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APOSTILA LIBRAS BÁSICO 2016

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO AMAZONAS 
 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA 
LIBRAS APLICADA A EDUCAÇÃO FÍSICA 
(PROFESSORES MARIA DAS GRAÇAS ABRAHIM E KEEGAN BEZERRA 
PONCE) 
 
 
 
 
 
 
Manaus 2016 
 
 
 
 
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Sumário 
 
Aula 01 - História, identidade e cultura surda 05 
01.1 Representações mascaradas das identidades surdas 05 
01.2 Comunidade Surda no Brasil 12 
Aula 02- Educação de Surdos: 16 
 02.1 Nomenclatura na área da surdez 16 
 02.2Abordagens que influenciaram na educação de Surdos: 23 
Oralismo, Comunicação Total e Bilinguismo 
02.3Fique atento a terminologia 24 
Aula 03- Libras básico 25 
 03.1 História da Libras 25 
 03.2 O reconhecimento da Língua de Sinais 27 
 03.3Abordagens da Educação de Surdos 30 
03.4bilinguismo: reconhecendo a diferença linguística e cultural 31 
Aula 04 – Libras básico 36 
 04.1 Sistema de Transcrição 
 04.2 Classificadores de formas 
Aula 05 – Libras básico 59 
 05.1 Libras na prática 
 05.2 situações do cotidiano (sinais e diálogos) 
Aula 06 - O desporto de Surdos 93 
Aula 07 - Libras aplicada a Educação física 
Referências Bibliográficas 104 
 
 
 
 
 
 
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Karin Lilian Ströbel* 
Nós éramos chamados de surdos-mudos, mudos, 
objetos de piedade, surdos e estúpidos, dos semimudos, 
objetos de uso e agora, ouvidos danificados. Nós 
éramos descritos como “um dos filhos dos homens mal 
compreendidos entre os filhos do homem” 
Alguns de nós são surdos e alguns de nós são Surdos. 
Alguns de nós usamos a Língua de Sinais Americana 
e alguns de nós não. 
A nossa presença não é revelada e a maior parte da 
história é desconhecida. 
Esta é a história americana... Através dos “olhos” 
surdos. 
Jack R. Gannon 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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AULA 01 – História, Identidade e Cultura Surda 
 01.1 - História dos surdos: representações “mascaradas” das identidades 
surdas 
Este artigo analisa as identidades e representações do surdo produzidas na história de 
surdos e estabelece relações entre os discursos ouvintistas e os discursos do povo surdo. 
Existe um tipo de “jogo de espelhos” nas representações do surdo que forma redes de 
forças e estratégias de poderes de ambos os lados, e se refere às práticas dos sujeitos 
famosos, sobre as suas percepções cotidianas nos vestígios históricos da sociedade, 
envolvendo identidades surdas camufladas, isto é, mascaradas. 
Estes seres famosos são sujeitos conhecidos através de vários discursos oficiais por 
meio de feitos que marcaram a história da humanidade, por exemplo, a invenção da luz, 
em performances nos cinemas e televisões, participação na política e outros. No entanto, 
estes registros nada referem a respeito de que estes mesmos famosos são surdos. 
Faço uma reflexão sobre o porquê e de como se dá esta representação exonerada 
edisfarçada da identidade surda dos discursos oficiais, tais como os registros históricos 
em vários livros, enciclopédias, jornais, artigos, etc. nas atividades e vidas de sujeitos 
famosos no seu cotidiano. 
As representações sociais, de modo geral, analisam a forma discursiva da linguagem na 
qual se estimulam as identidades imaginárias, isto é, sendo concebidos como seres 
ouvintes, emuma dimensão histórica, no contexto agradável e aceitável para a 
sociedade. 
Sobre a representação, PESAVENTO diz: 
 A força das representações se dá não pelo seu valor de verdade, ou seja, o da 
correspondência dos discursos e das imagens com o real, mesmo que a representação 
comporte a exibição de elementos evocadores e miméticos. Tal pressuposto implica 
eliminar do campo de análise a tradicional clivagem entre real e não real, uma vez que a 
representação tem a capacidade de se substituir à realidade querepresenta, construindo o 
mundo paralelo de sinais no qual as pessoas vivem. (2005, p.41) 
Nas representações diferenciadas acerca de surdos que se destacaram e tiveram 
influências ao longo da história, cada sujeito surdo torna-se participante obrigatório em 
 
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umacompetição que vai determinar se vai ser estereotipado ou não, porque se não 
“falar” ou “ouvir” como o esperado pela sociedade, poderá ser definido como possuidor 
de uma incapacidade ou de incompetência, como explica Grigorenko (apud STERNB 
ERG e GRIGO RENKO): “Rotular alguém como possuidor de uma aptidão ou de 
dificuldade de aprendizagem é o resultado de uma interação entre o indivíduo e a 
sociedade em que ele vive” (2003, p.16). 
LANE (1992) comenta que o povo ouvinte, quando questiona “quem são os surdos”, 
levanta algumas suposições sobre as representações dos mesmos através de leituras 
restringidas sobre o mundo de surdos. Não tendo onde se basear, podem ocorrer 
algumassuposições distorcidas e errôneas. Também explica WRIGLEY “(...) Se 
usarmos o modelo médico do corpo, herdado do século XIX, a surdez é comumente 
vista como uma simples ‘condição’” (1996, p.11). 
(...) na realidade, os membros da comunidade dos surdosamericanos não são 
tipicamente isolados, incomunicáveis,desprovidos de inteligência, não tem 
comportamentos decriança, nem são necessitados, não lhes falta “nada”, aocontrário do 
que poderíamos imaginar. Então porque razãopensamos que lhes falta tudo? Estes 
pensamentos incorretossurgem do nosso egocentrismo. Ao imaginar como é a surdez,eu 
imagino o meu mundo sem som – um pensamentoaterrorizador e que se ajusta 
razoavelmente ao estereótipoque projetamos para os membros da comunidade dos 
surdos(...) (LANE, 1992, p.26) 
A sociedade não conhece nada sobre povo surdo e, na maioriadas vezes, fica com receio 
e apreensiva, sem saber como se relacionarcom os sujeitos surdos, ou tratam-nos de 
forma paternal,como “coitadinhos”, “que pena”, ou lida como se tivessem “umadoença 
contagiosa” ou de forma preconceituosa e outros estereótiposcausados pela falta de 
conhecimento. Faço menção de umacontecimento na infância de uma surda: 
Os meus colegas não me aceitavam porque tinham receioque a surdez pegasse como 
uma doença contagiosa, elestinham medo de falar comigo, achando que eu não 
iriacompreender, sempre que estava na fila por ordem de chegada,às vezes a primeira, 
por morar próximo à escola, elesme puxavam pelos meus longos cabelos negros que 
estavamtrançados como uma índia, me arrastavam e colocavamcomo última da fila; sem 
entender muito bem, eu aceitavaas imposições. (VILHALVA, 2001, p.19)O povo 
ouvinte, por falta de acesso a informações, nomeiaerroneamente as representações de 
surdos, como relata a experiênciade Carol, surda: 
 
 7
Como acontece com muita gente hoje em dia, ao se depararemcom um surdo, ficam 
com impressão de sermosdiferentes delas. Pois elas não conhecem profundamente 
ossurdos, como também nunca tiveram oportunidade paratrocarem umas palavrinhas 
com os surdos, por isso que naprimeira vez que nos vêem, precipitam-se tomando-
nospor estranhos, tratando-nos de outro modo (...), digo quetive um pouco dessa culpa, 
porque em vez de reagir, deixeique eles me tomassem por estranha (...) se não fosse por 
isto,não teria tomado conhecimento das palavras: “preconceito”e “marginalização”, nem 
mesmo das dificuldades que nóssurdos passamos no dia-a-dia. (Ströbel, 2006, p.34) 
De acordo com LANE “(...) porque a linguagem e a inteligênciaestão muito interligadas, 
quando tentamos classificar umapessoa (...), a surdez surge como deficiência do 
intelecto. (..) O“mudo” do “surdo e mudo” surge não só para fazer referência àmudez, 
como também à fraqueza da mente”. (1992, p.24). 
Temos as variações de representações no decorrer de históriade surdos e ao lado destas 
representações, baseadas nos discursosouvintistas, encontramos os vários estereótipos 
negativos acercade surdos, tais como o mudo, deficiente,anormal, doente eoutros. 
Talvez, a mais “sofrida” de todas as representações no decorrerda história dos surdos é a 
de “modelar” os surdos a partir dasrepresentações ouvintes. WRIGLEY reflete sobre 
esta afirmação:“(...) para o oralista, convencionalização tem o objetivo mais amplo:as 
crianças surdas “passarão” por ouvintes, tornando-se assim“aceitáveis” como pessoas 
que parecem ouvir” (1996, p.47). Estarepresentação ouvintista ainda está presente 
atualmente, muitasvezes a sociedade quer que os surdos sejam “curados”, direcionando-
os para a ilusão da esperança da “normalização”. 
Relata uma surda:O ortofonista nos havia dito para não nos inquietarmosporque você 
iria falar. Deu-nos uma esperança. Com reeducaçãoe os aparelhos auditivos, você se 
tornaria uma ouvinte.Atrasada, certamente, mas você chegaria lá. Esperávamostambém, 
mas era completamente ilógico que você um diafosse, por fim, escutar. Como uma 
mágica. Era tão difícilaceitar que você havia nascido em um mundo diferente donosso. 
(1994, p.24) 
Voltando a Wrigley, ele explica que a política ouvintista predominouhistoricamente 
dentro do modelo clínico e demonstraas táticas de caráter reparador e corretivo da 
surdez, considerado-a como defeito e doença, sendo necessários tratamentos 
para“normalizá-la”: 
 
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(...) surdos são pessoas que ouvem com ouvidos defeituosos.Se pudéssemos consertar os 
ouvidos, eles estariamouvindo. Esta lógica comum na verdade é comum, 
masnãonecessariamente lógica. 
Os negros são pessoas brancasque possuem pele escura. Se pudéssemos consertar a 
pele,eles seriam brancos. As mulheres são homens com genitáriaerrada...; e por aí vai. 
Essas transposições cruas revelamum tecido social de práticas pelas quais nós sabemos 
quaisidentidades são tanto disponíveis quanto aceitáveis. (WRIGLEY,1996, p.71) 
MOSCO VICI analisa a representação social como uma“formação de um outro tipo de 
conhecimento adaptado a outrasnecessidades, obedecendo a outros critérios, num 
contexto socialpreciso” (1978, p. 24). Para este autor, as “representações sociais”se 
formam principalmente quando as pessoas estão expostas àsinstituições, aos meios de 
comunicação de massa e à herançahistórico-cultural da sociedade. 
A trajetória histórica dos surdos faz referência a atendimentossobre como as 
representaçõesos surdos seguem um padrão porparte dos educadores, médicos, 
fonoaudiólogos, entre outros,que atuam com estes sujeitos. 
Como diz PERLIN, em sua tese de doutorado,(...) discurso constituído tem sua 
historicidade, teve seusinícios diretamente com os profissionais que 
trabalharamdiretamente com os surdos. Os profissionais se apresentaramem campos 
distintos: escola e clínica. As representaçõespara os surdos na escola e na clínica foram 
produzidas emarticulações discursivas que os representam, nomeiam,definem, limitam, 
explicam, normalizam e mesmo alteramsua identidade. ( 2003, pg 38) 
Neste discurso,o sujeito surdo, para estar bem integrado àsociedade, deveria aprender a 
falar, porque somente assim poderiaviver “normalmente”. Se não conseguir, é 
considerado “desvio”,como ressalta LOPES: 
Os movimentos de educar e de normalizar as pessoas surdaseram feitos pela escola 
deslocando da representação de invalidezas alunas surdas para uma outra representação 
quetrazia rupturas para o projeto definido pela modernidade delugares destinados às 
diferenças tidas como problemáticas.(2004, p.41) 
Com isto, brotou a necessidade de aperfeiçoar a “qualidadede vida” dos sujeitos surdos, 
realçada pelos princípios que norteiama inclusão e a “normalização” e pela evolução do 
conceitode promoção de saúde. Por exemplo, estimular para que ossujeitos surdos 
 
 9
aprendam a falar e a ouvir, fazendo com queaparentem ser “ouvintes”, isto é, usarem 
identidade mascarada de“ouvintes”, tendo a surdez fingida ou negada. Cito o exemplo 
dofamoso inventor do telefone, Alexander Graham Bell, cuja mãee sua esposa eram 
surdas. Segundo SAC KS(1990), elas tinham aidentidade da surdez negada. 
Sabe-se que, de modo geral, a representação social respinga aaversão ou vem de forma 
“paternalista” sobre quem é “deficiente”.Houve um tempo em que o sujeito surdo era 
tratado como um ser“doente” ou “anormal” e “defeituoso” (LAN E: 1990, p. 479). 
LANE esclarece, a respeito das representações dos surdos, quea surdez não é um 
privilégio para a sociedade, porque os surdosnão podem apreciar músicas, nem 
participar de uma conversa, nãoouvem anúncios ou utilizam o telefone; “o sujeito surdo 
anda àtoa, parece que está numa redoma; existe uma barreira entre nós,por isto o surdo 
está isolado” (1992, p.23). 
Esta visão ouvintista incapacita o sujeito surdo e não respeitaa sua língua de sinais e sua 
cultura. A falta de audição tem umimpacto enorme para a comunidade ouvinte, que 
estereotipa ossurdos como “deficientes”, pois a fala e audição desempenham opapel de 
destaque na vida “normal” desta sociedade. 
O povo surdo tem a cultura surda, que é representada pelo seumundo visual. No entanto, 
a sociedade em geral não a conhecee por isso nada deve ser dito sobre ela. Para 
representação socialprecisamos nos submeter à cultura do colonizador, neste caso 
acultura ouvinte, na forma de como ela é. Segundo a sociedadecolonizadora, nascemos 
num mundo que já existia antes de depararcom a existência de povo surdo, e deste 
modo, devemos nos adaptar a este mundo e aprender com ele. 
Esse mundo colonizador sobreviverá com a nossa estadia, sendo só permitido ao 
povosurdo o esforço na tentativa de se igualar aos colonizadores, istoé, aos sujeitos 
ouvintes, procurando agradar a sociedade usandoas identidades mascaradas. 
A representação está associada à identidade pessoal decada sujeito, assim como afirma 
SILVA: “(...) a representaçãoconcentra-se em sua expressão material como 
‘significante’: umtexto, uma pintura, um filme, uma fotografia. (...) as conexõesentre 
identidade cultural e representação, com base no pressupostode que não existe 
identidade fora da representação.”(2000-a, p.97). 
 
 10
A aceitação do termo surdo como mais apropriado (...)representa também uma tentativa 
de minimizar o processode estigmatização dessas pessoas, (...) através do qual a 
audiênciareduz o indivíduo ao atributo gerador do descréditosocial. A expressão surdo, 
como vem sendo empregada, temfavorecido identificar a pessoa como diferente, sendo 
estadiferença particularizada por ser decisiva para o desempenho.(DORZIAT, 2002,p.2) 
SILVA afirma que a identidade e a diferença estão estreitamenteconectadas aos 
sistemas de significação no qual é um significadocultural e socialmente atribuído. A 
identidade e a diferença estãoestreitamente condicionadas à representação, que dá o 
poder dedefinir e determiná-las: “(...) é por isto que a representação ocupaum lugar tão 
central na teorização contemporânea sobre identidadee nos movimentos sociais à 
identidade” (2005, p.91). 
Antigamente, os sujeitos surdos eram aprisionados pela representaçãosocial com muitos 
estereótipos negativos, como foi vistoacima. Entretanto, no presente, aprisionamo-nos 
para tentar nosafastar deles, construindo cada vez mais o respeito pela culturasurda 
através da construção de identidades surdas. 
 
Representação social Representação de povo surdo 
Deficiente “Ser surdo” 
A surdez é deficiência na audição ena fala Ser surdo é uma experiência visual 
A educação dos surdos deve ter um 
caráter clínico-terapêutico e de 
reabilitação 
A educação dos surdos deve terrespeito 
pela diferença linguística cultural 
Surdos são categorizados em grausde 
audição: leves, moderados,severos e 
profundos 
As identidades surdas são múltiplas 
e multifacetadas 
A língua de sinais é prejudicial aos surdos A língua de sinais é a manifestação da 
diferença lingüística relativa aos povos 
surdos. 
Antigamente, os sujeitos surdos eramaprisionados pela representaçãosocial com muitos 
estereótipos negativos, como foi vistoacima. Entretanto, no presente, aprisionamo-nos 
para tentar nosafastar deles, construindo cada vez mais o respeito pela culturasurda 
 
 11
através da construção de identidades surdas.O povo surdo cresceu a tal ponto que já não 
é mais possível“tampar o sol com a peneira”, como assegura MCCLEARY sobreo povo 
surdo: 
(...) não é só o orgulho que eles têm da sua língua e da suacultura. É o próprio orgulho 
de ser surdo, (...) diga paraum ouvinte “Eu tenho orgulho de usar a língua de 
sinaisbrasileira”. Qual pode ser a reação dele? Ele pode pensar,“Sim, claro! Os gestos 
são muito bonitos e expressivos!” 
Mas não é por isso que você tem orgulho! Você tem orgulhoporque quando você usa a 
língua de sinais, você pode sersurdo e feliz ao mesmo tempo. (2003, p.1)Os povos 
surdos não são obrigados a ter a normalidade. A máscaranão esconde o ser que é o 
surdo, o ser surdo que é humano...Quando a sociedade deixa o surdo ser ele mesmo, 
carece tirar asmáscaras e assim chega o momento de o povo surdo enfrentar aprática 
ouvintista, resgatar-se e transformar-se no que é de direito:partes de nós mesmos, de 
termos orgulho de ser surdo! 
MCCLEARY (2003) alega que o orgulho de ter identidadesurda é um ato político. É 
porque o sujeito surdo começa a agitaro mundo do ouvinte. O ouvinte começa a ter 
menos controlesobre o povo surdo. 
O povo surdo se auto-identifica como “surdo” que forma umgrupo com características 
lingüísticas, cognitivas e culturais específicas,sendo considerado como diferença. 
Refletem PERLIN EMIRANDA “(...) ser surdo, a diferença que vai desde o ser 
líderativo nos movimentos e embates que envolvem uma determinadafunção ativa, até 
daqueles outros que iniciam contatos nos contornosde fronteiras9” (2003, p.217). 
Concluindo, a representação “surda” tem procurado abrirum espaço igualitário para o 
povo surdo, procurando respeitarsuas identidades e sua legitimação como grupo com 
diferencial linguístico e cultural. 
FERNANDES (1998) descreve o comoventemomento especialde povo surdo:(...) 
resistindo às pressões da concepção etnocêntrica dosouvintes, organizou-se em todo o 
mundo e levantou bandeirasem defesa de uma língua e cultura próprias, voltandoa 
protagonizar sua história. A princípio, as mudanças iniciaisvêm sendo percebidas no 
espaço educacional, através de alternativasmetodológicas que transformam em realidade 
o direitodo surdo de ser educado em sua língua natural. (p.21) 
 
 12
Os povos surdos estão cada vez mais motivados pela valorizaçãode suas “diferenças” e 
assim respiram com mais orgulho ariqueza de suas condições culturais e temos orgulho 
de sermossimplesmente autênticos “surdos”! 
Sou surdo! O meu jeito de ser já marca a diferença! Nesteponto devia começar a 
dissertação. Ser surdo, viver nasdiferentes comunidades dos surdos, conhecer a cultura,a 
língua, a história e a representação que atua simbolicamentedistinguindo a nós surdos e 
à comunidade surda éuma marcação para sustentar o tema em questão. A idéiade 
comunidade surda contestada e continuamente sendoreconstituída, particularmente 
diante da diferença defendidapor poucos surdos e ouvintes de extrema esquerda, 
seapresenta mais como uma ameaça à representação do outrosurdo. (MIRANDA, 
2001,p.8) 
01.2 Comunidade Surda do Brasil 
Comunidade e Cultura Surda do Brasil 
As comunidades surdas estão espalhadas pelo país, e como o Brasil é muito grande e 
diversificado, as pessoas possuem diferenças regionais em relação a hábitos alimentares, 
vestuários e situação socioeconômica, entre outras. Estes fatores geraram também 
algumas variações linguísticas regionais. 
As escolas de surdos, de surdos, mesmo sem uma proposta bilíngue (língua portuguesa 
e língua de sinais), propiciam o encontro do surdo com outro surdo, favorecendo que as 
crianças, jovens e adultos possam adquirir e usar a LIBRAS. Em muitas escolas de 
surdos há vários professores que já sabem ou estão aprendendo com “professores 
surdos” a língua de sinais, além de oferecer cursos também para os pais destas crianças. 
Cultura surda é o jeito de o sujeito surdo entender o mundo e de modificá-lo a fim de se 
torná-lo acessível e habitável ajustando-os com as suas percepções visuais, que 
contribuem para a definição das identidades surdas e das “almas” das comunidades 
surdas. Isto significa que abrange a língua, as idéias, as crenças, os costumes e os 
hábitos de povo surdo. Descreve a pesquisadora surda: 
[...] As identidades surdas são construídas dentro das representações possíveis da 
cultura surda, elas moldam-se de acordo com maior ou menor receptividade cultural 
assumida pelo sujeito. E dentro dessa receptividade cultural, também surge aquela luta 
política ou consciência oposicional pela qual o individuo representa a si mesmo, se 
 
 13
defende da homogeneização, dos aspectos que o tornam corpo menos habitável, da 
sensação de invalidez, de inclusão entre os deficientes, de menos valia social.(PERLIN, 
2004, p. 77-78) 
Fonte: STROBEL, Karin. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis. 
Editora UFSC. 2008. (p.24) 
Continuando com os mesmos autores, Padden e Humphires (2000, p. n5) estabeleceram 
uma diferença entre cultura e comunidade: 
[...] uma cultura é um conjunto de comportamentos apreendidos de um grupo de pessoas 
que possuem sua própria língua, valores, regras de comportamento e tradições; uma 
comunidade é um sistema social geral, no qual um grupo de pessoas vivem juntas, 
compartilham metas comuns e partilham certas responsabilidades umas com as outras. 
Fonte: STROBEL, Karin. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis. 
Editora UFSC. 2008. (p.30-31) 
Então entendermos que a comunidade surda de fato não é só de sujeitos surdos, há 
também sujeitos ouvintes – membros de família, intérpretes, professores, amigos e 
outros – que participam em compartilham os mesmos interesses em comuns em uma 
determinada localização. 
Fonte: STROBEL, Karin. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis. 
Editora UFSC. 2008. (p.31) 
 
A Fita Azul 
Tornou-se parte da cultura surda usar uma fita azul 
Sentimento azul? Celebrem! Com todas as fitas, alfinetes, pulseiras e Camisetas. 
- Uma conhecida fita azul representa um motivo: ela engloba uma história, uma cultura, 
uma língua, um povo. 
- A fita azul representa a opressão enfrentada pelas pessoas surdas ao longo da história. 
- Hoje em dia ela representa as suas silenciosas vozes em um mar de línguas faladas. 
 
 14
- A fita azul foi introduzida em Brisbane, na Austrália, em julho de 1999, no Congresso 
Mundial da Federação Mundial de Surdos. Durante o evento foi feita a sensibilização da 
luta dos Surdos e suas famílias ouvintes, através dos tempos. 
- A cor azul foi escolhida para representar "O Orgulho Surdo", para homenagear todos 
os que morreram depois de serem classificados como "surdo" durante o reinado da 
Alemanha nazista. 
-Ao recordarmos a opressão dos Surdos no passado e hoje, está se tornando claro para 
um número maior de pessoas que os Surdos podem fazer qualquer coisa, exceto ouvir. 
- Aqueles que usam a fita azul têm orgulho em mostrar um pouco de sua própria 
cultura: A Cultura surda. 
Surdez não é uma deficiência, mas uma cultura. 
FONTE: 
http://www.fcee.sc.gov.br/index.php?option=com_docman&task=doc_view&gid=274&
Itemid=176 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Outra orgulhosa conquista feita pelo povo surdo é a comemoração de seu dia, o “Dia do 
Surdo”. Esta data é comemorada em muitos países, na maioria no mês de setembro com 
variação de dias. Aqui no Brasil comemoramos o Dia do Surdo em 26 de setembro, 
 
 15
porque nesta data foi um marco histórico importante – foi fundada a primeira escola de 
surdos noBrasil1 . Nesta data o povo surdo comemora com muito orgulho tendo sua 
cidadania reconhecida sem precisar se esconder embaixo de braços de sujeitos 
ouvintistas, assim como reforça a Lopes (2000, p.11): 
O dia do Surdo tem um significado simbólico muito importante. Ele representa o 
reconhecimento de todo um movimento que teve inicio há poucos anos no Brasil 
quando o Surdo passou a lutar pelo direito de ter sua língua e sua cultura reconhecidas 
como uma língua e uma cultura de um grupo minoritário e não de um grupo de 
“deficientes”. 
Fonte: STROBEL, Karin. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis. 
Editora UFSC. 2008. (p.75-76) 
Foi fundada a primeira escola de surdos no Brasil, o atual INES – Instituto Nacional de 
Educação dos Surdos, em Rio de Janeiro no dia 26 de setembro de 1857 pelo prof. 
Francês surdo Eduard Huet. 
Os defensores da língua de sinais para os povos surdos asseguram que é na posse desta 
língua que o sujeito surdo construirá a identidade surda, já que ele não é sujeito ouvinte. 
A maioria das narrativas tem como base a idéia de que a identidade surda está 
relacionada a uma questão de uso da língua. 
Fonte: STROBEL, Karin. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis. 
Editora UFSC. 2008. (p.89) 
 Antes a história cultural dos povos surdos não era reconhecida, os sujeitos surdos eram 
vistos como deficientes, anormais, doentes ou marginais. Somente depois do 
reconhecimento da língua de sinais, das identidades surdas e, na percepção da 
construção de subjetividade, motivada pelos Estudos Culturais, é que começaram a 
ganhar força as consciências político-culturais. Em determinados momentos, quando a 
luta por posições de poder ou pela imposição de idéias revela o manifesto política 
cultural dos povos surdos. 
Fonte: STROBEL, Karin. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis. 
Editora UFSC. 2008. (p.90) 
“A LEITURA DO MUNDO PRECEDE A LEITURA DA PALAVRA” Paulo 
Freire 
 
 16
AULA02– Educação de Surdos 
02.1 -Nomenclatura na área da surdez 
Romeu KazumiSassaki 
Texto retirado do endereço 
http://www.mj.gov.br/sedh/ct/corde/dpdh/sicorde/Nomenclatura%20na%20%C3%A1re
a%20da%20surdez.doc 
 
Quanto à pessoa do surdo 
Como chamaremos esta pessoa? Como nos referiremos a ela? 
Surda? 
Pessoa surda? 
Deficiente auditiva? 
Pessoa com deficiência auditiva? 
Portadora de deficiência auditiva? 
Pessoa portadora de deficiência auditiva? 
Portadora de surdez? 
Pessoa portadora de surdez? 
Em primeiro lugar, vamos parar de dizer ou escrever a palavra “portadora” (como 
substantivo e como adjetivo). A condição de ter uma deficiência faz parte dapessoa e 
esta pessoa não porta sua deficiência. Ela tem uma deficiência. Tanto o verbo “portar” 
como o substantivo ou adjetivo “portadora” não se aplicam a uma condição inata ou 
adquirida que está presente na pessoa. 
Uma pessoa só porta algo que ela possa não portar, deliberada ou casualmente. Por 
exemplo, uma pessoa pode portar um guarda-chuva se houver necessidade e deixá-lo 
em algum lugar por esquecimento ou por assim decidir. Não se pode fazer isto com uma 
deficiência, é claro. 
 
 17
Um outro motivo para descartarmos as palavras “portar” e “portadora” decorre da 
universalização do conhecimento pela internet, processo este que está nos conectando 
em tempo real com o mundo inteiro. Assim, por exemplo, ficamos sabendo que em 
todos os lugares do mundo as pessoas com deficiência desejam ser chamadas pelo nome 
equivalente, em cada idioma, ao termo “pessoas com deficiência”. Exemplos: 
personswith a disabilityou peoplewithdisabilities(em países onde se fala a língua 
inglesa). 
personascondiscapacidad(em países de fala espanhola). 
pessoa com deficiência (No Brasil, em Portugal e em outros países onde se fala a língua 
portuguesa). 
Por extensão, naqueles países fala-se e escreve-se assim: 
persons with a hearing impairment, persons with deafness, deaf people. 
personasconsordera, personas condiscapacidad auditiva, personas sordas. 
pessoas com deficiência auditiva, pessoas com surdez, pessoas surdas. 
Em outros países não se usa uma palavra equivalente a “portadora de” para sereferir à 
pessoa com deficiência. Já aconteceu em mais de uma ocasião um fato lamentável se 
não cômico. Brasileiros vertendo para o inglês um texto de palestra, lei ou livro escrito 
em português, cometeram a seguinte barbaridade: 
carriers of disabilities. 
persons carrying a disability. 
Entenda-se: “carriersof” e “carrying” seriam a versão inglesa de “portadores de” e 
“que portam”, respectivamente. Quando os americanos leram o texto assim vertido para 
oinglês, eles não entenderam por qual motivo as pessoas eram portadoras (carregadoras) 
dedeficiência.ou por qual razão elas estavam portando (carregando) uma deficiência. 
Resolvido o problema dos termos “portar” e “portadora de”, passemos à deficiência 
em si. Todos conhecem o fato de que alguns surdos não gostam de ser 
consideradosdeficientes auditivos e o fato de que algumas pessoas deficientes auditivas 
 
 18
não gostam deser consideradas surdas. Também existem pessoas surdas ou com 
deficiência auditiva quesão indiferentes quanto a serem consideradas surdas ou 
deficientes auditivas. 
A origem dessa diversidade de preferências está no grau da audição afetada.No plano 
pessoal, a decisão quanto a usar o termo “pessoa com deficiência auditiva”ou os termos 
“pessoa surda” e ”surda”, fica por conta de cada pessoa. Geralmente, pessoascom perda 
parcial da audição referem-se a si mesmas com tendo uma deficiência auditiva.Já as que 
têm perda total da audição preferem ser consideradas surdas. 
Tecnicamente, considera-se que a deficiência auditiva é a “perda parcial ou 
totalbilateral, de 25 (vinte e cinco) decibéis (db) ou mais, resultante da média aritmética 
doaudiograma, aferida nas freqüências de 500HZ, 1.000HZ, 2.000Hz e 3.000Hz” (art. 
3º,Resolução nº 17, de 8/10/03, do Conade – Conselho Nacional dos Direitos da 
PessoaPortadora de Deficiência). Esta resolução alterou o art. 4º do Decreto nº 
3.298/99, por causado “inadequado dimensionamento das deficiências auditiva e visual” 
estabelecido nessedecreto federal. Em 2/12/04, o Decreto nº 5.296, de 2/12/04, alterou o 
art. 4º do citadoDecreto nº 3.298, passando de 25 decibéis para 41 decibéis, obedecendo 
a Resolução doConade, conforme segue: 
Art. 70. O art. 4o do Decreto no 3.298, de 20 de dezembro de 1999, passavigorar com as 
seguintes alterações:"Art. 4o (...), II - deficiência auditiva - perda bilateral, parcial ou 
total, dequarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nasfreqüências de 
500HZ, 1.000HZ, 2.000Hz e 3.000Hz”. 
Mas no plano formal, estatístico, convencionou-se mundialmente adotar a seguinte 
classificação; 
deficiência física 
deficiência intelectual 
deficiência auditiva 
deficiência visual 
deficiência múltipla 
 
 19
Por esta classificação, entendemos que, não obstante tenha a “deficiência auditiva” 
omesmo significado de “surdez”, ficaria confuso trocar apenas esses dois termos um 
pelooutro. O mesmo acontece com “deficiência visual” e “cegueira”. Se a troca fosse 
feita, aclassificação das deficiências ficaria, por exemplo, assim: 
deficiência física 
deficiência intelectual 
surdez 
cegueira 
deficiência múltipla 
Nada justifica especificarmos a surdez e a cegueira, se não especificarmos cada umdos 
inúmeros tipos de deficiência física e de deficiência múltipla, além de cada um 
dosvariados tipos de apoio dos quais dependem as pessoas com deficiência intelectual 
(nãomais classificada em leve, moderada, severa e profunda, a partir de 1992). 
Concluindo, devemos utilizar criteriosamente cada um dos termos. Num contexto 
formal, estatístico, falaremos em pessoas com deficiência auditiva referindo-nosao 
grupocomo um todo, especificando ou não os graus de perda auditiva e a quantidade de 
pessoasexistentes em cada nível de surdez. E, em situações pessoais, informais, 
coloquiais,diremos e escreveremos surdos, pessoas surdas, comunidade surda, 
comunidade dossurdos, quantidade de pessoas por nível de surdez, comunicação entre 
os surdos,comunicação com os surdos, comunicação dos surdos, os sinais que os surdos 
utilizam etc. 
Quanto à língua de sinais 
Quais são os termos corretos? 
linguagem de sinais? 
Linguagem Brasileira de Sinais? 
língua de sinais? 
língua dos sinais? 
 
 20
Língua Brasileira de Sinais? 
Língua de Sinais Brasileira? 
Libras? 
LIBRAS? 
Em primeiro lugar, trata-se de uma língua e não de uma linguagem. Assim, ficam 
descartados os termos “linguagem de sinais” e “Linguagem Brasileira de Sinais”. De 
acordocom Fernando Capovilla, “Língua define um povo. Linguagem, um indivíduo. 
Assim, domesmo modo como o povo brasileiro é definido por uma língua ou idioma 
em comum, oPortuguês (que o distingue dos povos de todos os países com os quais o 
nosso fazfronteira), a comunidade surda brasileira é definida por uma língua em 
comum, a Língua deSinais Brasileira. Assim, em Psicologia e Educação, quando 
falamos em desenvolvimentoda linguagem (quer oral, escrita ou de sinais) e em 
distúrbios da linguagem (e.g., afasias,alexias, agrafias), estamos nos referindo ao nível 
do indivíduo”. (Capovilla, comunicaçãopessoal, em 8/6/01) 
Em segundo lugar, o correto é “língua de sinais” porque se trata de uma língua vivae, 
portanto, a quantidade de sinais está em aberto, podendo ser acrescentados novossinais. 
Quando se diz “língua dos sinais”, fica implícito que a quantidade de sinais já 
estáfechada. 
Em terceiro lugar, o nome correto é “Língua de Sinais Brasileira” (ou “Língua desinais 
brasileira”), pois Língua Brasileira não existe. O termo “língua de sinais” constitui 
umaunidade vocabular, ou seja, funciona como se as três palavras (língua, de e sinais) 
fossemuma só. Então, adjetivamos cada “língua de sinais” existente no mundo. Língua 
de SinaisBrasileira, Língua de Sinais Americana, Língua de Sinais Mexicana, Língua de 
SinaisFrancesa etc. 
Conforme Fernando Capovilla, “Língua de Sinais é uma unidade, que se refere a 
uma modalidade lingüísticaquiroarticulatória-visual e não oroarticulatória-auditiva. 
Assim, háLíngua de Sinais Brasileira (porque é a Língua de Sinais desenvolvida e 
empregada pelacomunidade surda brasileira, há Língua de Sinais Americana, Francesa, 
Inglesa, e assimpor diante. Não existe uma Língua Brasileira (de sinais ou falada). Sei 
disso porque quandofazia uso destes termos TODOS os benditos redatores de revistas e 
 
 21
jornais riscavam oBrasileira e trocavam pelo Portuguesa, produzindo um monstrengo 
conceitual de proporçõese conseqüências desastrosas... Além disso, a propósito, se 
traduzirmos American SignLanguage obteremos Língua de Sinais Americana e não 
Língua Americana de Sinais”. 
(Capovilla, comunicação pessoal, em 8/6/01). 
Em quarto lugar, a sigla correta é “Libras” e não “LIBRAS” (ver explicação no 
próximoparágrafo). Quando foi divulgado o uso da sigla “LIBRAS”, explicava-se esta 
sigla daseguinte forma: LI de Língua, BRA de Brasileira, e S de Sinais. Com a grafia 
“Libras”, asigla significa: Li de Língua de Sinais, e brasde Brasileira. 
De acordo com Fernando Capovilla, “o Dicionário de Libras (Capovilla& 
Raphael,2001) adotou a norma do Português, segundo a qual se uma sigla for 
pronunciávelcomo sefosse uma palavra (e.g., Fapesp, Feneis) ela deve ser escrita com 
apenas a inicialmaiúscula; e se ela não for pronunciável como uma palavra, mas 
apenas como uma série deletras (e.g., CNPq, BNDES), ela deve ser escrita em 
maiúsculas. 
 Por isso, o Dicionário deLibras de Capovilla e Raphael (2001) escreve Libras e Feneis 
com apenas as iniciaismaiúsculas, como deve ser em bom Português. Libras é um termo 
consagrado pelacomunidade surda brasileira, e com o qual ela se identifica. Ele é 
consagrado pela tradição eé extremamente querido por ela. A manutenção deste termo 
indica nosso profundo respeitopara com as tradições deste povo a quem desejamos 
ajudar e promover, tanto por razõeshumanitárias quanto de consciência social e 
cidadania. 
Finalmente, quando se trata depublicação menos técnica em Português, recomendo o 
uso de Libras. Como é um termocurto, prescinde de abreviatura. Além disso, tem forte 
apelo emocional para os leitoressurdos que, então, saberão que estamos nos referindo à 
língua deles. 
E como temosprofundo respeito pela comunidade surda brasileira e pela sua língua, o 
mínimo que nós,ouvintes, podemos e devemos fazer é usar o mesmo termo que essa 
comunidade usaquando se refere à sua língua em nossa língua, o Português. Além disso, 
é uma forma deprocurar engajar o leitor surdo em tudo o que se refere à sua língua para 
que ele possaparticipar ativamente” (Capovilla, comunicação pessoal, em 8/6/01). 
 
 22
Quantos Surdos no Brasil? 
 "A população surda global está estimada em torno de quinze milhões de pessoas 
(Wrigley, 1996, p. 13), que compartilham o fato de serem linguística e culturalmente 
diferentes em diversas partes do mundo. No Brasil, estima-se que, em relação à surdez, 
haja um total aproximado de mais de cinco milhões, setecentos e cinqüenta mil casos 
(conforme Censo Demográfico de 2000), sendo que a maioria das pessoas surdas utiliza 
a língua brasileira de sinais (LIBRAS).” (Karnopp, 2008, p. 16, Manual da disciplina de 
Libras EDU 3071) 
 
Deficiente auditivo, surdo ou surdo-mudo? 
 O surdo-mudo é a mais antiga e inadequada denominação atribuída ao surdo, e 
infelizmente ainda utilizada em certas áreas e divulgada nos meios de comunicação. 
Para eles, o fato de uma pessoa ser surda não significa que ela seja muda. A mudez 
significa que a pessoa não emite sons vocais. Para a comunidade surda, o deficiente 
auditivo não participa de Associações e não sabe Libras. O surdo é aquele que tem a 
Libras como sua língua. 
 
Compreendendo o mundo surdo 
 Por anos, muitos têm avaliado de forma depreciativa o conhecimento pessoal dos 
surdos. Alguns acham que os surdos não sabem praticamente nada, porque não ouvem 
nada. Há pais que super protegem seus filhos surdos ou temem integrá-los no mundo 
dos ouvintes ou mesmo no mundo dos surdos. Outros encaram a língua de sinais como 
primitiva, ou inferior, à língua falada. Não é de admirar que, com tal desconhecimento, 
alguns surdos se sintam oprimidos e incompreendidos. 
Em contraste, muitos surdos consideram-se “capacitados”. Comunicam-se fluentemente 
entre si, desenvolvem auto-estima e têm bom desempenho acadêmico, social e 
espiritual. Infelizmente, os maus-tratos que muitos surdos sofrem levam alguns deles a 
suspeitar dos ouvintes. Contudo, quando os ouvintes interessam-se sinceramente em 
entender a cultura surda e a língua de sinais, e encaram os surdos como pessoas 
“capacitadas”, todos se beneficiam. 
 
 23
Comunicação visual 
 Para estabelecer uma boa comunicação com uma pessoa surda é importante o claro e 
apropriado contato visual entre as pessoas. É uma necessidade, quando os surdos se 
comunicam. De fato, quando duas pessoas conversam em língua de sinais é considerado 
rude desviar o olhar e interromper o contato visual. 
 E como captar a atenção de um surdo? Em vez de gritar ou falar o nome da pessoa é 
melhor chamar sua atenção através de um leve toque no ombro ou no braço dela, acenar 
se a pessoa estiver perto ou se estiver distante. Dependendo da situação, pode-se dar 
umas batidinhas no chão (ele poderá sentir a vibração através do corpo) ou fazer piscar 
a luz. Então, converse com o surdo olhando em seus olhos. Para se fazer entender, não 
se envergonhe de apontar, desenhar, escrever ou dramatizar. Utilizemuito suas 
expressões faciais e corporais. Tais recursos são importantes quando não há ainda 
domínio da língua de sinais. Esses e outros métodos apropriados de captar a atenção dão 
reconhecimento à experiência visual dos Surdos e fazem parte da cultura surda. 
Aprender uma língua de sinais não é simplesmente aprender sinais de um dicionário. 
Muitos aprendem diretamente com os que usam a língua de sinais no seu dia-a-dia — os 
surdos. Em todo o mundo, os surdos expandem seus horizontes usando uma rica língua 
de sinais. 
 
 
02.2 Abordagens que influenciaram na educação de Surdos: Oralismo, 
Comunicação Total e Bilinguismo 
 
No quadro a seguir apresentaremos três abordagens que, conforme Lima (2006) 
influenciou significativamente a educação dos surdos. A primeira fase apresentava uma 
abordagem oralista, a segunda apresentava uma abordagem de comunicação total e a 
terceira, que se encontra em processo de construção, é a abordagem bilíngue. 
 
 
 
 
 
 
 24
Abordagem oralista É o processo pelo qual se pretende capacitar o surdo na 
compreensão e na produção de linguagem oral e que parte do 
principio de que o individuo surdo, mesmo não possuindo 
um nível de audição para receber os sons da fala, pode se 
constituir em interlocutor por meio da linguagem oral esta 
abordagem ainda vem sendo utilizada em alguns 
educandários no mundo todo. Ela tem por objetivo fazer com 
que o aluno surdo assimile a linguagem oral tornando o 
surdo um “falante”, buscando superar as diferenças que 
separa os ouvinte dos não ouvintes. Nesta abordagem o 
espaço escolar torna-se um laboratório de fonética, nos quais 
são utilizados técnicas de terapia da fala para que o aluno 
supere seu déficit (surdez). O professor atua mais como 
terapeuta do que como educador. 
Abordagem da 
comunicação total 
Nesta abordagem admite-se a utilização de uma língua 
gestual, porem vista somente como passo de transição para a 
língua oral. 
Abordagem bilíngue Surge como uma metodologia de ensino que tem sido 
utilizada por escolas que se propõe torna acessíveis aos 
surdos duas línguas, no espaço escolar: a Língua de Sinais 
(L1) e a Lingua Portuguesa (L2) em sua modalidade oral-
escrita. 
 
 
02.3 - Fique atento a terminologia 
LIBRAS – Lingua Brasileira de Sinais, Linguagem Brasileira de Sinais. 
Trata-se de uma língua e não de uma linguagem. Há a tendência de se achar que a 
Libras é uma linguagem, pois se acredita que a Lingua de Sinais são apenas “gestos” 
sem nenhuma estrutura linguística. 
A linguagem é a capacidade que o homem tem para expressar-se e, paratanto, ele pode 
usar meios não verbais, como gestos, desenhos, cores, não necessariamente a língua (a 
linguagem verbal). 
Uma pessoa que não conhece língua alguma ainda assim possui uma linguagem, já que 
tem a capacidade de expressar-se. 
 
 25
Aula – 03 Libras Básico 
03.1 A HISTÓRIA DAS LÍNGUAS DE SINAIS 
Com base nas pesquisas já realizadas, não se sabe ao certo onde e como surgiram as 
línguas de sinais das comunidades surdas, mas consideramos que elas são criadas por 
homens que tentam resgatar o funcionamento comunicativo através dos demais canais, 
por terem um impedimento sensorial auditivo. Contudo a sua origem remonta 
possivelmente à mesma época ou a épocas anteriores àquelas em que foram sendo 
desenvolvidas as línguas orais. 
Os pesquisadores observam que as escolas (especialmente os internatos) foram (e 
continuam sendo) espaços importantes para o uso e a aprendizagem da língua, mas, 
geralmente, as línguas de sinais eram proibidas. E por esse motivo, movimentos de 
resistências sempre surgiram no intuito de reconhecer o uso e a difusão das línguas de 
sinais. 
De acordo com Soares (1999) e Moura, Lodi, Harison (1997), a verdadeira educação de 
surdos iniciou-se com Pedro Ponce De Leon (1520-1584), na Europa, ainda dirigida à 
educação de filhos de nobres. Leon era da Ordem Beneditina e, em um mosteiro, tinha 
muitos alunos surdos, onde se dedicava ao ensino da fala, leitura e escrita. 
Denis Diderot, na França, produziu também a Carta sobre os surdos-mudos para uso 
dos que ouvem e falam (1751), texto este destinado a um professor de retórica e 
filosofia antiga, em que questiona os métodos até então utilizados com surdos, ressalva 
a complexidade das línguas de sinais e analisa, linguisticamente, a produção de signos 
por meio de gestos. 
Em 1756, Abbé de L´Epée cria, em Paris, a primeira escola para surdos, o Instituto 
Nacional de Jovens Surdos de Paris, com uma filosofia manualista e oralista. “Foi a 
primeira vez na história, que os surdos adquiriram o direito ao uso de uma língua 
própria” (ALBRES apud GREMION, 2005, p. 47). 
Outros espaços observados são as fábricas, que tiveram seu início com a Revolução 
Industrial. No ambiente de trabalho, os surdos, mesmo sem educação, vindos de 
províncias distantes, aprendiam a língua de sinais. 
 
 26
A pesquisadora Neiva Aquino Albres (2005) observa que, no Brasil, o atendimento 
escolar especial às pessoasdeficientes teve seu início na década de cinquenta do século 
XIX. A primeira escola de surdos no Brasil foi criada pela Lei nº 839, de 26 de 
setembro de 1857, por Dom Pedro II, no Rio de Janeiro, chamada de Imperial Instituto 
dos Surdos- Mudos (IISM), ainda existente nos dias de hoje com o nome Instituto 
Nacional de Educação de Surdos (INES), voltado à educação literária e ensino 
profissionalizante de meninos com idade entre 7 e 14 anos. 
Teve como primeiro professor Ernesto Huet, cidadão surdo francês, trazendo consigo a 
Língua de Sinais Francesa. Conforme Goldfeld (1997), em 1911, o IISM segue a 
tendência mundial e estabelece o oralismo puro como filosofia de educação. Entretanto 
a língua de sinais sobreviveu na sala de aula, até 1957, e nos pátios e corredores da 
escola a partir desta data, quando foi severamente proibida. 
Neste Instituto, os alunos educados pela língua escrita dactológica e de sinais 
conseguiram ser recuperados na comunicação expressiva, dos seus sentimentos, para 
poderem conviver com as pessoas ouvintes. Ainda hoje existem muitos sinais que eram 
usados nos primeiros tempos do INES. 
O alfabeto manual, de origem francesa, foi difundido por todo o Brasil pelos próprios 
alunos do IISM que, naquela época, eram trazidos pelos pais para o Rio de Janeiro, 
vindos de todas as partes do país. 
Mazzota (1999) descreve que, em 1929, é fundado o Instituto Santa Teresinha na cidade 
de Campinas-SP, depois de duas freiras passarem quatro anos no Instituto de Bourgla-
Reine, em Paris – França, a fim de ter uma formação especializada no ensino de 
crianças surdas. Funcionava em regime de internato, só para meninas surdas. 
Para Albres (2005, p. 3) Os principais Institutos de Educação de Surdos tiveram como 
modelo a educação francesa e conseqüentemente, independente da contradição entre 
ensino oralidade ou Língua de Sinais, carregam consigo a Língua Francesa de Sinais. 
Por isso a escola tem relação direta com o desenvolvimento da Língua de Sinais em 
nosso país, pois é nesse espaço que os surdos se encontram quando crianças. 
Em 1957, o IISM passa a denominar-se Instituto Nacional de Educação de Surdos –
INES, através da Lei nº 3.198 de 06 de julho de 1957. No ano de 1864, foi criada a 
primeira instituição superior para surdos, a GallaudetUniversity, reconhecida como a 
única faculdade de ciências humanas do mundo para alunos surdos. 
 
 27
O uso da língua de sinais justificava-se, na época, para o ensino do surdo a escrever e a 
falar. A comunicação era presencial e importantíssima como instrumento de relações 
interculturais. Como o método não atendeu aos objetivos, pois para os surdos é muito 
mais fácil gestualizar do que desprender energia e tempo para estimular e produzir som 
vocal, desviava-se o foco da oralidade. Até que, no Congresso deMilão, ocorre a 
proibição do uso da língua de sinais. 
No período de 1970 a 1992, os surdos se fortaleceram e reivindicaram os seus direitos. 
Desde aquela época, as escolas tradicionais existentes no método oral de filosofia e, até 
hoje, boa parte delas vem adotando o modelo inclusivo em que a língua de sinais se 
constitui elemento primordial para o atendimento educacional dos alunos surdos. 
Em 2002, foi promulgada uma lei que reconhece a Língua Brasileira de Sinais como 
meio de comunicação objetiva e de utilização das comunidades surdas no Brasil. Em 
2005, foi promulgado um decreto que tornou obrigatória a inserção da disciplina de 
Língua Brasileira de Sinais nos cursos de formação de professores para o exercício do 
magistério em nível médio (curso normal) e superior (Pedagogia, Educação Especial, 
Fonoaudiologia e Letras). 
Desde então, as instituições de ensino vêm procurando se adequar a esses regimentos 
legais. 
Assim, a Libras assume um papel linguístico em destaque no cenário nacional da 
educação, permitido pela realidade da comunicação, dentro de um modelo multicultural, 
como uma perspectiva humanizadora, oportunizando, nos espaços sociais, uma leitura 
de mudo que respeita a diversidade. 
03.2 - O RECONHECIMENTO DA LÍNGUA DE SINAIS 
A Língua Brasileira de Sinais, graças à luta sistemáticae persistente das comunidades 
surdas, foi reconhecidano Brasil como a Língua Oficial da Pessoa Surda, coma 
publicação da Lei nº 10.436 de 24 de abril, de 2002 e odecreto 5.626 de 22 de dezembro 
de 2005. 
A conquista deste direito traz significados na vidasocial e política da nação brasileira. O 
provimento dascondições básicas e fundamentais de acesso à Libras sefaz 
indispensável. Requer o seu ensino, a formação deinstrutores e intérpretes, a presença 
de intérpretes nos locaispúblicos e a sua inserção nas políticas de saúde, 
 
 28
educação,trabalho, esporte e lazer, turismo e, finalmente, nos meiosde comunicação e 
nas relações cotidianas entre pessoassurdas e ouvintes. 
Tais conquistas, decorrentes destas lutas sociais,constroem novas oportunidades para 
que o surdo possaintegrar-se à luta pelo seu próprio desenvolvimento e pelavalorização 
de sua condição sociocultural. 
Abaixo, vamos observar a lei e o decreto citados ecompreender a dinâmica estrutural 
pela qual os ambientesescolares e não escolares precisam se adaptar pensando 
apromoção da inserção social dos surdos: 
 
LEI Nº 10.436, DE 24 DE ABRIL DE 2002. 
Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras e dáoutras providências. 
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que oCongresso Nacional decreta e eu 
sanciono a seguinte Lei: 
Art. 1o É reconhecida como meio legal de comunicaçãoe expressão a Língua Brasileira 
de Sinais - Libras e outrosrecursos de expressão a ela associados. 
Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira deSinais - Libras a forma de 
comunicação e expressão, em que osistema linguístico de natureza visual-motora, com 
estruturagramatical própria, constituem um sistema linguístico detransmissão de idéias e 
fatos, oriundos de comunidades depessoas surdas do Brasil. 
Art. 2o Deve ser garantido, por parte do poder público emgeral e empresas 
concessionárias de serviços públicos, formasinstitucionalizadas de apoiar o uso e 
difusão da LínguaBrasileira de Sinais - Libras como meio de comunicaçãoobjetiva e de 
utilização corrente das comunidades surdas doBrasil. 
Art. 3o As instituições públicas e empresas concessionáriasde serviços públicos de 
assistência à saúde devem garantiratendimento e tratamento adequado aos portadores 
dedeficiência auditiva, de acordo com as normas legais emvigor. 
Art. 4o O sistema educacional federal e os sistemaseducacionais estaduais, municipais e 
do Distrito Federaldevem garantir a inclusão nos cursos de formação deEducação 
Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, emseus níveis médio e superior, do ensino 
 
 29
da Língua Brasileirade Sinais - Libras, como parte integrante dos 
ParâmetrosCurriculares Nacionais - PCNs, conforme legislaçãovigente. 
Parágrafo único. A Língua Brasileira de Sinais - Libras nãopoderá substituir a 
modalidade escrita da língua portuguesa. 
 
Art. 5o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.Brasília, 24 de abril de 2002; 
181o da Independência e 114º da República. 
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO 
Paulo Renato Souza 
Texto publicado no D.O.U. de 25.4.2002 
DECRETO Nº 5.626, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2005. 
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuiçõesque lhe confere o art. 84, 
inciso IV, da Constituição, e tendoem vista o disposto na Lei no 10.436, de 24 de abril 
de 2002,e no art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000, 
DECRETA: 
CAPÍTULO I 
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES 
Art. 1º Este Decreto regulamenta a Lei no 10.436, de 24 deabril de 2002, e o art. 18 da 
Lei no 10.098, de 19 de dezembrode 2000. 
Art. 2º Para os fins deste Decreto, considera-se pessoasurda aquela que, por ter perda 
auditiva, compreende einterage com o mundo por meio de experiências 
visuais,manifestando sua cultura principalmente pelo uso da LínguaBrasileira de Sinais 
- Libras. 
Parágrafo único. Considera-se deficiência auditiva a perdabilateral, parcial ou total, de 
quarenta e um decibéis (dB)ou mais, aferida por audiograma nas freqüências de 
500Hz,1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz. 
 
 30
CAPÍTULO II 
DA INCLUSÃO DA LIBRAS COMO DISCIPLINA CURRICULAR 
Art. 3o A Libras deve ser inserida como disciplina curricularobrigatória nos cursos de 
formação de professores para oexercício do magistério, em nível médio e superior, e 
noscursos de Fonoaudiologia, de instituições de ensino, públicase privadas, do sistema 
federal de ensino e dos sistemas deensino dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios. 
§ 1o Todos os cursos de licenciatura, nas diferentes áreasdo conhecimento, o curso 
normal de nível médio, o cursonormal superior, o curso de Pedagogia e o curso de 
EducaçãoEspecial são considerados cursos de formação de professorese profissionais da 
educação para o exercício do magistério. 
§ 2o A Libras constituir-se-á em disciplina curricular optativanos demais cursos de 
educação superior e na educaçãoprofissional, a partir de um ano da publicação deste 
Decreto. 
 
03.3 - Abordagens da Educação de Surdos 
É de fundamental importância a todos os professores, tanto os de línguas como os de 
outras áreas do conhecimento, compreender o processo de aquisição da Língua 
Portuguesa escrita por indivíduos surdos, a fim de que possam refletir sobre a maneira 
mais adequada de ensinar, de forma que aescrita seja significativa a seus alunos. É 
relevante salientartambém que a escola e os educadores são os responsáveispela 
inclusão dos surdos no ambiente escolar e social epela garantia de serviço de apoio 
especializado, currículos,técnicas e recursos específicos para atender suas 
necessidadeseducativas especiais, conforme regulamentado pela Lei deDiretrizes e 
Bases da Educação Nacional (LDB, 1996). 
No entanto, muitos professores desconhecem ahistória da educação e a cultura surda, a 
Libras (LínguaBrasileira de Sinais), a forma como os surdos aprendema escrita da 
língua oral e também o fato de que essesconhecimentos poderiam facilitar a organização 
de suasestratégias de ensino.Alguns estudiosos, como Farias (2006), 
realizarampesquisas sobre a aquisição da Língua Portuguesa escrita porsurdos, com o 
objetivo principal de conhecer a cultura surda,a fim de identificar as características de 
sua língua própria,Libras, e de verificar como ocorre o processo de aquisiçãode sua 
 
 31
segunda língua, a Língua Portuguesa escrita. Assim,podemos identificar alguns aspectos 
nestes estudos: 
• uma breve explanação da história da educaçãodos surdos, focalizando as três filosofias 
quecaracterizam o ensino no país; 
• descriçãosobre a língua de sinais; 
• abordagem dos aspectos relacionados à aquisição dalíngua própria dos surdos; 
• pesquisas sobre a alfabetização na forma escrita dalíngua de sinais e da Língua 
Portuguesa. 
 
BILINGUISMO: RECONHECENDO A DIFERENÇALINGUÍSTICA E 
CULTURAL 
 
Quando nos remetemos à história das civilizações,constatamos a não existência de 
escolas para os surdos, poiseles eram considerados incapazes e, portanto, excluídos 
dasociedade. Somente a partir do século XVIII, surgiram osprimeiros educadores nessa 
área, que divergiam quanto aométodo de ensino mais apropriado. 
Segundo Quadros (1997a), ao pensarmos a históriada educação de surdos no Brasil, é 
possível destacar duasfases claramente delineadas, bem como vimos na unidadeanterior, 
e uma terceira, a atual, que configura um processode transição e de quebra de 
paradigmas. 
Fernandes e Rios (1998), Correia e Fernandes(2005), Quadros (1997a, 2005),Góes 
(1996) e Salles et al. 
(2002) são unanimes ao destacar que o bilinguismo é umaproposta de ensino que 
considera a língua de sinais comolíngua própria da criança surda, ou seja, como sua 
primeiralíngua, que deve ser aprendida o mais cedo possível, e a línguaportuguesa 
escrita, como língua de acesso ao conhecimento,que deve ser ensinada a partir da língua 
de sinais, baseando-se em técnicas de ensino de segunda língua. Já a propostabicultural, 
por sua vez, permite ao surdo o seu acesso rápidoà comunidade ouvinte e faz com que 
ele se reconheça como parte de uma comunidade surda. 
Dessa forma, o bilinguismo busca captar os direitosda pessoa surda, pois propiciar a ela 
a “aquisição da línguade sinais como primeira língua é a forma de oferecer-lhe ummeio 
natural de aquisição linguística, visto que se apresenta 
como língua de modalidade espaço-visual, não dependendo,portanto, da audição para 
ser adquirida” (FERNANDES,2003, p. 30-31). Além disso, a Libras é um sistema 
quepossui todos os elementos pertinentes às línguas naturais,como fonologia, fonética, 
 
 32
semântica, sintaxe, morfologia,preenchendo, assim, os requisitos linguísticos para 
serconsiderada o meio de comunicação da comunidade surda,assim como já vimos nas 
unidades anteriores. 
Sendo a língua um dos principais instrumentos deidentidade das pessoas, em seu sentido 
cultural e psicossocial,pode-se afirmar que a língua de sinais é essencial aos surdos,pois 
ela identifica a sua comunidade, além de permitir-lhes a aquisição de conhecimentos 
sobre o mundo e defornecer-lhes toda a base linguística para a aprendizagemde qualquer 
outra língua. Dessa forma, “privar um alunosurdo da aquisição de uma língua, é privá-lo 
de seu naturaldesenvolvimento” (Fernandes, 2003, p. 149). 
 
 
Em finais da década de 1970, com base em conceitos sociológicos, 
filosóficos e políticos, surgiu a “Proposta Bilíngue de Educação 
do Surdo”. Essa proposta reconhece e baseia-se no fato de que 
o Surdo vive numa condição bilíngue e bicultural, isto é, convive 
no dia a dia com duas línguas e duas cultura: 
a língua gestual e cultura da comunidade surda do seu país; 
a língua oral e cultura ouvinte de seu país. 
Numa abordagem educacional, o bilinguismo baseia-se 
no reconhecimento do fato de que as crianças surdas são 
interlocutoras naturais de uma língua adaptada à sua capacidade 
de expressão. Assim sendo, a comunidade surda propõe que a 
língua de sinais oficial do seu país de origem lhes seja ensinada, 
desde a infância, como primeira língua. Reconhece ainda o 
fato de que a língua oral oficial do seu país não deve ser por 
ela ignorada, pelo que lhe deve ser ensinada, como segunda 
língua. Os bilinguístas defendem que a língua de sinais deve ser 
adquirida, preferencialmente, pelo convívio com outros surdos 
mais velhos, que dominem a língua de sinais. 
 
Somado a isso, Quadros (1997a, p. 28) cita ainda adeclaração dos direitos humanos 
linguísticos, segundo aqual[...] todos os seres humanos têm o direitode identificarem-se 
com uma línguamaterna e de serem aceitos e respeitadospor isso; todos têm o direito de 
aprendera língua materna(s) completamente, nassuas formas oral (quando 
fisiologicamentepossível) e escrita; todos têm o direitode usar sua língua materna em 
 
 33
todas assituações oficiais (inclusive na escola); todos os utentes de uma língua 
maternanão-oficial em um país tem o direito deserem bilíngües, isto é, o direito de 
teremacesso a sua língua materna e à línguaoficial do país. 
Na Lei Federal no 10.436, de 24 de abril de 2002, de acordo com Salles et al. (2002) e 
Karnopp (2005), as garantias individuais do surdo alcançaram respaldoinstitucional, e a 
Língua Brasileira de Sinais foi reconhecidacomo língua oficial da comunidade surda. 
Contudo, noparágrafo único desta lei, consta que “a Língua Brasileira deSinais não 
poderá substituir a modalidade escrita da línguaportuguesa” (BRASIL in SALLES, 
2002, p. 63). Assimsendo, deve ser proporcionado aos alunos surdos um ensinobilíngue, 
que considere a língua de sinais como sua línguaprópria e a língua portuguesa como sua 
segunda língua. 
Primeiramente, é imprescindível mencionar que aproposta educacional bilíngue e 
bicultural, defendida pordiversos autores (FERNANDES; RIOS, 1998; 
CORREIA;FERNANDES, 2005; QUADROS, 1997a, 2005; GÓES,1996; SALLES et 
al., 2002) e referida na declaração dosdireitos humanos linguísticos e na Constituição 
Federal,ainda hoje, segundo os próprios estudiosos, se encontraem fase de 
implementação nas instituições de ensino queatendem os surdos. A língua de sinais que, 
de acordo comessa proposta de ensino, constitui a língua própria dossurdos e, portanto, 
deve ser ensinada desde o mais cedopossível, no contexto escolar, não deve ser mais 
inferiorizadae descaracterizada, sendo “utilizada apenas como umaferramenta para o 
aprendizado do português” (KARNOPP,2003, p. 57) e considerada “como uma mera 
facilitadora decomunicação e não como um objeto de estudo” (STUMPF,2004, p. 146). 
Muitos surdos ainda chegam às escolas sem umalíngua constituída, ou seja, apenas com 
uma linguagemgestual desenvolvida na relação com os familiares. Noentanto, é no 
ambiente escolar, então, que essas criançasencontram oportunidade, no início da 
primeira série, aterem contato com a Libras: recebem de outro surdo umsinal para seu 
nome, criam sinais para as pessoas da suafamília, aprendem as configurações das letras 
do alfabeto econhecem palavras e expressões, em Libras, mais usadas noconvívio 
diário.Para Lebedeff (2004), uma das maiores dificuldadesenfrentadas pelos alunos ao 
ingressarem na escola refere-seao fato de os surdos serem levados a aprender, ao 
mesmotempo, aspectos da língua de sinais e da estrutura linguísticada língua oral 
(leitura e escrita). 
Quadros (1997a) salienta que os pais dos alunossurdos deveriam ter acesso à língua e 
sinais o mais cedopossível, para que pudessem comunicar-se eficazmentee auxiliar as 
crianças na aquisição de sua L1. Entretanto,é comum que os pais conheçam somente as 
 
 34
palavras e asexpressões mais usadas pelas crianças e utilizem, em casa,uma mistura da 
língua de sinais com a gestualização manual.Muitas famílias não aceitam a condição 
física dos filhos erejeitam o uso da Libras, dificultando, assim, a aquisiçãoda língua 
própria. Segundo Lebedeff (2004), essa barreirade comunicação entre a família ouvinte 
e o filho surdodificulta a realização das práticas sociais de letramento edescaracteriza a 
língua de sinais, reduzindo-a a uma formausada apenas para fins escolares. 
Quanto à instituição de ensino, Quadros (1997a) eKarnopp (2005) afirmam que ela tem 
um papel fundamentalna aquisição da língua de sinais pelos alunos e seus 
familiares.Cabe a ela criar um ambiente linguístico apropriado, queconsidere o 
desenvolvimento cognitivo e as condiçõesfísicas das crianças surdas, e que garanta a 
elas atendimentopor profissionais que dominem Libras, preferencialmentepessoassurdas. 
De acordo com o exposto por Giordani (2004, p.78), “os professores ouvintes, nas 
escolas de surdos, sãoestrangeiros que se aproximam da língua de sinais e dacultura 
visual, mas privilegiam, pelo hábito e pela própriacultura, a modalidade oral-auditiva”. 
Devido a isso, Giordani (2004) ressalta a importânciados profissionais surdos, com um 
perfil bilíngue bicultural,no ensino de surdos, enfatizando que esses, além 
deinterlocutores que compreendem sua língua, são modeloslinguísticos que 
desempenham papel de liderança perante ascrianças. 
Considerando que a Libras é a língua em que oprocesso de aquisição da linguagem dos 
surdos ocorrenaturalmente, Quadros (1997a, 2006), Karnopp (2004),Rangel e Stumpf 
(2004) e Stumpf (2001, 2003, 2004)sugerem que as crianças devem adquirir, 
primeiramente,a escrita da língua de sinais, que representa as formas e osmovimentos 
num espaço definido e possibilita ao surdoaprender a leitura e a escrita própria de sua 
comunidade. 
As autoras ressaltam que qualquer estudo sobre aaquisição da leitura e da escrita em 
uma L2, principalmentequando envolve línguas de modalidades diferentes,pressupõe 
que os alunos já estejam alfabetizados na formaescrita da L1. Portanto, somente após as 
crianças surdasestarem alfabetizadas na escrita da Libras, recomenda-se oinício da 
aquisição formal da Língua Portuguesa, nesse caso,da sua segunda língua. 
A Libras é a língua da comunidade surda brasileira. Tem suas regras gramaticais 
próprias, possibilitando assim, o desenvolvimento linguístico da pessoa surda, 
favorecendo o seu acesso aos conhecimentos existentes na sociedade. 
 
 35
 Os sinais são formados a partir de parâmetros, como a combinação do movimento das 
mãos com um determinado formato num determinado lugar, podendo este lugar, ser 
uma parte do corpo ou um espaço em frente ao corpo. 
Os parâmetros da LIBRAS são: 
- Configuração das mãos; 
- Locação; 
- Movimentos; 
- Orientação das mãos; 
- Expressão facial e/ou corporal. 
Nesta combinação se obtém o sinal. Portanto, produzir sinais é combinar esses 
parâmetros para a formação das frases e textos num determinado contexto. 
Há uma grande confusão e discussão em torno da aceitação ou não da Libras por alguns 
ouvintes, devido às influências e preconceitos sociais, mas pode-se verificar alguns 
pontos importantes que devem ser considerados: 
- A Libras é a língua das comunidades surdas: foi criada e é usada pelos surdos no 
Brasil; 
- O desenvolvimento lingüístico, cognitivo, afetivo, sociocultural e acadêmico não 
dependem da audição, mas sim da aquisição e desenvolvimento da língua de sinais; 
- A Libras propicia o desenvolvimento lingüístico e cognitivo da criança surda, 
favorecendo a produção escrita, servindo de apoio para a leitura e compreensão dos 
textos. 
Aula 04 – Libras básico 
 
 
 
 
 36
 
 
 
 
ALFABETO DE LIBRAS 
 
 O alfabeto de Libras (Língua Brasileira de Sinais) teve sua origem ainda 
no Império. Em 1856, o conde francês Ernest Huet desembarcou no Rio de 
Janeiro com o alfabeto manual francês e alguns sinais. O material trazido pelo 
conde, que era surdo, foi adaptado e deu origem à Libras. Este sistema foi 
amplamente difundido e assimilado no Brasil. 
 
 No entanto, a oficialização em lei de Libras só ocorreu um século e meio 
depois, em abril de 2002 – nesse período, o Brasil trocou a monarquia pela 
república, teve seis Constituições e viveu a ditadura Militar. 
 
 O longo intervalo deve-se a uma decisão tomada no Congresso Mundial 
de Surdos, na cidade italiana de Milão em 1880. No evento, ficou decidido que 
a língua de sinais deveria ser abolida, ação que o Brasil programou em 1881. 
 
 A Libras quase mudou o nome e só voltou a vigorar em 1991, no Estado 
de Minas Gerais, com uma lei estadual. Só em agosto de 2001, com o 
Programa Nacional de Apoio à Educação do Surdo, os primeiros 80 
professores foram preparados para lecionar a língua brasileira de sinais. A 
regulamentação da Libras em âmbito federal só se deu em 24 de abril de 2002, 
com a lei nº. 10.436. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 37
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EX: 
 
 
 
 
 
 Antonio 
 
SAUDAÇÕES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BOA TARDE! 
QUAL É SEU NOME? 
BEM VINDO! 
BOM DIA! 
 
 38
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NUMERAIS CARDINAIS 
 As línguas podem ter formas diferentes para apresentar os numerais quando 
utilizados como cardinais, ordinais, quantidade, medida, idade, dias da semana 
ou mês, horas e valores monetários. Isso também acontece na LIBRAS. 
Nesta unidade e nas seguintes, serão apresentados os numerais em relação às 
situações mencionadas acima. É erro o uso de uma determinada configuração 
de mão para o numeral cardinal sendo utilizada em um contexto onde o 
numeral é ordinal ou quantidade, por exemplo: o numeral cardinal é diferente 
da quantidade 1, que é diferente do ordinal PRIMEIR@, que é diferente de que 
é diferente de PRIMEIRO-GRAU, que é diferente de MÊS-1. 
QUAL É O SEU SINAL? 
ESTOU BEM! OLÁ
PRAZER EM CONHECER! 
TCHAU! 
LEGAL! COMO VAI QUAL É SUA IDADE? 
BOA SORTE! OI! 
 
 39
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 O Número Cardinal é usado em: número do telefone, número da caixa 
postal, número da casa, número da conta no banco...etc. 
 
 
 
 
 
Ex: 
1) Número seu telefone qual? 
2) Ônibus ir cidade número qual? 
3) Depender aonde você ir. 
1) Ir perto DB! 
2) Ônibus número 423. 
 
NUMERAIS QUANTIDADE 
 
 
 
Há diferenças na configuração de mão e no posicionamento dos números 
de 1 a 4. 
 
 40
Quantidade de canetas na mesa, quantidade de pessoas presentes, 
quantidade de ônibus....etc. 
 
Ex: 
1) Sala de aula ter alunos 43 
2) Eu ter canetas 2 
3) Em cima da mesa ter 
pratos 5 
4) Faltar aula ontem 
alunos 3 
 
NUMERAIS ORDINAIS (movimento de 
tremular) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1) Eu morar 
apartamento andar 3°. 
2) Conseguir corrida lugar 6°. 
3) Fila banco eu 11° 
 
 
 
 CONFIGURAÇÃO DE MÃOS 
 
As Configurações de mãos são as formas em que elas se apresentam, a 
partir de uma configuração específica dentro da tabela, podemos fazer um 
sinal. Nem sempre as configurações são letras ou números do alfabeto 
manual, portanto, os sinais só poderão ser criados a partir de tais 
configurações de mãos. 
 
Serve para dar forma aos sinais todo sinal tem uma cofiguração de mão 
correspondente, mas não precisa se preocupar porque na prática você não se 
prende a isso é só uma forma de ajudar melhor no aprendizado. 
 
 
 
 
PARÂMETROS 
Os sinais são formados a partir da combinação do movimento das mãos com 
um determinado formato em um determinado lugar, podendo este lugar ser 
uma parte do corpo ou um espaço em frente ao corpo. 
 
 
 41
 
 Nas línguas de sinais podem ser encontrados os seguintes parâmetros: 
 
 Configuração de mãos: são formas das mãos, que podem ser da 
datilologia (alfabeto manual) ou outras formas feitas pela mão predominante 
(mão direita para os destros) ou pelas duas mãos do emissor ou pelo 
sinalizador. Os sinais APRENDER, FORÇAR/COAGIR, ODIAR e GOSTAR tem 
a mesma configuração de mãos que são realizadas em diferentespontos de 
articulação; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Ponto de articulação: é o lugar onde incide a mão predominante 
configurada, podendo esta tocar alguma parte do corpo ou estar em um espaço 
neutro vertical (do meio do corpo até a cabeça) e horizontal (à frente do 
emissor). Os sinais COMO?, ONDE? São feitos no espaço neutro e o sinal 
TER, é feito no centro do peito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Movimento: os sinais podem ter movimento ou não. Os sinais citados 
abaixo não têm movimento. CARAMBOLA, ABACAXI e CAJÚ. 
 
 
 
 
 
APRENDER FORÇAR/COAGIR 
ODIAR GOSTAR 
COMO? ONDE? TER 
CARAMBOLA ABACAXÍ CAJU 
 
 42
 
Orientação / direcionalidade: os sinais têm uma direção da palma da mão 
com relação aos parâmetros acima. Ex. a palma pode estar voltada para os 
lados (direito ou esquerdo); para cima ou para baixo; para frente ou para o 
emissor do sinal e a direcionalidade é de onde parte o SINAL, seguindo uma 
respectiva direção. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Expressão facial e / ou corporal: muitos sinais, além dos quatro 
parâmetros mencionados acima, em sua configuração têm como traço 
diferenciador também a expressão facial e/ou corporal, como os sinais 
ALEGRE e CHORAR e TRISTE. Há sinais feitos somente com a bochecha 
como LADRÃO, ATO-SEXUAL. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Na combinação destes cinco parâmetros, tem-se o sinal. Falar com as 
mãos é, portanto, combinar estes elementos para formarem as palavras e 
estas formarem as frases em um contexto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 EU ESTOU BEM 
ME-ENSINAR IR 
ALEGRE 
 TRISTE 
 ATO-SEXUAL 
LADRÃO 
CHORAR 
EXPRESSÕES 
 
 43
 
 
 
Atividades: 
 
1) Mostrar três sinais com a configuração de mãos igual? 
 
R: LARANJA, APRENDER e GOSTAR. 
 
2) Mostrar três sinais com o ponto de articulação no espaço neutro? 
 
R: TRABALHAR, BRINCAR e TELEVISÃO. 
 
3) Mostrar três sinais com o ponto de articulação em pontos diferentes do 
espaço neutro? 
 
R: ALUNO, SENTIR e MANGA. 
 
4) Apresente quatro sinais com movimento? 
 
R: PULAR, FALAR, COMEÇAR e ENSINAR. 
 
5) Apresente dois sinais sem movimento? 
 
R: AJOELHAR e EM-PÉ 
 
6) Apresente três sinais com a palma da Mão voltada para baixo? 
 
R: PORTUGUÊS, DEPENDER e PASSEAR. 
 
7) Mostrar três sinais com as palmas das mãos em sentido diferente? 
 
R: AJUDAR, COMEÇAR e ATÉ. 
 
 8) Apresente quatro sinais com expressão? 
 
 R: TRISTE, ALEGRE, CHORAR e PERGUNTAR. 
 
 9) Apresente três sinais com expressão neutra? 
 
 R: CASA, HOTEL e CARRO. 
 
 
HORAS (espaço de tempo) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 44
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ex: Diálogo (Libras) 
 
1) Boa Noite! Meu nome é .......... 
2) Boa noite! 
1) Ter curso de LIBRAS aqui? 
2) Desculpe, vaga não ter. 
1) Posso telefonar mês futuro? 
2) Sim! Poder 
1) Numero daqui qual? 
2) 3642-4148, tudo bem! Ligar poder! 
1) Curso horas quantas? 
2) Horas 2, começar 6 horas noite e acabar 8 horas noite. 
Três dias semana (segunda, quarta e sexta). 
1) Obrigado! 
2) De nada! 
1) Boa noite! Tchau. 
2) Boa noite. 
 
 
 
 
 
HORAS (duração do dia) 
 
 
 
 
 
 
 1 HORA MEIA- HORA 
 1 HORA 2 HORAS 
 3 HORAS 4 HORAS 
1 HORA 
Diálogo (português) 
 
1) Boa noite! Meu nome é... 
2) Boa noite! 
1) Aqui tem curso de Libras? 
2) Não tem vaga, desculpe. 
1) Mês que vem posso 
telefonar? 
2) sim! Pode! 
1) Qual é o número daqui? 
2) 3646-3239, tudo bem, 
pode ligar! 
1) Quantas horas de curso? 
2) 2 horas, começa ás 6 da 
noite e acaba ás 8 da noite. 3 
dias na semana (segunda, 
quarta e sexta). 
1) Obrigado! 
2) De nada! 
1) Boa noite! Tchau. 
2) Boa noite! 
 
 45
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ex: Diálogo (Libras) 
 
1) Olá! Tudo bem! 
2) Sim! Tudo bem! 
1) Ônibus demorar... 
2) Verdade! Tempo eu aqui. 
1) (tempo) ônibus, hora você esperar? 
2) 2 da tarde... 
1) Ônibus atrasar. 
2) Olhar... Ônibus lá! 
1) Sim! Tchau! 
2) Tchau. 
 
 
2 HORAS 
3 HORAS 
4 HORAS 
MANHÃ 
NOITE TARDE 
MADRUGADA 
Diálogo (português) 
 
1) Olá! Tudo bem! 
2) Sim!Tudo bem! 
1) O ônibus está demorando... 
2) É verdade, faz tempo que estou 
aqui. 
1) (Tempo) desde que horas você 
espera o ônibus? 
2) Desde 2 da tarde... 
1) O ônibus está atrasado! 
2) Olha...lá vem o ônibus! 
1) Sim!Tchau! 
2) Tchau. 
 
 46
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PAI 
MÂE 
SOBRINHO (A) TIO (A) PRIMO (A) 
 HOMEM 
MULHER 
 FAMILIA 
 FILHO (A) 
IRMÃO (Ã) 
 
 47
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESTADO CIVIL 
 
 
 
 
 
 
CASADO (A) NOIVO (A) 
AFILHADO (A) 
PADRASTO 
BISAVÔ (Ó) CUNHADO (A) 
SOGRO (A) FILHO ADOTIVO (A) 
TRIGÊMEOS 
MADRASTA 
VOVÔ/Ó 
HOMOSSEXUAL/GAY 
 
 48
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIAS DA SEMANA 
SEPARADO DESQUITADO 
DIVORCIADO RECONCILIADO 
AMANTE SOLTEIRO SOZINHO 
NAMORANDO VIÚVO/VIÚVA 
SEGUNDA-FEIRA TERÇA-FEIRA 
 
 49
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ex: Diálogo (Libras) 
 
1) Olá... Tudo bem! 
2) Tudo bem! 
1) Meu nome é...... Seu nome? 
2) Meu nome é.......... 
1)Prazer conhecer você. (sorrindo) 
2) Igualmente... 
1) Tchau! 
2) tchau! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DOMINGO 
QUARTA-FEIRA QUINTA-FEIRA 
SEXTA-FEIRA SÁBADO 
MESES DO ANO 
Diálogo (Português) 
 
1) Olá... Tudo bem! 
2) Tudo bem! 
1) Meu nome é......Seu 
nome? 
2) Meu nome é...... 
1) Prazer em conhecer você! 
2) Igualmente... 
1) Tchau! 
2) Tchau! 
 
 50
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JANEIRO FEVEREIRO 
MARÇO 
MAIO JUNHO 
JULHO 
SETEMBRO 
OUTUBRO 
NOVEMBRO DEZEMBRO 
ABRIL 
AGOSTO 
 
 51
 
Ex: Diálogo (Libras) 
 
1) Que ano você nascer? 
2) Eu nascer ano 1986 mês julho! 
2) E você nascer ano...? 
1) Eu nascer 1989 mês dezembro 
2) Bom... Agora para casa, eu ir! 
1) Tchau... Abraços! 
2) Abraços! 
 
 
 
 
 
 
CORES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Diálogo (português) 
 
1) Em que ano você nasceu? 
2) Eu nasci no mês de julho, no 
ano de 1986! 
2) Em que ano você nasceu? 
1) Eu nasci no mês de dezembro 
no

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