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CRIMES CONTRA A ADM PUBLICA - Prof. Gilberto Thums

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CRIMES CONTRA A DMINISTRAÇÃO PÚBLICA – Prof. GILBERTO THUMS
 DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – arts. 312 a 337
O tema compreende 2 capítulos: o primeiro trata dos crimes funcionais, praticados por funcionário público contra a Administração Pública (não confundir com crimes de responsabilidade previstos na Lei nº 1.079/51, nem com atos de improbidade, objeto da Lei nº 8429/92); o segundo capítulo trata dos crimes praticados por particulares contra a Administração Pública.
 É imprescindível conceituar funcionário público sob o ponto de vista do Código Penal, em seu art. 327 é feita a interpretação autêntica – pelo próprio legislador: considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública (servidores da Administração direta, inclusive estagiários). Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública. (funcionários da Administração indireta e serviços típicos da Administração que são terceirizados, ex. SUS, CRVAs, serviços notariais, etc.). Exemplo: médico que atende paciente SUS e exige dele pagamento pelos serviços pratica crime de concussão (art. 316). Quem ocupa cargo de chefia, direção, assessoramento ou cargo em comissão, tem a pena aumentada de 1/3 nos crimes dos arts. 312 a 326. O particular, que não é funcionário público, pode ser sujeito ativo desses crimes, desde que o faça em co-autoria ou participação com funcionário público. 
Peculato
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
Peculato culposo
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.
Peculato - há 3 formas típicas:
a) peculato-apropriação ou desvio - art. 312 - apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio. Trata-se de peculato-apropriação (semelhante ao art. 168), quando o funcionário público tem a posse do bem em razão da função e passa a agir como se fosse dono da coisa. Ex. agente penitenciário que guarda os pertences dos presos e deles se apropria; policial que apreende bens de criminoso e não os entrega à autoridade policial. A consumação ocorre com a inversão do título da posse, quando o agente passa a comportar-se como se fosse dono da coisa; ou peculato-desvio, quando o agente não tem a posse do bem, mas o desvia em benefício próprio ou de terceiro. Esta forma é a mais comum, pois consiste na utilização de fraude ou falsificação de documentos para dar aparência de legalidade do gasto do dinheiro público. Ex. viagens para fins particulares, uso de veículos públicos, simulação de despesas, notas falsas de aquisição de material ou prestação de serviços, tudo que engana a Administração Pública sobre gastos que não existiram e com isto ocorre o locupletamento patrimonial ilícito do funcionário público ou de terceiro. Cuidado: não confundir o crime de peculato-desvio com o art. 315 (emprego irregular de verbas) ou com o art. 359-D (despesa não autorizada por lei). No peculato o agente aufere vantagem patrimonial às custas do erário público, enquanto 315 e 359-D houve um gasto em desacordo com norma legal, mas não ocorreu benefício do funcionário público; 
b) peculato furto - se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário. Trata-se de peculato-furto, pois o agente abusa das facilidades do cargo para subtrair, isto é, vai ‘dar uma de ladrão’ utilizando-se do ‘crachá’, que vai abrindo portas. Cuidado: não confundir com o crime de furto do art. 155, porque para haver peculato-furto o bem objeto da subtração deve estar sob a responsabilidade de Administração Pública, se for bem particular de funcionário público poderá haver crime de furto (art. 155). Confronto: se o agente é prefeito municipal e pratica peculato apropriação ou desvio, sua conduta está tipificada no art. 1º, I, da Dec. Lei 201/67 (princípio da especialidade).
Cuidado: peculato de uso não é crime, salvo se o agente é prefeito (DL 201/67, art. 1º, II), para o funcionário público em geral constitui apenas ato de improbidade (Lei nº 8429/92); o mesmo ocorre com o peculato de serviços, como mão de obra pública para fins particulares. Classificação: o peculato-apropriação e o peculato-desvio são denominados de peculato próprio, enquanto ao peculato furto dá-se o nome de peculato impróprio; 
c) Peculato culposo - se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem. A lei pune a desídia, o desleixo do funcionário público na guarda de bens públicos, conduta esta que dá causa a que outrem pratique crime contra a Administração. Assim, deve haver um nexo de causalidade entre a omissão do funcionário público e o resultado danoso contra a Administração. Exemplo: o encarregado da repartição esquece de fechar e trancar a porta, e por causa disso alguém subtraiu objetos do local. Neste caso há dois crimes: quem subtraiu responde por peculato-furto (se funcionário) ou simplesmente furto (se particular). Cuidado: não se aplica ao peculato culposo o disposto no art. 16 do CP (arrependimento posterior), neste caso haverá extinção da punibilidade se o funcionário público reparar o dano com sua conduta culposa até antes de transitar em julgado a condenação. Se for posterior, reduzirá a pena de metade.
Peculato mediante erro de outrem
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Peculato mediante erro de outrem. É um crime que guarda semelhança com o art. 169. O funcionário público não recebeu a coisa no exercício da função, porque não é da sua atribuição, mas tirou proveito do erro de terceiro apenas por ser funcionário público. Se fosse a função do agente de receber o bem e dele se apropriasse, haveria crime de peculato-apropriação (312). Alguns autores denominam essa forma típica de ‘peculato-estelionato’. Todavia há que se ter cuidado de não confundi-la com o próprio crime de estelionato (art. 171). Entendo que se trata de uma anomalia legislativa, porque não faz diferença do ponto de vista da lealdade e da dignidade da função pública, se o agente recebeu a coisa por erro de terceiro, se tinha ou não atribuição de recebê-la. Deveria sempre ser o crime do art. 312 ‘caput’. O legislador hipocritamente beneficia o ‘ funcionário pilantra’.
Inserção de dados falsos em sistema de informações
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Inserção de dados falsos em sistema de informações. Trata-se de crime que visa à proteção dos sistemas informatizados da Administração Pública. O sujeito ativo só pode ser funcionário autorizado,isto é, o que tem senha de acesso aos sistemas. Três são as condutas: inserir dado falso, alterar ou excluir dado verdadeiro. O agente atua com um fim especial, isto é, para receber vantagem indevida ou para causar dano. O crime é formal e a consumação não exige qualquer resultado danoso. O crime absorve a corrupção passiva (317) em face do elemento subjetivo do tipo. Foi um erro absurdo do legislador. Assim, o funcionário público que recebeu propina para excluir uma multa de trânsito do sistema, fica sujeito ao art. 313-A. Se não existisse este crime o agente responderia pelo art. 317, § 1º, com pena maior. Só os ‘severinos’ poderão explicar esta anomalia. Cuidado: se o funcionário público emitir novo documento em razão da fraude feita nos sistemas, haverá concurso de crimes com o art. 299. Quem subornar funcionário público para fraudar os sistemas responderá pelo crime do art. 333. 
Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de informática sem autorização ou solicitação de autoridade competente: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa. Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a metade se da modificação ou alteração resulta dano para a Administração Pública ou para o administrado. 
Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações. Trata-se de proteção dos ‘sofwares’, que são os programas de computador dos sistemas informatizados da Administração. O crime pode ser praticado por funcionário público que tem senha de acesso ou por ‘racker’. O que se modifica ou altera é o programa e não os dados, arquivos, etc. Trata-se de crime de difícil ocorrência, porque visa à punição de funcionário público que altera um programa de computador sem autorização e não de estranhos que invadem os sistemas. A única hipótese é a do funcionário público que, na iminência de ser exonerado e, tendo por objetivo causar danos aos sistemas, modifica os programas.
Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento
Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente: Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave.
Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento. A conduta extraviar não significa perder, mas dar sumiço, porque o crime é doloso; sonegar quer dizer esconder, dissimular; inutilizar significar danificar, destruir. O sujeito ativo é o funcionário público que tem o dever de zelar pela guarda do livro oficial ou documento público ou particular. Ex. escrivão arranca documentos dos autos. Dar sumiço de autos de processo. Cuidado: se for advogado o crime será o do art. 356. Se o funcionário público recebeu propina para dar sumiço, haverá o crime de corrupção passiva qualificada. Confronto: se o documento ou livro se refere a tributos ou contribuição social, e isto provocará pagamento indevido ou inexato, haverá o crime do art. 3º, I, da Lei nº 8137/90.
Emprego irregular de verbas ou rendas públicas
Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei: Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Emprego irregular de verbas ou rendas públicas: Trata-se de crime praticado por funcionário público ordenador de despesa, porque o crime consiste em gastar o dinheiro público de forma diversa daquela prevista no orçamento. O crime não é grave, sendo de competência do JECrim. Cuidado: o funcionário público não obtém qualquer vantagem com esta conduta, trata-se de mera violação das normas orçamentárias a que está vinculado o servidor. Confronto: se o agente é prefeito municipal, o crime está tipificado no art. 1º, III, IV e V do Dec.Lei 201/67. Não confundir com o crime do art. 356-D, que trata de gastos públicos sem previsão orçamentária, o que gera lesão às finanças públicas, porque o dinheiro não existe, mas é gasto pelo órgão público. O art. 315 refere-se à violação da lei orçamentária, o dinheiro existe, está no orçamento, porém em outra rubrica. O art. 359-D refere-se a gasto ilegal, em que não existe previsão orçamentária e se gasta algo que não existe.
Concussão
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
Concussão. A conduta exigir significa impor, intimidar, valendo-se do cargo, com o fim de obter vantagem indevida. É uma espécie de extorsão, porém não há ameaça grave (147), o funcionário público apenas ameaça cumprir seu dever ou praticar uma arbitrariedade. Na extorsão o mal é injusto e grave e não tem relação com a função pública ou qualidade do agente. Exemplo. Para não executar um mandado de prisão, o oficial de justiça exige o pagamento de uma quantia em dinheiro. Isto é concussão. O crime tem muita semelhança com a corrupção passiva (317) em face do verbo solicitar. A diferença reside no poder de barganha que o funcionário público exerce. Quem pode exigir não pede ou solicita. Ex. uma pessoa pratica um crime e é flagrada pelo policial, para não ser levada à delegacia o policial exige e não solicita a vantagem indevida, ainda que disfarçadamente. O crime do art. 316 é formal, de consumação instantânea. Se o agente receber a vantagem será o exaurimento do crime. Cuidado: o crime pode ser praticado fora da função ou antes de assumi-la, mas deve ser em razão dela. Curiosamente o crime do art. 316, que é mais grave, tem pena menor do que a corrupção passiva (317), isso decorre em face das alterações legislativas sem critérios. Hoje não tem mais sentido distinguir a concussão da corrupção passiva, apenas didaticamente e para fins de prova em concurso público. Na concussão o agente exige e na corrupção ele solicita.
Se o crime for praticado por servidor do fisco, para não lançar tributo ou para cobrar parcialmente, ver o art. 3º, inc. II, da Lei nº 8137/90.
Excesso de exação
Art. 316, § 1°: Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. 
§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
Excesso de exação. Este crime nada ter a ver com a concussão, exceto o verbo nuclear ‘exigir’. Exação é o rigor na cobrança de tributos ou dívidas. A lei pune o excesso do funcionário público. Este crime deveria estar tipificado na Lei nº 8137, porque trata de cobrança de tributo ou contribuição social indevidos. Tributo indevido é o que não tem base legal para cobrança, diversamente do inexigível, que é o caso de tributo prescrito. Se for devido o tributo, mas o meio empregado for vexatório, humilhante, então haverá também o crime de excesso de exação. Custas e emolumentos não são considerados tributos, assim, o escrivão que cobra acima do fixado no regimento de custas não pratica o crime de excesso de exação. Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos, a pena será de reclusão, de dois a doze anos, e multa. Significa que, se o funcionário público embolsa o que cobrou indevidamente a pena é de 2 a 12 anos, se recolher aos cofres públicos o que cobrou indevidamente, a pena é de 3 a 8 anos, ou seja, será melhor embolsar, porque a pena será menor.
Corrupção passiva – trata do funcionário corrupto, que pode ocorrer mediante suborno de particular (art. 333) ou por ‘unha grande’ do funcionário, que ‘peita’ o cidadão, mediante solicitação da vantagem.
Corrupção passiva
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagemindevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 
a) forma simples. O crime tem o ‘nomen juris’ equivocado, porque o primeiro verbo é ‘solicitar’, que representa conduta ativa, positiva. Paciência. Assim o agente pode tanto tomar a iniciativa (isto é, ‘morder’ o cidadão) solicitando a vantagem indevida, quanto receber ou aceitar a promessa da vantagem por suborno, quando o particular oferece ou promete a vantagem ao funcionário público. Assim, é preciso conjugar sempre os crimes dos arts. 317 com 333, a fim de verificar quem praticou tomou a iniciativa na corrupção. Se o funcionário público solicita a vantagem e o particular apenas paga, este não comete crime, apenas o funcionário. Trata-se de uma ‘mordida do funcionário público. Todavia, se o particular oferece ou promete a vantagem, isto é suborna, já haverá o crime do art. 333, e se o funcionário público aceitar a promessa ou receber a vantagem, também haverá corrupção passiva (317). 
O crime deve ser praticado em razão da função pública (nexo funcional), mas o funcionário público não precisa estar no exercício da função e poderá ocorrer mesmo antes de assumi-la. Ex. um jurado que consta da lista mensal é procurado por defensor do réu, para absolver o jurado solicita dinheiro. Mesmo não tendo ainda assumido a função de jurado no dia do julgamento, já está consumado o crime do art. 317, por solicitar vantagem indevida em razão de função pública. 
O crime é formal, consumando-se mesmo sem receber a vantagem, e na forma de solicitar admite tentativa. Cuidado: pequenos mimos ou agrados recebidos por funcionário público como forma de agradecimento por ato realizado não configura o crime de corrupção passiva, é necessário que a oferta ou promessa de vantagem preceda ao ato funcional. 
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.
b) corrupção passiva majorada. É também denominada de corrupção qualificada, porque o funcionário público efetivamente não pratica o ato (omite-se ou abstem-se, ex. não multar); ou retarda o ato (protelar, ex. oficial de justiça protela a citação do réu ou cumprimento de mandado); ou praticar o ato ilegalmente (ex. soltar preso mediante pagamento de vantagem). Na corrupção passiva simples o ato do funcionário público geralmente é ato legal dentro de seu dever. Ex. agilizar o cumprimento de mandado. É também denominada de corrupção imprópria, porque o funcionário público não pratica nenhuma ilegalidade. Na corrupção própria o funcionário público pratica ato ilegal, infringe dever funcional. 
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
c) corrupção passiva privilegiada. Trata-se de crime de pequena relevância, porque o funcionário público transige com o seu dever funcional diante de pedido de terceiro. Pode ser carteiraço, cantada, choradeira, etc. Não se confunde com prevaricação, porque não há sentimento ou interesse pessoal a satisfazer (art. 319). O crime é da competência do JECrim. Confronto: se o crime de corrupção (suborno) envolver testemunha, perito, tradutor, intérprete, ver o crime do art. 343.
Facilitação de contrabando ou descaminho
Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho (art. 334):
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. 
Facilitação de contrabando ou descaminho. Trata-se de crime funcional próprio, porque somente pode ser cometido por funcionário público com atuação em zona alfandegária (fixa ou móvel), porque sua conduta consiste em facilitar (afastando obstáculos) o contrabando/descaminho. O tipo penal é remetido, isto é, sua caracterização depende de outro tipo penal. Assim, é necessário haver contrabando ou descaminho (art. 334) e o agente facilita este crime. O crime é doloso, portanto exige consciência do agente de estar violando seu dever funcional. Não haverá crime se o agente dorme no posto ou negligencia seu dever funcional (agindo culposamente). O crime é formal e independe da ocorrência efetiva do contrabando ou descaminho. Se outro funcionário público concorrer para o crime, mas não tem atribuições funcionais de repressão crime do art. 334, haverá um rompimento da teoria unitária (art. 29), responderá ele por participação ou co-autoria em criem de contrabando. Ex. servidor do INSS acompanha contrabandista para facilitar a passagem pela alfândega, responderá pelo crime de contrabando e não por facilitação do art. 318.
Prevaricação
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Prevaricação. Trata-se de crime em que o funcionário público, influenciado por sentimento (positivo ou negativo) ou interesse pessoal, deixa de cumprir seu dever ou age ilegalmente (vai fazer algo errado). Não há prevaricação, p.ex. se o agente dá prioridade de atendimento a alguém, ainda que movido por sentimento, se o ato não é ilegal. A desídia, a preguiça, a indolência ou o desleixo no cumprimento do dever não tipificam o crime, é necessário o dolo na conduta. Ex. fiscal de trânsito flagra motorista por infração, mas deixa de autuá-lo por ser seu parente ou amigo; escrivão judicial deixa expedir mandados ordenados pelo juiz para prejudicar o advogado contra o qual tem animosidade. O crime é da competência do JECrim. 
Confronto: funcionário público que descumpre ordem de superior hierárquico, em princípio não pratica crime (será infração disciplinar), nem responde por desobediência, visto que este crime é praticado por particular (330). Se o motivo do descumprimento da ordem é a satisfação de sentimento ou interesse pessoal, então haverá prevaricação. O STJ tem admitido que funcionário público responda por desobediência no caso de se tratar de ordem judicial e o destinatário da ordem não é subordinado do juiz. Ex. delegado de polícia.
 
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo: Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
Prevaricação relacionada aos meios de comunicação do preso. Trata-se de tipo penal novo (Lei nº 11.466/2007), cujo objetivo é coibir o acesso de presos aos meios de comunicação por telefone ou rádio com o mundo externo. O crime é próprio, pois só pode ser praticado por agente penitenciário ou servidor ligado à administração penitenciária. Outros meios de comunicação são permitidos pela Lei nº 7.210, art. 41, XV. Conforme art. 50 desta lei, constitui falta grave a aposse de aparelho telefônico, de rádio ou similar. O crime é omissivo próprio, formal e doloso. O tipo penal é aberto e possui redação truncada – deixar de cumprir o dever de vedar o acesso..., mas tem pena branda. A competência é do JECrim.
Condescendência criminosa
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Condescendência criminosa. Trata-se de crime omissivo próprio, pois o agente deve ser superior hierárquico de outro funcionário público que praticou infração penal. Ex. delegado de polícia que deixa de responsabilizar policial que praticou crime de abuso de autoridade. Cuidado: se o motivo da omissão da chefia deve-se a interesse ou sentimento pessoal, haverá crime de prevaricação, art. 319.
Confronto: se a omissão refere-se à apuração de crime de tortura – Lei nº 9455, art. 1º,§ 2º - o crime será de tortura, prevalecendo a norma especial. Exemplificando: delegado de polícia que toma conhecimento de crime de tortura praticado por seu subordinado e simplesmente deixa de tomar qualquer providência para a responsabilização do servidor, pratica o crime de tortura do art. 1º, § 2º, da Lei nº 9455.
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário: Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa.
Advocacia administrativa: A conduta patrocinar significa pleitear, requerer, advogar, interesse legítimo ou ilegítimo de alguém perante a Administração. O agente não tem competência para decidir sobre o pleito do interessado e então vale-se da condição de funcionário público para patrocinar perante colegas ou superiores ou até subordinados. Normalmente se caracteriza por pedidos verbais. Diz-se que é o funcionário que serve de ‘alavanca’ ou ‘pistolão’ do interesse alheio. Não recebe qualquer vantagem, nem mesmo pratica a conduta por sentimento ou interesse pessoal. O crime tem pena branda e é da competência do JECrim.
Violência arbitrária
Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de exercê-la:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena correspondente à violência.
Violência arbitrária: Trata-se de arbitrariedade física ou moral (estupidez) de funcionário público no cumprimento de seu dever. Tem-se entendido que o art. 3º, letra ‘i’, da Lei nº 4898/65 revogou o art. 322, mas o STF sustenta que o art. 322 ainda pode ser aplicado para os casos de violência moral, quando o funcionário público atua de forma grosseira, estúpida, sem empregar força física. Ex. apontar arma engatilhada para o rosto de uma pessoa (não suspeita), em atividade de rotina, para solicitar que se identifique. As agressões físicas injustificadas têm tipificação na lei de abuso de autoridade já referida e se houver lesão corporal ocorrerá concurso material de crimes, conforme súmulas 90 e 172 do STJ. Curiosamente, a pena do art. 322 é mais grave do que a da Lei nº 4898 e não é da competência do JECrim. Assim, o funcionário deve sempre empregar a força física, que a pena é mais branda do que a grave ameaça ou a estupidez moral no cumprimento do dever.
Abandono de função
Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em lei: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira: Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Abandono de função: O crime equivale ao abandono de emprego na iniciativa privada. O funcionário público renuncia, injustificadamente, ao cargo sem cumprir as formalidades legais, deixando-o acéfalo. Somente após 30 dias seguidos de faltas não justificadas se caracteriza a situação de abandono tácito. Se o funcionário assumir outra função pública, mas não se exonerou da anterior, pode-se caracterizar o crime em tela. Quem requer licença-prêmio ou licença para tratar de assuntos de interesse particular e não espera o deferimento do pedido pela chefia e falta ao trabalho, considera-se também abandono da função. Há casos em que a lei permite que o funcionário abandone o cargo, como ocorre no pedido de aposentadoria não examinado em 30 dias pela administração; permite-se que o funcionário aguarde em casa a decisão. Haverá majoração de pena se ocorrer prejuízo ao serviço público e também se o fato ocorrer em faixa de fronteira.
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado
Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem autorização, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, substituído ou suspenso: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado: É o oposto do crime anterior. No art. 324 o agente deve, mas não quer se afastar do cargo ou entra em exercício precipitadamente. O fato deveria ser apenas uma infração administrativa, porque o funcionário público não causa prejuízo à Administração ou ao serviço, apenas descumpre regras administrativas. Para iniciar o exercício da função pública é necessário ser nomeado e tomar posse formal. Entrar em exercício da função pública significa praticar atos relativos ao seu cargo. No caso de ser o funcionário exonerado, removido, substituído ou suspenso por infração disciplinar, ou por interesse da Administração Pública este deve acatar a decisão da Administração e não continuar trabalhando na função, continuar a exercê-la ilegalmente. O crime tem pena branda e é da competência do JECrim.
Violação de sigilo funcional
Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não constitui crime mais grave.
Violação de sigilo funcional – possui 3 formas típicas: 
a) O crime tem semelhança com o art. 154. O funcionário público toma conhecimento de fatos no exercício da função e que devem ficar em segredo. Exemplos: integrante de comissão de concurso que conhece as questões ou o gabarito de uma prova e ‘vaza’ para alguém; servidor de vara de família que divulga fatos que tomou conhecimento em processo que corre em segredo de justiça; policial que sabe que será realizada diligência na casa de suspeito e o avisa antes, etc. Se o funcionário público recebeu dinheiro para revelar o segredo ou as informações sigilosas, haverá corrupção passiva qualificada, porque praticou ato funcional infringindo dever funcional (317, § 1º).
§ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: 
I - permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública; 
II - se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. 
b) sigilo relacionado aos sistemas informatizados: Trata-se de disposição penal incluída pela Lei nº 9983/2000, que inseriu vários tipos penais no CP com o fim de proteger os sistemas informatizados da Administração Pública. Quem pode fornecer as senhas de acesso é somente o administrador de cada sistema, pois isto assegura a confiabilidade e a segurança dos dados que ali constam.
 O crime do art. 325, § 1º, se caracteriza quando o funcionário público autorizado a acessar sistemas informatizados da Administração ‘quebra’ o segredo da senha, fornecendo-a a alguém ou atribuindo a senha a alguém quando não poderia fazê-lo. Ex. estagiário de órgão público, que não está autorizado a acessar determinado banco de dados, recebe a senha de seu chefe, que está ausente do serviço, para que possa atender a determinada solicitação. Assim, ao fornecer sua senha ao estagiário, o funcionário público quebrou o segredo para acesso ao sistema. O crime se consuma no momento em que a senha de acesso é revelada a terceiro, que deve ser funcionário público. Se o funcionário público não autorizado acessar indevidamente o acesso restrito, também praticará crime, porém será o do inciso II. Assim, se o funcionário público não autorizado apenas tomou conhecimento da senha, mas nada fez para acessá-lo, este não praticará qualquer crime, o mesmo já não ocorre com o responsável que forneceu indevidamente a senha.
c) Forma qualificada: Quebra de senha de acesso e uso indevido de acesso resultando dano 
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública ou a outrem: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. 
A hipótese aplica-se tanto ao funcionário público que ‘quebrou’ a senha de acesso, quanto àquele que utilizou indevidamente a senha, se estas condutas resultarem em dano à Administração Públicaou a terceiros. Exemplificando: a chefia imediata, indevidamente, fornece sua senha (empresta a senha) ao estagiário; este a utiliza e acessa o sistema indevidamente; obtêm dados e os divulga, prejudicando a própria Administração ou empresas ou pessoas. 
Confronto: o funcionário público que está autorizado a acessar os sistemas informatizados da Administração Pública e fornece dados indevidamente a terceiros, empresas, etc., pratica o crime do art. 325 ‘caput’. Já o funcionário público, que está autorizado a acessar os referidos sistemas, se incluir dado falso, excluir ou alterar dado verdadeiro, com o fim de causar dano ou para receber vantagem indevida, pratica o crime do art. 313-A. O particular que divulgar informações sigilosas, que recebeu de funcionário público ou que obteve de forma indevida, pratica o crime do art. 153 § 1o-A. 
Divulgar, sem justa causa, informações sigilosas ou reservadas, assim definidas em lei, contidas ou não nos sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Infelizmente o legislador não pune o ‘racker’, que fura a segurança dos sistemas informatizados da Administração Pública, bisbilhota as informações, mas não divulga a ninguém o que obteve, apenas faz uso pessoal. O crime para o particular que consegue acessar indevidamente os sistemas informatizados da Administração Pública é se caracteriza quando fizer a divulgação das informações.
Violação do sigilo de proposta de concorrência: O crime foi revogado pela Lei nº 8.666, art. 94, que trata das licitações em geral e não apenas da concorrência. Ver mais detalhes nessa lei, que trata das fraudes em geral que são objeto das licitações. Prevalece o princípio da especialidade.
DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL 
Usurpação de função pública
Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública: Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem: Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
Usurpação de função pública: Trata-se de crime em que o agente se apodera, toma para si ou se investe, função pública, através da prática de ato privativo de funcionário público. Ex. alguém se intitula policial e pratica atos privativos de polícia, constrangendo pessoas (busca pessoal, vistoria em veículos, buscas em residências, barreiras nas ruas com fiscalização da documentação, etc.). Confronto: se o agente apenas se diz funcionário público e não pratica nenhum ato inerente à função, haverá a contravenção do art. 45 da LCP. O mesmo ocorre se o agente apenas veste uniforme privativo de funcionário público – art. 46 da LCP, mas não pratica nenhum ato privativo de funcionário público. Cuidado: se o agente se anuncia ou se identifica como funcionário público para obter alguma vantagem, o crime será de falsa identidade (art. 307).
Resistência
Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio: Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa: Pena - reclusão, de um a três anos.
§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência.
Resistência: É uma oposição violenta ou por ameaça grave à execução de um ato legal de funcionário público competente. A resistência é contra a pessoa do funcionário público, por isso não se deve confundir com a resistência passiva, quando o agente se atira no chão, se agarra a poste, se amarra a grade para não se preso, por exemplo. Também não é crime de resistência a simples fuga diante da ‘voz de prisão’ dada pelo policial. O crime é formal e se consuma no momento em que o agente realiza a conduta, com ameaça ou violência. Se o ato do funcionário público não é executado em razão da resistência, haverá a forma qualificada (§ 1º). Exemplos clássicos de resistência: agressões físicas a policiais ou oficiais de justiça, que cumprem mandado judicial, disparos contra policiais que perseguem criminoso em fuga. Cuidado: haverá concurso de crimes com a resistência, no caso de lesão corporal, homicídio ou tentativa de homicídio, ou ainda, desacato. A resistência não absorve o desacato (331), apenas a desobediência (art. 330). A resistência simples é da competência do JECrim, mas não a forma qualificada. Fugir diante de voz de prisão é direito natural e não constitui crime, porém o emprego de violência ou ameaça para obter a fuga será crime de resistência. Confronto: se a ordem for manifestamente ilegal, a oposição com violência ou ameaça é direito do cidadão e não constitui crime, porque se trata de arbitrariedade do agente público. Se for contra força policial, mesmo legítima, a oposição pode ser um ato suicida.
Desobediência
Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público:
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.
Desobediência: Trata-se de não acatar ordem legal (não pedido ou solicitação) de funcionário público competente. O destinatário da ordem deve ter o dever jurídico de acatá-la. Se houver previsão de sanção civil ou administrativa para a desobediência não haverá o crime, exceto se a lei ressalvar a hipótese. Ex. em mandado, o juiz determina a abstenção de determinada conduta sob pena de multa diária (espécie de ‘astreintes’). Se não cumprir a ordem não haverá desobediência. Ordem de parada de veículo determinada por agente de trânsito não atendida pelo condutor: há controvérsias na jurisprudência se constitui desobediência, tendo em vista que o fato constitui infração grave e apreensão do veículo. Não confundir com barreiras policiais montadas em rodovias, nestas o condutor está obrigado a parar sob pena de desobediência. 
Cuidado: funcionário público, como regra, não comete o crime de desobediência por não cumprir ordem de superior. Será infração disciplinar, exceto para militares, pois o COM prevê o crime de insubordinação. Todavia, o funcionário público pode cometer desobediência, desde que o fato não tenha vínculo com sua atividade funcional. Exemplo: desembargador que dirige um veículo e não atende à ordem de parada determinada por agente de trânsito (dirigir veículo não é ato funcional de desembargador); e ainda haverá o crime de desobediência, mesmo no exercício funcional, desde que a desobediência seja à ordem judicial, desde que o funcionário público não seja subordinado hierárquico do juiz. Exemplificando: delegado de polícia recebe ordem judicial para trancamento de inquérito policial por concessão de liminar em ‘habeas corpus’, mas o delegado não cumpre e mantém o inquérito policial inclusive com depoimentos e indiciamento.
Desacato
Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Desacato: A lei tutela o prestígio ou a dignidade da função pública e a conduta do agente não se dirige. Desacatar significa desrespeitar, achincalhar, ofender, humilhar, menosprezar, etc. o funcionário público no exercício da função pública. O fato pode ser praticado por palavras, escritos abertos, gestos, vias de fato, etc. e deve agredir a honra profissional. O crime é formal e se consuma no momento em que ocorre a ofensa funcional, mas é imprescindível que o funcionário público esteja presente no momento em que a conduta é praticada. O sujeito passivo é o Estado e secundariamente o funcionário público. Exemplo clássico: piloto estrangeiro que tirou foto na polícia e mostrou o ‘dedo do meio’, como se fosse mandar ‘tomar-no-cu’ (fuck you). Os palavrões em geral, dirigidos ao funcionário público com o propósito de desrespeitá-lo ou de menosprezá-lo configuram crime de desacato. Funcionário público também pode ser sujeito ativo do crime, desde que o fato não tenha vínculo com sua função. Ex. condutor de veículo, ainda que seja juiz de direito, ofende agente de trânsito. O crime é dolosoe o estado de embriaguez ou reação de ira por inconformismo não excluem o crime. O desacato absorve a injúria, desde que não seja de caráter pessoal contra o funcionário público, as vias de fato, mas não absorve o resistência ou a desobediência. Confronto: se a ofensa ao funcionário público não for realizada na sua presença, o crime será de injúria qualificada (art. 141, II). 
Tráfico de Influência
Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a vantagem é também destinada ao funcionário. 
Tráfico de Influência: O crime foi modificado pela Lei nº 9.127/95, pois seu ‘nomen juris’ anterior era ‘exploração de prestígio’. Muito cuidado com este crime. O agente deve ter prestígio perante a Administração, no sentido de potencialmente influir em atos funcionais. Geralmente são pessoas que financiaram campanhas eleitorais ou possuem influência política, mas não são funcionários públicos. Portanto, o sujeito ativo do crime não é funcionário público, mas um figurão particular. Exemplo clássico foi o caso PC Farias no governo Collor, porém existem inúmeras situações nos governos atuais. A dificuldade na responsabilização penal reside no poder político que esses agentes detêm. Essas pessoas traficam seu prestígio, isto é, cobram, exigem, solicitam ou obtém vantagem a pretexto de influenciar em atos de funcionário público. 
O crime é formal e não exige que o agente efetivamente influencie, basta realizar o verbo nuclear do tipo. Se o agente não tem qualquer prestígio perante a Administração, isto é, trata-se de absoluto desconhecido, porém é um espertalhão que tira dinheiro de alguém, haverá crime de estelionato (171) e não o do art. 332. Este crime também não se confunde com corrupção ativa (art. 333), porque o agente nada oferece ao funcionário público para praticar o ato funcional, apenas exerce seu ‘poder’ sobre ele. O funcionário público que cede perante a influência pratica o crime corrupção passiva privilegiada do art. 317, § 2º. 
Quem dá ou paga ao influente (sujeito ativo do crime do art. 332) não comete crime algum, pois é o interessado no ato do funcionário público, mas a lei não tipifica a conduta. Cuidado: o agente que pratica o crime do art. 332, não comete nenhum crime ao influenciar efetivamente o funcionário público (exaurimento), porque a consumação ocorreu antes ao solicitar, cobrar, exigir, obter a vantagem do interessado. Quem deu a vantagem solicitada ao influente também não pratica crime. 
Confronto: se o funcionário público a ser influenciado é juiz, membro do MP, funcionário da Justiça, testemunha, tradutor, intérprete, o crime que o agente comete será o do art. 350 do CP, isto é crime contra a administração da justiça. Prevalece o princípio da especialidade. Não tem nenhum sentido esta distinção, mas deve ser observada em respeito ao princípio da reserva legal. 
Forma majorada: a pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a vantagem é também destinada ao funcionário. Deve-se observar que o agente do art. 332 não oferece nem entrega qualquer vantagem ao funcionário público, porque ele tem prestígio, poder ou influência política, por isso não necessita subornar. Todavia, se ainda assim ocorrer a hipótese de suborno do funcionário público, haverá também crime de corrupção ativa, além do tráfico de influência, porque dois são os momentos das condutas: primeiro o agente cobra, solicita, exige do interessado no ato funcional e pratica neste momento o crime do art. 332; depois, se for subornar o funcionário público, certamente haverá novo processo causal para o crime do art. 333, corrupção ativa. A forma qualificada se consuma pelo simples fato de o agente alegar ou insinuar que a vantagem também é para o funcionário público. 
Corrupção ativa
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.
Corrupção ativa: Trata-se de crime conhecido como ‘suborno’, em que o agente ‘peita’ o funcionário público, oferecendo ou prometendo vantagem indevida, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício. A lei não tipificou o verbo ‘dar’ vantagem, isto é, quando o funcionário público solicita ou exige vantagem e o cidadão simplesmente ‘dá’ a vantagem, haverá apenas corrupção passiva do funcionário público (317), porque foi deste a iniciativa. Embora imoral e anti-ético o fato de ‘pagar’ ao funcionário público corrupto que ‘mordeu’, não há tipificação para quem não toma a iniciativa de subornar. Ver a diferença no art. 343, onde o legislador pune a conduta de simplesmente ‘dar’ a vantagem em razão de solicitação. 
O ato pretendido pelo agente em relação ao funcionário público pode ser legal ou ilegal. Ex. oferecer vantagem para policial localizar veículo roubado, ou oferecer vantagem para não ser multado. Não confundir com ‘mimos’ ou gratificações dadas espontaneamente ao funcionário público após a prática do ato, como forma de agradecer a eficiência. Exemplificando: oficial de justiça recebe dinheiro de advogado para cumprir com maior rapidez os mandados, dando preferência sobre os demais, é crime de corrupção ativa (advogado ofereceu) e passiva (funcionário público recebeu); todavia a simples gratificação pela presteza, sem prévia combinação, depois de praticados os atos do funcionário público, não configura crime, embora não seja ético. Ver neste sentido o Código de Conduta da Alta Administração Federal – Resolução 03/2000, que disciplina a matéria de brindes ou mimos para funcionário público. O crime do art. 333 deve visar a ato do funcionário público inerente ao exercício de suas funções, isto é, ao seu dever de ofício. Se a vantagem oferecida é estranha às funções do funcionário público, não haverá o crime em tela. 
O crime do art. 333 é formal e não depende de aceitação do funcionário público, ocorrendo a consumação no momento em que o agente praticar a conduta típica. Entendo que não admite tentativa. 
 Corrupção ativa qualificada: a pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional. A questão é simples. Se a vantagem oferecida ou prometida ao funcionário público era para determiná-lo a praticar atos legais na sua função, a corrupção será na forma simples, todavia se o que pretende o agente do funcionário público é a não prática do ato (ex. não multar) ou o retardamento do ato (ex. engavetar inquérito policial esperando prescrição, retardar o cumprimento de mandado); ou a prática ilegal de um ato (ex. dar sumiço em documento, anular ilegalmente uma multa), a forma típica será de corrupção passiva qualificada. Cabe observar que mais de 90% da corrupção ativa ocorre na forma qualificada, porque o suborno se justifica normalmente quando o agente quer algo ilegal do funcionário público: ‘não agir’, ‘retardar’, ‘engavetar’, ‘praticar uma ilegalidade’.
Descaminho
Art. 334.  Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
§ 1o  Incorre na mesma pena quem:  (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei;   
II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho;   
III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercíciode atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina no território nacional ou de importação fraudulenta por parte de outrem;  
IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos.   
§ 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências.  
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial.   
Contrabando
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida:  (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.  
§ 1o Incorre na mesma pena quem: 
I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando;   
II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa de registro, análise ou autorização de órgão público competente;  
III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira destinada à exportação;  
IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira;   
V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira.  
 § 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências.  
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de contrabando é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial.  
Em 26.6.2014, através da ln 13.008, legislador brasileiro desmembrou os crimes de contrabando e descaminho em tipos autonomos, atribuindo penas distintas, enquanto o descaminho ficou com pena de 1 a 4 anos de reclusão, o crime de contrabando ficou com pena mais grave: 2 a 5 anos de reclusão. A distinção entre ambos os crimes é simples: enquanto o descaminho se refere ao ato de iludir o pagamento de tributo, o contrabando diz respeito à mercadoria cuja importação ou exportação é proibida e não há possibilidade de pagar imposto para legalisar a entrada ou saída da mercadoria do país.
Descaminho: a) Art. 334 Iudir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria. O objeto de tutela é o erário público, em face da lesão provocada pela entrada ou saída de mercadoria pela elisão do pagamento do tributo em razão da entrada ou saída da mercadoria do país. É uma questão tributária, mas não ocorre a aplicação da lei nº 8137. Todavia aplica-se o princípio da insignificância quando o valor do tributo não ultrapassa R$ 10.000,00�. Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, também pode ser funcionário público que não tenha o dever de ofício de combater contrabando ou descaminho (art. 318). Os casos mais conhecidos de descaminho são a prática de importação de produtos além da cota, no casos de turistas ou de comercintes que praticam a navegação de cabotagem, ou transporte ‘formiga’. Quem exerce o comércio com produtos que foram importados clandestinamente por terceiros, sem o pagamento do tributo correspondente, pratica o mesmo crime de descaminho.
Condutas equiparadas a descaminho: 1) Art. 334 § 1º I - praticar navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei; Navegação de cabotagem é o comércio direto entre portos do país, através de águas de rios ou por mar, rente à costa. Só pode ser praticado por navios nacionais; Art. 334 § 1º , II praticar fato assimilado, em lei especial, a descaminho; é norma penal em branco e depende de lei específica; Art. 334, § 1º , III quem vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina no território nacional ou de importação fraudulenta por parte de outrem; Há duas situações típicas: na primeira, o agente é o contrabandista que logrou superar as fronteiras do país e agora é flagrado em atos de comércio formal ou informal com essa mercadoria (são várias condutas); na segunda, o agente não é contrabandista, já é terceiro, mas é comerciante formal ou informal. Nesta hipótese o agente poderia ser considerado receptador (art. 180), pois envolve-se com mercadoria objeto de crime. Todavia a lei preferiu tratá-lo como se contrabandista fosse. Exemplo: um piloto de vôos internacionais introduz clandestinamente no país mercadoria estrangeira e um terceiro (sua esposa) vende essas mercadorias em comércio doméstico; ambos serão enquadrados no art. 334, o piloto no ‘caput’ c/c o § 3º, e o terceiro na letra ‘c’ do § 1º do art. 334; situação semelhante ocorre com as mercadorias dos camelôs; Art. 334, § 1º , IV quem adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal, ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos. Trata-se de hipótese semelhante ao art. 180, § 1º, na medida em que o agente exerce o comércio com mercadoria estrangeira sem documentação ou com documento falso. A conduta é dolosa e o crime se consuma com a prática de qualquer dos verbos nucleares da letra ‘d’; Guarda muita semelhança com a letra ‘c’ segunda parte, porém distingue-se quanto ao elemento subjetivo. Na letra ‘c’ exige-se dolo direto quanto à origem da mercadoria, enquanto na letra ‘d’ o simples fato de estar a mercadoria desacompanhada de documentação ou tratar-se de documentação falsa já caracteriza o crime. O tipo penal não prevê a forma culposa. Exemplificando: as mercadorias estrangeiras na posse dos camelôs, todas sem documentação, podem ser objeto do inciso IV.
Se o descaminho for praticado por meio de transporte aéreo, marítimo ou fluvial, a pena é apolicada em dobro. O motivo é a dificuldade de fiscalização e a facilidade de sua prática.
b) Contrabando (art. 334-A) - refere-se à entrada ou saída do país de mercadoria proibida por ato normativo federal. São critérios político-administrativos. A consumação do crime ocorre com a entrada ou a saída da mercadoria no país. As formas assemelhadas a contrabando constas do § 1º do art. 334-A e são semelhantes ao descaminho. 
Confronto: se o contrabando tiver por objeto drogas ilegais, será o crime do art. 33 c/c o art. 40, I, da Lei nº 11.343 (tráfico internacional de drogas); se o objeto for medicamento não homologado, ver art. 373, § 1º-B; se for produto ‘pirateado’, ver art. 184, § 2º, pois a pena é mais alta e absorve o crime de contrabando; ser forem armas de fogo, o crime será o do art. 18 da Lei nº 10.826/2003.
Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência: art. 335 - foi revogado pela Lei nº 8.666, art. 93 e 95, tal como ocorreu com o art. 326.
Inutilização de edital ou de sinal
Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou conspurcar edital afixado por ordem de funcionário público; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por determinação legal ou por ordem de funcionário público, para identificar ou cerrar qualquer objeto: Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Inutilização de edital ou de sinal: Trata-se de crime de difícil ocorrência, porque os editais são publicados no diário oficial e não mais afixados nas portas dos prédios públicos. Em todo caso, edital é uma comunicação oficial ao público e afixado em local público, já o selo ou sinal destina-se a identificarou lacrar qualquer coisa através de ato legal de funcionário público. A consumação ocorre com a realização de qualquer das condutas descritas no tipo. É um crime material, com pena branda e de competência do JECrim.
Subtração ou inutilização de livro ou documento
Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro oficial, processo ou documento confiado à custódia de funcionário, em razão de ofício, ou de particular em serviço público: Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não constitui crime mais grave.
Subtração ou inutilização de livro ou documento: Trata-se de crime que tutela a guarda de livros oficiais, autos de processo ou documentos sob a responsabilidade do poder público. O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, inclusive funcionário público que não tem função de guarda do aludido material. O crime tem semelhança com o art. 305, porém neste tipo penal o documento não está sob guarda de funcionário público, pode inclusive estar na mão do próprio agente, e tem valor probatório ou representa dinheiro. Se o agente é advogado e recebe autos de processo ou documentos em razão do exercício profissional e os sonega ou inutiliza, o crime será o do art. 356, pelo princípio da especialidade.
Sonegação de contribuição previdenciária 
Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: 
I - omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de informações previsto pela legislação previdenciária segurados empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este equiparado que lhe prestem serviços; II - deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços; III - omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
§ 1o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara e confessa as contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. 
§ 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que: I – vetado; II - o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. 
§ 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 (um mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir a pena de um terço até a metade ou aplicar apenas a de multa. 
§ 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior será reajustado nas mesmas datas e nos mesmos índices do reajuste dos benefícios da previdência social. 
Sonegação de contribuição previdenciária: Trata-se de crime que migrou da Lei nº 8137/90 para este tipo penal. Caracteriza-se pela conduta do agente que visa a fraudar a previdência social a fim de não pagar ou pagar a menor a parcela que deve recolher para a Previdência. Qualquer fraude que visa acobertar fato gerador de contribuição previdenciária caracteriza o crime do art. 337-A; Ex. empresário assina a carteira (CTPS) de empregado e registra salário mínimo, mas paga 10 vezes mais, que é o salário verdadeiro, o objetivo é não pagar a parcela da previdência social. 
Confronto: se o empregador descontou do salário do empregado a parcela devida e não a repassou à Previdência, haverá apropriação de contribuição previdenciária (art. 168-A), porque é o dinheiro do empregado que o empregador reteve em nome da Previdência e dele se apropriou. É diversa a situação do 337-A, que se refere à parcela devida pelo empregador como contribuinte e não repassador. Cuidado: com relação à extinção da punibilidade, deve-se aplicar as regras constantes da Lei nº 10.684/2003 (art. 9º)�, que trata do parcelamento e do pagamento dos débitos tributários e previdenciários, porque são normas mais recentes. Subsidiariamente é possível aplicar as regras dos parágrafos 1º a 3º do art. 337-A, no que for mais benéfico ao agente.
DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTRANGEIRA: O CP visa a punir os agentes que, em território nacional, atentarem contra a Administração Pública estrangeira, ressalvando-se que os funcionários públicos estrangeiros respondem perante a lei do país a que prestam serviço. Os crimes a seguir tem como sujeito ativo qualquer cidadão e não o funcionário público estrangeiro. Considera-se funcionário público estrangeiro, para os efeitos penais, quem, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública em entidades estatais ou em representações diplomáticas de país estrangeiro. Equipara-se a funcionário público estrangeiro quem exerce cargo, emprego ou função em empresas controladas, diretamente ou indiretamente, pelo Poder Público de país estrangeiro ou em organizações públicas internacionais.
Corrupção ativa em transação comercial internacional
Art. 337-B. Prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vantagem indevida a funcionário público estrangeiro, ou a terceira pessoa, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício relacionado à transação comercial internacional: Pena - reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa. 
Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço), se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário público estrangeiro retarda ou omite o ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.
Corrupção ativa em transação comercial internacional: A conduta do agente deve relacionar-se à transação comercial internacional e não a qualquer ato de funcionário público estrangeiro. Ex. subornar funcionário público estrangeiro para conceder ‘visto’, não constitui o crime do art. 337-B (não é transação comercial internacional) nem o do art. 333, porque não se trata da Administração Pública nacional. A punição pela corrupção ativa de funcionário público estrangeiro só ocorre se o ato estiver relacionado com operação comercial internacional. O crime é formal e a conduta deve anteceder à prática do ato do funcionário público estrangeiro. Haverá forma qualificada se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário público estrangeiro retarda ou omite o ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional. Competência: pode ser estadual ou federal, dependendo dos reflexos do ato do funcionário público estrangeiro. Será federal a competência se a conduta produzir reflexos jurídicos em outro país, do contrário, será estadual.
Tráfico de influência em transação comercial internacional
Art. 337-C. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, vantagem ou promessa de vantagem a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público estrangeiro no exercício de suas funções, relacionado a transação comercial internacional: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a vantagem é também destinada a funcionário estrangeiro.
Tráfico de influência em transação comercial internacional: O crime tem semelhança com o art. 332, porém se distingue deste, na medida em que o funcionário público visado com o tráfico de influência é estrangeiro. O sujeito ativo deve ser pessoa que potencialmente poderá influenciar funcionário público estrangeiro (advogado, exportador, despachante aduaneiro, etc.). Se o agente for apenas um espertalhão que enganou alguém e obteve vantagem patrimonial às custas de terceiro, haverá o crime de estelionato (171). Não é necessário que ocorra a influência, basta o pretexto. Haverá aumento de pena pela metade, se o agentealega ou insinua que a vantagem é também destinada a funcionário estrangeiro. 
� No julgamento do REsp n. 1.112.748/TO (representativo de controvérsia), consolidou-se orientação de que incide o princípio da insignificância ao crime de descaminho quando o valor do débito tributário que não ultrapasse o limite de R$ 10.000,00 (dez mil reais), a teor do disposto no art. 20 da Lei n. 10.522/02. A Portaria MF n. 75, de 22 de março de 2012, do Ministério da Fazenda - por se cuidar de norma infralegal que não possui força normativa capaz de revogar ou modificar lei em sentido estrito -, não tem o condão de alterar o patamar limítrofe para a aplicação do aludido princípio da bagatela. Orientação jurisprudencial reafirmada recentemente pela eg. Terceira Seção por ocasião do julgamento do REsp n. 1.393.317/PR (12/11/2014), da relatoria do eminente Ministro Rogério Schietti Cruz (DJe de 2/12/2014).Agravo regimental desprovido. (AgRg no REsp 1505097/PR, Rel. Ministro ERICSON MARANHO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SP), SEXTA TURMA, julgado em 01/09/2015, DJe 17/09/2015)
� Art. 9º É suspensa a pretensão punitiva do Estado, referente aos crimes previstos nos arts. 1º e 2º da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e nos arts. 168A e 337A do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, durante o período em que a pessoa jurídica relacionada com o agente dos aludidos crimes estiver incluída no regime de parcelamento. § 1º A prescrição criminal não corre durante o período de suspensão da pretensão punitiva. § 2º Extingue-se a punibilidade dos crimes referidos neste artigo quando a pessoa jurídica relacionada com o agente efetuar o pagamento integral dos débitos oriundos de tributos e contribuições sociais, inclusive acessórios.

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