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TEORIAS DA BIOÉTICA

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TEORIAS DA BIOÉTICA
A BIOÉTICA SECULAR
O nome já a define: ela quer ser uma ética distante de qualquer orientação religiosa. 
Os defensores dessa teoria são tributários da concepção kantiana que considera a ética simplesmente um factum, uma realidade da vida humana, fato da consciência. Kant não reconhece na ética nenhuma influência divina. Segundo essa posição de Kant, se Deus desse uma lei moral aos homens, a ética deixaria de ser autônoma e passaria a ser heterônoma, vinda de fora, de outro legislador.
A bioética secular quer distanciar-se tanto da influência religiosa, quanto filosófica. Quer distanciar-se das teorias metafísicas e globais éticas e universais que nunca chegam a conclusões práticas.
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TEORIAS DA BIOÉTICA
A BIOÉTICA SECULAR
A bioética secular quer ser necessariamente mínima.
Os princípios mínimos são dois:
AUTONOMIA (AUTO-DETERMINAÇÃO DO SUJEITO)
BENEFICÊNCIA (A MEDICINA EXISTE PARA BENEFICIAR A VIDA, ESPECIALMENTE A VIDA HUMANA)
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A BIOÉTICA SECULAR
Problemas da Bioética Secular.
O ponto mais discutível é o conceito de pessoa. Segundo essa teoria, nem todos os seres humanos são pessoas. Eles não são todos iguais.
Há distinção entre homo sapiens e pessoa (seres que exercem razão)
Há seres humanos que não são pessoas (fetos, embriões, criancinhas ou adultos retardados).
A estes aplica-se o princípio da BENEFICÊNCIA, mas não da AUTONOMIA.
Não há dever moral devido a estes seres; mas há um exercício de bondade e beneficência para com um ser que é apenas homo sapiens e não pessoa. 
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A BIOÉTICA SECULAR
Há muitos séculos, o exercício da razão não é o único indicador de personalidade e plena dignidade humana.
Outra crítica à bioética secular deriva da absolutização do conceito de autonomia. O homem vive em sociedade, numa cultura, numa estrutura sociopolítica e esses fatores limitam a autonomia de cada indivíduo.
Autonomia, exatamente como a liberdade, não é absoluta.
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A BIOÉTICA CONFESSIONAL
Orienta-se pelo princípio da transcendência. Defende a tese de que a ética puramente humana carece do princípio que lhe dá plena consistência, sem o qual ela se perde em debates de segunda ordem.
A bioética confessional se constrói em cima de três pilares: CRIAÇÃO, NATUREZA E PESSOA
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A BIOÉTICA CONFESSIONAL
CRIAÇÃO: O primeiro princípio afirma o ato criador de Deus do Universo. A confissão do ato criador faz com que todos os seres sejam vistos sob a ética de criaturas; o universo tem portanto, caráter sagrado, especialmente o homem.
O segundo princípio (NATUREZA) é continuação do primeiro, porquanto a natureza se comporta conforme leis determinadas pelo Criador. É o famoso princípio segundo o qual “as leis naturais da física e da biologia são espelho da lei eterna”. Por isso mesmo, as leis humanas nunca podem contrariar as leis da natureza.
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A BIOÉTICA CONFESSIONAL
O terceiro princípio (PESSOA), refere-se ao homem, como ser racional. Todos os seres são substâncias, o homem é o único capaz de pensar. Portanto, a existência pensante é algo absolutamente diferente das outras substâncias: estas são materiais e aquela é espiritual. Ora só um princípio espiritual é capaz de produzir o ato de pensar. Este é o princípio fundamental da substância humana, a alma. Também esta, sendo espiritual, só pode ser produzida por um princípio espiritual, divino.
Como as energias biológicas dos pais só podem gerar as dimensões biológicas do feto, cabe ao espírito divino, produzir a alma, concepção por concepção. 
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A BIOÉTICA CONFESSIONAL
A ligação com a metafísica e com a transcendência garante à pessoa um respeito ético absoluto. Desde a concepção, o embrião é considerado pessoa.
Esta posição é importante porque faz contraponto com alguns cientistas que consideram o embrião humano como um mero “material biológico”. 
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A BIOÉTICA PRINCIPIALISTA
A bioética principialista consiste na aplicação de quatro princípios pinçados nas grandes correntes filosóficas da história: autonomia, beneficência, não-maleficência e justiça. 
Autonomia (origem Kantiana); Beneficência e Não-maleficência (gregos, na busca do bem e Hipócrates – fazendo parte do juramento médico) justiça (desde os gregos até John Rawls)
A bioética principialista é pragmática, aplicando quase mecanicamente os quatro princípios aos grandes problemas bio-médicos encontrados na área da saúde.
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A BIOÉTICA PRINCIPIALISTA
O princípio da autonomia: auto-legislação ética do ser humano. Auto-nomos é aquele que dá a si mesmo a lei moral.
O princípio de beneficência: Manda fazer sempre bem aos outros.
O princípio da não-maledicência: Diz que é inconcebível usar os avanços científicos para infligir o mal, o sofrimento e a morte.
O princípio da justiça: Diz respeito às políticas públicas de saúde. 
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A BIOÉTICA EXISTENCIAL
A bioética existencial parte do ser humano como uma existência deixando em segundo plano a essência. A existência humana inteligente e livre, se enriquece sempre, desdobra sempre novas potencialidades. A existência humana é evolutiva e criativa: a pessoa é progressiva no sentido que vai acontecendo ao longo dos anos. Os seres humanos não são concebidos como pessoa; ela [pessoa] se constrói pelas relações humanas e culturais.
Para isso é necessário introduzir o conceito de tempo.
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A BIOÉTICA EXISTENCIAL
O tempo é a mais radical estrutura ontológica do homem: o homem é acontecimento vital, é duração viva; o tempo é o processo de acontecer da existência do homem. Só ele é tempo, por ser inteligente e criativo; todos os outros seres são medidos pelo tempo do calendário, só o homem é temporalidade, segundo uma expressão de Heidegger; ele é distensão da alma, segundo a magnífica intuição de Santo Agostinho. O tempo é a alma distendida como memória do passado; como desejo e expectativa dos fatos futuros; e a situação presente sintetiza a vida passada e a vida futura.
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A BIOÉTICA EXISTENCIAL
Sendo o homem uma existência temporal, ele é, por isso mesmo, uma realidade potencial. É um ser que desdobra e distende continuamente suas potencialidades, suas virtualidades, do início ao fim da vida. A consequência de tudo isso é que o homem, sendo um ser temporal e potencial está sempre aberto à realização de suas virtualidades, uma existência que é muito mais futuro do que passado, nunca termina de construir sua personalidade: ele é um ser potencial em contínuo desenvolvimento; somos um vir-a-ser. 
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A BIOÉTICA EXISTENCIAL
Com essas ferramentas todas, a bioética existencial vai para o diálogo com a ciência na procura de um diálogo visando construir com os outros saberes a ideia de uma existência humana progressiva, sempre mais digna e situada no seio das melhores conquistas científicas.
Um exemplo: Para a ciência, a pergunta fundamental é: Quando começa a vida? Para a bioética existencial é: Quando começa a pessoa? 
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CONCLUSÃO:
Qualquer que seja a teoria bioética, é útil para dialogar com a ciência desde que saiba flexibilizar suas premissas, sem negá-las, mas adaptando-as à realidade humana contemporânea.

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