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Desastres ambientais

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ - UNIOESTE
CAMPUS DE FRANCISCO BELTRÃO
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO
ALANA GABRIELA LAZZARETTI
DIOGO JULIANO BRESSIANI
TIAGO ANDREOLA LUZA
DESASTRES AMBIENTAIS: VAZAMENTO DE ÓLEO EM ARAUCÁRIA, PARANÁE VAZAMENTO DE BARRAGEM EM CATAGUASES, MINAS GERAIS
FRANCISCO BELTRÃO - PR
2016
1 INTRODUÇÃO
Desastres ambientais são fenômenos cada vez mais frequentes e até intensos no cenário contemporâneo, em sua maioria, sendo agravados em decorrência de atividades climáticas, ou em outros casos, e até mais frequentes, pela atividade devastadora humana perante a natureza.
A natureza é uma obra completa, onde todos seus elementos estão interligados, fazendo parte de um sistema, complementando-se e interagindo-se, formando os ecossistemas. A interferência humana nesses ecossistemas afeta o ciclo interno dos processos, e as consequências podem ser as mais trágicas possíveis, como já foi visto inúmeras vezes em inúmeros desastres ambientais.
A própria evolução humana e o aparecimento de novas tecnologias proporcionaram uma maior intervenção humana nesses sistemas naturais, porém, desde os primórdios da humanidade, a atividade humana já interferia no meio ambiente, visto que nós, humanos, estamos inseridos nesse próprio meio, e dele necessitamos, pois, nossos recursos necessários a vida são muitas vezes extraídos do meio. A revolução industrial, proporcionando o avanço e criação de novas máquinas e processos, fez com que essa intervenção no meio ambiente passasse a ser mais constante e mais nociva, o que aumentou as consequências e danos causados.
Crescer, desenvolver é importante, é necessário, porém, um controle e respeito ao ambiente no qual estamos inseridos é fundamental. Vários são os desastres ambientais já registrados no mundo, alguns causados por fenômenos climáticos, outros, em decorrência da atividade exploradora humana perante os recursos naturais. Em ambos os casos, quer seja a sua fonte originadora, todos saem perdendo: o ser humano e o meio ambiente.
Este trabalho busca apresentar as causas, o que ocorreu, e as consequências futuras de dois grandes desastres ambientais registrados em território nacional: o vazamento de óleo em Araucária, no Paraná, ocorrido no ano de 2000; e o vazamento da barragem de Cataguases, em Minas Gerais, no ano de 2003.
2 VAZAMENTO DE ÓLEO EM ARAUCÁRIA – PARANÁ
O incidente ocorreu em um Domingo, dia 16 de Julho, do ano 2000, decorrido da transferência de óleo cru do terminal marítimo de São Francisco do Sul (SC) para a refinaria Presidente Getúlio Vargas (REPAR), na região metropolitana de Curitiba. Como resultado total do desastre, 04 milhões de litros de óleo cru foram derramados nos rios Iguaçu e Barigui, ambos localizados na região metropolitana de Curitiba.
Um laudo apontou que o problema iniciou por falha humana, pois um operador com 16 anos de serviço, não abriu uma válvula que permitiria a entrada do óleo bombeado do terminal de São Francisco do Sul (SC) para um dos dez tanques da Repar, em Araucária, com isso, a pressão aumentou e os dutos não suportaram, causando o vazamento. O insumo vazou por duas horas sem que a empresa notasse. Estima-se que de cada 08 animais retirados sujos de óleo do local, apenas um sobreviveu.
Em cerca de 24 horas, a mancha de óleo cru, com espessura de cinco centímetros, percorreu 44 km até chegar ao distrito de Balsa Nova, na região metropolitana de Curitiba. A demora da empresa em admitir que não tinha capacidade para conter o vazamento sozinha foi decisiva para que, na época, o incidente fosse classificado como o maior desastre ambiental envolvendo a Petrobras.
As principais consequências desse derramamento de óleo, além do desequilíbrio e impacto ambiental que toda catástrofe gera, foram as modificações na qualidade dos alimentos produzidos próximos a região, a qualidade da água dos rios afetados, a morte de peixes e da flora marítima do local, além das alterações que ocasionou no sistema reprodutivo e imunológico dos animais da região.
A Petrobras foi condenada a pagar R$ 600 milhões de indenização pelo vazamento. Esse valor de R$ 600 milhões foi corrigido pelo INPC, e no momento da efetuação e concretização da multa paga, o valor atingiu R$ 1,4 bilhões, além de multa de R$ 168 milhões ao IBAMA. Além das punições, a empresa terá de recuperar a área atingida pelo vazamento, e monitorar a qualidade da água, do ar e do solo ao entorno.
O julgamento uniu nesta sentença três ações, movidas pelo Ministério Público Federal (MPF), Ministério Público Estadual (MP), Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e Associação de defesa do Meio Ambiente de Araucária (AMAR). O valor da indenização será revertido em favor da Fundo Estadual do Meio Ambiente (FEMA), criado em Setembro de 2000 pelo estado do Paraná, que visa concentrar recursos destinados a financiar projetos para o controle, preservação, conservação e/ou recuperação do meio ambiente, e dentre seus recursos, encontram-se as multas ambientais.
Conforme determina a sentença, a Petrobras deverá promover a recuperação total da flora local. O documento pondera que, como nesse período de 13 anos houve recuperação natural, a empresa terá que monitorar o local de modo contínuo, além de fazer, em 30 dias, um plano para a recuperação das formas de vegetação que integram a área. A mata ciliar do Rio Iguaçu deverá ser recomposta até a região de União da Vitória, a mais de 200 quilômetros de Araucária, cidade onde o óleo vazou.
O planejamento das ações de recuperação deve ser entregue ao IAP, que precisa aprovar a proposta da empresa. Relatórios semestrais deverão ser entregues pela Petrobras, com o avanço do trabalho de recuperação até que o impacto cesse, o que é previsto para ocorrer em um período de oito a dez anos. Será necessário ainda retirar cerca de 2 milhões de litros de óleo que foram absorvidos em um trecho do Rio Iguaçu.
A Justiça obriga a empresa ainda a monitorar a “sanidade dos peixes” que vivem na área atingida. Além disso, a qualidade do ar em toda a região precisará ser monitorada. A sentença determina que três estações de monitoramento sejam instaladas na planta da Repar, com divulgação de relatórios semestrais. Toda alteração significativa que interesse à população deverá ser comunicada pela empresa, sob a fiscalização do IAP.
O documento também determina que haja descontaminação do solo, com um procedimento que a juíza Sílvia Regina Salau Brollo, que proferiu a sentença, classifica como “biorremedicação de 85% do montante de 792 metros cúbicos de óleo ainda existente”. Sobre este aspecto, um plano também deverá ser apresentado ao IAP. São citadas áreas no Arroio Saldanha, várzea do Rio Barigui e do Rio Iguaçu – este último em partes que ficam nos municípios de Guajuvira, General Lúcio e Balsa Nova.
FIGURA 01: VAZAMENTO DE ÓLEO EM ARAUCÁRIA, PARANÁ.
3 VAZAMENTO DA BARRAGEM EM CATAGUASES – MINAS GERAIS
O acidente ocorreu no dia 29 de Março, de 2003, após o rompimento de uma barragem de resíduos sólidos na fazenda Bom Destino, sob a propriedade da empresa Indústria Cataguases de Papel. Como resultado dessa tragédia, 520 mil m3 de rejeitos compostos por resíduos orgânicos e soda cáustica atingiram os rios Pomba e Paraíba do Sul, gerando prejuízos ao ecossistema e a população local, além de afetar áreas do estado do Rio de Janeiro.
As causas do rompimento da barragem também podem ser apontadas por falhas humanas, e um levantamento aponta para danos que poderiam ter sido causados ao meio ambiente desde a criação e início das atividades da empresa.
Em 1954, logo ao iniciar as suas operações, os resíduos misturados com a soda cáustica utilizados para a produção do papel, eram lançados nos rios da cidade mineira sem um tratamento prévio. Esse resíduo, também chamado de “licor negro”, é composto basicamente por lignina, água e soda cáustica residual, sendo altamente tóxico, de pH elevado, com alta concentração de material orgânico, o que prejudica a biodiversidade local.Essa atividade gerou uma forte reação da comunidade local, até que no ano de 1982, após a interdição da empresa e até a assinatura de um termo de compromisso, a mesma se comprometeu a construir um sistema de armazenamento dos resíduos, composto por duas barragens, e um posterior tratamento dos mesmos.
A barragem de Cataguases foi construída por meio de um projeto de grandes dimensões, e de acordo com esse projeto, os resíduos seriam armazenados e encaminhados ao processo de secagem para que a massa seca pudesse ser usada como combustível aos próprios fornos da empresa.
Em 1994, uma nova empresa denominada Indústria Cataguases de Papel adquiriu a planta inicial da empresa existente no local, iniciando as atividades no local.
A barragem de Cataguases rompeu no ano de 2003 pelo excesso de peso em sua estrutura e pela ineficácia das fiscalizações do órgão ambiental responsável, Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM). Após o acidente foi constatado que a barragem intacta estava igualmente sobrecarregada e que o excesso de carga foi ocasionado pela construção irregular e criminosa de um muro de concreto no vertedouro da barragem. A construção desse muro sobre a saída do vertedouro nunca foi detectada pelos órgãos de fiscalização.
As consequências, socioeconômicas e ambientais, do rompimento e derramamento de “licor negro” na região são imensas. No âmbito socioeconômico, a empresa teve de suspender temporariamente suas atividades de pesca e extração de areia para a construção civil, as aulas do local foram interrompidas, o corte na distribuição de água ocorreu para diversas indústrias e 36 municípios da região, prejudicando mais de 700 mil pessoas. Além destas, ocorreu uma queda na arrecadação tributária dos municípios afetados, visto que as empresas afetadas tiveram de interromper a produção por um período de 10 a 20 dias, a redução na demanda do pescado oriundo das áreas afetadas, e a empresa foi condenada a pagar indenização a pescadores e demais profissionais, compra de milhares de cestas básicas durante 3 meses, e uma multa ambiental de 50 milhões.
No âmbito ambiental, os prejuízos causados são inúmeros, como a morte da vida aquática nos trechos dos rios que foram afetados, a possibilidade de persistência dos resíduos no leito dos rios, devido à presença de materiais pesados e altamente tóxicos, além da possibilidade de efeitos futuros cumulativos.
Atualmente a cidade tem poucas marcas do prejuízo causado pela lama de rejeitos que se espalhou na região, e no rio Pomba não ocorreram muitos danos ambientais, pois o rio absorveu bem o efluente que atingiu as águas na zona rural da cidade.
Após o desastre, um termo de ajustamento de conduta foi firmado entre a empresa e o Ministério Público Federal (MPF), onde a empresa se compromete em implementar ações voltadas à recomposição da estabilidade da barragem, recuperação das margens dos córregos e rios afetados, proteção de nascentes, repovoamento com espécies de peixes nativos, além da remoção dos resíduos acumulados nas propriedades rurais.
4 CONCLUSÃO
Existir é interagir com o meio no qual estamos inseridos. A atividade humana requer essa interação, e muitos dos processos tecnológicos e hoje tidos como essências a sobrevivência, dependem dessa interação e influencia no meio ambiente no qual estamos inseridos.
A atividade humana gera impactos sociais e ambientais, por isso se faz necessário que ela seja zelosa e monitorada, pois os danos causados por essas atividades são enormes, e em sua maioria, não podem ser revertidos, deixando consequências por inúmeros anos, afetando flora, fauna, e o próprio ser humano.
Em ambos os desastres ambientais analisados, pode-se constatar a negligência humana como fator causador do desastre, seja pela ineficiência de órgãos de fiscalização ou por um descuido, uma falha de um colaborador envolvido no processo. Os danos causados, tanto materiais quanto naturais, não podem ser revertidos, compensados, ou suprimidos, deixam marcas para sempre, e afetam inúmeras gerações futuras do meio no qual estamos inseridos.
5 REFERÊNCIAS
Cenário MT, Zona da Mata ainda se recupera de rompimento de barragem há 9 anos. Disponivel em: http://www.cenariomt.com.br/noticia/484017/zona-da-mata-ainda-se-recupera-de-rompimento-de-barragem-ha-9-anos.html. Acesso em: 07 de Maio de 2016. 
Folha de São Paulo, Petrobras é condenada por vazamento de óleo no Paraná. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2013/08/1325897-petrobras-e-condenada-por-vazamento-de-oleo-no-parana.shtml. Acesso em: 07 de Maio de 2016. 
Gazeta do Povo, Petrobras é condenada a pagar cerca de R$ 1,4 bi por derramamento de óleo. Disponível em: http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/petrobras-e-condenada-a-pagar-cerca-de-r-14-bi-por-derramamento-de-oleo-corgj02dyvox0v2d7qzkendqm. Acesso em: 04 de Maio de 2016.
Globo, Em Cataguases, barragem rompida foi desativada após acidente em 2003. Disponível em: http://g1.globo.com/mg/zona-da-mata/noticia/2015/11/em-cataguases-barragem-rompida-foi-desativada-apos-acidente-em-2003.html. Acesso em: 04 de Maio de 2016.

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