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primeira aula psicologia pastoral

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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Teologia 
Psicologia Pastoral 
 
 
 
 
 
 
 
Aula 1 
 
 
Professor Neir Moreira da Silva 
 
 
 
 
 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
2 
Conversa Inicial 
Olá estudante de teologia! Este é o nosso primeiro encontro, seja bem-
vindo a este fantástico mundo do conhecimento teológico, e em especial à 
Psicologia Pastoral – uma disciplina que por si só já se anuncia pertencente e 
relacionada a dois contextos das ciências humanas: a arte psicológica e a prática 
pastoral. Inicialmente, você vai conhecer o panorama geral desta disciplina a 
partir do seu objeto de estudo. Além disso, sua compreensão e aprofundamento 
em Psicologia Pastoral incluirá as definições fundamentais desta disciplina, o 
conhecimento das concepções de humanidade, bem como a relação entre a 
Bíblia e o gênero humano. 
Está pronto para iniciar os seus estudos? Então se acomode e 
vamos lá! 
 
Conheça o professor Neir Silva, quem lhe direcionará ao longo desta 
disciplina e apresentará o conteúdo de hoje. Confira no material 
online. 
 
Contextualizando 
 
Inicie seus estudos tentando responder as duas questões: 
A ciência psicológica e a prática pastoral se relacionam 
harmoniosamente? 
Qual a relevância do conhecimento psicológico no contexto 
religioso? 
 
 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
3 
Pode-se afirmar que o objeto de estudo em Psicologia Pastoral de fato é 
o ser humano a partir do viés relacional entre os conceitos da Psicologia e os 
fundamentos da Teologia com vista à compreensão não apenas do sujeito e suas 
demandas existenciais e espirituais, mas na tentativa de permitir que ele reúna 
condição e recursos para redefinir sua própria história diante de si, sua família, 
sua comunidade e sua experiência espiritual. Com os temas abordados hoje 
você poderá compreender melhor esta afirmação. Vamos lá! 
 
Assista agora à contextualização pelo professor Neir no material online! 
 
Pesquise 
 
TEMA 1: Introduzindo a Psicologia Pastoral 
Para darmos início ao nosso encontro, é preciso afirmar que para uma 
boa compreensão da Psicologia Pastoral faz-se necessário partir do 
entendimento do que vem a ser Psicologia. Desta forma, este primeiro momento 
será dedicado a fazer uma revisão sobre as principais escolas e sistemas 
psicológicos. 
Entendida como “a ciência que estuda o comportamento humano e os 
processos mentais” (Filho & Schallenberger, 2010, p.19), a Psicologia é uma 
das ciências humanas derivadas da Filosofia; ou seja, antes do nascimento da 
ciência psicológica, no final do século XIX, a Filosofia abarcava também o 
conhecimento psicológico, mas isso será estudado em detalhes posteriormente. 
 
 
 
Entende-se por Psicologia: 
“A ciência compõe-se de um conjunto de conhecimentos sobre fatos ou aspectos 
da realidade (objeto de estudo), expresso por meio de uma linguagem precisa e 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
4 
rigorosa. Esses conhecimentos devem ser obtidos de maneira programada, 
sistemática e controlada, para que se permita a verificação de sua validade” 
(Bock, 2002, p.19). 
 
Ressalte-se que a ciência é caracterizada pelo processo de um novo 
conhecimento a partir de algo previamente desenvolvido. E é esse movimento 
que dá sentido ao contexto científico e o faz progredir constantemente. 
 
Para ampliar a noção sobre a ciência psicológica, faça a leitura do artigo 
“A Psicologia Como Campo de Conhecimento e Como Profissão de Ajuda”, 
neste link: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
294X2004000100003&lng=pt&nrm=iso 
 
A ciência psicológica estuda cuidadosamente muitos conceitos, no 
entanto, há dois que merecem especial atenção neste tema introdutório: o 
comportamento e a experiência. 
De acordo com Costa (2006, pp.28,29), às manifestações exteriores da 
vida mental – atitudes diante do meio social em que vivemos, como ações, 
gestos, expressões e linguagem – denomina-se comportamento. E o 
comportamento pode ser normal ou patológico. Curiosamente, “o 
comportamento anormal é mais observável do que o normal”. Por outro lado, a 
experiência refere-se “ao estado consciente ou fenômeno mental, talvez um 
sentimento, que é experimentado pela pessoa como parte de sua vida mental 
interior”. 
“Após Wundt ter criado o primeiro laboratório de psicologia 
experimental, muitos estudiosos emigraram para a Alemanha para 
estudarem com ele. A partir de então, desenvolveram-se várias 
escolas ou sistemas de psicologia, diferenciando-se em suas 
técnicas e metodologias, que nos permitem estudar o 
comportamento e a experiência religiosa do ser humano, com 
objetivo de analisar e compreender o que as pessoas fazem, como 
fazem e por que fazem” (Costa, 2006, pp.29,30). 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
5 
Portanto, é nesse momento que marca uma nova era na Psicologia por 
se tratar do desenvolvimento inicial dos seus principais sistemas. Dentre eles, 
podemos destacar os seguintes: 
Estruturalismo | Funcionalismo | Psicologia de Gestalt | Psicologia 
Individual | Psicologia Behaviorista | Psicologia analítica | Psicologia 
Humanista 
Vamos conhecer cada sistema! 
 
 
Estruturalismo 
 Fundado por Edward B. Titchener, o seu objeto de estudo baseava-se no 
sistema teórico de Wund, o qual consistia em estudar os fenômenos mentais 
através de descrição pormenorizada e analítica das sensações. A esse relato 
minucioso da experiência consciente, os estruturalistas chamaram de 
introspecção. 
 
Funcionalismo 
William James “se opunha à psicologia experimental clássica do 
estruturalismo, por achar que se utilizava uma abordagem passiva ao estudar o 
conteúdo da mente” (Costa, 2006, p.30). Para o Funcionalismo, o objeto da 
psicologia consiste em “descobrir como funcionam os processos mentais, tais 
como o pensamento, a emoção, seus conhecimentos, suas aspirações, decisões 
e outros, para adaptar o ser humano ao meio ambiente” (Costa, 2006, p.30). 
 
Psicologia da Gestalt 
Christian Von Ehrenfels, Koffka e Köhler (entre outros) são considerados 
os precursores do movimento gestaltista, o qual teve origem em 1890. 
William James 
 
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6 
A rigor, “Gestalt” é uma palavra de origem alemã de significado e tradução 
não muito precisos para o português, sendo aceita como “estrutura enquanto 
conjunto somativo” ou configuração. Para a psicologia de Gestalt, “a experiência 
que a pessoa traz consigo é uma característica de totalidade ou estrutura, isto é, 
o ser humano deve ser compreendido como um todo, com os seus fatos 
psíquicos, condutas e personalidade” (Costa, 2006, p.32). 
 
Há um lema muito conhecido que traduz certamente o pensamento 
gestaltista: o todo não significa a soma das partes! 
 
Psicologia Individual 
Alfred Adler e principalmente Sigmund Freud são dois dos principais 
representantes da psicanálise, a qual pertence a este sistema psicológico. Para 
os analistas (como são chamados os psicanalistas), a origem e causa dos conflitos 
ou traumas estão situados na infância dos pacientes, os quais contribuem para a 
manutenção ou agravamento dos problemas vividos na atualidade. Dessa forma, 
os pacientes são estimulados a reviverem as experiências do passado resgatando 
os conflitos inconscientes para o plano consciente. E, um dos caminhos viáveis 
para se ter acesso ao conteúdo inconsciente são os sonhos, sendo a interpretação 
destes um dos recursos fundamentaispara o trabalho psicanalítico. 
 
Psicologia Behaviorista 
A partir dos experimentos do fisiologista russo Ivan Pavlov, os psicólogos 
norte-americanos John Broadus Watson e Burrhus Frederik Skinner 
desenvolveram aquela que seria uma das principais escolas psicológicas da 
atualidade. Sabe-se que “behavior” é um termo inglês, traduzido por 
“comportamento”. Para Skinner, o objeto da psicologia consiste em predizer e 
controlar o comportamento individual. 
 
Sigmund Freud 
 
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7 
Psicologia Analítica 
Carl Gustav Jung elaborou esta teoria e método psicológicos como um 
método genérico, os quais englobam a psicanálise freudiana, a psicologia 
adleriana e outras tendências derivadas da psicologia geral. “Para Freud, o 
indivíduo está preso ao passado de sua infância, e para Jung, o indivíduo está 
preso ao passado da infância e também ao passado da espécie, e, antes disso, 
à longa cadeia da evolução orgânica” (Costa, 2006, p.35). 
 
Psicologia Humanista 
Diferentemente da maioria das escolas psicológicas este sistema está 
mais vinculado à literatura e às áreas humanas do que com a ciência 
propriamente dita. “Na abordagem fenomenológica da personalidade, o foco 
central é a maneira como a pessoa percebe e interpreta os eventos em seu 
ambiente atual, isto é, o objetivo desta psicologia é compreender a pessoa” 
(Costa, 2006, p.36). Carls Rogers desenvolveu a psicoterapia “centrada-no-
cliente” a qual foi fundamentada em suas diversas experiências em 
atendimentos psicoterapêuticos. 
Portanto, com base na lista das diversas escolas psicológicas, é possível 
tomarmos integralmente as palavras de Linda Davidoff, pois segundo ela, a 
Psicologia “não é um corpo de conhecimentos nem unificado, nem completo. [...] 
Existem muitos fenômenos importantes que não compreendemos. Assim, o leitor 
não deve esperar uma abordagem única do objeto da psicologia ou resposta 
para todos os seus problemas” (Costa, 2005, p.41). 
Viu só? Estudar Psicologia é estudar o ser humano em sua complexidade 
e sua singularidade, afinal ele é considerado o personagem principal do processo 
de desenvolvimento das suas ideias, seus pensamentos e seus 
comportamentos. Sua maneira única de ser, pensar e agir é o que define sua 
subjetividade. 
 
 
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8 
“Esta síntese – a subjetividade – é o mundo de ideias, significados 
e emoções construído internamente pelo sujeito a partir de suas 
relações sociais, de suas vivências e de sua constituição biológica; 
é, também, fonte de suas manifestações afetivas e 
comportamentais. [...] A subjetividade é a maneira de sentir, pensar, 
fantasiar, sonhar, amar e fazer de cada um. [...] Ou seja, cada qual 
é o que é: sua singularidade” (Bock, 2002, p.23). 
 
Segundo Bock (2002), os dois elementos básicos da subjetividade são o 
movimento e a transformação. Portanto, a psicologia tem também o objetivo de 
estudar e compreender esses elementos constitutivos da subjetividade humana 
e as relações dos mesmos com a realidade concreta a partir da experiência do 
indivíduo. 
 
“A Psicologia colabora com o estudo da subjetividade: é essa a sua forma 
particular, específica de contribuição para a compreensão da totalidade 
da vida humana” 
(Bock, 2002, p.23). 
 
 
Para a Psicologia, o indivíduo é o próprio construtor da transformação. 
Transformação sua e do mundo no qual está inserido. Veja com o professor 
Neir um pouco mais sobre este tema no material online! 
 
TEMA 2: Definindo Psicologia Pastoral 
Para entender o que é a Psicologia Pastoral, estudaremos brevemente o 
que é a Teologia, bem como vincular o tema à Psicologia Pastoral propriamente 
dita. 
Proveniente da associação dos radicais gregos teo (Deus) e logia (estudo, 
tratado), pode-se afirmar categoricamente que Teologia significa literalmente o 
estudo acerca de Deus (e a relação dele com a criação). 
 
 
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9 
Evidentemente, ninguém pode compreender totalmente Deus ou estudá-
lo em um laboratório, no entanto, a partir das Escrituras Sagradas é possível 
estudar a pessoa e a obra de Deus, tanto em relação a si mesmo quanto em 
relação à humanidade e à sua criação. E, tomando por base a relação de Deus 
com a humanidade, podemos estabelecer um vínculo claro entre a teologia e a 
psicologia, uma vez que ambas as ciências têm no sujeito humano o seu objeto, 
de alguma forma. 
Historicamente muitos pensadores, filósofos e teólogos constituíram fonte 
excepcional para o conhecimento humano e, portanto, foram igualmente 
importantes para o desenvolvimento da ciência psicológica, como Platão em que 
sua característica principal do pensamento é o dualismo. Conheça outros a partir 
da próxima tela! 
 
 
“Em seu dualismo, Platão concebia o mundo como: a) Mundo material – decaído 
e alienado, uma reprodução imperfeita, uma imitação malfeita, uma participação 
limitada em um mundo ideal; b) Mundo das ideias – perfeito, eterno, incorruptível 
e divino. [...] Para Platão, a alma se relacionava apenas com as ideias puras e 
pertencia a Deus, enquanto o corpo, a Satanás” (Costa, 2006, p.13). 
 
Aristóteles 
O homem não consiste apenas da alma, mas é produto da união 
substancial da alma e do corpo; aquela concebida como forma e este como 
matéria; logo, a alma simboliza um elemento espiritual, divino e imortal. 
 
 
Platão 
 
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Hipócrates 
Esse médico grego desenvolveu um dos primeiros estudos sobre os tipos 
de personalidade; para ele há quatro tipos básicos associados aos humores 
corporais: a) melancólico (deprimido); b) colérico (irritável); c) sanguíneo 
(otimista); e, d) fleumático (calmo). 
 
Galeno 
Formado em medicina, anatomia, filosofia, matemática e literatura (século 
I d.C.), ele foi considerado o pai da neurofisiologia. “Galeno foi o primeiro a 
reconhecer o cérebro como sede dos processos mentais, corrigindo os 
ensinamentos de Platão de que a sensação era função do corpo, e de 
Aristóteles, de que a sede física da vida mental era o coração” (Costa, 2006, 
p.21). 
 
Agostinho 
Considerando que o Cristianismo era a religião oficial do Império Romano, 
esse teólogo, filósofo, escritor e bispo católico procurar justificar racionalmente 
a fé cristã. “Inspirado em Platão, também fazia uma cisão entre alma e corpo. 
Entretanto, para ele, a alma não era somente a sede da razão, mas a prova de 
uma manifestação divina no homem. A alma era imortal por ser o elemento que 
liga o homem a Deus” (Costa, 2006, p.21). 
 
 
 
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Tomás de Aquino 
Tomás de Aquino 
É considerado por muitos como o maior teólogo da Igreja Católica. 
 
“Aquino viveu num período que prenunciava a ruptura da Igreja 
Católica, o aparecimento do protestantismo – uma época que pregava 
a transição para o capitalismo, com a revolução francesa e a 
revolução industrial na Inglaterra. Essa crise econômica e social levou 
ao questionamento da Igreja e dos conhecimentos produzidos por ela. 
Dessa forma, foi preciso encontrar novas justificativas para a relação 
entre Deus e o homem. São Tomás de Aquino foi buscar em 
Aristóteles a distinção entre essência e existência” (Costa, 2006, 
p.22). 
 
Neste momento é necessário destacar dois fatos importantes 
relacionados à história eclesiástica, embora estejam separados por muitos anos. 
Em primeiro lugar, a partir do século IV depois de Cristo, o Cristianismo foi 
declarado religião oficial do Império Romano; a igreja “monopolizava aeducação 
e, em consequência, tinha-se uma cultura teocêntrica, isto é, o pensamento, as 
artes e todos os campos do conhecimento ocupavam-se somente com o estudo 
de Deus e da vida sobrenatural” (Costa, 2006, p.23). Em segundo lugar, no 
século XVI, as pessoas identificadas como portadoras de transtorno mental e do 
comportamento eram consideradas como possessas por espíritos malignos. 
Ademais, cria-se também que os loucos à época eram feiticeiros. 
Sobre a relação entre a teologia e a psicologia a partir das questões 
existenciais, faça a leitura do artigo “Significação Religiosa do Sofrimento e 
Posição Psicológica na Fé”: 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
65642004000200010&lng=pt&nrm=iso 
 
E, talvez, uma das primeiras questões a serem levantadas aqui seria 
aquela que discute a possibilidade de diálogo entre a teologia e a psicologia. 
 
 
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12 
Parece que o cuidado, o acolhimento, a empatia e o aconselhamento 
(entre outras categorias) surgem como recursos de apoio emocional e espiritual 
dentro do espectro que inclui ambas as ciências em foco. Esses recursos podem 
ser considerados categorias fundamentais da Psicologia Pastoral. 
No entanto, é preciso enfatizar que “a possibilidade de um diálogo entre a 
teologia e psicologia é ao mesmo tempo desafiante e instigante, especialmente 
por levantar questões que demandam hermenêuticas próprias, em virtude das 
delimitações próprias de cada um dos campos de conhecimento” (Oliveira, 2004, 
pp.43,44). 
 
Assista o vídeo “Eu Tinha Um Cachorro Preto, Seu Nome Era 
Depressão” que propõe a reflexão sobre uma das principais patologias que 
acomete a raça humana em todas as épocas, a depressão. No link: 
https://www.youtube.com/watch?v=dFKsN9J0hTM 
 
Em relação ao diálogo entre ambos os campos de saberes, deve-se 
ressaltar que na interface com o Cristianismo, as primeiras produções 
acadêmicas em Psicologia sofreram com a desconfiança e oposição. 
Especialmente se for levado em consideração a referência repressiva que Freud 
e a psicanálise fizeram em relação à religião. No entanto, a proposta de um 
conceito integral do ser humano possibilitou que as diferenças fossem 
minimizadas e que o diálogo interdisciplinar pudesse ser estabelecido. 
 
“Na busca por abarcar conceitos da psicologia e da teologia, 
percebe-se que em ambas transparece o respeito pela dignidade 
do ser humano. Assim, os aspectos relacionais do cuidado entre as 
pessoas (em família, escola, igreja, trabalho ou outros) somam-se 
aos cuidados pessoais. Tanto a psicologia quanto a teologia têm na 
categoria cuidado um alicerce, onde se fundamentam seus 
construtos” (Oliveira, 2004, p.45). 
 
 
 
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A Psicologia Pastoral visa estudar e analisar a influência do 
aconselhamento pastoral derivado da Palavra de Deus (Bíblia) sobre o 
comportamento do ser humano e dos grupos religiosos a partir do conhecimento 
e entendimento dos ensinos morais e éticos de Jesus Cristo. A partir deste 
entendimento contextual podemos avançar um pouco sobre a conceituação do 
que vem a ser a Psicologia Pastoral. E, de acordo com os estudiosos da área, a 
ênfase primordial e fundamental da Psicologia Pastoral visa estudar e analisar a 
influência do aconselhamento pastoral derivado da Palavra de Deus (Bíblia) 
sobre o comportamento do ser humano e dos grupos religiosos a partir do 
conhecimento e entendimento dos ensinos morais e éticos de Jesus Cristo. 
 
 
Acompanhe agora a explicação do professor Neir sobre o assunto, no material 
online! 
 
TEMA 3: Objeto de estudo da Psicologia Pastoral 
Para ser considerado científico, todo e qualquer campo do conhecimento 
exige um objeto específico de estudo. Da mesma forma que ocorre com as 
ciências biológicas, sociais e exatas, igualmente é esperado um objeto 
específico no estudo do contexto das ciências humanas. 
 
Para auxiliar o entendimento sobre a importância da psicologia na 
interface do conhecimento e práxis, faça a leitura do artigo “A Psicologia Como 
Campo de Conhecimento e Como Profissão de Ajuda”: 
http://www.scielo.br/pdf/epsic/v9n1/22377.pdf 
 
 
 
 
 
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14 
Diferentemente da maioria das outras áreas do conhecimento científico, 
nas ciências humanas – que inclui a Antropologia, Sociologia, Economia e 
especialmente a Psicologia – a identificação e estudo do objeto de estudo, o ser 
humano, não é considerado um procedimento tão simples. Para você ter uma 
noção deste problema vamos nos ater à questão do objeto de estudo em 
Psicologia. Se levarmos em consideração apenas duas das principais escolas 
psicológicas, teremos dois objetos de estudo. Por exemplo: 
- Para um psicólogo behaviorista o objeto de estudo será o 
comportamento humano, especialmente pelo fato dele poder ser predito, 
mensurado e analisado; 
- para um psicólogo psicanalista o objeto de estudo será o 
inconsciente. 
Pode ser que você pergunte: qual está correto? A resposta seria: ambos 
estão corretos! Veja a explicação a seguir! 
Considerando a Psicologia uma ciência que tem por definição estudar o 
comportamento humano e os processos mentais, além de ser composta de 
diversos sistemas, incluindo por exemplo o Behaviorismo e a Psicanálise, logo 
ela não tem apenas um objeto de estudo, mas tanto quanto forem os sistemas 
psicológicos que identifiquem específicos objetos de estudo e pesquisa. Sendo 
assim, podemos inferir que o objeto de estudo desta disciplina, Psicologia 
Pastoral, difere do objeto de estudo da Psicologia propriamente dita, conforme 
explicado. 
 
Entenda melhor a Psicologia como Ciência, acessando o link: 
https://www.youtube.com/watch?v=Cfu-Q-8A9zo 
 
 
 
 
 
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15 
Portanto, não seria totalmente equivocado dizer que, dada às 
multiplicidades das escolas psicológicas além do breve período de existência da 
Psicologia (especialmente em comparação a outras ciências historicamente 
reconhecidas), não há apenas um objeto de estudo, mas diversos objetos de 
estudos, cada qual relacionado ao sistema psicológico equivalente. 
Não bastante a questão levantada, há um outro fator que contribui 
fundamentalmente para dificultar uma clara definição acerca do objeto de estudo 
e pesquisa em Psicologia: o sujeito (pesquisador) pode ser confundido com o 
objeto a ser pesquisado. Ou seja, no sentido mais completo do termo, o objeto 
de estudo da Psicologia (e das demais ciências humanas, evidentemente) é o 
ser humano. E, obviamente, o pesquisador igualmente está inserido nesta 
categoria em estudo. Portanto, é possível admitir que a concepção de “ser 
humano” que o referido pesquisador possui inevitavelmente influenciará a sua 
pesquisa nesta área. 
 
Complemente também os seus estudos até aqui acessando o livro da 
disciplina! 
 
Retomando a questão do objeto de estudo em Psicologia, e 
especialmente em Psicologia Pastoral, é fundamental destacar o lugar da 
Teologia neste contexto. “[A teologia] é uma ciência cujo objetivo é o 
conhecimento de Deus e de suas relações com o homem, bem como de seus 
propósitos divinos. O livro básico do teólogo é a Bíblia Sagrada; no entanto, ao 
nosso ver, para entendê-la é necessário que tenhamos conhecimento da língua 
portuguesa, da psicologia e de outras disciplinas as quais cada um segundo o 
seu interesse achar viável” (Costa, 2006, pp.111,112). 
 
Como você estudou, não cabe ao teólogo conhecer Deus em sua 
essência, pois isso é considerado inviável; olugar da teologia é estudar e 
compreender o propósito divino e especialmente a relação do Eterno com 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
16 
a humanidade. E esta compreensão passa obrigatoriamente pela revelação de 
Deus a qual está inserida na Bíblia Sagrada. 
O texto sagrado consiste num dos manuais para o estudo e 
desenvolvimento em Psicologia Pastoral. Mas não apenas os livros sagrados 
têm a sua importância neste contexto, mas outros componentes também, como 
é o caso da relação entre a religião e a teologia, as quais não devem ser 
entendidas como sinônimas, mas correlatas. 
 
“Religião, do latim religare, significando as atividades que religam o 
homem a Deus, e teologia é o conhecimento acerca de Deus, ao qual se chega 
racionalmente. Assim, religião é prática e teologia, conhecimento, ambas se 
auxiliando na verdadeira experiência espiritual” (Costa, 2006, pp.113). 
 
Você deve também compreender sobre o significado particular e 
divergente da religião com o texto de Augusto Von Atzingen, “Religião no 
Tratamento da Doença Renal Crônica: Comparação Entre Médicos e 
Pacientes”, acesse o link: 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983-
80422015000300615&lng=pt&nrm=iso 
 
Costa (2005) assim define Psicologia Pastoral: 
É a aplicação dos conhecimentos da Psicologia no campo da 
religião, cujo interesse principal está em fornecer os conhecimentos 
da Psicologia, para que o homem religioso, tendo o título de pastor 
ou não, possa pôr em prática a sua fé cristã no seu viver diário para 
amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. 
A Psicologia Pastoral tem sua raiz no amor de Deus, que se revela 
na disponibilidade, atenção, compreensão, partilha, benevolência, 
paciência, diálogo e atitudes estas praticadas por Jesus Cristo em 
forma corpórea, que não só se preocupou em ajudar as pessoas a 
transpor conflitos intrapsíquicos, mas também a transpor as 
dificuldades biológicas, sociais e espirituais” (Costa, 2005, p.19). 
 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
17 
Com base nos pressupostos mencionados, pode-se afirmar que o objeto 
de estudo em Psicologia Pastoral de fato é o ser humano a partir do viés 
relacional entre os conceitos da Psicologia e os fundamentos da Teologia com 
vista à compreensão não apenas do sujeito e suas demandas existenciais e 
espirituais, mas a tentativa de permitir que ele reúna condição e recursos para 
redefinir sua própria história diante de si, sua família, sua comunidade e sua 
experiência espiritual. 
 
Vamos fechar este tema com chave e outro para entrar no próximo? 
Assista o vídeo a seguir e reflita junto, 
https://www.youtube.com/watch?v=jpH0RfWGTZQ 
 
TEMA 4: Diferentes concepções do ser humano 
O ser humano constitui-se como objeto de estudo das ciências humanas, 
no entanto não há um consenso entre essas ciências, uma vez que elas 
divergem sobre as concepções de ser humano. Além de filósofos, sociólogos, 
psicólogos, pedagogos, teólogos, entre outros especialistas manifestarem 
diferentes conceituações acerca do ser e da natureza humanos. 
Dentre os diversos filósofos que se debruçaram sobre a questão da 
concepção do ser humano, podemos destacar Sócrates. Seus conceitos 
filosóficos sobre as reflexões do ser não apenas tiveram importância para sua 
época como também serviu de inspiração para muitos outros filósofos ao longo 
da história das ciências humanas. 
Sócrates foi o pioneiro do que atualmente se define como Filosofia 
Ocidental. Nascido em Atenas, por volta de 470 ou 469 a.C., seguiu os passos 
do pai, o escultor Sofrônico, ao estudar seu ofício, mas logo depois se devotou 
completamente ao caminho filosófico, sem dele esperar nenhum retorno 
financeiro, apesar da precariedade de sua posição social. 
 
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Seu trabalho seria marcado profundamente pelos textos de Anaxágoras, 
outro célebre filósofo grego. 
Fonte: http://www.infoescola.com/filosofia/socrates/ 
 
Conheça agora alguns teóricos que contribuíram consideravelmente para 
as Ciências Humanas com seus trabalhos e pesquisas em relação à 
conceituação e diferenciação do gênero humano. 
 
Rousseau 
O autor da obra “Do Contrato Social” concebe o homem enquanto 
indivíduo natural que abdica de sua vontade pessoal em favor da vontade da 
maioria, eventualmente sacrificando a própria liberdade. Para Rousseau, o 
Estado enquanto organização social tem o objetivo de manter a ordem social 
bem como defender os interesses dos seus respectivos indivíduos. O homem 
por sua vez, por ser capaz de raciocinar, é um ser social e político. Com isso, 
através da adesão ao contrato social, ele abdica do gozo da sua liberdade natural 
para viver em sociedade. O Estado Civil, em sua perspectiva, é a forma mais 
bem elaborada e não contraditória de valorizar a herança natural do homem 
(bondade, liberdade) e em um sentido mais amplo, em meio aos demais 
membros de uma dada sociedade. 
Fonte: http://revistapandorabrasil.com/revista_pandora/filosofia_34/erberson.pdf 
 
Marx 
A compreensão da essência humana no desenvolvimento histórico 
somente é possível através do trabalho e da história. A rigor, a construção da 
concepção de homem no modo de produção capitalista passa pela ideia da 
definição da divisão do trabalho e outros conceitos fundamentais. 
 
 
 
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O trabalho é categoria central na teoria marxista que o concebe para além 
do conceito econômico, ou seja, em uma perspectiva filosófica, como uma 
atividade vital, essencial e humana. Dessa forma, a humanidade no ser humano 
em sua relação com o mundo é construída com base no caráter finito e limitado 
da naturalidade humana que coloca o homem em uma situação de dependência 
do seu eu complementar, chamado por Marx de “corpo inorgânico”. Esse “corpo” 
refere-se ao mundo natural transformado pelo trabalho humano. 
Fonte: 
http://www.acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/168/3/01d09t02.pdf 
 
Rogers 
Foi um psicólogo norte-americano (falecido em 1987) que também deixou 
sua notável contribuição incluindo sua concepção de ser humano o que 
certamente demarcou e balizou sua pesquisa e prática psicológica. Vale 
destacar que o seu pensamento foi influenciado por muitos autores, a saber, 
Sócrates, Rousseau, Bergson e Kierkegaard. Apesar de ampla produção, o texto 
abaixo resume parte de sua conceituação acerca do ser humano: há, subjacente 
a todo o pensamento de Rogers, uma filosofia pessoal 40 que visa a essência 
cristã da pessoa. O valor fundamental é, para Rogers, a pessoa e o seu objetivo 
é ajudar outrem a aceder à pessoalidade, ao estatuto de pessoa. A pessoa – 
persona – não é o personagem; o homem não se define pelo seu papel social – 
isso é a máscara, a fachada, o esconderijo; o homem não é um ator que 
represente um papel (que, inclusivamente, pode não corresponder ao que ele 
realmente é) – quando muito, ele é esse papel. 
Fonte: http://www.ipv.pt/millenium/Millenium36/4.pdf 
 
 
 
 
 
 
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O pensamento filosófico da Grécia no período socrático estava 
direcionado a resolver os problemas da natureza (physis), havendo contradições 
dos naturalistas a respeito do princípio (arché) das coisas e na definição do ser, 
havendo propostas que de certa forma apresentavam problemas insolúveis 
como “o ser é uno, o ser é múltiplo; nada se move, tudo se move; nada se gera 
nem se destrói, tudo se gera e se destrói” (REALE, vol.I, 1990, p.87). Com um 
foco distinto de busca,Sócrates deixa de procurar a realidade das coisas e define 
como principal objetivo de sua procura a realidade última do homem (Melo e 
Naves, p.3.) 
 
E a Pedagogia? Já parou para pensar o ela tem a ver com a 
concepção do ser humano? 
 
A Pedagogia é uma das ciências que historicamente tem pontuado acerca 
desta concepção. E no contexto brasileiro, Paulo Freire é amplamente 
identificado com um dos maiores pedagogos de sua época, ao estabelecer um 
novo olhar sobre o sujeito, o qual não pode ser compreendido fora das relações 
com o mundo, uma vez que o mesmo é um “ser-em-situação”. Para Freire, o ser 
humano é ontologicamente chamado a desenvolver, nos limites de seu contexto 
histórico, suas potencialidades materiais e espirituais. 
 
“Em Paulo Freire, o ser humano historicamente situado (no mundo 
e com o mundo), ao se apresentar como ser de relações, mostra-
se perfectível, inacabado, em permanente devir. Impulsionado pela 
sua curiosidade, como caminheiro em busca de novas paisagens, 
vocacionado a ser mais. Graças ao seu potencial criativo, crítico-
propositivo, exercitado pelo trabalho transformador de si, do mundo 
e da história, em direção aos utópicos rumos da Liberdade, também 
cuida de tornar o seu cotidiano um mostruário do seu projeto, 
empenhando-se em que suas práticas sejam capazes de sinalizar 
o tipo de sociedade e de mundo que se acham comprometidos em 
construir. Eis aqui explícita sua inquietação de caráter ético, na 
medida em que trata de estabelecer critérios de conduta e de ação 
capazes de articular adequadamente seu pensar, seu sentir e seu 
agir” (Calado, 2001, p.24). 
 
 
Paulo Freire 
 
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Como você viu, o ser humano – objeto de estudo das ciências humanas 
– provoca divergências conceituais nas mais diversas escolas filosóficas, 
psicológicas e até teológicas. Apesar disso, é importante destacar que a maioria 
destes conceitos conversam entre si de alguma maneira, mesmo porque a 
ciência é fruto do encadeamento da pesquisa. 
 
Agora confira a explicação do professor Neir no material online! 
 
TEMA 5: A Bíblia e a humanidade 
Pode-se destacar muitas áreas do conhecimento científico que 
formularam teorias específicas acerca da concepção de ser humano. Contudo, 
aqui daremos uma atenção especial à Teologia, o que não deveria ser 
diferente, dada à relação que a disciplina Psicologia Pastoral tem com ela. 
Com base em alguns textos da Bíblia Sagrada é possível compreender o 
desenvolvimento teológico da concepção de ser humano. Inicialmente deve-se 
destacar que na concepção bíblica mais antiga, o corpo é a unidade constitutiva 
do ser humano – expressão na qual o sujeito se manifesta. O corpo na condição 
de estrutura constituinte fundamental do ser humano é considerado uma obra-
prima da criação divina. 
Levando em conta a concepção bíblica no Primeiro Testamento, é preciso 
destacar primordialmente dois textos, ambos em Gênesis. Veja: 
 
Gênesis 1.26,27 “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, 
conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as 
aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se 
move sobre a terra. E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o 
criou; macho e fêmea os criou”. 
 
 
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Este primeiro texto é considerado uma narrativa de natureza geral, mais 
ampla – especialmente em relação ao segundo texto. Além disso, o que fica 
realçado neste primeiro texto é fato de que o primeiro homem foi feito à imagem 
de Deus. A rigor, toda a Antropologia Bíblica tem sido construída historicamente 
com base nesta afirmação, mesmo que ao custo de muitos debates, afinal este 
é um dos assuntos considerados controvertidos no relato bíblico – obviamente 
não discutiremos o referido assunto neste Tema, por considera-lo inapropriado 
para a disciplina, além do que, outras disciplinas de natureza essencialmente 
bíblico-teológicas o fará. No entanto, inserimos uma breve explicação sobre a 
expressão divina: “nossa imagem, conforme a nossa semelhança” constante da 
Bíblia de Jerusalém: 
 
“‘Semelhança’ parece atenuar o sentido de ‘imagem’, excluindo a paridade. O 
termo concreto ‘imagem’ implica uma similitude física, como entre Adão e seu 
filho (5.3). Essa relação com Deus separa o homem dos animais. 
Supõe, também, uma similitude geral de natureza, mas o texto não diz em 
que precisamente consiste esta ‘imagem’ e esta ‘semelhança’. Ser à imagem e 
a semelhança salienta o fato de que, dotado de inteligência e de vontade, o 
homem pode entrar ativamente em relação com Deus. Mas para outros o 
homem seria à imagem de Deus porque recebe dele um poder sobre os outros 
seres vivos: inteligência, vontade, poder; o homem é pessoa. Prepara assim 
uma revelação mais alta: participação da natureza pela graça” (Bíblia de 
Jerusalém, 2012, p.34). 
 
E com a queda, o homem perdeu a imagem e semelhança de Deus? Acesse 
o link a seguir para saber: https://www.youtube.com/watch?v=tsjs4HpNtnU 
 
 
 
 
 
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O segundo texto, localizado em Gênesis 2.7 
“E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas 
narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente”, revela que na 
condição de obra das mãos de Deus fica evidente que o ser humano tem em si 
uma marca inevitável de sua própria finitude. O homem mortal criado pelo Deus 
imortal! A humanidade finita é criação da divindade infinita! Esse segundo texto 
evidencia o termo hebraico adam como uma unidade, um corpo modelado pelo 
próprio Deus por meio do pó do solo e animado pelo sopro de vida. “Temos 
aqui a essência da antropologia semítica, que concebe o ser humano em vida 
como uma grande unidade, corpo, lugar de encontro entre o divino e o terreno”. 
 
Também é importante fazer uma distinção importante aqui: a leitura do 
texto bíblico indica igualmente que os animais, em geral, são identificados como 
alma vivente segundo Gênesis 2.19: 
“Havendo, pois, o Senhor Deus formado da terra todo o animal do campo 
e toda a ave dos céus, os trouxe a Adão, para este ver como lhes chamaria; e 
tudo o que adão chamou a toda alma vivente, isso foi o seu nome”. 
Porém a continuidade da narrativa da criação distingue o ser humano dos 
demais animais, sobretudo pelo fato da humanidade ser dotada de natureza 
moral, conforme os versículos 15 a 17 do mesmo capítulo de Gênesis: “E 
tomou, pois, o Senhor Deus o homem e o pôs no jardim do Éden, para o lavrar 
e guardar. E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do 
jardim comerás livremente, mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela 
não comerás, porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás”. 
 
Então, a Antropologia Bíblica não situa o ser humano na mesma categoria 
dos animais pela clara distinção dos primeiros textos da narrativa bíblica acerca 
da criação divina. Isto é muito evidente! 
 
 
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Observe: além destes primeiros textos, evidentemente a Bíblia Sagrada está 
permeada de outros relatos que abordam sobre a concepção de ser humano 
ao longo da própria história da raça humana e do desenvolvimento do 
pensamento e estudo das ciências humanas. Sendo assim, faremos alusão a 
alguns destes textos para ampliar e aprofundar a compreensão da concepção 
de ser humano que a Bíblia e a Teologia apresentam. Diferentemente do 
Primeiro Testamento que vi o sujeito ligado à sua constituição terrena (formado 
do pó e ao pó retornaria), dando inclusive ênfase na velhicefarta vivida pela 
maioria dos patriarcas, o Segundo Testamento distingue o ser humano como o 
templo de Deus (a glória que no Antigo Testamento restringia-se a lugares 
sagrados agora habita a própria humanidade). O divino decide habitar o 
humano! 
Em suma: na concepção paulina, o corpo representa a totalidade da 
existência humana concreta e deve experimentar, portanto, aquilo que 
pareceria impossível – uma transformação que, sem destruí-lo, confere-lhe a 
qualidade de ser celeste. Está implícita nessa concepção a identificação do 
corpo do cristão com o corpo de Cristo, identificação que em algumas 
passagens chega a ser explícita (Rm 7,4; 1Cor 10,16s). Foi em um só corpo – 
o seu próprio corpo – que Cristo reconciliou os cristãos com o Pai em sua morte 
(Ef 2,16s; Cl 1,22). Assim, Cristo tornou a Igreja um só corpo – o seu próprio 
corpo – no qual habita um só espírito (Ef 4,4). 
Fonte: http://ciberteologia.paulinas.org.br/ciberteologia/wp-content/uploads/2009/12/03-
Corpo-uma-abordagem.pdf 
 
Além das diversas contribuições conceituais que as ciências humanas 
oferecem para o entendimento da concepção de ser humano, é com esta 
conceituação bíblico-teológica que a Psicologia Pastoral terá que lidar para o 
desenvolvimento de sua fundamentação teórica e sustentação para a práxis no 
acolhimento pessoal. 
O professor Neir fala um pouco sobre o nosso último tema de estudo, 
veja no material online! 
 
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Trocando ideias 
Leia a seguir o rodapé da Bíblia de Jerusalém e reflita: 
“‘Semelhança’ parece atenuar o sentido de ‘imagem’, excluindo a 
paridade. O termo concreto ‘imagem’ implica uma similitude física, 
como entre Adão e seu filho (5.3). Essa relação com Deus separa 
o homem dos animais. Além disso, supõe uma similitude geral de 
natureza, mas o texto não diz em que precisamente consiste esta 
‘imagem’ e esta ‘semelhança’. Ser à imagem e a semelhança 
salienta o fato de que, dotado de inteligência e de vontade, o 
homem pode entrar ativamente em relação com Deus. Mas para 
outros o homem seria à imagem de Deus porque recebe dele um 
poder sobre os outros seres vivos: inteligência, vontade, poder; o 
homem é pessoa. Prepara assim uma revelação mais alta: 
participação da natureza pela graça” (Bíblia de Jerusalém, 2012, 
p.34). 
 
Agora acesse o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e poste qual 
é o seu posicionamento quanto à nota de rodapé que você leu, sobre a análise 
do fato de o ser humano ser à imagem e conforme a semelhança divina. 
Fundamente sua posição. 
 
Na Prática 
Vamos testar os seus conhecimentos! 
Na concepção bíblica mais antiga, o corpo é a unidade constitutiva do ser 
humano – expressão na qual o sujeito se manifesta. 
 
 
Reflita sobre esta afirmação com base nos conteúdos que você estudou hoje! Depois, 
assista à sintetização com o professor Neir no material online! 
 
 
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Síntese 
Você chegou ao fim desta aula da disciplina Psicologia Pastoral. 
A proposta consistiu em que você pudesse ser introduzido inicialmente 
pela Psicologia numa visão geral e depois ter acesso à relação desta ciência 
com a disciplina em foco, Psicologia Pastoral. A partir do objeto e das diferentes 
concepções de ser humano por meio das várias áreas do conhecimento humano, 
você iniciou ou recordou o seu conhecimento sobre o fantástico mundo que 
permeia tanto a Psicologia quanto a Teologia. E esta relação teórico-prática é o 
contexto sobre o qual vai se desenvolver a disciplina Psicologia Pastoral também 
nas demais aulas. 
 
Chamada de vídeo com orientação para o aluno acessar o material on-line. 
 
 
 
 
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Referências 
 
Bíblia de Jerusalém. Nova Edição, Revista e Ampliada. São Paulo: 
Paulus, 2012. 
BOCK, Ana Mercês Bahia, FURTADO, Odair & TEIXEIRA, Maria de 
Lurdes Trassi. Psicologias: UmaIntrodução ao Estudo de Psicologia. 
São Paulo: Saraiva, 2002. 
CALADO, Alder Júlio Ferreira. Paulo Freire: Sua Visão de Mundo, de 
Homem e de Sociedade. Caruaru: FAFICA, 2001. 
COSTA, Samuel. Psicologias e Cristianismo. Rio de Janeiro: Editora 
SilvaCosta, 2006. 
COSTA, Samuel. Psicologia Pastoral. Rio de Janeiro: Editora 
SilvaCosta, 2005. 
FILHO, Paulo Penha de Souza & SCHALLENBERGER, Djoni. 
Psicologia Geral. Curitiba: Editora Unidade, 2010. 
OLIVEIRA, Roseli Margareta Kühnrich. (2004). Cuidando de Quem 
Cuida: Propostas de Poimênica aos Pastores e Pastoras no Contexto 
de Igrejas Evangélicas Brasileiras. Dissertação de Mestrado em 
Teologia, São Leopoldo, Escola Superior de Teologia. 
 
http://catolicaonline.com.br/revistadacatolica2/artigosv3n5/artigo12.pdf 
http://ciberteologia.paulinas.org.br/ciberteologia/wp-
content/uploads/2009/12/03-Corpo-uma-abordagem.pdf 
https://psicologadrumond.files.wordpress.com/2013/08/tornar-se-
pessoa-carl-rogers.pdf 
http://revistapandorabrasil.com/revista_pandora/filosofia_34/erberson.
pdf 
http://www.acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/168/3/01d09t0
2.pdf 
 
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http://www.entrenacoes.com.br/Download/eBooks/%C3%89%20Proibi
do%20-
%20O%20Que%20a%20B%C3%ADblia%20Permite%20e%20a%20I
greja%20Pro%C3%ADbe%20(Ricardo%20Gondim).pdf 
http://www.ipv.pt/millenium/Millenium36/4.pdf 
http://www.marceloquirino.com/2007/06/fundamentos-do-
aconselhamento.html 
http://www.paulofreire.org/ 
http://www.scielo.br/pdf/epsic/v9n1/22377.pdf 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
65642004000200010&lng=pt&nrm=iso 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
294X2004000100003&lng=pt&nrm=iso 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983-
80422015000300615&lng=pt&nrm=iso

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