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Mito do Sebastianismo - Origem e contexto histórico

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ
INSTITUTO DE ESTUDOS DO XINGU – IEX
LETRAS – LÍNGUA PORTUGUESA
ANA CARLA RODRIGUES FEITOSA
MATRÍCULA: 201441101052
SEBASTIANISMO
São Félix do Xingu – PA
Novembro / 2015
ANA CARLA RODRIGUES FEITOSA
MATRÍCULA: 201441101052
SEBASTIANISMO
Trabalho apresentado à disciplina Literatura Portuguesa II, do 4º Período do Curso de Licenciatura Plena em Letras – Língua Portuguesa do Instituto de Estudos do Xingu da UNIFESSPA – Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará / Campus de São Félix do Xingu.
Prof.: Ednaldo Moreira Cândido
São Félix do Xingu – PA
Novembro / 2015
	O presente trabalho pretende demonstrar, de maneira sucinta, os caminhos que levaram os portugueses à fervorosa crença ao sebastianismo. Para entendermos melhor tal fenômeno, se faz necessário a apresentação da figura histórica de D. Sebastião e a compreensão de seu envolvimento na batalha de Alcácer-Quibir. Procuraremos caracterizar e descrever a evolução do Mito Sebastianista, em contexto dos acontecimentos históricos que naturalmente tiveram grande influência nele.
O sebastianismo converteu-se num mito, num movimento profético, “na esperança de melhores dias, de felicidade nacional, de justiça e de grandeza”, vendo nessa crença a esperança de salvação da pátria. O mito sustenta a esperança messiânica e a crença nacional no regresso do rei D. Sebastião, restituindo assim o brilho e a glória de tempos passados.
D. Sebastião nasceu no dia 20 de janeiro de 1554, e veio a falecer em 4 de agosto de 1578 na batalha de Alcácer-Quibir, em Marrocos, no Norte da África; era filho do príncipe D. João e de D. Joana, nascera em um ambiente bélico, aprendendo os princípios do cristianismo. Desde antes de seu nascimento já era esperado com muita ansiedade, visto que não havia sucessores por parte de seu avô, D. João III. O povo foi exaltado também pelas profecias de Gonçalo Anes Bandarra, que visionou o nascimento do "Desejado", a qual foi posta nele a esperança do rei prodigioso. Em 1557, D. Sebastião herdou o trono de seu avô, de modo que só pôde assumir no ano de 1568, quando atingiu 14 anos de idade.
	Em 1568, Portugal passava por uma situação política grave, tanto social como econômica, na tentativa de eliminar Portugal dessa situação, D. Sebastião lançou leis para organizar o país, no entanto, acabando por não resolver nada. Com a necessidade de readquirir a glória recente do país; a ocupação de terras, e prosseguir com a cruzada dos descobrimentos e da expansão da fé cristã, deste modo, D. Sebastião preparou-se e reorganizou seu exército para a guerra no Norte da África contra os marroquinos; em 4 de agosto de 1568, a qual suas tropas foram dizimadas; o calor e as condições do tempo no fim do agosto africano; a ineficácia das armas usadas; o cansaço do exército; e o combate, visto que os portugueses dominavam as lutas navais e não estavam acostumados ao combate em terra, foram os fatores que contribuíram para a derrota dos portugueses.
	Muitos foram os relatos em relação à morte de D. Sebastião, alguns diziam que o viram morrer, outros relatavam que ele teria fugido ou desaparecido da batalha. Em face de seu desaparecimento, Portugal mergulha num colapso político, visto que o rei não deixou nenhum herdeiro que assegurasse a ocupação do trono, o reinado português finalmente cairia nas mãos da Espanha, sob o poderio de Filipe II. 
	Como o rei não tinha deixado nenhum sucessor para a ocupação do trono após seu desaparecimento na batalha de Alcácer-Quibir, o país entra num dos períodos mais difíceis da história. Após o desaparecimento de D. Sebastião, surgiram muitas dúvidas em relação à sua morte, com a relutância em acreditar que a pátria tinha ficado órfã com a morte de D. Sebastião, a velha pátria morria também, pois não conseguiam acreditar que o rei "Desejado" poderia estar morto sem cumprir suas expectativas, ficando assim à espera de um rei salvador, que viria afastar o rei estrangeiro Filipe II do trono e trazer novamente a glória e a honra passadas, de Portugal. Neste ponto o mito do "Desejado" passa por uma evolução messiânica, surgindo assim uma nova profecia, o retorno do "Encoberto", que contribuíram as Trovas de Bandarra, esse mito, sustenta a esperança messiânica e a crença de um povo no regresso do rei desaparecido, que viria vencer a opressão, a miséria e a humilhação em que Portugal vivia.
	Gonçalo Anes, mais conhecido por Bandarra, foi um sapateiro poeta e profeta português, nascido por volta de 1500 em Trancoso e veio a falecer provavelmente em 1556. Bandarra foi o autor das trovas messiânicas que ficaram ligadas ao sebastianismo e ao milenarismo português, conhecida por "Trovas ou Profecias de Bandarra", suas trovas foram compostas entre o ano de 1530 e 1540 e publicada em Paris no ano de 1603.
	De acordo com alguns estudiosos da obra, as trovas de Bandarra constituíram o ponto de partida para a criação do mito sebastianista, já que de fato as trovas se referem à profecia da renovação da independência portuguesa e do regresso do rei "Desejado", após o desastre da batalha de Alcácer-Quibir. 
	Bandarra leu e interpretou determinadas passagens da Bíblia, nas quais é profetizada a vinda de um rei que traria, finalmente, a paz e a justiça a todos os povos da terra; daí surgiu às Trovas do mito do Quinto Império, que veio a influenciar autores como o Padre Antônio Vieira e Fernando Pessoa. Na seguinte quadra das Trovas de Bandarra, há uma interpretação onde ocorrerá o regresso de D. Sebastião e a instauração do Quinto Império, que será dos portugueses:
"Augurai, gentes vindouras,
Que o Rei que daqui há-de-ir,
Vos há-de tornar a vir
Passadas trinta tesouras.
Dará fruto em tudo santo,
Ninguém ousará negá-lo;
O choro será regalo
E será gostoso o pranto".
 Trovas de Bandarra (XI e XXXIV).
	Faz-se uma relação da épica clássica, com a obra Mensagem, de Fernando Pessoa; onde o sebastianismo vira uma verdadeira utopia. A obra é uma interpretação esotérica da história portuguesa, se tornando assim uma das mais importantes na história do sebastianismo moderno. O livro foi publicado em 1934 e contém poemas escritos sobre Portugal, D. Sebastião e o Quinto Império. O tratamento de Pessoa ao sebastianismo não é nada poético, pois segundo ele, o sebastianismo é a perda da identidade nacional, a independência e a restauração do império e seus valores, se tornando assim a assombração da alma portuguesa.
	Pessoa faz uma análise do papel do rei do ponto de vista astrológico e ocultista, analisando as Trovas de Bandarra. Segundo o poeta, Portugal identificava-se plenamente com o drama que envolveu a figura de D. Sebastião e seu desaparecimento, tornando assim, o rei desaparecido, um símbolo da história portuguesa e do poder de crer e ter uma esperança, a qual o sebastianismo serve para exaltar o espírito desse povo.
	Em sua obra, Fernando Pessoa faz a menção de Bandarra, pois este profetizou a volta de D. Sebastião ainda antes de seu nascimento, fazendo com que se inspirasse nele. Pessoa diz sobre Bandarra que o "seu coração foi Portugal" por que ele deu a esperança ao povo e criou o mito.
	Em Mensagem a ênfase é dada ao futuro, onde é cantado um passado eterno e glorioso de Portugal:
“Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer –
[...]
Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a hora! ”
 (Fernando Pessoa)
	
	Para Pessoa, o sebastianismo é patriotismo, por mais que seja só um símbolo, por mais que sua volta seja somente simbólica, os portuguesesdeveriam voltar a crer nele para reforçar a sua autoestima nacional. 
	Podemos perceber que o sebastianismo, engloba um conjunto de temas messiânicos, temos a crença no mito do retorno do “Encoberto”, o regresso do rei que salvaria a pátria, mito esse, que está formulado nas “Trovas de Bandarra”. É importante apontar que o sapateiro de Trancoso, Bandarra, não foi o primeiro profeta que criou o mito do retorno do “Encoberto”. Segundo J. Lucio de Azevedo, em Evolução do Sebastianismo, a ideia do Encoberto já estava antes presente no livro de Pedro de Freitas, publicado em 1520 em Valência, e ele ainda aponta que o mito do sebastianismo se encontra nesse período como um embrião. Um outro ponto que engloba o conjunto de temas messiânicos é a profecia de um Quinto Império Português, em que se cruzavam temas históricos e bíblicos.
	Olhando no contexto histórico do sebastianismo, vemos que D. Sebastião era um fanático religioso e militar, muito influenciado por seus conselheiros, seu fanatismo era tanto, que decidira conquistar toda África moura para impor o cristianismo, desencadeando-se a guerra de Alcácer-Quibir. Outro fator que podemos observar que o forçou à guerra era o motivo econômico, a falta do trigo, pois Portugal importava os cereais marroquinos desde o século 15, como os marroquinos cortou essa importação, o país caiu numa crise social e econômica. Por mais que D. Sebastião tenha sido manipulado pelas elites da época, a decisão de reorganizar seu exército para a batalha de Alcácer-Quibir foi de inteira responsabilidade sua, solucionando na derrota dos portugueses, fazendo com que o país caísse num dos períodos mais negro da história.
	Um outro ponto interessante no contexto histórico do sebastianismo, é de rumores a respeito da guerra contra os marroquinos, quando D. Sebastião começou a juntar seu exército, pediu reforço à Filipe II, prometendo este enviar 15000 homens, mas acabou por não enviar a ajuda prometida, enviando apenas 2000 homens. O fato significativo é que se deu a entender que Filipe II, contribuiu para que D. Sebastião perdesse a guerra, para que finalmente Portugal ficasse sob o poderio da Espanha.
	Percebe-se também que na história do sebastianismo há traços do saudosismo, nada mais do que é, a saudade de D. Sebastião, o rei “Desejado”, que iria trazer o progresso de Portugal.
	Entende-se que o que constitui a história do sebastianismo não é tanto um encadeamento de guerras, revoluções e batalhas, é a história da crença dum povo que aguarda o regresso de um rei libertador, que trará consigo toda glória e honra de tempos passados.
Ana Carla Rodrigues Feitosa
Acadêmica do Curso de Letras – Língua Portuguesa, 4º período/Unifesspa.
Referências Bibliográficas:
HERMANN, Jacqueline - "1580-1600: o sonho da salvação" {Coleção: Virando Séculos} Coordenação: Laura de Mello e Souza, Lilia Moritz Schwarcz - Ed. Cia das Letras, 2000 - SP. TRČKOVÁ, Barbora – “Origem e evolução do mito sebastianista”. https://theses.cz/id/ifwodt/?lang=en;furl=%2Fid%2Fifwodt%2F, consultado em 24.11.2015.
http://www.propor.esccb.pt/pessoa/ort_me_3_mito.htm, consultado em: 25/11/2015.
 
PESSOA, Fernando. Mensagem: obra poética I; organização, introdução e notas Jane Tutikian. – Porto Alegre: L&PM, 2013.