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Doença hipertensiva específica da gravidez

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Doença hipertensiva específica da gravidez 
Nelson Sass 
Liberado/Revisado 
 Índice 
1 - Qual a definição de hipertensão arterial na gravidez? 
Hipertensão arterial na gestação é definida por valores iguais ou maiores que 140 por 90 mmHg, ou seja, os pontos de 
corte são os mesmos que os da população geral. Porém, deve ser levado em consideração que as modificações 
gravídicas atuam no sentido de que prevaleça menor tônus da musculatura lisa, induzindo a uma tendência a redução 
dos níveis pressóricos em relação à mulher não gestante. Assim, comumente gestantes exibem pressões bastante 
reduzidas em relação à média geral. 
2 - Existe comportamento diferenciado da pressão arterial ao longo da gestação? 
Sim. A pressão arterial no primeiro trimestre se comporta de forma similar aos níveis pré-gravídicos, ocorrendo uma 
redução deste padrão ao longo do segundo trimestre e retornando aos níveis basais no final da gestação. Esta 
“elevação” fisiológica aos níveis basais pode se constituir um fator de confusão com o diagnóstico de hipertensão 
gestacional. 
3 - Existe alguma recomendação especial para aferição da pressão arterial em gestantes? 
Sim. A aferição da pressão arterial deve ser feita com a paciente sentada, aplicando o aparelho com manguito de 13 cm, 
no membro superior direito, mantendo este elevado na altura do coração. A posição em decúbito dorsal deve ser 
evitada. A pressão arterial será definida pelo 5º ruído de Korotkoff, que corresponde ao desaparecimento da bulha. 
Lembramos que os manguitos habitualmente utilizados têm aproximadamente 12 cm de largura, ideais para braços com 
circunferência de 30 cm. Ainda que o ideal seja utilizar manguitos diferenciados para braços com maiores ou menores 
circunferências, é possível utilizar na prática, tabelas de correção como a de Maxwell e colaboradores, de 1982. 
4 - O nível de pressão arterial no início do pré-natal tem valor prognóstico? 
Observamos uma tendência de redução significativa da pressão arterial na gestação. Esta redução pode, por outro lado, 
“mascarar” uma hipertensão leve e dificultar a adoção de medidas efetivas mais precocemente. Assim, gestantes que 
iniciam o pré-natal e que exibem pressão arterial diastólica de 80-89 mmHg (pressão normal por definição), exibem 
risco relativo para desenvolverem hipertensão específica da gravidez em suas diversas formas de 1,38. (1,01 – 1,87) 
5 - O que é doença hipertensiva específica da gravidez (DHEG)? 
Trata-se de doença obstétrica, caracterizada classicamente por elevação da pressão arterial (140 x 90 mmHg ou mais) 
em uma gestante não hipertensa, identificada pela primeira vez após a 20ª semana de gestação, freqüentemente 
acompanhada por edema de instalação relativamente súbita e que não cede com o repouso. 
6 - O que é pré-eclampsia? 
Freqüentemente DHEG é confundida com pré-eclampsia. Necessário esclarecer tais conceitos. A forma inicial de 
hipertensão específica da gestação é denominada como hipertensão gestacional. Pré-eclampsia pode ser considerada 
uma fase mais adiantada da doença, caracterizando-se por hipertensão arterial após a 20ª semana de gestação e 
aparecimento de um ou mais dos seguintes sinais ou sintomas: proteinúria, insuficiência renal, doença hepática, 
problemas neurológicos, distúrbios hematológicos, restrição do crescimento fetal. Também inclui na definição a 
normalização da pressão arterial dentro de 12 semanas após o parto. 
7 - O que é HELLP-síndrome? 
HELLP é o acrônimo H (para hemolysis), EL (para elevated liver function) e LP (para low platelets). Constitui uma 
situação que ocorre em cerca de 5% dos casos de pré-eclampsia grave, nos quais predomina um status de intensa 
ativação endotelial e do sistema de coagulação, podendo evoluir rapidamente para coagulação intravascular 
disseminada. Provavelmente decorrente do intenso vasoespasmo, verifica-se associação com quadros de anemia 
hemolítica (hemólise) e comprometimento da função hepática (elevação de transaminases), com eventual ocorrência de 
micro-infartos no fígado que podem evoluir para a formação de hematoma subcapsular. 
8 - Quais são os critérios que certamente definem pré-eclampsia? 
Pré-eclampsia usualmente é diagnosticada pela presença de hipertensão arterial (HA) associada com proteinúria. HA é 
definida como pressão arterial (PA) sistólica de pelo menos 140 mmHg ou PA diastólica de pelo menos 90 mmHg, 
verificadas em pelo menos duas aferições com intervalos entre si de pelo menos 4 a 6 horas, identificada pela primeira 
vez após a 20ª semana de gestação em gestantes anteriormente normotensas. O quadro hipertensivo deve ser rotulado 
como grave quando se verificam valores de PAS de pelo menos 160 mmHg ou PAD de pelo menos 110 mmHg (ou 
ambas). 
A acurácia do diagnóstico de HA depende da precisão da aferição, que por sua vez depende da posição da paciente, da 
posição do braço no nível do coração, da calibração do equipamento e da adequação do manguito, quesito este 
importante em pacientes obesas. 
9 - O que é eclampsia? 
Eclampsia é a convulsão decorrente do sofrimento cerebral (por provável hipóxia e edema) causado pela pré-eclampsia. 
Ela é uma das principais causas de morte materna no Brasil. É uma condição que deve ser encarada como de extrema 
gravidade, diferentemente dos quadros epiléticos “convencionais”. O quadro convulsivo traduz um comprometimento 
sistêmico com insuficiência de múltiplos órgãos. 
10 - Qual o significado da proteinúria na pré-eclampsia? 
Os rins parecem ser especialmente afetados pela pré-eclampsia. Modificações estruturais denominadas de 
glomeruloendoteliose ou a ocorrência de esclerose segmentar focal podem afetar a capacidade de filtração e de retenção 
de proteínas. A perda significativa de proteínas é definida a partir de valores de 300 mg ou mais em urina de 24 horas 
ou a detecção de pelo menos 1+ em amostra isolada. 
A intensidade da proteinúria parece ter correlação direta com o prognóstico materno e perinatal. Assim, a perda protéica 
significativa não só define pré-eclampsia como entidade, mas deve ser interpretada como estágio relativamente 
avançado do processo, exigindo atenção diferenciada da equipe assistencial. 
11 - A ocorrência de hipertensão arterial antes de 20 semanas de gestação exclui a possibilidade de pré-
eclampsia? 
Não. Ainda que na grande maioria das vezes a instalação clínica ocorra após a 20ª semana de gestação, em algumas 
situações especiais pode ser verificado quadro típico da doença, inclusive na formas mais graves, em fases mais 
precoces. Tais ocorrências relacionam-se provavelmente com maior volume da massa trofoblástica e ocorre em 
pacientes com gestações gemelares (duplas, triplas, etc.) e na vigência de moléstia trofoblástica gestacional (mola 
hidatiforme). 
12 - A dieta pode interferir no risco de ocorrência de pré-eclampsia? 
Não existem evidências consistentes que recomendações dietéticas especiais possam reduzir os riscos de pré-eclampsia. 
Recomendações comuns, como dieta hiperproteica ou restrição de sal, não resultaram em redução significativa do 
problema. 
Por outro lado, ensaios clínicos controlados observaram que a ingestão de pelo menos 1 grama de cálcio por dia pode 
reduzir a reatividade vascular e os riscos de pré-eclampsia, particularmente entre populações onde sua ingestão seja 
limitada. Lembramos que o leite e seus derivados são fontes importantes deste mineral. 
13 - Dieta hipossódica previne pré-eclampsia ou facilita o controle da pressão arterial na gestação? 
Não existem evidências sugerindo que a recomendação de dieta hipossódica tenha alguma influência tanto em relação à 
prevenção de pré-eclampsia como para reduzir ou facilitar o controle da pressão arterial ao longo da gestação, mesmo 
entre pacientes hipertensas crônicas.Alguns fatores da fisiologia da gestação possivelmente podem explicar tais 
resultados, como a natriurese mais acentuada verificada. Assim, uma restrição rígida de sal na gestação resulta em 
dieta muitas vezes impalatável, acarretando dificuldade de adesão e eventual comprometimento nutricional. A 
recomendação mais adequada para esta situação é retirar o saleiro da mesa. 
14 - Qual a fisiopatogenia da pré-eclampsia? 
Ainda que se observe razoável progresso na identificação de todos os passos que determinam a fisiopatologia de pré-
eclampsia, muitas questões continuam em aberto. 
A base fisiopatológica atualmente aceita postula que ocorra em algumas mulheres uma falha no reconhecimento de 
antígenos de origem paterna no momento da invasão trofoblástica. Esta falta de imuno-modulação acarreta dificuldades 
na adaptação da circulação placentária e desencadearia a ativação de células inflamatórias maternas, cujo alvo principal 
seria o endotélio vascular. Vários autores identificaram marcadores de ativação endotelial nestas pacientes, fenômeno 
que justifica a ocorrência de vasoespasmo (e conseqüente hipertensão), alterações na permeabilidade capilar (com 
instalação de edema generalizado) e ativação do sistema de coagulação. A figura 1 ilustra a seqüência de possíveis 
eventos. 
 
Figura 1. Mecanismos da pré-eclampsia 
15 - A pré-eclampsia eleva o risco para malformações fetais? 
Não. Apesar de ocorrer envolvimento do sistema imunológico materno e dificuldades para adequada adaptação da 
invasão trofoblástica, isto parece não interferir no desenvolvimento somático fetal. Os riscos fetais são decorrentes de 
anomalias da circulação útero-placentária, que podem acarretar limitações funcionais, resultando em hipóxia fetal e 
restrição ao seu crescimento somático. 
16 - O sexo do feto influencia no risco de pré-eclampsia? 
Não existem evidências consistentes que relacionem riscos diferenciados de pré-eclampsia de acordo com o sexo do 
bebê. Ainda que exista um forte componente genético e imunológico envolvido na gênese da doença, o sexo fetal parece 
não resultar em nenhuma diferença. 
17 - Existem métodos de predição para pré-eclampsia? 
Não. Vários métodos foram sugeridos para a identificação pré-clínica de pré-eclampsia, porém, até o presente momento, 
nenhum método exibiu sensibilidade e especificidade adequadas que justifiquem sua utilização na prática clínica. 
18 - Existem pacientes com risco diferenciado para pré-eclampsia? 
Sim. Ainda que não existam métodos disponíveis para o rastreamento da doença. Informações originadas em estudos 
populacionais identificaram fatores de risco que devem ser considerados para diferenciar o seguimento de grupos 
específicos de pacientes. Relacionamos os principais fatores de risco para pré-eclampsia segundo características clínicas 
das pacientes (tabela 1). 
Tabela 1. Fatores de risco para pré-eclâmpsia 
 Risco relativo IC-95% 
PAD entre 80-89 mmHg na primeira consulta 1,38 1,01 – 1,87 
Idade >40 anos em primípara 1,69 1,23 – 2,29 
Idade >40 anos em multípara 1,96 1,34 – 2,87 
IMC >35 kg/m2 na primeira consulta 2,12 1,56 – 2,88 
História familiar 2,90 1,70 – 4,93 
Nuliparidade 2,91 1,28 – 6,61 
Gestação múltipla 2,93 2,04 – 4,21 
Diabetes mellitus pré-existente 3,56 2,54 – 4,99 
História pregressa de pré-eclampsia 7,19 5,85 – 8,83 
Anticorpo antifosfolípide 9,72 4,34 – 21,75 
 
19 - Quais as possíveis complicações maternas e perinatais associadas à pré-eclampsia grave? 
O risco depende da idade gestacional no momento do diagnóstico, da intensidade do processo instalado e da eventual 
presença de complicações maternas associadas. As diversas possibilidades e os riscos estimados são ilustrados na tabela 
2. 
Tabela 2. Complicações maternas e perinatais associadas à eclampsia 
Complicações 
Maternas 
HELLP síndrome / coagulação intravascular disseminada 10-20 
Edema agudo do pulmão / bronco aspiração 2-5 
Descolamento prematuro da placenta 1-4 
Insuficiência renal aguda 1-5 
Eclampsia 1 
Insuficiência hepática / hemorragia subcapsular 1 
Acidente vascular cerebral Raro 
Morte Rara 
Perinatais 
Parto prematuro 15-67 
Restrição do crescimento fetal 10-25 
Asfixia perinatal com seqüelas neurológicas 1 
Morte perinatal 1-2 
 
20 - Existe a possibilidade de prevenção primária da pré-eclampsia? 
Não. Levando-se em conta que existem muitas lacunas para que os mecanismos da doença sejam compreendidos, não 
se conhece, até o presente momento, formas efetivas para sua prevenção. As alternativas anteriormente preconizadas 
não se mostraram efetivas para interferir nos mecanismos da doença e evitar sua ocorrência. 
21 - O uso de aspirina para prevenção de pré-eclampsia deve ser abandonado? 
Ainda que ensaios clínicos conduzidos na década de 80 acenassem com uma possibilidade promissora, ensaios 
multicêntricos e com metodologia adequada, desenvolvidos posteriormente, resultaram em nenhum efeito do uso de 
aspirina para prevenção da pré-eclampsia (PE) na população geral. Atualmente verifica-se que algum efeito pode 
ocorrer, especialmente entre pacientes com risco diferenciado, ou seja, presença de história pregressa de PE, restrição 
de crescimento ou morte fetal pregressa associada a hipertensão arterial ou hipertensão arterial crônica grave. Neste 
grupo de pacientes observa-se redução de cerca de 20% das chances de desenvolver a doença. Ainda é controverso se 
este tipo de intervenção deva ser recomendado para toda a população. 
22 - O uso de cálcio deve ser recomendado para prevenção de pré-eclampsia? 
Em princípio, recomendar doses diárias de pelo menos 1 grama de cálcio, especialmente em populações onde existe 
baixa ingestão, parece reduzir os riscos de pré-eclampsia. Da mesma forma que o uso de aspirina, aparentemente 
pacientes com risco diferenciado podem ter maior benefício. 
23 - Entre gestantes hipertensas crônicas, existem riscos perinatais diferenciados relacionados aos níveis 
de pressão arterial materna? 
Aparentemente existe uma proporcionalidade entre o risco perinatal e os níveis de pressão arterial de início do pré-
natal. Levando-se em conta que seria esperado um coeficiente de mortalidade perinatal de 20,4/1.000 nascidos vivos 
entre gestantes normais, as estimativas de mortalidade se elevam na seguinte relação: 
 33,3/1.000 nas hipertensas leves (90 < PAD < 100 mmHg); 
 57,5/1.000 entre as hipertensas moderadas (100 < PAD < 110 mmHg); 
 320,0/1.000 entre pacientes com PAD maior ou igual a 110 mmHg. 
24 - Em que situações o uso de drogas hipotensoras está indicado na gestação? 
Não existem justificativas plausíveis para recomendar sua utilização em pacientes hipertensas leves e moderadas. 
Acrescente-se ainda que o uso de hipotensores não evita a sobreposição de pré-eclampsia, nem altera o prognóstico 
perinatal. O único desfecho verificado em ensaios clínicos foi redução do risco de ocorrência de crises hipertensivas. 
As melhores evidências disponíveis apóiam manutenção ou a introdução de hipotensores quando se verifica pressão 
arterial diastólica maior que 100 mmHg. 
25 - A utilização de hipotensores é recomendada para todas as pacientes hipertensas? 
Existe consenso que níveis de pressão arterial diastólica de 110 mmHg ou mais devem ser controlados, porém não 
existem conclusões definitivas para gestantes hipertensas leves ou moderadas (PAD menor que 110 mmHg). 
Ensaios clínicos que buscaram esta resposta não observaram diferenças substantivas entre grupos tratados e controles, 
sendo que o único desfecho verificado foi o menor risco de ocorrência de picos hipertensivos na gestação. Porém isto 
não se refletiu em nenhum outro resultado. Por outro lado, alguns estudos identificam possível interferência dos 
hipotensores nofluxo útero-placentário e conseqüente risco de restrição de crescimento fetal. 
26 - Alguma alternativa de droga hipotensora é mais eficiente ou segura na gestação? 
De maneira geral, não existem diferenças entre os resultados clínicos obtidos com os diversos hipotensores utilizados na 
gestação que possam assegurar melhor eficácia de um em relação a outro. A utilização de metildopa na gestação, em 
doses de 750 a 2000 mg ao dia, é a maior experiência clínica acumulada, ainda que esta não seja traduzida por ensaios 
clínicos controlados, porém não há registros de efeitos adversos ou anomalias fetais relevantes. 
Entre as alternativas consideradas adequadas na gestação, se incluem os diuréticos tiazídicos, os beta-bloqueadores 
(pindolol, 5 a 30 mg/dia), e os inibidores dos canais de cálcio (nifedipina, 10 a 80 mg/dia). 
27 - Betabloqueadores são seguros na gestação? 
Betabloqueadores têm sido utilizados em vários centros e apresenta efeito similar às outras alternativas. Revisão 
sistemática que compara seu efeito com placebo ou com pacientes que não utilizaram hipotensor, identificou bebês com 
menor peso de nascimento, particularmente com o uso de atenolol. Quando comparados com outros hipotensores, não 
se observam diferenças significativas. Baseado nas informações disponíveis, com exceção do atenolol, os beta-
bloqueadores são considerados como opção para gestantes com hipertensão leve ou moderada, porém seu uso em 
longo prazo exige monitorizar o crescimento fetal. 
28 - Existe alguma classe de hipotensor contra-indicado na gestação? 
Os inibidores da enzima de conversão da angiotensina não devem ser utilizados na gestação. Se por um lado não 
acarretam riscos maternos, se utilizados no segundo e terceiro trimestre da gestação podem acarretar no feto 
comprometimento renal, anúria e oligohidramnio, com restrição do crescimento, hipoplasia pulmonar e óbito. 
29 - Quais são as alternativas para o tratamento das emergências hipertensivas na gestação? 
A escolha para o tratamento da emergência hipertensiva deve ser baseada na experiência de cada serviço, sendo que a 
hidralazina, a nifedipina e o labetalol exibem resultados semelhantes tanto maternos como perinatais. O nitroprussiato 
de sódio tem pouca experiência acumulada, podendo ser utilizado por curtos períodos, devendo ser a escolha quando 
presente edema agudo de pulmão. Também sua utilização deve ser considerada para o controle materno quando 
necessária intubação orotraqueal. Os esquemas habitualmente preconizados são apresentados na tabela 3. 
Tabela 3. Esquemas habitualmente preconizados para tratamento das emergências hipertensivas 
Medicamento Ataque Manutenção 
Hidralazina 
5 mg EV a cada 30 min até PAD manter-se 
entre 90-100 mmHg 
Não ultrapassar 20 mg 
A cada 6 horas, repetir 5 mg EV a cada 30 
min até PAD manter-se entre 90-100 mmHg 
Considerar uso de 1/2 da dose inicial 
Nifedipina 
5 mg VO ou SL a cada 30 min até PAD manter-
se entre 90-100 mmHg 
A cada 6 horas, 5 mg VO ou SL a cada 30 
min até PAD manter-se entre 90-100 mmHg 
Nitroprussiato 
de sódio 
0,25 mcg/kg/min EV contínuo até PAD manter-
se entre 90-100 mmHg 
Gotejamento contínuo para manter PAD 
entre 90-100 mmHg 
Labetalol 
10 mg EV, se necessário, 20-40-80 mg a cada 
10 min, até PAD manter-se entre 90-100 mmHg 
Não ultrapassar 300 mg 
1 a 2 mg/min, para manter PAD entre 90-
100 mmHg 
 
30 - O nitroprussiato de sódio é seguro na gestação? 
Alguns relatos de casos registraram a ocorrência de morte fetal associada à utilização do nitroprussiato em gestantes 
em emergência hipertensiva. Porém, não existem ensaios clínicos controlados que assegurem uma relação de causa e 
efeito entre as mortes fetais e a droga. 
31 - Existe alguma situação em que o nitroprussiato de sódio é a opção preferencial? 
Sim. Nas situações em que se verifica colapso circulatório por elevação importante da pré-carga e conseqüente risco de 
edema pulmonar, o uso do nitroprussiato parece ser benéfico em termos de controle materno em comparação com as 
outras opções de hipotensores de ação rápida. 
32 - Qual é o medicamento mais efetivo para o controle da eclampsia? 
Existem evidências suficientes para apontar o sulfato de magnésio como a melhor alternativa para o controle da 
eclampsia. O desempenho do sulfato de magnésio foi comparado com os resultados obtidos pelo uso de diazepam e 
fenil-hidantoína. Em relação ao uso do chamado coquetel lítico, este deve ser abandonado. 
33 - Quais são os esquemas de sulfato de magnésio para o controle da eclampsia? 
Os esquemas diferem na via de administração e estão apresentados na tabela 4. 
Tabela 4. Esquemas de sulfato de magnésio para o controle da eclampsia 
Esquema Dose de ataque Dose de manutenção 
“Pritchard” 4 g EV + 10 g IM (5 g em cada nádega) 5 g IM a cada 4 horas 
“Zuspan” 4 g EV em 5-10 minutos 1-2 g/hora EV 
“Sibai” 6 g EV em 20 minutos 2-3 g/hora EV 
 
34 - O uso de sulfato de magnésio é isento de complicações? 
Apesar dos resultados satisfatórios no controle da eclampsia, as concentrações plasmáticas elevadas de magnésio 
podem causar problemas. O sulfato de magnésio é excretado quase que exclusivamente pelos rins, sendo que em 
pacientes com função renal preservada (diurese de pelo menos 25 ml/hora), os esquemas recomendados resultam em 
concentrações seguras. 
Em concentrações elevadas, o sulfato de magnésio pode bloquear a placa mioneural em intensidade variável, 
ocasionando paralisia de músculos estriados e comprometimento da ventilação. Na maioria das vezes, não existe 
necessidade de dosagens plasmáticas de magnésio ao longo do tratamento, porém, em pacientes com insuficiência 
renal, este monitoramento pode auxiliar no controle materno (tabela 5). 
Tabela 5. Correlações entre manifestações clínicas e concentrações de magnésio 
Concentração plasmática (mg/dl) Correlação clínica 
1,5 – 2,5 Valores normais 
4 – 8 Controle de convulsões 
9 – 12 Abolição de reflexos patelares 
15 – 17 Paralisia muscular 
30 – 35 Parada cardíaca 
 
35 - Existem diferenças entre os diversos esquemas de utilização de sulfato de magnésio? 
Todos são considerados igualmente efetivos e produzem concentração plasmática considerada terapêutica, isto é, entre 
4 e 8 mg/dl. O esquema intramuscular tem o inconveniente de exigir a repetição de punções profundas e volumosas, o 
que provoca dor e risco de complicações, como hematomas, necrose e abscesso. Por outro lado, nas situações em que 
há necessidade de remoção da paciente, o esquema intramuscular é mais seguro. 
36 - O sulfato de magnésio pode prevenir eclampsia? 
Sim. Revisão sistemática registra que o uso de sulfato de magnésio em pacientes com pré-eclampsia pode reduzir em 
mais de 50% as chances de ocorrência de eclampsia, além de uma tendência em reduzir mortes maternas. Calcula-se 
um NNT (número necessário para tratar) de 100 pacientes para prevenção de 1 caso de eclampsia. 
Considerando a gravidade destas situações, diante de pacientes com pré-eclampsia grave, em que não se descarta a 
possibilidade de ocorrência de eclampsia, o sulfato de magnésio deve ser utilizado nos mesmos esquemas preconizados 
para o controle da mesma. 
37 - Quanto tempo o sulfato de magnésio deve ser utilizado? 
Não existem respostas definitivas para esta questão. Desde que exista controle adequado, os elementos de conduta que 
irão nortear esta decisão serão as condições maternas. Como regra geral, os esquemas devem ser mantidos por pelo 
menos 24 horas. Nos casos de maior gravidade, o sulfato de magnésio pode ser necessário por pelo menos 72 horas 
após o parto. 
38 - Existem outras opções para o controle da eclampsia além do sulfato de magnésio? 
Ensaios randomizados identificaram vantagens do sulfato de magnésioem relação às outras alternativas de 
anticonvulsivantes utilizados, como o diazepam e a hidantoína. Diante da total impossibilidade do uso de sulfato de 
magnésio, outras alternativas de anticonvulsivantes deverão ser utilizadas. O diazepam é utilizado com dose de ataque 
de 10 mg EV e manutenção de 3 a 5 mg/Kg EV a cada 24 horas. A fenil-hidantoína é utilizada em doses de ataque de 1 
g EV, sendo 250 mg EV a cada 30 minutos e manutenção de 100 mg a cada 8 horas. Por outro lado, a utilização do 
chamado "coquetel lítico" (meperidina + clorpromazina + prometazina) deve ser abandonada em vista dos riscos 
maternos associados. 
39 - Gestantes com hipertensão arterial, independente da etiologia, podem receber corticóide para 
aceleração da maturidade pulmonar fetal? 
Sim. Diante de gestações com idade entre 24 e 34 semanas, quando existem condições maternas e fetais para que se 
adie a interrupção da gravidez sem que se imponham riscos adicionais ao binômio mãe-feto. Os corticóides devem ser 
utilizados nas doses habitualmente preconizadas. Não existem evidências que tais esquemas acarretem dificuldades 
adicionais para o controle clínico materno. 
40 - O uso de hipotensores é compatível com o aleitamento materno? 
De maneira geral, todas as classes de hipotensores são consideradas seguros para na amamentação. Alguma atenção 
deve ser direcionada durante o uso de diurético tiazídico (bendroflumetazina), uma vez que existem relatos de 
supressão da lactação. Quanto aos betabloqueadores, alguns efeitos no recém nascido são relatados, especialmente 
quando utilizadas alternativas que se ligam muito pouco às proteínas carreadoras e que têm passagem facilitada, como 
o acebutalol, atenolol, metoprolol, nadolol e sotalol, enquanto que mepindolol, oxprenolol e propranolol, por 
apresentarem maior dependência de proteínas, têm maior dificuldade de excreção. 
41 - Pré-eclampsia é curável? 
De maneira geral, após o nascimento e conseqüente retirada da placenta, verifica-se gradativa normalização da pressão 
arterial e do comprometimento sistêmico decorrente da doença. Na maioria das vezes, as pacientes recuperam-se 
totalmente, sendo que os consensos internacionais limitam em até 12 semanas de puerpério o prazo para que ocorra 
remissão clínica total da paciente. 
Evidente que naquelas situações de gravidade em que ocorreu insuficiência de múltiplos órgãos, seqüelas podem 
permanecer por toda a vida, tais como lesões cerebrais decorrentes de focos de hemorragia ou insuficiência renal se 
instalado focos de esclerose e/ou necrose cortical. 
42 - A pré-eclampsia acarreta conseqüências em longo prazo? 
As formas leves de pré-eclampsia aparentemente permitem recuperação total sem problemas posteriores. Porém, 
estudos populacionais de médio e longo prazo verificaram que o grupo de mulheres que apresentaram formas graves de 
pré-eclampsia, em relação à população geral, desenvolveu, ao longo de sua vida, maior risco de morte e de ocorrência 
de doenças cardiovasculares e síndrome plurimetabólica. Os resultados destas observações não conseguem discriminar 
se os eventos de longo prazo seriam conseqüência da pré-eclampsia ou teriam como causa fatores predisponentes que 
incluiriam a pré-eclampsia e outros eventos a partir de um determinismo biológico comum. 
Estas observações sugerem a necessidade de acompanhamento diferenciado de mulheres que apresentaram pré-
eclampsia na gestação tendo como objetivo identificar precocemente a instalação de eventos e permitir intervenções 
precoces que possam reduzir os seus riscos.

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