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Moderna Resumo aula 05 UNIRIO

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Moderna I – Resumo aula 05 – A noção de capitalismo comercial 
A interpretação marxista 
Alguns processos de transformação nos séculos XIV, XV E XVI: A relevância cada vez maior de uma economia 
monetária interligando diferentes regiões da Europa e do mundo e modificando de diferentes maneiras as estruturas 
sócio-econômicas; A aceleração do processo de centralização de poder operado por monarcas e príncipes europeus, se 
beneficiando dessa economia de mercado na formação dos primeiros “estados territoriais”; As transformações 
significativas no plano social, como a importância crescente do setor mercantil, sobretudo nas cidades-estados, trazendo 
consequências para a produção do saber e da cultura e para as tradicionais estruturas sociais 
Para os marxistas, o período compreendido entre a crise do feudalismo no século XIV e fins do século XVII não pode ser 
entendido como um novo sistema econômico. Isso não quer dizer que os historiadores marxistas ignorem as mudanças 
no comércio; a centralidade da economia mercantil e todos os outros aspectos apontados pelos defensores da ideia do 
“capitalismo comercial”. No entanto, segundo essa corrente, essas transformações não são suficientes para alterar de 
maneira abrangente as relações de produção, já que o emprego de mão-de-obra assalariada é muito limitado e sem 
consequências importantes para o conjunto da economia. Para os marxistas, a definição de um sistema econômico a 
partir da esfera da circulação das mercadorias não seria suficientemente restritiva. Ou seja, correria-se o risco de 
encontrar o capitalismo em toda parte. Acredita-se que a melhor maneira de definir um sistema econômico seja 
pelo modo de produção que implica em certas relações de trabalho específicas. Para os marxistas só é possível 
falar de capitalismo, entendido enquanto um novo modo de produção, quando o trabalho é transformado em 
mercadoria. 
A noção de capitalismo comercial (baseado nas trocas comerciais)– As interpretações não marxistas 
Embora os adeptos da interpretação do capitalismo comercial ainda que enxerguem o risco de uma definição muito 
abrangente, e rechacem a ideia de um capitalismo eterno, acreditam também que certas características da economia, 
entre os séculos XIV e XVII, justificam falar de um novo sistema econômico diferente do feudalismo. Uma nova 
racionalidade na busca do lucro, com métodos e técnicas inovadoras baseados na escrita e no direito – com 
consequências para a circulação e produção das mercadorias- seria suficiente para se falar de um novo sistema 
econômico. Sobretudo, quando se considera a centralidade dessa nova economia comercial em relação às estruturas 
sociais, políticas, religiosas e culturais. Para eles, o emprego da noção de transição pode impedir a análise desse 
período a partir dos seus próprios termos e da sua própria lógica. Segundo esses autores, o capitalismo comercial não 
pode ser compreendido simplesmente como uma etapa – de acumulação – para se chegar ao capitalismo industrial. 
Esse sistema econômico que se constitui entre os séculos XIII e XVIII possui a sua própria dinâmica, sua própria 
racionalidade diferente tanto do feudalismo quanto do capitalismo industrial. 
Jacques Le Golf atribui um lugar central à retomada de um comércio regular entre o Ocidente e o Oriente na 
transformação das estruturas econômicas medievais, empregando, para isso o termo “Revolução Comercial”. O 
comércio com o Oriente implica necessariamente o uso da moeda e coloca em contato regiões antes isoladas do ponto 
de vista econômico, rompendo com o comércio medieval, local e fracamente monetarizado. Identifica no comércio 
itinerante (mercador itinerante que percorria longas distâncias através de rotas e fluviais precárias e perigosas 
estabelecendo conexões entre as diferentes regiões da Europa e do Oriente) um processo de sedentarização do 
comércio, a partir das cidades italianas, implicando no aparecimento de um novo tipo de mercador e de novas técnicas 
comerciais, o qual se especializa numa função central para a expansão da atividade comercial: o crédito. Le Golf dá 
ênfase às comenda no qual o mercador banqueiro avança o capital necessário para uma viagem de negócios a um 
mercador itinerante. O mercador banqueiro, é portanto, o personagem central desse processo de sedentarização do 
comércio por ele descrito. Além desses contratos de empréstimos, o autor enumera outros mecanismos financeiros que 
justificariam falar de um novo sistema financeiro neste contexto: os contratos de seguros, importantes para a expansão 
do comércio marítimo; as Letras de Câmbio agilizando e tornando mais seguras as trocas evitando o transporte de 
grandes somas, permitem a transferência de fundos entre praças com moedas diferentes; os livros-caixa, uma nova 
contabilidade testemunhando uma nova racionalidade na busca do lucro. A criação das letras de câmbio, as novas 
formas de crédito, os livros-caixa e a emergência de um novo tipo de mercador, o mercador-banqueiro, estariam no 
centro de um novo sistema econômico, o capitalismo comercial, baseado em novas técnicas e na racionalização das 
práticas comerciais perceptíveis nas novas formas de contrato entre mercadores e nas exigências da contabilidade. A 
essa nova racionalidade na busca do lucro, gerando um comércio baseado na escrita e nos contratos individuais entre 
mercadores, se associaria um conjunto de mudanças de ordem cultural. 
Jean Delumeau sua proposta implica a noção de mentalidade (racionalidade), como uma certa atitude face à atividade 
econômica geradora de um conjunto de métodos e técnicas comerciais que, por sua vez, são consideradas como causas 
de transformações tanto na esfera da circulação de mercadorias quanto na produção.

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