capitalista, da livre iniciativa, desde a sua aparição no final da idade média e da consolidação da sua expansão, no final do século XIX está no seu momento de auge: crescimento de produção, de cobertura (atingindo todas as regiões do sistema). 
Surgem vários problemas políticos e com a formulação de uma teoria voltada para questionamento político do sistema capitalista (a partir de Marx), faz o grau de contestação crescer muito na Europa e surgem movimentos voltados à abolição do sistema de livre iniciativa e todo esse contexto não pode ser esquecido para entender o que acontece de forma inédita: uma proposta de “refundação” da ciência econômica. Ou seja, começam a aparecer propostas de análise do que deve ser estudo para que se entenda o que é economia – propõe mudança de objeto da economia -> a economia estuda o quê? Serve para que? E isso é de grande relevância, pois até hoje a visão predominante nos debates econômicos em todo o mundo capitalista para efeitos de discussão concreta no mundo é a da economia neoclássica.
Passamos a ter nova ciência econômica com nova pergunta, novas respostas, novo objeto. A tradição que vinha desde a fundação da economia com os fisiocratas e os posteriores, que chamavam de economia política, não foi esquecida ou apagada – continua sendo objeto de produção de livros e artigos. Porém, criou-se uma economia paralela que é a verdade.
Essa revolução neoclássica também é chamada como revolução marginalista. 
-O que foi essa mudança radical de proposta? 
Essa escola neoclássica não tem uma corrente específica – tem alguns proponentes como: StanceyJevons, Carl Menger, Céon Walras e Alfred Marshall. 
A primeira mudança radical proposta -> falaram que estavam se perdendo nos debates, pois toda a conversa sobre o valor do produtor e como a riqueza pode ser avaliada, a pergunta de Ricardo sobre quais eram as leis do produto social eram mal colocadas. O que importa numa economia de mercado é o valor de mercado (preços) -> quanto vale algo? Vale o que alguém estiver disposto a pagar. Então a visão dos economistas clássicos de entender o que motiva a produção, a regra que vai implicar na distribuição é filosofia – o que se tem que fazer é achar o mecanismo científico que explica quais são os preços das coisas; de que maneira o preço das coisas é determinado.
Ricardo dizia que havia um componente de escassez e o que dá possibilidade do sistema se ampliar tem que ver a quantidade de riqueza que se tem pela quantidade de trabalho que é colocado na produção. os neoclássicos dizem que não é isso – para eles só importa a escassez. A economia não explica a origem da riqueza das sociedades (Adam Smith), não determina quais são as leis que regem as regras do produto social (Ricardo), mas é a ciência que determina a melhor alocação dos recursos escassos da sociedade.
Parto da definição de que tudo é escasso: produto natural, trabalho. A função do economista é entender de que maneira os recursos escassos da sociedade são alocados e, portanto, ao entender isso, vou entender como os bens e os produtos são precificados (recebem seu valor ao irem ao mercado).
Segundo os neoclássicos se fixa um preço seja para o que for (um salário, uma máquina que usará na produção, a terra para plantar), de acordo com o quão escasso é. Se tem pouco, valerá muito e se tem muito, valerá pouco. Isso determina os preços do que é produzido. Isso foi chamado por eles de Lei da Oferta e da Procura. Então, se há muita procura por algo e pouca oferta de algo, vai subir o preço. Logo, não tem nenhuma das outras perguntas que os economistas anteriores fizeram, as quais não eram relevantes.
Se é este o mecanismos, supõe-se que o mercado é o espaço onde todos os produtos, todos os fatores de produção são levados, se encontram e a sua escassez é avaliando, atribuindo-se os preços. Tendo uma livre alocação dos bens e dos fatores de produção no mesmo espaço, que é o mercado, teremos uma situação em que teremos o preço e a quantidade das coisas: Quanto mais alto for o preço, maior vai ser a quantidade de bens que o produtor está disposto a ofertas. Na curva de demanda: quanto maior o preço, menor a quantidade. 
Chegam à conclusão: de que em um espaço todos os espaços transitam e são mensurados de acordo com a sua escassez, o ponto em que as linhas de oferta e demandam se cruzam é onde estas se equilibram. Através da livre operação do mercado tem que haver o atingimento da oferta e da demanda.
Com isso, os neoclássicos falaram que tudo o que os clássicos falavam era filosofia. O estudo da economia para os neoclássicos é a esfera da circulação -> é uma ciência das trocas. Economia estuda as trocas que são feitas na nossa sociedade, e a troca é feita com base na escassez. 
Eles não trabalham com a noção de excedente. Os clássicos tratavam a remuneração dos fatores: para a terra -> tratavam havendo um elemento de escassez, mas havia as questões institucionais e a composição técnica, que é o quanto de carvão de boa qualidade se tem ou de má qualidade; sobre o trabalho a remuneração da força de trabalho era a reprodução; no que diz respeito ao capital a remuneração desse fator, que é fator organizado e que pode se corporificar sobre a forma de máquinas e equipamentos, como o capital é o fator que organiza e subordina o sistema de produção, o lucro será determinado por um diferencial entre o excedente total e as remunerações dos fatores anteriores. 
Essa determinação de que o lucro é determinado por resíduo é algo que os neoclássicos pretendem extirpar do debate econômico. Deve-se esquecer a esfera de produção, devendo focar na esfera de circulação apenas. Esta é a lei que rege toda a economia, não precisando de outro critério para determinar o preço. 
Curiosamente começa o mito de que Adam Smith foi o grande criador disso. Porém, como usou o termo da “mão invisível”, que o vício privado poderia levar a um sistema em que pessoas se dispunham a mobilizar recursos e correr riscos para se beneficiar da acumulação -> neoclássicos passaram a dizer que Adam Smith estava no caminho certo, mas não chegou no ponto principal. 
Se não se fala da esfera de produção e só fala da esfera de circulação e da escassez, está descartando a ideia de valor-trabalho. Tentam reduzir tudo o que foi pensado e proposto como explicação da economia pelos clássicos à teoria do valor-trabalho. 
Diante desta visão proposta pelos neoclássicos há a ideia de eficiência econômica, que é a ideia de equilíbrio entre oferta e demanda. E como se consegue isso? Pegam a ideia do laissez faire. 
O importante é que foi uma mudança realmente como nunca se viu, pois se mudou o objeto de estudo. O objeto de estudo não é determinar o que determina a unção de produzir dos produtores, não é definir a regra de distribuição dos poderes sociais – a pergunta é: “como alocar os produtos?”. É uma ciência de determinação de preço. Ou seja, a ciência econômica foi refundada em outras bases. Até hoje a base fundamental da teoria econômica mais aceita é esta. A abordagem da escassez, a abordagem neoclássica é a teoria que rege a economia até hoje. 
Existe um mecanismo na sociedade para que todos os bens e todos os serviços estejam em equilíbrio geral (teoria de Walras) – as hipóteses assumidas para que isso exista é se não tivesse tido uma guerra entre dois países, se não tivesse ocorrido uma grave chuva. 
Mas ocorreu a primeira crise de superprodução, que afetou todos os países concomitantemente em 1929, a partir de uma ruptura dos mercados financeiros. 
Esta nova mecânica de mercados financeiros mais complexos e integrados mundialmente, com fluxos de mercado de um país para outro não tinham mecanismos estabilizadores. A coisa ia correndo para o fruto das decisões individuais de cada banco, levando à crise de 1929. As empresas são dizimadas, não se investe, não há emprego. Chega à uma situação que fica difícil continuar os conceitos puros da teoria neoclássica para explicar a situação do mundo e para se chegar a uma solução.
-Keynes 
Surge Keynes, economista neoclássico, mas pragmático. Disse que era necessário admitir que era possível falar que a economia mundial estava em equilíbrio. 
A ideia de durante como uma situação como essa de não seguir os preceitos de não intervenção, não atuação do poder público não era lógica. 
Ele chega à conclusão de que não pode afirmar que o fato de ter pouco emprego porque o salário está muito alto (como dizia a teoria neoclássica), não tem como dizer que o trabalho está muito caro quando tem uma multidão de desempregados. Essas explicações baseadas exclusivamente na escassez relativa dos fatores não explica nada. 
Diante disso, ele chegou a uma conclusão, que não desafia a teoria neoclássica como um todo, mas diz que esta falhou ao não prever a seguinte situação: na economia de mercado é possível que haja uma queda do consumo e não ter um aumento do investimento. Se não tem investimento, leva a uma queda da produção.
Em que circunstâncias isso poderia acontecer? Pode haver circunstâncias em que os produtores ficam incertos do retorno que terão e por isso deixam de produzir. 
O que Keynes sugere é que existem circunstâncias tem que ter atuação do poder público, do Estado para regular o processo produtivo (quando há insuficiência de investimento, face para atender a demanda total da sociedade):
Controle da taxa de juros 
A taxa de juros é o preço do dinheiro. A taxa de juros mede em grande medida justamente o grau de incerteza -> se você me pede R$ 100.000,00 para montar seu quiosque na Lagoa, vou perguntar se já não existem outros 50 ali. Vou avaliar o grau de incerteza que tenho sobre a sua possibilidadede retorno. Se tenho muito incerteza, posso topar, mas cobro uma taxa mais alta como garantia, que você terá que me pagar, uma vez que tenho incerteza se você será bem sucedido. 
Mas quem tem o monopólio da emissão de moeda é o Estado, então posso dizer quanto de dinheiro vai ter disponível na economia e ao regular isso posso determinar o preço do dinheiro. Então reconhece que se o Estado abaixar a taxa de juros, intervier facilitando para que se tenha recursos disponíveis, o investimento ficará mais barato. Keynes percebe que as taxas de juros estão muito baixas, porque há ciclos na economia ou contingências que cercam a economia, que mesmo com a taxa de juros baixa, o grau de incerteza é tão grande que repele o investimento dos empresários. 
Propõe a socialização dos investimentos 
Tem a ver com a ideia de que a sociedade como um todo, através da sua representação (poder público), tem que promover investimentos – fazer com que a taxa da economia cresça, o que hoje se chama de investimento público.
Existem circunstâncias em que se podem gerar problemas que paralisam o sistema, que pode ter uma insuficiência de investimento e quando isso ocorre o Estado TEM QUE agir. Não existe um dogma absoluto de que o Estado não deva intervir nunca.
Tem que tentar criar condições para que o equilíbrio exista, mas isso não acontece necessariamente, indo contra o que os seus antecessores falavam. 
Papel do Estado para Keynes: sua visão abriu uma discussão para como enxergamos isso até hoje.
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Aula 6 – Rio, 22.09.14
-Keynes
Crise de 1929
Nunca tinha se passado por uma crise como essa – primeira vez que teve crise junto com superprodução e etc. – já tinham existidos esses fenômenos de forma separada, mas foi a primeira vez que ocorreu tudo junto. Foi a primeira vez que se passava por uma situação dessas e não sabia como resolver isso e não se tinha ideia do grau de conexão entre os mercados.
Em 1945, acaba a guerra. A capacidade de produzir estava absolutamente destruída e nesse momento se coloca o Estado de Bem-Estar Social.
ESTADO DO BEM-ESTAR SOCIAL (“WELFARE STATE”)
Condição de vida muito ruim da população – A Inglaterra que 50 anos atrás era o país mais rico, não tinha mais sequer a condição de prover os alimentos básicos (não tinha acesso a carne, ovos, não tinha farinha); problema habitacional, que já vinha em déficit antes da guerra e teve todo o bombardeio da guerra (além de moradias não tinhas lojas para fazer circulação de bens; não tinham escolas). Num cenário como este, das pessoas nos chamados países ricos tendo esses problemas, surge o desafio da proposta de um modelo econômico social alternativo. Tinha o bloco socialista, a China com o triunfo da Revolução Chinesa em 49, tendo parcela significativa da população mundial (nos países mais avançados) vivendo num regime de economia para mercado (que não era regime de produção dos bens). 
Nos países socialistas todos têm direito à saúde, há o pleno emprego por lei, todos tinham direito à educação – era a propaganda dos países socialistas.
Surge um pensamento estruturado no que são os direitos sociais, os direitos ao bem-estar social. Ganha força muito grande o conceito do “Welfare State”, porque havia a escassez do que foi acima mencionado, mas também porque havia um verdadeiro debate da economia de mercado. Tinham os países com os partidos socialistas, ou os comunistas ou os socialistas democratas – esses partidos, a partir de 45, vão para o centro da política. Mesmo não tendo economia de mercado, esses países ricos afetados pela guerra passam a entender que têm o dever de atender basicamente a população. Conceitos de que não tinham antes - ter a participação do Estado para garantir esses benefícios -, surgem nessa época. No plano acadêmico, surgem as obras: “A Grande Transformação” de Karl Polanyi (1944) e “Classe, Cidadania e Desenvolvimento Social” de T.H. Marshall (1949) – não fazem crítica direta aos neoclássicos de que qualquer atuação do Estado que interfira na circulação de bens causará um mal, eles falam da sociedade moderna como um todo, da evasão do campo, as necessidades de reconhecer direitos e quem se o atendimento de necessidades básicas, o modo de vida rural e urbano, sem um controle, leva a conflito e que o próprio sistema capitalista não funcionaria bem, se não houvesse a incorporação do bem-estar social - em vez de dentro da economia rebater dizendo que as teorias neoclássicas estavam sendo postas em questões.
As experiências de bem-estar social nessa época são muito diferentes de país para país – cada país buscou um jeito diferente de lidar com essas pressões. Algumas dessas medidas começam mesmo antes desse momento (das obras acadêmicas acima mencionadas) em que há uma reflexão maior e com o final da guerra há essa polarização entre o modelo socialista (promete acatamento de reivindicações e provisões de direitos) e o modelo capitalista. 
Há uma pausa, apesar da preponderância de na hora de analisar a economia continuar sendo da Escola Neoclássica, na prática da escola neoclássica, os homens que estão conduzindo a política nos países ricos passam a propor melhorias e intervenções.
-Modelos de Bem-Estar Social 
	MODELOS/
ROTAS DE IMPLEMENTAÇÃO
	MODELO LIBERAL
	MODELO CONSERVADOR
	MODELO SOCIAL DEMOCRATA
	EFEITO REDISTRIBUTIVO
	Baixo
	Mediano
	Elevado
	GASTOS SOCIAIS
	Baixo
	Mediano
	Elevado
	DIRECIONAMENTO DOS BENEFÍCIOS
	Indivíduos
	Organizações Sociais
	Universal
	INSTRUMENTOS DE TITULARIDADE
	Programas governamentais
	Transferências permanentes
	Direitos básicos
O Bem-Estar Social no Modelo Liberal - EUA e Nova Zelândia
Adotam uma política, durante o New Deal, de geração de empregos. Além de gerar demanda para os produtores (por saber que o Estado compraria dele), ele foi feito de uma maneira a maximizar emprego, ou seja, criavam as iniciativas para criação de infraestrutura, introduziu o salário mínimo e alguns mecanismos de facilitação ou de subsídio para o mercado (um tipo de Caixa Econômica) para garantir moradia – sistema em que se tenta facilitar o acesso a um bem considerado básico através do mercado existente. O governo dos EUA não passou muito disso. 
Isso foi feito através de programas públicos – não passou a ser um direito do trabalhador americano passar a ter um subsídio para ter moradia, a conseguir emprego dessa forma caso tivesse dificuldade. Diferente da Inglaterra que cria o Serviço Nacional de Saúde e que dura até hoje (uma espécie de SUS deles – todos os hospitais que existiam foram nacionalizados, deixando de ser uma organização de propriedade privada, passando a ser propriedade do governo, que se comprometeu além dos hospitais, garantiu a todos os médicos que quisessem ser credenciados, os estabeleceria para eles atenderem e a garantia deles terem um rendimento mínimo). 
O Bem-Estar Social no Sistema Conservador – Alemanha 
Pegaram uma série de associações que tinham – como, por exemplo, sindicatos, ligas – que já existiam na cidade – e inscreveu como parte da legislação de transferência de recursos no orçamento público para essas instituições e elas deveriam prestar contas que estavam utilizando essa transferência de recursos para que mantivesse o padrão de compra, dos salário das famílias. Foram codificados mecanismos bastante trincados, relativamente paternalistas, através das organizações sociais. As famílias eram os alvos finais – eram menos os indivíduos do que as famílias.
Houve o efeito de ter esses direitos reconhecidos, de ter essas transferências de recursos aprovadas para tratamento médico, para habitação – as pessoas subiram seus padrões de consumo, a economia gerando emprego para todos. Tais direitos estavam codificados, garantidos. 
O Bem-Estar Social no Modelo Social Democrata – Suécia, Noruega, Dinamarca (modelo mais completo – países escandinavos)
De todas as rendas que o Estado recebia houve um pacto social, no sentido de que a quantia elevada que o Estado recebia deveria ser revertidopara as pessoas e de cunho universal, ou seja, o seu direito á educação de boa qualidade, acesso à saúde gratuita e de boa qualidade, o acesso à casa própria com um padrão de conforto elevado -> isso tudo passou a ser acessível para todos: sistema universal. Tinha que integrar uma parcela muito grande do orçamento público para isso. Isso passou a estar instituído nas leis e no ordenamento público. 
Os diversos países se inscrevem de forma diferente entre cada um desses três modelos, mas é importante entender que aconteceu nos países de economia mais avançada – logo não é apenas um modelo de prática e Bem-Estar Social. O Brasil teve como avanços mais visíveis o salário mínimo, a CLT -> Brasil ficou inscrito no campo do modelo Liberal. Isso só vem a mudar a partir da CRFB de 88 que começa a reconhecer e abranger direitos alienáveis com a lacuna importante de criar os mecanismos institucionais para que tais direitos sejam providos a seus titulares – dizer que isso está sendo reconhecido no Brasil de forma universal ainda é exagero, pois até estamos caminhando pra isso, porém de forma muito lenta e apenas em alguns pontos. 
O Estado do Bem-Estar Social colapsou, tendo que reconhecer que esse modelo era insustentável, pois pesou muito nas finanças públicas. O Estado quebrou e como consequência disso os modelos se revelaram insustentáveis e por isso foram abandonados. Hoje, há o discurso muito forte em vários lugares do mundo de que o que se pode fazer não é cair no erro de adotar esse modelo – para não cair nesse erro o que se tem que fazer é aperfeiçoar as instituições de mercado, pois os bens públicos serão garantidos pelo setor privado. O discurso atual é esse.
No plano do concreto, variando de país para país, se formos hoje à Europa há uma parcela elevada dos mecanismos instituídos – ou seja, ainda estão lá. É possível destinar parcela do orçamento público para aquela área que estiver necessitada. Esse tipo de ajustamento na margem, de redução ou degradação dos mecanismos de bem estar social realmente ocorreu nos últimos 25 anos, agora não se pode dizer que o Estado de Bem-Estar Social quebrou nos países. Esses mecanismos continuam, pois tirando grandes crises e guerras, há uma rigidez muito grande quando determinada população incorpora a habitualidade de ter reconhecido patamar mínimo de direitos, depois voltar atrás. O recuo desses direitos e a desmontagem desses mecanismos foi muito menos significativo na prática do que no discurso. 
O aprofundamento desses modelos pelo conjunto da economia dos países menos desenvolvido, se na origem estava a colocação de um desafio dessa proposta, ocorrendo o desmantelamento dos países socialistas a partir de 1989 é visível o seguinte: as pessoas demandaram menos porque já estavam relativamente atendidas e deixou de ter um paradigma dizendo que tem um modelo melhor socialista do que o capitalista. 
É importante ter em mente a importância desses modelos para a reconstrução após a guerra, a promessa dos países socialistas e hoje o modelo não foi deslocado, ele ainda continua existindo – pois até hoje ouvimos que “Eu como cidadão tenho o direito de ser provido pelo poder público, pelo que contribuo, a ter a garantia de transporte de qualidade”. 
O diálogo que não teve entre os teóricos da nova sociedade moderna e os neoclássicos, hoje existe: tem gente dizendo que o poder público deve garantir tais direitos sociais e outro grupo fala que isso não pode ser colocado, pois esse tipo de Estado não se sustenta e leva o Estado ao colapso.
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Aula 7 – Rio, 23.09.14
CONSENSO DE WASHINGTON 
Vamos analisar, nesse período, o que acontece no nível das práticas, do que efetivamente ocorre nos governos dos principais países de sistema capitalista e no plano do discurso. 
Se faz sentir a presença de como o Estado devia atuar e também em que direção isso está acontecendo.
Esse período é marcado por: 
Após 30 anos de crescimento num ritmo bastante forte, chega-se nos anos 70 com alguns fatores que impedem que esse crescimento de renda e prosperidade nas principais economias de mercado continue na mesma intensidade. Nos anos 70, após uma reorganização do mapa geopolítico, de interesse dos países árabes, tem pela primeira vez o surgimento desses países do oriente médio (exército britânico dividiu as tribos que ali existiam – Palestina, Jordânia, Faixa de Gaza -> organizaram essas fronteiras – artificialidade da identidade desses Estados) – OPEP: organização dos países exportadores de petróleo. Fazem, em 1973, a primeira elevação dos preços do petróleo, que leva a um impacto enorme – 1º motivo para quebrar as economias de mercado. – PRIMEIRO CHOQUE DO PETRÓLEO
Tem graves discrepâncias entre os países ricos com relação à despesa militar/de defesa. Com a colocação do homem no espaço (corrida espacial – voltada para o desenvolvimento de tecnologia para desenvolvimento militar -> tecnologias duas: nascem tendo objetivo militar, mas depois é transmitida para a indústria,). Está se tornando oneroso, porque a corrida espacial está ficando cada vez mais concorrida. EUA fica mais insatisfeito ainda quando tem o Primeiro Choque do Petróleo e depois quando começam a ter uma série de brigas entre os países mais ricos (EUA e França, por exemplo) -> desavenças entre os principais aliados – mudanças monetárias: EUA acaba com a conversibilidade (conversão)
Ao longo desse período conturbado, os EUA está tendo a guerra do Vietnam e outras complicações
Chega-se em 79, e os países da OPEP fazem novo aumento, tendo o SEGUNDO CHOQUE DO PETRÓLEO, porque EUA não agiu com relação a Israel como esperavam e os custos já tinham sido absorvidos pelas principais economias e há uma fase de desperdício dos países árabes precisando de mais dinheiro para gastar.
Crescimento diminui, os custos de produção sobre, tem mudanças das regras monetárias, mudança da conversibilidade, que deixa de existir, a demanda por ouro e prata cai, afetando os mercados de metais. 
E isso tudo culmina em uma reunião dos principais líderes econômicos em Roma e não há consenso sobre termos de troca, sobre taxas de câmbio, tarifas e a questão do gasto militar, e o presidente do Banco Central Americano recolhe os papéis, chama os assessores se tira e volta para NY e já no dia seguinte decreta a triplicação de juros da taxa norte-americana. 
Essa taxa de juros vai chegar 20% ao ano. Tem uma nova pressão de custo financeiro – empresas vão precisa de mais dinheiro para investir -> encarece o custo do dinheiro e torna os investimentos menos atrativos (para pegar investimento com taxa de juros de 20% ao ano é complicado). Ele fez isso porque todos os mercados no dia seguinte liquidam suas posições em moedas dos países e compram tudo em dólar -> enorme fluxo de capitais do restante do mundo para os EUA (fluxo financeiro e de capitais elevadíssimos), dando aos EUA uma posição de força sobre essas disputas de câmbio, taxas. 
Então temos: 
Choque de petróleo (OPEP -> 73 e 79)
Inconversibilidade
Fim das paridades fixas (as taxas de câmbio vinham ficando numa faixa bem estreita, quase combinadas – vão flutuando numa faixa estreita, mas nesse momento esse acordo se disfaz)
Subida de juros do dólar em 79 (é fruto das discussões para a redefinição) -> tem consequência que não afeta os países mais ricos tão fortemente, mas para os países que estavam em desenvolvimento, que estavam investindo para criar base produtiva e de infraestrutura que é o que possibilita a produção, e que estavam se valendo de taxa de câmbio fixa, taxa de juro baixa, recebem uma “paulada” da noite pro dia e você de país que está em ritmo de modernização e crescimento acelerado (“milagres econômicos”) passam a estar endividados. 
Os governos começam a reduzir as suas despesas – os países estão exportando menos, empresários estão investindo menos – cria-se uma discussão muito grande sobre, num momento de decrescimento da arrecadação, e em que a única conta que aumentava era a conta de defesa (corridaarmamentista entre EUA e URSS), sustentabilidade – possibilidade de Estado de Bem-Estar Social. 
Na Inglaterra, Tacher vira primeira ministra e tem um discurso neoclássico do ponto de vista econômico, falando que tudo isso era um absurdo e um desperdício -> além de ser insustentável e tornar distorções na economia, incentiva a vagabundagem (dar seguro desemprego é estímulo para a pessoa não trabalhar; licença maternidade é só estimular a quem não tem meios a ter mais filhos). 
A partir de 79, tem 10 anos do que se planta o que se chamou de Consenso de Washignton, que vai a passar a existir no papel a partir de 89. Passa a ser um conjunto de prescrições de conjunto econômicas, de regras, que prescrevem o que os governos, o poder público de fazer – que princípios devem seguir na sua intervenção no domínio econômico: 
Disciplina fiscal -> recupera a ideia que havia até a crise de 29, que os economista neoclássicos já falavam: orçamento público sempre equilibrado – a ideia que Keynes lançou de que no momento de crise era perfeitamente o governo gastar mais do que arrecadou nos impostos é possível sim. Se não tiver o equilíbrio orçamentário, surgirão problemas sistêmicos na sua economia;
Eliminação de subsídios -> qualquer subsídio é fonte de distorções, distorce os preços relativos da economia;
Redução carga tributária -> quanto menos o estado tributar as famílias, os indivíduos e as empresas, mais ele está deixando os recursos na mão de quem é produtivo + menos servidores públicos (médicos, professores, sujeitos que trabalham no sistema de transporte público – a ideia é que isso tem que reduzir porque se quer retirar o menos possível de recurso da sociedade e por isso não pode ficar financiando essa estrutura de Estado);
Juros de mercado -> o poder que todo país tem, que é o controle da moeda, é poder controlar os juros de mercado e o câmbio de mercado. Qualquer atuação do Estado nestes elementos é ruim. É preciso ter o Banco Central que vai ter tais atribuições, não precisando o Estado intervir;
Câmbio de mercado;
Abertura comercial -> eliminação de tarifas, de barreiras tarifárias e também de barreiras não tarifárias – a ideia é restringir ao mínimo tudo que puder, porque se terá uma maior prosperidade. Qualquer regulação ou controle ou registro de capital é desaconselhável, porque impede o livre fluxo de capitais e capitação financeira;
Abertura financeira -> aumento de capital, investimento;
Privatizações estatais -> é privatização de ativos públicos – a ideia não é só vender empresas, mas tudo que o governo tem de direitos e de bens, o máximo possível deve ser vendido; 
Desregulamentação econômica -> diminuir regras para o funcionamento seja qual for o negócio + flexibilidade das regras trabalhistas; 
Garantia de propriedade intelectual -> garante o investimento para que as entidades privadas gerem novas tecnologias, invistam em novos desenvolvimentos porque desfrutarão dos lucros das invenções que fizeram.
Essas medidas foram crescendo nos anos 80, e quando chega nos anos 90, isso se torna uma prática (que vinha sendo crescente) bastante difundida. 
Os países mais pobres, de menor desenvolvimento relativo, tiveram um crescimento médio de 1,9% (45,7%) do PIB ao ano, entre 1960 e 1980; entre 1980 e 2000 tiveram queda do PIB de em média 0,5% ao ano.
Os países mais ricos, de renda maior, tiveram crescimento de 3,6% de 1960 a 1980; e queda de 0,9% de 1980 a 2000. 
Não tem como desassociar o período de aplicação desse receituário com o impacto que teve. Os objetivos contemplados tiveram, então, resultado.
Mas há quem pense que teve efeito contrário – dizia-se que se tornou consenso porque as ideias ali eram óbvias e positivas – ninguém é contra. Um economista coreano (Ha Joon Chang) diz que os países de menor renda seguissem essas regras não entrariam em conflito com as economias desenvolvidas -> essa é uma maneira de impedir que sejam gerados novos concorrentes no mercado internacional (obviamente os chamados Tigres Asiáticos não seguiram isso).
A universalidade desse sistema só deixou de existir:
Porque um grupo de países emergentes, que começou na Ásia (os Tigres Asiáticos) surgiu – a partir do ano 2000 tem esse grupo de países investindo na produção tecnológica e na constituição da sua infraestrutura, então o questionamento é menos no discurso e mais na prática (não surgem coreanos como o acima citado confrontando o sistema, mas isso se dá na prática). A China a partir dessa época faz a política da “porta aberta”, que vai começar a criar as Zonas de Desenvolvimento Especial (investimento privado sendo feito na China com o controle do Estado) -> maior exemplo de capitalismo organizado. 
No nível do debate (teórico), surge uma crise financeira que afeta as principais economias do mundo, que ainda não se recuperaram. A partir de 2008 há questionamento teórico, que começa no âmbito do G-20, do quão consensual eram aquelas regras e se realmente eram positivas.
->Michel Kalecki “Aspectos Políticos do Pleno Emprego” – 1944.

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