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LITISCONSÓRCIO E INTERVENÇÃO DE TERCEIROS

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FACULDADES INTEGRADAS DO VALE DO IGUAÇU - UNIGUAÇU
VIVIANE MAZUR COLAÇO DA SILVEIRA
DIR 6N
LITISCONSÓRCIO E INTERVENÇÃO DE TERCEIROS
UNIÃO DA VITÓRIA/PR
2014
INTRODUÇÃO
O presente trabalho abordará de maneira sucinta e objetiva o conceito, classificação e o regime do litisconsórcio, a intervenção de terceiros e suas modalidades, quais sejam, a assistência (simples e litisconsorcial), oposição, nomeação à autoria, denunciação da lide e chamamento ao processo.
LITISCONSÓRCIO
Segundo Gonçaves (2009), refere-se ao “fenômeno que ocorre quando duas ou mais pessoas figuram como autores ou rés no processo”, portanto, o litisconsórcio esta vinculado as pessoas envolvidas na lide. Os múltiplos autores, réus ou ambos são denominados de litisconsortes, e caracterizam-se por serem partes iguais com direitos iguais.
Esta pluralidade de partes é admitida em lei, para a economia processual e harmonia dos julgados, evitando assim, decisões conflitantes. Para Gonçalves (2009, p. 145)
O que justifica a formação do litisconsórcio é a existência de uma inter-relação entre as situações jurídicas de direito material dos litisconsortes. Por isso, é melhor que elas sejam decididas em um único julgamento, garantindo-se destarte a harmonia dos julgados.
CLASSIFICAÇÃO
Quanto ao pólo em que se forma:
Ativo: quando há dois ou mais autores contra um réu.
Passivo: quando há dois ou mais réus contra um autor.
Misto: há dois ou mais autores contra dois ou mais réus.
Quanto ao momento de formação
Inicial é aquele que se dá logo no início do processo, isto é, contemporaneamente à formação da relação jurídica processual.
Ulterior é o que surge logo após a formação do processo, como pode ocorrer pela sucessão processual, quando mais de um herdeiro se habilita, assumindo o lugar da parte falecida no processo;
Quanto à uniformidade da decisão
Unitário e simples – esta classificação é feita tendo em conta os efeitos da decisão em relação aos litisconsortes. Assim, ter-se-á litisconsórcio unitário quando o decisum (provimento jurisdicional) resolver de modo igual à situação dos litisconsortes ou, nas palavras de Didier, quando "o provimento jurisdicional tem que regular de modo uniforme a situação jurídica dos litisconsortes, não se admitindo, para eles, julgamentos diversos. O julgamento terá se de ser o mesmo para todos os litisconsortes.”
O litisconsórcio é simples quando a decisão judicial puder ser diferente para cada litisconsorte. Segundo Didier, "cada litisconsorte é tratado como parte autônoma", vale dizer, diferentemente do que ocorre com o litisconsórcio unitário, em que vários litisconsortes são considerados um só, o que, consoante o festejado autor, revela uma unidade da pluralidade.
Quanto à obrigatoriedade da formação
Necessário: entende-se por necessário aquele em que é exigida a presença de mais de uma pessoa num dos polos do processo, seja em virtude da natureza da relação jurídica, ou por imposição da lei. Segundo Fredie Didier, "o litisconsórcio necessário está ligado mais diretamente à indispensabilidade da integração do polo passivo por todos os sujeitos (...). A necessariedade atua, por isso, na formação do litisconsórcio (...). " No litisconsórcio necessário, a prolação de uma decisão de mérito estará condicionada à presença de todos os sujeitos no polo da demanda.
Facultativo: é o litisconsórcio cuja formação depende da vontade dos sujeitos, que podem promover a ação, sozinhos ou em conjunto. Tanto poderá cada um demandar sozinho, como se unirem para pleitear um direito num só processo, em que o polo ativo estará formado por inúmeras pessoas (salvo limitação judicial).
Ocorrendo exacerbado número de litigantes no processo (independentemente do polo) poderá o juiz, de ofício ou a requerimento do réu, limitar o número de litisconsortes, quando, o excesso vir a dificultar o exercício do direito de defesa ou prejudicar a celeridade do processo, conforme prevê o parágrafo único do artigo 46, do CPC. 
REGIME DO LITISCONSÓRCIO
Regime Comum: quando o ato (favorável ou não) praticado por um litisconsorte, (visto que cada qual te autonomia e independência no processo para agir conforme sua conveniência) não produz efeitos quanto aos demais litisconsortes, ou seja, sem relevância para os demais. Este é o regime padrão, aplicável a todas as espécies de litisconsórcios com exceção do unitário.
Regime Especial: os efeitos do ato praticado por um dos litisconsortes não se aplica aos demais, situação onde existe a necessidade de se dispensar o tratamento homogêneo no provimento do mérito, seus efeitos restringem-se a quem o praticou, sendo que o ato será válido, porém ineficaz.
INTERVENÇÃO DE TERCEIROS
Quando um procedimento foge a relação contratual normal, ou seja, aquela que envolve o juiz, o autor e o réu, e vem a ser necessário o ingresso de um terceiro alheio à relação processual, que passa a integrar a lide diz-se que ocorre um procedimento denominado intervenção de terceiros.
Essa posição do terceiro em relação às partes originais do processo distingue o referido instituto do litisconsórcio, pois nesta hipótese em que há mais de uma pessoa atuando como autor ou réu num processo judicial. Ademais, no litisconsórcio há uma relação jurídica preexistente que envolve as partes. Outra distinção que a intervenção de terceiros apresenta é o fato de não se confundir com a substituição processual (ou substituição de parte), hipótese prevista em lei, na qual o substituto assume posição idêntica a da parte. A Intervenção de terceiros sempre será um ato que dependente da vontade, seja do terceiro ou da parte original do processo, haja vista que a lei não poderia obrigar um estranho, alheio à relação, a ingressar na lide. 
Várias são as modalidades de intervenção apresentadas no Código de Processo Civil: 
ASSISTÊNCIA
Refere-se a possibilidade assegurada em lei de terceiro possuidor de interesse jurídico na sentença favorável a uma das partes interfira prestando-lhe colaboração no processo. Este terceiro não é parte da relação processual, distinguindo-se assim do litisconsórcio, sendo que sua função é de meramente auxiliar uma das partes. 
A intervenção do terceiro como assistente sempre pressupõe interesse. Mas seu interesse reserva-se apenas na preservação ou na obtenção de uma situação jurídica que possa influir positivamente na relação jurídica de na condição de assistente colaborando com a parte assistida, devendo este interesse do ser jurídico, isto é, deve relacionar-se com um vínculo jurídico do terceiro com uma das partes.
A assistência pode ser simples ou adesiva e litisconsorcial ou qualificada
OPOSIÇÃO
Na oposição o opoente, terceiro em relação à demanda originária, vai a juízo manifestando pretensão de ver reconhecido como seu o direito (pessoal ou real) sobre que controvertem autor e réu. Disposto nos Arts. 56 ao 61 do CPC.
NOMEAÇÃO À AUTORIA
Trata-se de uma obrigação imposta ao réu quando detiver a coisa objeto da demanda, mas esta esteja em nome alheio, sendo-lhe demandada em nome próprio, deverá nomear a autoria, o proprietário ou possuidor. Refere-se aos casos de mero detentor. Também é possível a nomeação à autoria nas ações indenizatórias de cunho patrimonial, toda vez que o responsável pelos prejuízos alegar que praticou o ato por ordem ou por cumprimento de instrução de terceiros.
O Réu deverá realizar a autoria, sendo sua atribuição no processo, sob pena de responder por perdas e danos.
DENUNCIAÇÃO DA LIDE
Esta associada ao direito de regresso, ou seja, o direito exercido pelo sucumbente da ação indenizatória contra um terceiro responsável pela existência desta. Sua finalidade consiste na economia e celeridade processual.
O entendimento majoritário da doutrina é de que a denunciação da lide somente é obrigatória na hipótese de evicção, sob pena de perda do direito de regresso.
CHAMAMENTO AO PROCESSO
É o ato jurídico no qual o devedor demandado chama os coobrigados à integraremo processo, visando responsabiliza-los pela dívida. Tem como finalidade favorecer o devedor que está sendo acionado, por que amplia a demanda para permitir a condenação também dos demais devedores.
Trata-se de uma faculdade exclusiva do réu não sendo possível no procedimento sumário e não é possível no processo de execução.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho teve como objetivo esclarecer as possibilidades de pluralidade de envolvidos no processo, seja configurando parte (autor ou réu) ou apenas terceiros alheios a demanda que no decorrer da lide passaram a integrar o processo, sendo que todas as modalidades (tanto na interpelação da demanda quanto no ingresso de terceiro) necessitam de prévia autorização legal.
REFERÊNCIA 
DIDIER JR. Fredie. Curso de direito processual civil: teoria geral do processo e processo de conhecimento. Vol. 1. 12ª Ed. - Salvador: Jus Podivm, 2010, p. 321.
GOLÇALVES, Marcus Vinicius Rios, Novo Curso de Direito Processual Civil. Vol 1. 6ª Ed. – São Paulo. Saraiva, 2009.
GLAUKA ARCHANGELO. Direito Processual Civil. Disponível em: http://www.cursoaprovacao.com.br/scasat/arquivos/20100521165740_Glauka_Archangelo_TRT_Dir_Proc_Civil_Apostila_Aula_2.pdf. Acessado em: 16 de setembro de 2014.

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