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INTRODUÇÃO AO DIREITO PROCESSUAL CIVIL

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INTRODUÇÃO AO DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
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DIREITO 
PROCESSUAL CIVIL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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SUMÁRIO 
PROCESSO E PROCEDIMENTO .............................................................................. 4 
PROCESSO DE CONHECIMENTO ............................................................................ 4 
TUTELA PROVISÓRIA ............................................................................................... 6 
PROCEDIMENTOS ..................................................................................................... 6 
ESPÉCIES DE JURISDIÇÃO .................................................................................... 17 
AÇÃO TRABALHISTA ............................................................................................... 18 
CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES TRABALHISTAS .................................................... 19 
Regras especiais (artigos 47 a 100) .......................................................................... 23 
ATO PROCESSUAL .................................................................................................. 32 
CONTAGEM DO PRAZO .......................................................................................... 37 
PERDAS DE PRAZO ................................................................................................ 39 
Como pedido de compromisso arbitral pelas partes ................................................. 44 
PETIÇÃO INICIAL ..................................................................................................... 45 
DEFESAS DO RÉU ................................................................................................... 49 
DESPACHO SANEADOR ......................................................................................... 51 
AUDIÊNCIAS ............................................................................................................ 52 
PRODUÇÃO DE PROVAS ........................................................................................ 52 
SENTENÇA ............................................................................................................... 55 
RECURSOS .............................................................................................................. 57 
Embargos de declaração .......................................................................................... 60 
Agravo ....................................................................................................................... 61 
Apelação ................................................................................................................... 63 
UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA .............................................................. 64 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 67 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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PROCESSO E PROCEDIMENTO 
 
Processo é o meio pelo qual uma parte lesada busca a efetivação do seu 
direito. No entanto, esta busca pode acontecer de várias formas diferentes, a estas 
formas, nomeiam-se procedimentos. 
Humberto Teodoro Junior (2000, p.5-6), parafraseando José Frederico 
Marques, leciona: “Processo, como já se afirmou, é o método, isto é, o sistema de 
compor a lide em juízo por meio de uma relação jurídica vinculativa de direito 
público, enquanto procedimento é a forma material com que o processo se 
materializa”. 
Noutro texto, o mesmo autor arremata que é o procedimento, de tal sorte, que 
dá exterioridade ao processo. Outro autor elucida pontos interessantes sobre estes 
dois institutos, Orione Gonçalves Correia (2009) afirma que o processo é uma 
relação jurídica, submetida a uma instrumentalização metódica (procedimento) para 
que possa desenvolver-se perante o Poder Judiciário. A metodização e a 
instrumentalização se dão, por sua vez, a partir dos procedimentos judiciais 
(ordinário, sumário e especial). 
Processo é a relação jurídica mantida entre Juiz e partes litigantes em busca 
da melhor solução jurídica. O desfecho pode se dar de diversas formas, isto é, por 
diversos procedimentos. 
Importante observar, que no ano de 2016 o Novo Código de Processo Civil, 
entra efetivamente em vigor, realizado assim, modificações profundas na esfera 
processual civil. Iremos analisar as principais mudanças, conforme a Lei nº 13.105, 
de 16de Março de 2015. Como anexo ao curso, seguirá também arquivo em PDF 
com a legislação supracitada. 
Já que vimos estes conhecimentos introdutórios, passemos a analisar as 
formas de processo e de procedimento. 
 
PROCESSO DE CONHECIMENTO 
 
Conhecimento é a fase processual em que o Juiz tomará conhecimento de 
todo o conflito da Lide, uma vez que ele não o sabia anteriormente. É justamente por 
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isso que o Juiz é imparcial. 
Primeiramente é preciso dizer que o novo código de processo civil, visando à 
celeridade processual, simplificou o procedimento. Versa o artigo 318 que será 
aplicado o procedimento comum a todas as causas, exceto as que possuírem 
legislação específica. O magistrado ouvirá as alegações das partes. 
Inicialmente, após o ingresso do autor com a petição inicial, analisados e 
preenchidos os requisitos essenciais para admissibilidade da mesma e não houver 
decisão sobre a improcedência liminar do pedido do autor e ocorrerá uma audiência 
de conciliação. 
Exposta no artigo 334 do NCPC, a audiência de conciliação ou de mediação, 
se for o caso, deve ser designada pelo magistrado com antecedência mínima de 30 
(trinta) dias, sendo obrigatória a citação do réu em prazo mínimo de 20 dias de 
antecedência. Apesar da previsão processual poderá ser dispensada nos casos em 
que as partes de maneira expressa, manifestarem desisteresse em uma resolução 
consensual. 
Freddie Diddier (2009) afirma que quando o que se procura é uma declaração 
sobre quem tem razão, uma certeza jurídica, a formação da lei no caso concreto, 
utiliza-se o processo de conhecimento. 
Após este momento, o Juiz abrirá a fase de instrução. As partes poderão 
produzir todas as provas possíveis para confirmar a veracidade de suas alegações. 
Após este período, o Juiz analisará as provas produzidas, meditando, sempre, nas 
alegações das partes. O resultado final de todo este esforço intelectual será a 
prolação da sentença, determinando quem tem razão, se o autor em sua pretensão 
inicial, ou se o réu, ao se opor à ideia do autor. 
Passada esta fase, inicia-se a possibilidade recursal. Caso as partes 
discordem total ou parcialmente da sentença, poderão recorrer da mesma, 
apontando os fundamentos jurídicos para tal insurgência. 
Quando não mais couber recurso dadecisão judicial, operar-se-á a coisa 
julgada, ou seja, as partes deverão submeter-se ao que disse o Magistrado. 
Pois bem. Ninguém gosta de perder. Ainda mais quando a decisão torna-se 
imutável. Neste prisma, o perdedor, geralmente, não cumpre espontaneamente a 
sentença. 
Inicia-se, então, a fase de cumprimento de sentença. Nele, o Juiz dará o 
prazo de quinze dias para o réu pagar. Caso o réu persista em opor-se, o Juiz 
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buscará todos os meios para a satisfação do crédito (penhora em contas bancárias, 
busca de bens móveis e imóveis, ações em empresas, etc.). 
 
TUTELA PROVISÓRIA 
 
 
Anteriormente, no Código de Processo Civil de 1973, para atender a medidas 
de urgência era utilizado um processo autônomo: o processo cautelar. 
O processo cautelar era uma das formas de medidas de urgência. Como o 
próprio nome sugere, alguma solução judicial precisa ser muito ágil, sob pena, de se 
perder o direito material. Inexiste tempo hábil para se esperar as fases postulatórias 
(inicial e contestação), provas, até a prolação da sentença. 
No novo Código de Processo Civil, temos uma importante alteração. O 
processo cautelar deixa de existir como figura autônoma. Porém, as medidas 
tratadas anteriormente por ele ganham um livro específico, o Livro V da Parte Geral. 
Em seu artigo 294, estabelece que a tutela provisória pode ser baseada em 
urgência ou evidência, sendo que a tutela provisória de urgência distingue-se em 
cautelar ou antecipada. 
O maior benefício neste caso foi à unificação de regime, pois os requisitos 
para ambos são os mesmos. 
Temos então um regime jurídico único, sem necessidade de processo 
cautelar em apartado, sendo que as partes realizam seus pedidos nos autos da ação 
principal. 
Uma distinção está nos prazos que o autor possui para juntar documentos e 
formular o pedido de tutela definitiva. No que se refere a tutela antecipada, o autor 
possui 15 dias para realizar a juntada, já na cautelar o prazo é de 30 dias. 
Caso a tutela antecipada não seja impugnada, o artigo 304 prevê que esta 
seja estabilizada, autorizando a extinção do processo. Se após a estabilização o réu 
resolver se manisfestar, contestando tal tutela, ele deverá ingressar com novo 
processo em um prazo de até dois anos após a decisão. 
Tais alterações contribuem e muito para tornar os processos mais céleres. 
 
 
PROCEDIMENTOS 
 
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O procedimento comum é aplicado a todas as causas, exceto as que 
possuirem previsão diversa no Código. Também é aplicado subsidiariamente aos 
procedimentos especiais e ao processo de execução. 
Esta é uma inovação do novo Código, pois anteriormente o processo de 
conhecimento era dividido em três espécies de procedimentos: ordinário, sumário e 
sumaríssimo. 
Com as alterações introduzidas pelo novo código, a divisão se dá agora em 
apenas duas espécies de procedimento: comum e especiais. 
 
 
Procedimentos especiais 
 
 
Os procedimentos especiais são uma forma importante de diferenciar certas 
matérias. Ele admite tanto a jurisdição litigiosa, quanto a jurisdição voluntária. 
Neles, simplificam-se os atos processuais e se delimitam os temas da petição 
inicial. No novo código, sofreram algumas leves alterações, sendo que alguns foram 
extintos no novo código e outros incluídos no rol de procedimentos especiais. 
Os procedimentos especiais contenciosos e voluntários no novo código são: 
 
 
a) ação de consignação em pagamento (arts. 539 – 549 do CPC); 
b) ação de exigir contas (arts. 550 – 553 do CPC); 
c) ações possessórias (arts. 554 – 568 do CPC); 
d) ação de divisão e da demarcação de terras particulares (arts. 569 – 598 
do CPC); 
e) ação de dissolução parcial de sociedade (arts. 569 – 609 do CPC); 
f) inventário e da partilha (arts. 610 – 673 do CPC); 
g) embargos de terceiro (arts. 674 – 681 do CPC); 
 
h) oposição (arts. 682 – 686 do CPC); 
i) habilitação (arts. 687 – 9692 do CPC); 
j) ações de família (arts. 693 – 699 do CPC); 
k) ação monitória (arts. 700 – 702 do CPC); 
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l) homologaçãode penhor legal (arts. 703 – 706 do CPC); m)regulação de 
avaria grossa (arts. 707 – 711 do CPC); 
n) restauração e autos (arts. 712 – 718 do CPC); 
 
 
Já os de jurisdição voluntária, isto é, os que não pressupõem lide, são: 
a) Notificação e interpelação; 
b) Alienação judicial; 
c) Divórcio e separação consensuais, extinção consensual de união 
estável e alteração do regime de bens; 
d) Testamentos e codicilos; 
e) Herança jacente; 
f) Bens dos ausentes; 
g) Coisas vagas; 
h) Interdição; 
i) Nomeação e remoção de tutor ou curador; 
j) Organização e fiscalização de fundações; 
k) Ratificação dos Protestos Marítimos e dos Processos testemunháveis 
Formados a Bordo. 
 
 
JURISDIÇÃO 
 
Esta palavra advém do latim jurisdictio. Ela significa: ação de dizer (dictio) o 
direito (júris). É, portanto, a função de dizer o direito num conflito entre duas partes 
de interesses antagônicos. 
Por óbvio, o interesse dissonante das partes clama pela atuação de um 
terceiro. Este terceiro, de forma imparcial e sem amarras, dirá qual a melhor solução 
jurídica para o caso. 
Pois bem. Montesquieu digladiou contra os regimes totalitários da Idade 
Média. Naquele contexto, os regentes – geralmente reis – eram os criadores das leis 
e, ao mesmo tempo, os Juízes das mesmas. Este sistema trazia muita insegurança 
jurídica para todos. As inconstâncias dos reis eram materializadas em suas leis 
tendenciosas. 
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À época destes acontecimentos, Montesquieu propôs a segmentação do 
poder em Legislativo, Executivo e Judiciário. Ademais, ainda sugeriu que as leis 
fossem estritamente respeitadas. Nesse prisma, o Juiz deveria aplicar fielmente a lei 
ao caso concreto. Era proibida qualquer inovação jurídica pelo Judiciário. 
Chiovenda e Mazzili (2007) encorparam este movimento mais tarde. Para 
eles, o Juiz deveria tão somente dizer o direito. A sua atividade era meramente 
declaratória e jamais se cogitaria a criação de novas regras ao caso concreto. 
Foi nestes moldes que nasceu o processo civil. Se esta disciplina não 
existisse, os direitos seriam letras mortas, pois, num Estado de Direito, quem seria 
capaz de exigir o cumprimento de norma a alguém? No final das contas, os direitos 
seriam exigidos em sua base da força. A sociedade “involuiria”. 
Atualmente, a Jurisdição ganhou outra roupagem. Freddie Diddier (2009) 
enumera cinco elementos conceituais da jurisdição. Aprofundemos cada um dos 
cinco elementos conceituais. 
 
ELEMENTOS CONCEITUAIS 
 
a. Modo imperativo 
 
 
A função da Jurisdição é ser imparcial. O fato de ser imparcial não significa 
ser neutro. Neutro é aquele que não possui medos, traumas, experiências próprias. 
Isso não se exige de um Juiz. Ao contrário, ele projetará nas decisões muito de sua 
pessoa, experiências e convicções. Exige-se, tão somente, a falta de interesse 
próprio na demanda, bem como o tratamento igual das partes. 
 
b. Manifestação de poder 
 
 
É um influxo natural da imparcialidade do Juiz. Ele ouvirá ambas aspartes, 
que têm direito à produção de prova de suas alegações e criará uma lei entre as 
partes (decisão). Naturalmente, esta decisão precisa ter força no meio jurídico, sob 
pena, de colocar em descrédito o Judiciário. 
Uma vez submetido um conflito à Jurisdição, a decisão terá força cogente, isto 
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é, será lei entre as partes litigantes. 
Vale destacar: esta decisão cogente não é monopólio da Jurisdição. A 
sistemática processual vigente admite a arbitragem. Trata-se de submeter um litígio 
a um tribunal independente, ou seja, não vinculado à jurisdição. 
 
c. Atividade criativa 
 
 
É a função de criar a norma jurídica no caso concreto. As leis são tão 
abstratas que, muitas vezes, não conseguem acompanhar os conflitos sociais. As 
decisões, então, interpretam normas abstratas e as aplicam ao caso concreto. 
Cabe à Jurisdição interpretar, testar e averiguar a incidências das leis aos 
casos que lhes são submetidos. Pontes de Miranda (2009) compara este trabalho a 
de um viajante. Ele mune-se de guias de estradas e viagens, mas não está 
engessado nele. Muitas vezes, não convém seguir todas as regras inscritas nos 
guias de viagens. Esta analogia aplica-se ao Magistrado. Ele se guia pela Lei, mas, 
em inúmeros casos, precisa aferir a aplicação da mesma nos casos concretos. 
A decisão jurisdicional, desta forma, é a produção de uma lei para o caso 
concreto. Antigamente, prevalecia um princípio quase intransponível: a inércia do 
Juiz. Significava que o Juiz somente iria conduzir o processo se as partes 
requeressem. Caso contrário, o Juiz não iria impulsioná-lo por vontade própria. 
Este princípio, em tempos presentes, tem sofrido sensíveis modificações. 
Fala-se muito em ativismo judicial, dentro da qual o Juiz persegue a Justiça e a 
solução mais eficaz ao espectro jurídico. 
A atividade criativa do Juiz tem transcendido. Aplica-se à sentença e, em 
muitos casos, a toda a instrução processual. 
Sobre ativismo judicial, urge salientar outro aspecto. O pós-positivismo1 exige 
uma postura mais atuante do Juiz. Ultimamente, ele precisa ter a postura muito mais 
crítica do direito posto (escrito, positivo). Um exemplo claro é a possibilidade de 
declaração de inconstitucionalidade, a tutela de direitos fundamentais, a gestão de 
políticas públicas pelo Poder Judiciário, a edição de súmulas vinculantes, que nada 
mais são do que a edição de normas abstratas (MARINONI, 2010). 
Noutros casos, a norma possui conteúdo vago e indefinido. Cabe ao 
Magistrado definir o seu conteúdo e extensão ao julgar o caso concreto. Tudo isso 
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porque a Constituição é clara: a jurisdição é inafastável2, dela precisa dizer o direito 
sobre qualquer caso concreto. 
Na Justiça do Trabalho há mais instrumentos processuais de criatividade 
judicial, como, por exemplo, os dissídios coletivos e as sentenças normativas. 
O exercício ativo do Juiz pode ser sistematizado assim: ele se depara com o 
caso concreto; identifica as normas pertinentes; estuda-as, pondera-as; procura 
fazer uma interpretação conforme a constituição3; pondera os direitos fundamentais 
envolvidos; e prolata a decisão. 
d. Jurisdição: técnica de tutela de Direitos mediante um processo 
 
Já imaginou se não existisse qualquer direito processual – ou instrumental? 
Os direitos materiais (Civil, Constitucional, Penal, Administrativo, etc.) seriam letras 
mortas. É esta a função do processo: efetivar direitos desrespeitados no mundo 
fenomênico. 
Contudo, o Juiz deve prezar por algumas formalidades. São elas: a 
concessão de ampla defesa e contraditório pelas partes, bem com a paridade das 
armas na produção das provas. 
É esse arcabouço – efetivação de direitos materiais, desde que respeitadas 
às oportunidades de defesa e produção de provas paritárias – que define a 
tecnicidade do processo civil. 
 
e. Atua em situação jurídica concreta 
 
É raríssima a atuação do Judiciário em casos abstratos. Mesmo na edição de 
súmulas vinculantes4, mesmo porque até nesses casos ela atua em situações 
concretas. Jamais em fatos abstratos. 
Ainda que se esteja a analisar o controle de constitucionalidade de uma 
norma, sempre se ponderam as repercussões fáticas na ordem jurídica e nas 
pessoas. 
É necessário que haja um conflito de interesses, isto é, uma pretensão (autor) 
resistida (réu), ou uma ameaça à lesão de direitos. As situações, ainda que 
coletivas, podem ser individualizadas. 
 
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f. Impossibilidade de controle externo 
 
Significa que nenhum outro poder pode controlar as decisões do Poder 
Judiciário. E veja: o Judiciário controla os atos ilegais e manifestamente antijurídicos 
dos poderes Executivo e Legislativo. 
Talvez sobrevenha a pergunta: mas e o Conselho Nacional de Justiça? Não é 
ele quem aplica sanções a juízes e determina metas ao Poder Judiciário? 
De fato, há um controle do poder Judiciário. Contudo, tal limitação é interna. O 
CNJ é órgão vinculado ao Poder Judiciário Federal. Ele não faz parte de outro órgão; 
está amalgamado ao Poder Judiciário. 
 
g. Aptidão para a coisa julgada material 
 
A decisão judicial é apta para tornar-se imutável. Desde que seja prolatada e 
não recorrida, ou que não caiba recurso de determinada decisão proferida. Após 
esta fase, a sentença torna-se intransponível. 
No entanto, este elemento jurisdicional contém uma exceção. Trata-se da 
possibilidade de ação rescisória. Este instrumento processual tem o condão de 
alterar uma decisão que outrora estava fadada à imutabilidade. A sua aplicação é 
extremamente restrita. 
Estudados os elementos da jurisdição, importa-nos concatenar os seus 
princípios. 
 
 
PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO 
 
Atualmente, admitem-se cinco princípios jurisdicionais. Antes de especificá- 
los, importa-nos relembrar o significado de princípio. Trata-se de leis naturais. São 
elas que ensejam a criação de normas. 
Um exemplo muito claro de um princípio é o da igualdade. É ele quem 
estabelece que as partes precisam ser ouvidas e devem ter as mesmas 
oportunidades de produzir provas aos fatos alegados. 
Visto a definição de um princípio, estudemos aqueles afetos à jurisdição. 
 
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a. Investidura 
 
A jurisdição somente pode ser exercida por aquela pessoa que foi 
legitimamente investida dela. Isto pressupõe que este alguém foi aprovado num 
concurso público de provas e títulos, passou pelo período de experiência e depois foi 
efetivado Juiz, mesmo que Juiz substituto. 
 
b. Territorialidade 
 
Toda estrutura organizada divide serviços. Seja por perfil dos profissionais, ou 
por afinidade de alguns com esta ou aquela forma de trabalho, o certo é que a 
divisão racional do trabalho é uma constante em qualquer entidade. 
Na Jurisdição não é diferente. Ela também admite algumas divisões. A justiça 
Estadual divide-se pelos entes federativos. Já a Federal, por Regiões. Caso um Juiz 
precise efetivar um procedimento processual fora de sua jurisdição, comunicar-se-á 
o Juiz designado para a região para que este o faça. É o caso das cartas precatórias 
(dentrodo país) e cartas rogatórias (atos fora do país). 
Este princípio, todavia, comporta exceções agasalhadas pelos artigos 60 e 
262. Destaco-os e os comento abaixo. 
Art. 60. Se o imóvel se achar situado em mais de um Estado ou comarca, 
determinar-se-á o foro pela prevenção, estendendo-se a competência sobre a 
totalidade do imóvel. 
Não raras vezes, um mesmo imóvel pertence a duas comarcas (regiões 
jurisdicionais). Nesses casos, a competência territorial é conferida a todos os Juízes 
relacionados. 
Entretanto, isto traria um malefício inconteste ao andamento do processo. Se 
o imóvel fosse indicado para satisfazer uma dívida, seria, então, expedida uma carta 
precatória para cada face da jurisdição envolvida. Ademais, seria impossível e 
temoroso vendê-lo parcialmente. 
É por esta razão que o código aplicou a teoria da prevenção, segundo a qual: 
o Juiz que despachar primeiramente sobre o imóvel, estará prevento, ou seja, terá a 
competência estendida à totalidade do mesmo. 
O outro exemplo de exceção ao princípio da territorialidade é a dicção do 
artigo 262 do CPC. Confira-se: 
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Art. 262. A carta tem caráter itinerante; antes ou depois de Ihe ser ordenado o 
cumprimento, poderá ser apresentada a juízo diverso do que dela consta, a fim de 
se praticar o ato. 
Alguns comentaristas têm entendido, com base no caráter itinerante das 
cartas Judiciais, que os Juízes podem expedir cartas a municípios limítrofes ou de 
mesma região metropolitana. Pela regra geral, seria necessária a expedição de carta 
precatória à comarca adjacente. 
Neste momento, importa-nos um cuidado essencial: as decisões judiciais 
produzem efeitos em qualquer local. Ex.: Se eu respondo a um processo; altero meu 
endereço municipal e sou condenado, esta condenação será cumprida esteja eu 
onde estiver. 
 
c. Indelegabilidade 
 
Delegar é o ato de passar a atividade a outro. In casu, exprime delegar a 
jurisdição a outra pessoa. 
A jurisdição não poderá ser delegada. Principalmente no que tange às 
decisões judiciais. A ideia é proteger o cidadão litigante, pois é impossível delegar a 
jurisdição àquele que eventualmente deixasse de ser imparcial. 
Esta expressão principiológica comporta exceções. O artigo 102, I, “m”, da 
Constituição Federal permite que o Supremo Tribunal Federal julgue determinada 
matéria de sua alçada. Permite-se, posteriormente, a delegação dos atos 
executórios a outro Tribunal da jurisdição. 
Um detalhe merece ser lembrado. Muitas vezes, o cumprimento de decisões 
gera novas controvérsias. Seja pelo valor da execução, ou por qualquer nulidade 
eventualmente contida nela, a parte supostamente lesada conclama o Judiciário a 
decidir sobre ela. Nesse particular, o incidente será apreciado por um tribunal 
superior. Manteve-se de qualquer sorte, a impossibilidade de delegação das 
decisões. 
 
Outros exemplos: 
 
 O artigo 93, XI, da Constituição Federal permite a delegação do 
Tribunal Pleno (todos os desembargadores de um Tribunal Regional 
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Federal ou de um Tribunal Estadual de Justiça) a um órgão especial 
por ele erigido. 
 Delegar a serventuário meros atos de expediente (93, XIV, da 
Constituição Federal): tudo somente será acostado aos processos com 
autorização do Juiz. Contudo, os serventuários poderão juntar de ofício 
e submeter à apreciação judicial posterior. Ex.: juntada de petição 
diversa, expedição de carta de sentença, etc. 
 Resumindo: Não há delegação de atos decisórios, mas tão somente os 
operacionais e de mero expediente. 
 
I. Inevitabilidade 
 
Imagine se ambas as partes submetem-se ao julgamento do Poder Judiciário. 
Ao dizer o direito no caso concreto, a dicção decisória desagrada a ambas as partes. 
As partes litigantes recorrem, mas, ainda assim, não conseguem ver a 
pretendida reforma da decisão, cada uma na sua ótica. 
Pois bem. Não há como evitar a submissão ao decidido pela Jurisdição. Não 
se pode esquivar desta decisão. O seu cumprimento será uma medida que se lhes 
imporá. 
Este é o princípio da inevitabilidade. São incontidos os efeitos de uma decisão 
judicial cristalizada pela coisa julgada5. 
 
II. Inafastabilidade da Jurisdição 
 
Um exemplo é excelente para a compreensão deste princípio: imagine que a 
parte sofre uma lesão e procura o Judiciário. A outra parte contesta, motivando a 
resistência na pretensão da outra parte. O juiz, então, esquiva-se da decisão, 
afirmando que o caso é sui generis, ou seja, nunca na história do processo brasileiro 
viu-se algo parecido. É lógico: o Juiz não pode escudar-se de exercer a jurisdição no 
caso concreto. Por mais tenebrosa que seja a lide, ele deverá sentenciá-la ao final 
dos procedimentos instrutórios. 
Esse é o princípio da inafastabilidade da jurisdição: o Juiz deve julgar todas as 
causas submetidas à sua atividade jurisdicional, ainda que o caso seja inovador. 
É importante lembrar-se que o princípio em questão é um direito fundamental 
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exposto na constituição federal. Recebe o status de cláusula pétrea, ou seja, direito 
intangível por emenda constitucional. 
Merece destaque o contexto histórico em que se discutiu e se efetivou a 
inafastabilidade da jurisdição. Na época da ditadura militar, os atos institucionais dos 
opressores eram imunes à jurisdição. Os juízes nada poderiam fazer contra os 
abusos institucionais da ditadura, como, por exemplo, o famoso AI-5. Foi esse o 
contexto histórico gênese do princípio da inafastabilidade da Jurisdição. 
De outro norte, este princípio tem o condão de afastar outra exigência 
comumente encontrada no direito brasileiro: esgotar alguma via administrativa para 
que seja possível a decisão judicial. Além disso, a prestação jurisdicional deve ser 
rápida, efetiva e adequada. 
 
III. Juiz natural 
 
Trata-se de um Magistrado previamente designado pela Lei. Para todo litígio 
jurídico existe um Juiz encarregado antes mesmo da existência do litígio. Ferrajoli 
(2007) ainda aponta para a impossibilidade de derrogação, isto é, a retirada do Juiz 
de determinada causa, destinando-se Juízes extraordinários. 
O princípio em questão é o influxo natural da imparcialidade do Juiz. Ele já foi 
pré-concebido e investido de jurisdição antes mesmo da instauração do litígio. 
As competências – leia-se, atribuições – já foram delineadas a cada 
Magistrado pré-ocorrência do litígio, não havendo que se falar em designação de 
tendenciosa de Juiz para este ou aquele caso. 
Este princípio também não permite avocação. Avocar é o ato de o superior 
chamar para si a competência de um subalterno. Sendo assim, um Juiz promovido 
(Desembargador) jamais poderá invadir a competência de um Juiz hierarquicamente 
menor e julgar os seus processos. 
É importante frisar a inovação da Emenda Constitucional de n. 45. Ela tratou 
da reforma do Judiciário e, neste particular, determinou a especialização das varas 
jurisdicionais. 
Isto significa que as competências serão focadas nos diversos litígios jurídicos 
aferidos. Isto faz com que a prestação jurisdicional seja mais proveitosa, mormente 
porque todo Juiz é um ser humano e não detém o conhecimento de todas as 
matérias do Direito. 
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Estudadas as características iniciais, importa-nos refletir sobre as espécies de 
Jurisdição. 
 
ESPÉCIES DE JURISDIÇÃO 
 
A jurisdição não se materializa de uma só forma. Ela pode ser dividida em 
duas espécies: contenciosa e voluntária. 
A primeira – contenciosa – é a mais tradicional. Pressupõe uma pretensão 
resistida – conflito –, a qual é submetida à apreciação do Poder Judiciário. Mas isso 
não é tudo. 
A outra forma de jurisdição é de codinome voluntária. Nesses casos, não há 
conflito, e tampouco partes. A jurisdição terá o poder de homologar a vontade do 
interessado, para que produza efeitos no mundo jurídico. A atividade judicial não 
será de fazer lei, contudo, será meramente homologatória. 
A jurisdição voluntária, então, ganha outros contornos. É inadequado chamá- 
la de ação, mesmo porque não há pretensão resistida e quiçá partes. Por estas 
razões, a decisão homologatória judicial não se revestirá da coisa julgada. A decisão 
homologatória poderá ser revista a qualquer tempo. 
Renato Montans (2009) ilustra muito bem estas diferentes espécies de 
jurisdição: 
 
 
Exemplo de Jurisdição voluntária: separação consensual, tutela e curatela de 
menores, entre outros. 
Esgotamos o assunto no tocante às espécies de jurisdições. É licito 
• Mediante provocação. 
• Acordo de vontades. 
• Homologação da pretensão. 
• Não possui partes contrárias, 
só interessados. 
• Não faz coisa julgada. 
Voluntária 
• Mediante provocação. 
• Existe lide. 
• Solução para um conflito. 
• Possui partes contrárias. 
• Faz coisa julgada. 
Contenciosa 
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esclarecer um pouco da ação trabalhista, pelos motivos abaixo alinhavados. 
 
AÇÃO TRABALHISTA 
 
Todo estudante do processo civil pergunta-se: porque estudar o processo 
trabalhista neste momento? A resposta é simples. O processo civil tem aplicação 
prática muito recorrente no processo do trabalho. Por outro lado, o processo do 
trabalho tem sido tão mais ágil que motivou o processo civil a importar algumas 
regras daquele sistema. 
A ação trabalhista nada mais é do que o direito de reclamar algo numa 
relação de trabalho. Caso o empregador descumpra alguma regra da legislação 
trabalhista, ver-se-á compelido a enquadrar-se como Réu de uma ação trabalhista. 
A Consolidação das Leis Trabalhistas traz em seu bojo muitas regras de 
processo do trabalho. Conquanto, não foi capaz de açambarcar todas as regras. É 
nesse momento que sobrevém a incidência subsidiária a das regras processuais 
civis. 
Para tanto, é necessária a compatibilidade da regra processual civil com o 
estereótipo do processo do trabalho. Um exemplo muito claro é a aplicação das 
regras de cumprimento de sentença no processo do trabalho. 
Antigamente, o vencedor de uma ação de conhecimento extraía a cópia das 
peças principais e formava outro processo de execução de sentença. Além disso, 
também deveria esperar a citação do réu para integrar o novo processo. Era muito 
comum a parte perdedora esconder-se do oficial de justiça, embaraçando a sua 
citação. 
Nos tempos autuais isso foi brilhantemente superado. A fase executiva inicia-
se tão logo a parte perdedora não cumpra a sentença em quinze dias contados do 
trânsito em julgado. A esse fenômeno dá-se o nome de processo sincrético. 
A parte vencedora atravessará um requerimento pedindo o início da fase 
executiva e requererá a intimação do Réu – pelo seu advogado – para que pague o 
débito em quinze dias sob pena de multa de 10% sobre o montante devido. 
O processo do trabalho absorveu esta regra. Agora, após o término do 
processo de conhecimento, a parte protocola um requerimento pedindo o início da 
fase executiva. Passados os quinze dias após a intimação do patrono adverso sem 
pagamento da condenação, o executado será condenado ao pagamento da multa de 
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10% sobre a condenação. 
A primeira – contenciosa – é a mais tradicional. Pressupõe uma pretensão 
resistida – conflito –, a qual é submetida à apreciação do Poder Judiciário. Mas isso 
não é tudo. 
 
CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES TRABALHISTAS 
 
As ações civis podem ser classificadas. De acordo com algumas nuances, é 
possível diferenciá-las. Essa diferenciação não é feita só por uma questão metódica, 
mesmo porque ela trará muitos efeitos práticos. 
Podemos segmentá-las pelos seguintes critérios: quanto ao número de 
reclamantes; quanto à providência jurisdicional pleiteada; quanto ao procedimento. 
 
 
A. Quanto ao número de reclamantes 
 
O número de reclamantes deve ser levado em conta. É este número que 
definirá os destinatários de uma futura sentença. 
Além da ação individual, existem três formas de ações coletivas. Tratam-se 
das ações transindividuais. Estas espécies nominam-se: difusos, coletivos, 
individuais homogêneos. Encontram-se definidos nos artigos 81 e seguintes do 
Código de Defesa do Consumidor. 
Hugo Nigro Mazzili (2007) define com propriedade a questão das ações com 
mais de um autor: 
 
Direitos Difusos: Compreendem grupos menos determinados de pessoas 
(melhor do que pessoas indeterminadas, são pessoas indetermináveis), entre as 
quais existe um vínculo jurídico ou fático preciso (MAZZILI, 2007, p. 51). 
Ex.: Quando vasa óleo das plataformas da Petrobrás, o meio ambiente é 
lesado. E este é de propriedade de todo brasileiro. Não há dono. A sociedade toda 
será prejudicada. 
 
Direitos Coletivos: Grupo de pessoas capazes ligadas entre si (categoria, 
classe ou grupo), titulares de um direito indivisível. 
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 20 
 
 
 
Ex.: Se o Tribunal desrespeita o artigo 5º constitucional, abrindo o espaço 
para um Juiz de Carreira, as classes de advogados e dos integrantes do Ministério 
Público poderão acionar contra o Judiciário. Contudo, um advogado não pode movê- 
la, particularmente. O direito é indivisível e de toda a categoria (CAMPOS, 2005). 
 
Individuais Homogêneos: São os de natureza divisível e de titulares 
determinados. 
Ex.: Shampoo com substância danosa ao couro cabeludo. Lesados serão 
aqueles que compraram o produto. Talvez não haja como precisá-los num primeiro 
momento, mas, com o tempo, todos serão conhecidos. 
 
Mazzili (2007, p. 55) arremata o tema com a seguinte tabela explicativa: 
 
Interesses Grupo Objeto Origem 
Difusos Indeterminável Indivisível Situação de fato 
Coletivos Determinável Indivisível Relação jurídica 
Ind. Homogêneos Determinável Divisível Origem Comum 
 
A ação poderá ser: individual (um só reclamante), plúrima ou coletiva. 
 
B. Quanto à providência jurisdicional requerida 
 
Em alguns casos, o Reclamante requer a condenação do reclamado ao 
pagamento das verbas trabalhistas. A providência jurisdicional requestada é de 
natureza condenatória. Há uma relação entre as partes. Uma delas levanta o seu 
descumprimento e pede ao judiciário a condenação da outra àquela obrigação de 
fazer. 
Noutros, a parte pede tão somente o reconhecimento do vínculo. Não é 
incomum este tipo de ação. O reclamante viu todos os seus direitos prescritos, mas 
pede o reconhecimento do vínculo para que se conte o tempo de contribuição e, 
assim sendo, goze de sua aposentadoria. A natureza da providência jurisdicionalserá tão somente declaratória. 
De outro norte – e por fim – há a providência judicial de natureza 
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 21 
 
 
 
constitutiva. Não há, aparentemente, uma relação jurídica entre as partes. O juiz, 
então, cria, modifica ou extingue-a. O meio para obtê-las é objeto do próximo tópico. 
 
C. Quanto ao procedimento 
 
No tocante ao procedimento, ele poderá ser Ordinário, Sumário e 
Sumaríssimo. A ordem dos procedimentos não é aleatória. Ela traz uma gradação 
de formalismo e importância. 
O rito ordinário será usado para as causas que demandem provas mais 
detalhadas e, principalmente, dependendo do direito em jogo. Já o sumário e 
sumaríssimo abordarão as causas de menor complexidade, seja pelo valor do bem 
econômico em jogo, seja pela matéria envolvida. As causas foram apresentadas no 
último tópico do primeiro módulo. 
 
ELEMENTOS DA AÇÃO 
 
Já vimos que ação é o direito de exigir uma postura (dizer o direito) do Poder 
Judiciário. Para que exista ação, é necessário o preenchimento de alguns 
elementos. São eles: partes, causa de pedir e pedido. 
 
a. Partes: de um lado alguém com uma pretensão, de outro, outrem 
resistindo a ela. Ninguém pode vir a juízo perseguir um direito que não lhe pertence. 
O direito de ação é personalíssimo. Cabe somente ao destinatário do direito buscá- 
lo na via judicial. 
Entretanto, esta regra comporta exceções: trata-se da substituição 
processual. Ela é facultada aos sindicatos, associações em nome de seus 
associados, Ministério Público (em casos de relevante interesse público ou lesão 
coletiva). Veja: trata-se de hipóteses de outra pessoa, buscando o direito alheio no 
Poder Judiciário. 
 
b. Causa de pedir: a parte não pode somente indicar o direito do qual 
alega ser titular. Ela precisa explicar analiticamente as razões pelas quais teve esta 
conclusão. Trata-se da aplicação da teoria da substanciação. A parte precisa 
esmiuçar os motivos de tal pedido juto à jurisdição. 
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c. Pedido: é o que se pretende perante o Judiciário. O pedido também 
será a consequência lógica das partes e da causa de pedir. Ele delimitará os limites 
da ação, ou seja, em qual gravitará todo o processo. É por meio dele que se 
verificam as provas a serem produzidas por ambas as partes. 
 
Pois bem, eram estes os conceitos elementares da Jurisdição. Parabéns pelo 
término de mais um módulo. No próximo, estudaremos as regras de delimitação da 
competência. 
CONCEITO DE COMPETÊNCIA 
 
A Competência nada mais é do que a limitação do Poder. Imagine se todos os 
Juízes pudessem julgar todo tipo de causa e em qualquer lugar do País. Os juízes e 
as partes ficariam perdidos e a justiça perderia a sua confiabilidade. 
A competência é, então, o exercício do Poder de julgar de forma organizada, 
e essa organização deve sempre ser fixada por norma jurídica. Não há outro meio 
para se delinear regras de competência. 
Para tanto, o CPC vigente estabeleceu as seguintes regras de cisão da 
competência: Em razão do valor, em razão da matéria, em razão da função, em 
razão do lugar/territorial. 
No CPC de 2015, muitos destes itens foram suprimidos de forma a simplificar 
o processo. 
A competência é determinada no momento do registro ou distribuição da 
petição inicial, e conforme o artigo 43 do novo código, serão irrelevantes as 
modificações do estado de fato ou de direito ocorridas após a distribuição. 
Porém, algumas definições de outrora permanecem: 
a) Em razão do lugar/territorial (art. 46): É a competência determinada 
por um local. São os casos: 
 
Regra geral (artigo 46): domicílio do Réu: ações de direito pessoal ou direito 
real sobre bens móveis: 
 
Havendo conflito na interpretação deste domicílio do Réu, utiliza um dos 
quatro parágrafos daquele artigo. Colaciona-os: 
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§ 1º Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de qualquer 
deles. 
§ 2º Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele será demandado 
onde for encontrado ou no foro do domicílio do autor. 
§ 3º Quando o réu não tiver domicílio nem residência no Brasil, a ação será 
proposta no foro do domicílio do autor. Se este também residir fora do Brasil, a ação 
será proposta em qualquer foro. 
§ 4º Havendo dois ou mais réus, com diferentes domicílios, serão 
demandados no foro de qualquer deles, à escolha do autor. 
 
Regras especiais (artigos 47 a 100) 
 
 
 Bens imóveis: ação de ser ajuizada na comarca em que se situar o bem. 
 Herança: domicílio do Autor da herança. 
 Exceções: Quando o falecido não possuía domicílio certo ajuizar no 
local em que se encontram os bens. Quando o falecido deixa bens em várias 
localidades e não tinha domicílio certo - ajuizar em qualquer destes 
 
 Réu ausente- no foro de seu último domicílio. 
 Se a parte for incapaz - no domicílio do representante legal. 
 Ações contra a União - poderá ser proposta no domicílio do autor, onde 
o ato ou fato ocorreu, no de situação da coisa ou ainda no Distrito Federal. 
 Artigo 53 (foros privilegiados): 
 Separação, divórcio, anulação de casamento e reconhecimento ou 
dissolução de união estável: 
i. Do domicílio daquele que for guardião de filho legalmente incapaz 
ii. Não havendo filhos, do último domicílio do casal, 
iii. Do réu, se nenhuma das partes residir no local considerado como último 
domicílio do casal. 
 Domicílio do alimentado - ação de alimentos. 
 
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 24 
 
 
 
 Pessoa jurídica - na sua sede. 
 Sede e agências? - na agência em que se operou o ato levado 
à juízo. 
 Sociedade de fato: onde exerce atividade. 
 Local de cumprimento de obrigação. 
 Lugar do ato: 
 Reparação do dano. 
 Ação contra gestor de negócio ou administrador. 
 
Agora imagine a seguinte situação: se um imóvel está situado em várias 
comarcas4, haverá vários juízos competentes? 
Há vários outros casos de competência múltipla que poderá ser solucionada. 
A esta solução, o Código de Processo Civil dá nome de Prevenção. O Juízo que a 
solucionar torna-se prevento. Ela ocorre de duas formas: 
 Se os juízos possuem mesma competência territorial, prevento será o 
que despachar primeiro. 
 Se os juízes são de competências territoriais diversas, será competente 
aquele em que se der a primeira citação válida. 
Algumas regras de competência são intransponíveis, ou seja, provocarão 
prejuízos irreversíveis. A elas, dá-se o nome de incompetências absolutas. Outras, 
ao contrário, não causam tanto embaraço ao processo. Denominam-se, por seu 
turno, incompetências relativas. 
O quadro sintético abaixo ilustra bem a diferença entre elas. 
 
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 25 
 
 
 
 
 
 
Acompanhe, agora, a seguinte digressão: e se os Magistrados teoricamente 
competentes declararem-se incompetentes? Esse fenômeno tem um nome: conflito 
de competência. Ele pode ser negativo5 ou positivo. Em ambos os casos, um 
Magistradosuperior receberá o processo e decidirá de quem é a competência, 
devendo o “contemplado” processá-lo e julgá-lo. 
Por fim, outro tema de suma importância merece comentários: impedimento e 
suspeição do Juiz (Artigos 144 a 148 do CPC). As hipóteses de impedimento são, 
sempre, mais objetivas. Já as de suspeição, são deveras subjetivas. 
No caso do impedimento, é certa e incontestável a parcialidade do Juiz. Já na 
suspeição, deve ser analisado caso a caso. Vejas as hipóteses de impedimento: 
 
I - de que for parte; 
II - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito 
funcionou como órgão do Ministério Público, ou prestou depoimento como 
testemunha; 
III - que conheceu em primeiro grau de jurisdição, tendo-lhe proferido 
sentença ou decisão; 
IV - quando nele estiver postulando, como advogado da parte, o seu 
cônjuge ou qualquer parente, seu consanguíneo ou afim, em linha reta; ou na linha 
colateral até o segundo grau; 
V - quando cônjuge, parente, consanguíneo ou afim, de alguma das partes, 
• Mediante provocação. 
• Suscitada por exceção. 
• Permite alteração por acodo 
entre as partes. 
• Aplica-se nos casos em razão do 
valor ou do território. 
• Admite prorrogação: o Juízo 
errado tornar-se-á competente 
por falta de alegação das partes. 
Relativa 
• Declarada de ofício. 
• Alegada na contestação como 
preliminar. 
• Não pode ser modificada por 
acordo entre as partes. 
• Aplica-se nos casos em razão da 
matéria ou funcional. 
• Não admite prorrogação. Os atos 
praticados em local 
incompetente serão declarados 
nulos. 
Absoluta 
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 26 
 
 
 
em linha reta ou, na colateral, até o terceiro grau; 
VI - quando for órgão de direção ou de administração de pessoa jurídica, 
parte na causa. 
Parágrafo único. No caso do nº IV, o impedimento só se verifica quando o 
advogado já estava exercendo o patrocínio da causa; é, porém, vedado ao 
advogado pleitear no processo, a fim de criar o impedimento do juiz. 
 
Já as hipóteses de suspeição são estas: 
 
Art. 145. Reputa-se fundada a suspeição de parcialidade do juiz, quando: 
 
I - amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes; 
II - alguma das partes for credora ou devedora do juiz, de seu cônjuge ou 
de parentes destes, em linha reta ou na colateral até o terceiro grau; 
III - receber dádivas antes ou depois de iniciado o processo; aconselhar 
alguma das partes acerca do objeto da causa, ou subministrar meios para atender 
às despesas do litígio; 
IV - interessado no julgamento da causa em favor de uma das partes. 
Parágrafo único. Poderá ainda o juiz declarar-se suspeito por motivo íntimo, não 
sendo obrigatório expor suas razões. 
Esgotamos os assuntos sobre a matéria de competência. Passemos, agora, a 
analisar as partes de um processo. 
Parte será toda pessoa (física ou jurídica) com envolvimento numa demanda. 
Subdividem-se em três classes: Juiz, autor e réu. Isso inclui os menores, as 
empresas despersonalizadas, etc. Há, portanto, uma relação jurídica trilateral pró- 
composição de uma lide, um conflito. 
Vale frisar: todos podem ser partes, mas nem todos possuem capacidade 
processual. Os menores podem ser partes, desde que representados por pessoas 
legalmente autorizadas. A mesma regra aplica-se aos demais que podem ser partes, 
mas não são dotados de capacidade processual. 
Mas não é só. Além da possibilidade e capacidade, o instrumental civil (CPC) 
estabeleceu uma regra de ouro: as partes podem tão somente litigar pelos seus 
direitos, e não pelos de terceiros. Trata-se de legitimação ordinária. 
Porém, esta regra comporta exceções. A primeira delas encontra-se descrita 
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nos artigo 109 e 110. Ilustram-se pelo seguinte exemplo: determinada pessoa loca 
um imóvel a um outrem. Na entrega das chaves, o locador percebe que o imóvel não 
está do mesmo modo no qual foi entregue. O Locador, então, aciona o antigo 
locatário para reparar os danos. No entanto, sobrevém uma dificuldade financeira ao 
Locador, fazendo-o vender o imóvel outrora locado a um terceiro. Esta venda não 
altera a legitimidade passiva do antigo proprietário/locador. Ele continuará 
perseguindo a reparação dos danos daquele imóvel. 
Na maioria dos casos, cada processo continha uma parte em cada polo da 
ação. Contudo, a globalização mundial fez emanar um novo fenômeno: a existência 
de mais de uma parte em ambos os polos. E o Código de Processo Civil nomeou-o 
de litisconsórcio. 
CONCEITOS DE PARTES 
 
A lei fixou alguns casos em que os polos da ação serão integrados por mais 
de uma parte. Poderão ser vários autores (ativo), vários réus (passivo), como 
também nos polos ativo e passivo (misto). 
Já que estudamos o que seria litisconsórcio, questiona-se: qual a sua 
obrigatoriedade? Ela se subdivide em espécies: necessário ou facultativo. 
 
a. Litisconsórcio 
 
 Necessário: A Lei o impõe, justamente porque a obrigação não pode ser 
dividida. Não pode ser retirado nem por convenção entre as partes (Ex.: Usucapião. 
Todos os conflitantes são considerados réus, porque a ação poderá, eventualmente, 
envolver parte de suas propriedades). 
 
 Facultativo: A parte pode ajuizar a ação contra qualquer dos inadimplentes. 
Eles se acertarão depois. Permite-se a convenção das partes sobre quem 
responderá por eventual ação (Ex.: Devedores solidários de uma obrigação). 
 
Este tema ainda guarda outra classificação de suma importância. Isto porque 
a sentença poderá ser aplicável igualitariamente a todos os litisconsórcios. Neste 
caso, é chamado de litisconsórcio unitário. 
Por outro giro, a futura sentença poderá condená-los sem individualização, ou 
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seja, todos os réus serão responsáveis pelo seu cumprimento integral. Esta espécie 
é nominada litisconsórcio simples. 
 
b. Substituição processual 
 
A substituição processual é um fenômeno curioso. Ela permite que o terceiro 
atue em nome próprio, na persecução de um direito alheio. Ela recebe o nome de 
legitimação extraordinária. 
Por ser uma exceção à regra geral da capacidade processual, a Substituição 
ocorrerá quando a lei permitir, pura e tão somente. Ela difere-se da representação 
processual. Na representação, a parte atua em nome alheio na defesa de direito 
alheio; já na substituição, atua-se em nome próprio e na defesa de direito alheio. 
 
Exemplificam-se as hipóteses como se seguem: 
 
 Terceiro que promove ação de consignação em pagamento (art. 
539,caput, do CPC); 
 Gestor de negócios, desde que atuando em juízo na defesa dos 
interesses do gerido (art. 861, do CC); 
 Seguradora líder do cosseguro, em relação às demais seguradoras (art. 
761, do CC); 
 Defesa dos interesses transindividuais dos consumidores (artigos 81 e 
82 do Código De Defesa do Consumidor); 
 Ministério Público, e outros entes legitimados para ingressar com uma 
ação de civil pública (art. 5º da Le nº 7.347/85). 
 
Em todos os casos, as entidades atuam em nome próprio para defesa de 
interesse alheio. 
 
c. Deveres das partes 
 
As partes precisam agir com boa-fé. A má-fé processual acarretar-lhes-á 
multa de até 20%. A norma processual fixou as condutas recomendáveis às partes. 
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Confira-se: 
 
I – expor fatos verdadeiros. 
II – não formular pretensão ou apresentar defesa de clientes destituídas de 
fundamento 
III – não produzir provas e/ou praticar atos inúteis ou desnecessários à 
declaração ou defesa do direito 
IV – cumprir na medida exata as decisões judiciais, sendo provisórias ou não, 
e não obstar sua efetividade. 
V – manter os endereços residenciais ou profissionais atualizados. 
 
VI – não cometer inovação ilegal em estado de fato de bem ou direito litigioso. 
 
O código também delineou as condutas malévolas das partes. São elas: 
 
I – defender-se contra expresso texto de lei ou fato incontroverso. II – alterar a 
verdade dos fatos. 
III – usar o processo para atingir objetivo ilegal. IV – resistência injustificada. 
V – proceder de modo temerário. 
VI – incidentes manifestamente infundados. VII – recursos manifestamente 
protelatórios7. 
 
 
d. Falecimento de qualquer das partes 
 
 
A vida sempre nos reserva surpresas. Umas agradáveis e outras nem tanto. 
Um dos desalentos pode ser a morte. E ela também pode atingir as partes. 
Principalmente quando o processo tramita por tempo exacerbado. 
Se o código mantivesse tão somente a regra geral, o falecimento da parte 
faria com que o processo se extinguisse. Criar-se-ia uma insegurança jurídica, 
incompatível com o Estado de Direito. Esta não foi a intenção do legislador. 
Eis a razão para a inclusão do artigo 110 no código de processo civil: em caso 
de falecimento da parte, responderá o espólio do falecido que integrará o polo (ativo 
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ou passivo). 
Este foi um bom acerto do legislador. Isto porque o espólio nada mais é do 
que o conjunto de bens deixados aos herdeiros do de cujus. Com a abertura do 
inventário, indica-se o inventariante, na pessoa da qual se destinarão as futuras 
intimações processuais. 
Após o encerramento do inventário – leia-se divisão dos ônus e bônus 
deixados pelo falecido –, todos os herdeiros passarão a integrar o polo da ação. 
Vale lembrar: havendo condenação contra o de cujus, os herdeiros, em regra, 
responderão tão somente no tocante aos bens por ele deixados. Caso a condenação 
sobeje o conjunto de bens partilhados, não se invadirão os bens particulares dos 
herdeiros. 
Então. Já estudamos os principais aspectos afetos às partes. Importa-nos, 
doravante, analisar os aspectos aplicáveis ao diretor da ação: o Juiz. 
 
DO JUIZ 
 
Juiz é pessoa física previamente selecionada pelo Estado. Sua função é 
resolver os conflitos particularmente insolúveis. Ele ouvirá a alegação das partes, 
oportunizará a produção de todas as provas permitidas em direito e solucionará o 
conflito à luz do direito, tudo de forma imparcial. 
A consecução dos fins judiciais é dizer o direito no caso concreto. Para tanto, 
o Juiz foi dotado de alguns poderes, uns administrativos e outros judiciais. Os 
administrativos regulam o andamento do processo (Ex.: determinar a retirada de 
determinado indivíduo da sala de audiências, mandar prender a testemunha 
falaciosa, etc.). Já os poderes judiciais são: condução do processo segundo a Lei; e 
decisão da lide, forçando as partes a cumpri-la. 
Porém, a função do Magistrado não se limita aos bônus. Ela também possui 
os seus ônus. O Juiz sempre deverá prezar pela igualdade de tratamento das 
partes, bem como pelo rápido desfecho da demanda. Também lhe cabe exigir o 
pronto cumprimento dos seus despachos e evitar atos processuais desnecessários. 
Por fim, cabe-lhe, também sancionar a parte que cumprir os atos desleais já 
mencionados alhures. 
Agora imagine se o Juiz tivesse que fazer tudo sozinho: emitir despachos e 
decisões, intimar pessoalmente as partes, realizar perícias técnicas de toda a sorte. 
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Seria impossível desempenhar a função jurisdicional. 
É por esta razão que o instrumental civil previu uma equipe de apoio ao Juiz. 
A ela, dá-se o nome de órgãos judiciários e auxiliares do Juiz. Eles serão objeto do 
nosso estudo a partir de então. 
 
ÓRGÃOS JUDICIÁRIOS E AUXILIARES DA JUSTIÇA 
 
A atividade jurisdicional não é concentrada. Ao contrário, ela precisa ser 
racionalmente dividida pró-eficiência na realização do seu mister. Esta divisão é feita 
em órgãos. Cada estrutura do Poder Judiciário (Estadual e Federal) terá esta 
segmentação. 
O Poder Judiciário, embora uno, é organizado com divisão de seus órgãos em 
Poder Judiciário Federal, cuja jurisdição é nacional e Justiça Estadual, onde os 
órgãos de jurisdição são divididos com competência em cada estado membro, 
possuindo cada nte federativo a sua estrutura judiciária. 
No topo da Jurisdição, encontram-se dois Tribunais: Supremo Tribunal 
Federal e Superior Tribunal de Justiça.. O primeiro preza pelas normas 
constitucionais e a uniformização de jurisprudência envolta naquelas normas, 
enquanto o segundo zela pela defesa da legislação infraconstitucional e 
uniformização da jurisprudência, afeta àqueles normativos.Esta é, sinteticamente, a 
estrutura do Poder Judiciário federal e estaduais. 
 
Do juiz e seus auxiliares 
 
Auxiliares são todos aqueles que contribuem com o Magistrado, para que ele 
concentre-se na emissão de ordens para a condução dos processos até a sua 
decisão final. Os auxiliares dividem-se em permanentes e eventuais. A diferenciação 
é feita pela habitualidade, ou não, do auxílio prestado ao Juiz. 
O primeiro grupo de auxiliares dos Juízes são os serventuários e oficial de 
justiça. Eles vinculam-se diretamente aos Magistrados e são competentes para zelar 
pelo processo e cumprir as ordens primárias do Juiz, tais como: juntar as petições 
nos processos, expedir mandados de intimação, dar vista dos processos aos 
advogados, expedir a intimação aos patronos das partes, etc. 
Outro setor de suma importância é o setor de cumprimento de mandados. 
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Estes cargos são ocupados pelos Oficiais de Justiça. Todo o serviço externo que 
não demande conhecimento estritamente técnico será desempenhado pelos Oficiais 
de Justiça (Ex.: cumprir os mandados emitidos pelos cartórios, vistoriar imóveis, 
intimar in loco as pessoas, etc.). 
Também são auxiliares os peritos. Imagine se o Juiz precisa julgar um caso 
em que um paciente foi mal atendido por seu médico. Ora, o Magistrado não teve 
qualquer formação acerca da medicina. É um leigo no assunto. É por esta razão que 
o Juiz pode nomear peritos. São assuntos estritamente técnicos que fogem ao senso 
comum. Os peritos elaborarão o seu parecer sobre a causa (laudo técnico). Porém, 
vale destacar: o Juiz não ficará adstrito à conclusão do laudo técnico. Pelo princípio 
da livre convicção do magistrado, admite-se decisão contrária, desde que 
fundamentada. 
Também existe a categoria dos intérpretes, para os casos em que a 
tradução de um documento estrangeiro é colocada em dúvida, ou nos casos em que 
o Juiz precise ouvir alguma testemunha estrangeira. 
Estes são, portanto, os mais importantes auxiliares do Juiz. Assunto por meio 
do qual encerramos o presente módulo. No próximo, estudaremos os atos 
processuais e as suas consequências. 
 
ATO PROCESSUAL 
 
Ato é tudo aquilo que uma pessoa pode praticar por si,ou coletivamente. Se o 
ato assume alguma forma prevista pelo direito, então estamos falando de um ato 
jurídico. Se previsto no direito processual civil, então o ato será processual civil. 
O Ato processual advém da mesma fonte. Conceitua-se como algo praticado 
por uma pessoa e que se refira a uma relação jurídica processual pretensa ou já 
existente. Por isso, denomina-se ato processual. Este ato acarreta uma modificação 
na situação do processo. Com ele, extingue-se, cria-se ou modifica-se algo no plano 
processual. 
Se uma pessoa apresenta uma petição inicial contra outrem, caberá o Juiz 
analisá-la e, se preencher os requisitos legais, o juiz designará a audiência de 
conciliação ou de mediação, nos termos do artigo 334, devendo expedir um 
mandado de citação ao réu. O réu, por sua vez, vir-se-á obrigado a contestar a ação, 
ainda que a inicial seja totalmente desarrazoada. A contestação será interposta no 
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prazo de 15 dias da realização da audiência de conciliação ou de mediação, ou 
ainda da data de protocolo do pedido de cancelamento da mesma pelo réu. Caso 
não se conteste a demanda no prazo legal, reputar-se-ão verdadeiros os fatos 
alegados na petição inicial. 
A petição inicial é, então, um ato processual. Com a sua realização, cria-se 
um dever jurídico ao Magistrado, como também ao réu, caso seja determinada a sua 
citação. 
Ato processual é toda conduta praticada dentro de um processo, tendente a 
produzir quaisquer efeitos processuais. 
 
CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS 
 
Os atos processuais são classificados segundo a sua fonte. Foca-se em quem 
o praticou. A primeira espécie de atos processuais é dos atos praticados pelas 
partes, a outra é composta pelos atos do Juiz. 
As partes poderão produzir atos processuais. Alguns serão unilaterais, isto é, 
produzidos pura e simplesmente por um dos polos da ação, tais como a petição 
inicial, a contestação, os recursos, etc. Outra nomenclatura, pelas mesmas razões, é 
a de atos simples. 
Outros, de outro norte, só produzirão efeitos se feitos em comum acordo entre 
os polos. São eles: acordo, renúncia de prazo para recurso. Estes atos também são 
chamados de complexos, porquanto prescindem da prática entre polos diversos. 
Outros atos somente podem ser praticados por um Juiz. São os despachos, 
as decisões interlocutórias e as sentenças. Somente uma pessoa investida na 
função é que pode ser o autor daqueles autos. Com relação aos despachos, cabe a 
observação de que são atos de mero expediente sem caráter decisório, os quais 
foram delegados aos servidores do judiciário a sua produção, através da emenda 
45/2004, que alterou o artigo 93, inciso XIV da Constituição Federal. 
Por fim, existem, de igual modo, os atos da justiça. Eles são praticados por 
todos os auxiliares do Juízo, tais como os atos dos serventuários, oficiais de justiça, 
peritos, etc. 
Talvez lhe surja a seguinte questão: O Juiz sempre fica sabendo dos atos 
processuais? O processo estará sob o seu poder para a emissão de 
ordens/decisões, ou sob os olhos dos cartórios em que tramitam. Os atos lá 
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praticados sempre serão de conhecimento do Juiz e de seus auxiliares. Porém, a 
mesma situação não se pode afirmar em relação às partes. 
Nesse pensar é que estudar-se-ão a comunicação atos processuais no 
próximo tópico. 
 
COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS 
 
A questão acima levantada é de vital importância para as partes. Elas 
precisam tomar conhecimento dos atos processuais para que estes produzam os 
efeitos previstos às partes. 
A legislação adotou duas formas de difusão. Citação e Intimação. 
Diferenciavam-se, anteriormente, as notificações das intimações. Todavia, a 
processualística civil brasileira a aboliu. 
 
a. Citação 
 
O artigo 238 do CPC define a citação como sendo “o ato pelo qual se chama 
a juízo o réu ou o interessado a fim de se defender”. O artigo subsequente (239) 
realça a importância da citação. Eleva-se, por meio dele, o status da citação de mero 
ato para requisito de validade. 
Antigamente, boa parte da doutrina qualificava a citação como requisito de 
existência do processo. O processo só passaria a existir quando o réu se tornasse 
cônscio da petição inicial. 
O comando processual conferiu a faculdade de sentenciar o caso na sua 
gênese. Em vez de determinar a citação do Réu, o Magistrado julga improcedente a 
pretensão autoral. A citação restou dispensada. Este poder extintivo é condicionado. 
Devem existir várias ações improcedentes idênticas. Um caso muito comum de 
sentença inicial de improcedência sobrevém nas ações revisionais de contrato. 
Pede-se, nela, a redução dos juros remuneratórios para 12% ao ano. 
Esta matéria encontra-se pacificada nos tribunais superiores, em 
recomendações sumulares de toda a sorte. Os juízes, então, têm julgado 
improcedentes os referidos casos. 
Esta decisão produzirá efeitos ao Autor2: pretensão idêntica não poderá ser 
suscitada em juízo. E também ao réu: a sua oposição extrajudicial à pretensão foi 
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reputada válida pela Jurisdição. 
A esse instituto, dá-se o nome de sentença de improcedência initio litis. O 
termo em latim já diz tudo: a improcedência é sentenciada logo após a distribuição 
da petição inicial, dispensada a citação do réu. 
Se se aplicasse de forma imponderada a teoria da citação como requisito de 
existência do processo, a sentença favorável ao réu seria nulificada pela falta e 
citação. Contudo, convém registrar: os efeitos desta decisão são totalmente 
favoráveis ao réu. 
Feitas estas considerações, podemos avançar no estudo da citação. A citação 
é o documento oficial por meio do qual se dá conhecimento ao réu da ação proposta 
em seu desfavor. Ela deve ser destinada à pessoa do réu, ou ao seu representante 
legal. Se o destinatário da citação não for nenhum destes dois, a citação será nula, 
ou seja, inexistente. 
O réu poderá ser citado em qualquer lugar não proibido pela ordem jurídica. 
 
As citações serão proibidas nos seguintes casos: 
 
 Em sua residência, desde que não seja permitido o ingresso do Oficial 
de Justiça nela; se permitida, operar-se-á a citação. Porém, é bom registrar que se o 
oficial de justiça suspeitar da intenção de ocultação poderá citar por hora certa, 
deixando a contra fé com qualquer pessoa da família ou vizinho, nos termos dos 
artigos 252 a 253, do CPC. 
 Durante o culto religioso de que participe o réu. 
 Durante o luto por falecimento de parente consanguíneo ou afim. 
 Noivos, nos três primeiros dias de bodas. 
 Aos doentes em grave estado de saúde, enquanto durar o estado 
grave. 
 
O código de processo civil também admite o comparecimento espontâneo do 
réu. Dá-se quando o réu vem a juízo comunicar a ciência do processo. Esta 
possibilidade é o influxo do princípio da instrumentalidade das formas. Este princípio 
preza pela finalidade. 
As formas de citação seguirão o seguinte: 
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 Citação por correspondência com aviso de recebimento Citação real. 
 Citação por Oficial de Justiça Citaçãoreal. 
 Citação por hora certa Citação ficta. 
 Citação por edital Citação ficta. 
 Citação por escrivão ou chefe de secretaria, se o citado comparecer 
no cartório 
 Citação por meio eletrônico 
 
Como visto acima, a citação poderá ser pessoal ou ficta. A citação pessoal 
ocorre quando o réu recebe a citação pessoalmente. Dar-se-á por correspondência 
acompanhada do aviso de recebimento e se efetivará com a juntada do AR aos 
autos. 
Não se encontrando o réu, o correio devolverá a correspondência. 
Consequentemente, ordenar-se-á a citação por Oficial de Justiça. Este comparecerá 
no endereço do réu, citando-o. 
Em alguns casos, o Oficial de Justiça percebe que o réu está se ocultando 
dele. Então, o oficial propõe a citação por hora certa. Ele marca um dia e uma hora 
para o réu receber a citação. Caso ele não esteja lá, qualquer pessoa da família – ou 
até mesmo um vizinho previamente avisado – receberão a citação no lugar do Réu. 
A citação é, então, ficta, porquanto o Réu não a recebeu pessoalmente. 
Por fim, caso o Oficial de Justiça não encontre o Réu, deverá certificar-se de 
que o mesmo encontra-se em local incerto ou não sabido. Sobrevirá, então, a 
citação por edital. 
O cartório emitirá um edital de citação. Este será publicado no Diário de 
Justiça local, na internet no site do tribunal e no Conselho Nacional de Justiça, 
sendo certificado nos autos. Os prazos para a citação por edital estão previsto no 
artigo 257, III, IV do CPC, que pode variar de 20 a 60 dias a discricionariedade do 
Juiz. A presente citação também é ficta, uma vez que o Réu não a recebeu 
pessoalmente. 
Nos três primeiros casos, o Réu receberá uma cópia da petição inicial, de 
codinome contrafé. 
Consumada a citação, ela produzirá efeitos: 
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 Torna o juízo prevento. 
 Induz a litispendência. 
 Torna a coisa litigiosa. 
 Constitui em mora o devedor. 
 Interromper a prescrição. 
 
Inicia-se o prazo de quinze dias para apresentação da contestação com os 
documentos pertinentes. 
Se por um motivo ou outro a citação é declarada nula, ela deverá ser repetida, 
nos mesmos moldes mencionados. 
A outra forma de dar-se conhecimento dos atos processuais às partes é a 
intimação. 
 
b. Intimação 
 
Guilherme Marinoni e Sergio Arenhart elucidam a finalidade da intimação: “Se 
a primeira dá ciência ao réu da existência de ação proposta em seu desfavor, a 
segunda refere-se aos demais atos do processo, tendendo a dar ciência a ambas as 
partes dos movimentos processuais operados no curso do processo” (MARINONI; 
ARENHART, 2010, p. 113). 
Efetivam-se as intimações sempre que possível por meio eletrônico, sendo 
facultado aos advogados intimiar os colegas postulantes da parte contrária através 
dos correios, se assim o desejarem, devendo juntar o comprovante de aviso de 
recebimento aos autos. 
 
CONTAGEM DO PRAZO 
 
A contagem dos prazos é feita de acordo com o sujeito do processo: 
 Juiz - processo concluso. 
 M.P. - momento em que o Juiz lhe dá vista. 
 Defensor Público - intimação pessoal do defensor. 
 Partes - juntada da citação no processo ou da publicação do despacho 
aos seus patronos. 
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O método de contagem é o seguinte: exclui-se o dia de início e computa-se o 
dia do fim. 
 
Ex.: prazo de cinco dias. 
 
Publicação: 25.11.2011 (não se computa esse dia). 26.....27....28...29...30 
(conta-se o dia trinta – dia do fim). 
 
Ex.: despacho publicado na sexta-feira, o primeiro dia útil posterior será a 
segunda-feira. 
 
Final: termina num dia não útil. Prorroga-se para o primeiro dia útil posterior. 
Ex.: prazo terminaria no sábado, terá termo final na segunda-feira. 
 
Por outro lado, existem prazos em que a contagem é feita regressivamente. 
Ex.: Dez dias antes da audiência de instrução, arrolar as testemunhas. 
Muitos operadores de direito têm dificuldade em fazer a contagem do prazo 
em horas. Este prazo não é contado por dia, mas minuto a minuto. Se a intimação 
for efetivada em 09h30 do dia 25.11.2011 e o prazo for de 48 horas, o seu termo 
final será 09h30 do dia 27.11.2011. 
Em algumas situações, a Lei processual previu a suspensão dos prazos. São 
hipóteses em que o prazo iniciou o seu fluxo, porém, por um motivo legal, parou de 
correr. Quando a causa da suspensão for superada, o prazo volta a ser contado do 
momento em que parou. São causas de suspensão do processo: 
 Pela morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, 
se representante legal ou procurador; 
 Pela convenção das partes; 
 Quando for oposta exceção de incompetência do juízo, da câmara ou 
tribunal, bem como de suspeição ou impedimento do juiz; 
 Quando a sentença de mérito depender do julgamento de outra causa, 
ou da declaração da existência ou inexistência da relação jurídica, que constitua o 
objeto principal de outro processo pendente; quando não puder a sentença ser 
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proferida senão depois de verificado determinado fato ou produzida determinada 
prova, requisitada a outro juízo; 
 Por motivos de força maior. 
 
São casos de suspensão dos prazos: 
 Fechamento ou falha no serviço prestado pelo Tribunal; 
 Férias ou recesso forense; 
 Obstáculo criado pela parte; 
 Morte ou perda da capacidade processual; 
 
Já a interrupção é diferente. Ela faz com que o prazo seja “zerado”. 
Solucionada a causa interruptiva, o prazo começa a fluir do começo. Vejam as 
causas: 
 
 Embargos de Declaração desde a data de protocolo; 
 Desmembramento do processo por litisconsorte (art. 113, parágrafo 
segundo); 
 Falecimento do advogado ou da parte interrompem somente os 
prazos 
recursais, nos termos do artigo 1.004 do CPC, que determina que 
sedurante o prazo para a interposição do recurso, sobrevier o falecimento da parte 
ou de seu advogado, ou ocorrer motivo de força maior, que suspenda o curso do 
processo, será tal prazo restituído em proveito da parte, do herdeiro ou do sucessor, 
contra quem começará a correr novamente depois da intimação. 
 
E se ocorrer à perda do prazo para a realização dos atos? É o que se verá no 
próximo tópico. 
 
PERDAS DE PRAZO 
 
Os seres humanos são passíveis de erros. Os prazos processuais existem, 
conquanto as partes possam perdê-lo em razão da humanidade que lhes assola. 
Relembrando: o conceito de prazo é a distância que medeia dos atos. À 
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INTRODUÇÃO AO DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
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tricotomia – juiz, autor e réu – são destinados prazos. E não só a eles. O Ministério 
Público, por exemplo, também deve respeitar os prazos processuais. Os prazos são, 
geralmente, fixados em Lei e, se não o forem, serão de cinco dias. 
Os prazos diferenciam-se em: próprios (ou preclusivos) e impróprios. Os 
prazos destinados às partes são preclusivos porque, caso transcorridos em branco, 
a parte perderá o direito de exercer aquele ato. Ex.: perder o prazo do recurso. 
Já os prazos do Juiz e do Ministério Público são impróprios. Isto porque eles 
não geram ônus processuais àquele Magistrado. Este conceito tem a sua razão de 
ser: imagine se um Juiz perdesse o prazo para

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