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Direito Penal, tema 2. Os princípios do direito penal. Somos regidos por um determinado tipo de Estado: Estado Social Democrático de Direito. Democrático: Princípio da punibilidade Estado Social: Principio da intervenção mínima De direito: Princípio da legalidade - Barreiras anti intervenção do Estado:Prevista na CF arts 1° ao 5° e seus incisos. Princípios. Autor base: Francisco Muñoz Conde. Temos princípios para garantir uma menor violência do Estado para com o povo. Conformação Política: Democrático, Social de direito. A origem da legitimidade do Estado é a mesma – Nós! Princípio da Legalidade. (absoluto, não há exeção). É o mais importante, pois surge junto com o Estado de submissão de todos à lei, ou seja, a lei legitima o Estado. - Origem histórica: 1° marco histórico – primeiro documento de pretensão universal – Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, art 6°. Artigo 6º- A Lei é a expressão da vontade geral. Todos os cidadãos têm o direito de concorrer, pessoalmente ou através dos seus representantes, para a sua formação. Ela deve ser a mesma para todos, quer se destine a proteger quer a punir. Todos os cidadãos são iguais a seus olhos, são igualmente admissíveis a todas as dignidades, lugares e empregos públicos, segundo a sua capacidade, e sem outra distinção que não seja a das suas virtudes e dos seus talentos. - Rousseau, pacto da igualdade no contrato social, em que todos se unem para atender/obedecer a coletividade, lei que os tratassem iguais. Art 7° - É a parte do princípio que prevê sanções. Artigo 7º- Ninguém pode ser acusado, preso ou detido senão nos casos determinados pela Lei e de acordo com as formas por esta prescritas. Os que solicitam, expedem, executam ou mandam executar ordens arbitrárias devem ser castigados; mas qualquer cidadão convocado ou detido em virtude da Lei deve obedecer imediatamente, senão torna-se culpado de resistência. -Lei escrita, cogente (obrigatória e redigida de maneira mais clara possível. - O princípio da legalidade é o primeiro postulado do positivismo jurídico, seu próprio marco histórico. Civil Law (positiva jurídica) ≠ Comon Law (jusnaturalismo). Marco Teórico: 1° Marquês de Beccaria, 1764 (motivador, não criador, do princípio da legalidade) Feuerbach, 1813. Código Penal de Baviera. “Nulla poena, sine lege”. A pena deve ter finalidade, não deve apenas causar dor, ou tratar o mal com o mal. Teoria da coação psicológica, coagir as pessoas no âmbito psicológico. Deve-se prever a pena antes do crime, caso contrário, não é crime. “Nullum crimem, nulla poena, sine lege” - Cominar: não é apenas prever a pena em lei, é prever os limites mínimos e máximos da pena em lei, é prever a espécie da pena em lei, é prever a pena jutno a cada tipo penal para que a sociedade saiba a qual crime ela pertence. Cada artigo terá sua pena determinada, ainda que iguais. Dimensão política e técnica. Garantias do cidadão perante o Estado. - Dimensão Política: reflexo da vontade geral. - Dimensão Técnica: Forma como deve o legislador redigir as leis penais. A vontade como reserva legal. Como a lei é produto da vontade geral, tanto a lei, quanto o Estado, ambos devem atender aos interesses da sociedade. Reserva Legal: está reservado à lei a produção de normas incriminadoras, maior controle da sociedade – legislativo. O poder legislativo é bicâmenal, ou seja, precisa da aprovação das duas, câmara e senado. O conteúdo técnico do princípio da legalidade. Garantias individuais frente ao poderio do Estado contra o abuso do Estado. 1° Garantia: Nullum crimen, sine lege. Significa que nenhuma conduta pode ser vista como crime sem que uma lei tinha dito que essa conduta é um crime. Por mais grave que seja essa conduta, se não esta na lei, não é crime. Ex: Envio de foto ou vídeo intimo de alguém para outras pessoas. Por mais que seja uma conduta errada, não é prevista como crime. 2° Garantia: Nulla poena, sine lege. A criação de uma pena (criminal) só pode ser chamada assim, se for prevista em lei. O juiz não pode inventar uma pena. Pena é só aquela que a lei prevê e na quantidade em que a lei permite que seja aplicada. Art. 53 - As penas privativas de liberdade têm seus limites estabelecidos na sanção correspondente a cada tipo legal de crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). Portanto, é a essência do ato de cominar, significa que o juiz quando for punir um crime x, não pode tomar de empréstimo a pena que a lei prevê para o crime Y, pois cada pena é prevista para cada crime. 3° Garantia: Nemo damnetur nisi per legale iudicium. Significa que as penas devem ser aplicadas consoante regras e procedimentos estabelecidos na lei penal e na lei processual. Forma como são feitas as coisas. (remete a lei). 4° Garantia: Garantia de execução (legalidade da execução). Corresponde a uma atividade não só do poder judiciário, mas também do executivo. Compete a ambos, é uma competência concorrente, a execução das penas criminais do nosso país. A execução das penas deve observar um procedimento legal. Requisitos: devem ser atendidos pelas normas penais. - Os requisitos são importantes mais para as leis penais, poder legislativo, os requisitos dirigem-se mais a eles do que aos outros dois poderes. 1° Requisito: Lex Scripta (lei escrita): vem em cumprimento a garantia do nulum crimen sine lege, lei em forma de texto, lei redigida, formalizada em um documento. No Brasil a única fonte direta de lei penal incriminadora é a própria lei. Uma conseqüência conhecida, é a vedação do direito consetudinário como fonte de lei(costumes). O juiz não pode punir alguém com base nos costumes, a lei estrita é a única fonte de lei penal incriminadora; 2° Requisito: Lex praevia (lei prévia/anterior): Essas leis que criam crimes que cominam penas, que descrevem as formas de cumprimento dessas normas, devem ser, necessariamente, anterioes ao crime, a conduta que se pretende punir. O principio geral é que toda lei penal deve ser prévia a pratica do crime para que ela possa ser aplicada a essa pessoa. Daí decorre a proibição da retroatividade da lei penal, a regra geral (existem exceções) : a lei penal não pode retroagir para prejudicar o réu, art 5°, LX CF. 3° Requisito: Lex certa e Lex Stricta: São tratadas de forma conjunta excepcionalmente. Silva Sanches os chama de comandas de determinação. Exige que a lei seja redigida de forma clara e precisa, isso é dizer lei certa. Aqui proibimos a analogia a crimes penais, não podemos aplicar para casos penais, leis que não são penais. Vedação da analogia e vedação de leis escritas de forma incompreensível, ou obscura. Garantias. 1° Garantia: Nullum crimen sine lege/ Garantia Criminal/ Estrita garantia em matéria penal. - Essa garantia criminal proíbe que impute/atribua a alguém a prática de um crime ou contravenção que não era na época, prevista em lei. Lei anti corrupção: Prevê atos graves, atos não só de corrupção por pessoa jurídica, mas atos relacionados a corrupção, prevê conseqüências gravíssimas, como o cancelamento de empresas, que corresponde a morte de uma pessoa física. Essa não é uma lei criminal, não prevê crimes, não tem nela nenhum tipo pena. Art 32 CP. As penas são: Privativas de liberdade. Restritivas de direitos. Multa - Tudo que não for isso, não é criminal. Cf art 5°, XXXIX. Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem previa cominação legal. Cp art 1°. Não há crime sem lei anterior que o defina, não há pena sem previa cominação legal. -A dimensão política do princípio da legalidade nos ensina que o nosso Estado Civil é formado de uma determinada maneira, que tudo o que acontece na sociedade é a partir da transição do Estado Absolutista para o Estado moderno, deve ser produto das nossas vontades, a vontade geral da sociedade, e se expressa através de um dos princípios, através do poder legislativo, ele é a nossa voz. 2° Garantia: Nulla poena sine lege / Garantia penal. - Qualquer sanção para ser aplicada deve ser previamenteprevista em lei. Sanções penais, art 32 CP. Essas penas somente podem ser aplicadas na forma prevista em lei. No Direito Penal o juiz tem discricionariedade (certa autonomia) vinculada para aplicar penas. Ex: Pena cominada ao tipo de homicídio simples – reclusão de 6 a 20 anos. O juiz determina o tempo entre 6 e 20 anos. 3° Garantia: Nemo damnetur nisi per legale iudicium / Garantia Jurisdicional. -O judiciário interpreta a lei. Essa garantia estabelece que ninguém poderá ser condenado senão em virtude de uma sentença proferida por um juiz competente, de acordo com os procedimentos previstos em lei. Quem vai decidir o caso concreto e por qual razão e como fará. As leis devem ser interpretadas conforme as leis, interpretar a lei não pode ser um pretesto para não aplica - lá. O juiz deve navegar dentro do conteúdos semânticos – cultural das palavras. A interpretação é algo polêmico, você pode dar um sentido a uma palavra que possa ser contrário, essa é uma das artes da magistratura. Os limites devem ser respeitados, o poder mais importante é o legislativo, as leis não podem ser interpretadas para dar um sentido contrário a lei. A interpretação não pode ser mais importante que a própria lei. 4° Garantia: Garantia de execução. - Determina que a lei seja executada exclusivamente da forma como prevista em lei, como as penas são cumpridas. - Lei da Execução Penal 7.210/1984 - O princípio da legalidade é também fonte de requisitos, que devem ser seguidos pelas leis penais. Requisitos. 1° Requisito. Lex Scripta / Reserva absoluta da lei. - Somente a norma penal incriminadora deve ter fonte exclusiva na lei. - Existem leis penais que não incriminam que favorecer o acusado. - As leis penais incriminadoras são aquelas que prevêem crimes, cominam penas, agravam a situação do acusado ou lhe reduzem de alguma maneira os seus direitos (aquela que prejudica o cidadão em relação ao Estado). O requisito de reserva absoluta da lei, lei como fonte única direta, só é aplicável para lei penal incriminadora. O juiz, portanto, não pode aplicar alguma conseqüência jurídica que prejudique o cidadão com base em outra coisa que não seja a lei, não pode jurisprudência, não pode princípios gerais de direito, ou seja, para prejudicar só pode a lei. - Só se admite lei em sentido scripto, aquela que deve obedecer ao processo legislativo constitucional (art 61 CF), não pode emanar do poder executivo porque é dimensão política do princípio da legalidade, não se admite como válida, como se exige lei, que ela não emane do poder legislativo, porque só o poder legislativo tem sua legitimidade no povo, titulares do poder. * Para leis penais incriminadoras. - Exclui-se os costumes, princípios, precedentes jurisprudenciais, que não podem sem fonte de incriminação. Os costumes, os princípios e a jurisprudência podem ser fontes indiretas(motivar a criação de uma lei) do Direito. * Para leis penais que favorecem o réu, leis permissivas, tanto a lei quanto os costumes, princípios e a jurisprudência podem ser fonte direta do direito penal. - A partir do conceito da Lex scripta, podemos afirmar que existem normas jurídicas infra-legais e jamais podem receber a mesma classificação que as leis, aqui estamos falando de atos normativos, por exemplo, os decretos do poder executivo, medidas provisórias, portarias, resoluções, ofícios circulares, cartas circulares, instrumentações normativas e toda uma gama de documentos formais que emanam de autoridades que produzem efeitos vinculantes a funcionários públicos e a cidadãos, mas que não são leis, portanto não podem incriminar ninguém, nenhum crime, pena podem ser previstos, nenhum direito criminal pode ser reduzido com base em atos infra legais. (* também é conseqüência da reserva de lei decorrente da Lex scripta). - 2° Requisito: Lex praevia. - Chamada claudula de irretroatividade da lei penal( é uma das grandes conquistas do iluminismo, defendida por beccaria). O iluminismo sustentou em primeiro lugar, a necessidade de se escrever em textos, tudo aquilo que deve ser proibido. - A irretroatividade da lei penal é ao mesmo tempo a exigência de anterioridade da lei. A lei que existe hoje não pode retroagir para punir o crime que ocorreu ontem. * Retroatividade e anterioridade ( para eu punir o crime que ocorreu ontem, a lei deve ser de anteontem) são iguais. - As duas funções são o principio da legalidade. Art 5°, XL: A lei penal não retroagirá ( regra geral ), salvo em benefício do réu (exceção) AD HOC – Criado para uma determinada hipótese. Não existe no direito penal, é impensável que se crie uma lei para uma determinada pessoa, para punir, prejudicar as pessoas. - Atos ad hoc no direito em geral são exceções, no direito penal não existe. Feuerbach desenvolveu o principio da legalidade. Quando desenvolveu a teoria da pena, teoria da coação psicológica, chamada hoje de prevenção geral. Para que as pessoas se sentissem ameaçadas pelas leis e penas, elas deveriam conhecer as leis antes de praticar o crime “anterioridade da lei” *Coerência sistêmica: O direito penal deve ser sempre coerente com seus princípios com suas missões, portanto as características do direito penal também têm que ser compatível com seus princípios. 1° Característica da prevenção : na medida em que o direito penal pretende evitar/prevenir crimes, esta voltado para o futuro, razão de ser da irretroatividade. Desconsidera crimes anteriores a lei. *Exceção: A única exceção é representada plea lei penal mais benigna ( = lei penal mais benéfica). Podemos concluir na Lex proevia, existe uma estra atividade da lei penal, porque a lei penal pode ser tanto retroativa, quanto ultra ativa/benéfica. 3° Requisito: Lex certa e Lex stricta. Comando de determinação. - Lex certa dialoga com o poder legislativo e assim produz os seus efeitos em uma etapa do processo de criminalização, chamada, criminalização primária ( previsão dos crimes em lei ) -Lex stricta é dirigida ao judiciário, juiz, dialogando então com o poder judiciário, atuando na etapa seguinte, criminalização secundária ( aplicação das penas, imputação dos crimes) Lex Certa: aprofunda a qualidade das leis, leis bem escritas, objetivas, e claras, não pode retroagir, há necessidade que o povo entenda as leis, por isso devem ser taxativas, e com o vocabulário correto, para não ocorrer problemas com interpretação, o que gera uma insegurança jurídica. Os valores da sociedade mudam com o decorrer do tempo, e por isso aos poucos, vão sendo acrescentadas leis novas, referentes a crimes novos, que talvez antigamente não era considerados crimes pelo fato de uma sociedade mais antiga não achar tais condutas um risco para a sociedade em geral. Ou seja, nossa sociedade é imprevisível, segundo Beck, e essa imprevisibilidade faz com que novas normas sejam criadas de forma mais obscura, vaga e aberta, contrariando a Lex certa. E essas normas vagas, dão mais poder ao judiciário, o que não deveria ocorrer, por gerar uma insegurança jurídica, o que não acontecia a alguns anos atrás. Exemplos: Lei 7.492/86, art 1° - Gestão fraudulenta. Existe uma intenção implícita de fazer com que algumas questões não estejam na lei para que o juiz decida o caso. Mas, por outro lado, existem leis muito determinadas, o que a torna muito extença, que acontece por medo de não punir. Exemplos: Lei 11.343, art 33. Tráfico de drogas. Muito detalhado o que é tráfico, sendo fácil achar uma brecha para burlar a lei. Tanto uma, quanto a outra, padecem da dificuldade de interpretação. - Existe uma grande tensão entre: Busca de segurança jurídica ( reserva legal, fonte única de lei ) e a busca pela eficácia da lei penal no caso concreto ( nos faz pensar ate que ponto almejamos a segurança jurídica ). * Existem casos em que a segurança jurídica pode ceder frente a eficácia da lei penal, podemos permitir que uma outra fonte que não a lei produza conteúdo de incriminação necessário para punis, excepcionando a reserva legal. Existem dois tipos penais, abertos e fechados.Osfechados apresentam descrição completa do modelo de conduta proibida, bastando ao intérprete, na adequação do dispositivo legal ao comportamento humano, verificar a simples correspondência entre ambos. Já os abertos, em razão da ausência de descrição ou de descrição incompleta, transferem ao intérprete a tarefa de tipificar cada conduta, valendo-se, para tanto, de elementos não integrantes do tipo Assim, por exemplo, enquanto a ação dolosa é integralmente descrita no homicídio e na lesão corporal, as modalidades culposas estão apenas previstas como homicídio culposo e lesão corporal culposa (v. Código Penal, arts. 121 e 129, caput; e 121, § 3º e 129, § 6º). Norma Penal em branco: É um preceito incompleto, genérico ou indeterminado, que precisa da complementação de outras normas. A doutrina distingue as normas penais em branco em sentido lato e em sentido estrito. As normas penais em branco em sentido lato são aquelas cujo complemento é originário da mesma fonte formal da norma incriminadora. Nesse caso, a fonte encarregada de elaborar o complemento é a mesma fonte da norma penal em branco, há, portanto, uma homogeneidade de fontes legislativas. As normas penais em branco em sentido estrito, por sua vez, são aquelas cuja complementação é originária de outra instância legislativa, diversa da norma a ser complementada, e aqui há heterogeneidade de fontes, ante a diversidade de origem legislativa. Comparação: “matar alguém”: o intérprete analisa se houve morte ou não, não é necessário nenhuma outra lei para entender se houve ou não morte, esse é um tipo fechado. Ou seja, a maioria é assim, o intérprete não precisa recorrer a outra lei para concluir. Tipo aberto: Podem ser normas em branco ou pode ser como os crimes imprudentes de homicídio, a maioria dos crimes de homicídios não exige a análise de outra lei, no entanto, ainda assim são tipos abertos. O raciocínio do juiz por trás de um crime imprudente, é o de que o autor faltou com um dever, quem praticou o crime desrespeitou uma regra de conduta social, do mesmo modo, os crimes omissivos, quem os praticou deixou de cumprir o dever de agir. Tanto nos crimes imprudentes quanto nos crimes omissivos o dever que foi desrespeitado depende do caso concreto, depende do bem jurídico em questão, depende do autor e da vitima envolvidos, portanto, quando se lê um tipo de homicídio imprudente, pensamos em tudo que não esta escrito, não esta sendo dito qual o dever deveria ter sido observado do tipo imprudente, não diz qual a regra que foi quebrada, por isso é aberto, o fundamento de ambos os crimes é a quebra de um dever, porque ambos são abertos pela mesma questão. - A maneira mais comum de excepcionar a garantia da reserva legal é por meio das normas penas em branco. É correto abrimos mão da segurança jurídica em benefício da eficácia, e isso deve ser exceção, deve ser sempre excepcional a possibilidade de incriminação por meio de um ato normativo que não seja a lei. Todavia, o que se deve é sempre é buscar, tanto quanto possível, um equilíbrio entre a reserva legal e a eficácia jurídica, de modo a tentar prevalecer a segurança jurídica. Se virar regra a incriminação, por meio de um ato normativo que não a lei, por meio do poder executivo, colocamos em risco primeiramente a separação dos poderes, porque o executivo estaria usurpando uma função do legislativo, em segundo lugar a soberania do povo. Dimensão política do principio da legalidade: o poder legislativo é o mais importante, porque é por meio dele que o povo exerce sua soberania. Lex Stricta: Ocupa a posição de vertente judicial que se relaciona preponderantemente com o poder judiciário, Aqui incluímos a proibição da analogia. Tanto a proibição das leis vagas ( Lex certa ) quanto a proibição da analogia (Lex stricta ) não ofendem a separação dos poderes, mas possibilidade de conhecimento e compreensão do conteúdo da lei penal pela sociedade. ANALOGIA ≠ INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA. Analogia: realiza-se aplicação de uma lei penal a um fato que não esta contemplado nela, mas que talvez seja similar ao nela previsto. Via de regra, viola a legalidade, pois equivale a criação de algo novo pela aplicação indevida de lei penal. Interpretação: é a aplicação da lei penal a um fato que esta além da literalidade da lei, sem estar porém, fora da sua abrangência. Via de regra, a interpretação na lei penal também é proibida em direito penal. A diferença de analogia e interpretação é que a interpretação pode estar na própria lei, art 121, ao passo que, a analogia nunca esta. Na interpretação a própria lei pode exigir a similitude entre fatos previstos na lei e os não previstos. - Exceção: Tanto a analogia quanto a interpretação extensiva são: In malem parten In bonam parten Proibidas na analogia e interpretação extensiva. – Salvo na interpretação extensiva quando ela tem previsão legal expressa. Analogia e interpretação extensiva in bonam parten são excepcionalmente permitidas a favor do réu. - Em ambos os casos analisa-se: Contra legem Intra Legem. Se a analogia e a interpretação extensiva forem contra legem, não respeitarem o sentido da lei, serão sempre proibidas. Se a analogia e a interpretação extensiva forem intra legem, in bonan partem serão sempre permitidas. - O limite último de ambas é o respeito ao sentido da lei. Principio da intervenção mínima. - Ultima ratio: ultima razão, ultima alternativa/opção. * A criminalização só é possível se for necessária. - 3 etapas de dinamismo penal: -1°. Criminalização primária: dirigida ao poder legislativo, tarefa de cominar penas, prescrever crimes em lei. A criminalização primária conversa com o poder legislativo em primeiro lugar. -2°. Criminalização secundária: existe quando o poder judiciário se movimenta para a aplicação da lei, aplicação das penas, o juiz não condenará por crime, ainda que previsto em lei, se não for necessário. No principio da intervenção mínima falamos da: Característica do estado social: significa uma primazia das políticas públicas de promover o maior bem estar possível de todos ao menos custo social possível( o quanto de bem é gerado, e o quanto de mal é gerado). Ex: penas privativas de liberdade geram muito malefício. Por isso deve ser a ultima opção. Fragmentariedade, subsidiariedade, lesividade, humanidade, proporcionalidade, ultima ratio, ofensividade. Segundo a orientação de Nilo batista: intervenção mínima tem três características. Fragmentariedade: “ muito direito penal, é igual a pouco direito penal”. O fato de ser reservado para acontecimentos únicos, é o que o torna grave. Só fragmentos do ordenamento jurídicos é direito penal, os casos excepcionais. A teoria do bem jurídico nos ajuda a identificar quais são as condutas que o direito penal deve criminalizar, não são todas, somente parte delas, não é todo tipo de lesão ao bem jurídico penal que interessa ao direito penal, precisamos analisar que tipo de lesão foi essa, a lesão deve ter sido grave o suficiente. “bem jurídico penal” é aquele que consideramos essencial ao desenvolvimento humano em sociedade. A própria sociedade diz o que é ou não essencial. Assim é normal um crime que não aparecia no direito penal aparecer depois de um tempo, como o envio de fotos intimas, que logo será crime, ou deixar de aparecer, como o adultério, ou as casas de prostituição que ainda é crime, mas logo deixará de ser pela prostituição ter se tornado profissão. -3 funções 1° defesa exclusiva de bens jurídicos contra ataques de especial gravidade. 2° tutelar somente parcialmente as condutas vistas como ilícitas pelos demais ramos do ordenamento jurídico. 3° não punir as ações que, embora imorais, não tenham dignidade penal, sejam irrelevantes de um ponto de vista social. Fragmentário : Bens jurídicos e espécies de lesões. - Não basta estabelecer o reconhecimento de uma agressão a um bem jurídico para o reconhecimento da presença de um delito e a conseqüente intervenção do direito penal. É necessário que essa agressãoseja a um bem jurídico fundamental para o desenvolvimento individual do ser humano em sociedade e que esse ataque seja grave o suficiente para justificar a intervenção penal. Subsidiariedade: Jamais será a primeira opção em qualquer situação e deve ser comprovada a insuficiência de outras áreas. Deve ser usado em casso extremos, ou seja, deve se tentar outras alternativas antes. Porque o direito penal não resolve, só adia. Ultima ratio. Lesividade ou ofensividade: no direito penal só pode ser castigados comportamentos que lesione bens jurídicos efetivamente tutelados pela lei penal, e não sejam meramente imorais e pecaminosos. Reforça a tarefa de promover o controle do intolerável, preocupando-se somente com ataques graves aos bens jurídicos essenciais. A insignificância. - O principio da insignificância em direito penal é aquele que impede que determinadas condutas, por serem irrelevantes ao dto penal, não sejam punidas, embora constituam crime. Ex: o livro emprestado que não te devolvem, o furto da caneta, roubo de 2 reais. São os crimes de bagatela, não tem relevância penal, pois o processo pode ser mais oneroso que o próprio fato em discussão. - Esse principio não é conceituado, por ser complexo e maleável. Cada caso é um caso. Existe uma regra de ouro para esse princípio. Deve-se analisar todas as suas peculiariedades do caso, leva-se em conta a importância do bem para a vitima, o contexto, os antecedentes de quem furtou, se apresenta ou não risco a sociedade.
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