Weber: Teoria, Ciência e História

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Disciplina: Sociologia
Weber: Teoria, Ciência, História e Sociologia
Professor: Marcelo Ottoni Durante
Universidade Federal de Viçosa 
Bibliografia:
• ARON, Raymond. As Etapas do Pensamento
Sociológico, São Paulo: Martins Fontes, 2008 –
Segunda Parte - Weber
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Curso Sociologia Weber: Teoria, Ciência, História e Sociologia
• Erfurt, 21 de Abril/1864 — Munique, 14 de
Junho/1920
• Foi um intelectual alemão, jurista, economista e
considerado um dos fundadores da Sociologia.
• Começou sua carreira acadêmica na Universidade
Humboldt, em Berlim e, posteriormente, trabalhou
na Universidade Albert Ludwigs, de Freiburg, na
Universidade de Heidelberg, na Universidade de
Viena e na Universidade de Munique.
• Personagem influente na política alemã da época, foi
consultor dos negociadores alemães no Tratado de
Versalhes (1919) e da Comissão encarregada de
redigir a Constituição de Weimar.
• Grande parte de seu trabalho como pensador e
estudioso foi reservado para o chamado processo de
racionalização e desencantamento que provém da
sociedade moderna e capitalista.
Karl Emil 
Maximilian 
Weber
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Comportamento Humano no Mundo Moderno
• Weber estabelece a existência de 4 tipos de ação: (1)racional com relação a um
objetivo, (2)racional em relação a valor, (3)afetiva ou emocional e (4)tradicional.
• Ação racional com relação a um objetivo:
– definida pelo fato do ator conceber claramente seu objetivo e combinar os
meios disponíveis para atingi-lo.
– a racionalidade é definida com base nos conhecimentos do ator e não do
observador. Assim, a ação na qual o ator escolhe meios impróprios devido a
falta de conhecimento é uma ação racional.
• Ação racional com relação a um valor: ator age racionalmente independentemente
dos riscos envolvidos buscando ser fiel a um valor estabelecido e não buscando
obter um resultado extrínseco específico.
• Ação afetiva: uma reação emocional do ator em determinadas circunstâncias, não
envolvendo nenhuma relação com um objetivo almejado ou um sistema de valores.
• Ação tradicional: ação ditada pelos hábitos, costumes e crenças, transformada
numa segunda natureza. Neste contexto, o ator não precisa conceber um objetivo,
ou um valor, nem ser impelido por uma reação emocional; obedece simplesmente
a reflexos enraizados pela longa prática.
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Racionalização no Mundo Moderno: Ciência
• A ação científica combina a ação racional em relação a um objetivo e a ação
racional em relação a um valor, que é a busca da verdade. A racionalidade científica
resulta do respeito pelas regras da lógica e da pesquisa, necessário para garantir a
validade dos conhecimentos produzidos.
• A ciência positiva e racional, valorizada por Weber, faz parte do processo de
racionalização característico das sociedades ocidentais modernas e apresenta duas
características que comandam o significado e o alcance da verdade científica:
1. o não-acabamento essencial, pois a ciência é um eterno devir,
- Weber não imagina, como Durkheim, uma época em que a sociologia
alcançasse um sistema completo de leis sociais, pois à medida que a
história avança e renova os sistemas de valor, o historiador e o sociólogo
espontaneamente formulam novas questões sobre os fatos.
2. a objetividade, definida pela validade da ciência para todos que procuram
este tipo de verdade e pela rejeição dos juízos de valor.
- O fato dos cientistas orientarem sua curiosidade segundo preferências
pessoais não exclui a validade universal das ciências históricas e
sociológicas, pois elas na realidade sempre terão como objetivo trazer
respostas válidas universalmente às questões orientadas pelos nossos
interesses e valores. 05/13
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Valorização da Dimensão Histórica
• Weber não diria, como Durkheim, que a curiosidade histórica deve subordinar-se à
investigação de generalidades. Quando o objeto do conhecimento é a humanidade,
é legitimo o interesse pelas características singulares de um indivíduo, de uma
época ou de um grupo, tanto quanto pelas leis que comandam as sociedades.
• A possibilidade de compreensão do singular faz com que a dimensão histórica
assuma maior importância nas ciências da conduta humana do que nas ciências da
natureza. Esta dimensão pode seguir duas orientações:
– história (relato daquilo que não acontecerá uma segunda vez) e
– sociologia (reconstrução das instituições sociais e seu funcionamento).
• Os fenômenos naturais são explicados por meio de proposições confirmadas pela
experiência prática e sua compreensão é mediata pois passa por intermédios
(conceitos ou relações).
• A compreensão da conduta humana é imediata pois ela possui uma inteligibilidade
intrínseca, que vem do fato de que os homens são dotados de consciência. Assim,
mesmo sem provas empíricas, temos acesso a uma interpretação imediata das suas
ações. No entanto, uma vez que nem sempre o ator conhece os motivos da sua
ação, o observador é menos capaz ainda de adivinhá-los. 06/13
Compreensão Mediata e Imediata
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O Cientista e o Político: relação com valores e julgamento de valor
• As ciências da conduta humana são as ciências da cultura e buscam compreender
e explicar as obras dos homens no curso do seu devir: artes, regimes políticos,
instituições, leis, experiências religiosas e teorias científicas. A compreensão da
ação social implica a percepção do sentido subjetivo que o ator atribui a sua
conduta e, por sua vez, implica uma definição dos tipos de conduta.
• A definição dos tipos de ação está profundamente relacionada com o que constitui
o centro da reflexão filosófica de Max Weber: os vínculos de solidariedade e
independência entre a ciência e a política.
• A distinção entre as atividades realizadas pelo cientista e as atividades realizadas
pelo político tem raiz na distinção entre julgamento de valor e a relação com
valores:
– As obras humanas são criadoras de valores e são definidas a partir de valores .
Os julgamentos de valor são pessoais e subjetivos, constituindo uma afirmação
moral ou vital.
– A relação aos valores é um procedimento de seleção e organização da ciência
objetiva: o cientista não pode formular um julgamento de valor sobre aquilo
que estuda, ele apenas relaciona a matéria estudada com um valor.
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Toda Ciência Histórica e Social é Parcial
• No caso das ciências da cultura e da história, o cientista, para determinar seu
objeto de estudo, está obrigado a fazer uma opção com respeito à realidade: uma
seleção dos fatos e a elaboração de conceitos que exigem um procedimento do
tipo relação com valores. Por esta razão, chega-se a um conjunto de interpretações,
todas seletivas e inseparáveis do sistema de valores escolhido. As ciências humanas
são orientadas pelas questões que os cientistas dirigem à realidade.
• Para compreender a ação dos homens, devemos buscar qual era o interesse dos
homens quando realizaram suas ações. Por outro lado, o cientista deve buscar
distanciar-se do seu próprio interesse para encontrar uma resposta universalmente
válida para uma questão inspirada pelas paixões do homem histórico.
• Negação de Durkheim: Toda ciência histórica e social representa um ponto de vista
parcial que nunca poderá dizer aos homens como devem viver ou ensinar às
sociedades como elas devem se organizar.
• Negação de Marx: Toda ciência histórica e social é incapaz de prever o futuro, pois
ele não é pré-determinado. Mesmo que alguns acontecimentos sejam previsíveis, o
homem terá sempre a liberdade derecusar este determinismo ou se adaptar a ele
de diferentes maneiras.
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Relativismo na Explicação da Conduta Humana
• A ciência histórica é racional e demonstrativa, pois procura enunciar
proposições do tipo cientifico, sujeitas à confirmação. As proposições
históricas e sociológicas tratam dos fatos observáveis e visam atingir
uma realidade definida, a conduta dos homens, na significação que
lhe dão os próprios atores.
• As proposições históricas ou sociológicas não conseguem atingir
“verdades essenciais”, pois cada sociedade tem sua cultura, isto é,
um sistema de crenças e valores. O sociólogo se esforça para
compreender como os homens viveram inumeráveis formas de
existência, que só se tornam inteligíveis à luz do sistema próprio de
crenças e de conhecimentos de cada sociedade considerada.
• Para apreender a essência de um determinado fenômeno é preciso ir
além da ciência.
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Ciências Históricas e Sociológicas são Ciências Causais
• As ciências históricas e sociológicas não são apenas interpretações compreensivas
do sentido subjetivo das condutas mas também ciências causais.
– Causalidade Histórica: determinação das circunstâncias únicas que provocaram
um certo acontecimento e do papel dos diversos antecedentes na origem deste
acontecimento.
– Causalidade Sociológica: determinação da relação regular entre os fenômenos.
Esta relação não assume a forma (fenômeno A torna inevitável o fenômeno B)
podendo assumir a forma (fenômeno A favorece com maior ou menor força o
fenômeno B).
• Regras de adoção da metodologia causal em uma seqüência histórica singular:
1. Definição clara e precisa das características do indivíduo histórico em análise.
2. Análise do fenômeno histórico, por natureza complexo, em seus elementos.
3. Buscar responder à pergunta: o que teria ocorrido se este elemento não
tivesse existido ou tivesse sido diferente? Assim, poderemos verificar se o
elemento modificado foi de fato uma das causas do indivíduo histórico
considerado no ponto de partida da pesquisa. 10/13
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A Incerteza sobre o Futuro Valoriza o Papel da Política
• O pensamento causal de Weber se exprime em termos de probabilidades, pois as
relações causais da sociologia são vistas como relações parciais no sentido de que
um fragmento dado da realidade torna provável ou improvável outro fragmento.
• As ciências da realidade humana só são ciências na medida em que são capazes de
formular proposições gerais, mesmo quando buscam compreender o singular, e
estas só podem ser demonstradas a partir de análises e comparações históricas.
• Esta teoria de causalidade refuta a interpretação do materialismo histórico, pois
exclui a possibilidade de que um elemento da realidade seja o mais determinante
em relação a todos os outros aspectos da realidade e de que o conjunto da
sociedade futura seja determinado a partir de certas características da sociedade
presente.
• A análise causal retrospectiva busca distinguir o que foi, num momento dado, a
influência das circunstâncias gerais e a eficácia de um acidente ou pessoa. Está
associada a uma filosofia da história que devolve aos acontecimentos e pessoas a
eficácia e mostra que o curso da história não está pré-determinado e que os
homens de ação podem alterá-lo.
• Como o futuro é incerto e alguns homens podem forjá-lo, a política é uma das
atividades nobres da sociedade. 11/13
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Tipo ideal: contestação da lógica aristotélica
• O centro da doutrina epistemológica de Weber é o tipo ideal: organização das
relações inteligíveis próprias a um conjunto histórico ou a uma seqüência de
acontecimentos, identificando sua racionalidade interna. O tipo ideal está
vinculado a noção analítica e parcial da causalidade, pois conserva o caráter parcial
da relação causal, mesmo quando, em aparência, abrange toda a sociedade.
• Todos os conceitos das ciências da cultura seguem uma tendência ideal-típica, ou
seja, os conceitos, quer se trate de religião, dominação, profetismo ou burocracia,
comportam um elemento de estilização ou de racionalização.
• A tarefa dos sociólogos consiste em tornar a matéria social ou histórica mais
inteligível do que ela foi na experiência que tiveram dela aqueles que a viveram.
• A tendência idealtípica busca o essencial e, desta forma, não se ajusta ao modelo
da lógica aristotélica, pois não busca reter as características que todos os
indivíduos incluídos na extensão do conceito apresentam e menos ainda as
características médias dos indivíduos considerados.
• A reconstrução dos tipos ideais representa não o fim da investigação cientifica, mas
um meio. Utilizando conceitos precisamente definidos, medimos seu afastamento
da realidade, e combinando conceitos múltiplos apreendemos uma realidade
complexa. 12/13
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Espécies de Tipo Ideal
• Indivíduos históricos: O tipo ideal é a reconstrução inteligível e parcial de uma
realidade histórica global e singular. O sociólogo seleciona no conjunto histórico um
certo numero de características para construir um todo inteligível. A reconstrução é
uma entre várias outras que são possíveis e a realidade toda não entra na imagem
mental do sociólogo. São exemplos desta espécie de tipo ideal: o capitalismo ou a
cidade ocidental moderna.
• Elementos abstratos da realidade histórica: Estes tipos ideais dos elementos
característicos das sociedades se situam em diferentes níveis de abstração. Num
nível mais elevado de abstração, figuram os três tipos de dominação:
– Dominação racional se justifica pelas leis e regulamentos;
– Dominação tradicional se justifica pelo passado e pelo costume;
– Dominação carismática se justifica pela virtude excepcional que atribuem ao
chefe os que o seguem e a ele são devotados.
• Reconstruções racionalizantes de condutas humanas: As proposições da teoria
econômica constituem uma construção ideal-típica do modo como os sujeitos se
comportariam se fossem sujeitos econômicos puros. A teria econômica concebe o
comportamento econômico rigorosamente conforme sua essência e definido de
maneira precisa. 13/13
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