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Responsabilidade civil 2016 AULA FAC Prof. Me. Andrei Mohr Funes.

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Direito Civil – Direito das Obrigações 
Prof. Me. Andrei Mohr Funes 
 
 
1 
 
AULA 8 – RESPONSABILIDADE CIVIL 
 
SUMÁRIO: 8. Responsabilidade Civil – Noções Introdutórias; 8.1. Culpa e 
responsabilidade; 8.2. Imputabilidade e responsabilidade; 8.3. Modalidades de 
responsabilidade; 8.4. Elementos da responsabilidade extracontratual; 
 
8 – RESPONSABILIDADE CIVIL – NOÇÕES INTRODUTÓRIAS 
 
A teoria da responsabilidade civil integra o direito obrigacional, pois a principal 
consequência da prática de um ato ilícito é a obrigação que acarreta, para seu autor, de reparar o 
dano, obrigação esta de natureza pessoal, que se resolve em perdas e danos. 
 
8.1 Culpa e responsabilidade 
 
A responsabilidade civil, tradicionalmente, baseia-se na ideia de culpa. O art. 186 do 
CC define o que entende por comportamento culposo: “ação ou omissão voluntária, negligência ou 
imprudência”. Em consequência, fica o agente obrigado a reparar o dano (art. 927 do CC). 
 
Art. 186, CC - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, 
ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
 
Art. 927, CC - Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. 
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a 
atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. 
 
Há tempos vem ganhando terreno a chamada teoria do risco, que, sem substituir a 
teoria da culpa, cobre muitas hipóteses em que esta se revela insuficiente para a proteção da 
vítima. A responsabilidade seria encarada sob o aspecto objetivo: o agente indeniza não porque 
tenha culpa, mas porque é o proprietário do bem ou o responsável pela atividade que provocou o 
dano. 
 
8.2 - Imputabilidade e responsabilidade 
 
A responsabilidade dos loucos 
 
O CC substituiu o princípio da irresponsabilidade absoluta da pessoa privada de 
discernimento pelo princípio da responsabilidade mitigada e subsidiária (art. 928, CC). Se a vítima 
não conseguir receber a indenização do curador (art. 932, II, CC), poderá o juiz, mas somente se o 
incapaz for abastado, condená-lo ao pagamento de uma indenização equitativa. 
 
Art. 928, CC - O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo 
ou não dispuserem de meios suficientes. 
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser eqüitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou 
as pessoas que dele dependem. 
 
Art. 932, CC - São também responsáveis pela reparação civil: 
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia; 
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições; 
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em 
razão dele; 
Direito Civil – Direito das Obrigações 
Prof. Me. Andrei Mohr Funes 
 
 
2 
 
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos 
seus hóspedes, moradores e educandos; 
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia. 
A responsabilidade dos menores 
 
A obrigação de indenizar cabe às pessoas responsáveis pelo menor (art. 932, I e II, CC). 
 
Art. 932, CC - São também responsáveis pela reparação civil: 
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia; 
 
Este só será responsabilizado se aquelas não dispuserem de meios suficientes para 
o pagamento. Mas a indenização, que deverá ser equitativa, não terá lugar se privar o menor do 
necessário (art. 928, CC). 
 
Art. 928, CC - O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo 
ou não dispuserem de meios suficientes. 
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser eqüitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou 
as pessoas que dele dependem. 
 
8.3 - Modalidades de responsabilidade 
 
8.3.1 - Civil x Penal 
 
Civil: O interesse lesado é o privado. O prejudicado poderá pleitear ou não a 
reparação. É de natureza patrimonial: é o patrimônio do devedor que responde por suas 
obrigações. Ninguém pode ser preso por dívida civil, exceto o devedor de pensão oriunda do direito 
de família. 
 
Penal: O interesse lesado é o da sociedade. O agente infringe uma norma penal, de 
interesse público. É pessoal, intransferível, responde o réu com a privação de sua liberdade. É 
pessoal também no sentido de que a pena não pode ultrapassar a pessoa do delinquente. 
 
No cível, ao contrário, há várias hipóteses de responsabilidade por ato de outrem, 
como, por exemplo, o disposto no Código Civil, art. 932. 
 
Art. 932, CC - São também responsáveis pela reparação civil: 
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia; 
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições; 
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em 
razão dele; 
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos 
seus hóspedes, moradores e educandos; 
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia. 
 
8.3.2 - Subjetiva x Objetiva 
 
Subjetiva: Diz-se ser subjetiva a responsabilidade quando se esteia na idéia de 
culpa. A prova da culpa passa a ser pressuposto necessário do dano indenizável. O ônus dessa 
prova incumbe à vítima. Em não havendo culpa (dolo ou culpa em sentido estrito), não há 
responsabilidade. 
 
Direito Civil – Direito das Obrigações 
Prof. Me. Andrei Mohr Funes 
 
 
3 
 
Objetiva: Prescinde da culpa e se satisfaz apenas com o dano e o nexo de 
causalidade. Denominada objetiva ou do risco, tem como postulado que todo dano é indenizável, e 
deve ser reparado por quem a ele se liga por um nexo de causalidade, independentemente de 
culpa. No CC brasileiro a responsabilidade subjetiva subsiste como regra necessária (art. 186 do 
CC), sem prejuízo da adoção da responsabilidade objetiva, em dispositivos vários e esparsos (art. 
927, parágrafo único, p. ex.). 
Art. 186, CC - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, 
ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
 
Art. 927, CC - Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. 
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a 
atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. 
 
8.3.3 - Contratual x Extracontratual 
 
Contratual: O inadimplemento contratual acarreta a responsabilidade de indenizar 
as perdas e danos (CC, art. 389, 390 e 391). Todo inadimplemento se presume culposo. O lesado 
só está obrigado a demonstrar que a prestação foi descumprida. 
 
Art. 389, CC – Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo 
índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado. 
 
Art. 390, CC – Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia em que executou o ato de que se devia 
abster. 
 
Art. 391, CC – Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor. 
 
Extracontratual: é a que deriva de infraçãoao dever de conduta (dever legal) 
imposto genericamente no art. 186 do CC. É também chamada de responsabilidade aquiliana. Ao 
lesado incumbe o ônus de provar culpa ou dolo do causador do dano. 
 
8.3.4 - Responsabilidade por atos lícitos 
 
Via de regra a obrigação de indenizar assenta-se na prática de um ato ilícito. Em 
alguns casos, todavia, pode resultar de fatos permitidos por lei, como: os praticados em estado de 
necessidade (art. 929 do CC), os praticados pelo proprietário que penetra no imóvel vizinho para 
fazer limpeza e outros serviços necessários (art. 1.313 do CC) etc. 
 
Art. 929, CC – Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem culpados do perigo, assistir-lhes-á 
direito à indenização do prejuízo que sofreram. 
 
Art. 1.313, CC – O proprietário ou ocupante do imóvel é obrigado a tolerar que o vizinho entre no prédio, mediante prévio aviso, 
para: 
I - dele temporariamente usar, quando indispensável à reparação, construção, reconstrução ou limpeza de sua casa ou do muro 
divisório; 
II - apoderar-se de coisas suas, inclusive animais que aí se encontrem casualmente. 
§ 1o O disposto neste artigo aplica-se aos casos de limpeza ou reparação de esgotos, goteiras, aparelhos higiênicos, poços e nascentes 
e ao aparo de cerca viva. 
§ 2o Na hipótese do inciso II, uma vez entregues as coisas buscadas pelo vizinho, poderá ser impedida a sua entrada no imóvel. 
§ 3o Se do exercício do direito assegurado neste artigo provier dano, terá o prejudicado direito a ressarcimento. 
 
8.3.5 - Responsabilidade nas relações de consumo 
 
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Tanto a responsabilidade pelo fato do produto ou serviço como a oriunda do vício 
do produto ou serviço são de natureza objetiva, prescindindo do elemento culpa a obrigação de 
indenizar atribuída ao fornecedor. Determina-se expressamente a aplicação da teoria da 
desconsideração da personalidade jurídica (CDC, art. 28) e se prevê a facilitação da defesa dos 
direitos do consumidor, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil 
(CDC, art. 6º, VIII). 
 
Art. 28, CDC – O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver 
abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração 
também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados 
por má administração. 
§ 1° (Vetado). 
§ 2° As sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades controladas, são subsidiariamente responsáveis pelas 
obrigações decorrentes deste código. 
§ 3° As sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código. 
§ 4° As sociedades coligadas só responderão por culpa. 
§ 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao 
ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. 
 
Art. 6º, CDC – São direitos básicos do consumidor: 
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a 
critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências; 
 
8.3.6 - Responsabilidade por abuso de direito (art. 37, § 2º, CDC) – publicidade abusiva. 
 
Art. 37, § 2º, CDC - É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva. 
§ 2° É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a 
superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de 
induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança. 
 
8.4 - Elementos da responsabilidade extracontratual (art. 186, CC) 
 
Não há unanimidade na doutrina quanto ao número de elementos. 
 
Maria Helena Diniz – 3 (ação, nexo e dano); 
 
Flávio Tartuce, Carlos Roberto Gonçalves e Sílvio Venosa – 4 (ação, nexo causal, 
dano e culpa); 
 
Sérgio Cavalieri Filho – 3 (conduta culposa, nexo e dano); 
 
Alguns acreditam ser a culpa elemento acidental. 
 
Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona Filho – 3 (conduta humana, dano, nexo causal). 
 
A - Conduta humana (Ação ou Omissão) 
 
Alude o art. 186 do CC a qualquer pessoa que, por ação ou omissão, venha a 
causar dano a outrem. A responsabilidade pode derivar de ato próprio, de ato de terceiro que esteja 
sob a guarda do agente e, ainda, de danos causados por coisas e animais que lhe pertençam. 
 
Ação – conduta positiva 
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Omissão – conduta negativa (dever jurídico de praticar o ato) 
 
Podem ser voluntárias ou cometidas por negligência, imprudência ou imperícia. 
 
NOTA – A Culpa Genérica ou lato sensu abrange a Culpa stricto sensu e/ou dolo do 
agente). 
 
É necessário, para que a vítima obtenha a reparação do dano, que prove dolo ou 
culpa strictu sensu (aquiliana) do agente (imprudência, negligência ou imperícia). Em alguns casos, 
o Código presume a culpa (art. 936, CC); em outros, responsabiliza o agente independentemente 
da culpa (arts. 933 e 927, parágrafo único, CC, por exemplo). 
 
Art. 936, CC – O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior. 
 
Art. 932, CC – São também responsáveis pela reparação civil: 
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia; 
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições; 
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em 
razão dele; 
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos 
seus hóspedes, moradores e educandos; 
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia. 
 
Art. 933, CC – As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão 
pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos. 
 
Art. 927, CC - Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. 
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a 
atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. 
 
Dolo – é uma violação intencional do dever com o objetivo de prejudicar outrem. 
(lembrar do 944 do CC – princípio da reparação dos danos). A culpa grave ou gravíssima recebe o 
mesmo tratamento do dolo. A indenização será sempre integral. 
 
Art. 944, CC – A indenização mede-se pela extensão do dano. 
Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, eqüitativamente, a 
indenização. 
Culpa estrito senso – é um desrespeito a um dever preexistente, não havendo 
propriamente a intenção de violar o dever jurídico. (art. 944, p.u., CC). Possui 3 (TRÊS) elementos: 
 
a) Conduta voluntária com resultado involuntário; 
b) Previsão ou previsibilidade; 
c) Falta de cuidado, cautela, diligencia e atenção. 
 
Imprudência = falta de cuidado + ação 
Negligência = falta de cuidado + omissão 
Imperícia = falta de qualificação ou treinamento para desempenhar uma 
determinada função, própria dos profissionais liberais. (art. 951, CC) 
 
Art. 951, CC – O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso de indenização devidapor aquele que, no exercício de 
atividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, causar a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, 
ou inabilitá-lo para o trabalho. 
Direito Civil – Direito das Obrigações 
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Não interessa para o Direito Civil se o autor agiu com dolo ou culpa, pois deve 
reparar o dano. Todavia, o critério de fixação é que se altera (art. 944 e 945, CC). 
 
Art. 944, CC – A indenização mede-se pela extensão do dano. 
Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, eqüitativamente, a 
indenização. 
Art. 945, CC – Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a 
gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano. 
 
CLASSIFICAÇÕES DA CULPA STRICTO SENSU: 
 
A - Quanto à origem: 
 
I – culpa contratual – decorre do contrato ou dever anexo a este; 
 
II – culpa extracontratual ou aquiliana – violação de um dever fundado em norma 
jurídica. 
B - Quanto à atuação do agente: 
 
I – culpa in comittendo – imprudência; 
 
II – culpa in omittendo – negligência. 
 
C - Quanto ao critério da análise pelo aplicador do direito: 
 
I – Culpa in concreto – analisa-se a conduta de acordo com o caso concreto 
(recomendável pelo sistema do CC/2002); 
 
II – Culpa in abstracto – leva-se em conta a pessoa natural comum (homem médio) 
 
NOTA - As duas formas devem interagir para que a conclusão do julgador seja justa 
e razoável. 
D - Quanto à sua presunção (tornaram-se objetivas com o novo Código): 
 
I – Culpa in vigilando – pai, tutor, curador, dono de hotel e educador (932 e 933 CC) 
 
Art. 932, CC – São também responsáveis pela reparação civil: 
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia; 
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições; 
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos 
seus hóspedes, moradores e educandos; 
 
Art. 933, CC – As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão 
pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos. 
 
II – Culpa in eligendo – patrão por ato do empregado (932 CC) 
 
Art. 932, CC – Art. 932, CC – São também responsáveis pela reparação civil: 
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em 
razão dele; 
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7 
 
III – Culpa in custodiendo – guarda de coisa ou animal (936 a 938 CC) 
 
Art. 936, CC – O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior. 
 
Art. 938, CC – Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem 
lançadas em lugar indevido. 
 
E - Quanto ao grau de culpa: 
 
I – Culpa lata ou culpa grave – imprudência ou negligência crassa. Efeito igual ao 
do dolo; 
II – Culpa leve ou culpa média – conduta se desenvolve sem a atenção 
normalmente devida. (944 e 945 se aplicam); 
 
Art. 944, CC – A indenização mede-se pela extensão do dano. 
Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, eqüitativamente, a 
indenização. 
 
Art. 945, CC – Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a 
gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano. 
 
III – Culpa levíssima – menor grau possível, dano só seria evitado com cautelas 
extraordinárias ou de especial habilidade. (944 e 945, CC) 
 
B - Nexo ou Relação de causalidade 
 
É o nexo causal ou etiológico entre a ação ou omissão do agente e o dano 
verificado. Vem expressa no verbo “causar”, empregado no art. 186, CC. 
 
É elemento imaterial ou virtual, constituindo a relação de causa e efeito entre a 
conduta culposa ou o risco criado e o dano suportado por alguém. 
 
A culpa da vítima, o caso fortuito e a força maior (CC, art. 393) rompem o nexo de 
causalidade, afastando a responsabilidade do agente. 
 
Art. 393, CC – O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver 
por eles responsabilizado. 
Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir. 
 
Teorias justificadoras do nexo de causalidade: 
 
- Teoria da equivalência das condições ou do histórico dos antecedentes (sine qua 
non) – todos os fatos relativos ao evento danoso geram responsabilidade civil (não adotada, amplia 
demais a responsabilidade civil) 
 
- Teoria da causalidade adequada – teoria desenvolvida por Von Kries, pela qual se 
deve identificar, na presença de uma possível causa, aquela que, de forma potencial, gerou o 
evento dano. 
 
Direito Civil – Direito das Obrigações 
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8 
 
Por esta teoria, somente o fato relevante ao evento danoso gera a responsabilidade 
civil, devendo a indenização ser adequada aos fatos que a envolvem, mormente nas hipóteses de 
concorrência de causas. 
 
Consta dos artigos 944 e 945 do CC e o Enunciado 47 do CJF/STJ diz que o artigo 
945 não exclui a teoria da causalidade adequada. 
 
- Teoria do dano direto e imediato ou teoria da interrupção do nexo causal – 
havendo violação do direito por parte do credor ou de terceiro, haverá interrupção do nexo causal 
com a consequente irresponsabilidade do suposto agente. 
 
Desse modo, devem ser reparados os danos que decorrem como efeitos 
necessários da conduta do agente. (artigo 403 do CC). Indicada por Gustavo Tepedino. 
 
Há julgados para ambos os lados, com alguns indicando que as duas são a mesma 
coisa. Todavia, a diferença é sutil entre as teorias, com a de causalidade adequada valorizando 
mais a concausalidade, os fatos concorrentes e o grau de culpa dos envolvidos. Por outro lado, 
para a do dano direto imediato ganham relevo as excludentes totais de responsabilidade. 
 
As duas integram o CC, sendo que alguns autores acham que a da causalidade 
adequada deve prevalecer, pois conforme a principiologia do novo Código Civil. 
 
Isso porque, as excludentes totais do nexo de causalidade afetam sua existência 
não afastam a teoria da causalidade adequada. São elas: 
 
- A culpa exclusiva ou o fato exclusivo da vítima; 
 
- A culpa exclusiva ou o fato exclusivo de terceiro; 
 
- O caso fortuito – evento totalmente imprevisível decorrente de ato humano ou 
natural; 
- A força maior – evento previsível, mas inevitável ou irresistível de ato humano ou 
natural. 
 
Tais excludentes servem para responsabilidade objetiva e subjetiva, mas há casos 
em que a lei descarta algumas excludentes, agravando a responsabilidade civil (artigo 735 do CC – 
culpa exclusiva de terceiro no transporte de passageiros). 
 
Art. 735, CC – A responsabilidade contratual do transportador por acidente com o passageiro não é elidida por culpa de terceiro, 
contra o qual tem ação regressiva. 
 
C - Dano ou prejuízo 
 
Sem a prova do dano, ninguém pode ser responsabilizado civilmente. O dano pode 
ser patrimonial ou extrapatrimonial (moral), direto ou indireto. 
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AULA 9 
 
SUMÁRIO: Responsabilidade por ato próprio; Infração a um dever; Abuso de Direito; 
Rompimento de noivado e Divórcio; Dano ambiental e ecológico; Direito à própria 
imagem; Responsabilidade por ato de terceiro; Responsabilidade solidária;Responsabilidade dos pais; Responsabilidade dos tutores e curadores; 
Responsabilidade dos empregadores; Responsabilidade dos educadores; 
Responsabilidade dos hoteleiros; Ação regressiva; Responsabilidade do Estado; 
Danos decorrentes de atos judiciais; Danos decorrentes de atos legislativos; 
Responsabilidade pelo fato da coisa e do animal; Responsabilidade pela guarda da 
coisa inanimada; Responsabilidade pela guarda dos animais; Responsabilidade 
resultante de coisas que caírem em lugar indevido; Exercício de atividade perigosa. 
 
RESPONSABILIDADE POR ATO PRÓPRIO 
 
Responsabilidade por ato próprio 
 
A - Infração a um dever 
 
O elemento objetivo da culpa é o dever violado. Em matéria de culpa contratual, o 
dever jurídico consiste na obediência ao convencionado. E, na culpa extracontratual, consiste no 
cumprimento da lei, que impõe a todos o dever de não lesar a outrem, implícito no art. 186 do CC. 
 
Art. 186, CC – Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, 
ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
 
B - O abuso de direito 
 
O abuso de direito é disciplinado no Código Civil como outra forma de ato ilícito. 
Comete-o o titular de um direito que, “ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo 
seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes”. Mesmo agindo dentro de seu 
direito, pois, pode o agente, em alguns casos, ser responsabilizado. 
 
Greve, spam, abuso na propriedade, abuso no processo, publicidade abusiva, etc.. 
 
C - Rompimento de noivado e separação judicial 
 
Se a desistência do noivado se manifestar sem justo motivo e de forma a acarretar 
dano material ou moral ao outro, pode dar causa a ação de indenização. 
 
Quanto à separação judicial, provado que foi provocada por ato injusto do consorte 
e acarretou danos, sejam materiais ou morais, além daqueles já cobertos pela pensão alimentícia, a 
indenização pode ser pleiteada com fundamento no art. 186 do CC. 
 
D - Dano ambiental e ecológico 
 
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A responsabilidade por dano ecológico pode ser penal e civil. Quanto a esta, o 
diploma básico é a Lei de Política Nacional do Meio Ambiente (Lei n. 6.938/81), cujas principais 
virtudes estão no fato de ter consagrado a responsabilidade objetiva do causador do dano e a 
proteção não só aos interesses individuais, mas também aos supraindividuais (interesses difusos), 
conferindo legitimidade ao Ministério Público para propor ação civil e criminal. A lei n. 7.347/85 
disciplinou a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente. 
 
E - Direito à própria imagem 
 
O direito à própria imagem integra o rol dos direito da personalidade (CC, arts. 11 a 
21). A CF declara invioláveis a “intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, 
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação” (art. 5º, 
X, CF/88) e o inciso V do mesmo dispositivo assegura “o direito de resposta, proporcional ao 
agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem”. 
 
Art. 5, X, CF/88 – Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos 
seguintes: 
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano 
material ou moral decorrente de sua violação; 
 
F - Responsabilidade por Ato de Terceiro 
 
Presunção de culpa e responsabilidade solidária 
 
No caso de concurso de agentes na prática de ato ilícito surge a solidariedade: 
“...se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação” (art. 942 , 
CC). São solidariamente responsáveis com os autores “os coautores e as pessoas designadas no 
art. 932” (art. 942, parágrafo único, CC). Estas são responsabilizadas ainda que não haja culpa de 
sua parte. O CC abandonou o critério da culpa presumida, para responsabilizar os pais, tutores, 
patrões etc. independentemente de culpa. 
 
Art. 942, CC - Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado; e, 
se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação. 
Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os co-autores e as pessoas designadas no art. 932. 
 
Responsabilidade dos pais 
 
Os pais respondem pelos atos ilícitos praticados pelos filhos menores que estiverem 
sob sua autoridade e em sua companhia (art. 932, I), ainda que estes não tenham discernimento. A 
responsabilidade paterna independe de culpa (art. 933). A única hipótese em que haverá 
responsabilidade solidária do menor de 18 anos com seus pais é se tiver sido emancipado aos 16 
anos de idade. Fora dessa situação, a responsabilidade será exclusivamente dos pais, ou 
exclusivamente do filho (art. 928). 
 
Art. 932, CC – São também responsáveis pela reparação civil: 
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia; 
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições; 
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em 
razão dele; 
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos 
seus hóspedes, moradores e educandos; 
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V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia. 
 
 
 
Responsabilidade dos tutores e curadores 
 
A situação destes é idêntica à dos pais: respondem com seu patrimônio pelos 
pupilos e curatelados (art. 932, II). Transfere-se, entretanto, a responsabilidade do curador para o 
sanatório, quando o curatelado é internado para tratamento. 
 
Responsabilidade dos empregadores 
 
O empregador ou comitente responde pelos atos de seus empregados, serviçais e 
prepostos, praticados no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele (art. 932, III). 
Preposto é o que cumpre ordens de outrem, seja ou não assalariado. A responsabilidade é objetiva, 
independente de culpa. 
 
Responsabilidade dos educadores 
 
O inciso IV do art. 932 refere-se à responsabilidade dos donos de estabelecimentos 
que recebem pessoas para fins de educação. A responsabilidade quanto às escolas públicas cabe 
ao Estado. Se o dano é causado pelo aluno contra terceiros, a escola responde pelos prejuízos, 
objetivamente. Se o dano é sofrido pelo aluno, tem este ação contra o estabelecimento. 
 
Responsabilidade dos hoteleiros 
 
Responde também o hospedeiro pelos prejuízos causados por seus hóspedes, seja 
a terceiros, seja a outro hóspede. Essa responsabilidade funda-se no risco da atividade e tanto 
pode decorrer de falta de vigilância sobre o comportamento dos hóspedes como de falta de 
disciplina em sua admissão. 
 
Ação regressiva 
 
Aquele que paga a indenização por ato de outrem tem um direito regressivo contra 
o causador do dano, salvo se este for descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz (art. 
934, CC). A exceção em favor do descendente resulta de considerações de ordem moral, visando à 
solidariedade familiar. 
 
Art. 934, CC – Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o 
causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz. 
 
G - Responsabilidade do Estado 
 
A Constituição Federal de 1988 
 
O assunto está regulamentadono art. 37, § 6º da Constituição Federal d 1988. A 
responsabilidade é objetiva, sob a modalidade do risco administrativo. A vítima não precisa provar a 
culpa do agente público. Basta a prova do dano e da relação de causalidade. Mas admite-se a 
inversão do ônus da prova. 
 
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Art. 37, § 6º, CF/88 – A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal 
e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao 
seguinte: 
As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus 
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. 
 
O Estado exonerar-se-á da obrigação de indenizar se provar culpa exclusiva da 
vítima, força maior ou fato exclusivo de terceiro. Em caso de culpa concorrente da vítima, a 
indenização será reduzida pela metade. A responsabilidade objetiva foi estendida às pessoas 
jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público. A responsabilidade destas é subsidiária. 
 
Danos decorrentes de atos judiciais 
 
Não é indispensável a verificação da ocorrência de culpa dos juízes e funcionários 
para que se caracterize a responsabilidade do Estado. Basta que o serviço se revele falho. Quando 
o juiz ou tribunal desempenha funções administrativas, a responsabilidade do Estado não difere da 
dos atos da Administração Pública. O juiz só pode ser pessoalmente responsabilizado se houver 
dolo ou fraude de sua parte e, ainda, quando, sem justo motivo, recusar, omitir ou retardar medidas 
que deve ordenar de ofício ou a requerimento da parte (CPC, art. 133, I e II). A responsabilidade do 
Estado em decorrência de erro judiciário é reconhecida no art. 5º, LXXV, da CF. 
 
Art. 143, I e II, CPC/15 – O juiz responderá, civil e regressivamente, por perdas e danos quando: 
I - no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude; 
II - recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva ordenar de ofício ou a requerimento da parte. 
Parágrafo único. As hipóteses previstas no inciso II somente serão verificadas depois que a parte requerer ao juiz que 
determine a providência e o requerimento não for apreciado no prazo de 10 (dez) dias. 
 
Art. 5, LXXV, CF/88 – Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros 
e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na 
sentença; 
 
Danos decorrentes de atos legislativos 
 
Se a lei inconstitucional acarreta dano aos particulares, caberá a responsabilidade 
do Estado, desde que a inconstitucionalidade tenha sido declarada pelo Judiciário. 
 
Tem sido reconhecida a responsabilidade ressarcitória do Estado, por lei 
constitucionalmente perfeita, quando causa dano injusto a particulares. 
 
H - Responsabilidade pelo Fato da Coisa e do Animal 
 
Responsabilidade na guarda da coisa inanimada 
 
A regra nessa matéria é que se presume a responsabilidade dos proprietários das 
coisas em geral, e de animais, pelos danos que venham a causar a terceiros. Tal noção provém da 
teoria da guarda da coisa inanimada, que remonta ao art. 1.384 do CC francês e vem sendo 
aplicada entre nós mediante o emprego da analogia. Embora o CC brasileiro não proclame a 
responsabilidade dos donos das coisas em geral que causem danos a terceiros, alguns artigos 
responsabilizam os donos de certas coisas (arts. 936, 937 e 938 do CC). O princípio foi, pois, 
acolhido. 
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Responsabilidade na guarda de animais 
 
A responsabilidade do dono do animal é presumida, mas a presunção é vencível. 
Basta que a vítima prove o dano sofrido e a relação de causalidade com o fato do animal. Ao 
responsável incumbe afastar tal presunção, provando uma das excludentes mencionadas no art. 
936: culpa da vítima ou força maior. 
 
Art. 936, CC – O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior. 
 
Responsabilidade pela ruína do edifício 
 
Há presunção de responsabilidade do dono do edifício ou construção quando 
qualquer parte de sua estrutura cai sobre as propriedades vizinhas ou sobre os transeuntes (art. 
937, CC). Ressalva-se, apenas, a ação regressiva contra o construtor. Facilita-se a ação de 
reparação para a vítima, que só precisa provar o dano e a relação de causalidade. 
 
Art. 937, CC – O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta provier de falta de 
reparos, cuja necessidade fosse manifesta. 
 
Responsabilidade resultante de coisas que caírem em lugar indevido 
 
A responsabilidade do dano consequente ao lançamento de coisas líquidas (effusis) 
e sólidas (dejectis) de uma casa à rua é prevista no art. 938 do CC. A responsabilidade, no caso é 
puramente objetiva. Não se cogita de culpa. A responsabilidade recai sobre o habitante da casa. A 
jurisprudência a tem estendido a diversas situações: queda de andaime, queda de eucalipto, queda 
de argamassa de cimento que se desprende de sacada de edifício e atinge transeunte etc. 
 
Art. 938, CC – Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem 
lançadas em lugar indevido. 
 
Exercício de atividade perigosa 
 
Aquele que causar dano a outrem no exercício de uma atividade perigosa, por sua 
natureza ou pela natureza do meio empregado, terá de ressarci-lo, independentemente de culpa 
(art. 927, parágrafo único, CC). A obrigação de reparar o dano surge do simples exercício da 
atividade que o agente desenvolve em seu interesse e sob seu controle, como fundamento da 
responsabilidade. Passou-se, assim, de um ato ilícito (teoria subjetiva) para um lícito, mas gerador 
de perigo (teoria objetiva), para caracterizar a responsabilidade civil. 
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AULA 10 
 
SUMÁRIO: Da culpa; Conceito e elementos; Culpa e dolo; Culpa e risco; Efeitos no 
cível da sentença criminal; Sentença absolutória faz coisa julgada no cível; – Sentença 
absolutória que não faz coisa julgada no cível; Da relação de causalidade; Do dano e 
sua liquidação; Conceito e espécies de danos; Elementos do dano; Pessoas obrigadas 
a reparar o dano; Pessoas que não podem exigir a reparação de danos; O Dano 
material; Dano emergente e lucro cessante; Juros e correção monetária; Verba 
Honorária; Dano moral; Conceito, quantificação e natureza jurídica; 
 
CULPA 
 
Da Culpa 
 
1. Conceito e elementos 
 
Agir com culpa significa atuar o agente em termos de, pessoalmente, merecer a 
censura ou reprovação do direito. O critério para aferição da diligência exigível do agente e 
caracterização da culpa é o da comparação de seu comportamento com o do homo medius, do 
homem ideal, que precavidamente evita o perigo. A obrigação de indenizar exige que o agente 
tenha agido com culpa: por ação ou omissão voluntária, por negligência ou imprudência (art. 186, 
CC. 
 
Art. 186, CC - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, 
ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
 
2. Culpa e dolo 
 
Dolo é o propósito de causar dano a outrem. É a infração consciente do dever 
preexistente. Se, entretanto, o prejuízo da vítima é decorrência de comportamento negligentee 
imprudente do autor do dano, diz-se que houve culpa stricto sensu, também denominada culpa 
aquiliana. 
 
O CC não faz distinção entre dolo e culpa, nem entre os graus de culpa. Tenha o 
agente agido com dolo ou culpa levíssima, existirá sempre a obrigação de indenizar. Mede-se a 
indenização pela extensão do dano e não pelo grau de culpa. 
 
Todavia, “se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, 
poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização” (CC, art. 944 e parágrafo único). 
 
Art. 944, CC - A indenização mede-se pela extensão do dano. 
Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, eqüitativamente, a 
indenização. 
 
3. Culpa e risco 
 
A concepção clássica é a de que a vítima tem de provar a culpa do agente para 
obter a reparação. Essa solução, no entanto, passou por diversos estágios evolutivos, em virtude da 
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necessidade de melhor amparar os acidentados, até se chegar à teoria do risco, após o 
desenvolvimento industrial. Pela aludida teoria não há falar em culpa. Basta a prova da relação de 
causalidade entre a conduta e o dano. No Brasil foi ela adotada em diversas leis esparsas e em 
vários artigos do CC (arts. 933, 927, parágrafo único, 937, 938 etc.). 
 
Art. 933, CC - As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão 
pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos. 
 
Art. 927, CC - Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. 
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou 
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de 
outrem. 
 
Art. 937, CC - O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta provier de falta de 
reparos, cuja necessidade fosse manifesta. 
 
Art. 938, CC - Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem 
lançadas em lugar indevido. 
 
4. Efeitos no cível da sentença criminal 
 
Interação entre as jurisdições civil e penal 
 
O artigo 935 do CC estabeleceu a independência entre a responsabilidade civil e a 
criminal. Entretanto, para evitar decisões conflitantes sobre o mesmo fato, criou-se um mecanismo 
destinado a promover a interação entre as jurisdições civil e penal, pelo qual pode haver, em certos 
casos, influência no cível da decisão proferida no crime, e vice-versa. 
 
Art. 935, CC - A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou 
sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal. 
 
Sentença condenatória 
 
Sempre faz coisa julgada no cível, porque para haver condenação criminal o juiz 
tem que reconhecer a existência do fato e a sua autoria, bem como o dolo ou a culpa do agente 
(CP, art. 91, I; CPC/15, art. 515, VI). 
 
Art. 91, CP - São efeitos da condenação: 
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime; 
II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé: 
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua 
fato ilícito; 
b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato 
criminoso. 
 
Art. 515, VI, CPC/15 - São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos previstos 
neste Título: 
I - as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, de 
não fazer ou de entregar coisa; 
II - a decisão homologatória de autocomposição judicial; 
III - a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer natureza; 
IV - o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a 
título singular ou universal; 
V - o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por decisão 
judicial; 
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VI - a sentença penal condenatória transitada em julgado; 
VII - a sentença arbitral; 
VIII - a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça; 
IX - a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal de 
Justiça; 
X - (VETADO). 
§ 1o Nos casos dos incisos VI a IX, o devedor será citado no juízo cível para o cumprimento da sentença ou para a 
liquidação no prazo de 15 (quinze) dias. 
§ 2o A autocomposição judicial pode envolver sujeito estranho ao processo e versar sobre relação jurídica que não 
tenha sido deduzida em juízo. 
 
SENTENÇA ABSOLUTÓRIA 
 
FAZ COISA JULGADA NO CÍVEL: 
 
a) Quando reconhece, expressamente, a inexistência do fato ou que o réu não foi o 
autor (CPP, art. 66; CC, art. 935, 2ª parte). 
 
Art. 66, CPP - Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil poderá ser proposta quando não tiver sido, 
categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato. 
 
Art. 935, CC - A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou 
sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal. 
 
b) Quando reconhece que o fato foi praticado em legítima defesa, em estado de 
necessidade, em estrito cumprimento do dever legal ou no exercício regular de um direito (CPP, art. 
65). 
 
Art. 65, CPP - Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de 
necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. 
 
A legítima defesa precisa ser real e contra o agressor, pois a putativa e a que causa 
dano a terceiro não excluem a responsabilidade civil. Também não exclui o ato praticado em estado 
de necessidade (CC, arts. 929 e 930). 
 
Art. 929, CC - Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem culpados do perigo, assistir-lhes-á 
direito à indenização do prejuízo que sofreram. 
 
Art. 930, CC - No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá o autor do dano ação 
regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado. 
Parágrafo único. A mesma ação competirá contra aquele em defesa de quem se causou o dano (art. 188, inciso I). 
 
NÃO FAZ COISA JULGADA NO CÍVEL: 
 
a) quando a absolvição se dá por falta ou insuficiência de provas para a condenação 
(que podem ser produzidas pela vítima, no cível); 
 
b) quando a absolvição se dá por não ter havido culpa do agente (CPP, art. 66). O 
juiz criminal é mais exigente em matéria de culpa. No cível, mesmo a culpa levíssima (insuficiente 
para a condenação criminal) obriga a indenizar; 
 
Art. 66, CPP - Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil poderá ser proposta quando não tiver sido, 
categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato. 
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c) quando ocorre absolvição porque se reconhece que o fato não constitui infração 
penal (mas pode ser ilícito civil – CPP, art. 67). 
 
Art. 67, CPP - Não impedirão igualmente a propositura da ação civil: 
I - o despacho de arquivamento do inquérito ou das peças de informação; 
II - a decisão que julgar extinta a punibilidade; 
III - a sentençaabsolutória que decidir que o fato imputado não constitui crime. 
 
Da Relação de Causalidade 
 
1. O liame da causalidade 
 
O dano só pode gerar responsabilidade quando seja possível estabelecer um nexo 
causal entre ele e seu autor. O art. 186 do CC o exige, ao empregador o verbo “causar”. 
 
Art. 186, CC - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, 
ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
 
2. A pesquisa no nexo causal 
 
a) Teoria da equivalência das condições ou do sine qua non: toda e qualquer 
circunstância que haja concorrido para produzir o dano é considerada uma causa. Sua equivalência 
resulta de que, suprimida uma delas, o dano não se verificaria. 
 
b) Teoria da causalidade adequada: somente considera como causadora do dano 
a condição por si só apta a produzi-lo. Se existiu no caso em apreciação somente por força de uma 
circunstância acidental, diz-se que a causa não era adequada. 
 
c) Teoria dos danos diretos e imediatos: requer haja, entre a conduta e o dano, 
relação de causa e efeito direta e imediata. O agente responde pelos danos que resultam direta e 
imediatamente, isto é, proximamente, de sua conduta. É a adotada pelo nosso Código (art. 403 do 
CC). 
 
Art. 403, CC - Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros 
cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual. 
 
Do Dano e sua Liquidação 
 
1. Conceito e espécies de dano 
 
Dano é a lesão de qualquer bem jurídico, patrimonial ou moral. É toda desvantagem 
ou diminuição que sofremos em nossos bens jurídicos. 
 
Dano material ou patrimonial é o que afeta somente o patrimônio do ofendido. 
Moral ou extrapatrimonial é o que só ofende o lesado como ser humano, não lhe atingindo o 
patrimônio. 
 
Dano direto é o que atinge somente a vítima. Indireto, reflexo ou em ricochete é o 
dano causado diretamente a outrem, mas que reflete no lesado. 
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2. Elementos do dano 
 
a) O dano deve ser atual. Atual é o dano que já existe no momento da ação de 
responsabilidade. Em princípio, um dano futuro não justifica a pretensão, salvo quando se tratar de 
conseqüência de um dano presente. 
 
b) O dano deve ser certo. Certo é o dano fundado sobre um fato preciso e não 
sobre hipótese. É afastada a possibilidade de reparação do dano hipotético ou eventual, que 
poderá não se concretizar. 
 
3. Pessoas obrigadas a reparar o dano 
 
a) Responsabilidade por ato próprio. Em princípio a responsabilidade é individual 
(art. 186). 
 
b) Responsabilidade por ato de terceiro ou pelo fato de coisas ou animais (arts. 
932, 936, 937 e 938). 
 
c) Responsabilidade em concurso de agentes. Surge a solidariedade dos 
diversos agentes (art. 942, 2ª parte). 
 
d) Responsabilidade dos sucessores. Não só a obrigação de reparar o dano, 
senão também o direito de exigir a reparação, transmite-se com a herança (art. 943). A primeira é 
limitada às forças da herança (art. 1.792). 
 
4. Pessoas que podem exigir a reparação do dano 
 
a) Em primeiro lugar, a vítima ou lesado, ou seja, o que sofre ou arca com o 
prejuízo. 
 
b) Igual direito têm os herdeiros da vítima, pois o direito de exigir reparação se 
transmite com a herança (art. 943). 
 
c) Em caso de homicídio, legitimadas são as pessoas a quem o falecido teria de 
prestar alimentos se vivo fosse. 
 
d) Tem sido admitido o direito da companheira de receber indenização, quando 
comprovada a união estável. 
 
e) O dano moral pode ser reclamado, conforme a situação, pelo próprio ofendido, 
bem como por seus herdeiros, por seu cônjuge ou companheira, e pelos membros de sua família a 
ele ligados afetivamente. 
 
f) A pessoa jurídica pode sofrer dano moral (STJ, Súmula 227) e, portanto, está 
legitimada a pleitear sua reparação. Assim também as crianças e os amentais. 
 
5. Dano material 
 
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Dano emergente e lucro cessante 
 
a) Introdução: indenizar significa reparar o dano causado à vítima, integralmente. 
O critério para o ressarcimento do dano material encontra-se no art. 402 do CC. Abrange o 
pagamento do dano emergente e do lucro cessante. 
 
b) Dano emergente: é o efetivo prejuízo, a diminuição patrimonial sofrida pela 
vítima. 
 
c) Lucro cessante: é a frustração da expectativa de lucro. É a perda de um ganho 
esperado. É apurado com base em fatos pretéritos, naquilo que vinha ocorrendo anteriormente. 
 
Correção monetária 
 
Nas indenizações por ato ilícito, as verbas devem ser corrigidas monetariamente. 
Deve ser tomado por base, para a estimativa do prejuízo, o dia em que ele se deu. Em seguida, 
procede-se à atualização monetária desde a data do fato (arts. 389 e 395 do CC). 
 
Incidência de juros 
 
A sentença que julgar procedente a ação determinará que os juros devidos sejam 
pagos desde o dia em que o ato ilícito foi praticado (art. 398 do CC). Esses juros são os legais, 
conforme o art. 406 do CC. 
 
Verba honorária 
 
Os honorários advocatícios são fixados em porcentagem sobre o valor da 
condenação (CPC/15, art. 85, § 2º). Quando esta incluir prestação de alimentos, sob a forma de 
pensão mensal, serão calculados sobre a soma das prestações vencidas, mais doze parcelas 
vincendas (CPC, art. 292, § 1º). Nas ações de indenização por ato ilícito contra pessoa, aplica-se o 
§ 9º do art. 85 do CPC/15. 
 
Art. 85, CPC/15 - A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor. 
§ 1o São devidos honorários advocatícios na reconvenção, no cumprimento de sentença, provisório ou definitivo, na 
execução, resistida ou não, e nos recursos interpostos, cumulativamente. 
§ 2o Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação, do 
proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa, atendidos: 
I - o grau de zelo do profissional; 
II - o lugar de prestação do serviço; 
III - a natureza e a importância da causa; 
IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço. 
§ 3o Nas causas em que a Fazenda Pública for parte, a fixação dos honorários observará os critérios estabelecidos nos 
incisos I a IV do § 2o e os seguintes percentuais: 
I - mínimo de dez e máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação ou do proveito econômico obtido até 200 
(duzentos) salários-mínimos; 
II - mínimo de oito e máximo de dez por cento sobre o valor da condenação ou do proveito econômico obtido acima de 
200 (duzentos) salários-mínimos até 2.000 (dois mil) salários-mínimos; 
III - mínimo de cinco e máximo de oito por cento sobre o valor da condenação ou do proveito econômico obtido acima 
de 2.000 (dois mil) salários-mínimos até 20.000 (vinte mil) salários-mínimos; 
IV - mínimo de três e máximo de cinco por cento sobre o valor da condenação ou do proveito econômico obtido acima 
de 20.000 (vinte mil) salários-mínimos até 100.000 (cem mil) salários-mínimos; 
V - mínimo de um e máximo de três por cento sobre o valor da condenação ou do proveito econômico obtido acima de 
100.000 (cem mil) salários-mínimos. 
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§ 4o Em qualquer das hipóteses do § 3o: 
I - os percentuais previstos nos incisos I a V devem ser aplicados desde logo, quando for líquida a sentença; 
II - não sendo líquida a sentença, a definição do percentual, nos termos previstos nos incisos I a V, somente ocorrerá 
quando liquidado o julgado; 
III - não havendo condenação principal ou não sendo possível mensuraro proveito econômico obtido, a condenação em 
honorários dar-se-á sobre o valor atualizado da causa; 
IV - será considerado o salário-mínimo vigente quando prolatada sentença líquida ou o que estiver em vigor na data da 
decisão de liquidação. 
§ 5o Quando, conforme o caso, a condenação contra a Fazenda Pública ou o benefício econômico obtido pelo vencedor 
ou o valor da causa for superior ao valor previsto no inciso I do § 3o, a fixação do percentual de honorários deve 
observar a faixa inicial e, naquilo que a exceder, a faixa subsequente, e assim sucessivamente. 
§ 6o Os limites e critérios previstos nos §§ 2o e 3o aplicam-se independentemente de qual seja o conteúdo da decisão, 
inclusive aos casos de improcedência ou de sentença sem resolução de mérito. 
§ 7o Não serão devidos honorários no cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública que enseje expedição de 
precatório, desde que não tenha sido impugnada. 
§ 8o Nas causas em que for inestimável ou irrisório o proveito econômico ou, ainda, quando o valor da causa for muito 
baixo, o juiz fixará o valor dos honorários por apreciação equitativa, observando o disposto nos incisos do § 2o. 
§ 9o Na ação de indenização por ato ilícito contra pessoa, o percentual de honorários incidirá sobre a soma das 
prestações vencidas acrescida de 12 (doze) prestações vincendas. 
§ 10. Nos casos de perda do objeto, os honorários serão devidos por quem deu causa ao processo. 
§ 11. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados anteriormente levando em conta o trabalho adicional 
realizado em grau recursal, observando, conforme o caso, o disposto nos §§ 2o a 6o, sendo vedado ao tribunal, no 
cômputo geral da fixação de honorários devidos ao advogado do vencedor, ultrapassar os respectivos limites 
estabelecidos nos §§ 2o e 3o para a fase de conhecimento. 
§ 12. Os honorários referidos no § 11 são cumuláveis com multas e outras sanções processuais, inclusive as previstas 
no art. 77. 
§ 13. As verbas de sucumbência arbitradas em embargos à execução rejeitados ou julgados improcedentes e em fase 
de cumprimento de sentença serão acrescidas no valor do débito principal, para todos os efeitos legais. 
§ 14. Os honorários constituem direito do advogado e têm natureza alimentar, com os mesmos privilégios dos créditos 
oriundos da legislação do trabalho, sendo vedada a compensação em caso de sucumbência parcial. 
§ 15. O advogado pode requerer que o pagamento dos honorários que lhe caibam seja efetuado em favor da sociedade 
de advogados que integra na qualidade de sócio, aplicando-se à hipótese o disposto no § 14. 
§ 16. Quando os honorários forem fixados em quantia certa, os juros moratórios incidirão a partir da data do trânsito em 
julgado da decisão. 
§ 17. Os honorários serão devidos quando o advogado atuar em causa própria. 
§ 18. Caso a decisão transitada em julgado seja omissa quanto ao direito aos honorários ou ao seu valor, é cabível 
ação autônoma para sua definição e cobrança. 
§ 19. Os advogados públicos perceberão honorários de sucumbência, nos termos da lei. 
 
Art. 292. O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e será: 
I - na ação de cobrança de dívida, a soma monetariamente corrigida do principal, dos juros de mora vencidos e de 
outras penalidades, se houver, até a data de propositura da ação; 
II - na ação que tiver por objeto a existência, a validade, o cumprimento, a modificação, a resolução, a resilição ou a 
rescisão de ato jurídico, o valor do ato ou o de sua parte controvertida; 
III - na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais pedidas pelo autor; 
IV - na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação, o valor de avaliação da área ou do bem objeto do pedido; 
V - na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral, o valor pretendido; 
VI - na ação em que há cumulação de pedidos, a quantia correspondente à soma dos valores de todos eles; 
VII - na ação em que os pedidos são alternativos, o de maior valor; 
VIII - na ação em que houver pedido subsidiário, o valor do pedido principal. 
§ 1o Quando se pedirem prestações vencidas e vincendas, considerar-se-á o valor de umas e outras. 
§ 2o O valor das prestações vincendas será igual a uma prestação anual, se a obrigação for por tempo indeterminado ou 
por tempo superior a 1 (um) ano, e, se por tempo inferior, será igual à soma das prestações. 
§ 3o O juiz corrigirá, de ofício e por arbitramento, o valor da causa quando verificar que não corresponde ao conteúdo 
patrimonial em discussão ou ao proveito econômico perseguido pelo autor, caso em que se procederá ao recolhimento 
das custas correspondentes. 
 
6. Dano moral 
 
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Conceito - Dano moral é o que atinge o ofendido como pessoa, não lesando seu 
patrimônio. É lesão de bem que integra os direitos da personalidade, como a honra, a dignidade etc. 
(CF/88, arts. 1º, III, e 5º, V e X), e que acarreta ao lesado dor, sofrimento, tristeza, vexame e 
humilhação. 
 
O dano moral e a CF/88 
 
A CF/88 pôs um pá de cal na resistência à reparação do dano moral, ao dispor que 
“é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano 
material, moral ou à imagem” (art. 5º, V), declarando ainda “invioláveis a intimidade, a vida privada, 
a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral 
decorrente de sua violação” (inciso X). 
 
Quantificação do dano moral 
 
Não tem aplicação, em nosso pai, o critério de tarifação, pela qual quantum das 
indenizações é prefixado. Predomina entre nós o critério do arbitramento pelo juiz (CC, art. 946). 
Não há um critério objetivo e uniforme para o arbitramento do dano moral. Cabe ao juiz a tarefa de, 
em cada caso, agindo com bom senso e usando da justa medida das coisas, fixar um valor razoável 
e justo para a indenização. 
 
Natureza jurídica 
 
Tem prevalecido o entendimento dos que vislumbram, na indenização do dano 
moral, duplo caráter: compensatório para a vítima e punitivo para o ofensor. Ao mesmo tempo em 
que serve de consolo, de compensação para atenuar o sofrimento havido, atua como sanção ao 
lesante, como fator de desestímulo, a fim de que não volte a praticar atos lesivos à personalidade 
de outrem. O caráter punitivo é meramente reflexo ou indireto. 
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AULA 11 
 
SUMÁRIO: Casos especiais de indenização; Homicídio; Morte do chefe de família; 
Morte da esposa ou companheira (o); Morte de filho; Lesão corporal; Inabilitação para o 
trabalho; Usurpação ou esbulho do alheio; Responsabilidade dos médicos e outros; 
Calúnia, difamação ou injúria; Ofensa a liberdade pessoal; 
 
Casos Especiais de Indenização 
 
1. Homicídio 
 
Segundo o art. 948 do CC, consiste a indenização, no caso de homicídio, “sem 
excluir outras reparações”: 
 
Art. 948, CC - No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações: 
I - no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família; 
II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração provável da vida da vítima. 
 
a) No pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto 
da família; 
 
b) Na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em 
conta a duração provável da vida da vítima. O rol é meramente exemplificativo, devendo ser 
indenizado todo o prejuízo sofrido e demonstrado, incluindo-se, por exemplo, o dano moral, o 13º 
salário, as horas extras habituais etc. 
 
2. Morte de chefe de família 
 
O ressarcimento do dano patrimonial se dá mediante o pagamento de uma 
indenização sob a forma de prestação mensal (alimentos). 
 
Os beneficiários sofrem,no entanto, limitações: o pagamento será feito somente até 
a data em que o falecido completaria 65 anos de idade (idade provável da vítima). 
 
Se já ultrapassara tal idade, considera-se razoável uma sobrevida de 5 anos. 
 
Em geral, a pensão mensal é paga metade aos filhos menores não casados e 
metade à viúva ou companheira. Estas sofrem outra limitação: terão direito à pensão somente 
enquanto se mantiverem em estado de viuvez e não conviverem em união estável. 
 
Aos filhos a pensão é paga até completarem 25 anos de idade, perdendo-a se se 
casarem antes. Continuarão a recebê-la após essa idade os portadores de defeitos físicos ou 
mentais, que os impossibilitem de prover ao próprio sustento. 
 
A pensão é calculada com base na renda auferida pela vítima, descontando-se 
sempre um terço, porque, se estivesse viva, estaria despendendo pelo menos um terço de seus 
ganhos em sua própria manutenção. 
 
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O quantum apurado deve ser convertido em salários mínimos, para ser reajustado 
automaticamente (STF, Súmula 490). 
 
Tem sido reconhecido o direito de acrescer entre os beneficiários: cessado o 
direito de um deles, sua quota na pensão transfere-se ou acresce-se à dos demais. Podem os 
familiares pedir também, cumulativamente, a reparação do dano moral (STJ, Súmula 37). 
 
3. Morte de esposa ou companheira 
 
Cabe indenização por dano material e moral, cumulativamente, nas mesmas 
condições expostas a respeito da morte do chefe de família. 
 
Se exercia profissão fora do lar e colaborava no sustento da família, a pensão 
corresponderá a 2/3 de seus rendimentos. 
 
Se só cuidava dos afazeres domésticos, deve ela corresponder ao necessário para 
a contratação de uma pessoa para esses misteres. Nas duas hipóteses, cabe também a reparação 
do dano moral. 
 
4. Morte de filho 
 
É também indenizável o acidente que cause a morte de filho menor, ainda que não 
exerça trabalho remunerado (STF, Súmula 491). 
 
Tem a indenização, nesse caso, caráter puramente moral, sendo indevida nova 
verba a esse título. 
 
Se trabalhava e contribuía para a renda familiar, cabe também o ressarcimento 
patrimonial, cumulativamente, arbitrado em 2/3 de seus ganhos, sendo paga até os 25 anos de 
idade da vítima, e reduzida à metade (1/3) até os 65 anos, cessando se os beneficiários falecerem 
antes. 
 
5. Lesão corporal 
 
Lesão corporal de natureza leve 
 
No caso de “lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das 
despesas do tratamento (dano emergente) e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, 
além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido” (art. 949, CC). 
 
Art. 949, CC - No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros 
cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido. 
 
A parte final do dispositivo permite que a vítima pleiteie, também, reparação de 
dano moral, por exemplo. 
 
Lesão corporal de natureza grave 
 
O art. 949 do CC supratranscrito aplica-se à lesão corporal de natureza leve e à de 
natureza grave. 
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Indenizam-se as despesas do tratamento e os lucros cessantes até o fim da 
convalescença, fixando-se o dano moral em cada caso, conforme as circunstâncias, segundo 
prudente arbitramento judicial. A gravidade do dano, que acarreta aleijão ou deformidade, é fato a 
ser considerado pelo juiz, na fixação do quantum indenizatório do dano moral. Para que se 
caracterize a deformidade, é preciso que haja o dano estético. 
 
Inabilitação para o trabalho 
 
Se da ofensa resultar aleijão que acarrete inabilitação para o trabalho, total ou 
parcial, a indenização, além das despesas do tratamento (inclusive as relativas a aparelho 
ortopédico) e lucros cessantes até o fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à 
importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu (art. 950 do CC), 
sem prejuízo da reparação de eventual dano moral. 
 
Art. 950, CC - Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a 
capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá 
pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu. 
Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez. 
 
O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada e paga de 
uma só vez (parágrafo único). 
 
A inabilitação refere-se à profissão exercida pela vítima na ocasião dos fatos e não 
a qualquer atividade remunerada. 
 
6. Usurpação ou esbulho do alheio 
 
Quando alguém é desapossado de bem móvel ou imóvel por meios violentos ou 
clandestinos, a indenização consistirá em devolver a própria coisa, acrescida de perdas e danos 
(art. 952 do CC). 
 
Art. 952, CC - Havendo usurpação ou esbulho do alheio, além da restituição da coisa, a indenização consistirá em pagar o valor das 
suas deteriorações e o devido a título de lucros cessantes; faltando a coisa, dever-se-á reembolsar o seu equivalente ao prejudicado. 
Parágrafo único. Para se restituir o equivalente, quando não exista a própria coisa, estimar-se-á ela pelo seu preço ordinário e pelo de 
afeição, contanto que este não se avantaje àquele. 
 
Se estiver em poder de terceiro, este será obrigado a entregá-la, esteja de boa ou 
de má-fé. 
 
O parágrafo único do art. 952 estabelece um caso de indenização moral: se se 
tratar de objeto de estimação, e não puder ser devolvido, porque não mais existe, o dono receberá, 
além do valor equivalente ao real da coisa desaparecida, também o valor de afeição, que não 
poderá ser inferior àquele. 
 
7. Responsabilidade dos médicos e outros 
 
O disposto nos arts. 948, 949 e 950, do CC, que disciplinam a liquidação do dano 
em caso de homicídio e de lesão corporal, “aplica-se ainda no caso de indenização devida por 
aquele que, no exercício da atividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, 
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4 
 
causar a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho” (art. 
951 do CC). 
 
Art. 951, CC - O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso de indenização devida por aquele que, no exercício de 
atividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, causar a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, 
ou inabilitá-lo para o trabalho. 
 
Exige-se, portanto, prova da culpa dos médicos, cirurgiões, farmacêuticos, 
parteiras e dentistas. Tal exigência encontra-se também no art. 14, § 4º, do CDC. 
 
Art. 14, CDC - O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos 
danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações 
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. 
§ 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa. 
 
8. Calúnia, difamação e injúria 
 
“A indenização por injúria, difamação ou calúnia consistirá na reparação do dano 
que delas resulte ao ofendido” (Art. 953 do CC). 
 
Art. 953, CC - A indenização por injúria, difamação ou calúnia consistirá na reparação do dano que delas resulte ao ofendido. 
Parágrafo único. Se o ofendido não puder provar prejuízo material, caberá ao juiz fixar, equitativamente, o valor da indenização,na 
conformidade das circunstâncias do caso. 
 
“Se o ofendido não puder provar prejuízo material, caberá ao juiz fixar, 
equitativamente, o valor da indenização, na conformidade das circunstâncias do caso” (parágrafo 
único). É concedido, pois, ao juiz o poder discricionário de arbitrar o dano moral. 
 
9. Ofensa à liberdade pessoal 
 
Cabe dupla reparação: por dano material e por dano moral, ou só por dano moral, 
se o ofendido não puder provar prejuízo patrimonial (art. 954 do CC). 
 
São considerados ofensivos da liberdade pessoal: o cárcere privado, a prisão por 
queixa ou denúncia falsa e de má-fé e a prisão ilegal ou abuso de autoridade (art. 954 do CC). 
 
Art. 954, CC - A indenização por ofensa à liberdade pessoal consistirá no pagamento das perdas e danos que sobrevierem ao 
ofendido, e se este não puder provar prejuízo, tem aplicação o disposto no parágrafo único do artigo antecedente. 
Parágrafo único. Consideram-se ofensivos da liberdade pessoal: 
I - o cárcere privado; 
II - a prisão por queixa ou denúncia falsa e de má-fé; 
III - a prisão ilegal.

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