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2016 CRIMES DE RACISMO E AIDS

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CRIMES DE PRECONCEITO # RACISMO # DISCRIMINAÇÃO RACIAL Prof. Gilberto Thums
O PRECONCEITO na sociedade envolve: orientação sexual convicção político-filosófica, idade, condição social, aparência, aspectos físicos, procedência nacional, origem local, portador de doença, religião, etnia, cor de pele, deficiência física, estado civil, etc.
O maior preconceito nas sociedades capitalistas é pela condição social, mas no Brasil o preconceito mais odioso é contra OS NEGROS. O país tem uma dívida histórica com os negros e a legislação deve enfocar de forma visível a questão racial relacionada aos negros.
Assim, é inaceitável equiparar o preconceito ou discriminação que se faz contra argentinos, portugueses, por exemplo, com a dos negros.
O nazismo revelou-se uma obsessão discriminatória contra judeus e representa uma das maiores tragédias da humanidade.
O Brasil pune o preconceito desde a era Vargas, porém apenas referente à RAÇA e COR. [1: LEI No 1.390, DE 3 DE JULHO DE 1951.Inclui entre as contravenções penais a prática de atos resultantes de preconceitos de raça ou de côr.       Art 1º Constitui contravenção penal, punida nos têrmos desta Lei, a recusa, por parte de estabelecimento comercial ou de ensino de qualquer natureza, de hospedar, servir, atender ou receber cliente, comprador ou aluno, por preconceito de raça ou de côr.         Parágrafo único. Será considerado agente da contravenção o diretor, gerente ou responsável pelo estabelecimento.         Art 2º Recusar alguém hospedagem em hotel, pensão, estalagem ou estabelecimento da mesma finalidade, por preconceito de raça ou de côr. Pena: prisão simples de três meses a um ano e multa de Cr$5.000,00 (cinco mil cruzeiros) a Cr$20.000,00 (vinte mil cruzeiros).         Art 3º Recusar a venda de mercadorias e em lojas de qualquer gênero, ou atender clientes em restaurantes, bares, confeitarias e locais semelhantes, abertos ao público, onde se sirvam alimentos, bebidas, refrigerantes e guloseimas, por preconceito de raça ou de côr. Pena: prisão simples de quinze dias a três meses ou multa de Cr$500,00 (quinhentos cruzeiros) a Cr$5.000,00 (cinco mil cruzeiros).         Art 4º Recusar entrada em estabelecimento público, de diversões ou esporte, bem como em salões de barbearias ou cabeleireiros por preconceito de raça ou de côr. Pena: prisão simples de quinze dias três meses ou multa de Cr$500,00 (quinhentos cruzeiros) a Cr$5.000,00 (cinco mil cruzeiros).         Art 5º Recusar inscrição de aluno em estabelecimentos de ensino de qualquer curso ou grau, por preconceito de raça ou de côr. Pena: prisão simples de três meses a um ano ou multa de Cr$500,00 (quinhentos cruzeiros) a Cr$5.000,00 (cinco mil cruzeiros).         Parágrafo único. Se se tratar de estabelecimento oficial de ensino, a pena será a perda do cargo para o agente, desde que apurada em inquérito regular.         Art 6º Obstar o acesso de alguém a qualquer cargo do funcionalismo público ou ao serviço em qualquer ramo das fôrças armadas, por preconceito de raça ou de côr. Pena: perda do cargo, depois de apurada a responsabilidade em inquérito regular, para o funcionário dirigente de repartição de que dependa a inscrição no concurso de habilitação dos candidatos.         Art 7º Negar emprêgo ou trabalho a alguém em autarquia, sociedade de economia mista, emprêsa concessionária de serviço público ou emprêsa privada, por preconceito de raça ou de côr. Pena: prisão simples de três meses a um ano e multa de Cr$500,00 (quinhentos cruzeiros) a Cr$5.000,00 (cinco mil cruzeiros), no caso de emprêsa privada; perda do cargo para o responsável pela recusa, no caso de autarquia, sociedade de economia mista e emprêsa concessionária de serviço público.         Art 8º Nos casos de reincidência, havidos em estabelecimentos particulares, poderá o juiz determinar a pena adicional de suspensão do funcionamento por prazo não superior a três meses.         Art 9º Esta Lei entrará em vigor quinze dias após a sua publicação, revogadas as disposições em contrário. Rio de Janeiro, 3 de julho de 1951; 130º da Independência e 63º da República. GETÚLIO VARGAS Francisco Negrão de Lima ]
Em 1985, através da Lei nº 7.347, foi modificado o texto da Lei nº 1390 (Lei Afonso Arinos), havendo inclusão de mais parâmetros: sexo e estado civil.[2: LEI Nº 7.437, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1985. Inclui, entre as contravenções penais a prática de atos resultantes de preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil, dando nova redação à Lei nº 1.390, de 3 de julho de 1951 - Lei Afonso Arinos.O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:        Art. 1º. Constitui contravenção, punida nos termos desta lei, a prática de atos resultantes de preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil.        Art. 2º. Será considerado agente de contravenção o diretor, gerente ou empregado do estabelecimento que incidir na prática referida no artigo 1º. desta lei.        Das Contravenções        Art. 3º. Recusar hospedagem em hotel, pensão, estalagem ou estabelecimento de mesma finalidade, por preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil.        Pena - prisão simples, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa de 3 (três) a 10 (dez) vezes o maior valor de referência (MVR).        Art. 4º. Recusar a venda de mercadoria em lojas de qualquer gênero ou o atendimento de clientes em restaurantes, bares, confeitarias ou locais semelhantes, abertos ao público, por preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil.        Pena - Prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses, e multa de 1 (uma) a 3 (três) vezes o maior valor de referência (MVR).        Art. 5º. Recusar a entrada de alguém em estabelecimento público, de diversões ou de esporte, por preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil.        Pena - Prisão simples, de 15 (quinze dias a 3 (três) meses, e multa de 1 (uma) a 3 (três) vezes o maior valor de referência (MVR).        Art. 6º. Recusar a entrada de alguém em qualquer tipo de estabelecimento comercial ou de prestação de serviço, por preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil.        Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias e 3 (três) meses, e multa de 1 (uma) a 3 (três) vezes o maior valor de referência (MVR).        Art. 7º. Recusar a inscrição de aluno em estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau, por preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil.        Pena - prisão simples, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa de 1(uma) a três) vezes o maior valor de referência (MVR).        Parágrafo único. Se se tratar de estabelecimento oficial de ensino, a pena será a perda do cargo para o agente, desde que apurada em inquérito regular.        Art. 8º. Obstar o acesso de alguém a qualquer cargo público civil ou militar, por preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil.        Pena - perda do cargo, depois de apurada a responsabilidade em inquérito regular, para o funcionário dirigente da repartição de que dependa a inscrição no concurso de habilitação dos candidatos.        Art. 9º. Negar emprego ou trabalho a alguém em autarquia, sociedade de economia mista, empresa concessionária de serviço público ou empresa privada, por preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil.        Pena - prisão simples, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa de 1 (uma) a 3 (três) vezes o maior valor de referência (MVR), no caso de empresa privada; perda do cargo para o responsável pela recusa, no caso de autarquia, sociedade de economia mista e empresa concessionária de serviço público.        Art. 10. Nos casos de reincidência havidos em estabelecimentos particulares, poderá o juiz determinar a pena adicional de suspensão do funcionamento, por prazo não superior a 3 (três) meses.        Art. 11. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.        Art. 12. Revogam-se as disposições em contrário.Brasília, 20 de dezembro de 1985; 164º da Independência e 97º da República.JOSÉ SARNEY]
ACRIMINALIZAÇÃO DO PRECONCEITO só ocorreu após a CF/88 – trata-se de legislação recente, tanto que negros e índios eram escravizados. Judeus, ciganos, mouros, etc, sofriam preconceito da própria legislação lusitana no Brasil. O Código Criminal do Império – art. 60, estabelecia penas diferenciadas para escravos. O CP de 1940 nada dispôs sobre crimes de preconceito. Somente em 1951, com a Lei Afonso Arinos é que surge o primeiro diploma legal punitivo, mas prevendo apenas CONTRAVENÇÃO para o preconceito.
A Constituição de 1988, em seu art. 5º, inc. XLII, passou a considerar a prática do racismo como crime inafiançável e imprescritível. Equivocou-se o constituinte ao usar o termo racismo, quando deveria ter-se referido ao PRECONCEITO, que é mais amplo. Por outro lado, tornou inaplicável a Lei nº 7347/85, pois esta lei não trata de crimes punidos com reclusão, mas apenas de contravenções penais.
Ao considerar o racismo um crime imprescritível, cometeu-se outro equívoco, porque os crimes mais graves (homicídio, latrocínio, etc, prescrevem em 20 anos. Por que o preconceito não prescreveria?
‘RACISMO’ é um termo absolutamente inadequado para definir os crimes da Lei nº 7716. O correto seria usar o termo preconceito por possuir maior abrangência.
Considerando que o Direito Penal, na interpretação de normas incriminadoras, exige tipos taxativos, cujos elementos formadores não podem admitir analogia ou interpretação extensiva, devemos observar a delimitação dos termos: raça, cor, etnia, religião, procedência nacional, que são objeto da Lei nº 7716.
Discriminação é o ato ou efeito de discriminar; separação, segregação, apartação - a discriminação ou segregação racial. Para Nucci a discriminação consiste em tratar de modo preferencial, geralmente com prejuízo para uma das partes.
Preconceito, segundo Aurélio Buarque de Holanda Ferreira vem do latim praeconceptue, significa conceito ou opinião formados antecipadamente, sem se levar em conta o fato que os conteste, e de intolerância, ódio irracional ou aversão a outras raças, credos, religiões etc., Sérgio Salomão Shecaira afirma que preconceito é uma atitude negativa desfavorável para com grupos baseados em crenças estereotipadas. Ex. xenofobia (ódio ao estrangeiro, pelo nacional), islamofobia, negrofobia, antisemitismo, etc.
‘Raça’, não se confunde com cor de pele, segundo Aurélio, é o conjunto de indivíduos, cujos caracteres somáticos, tais como a cor da pele, conformação do crânio e do rosto, o tipo de cabelo e outros traços, são semelhantes e se transferem, por hereditariedade, conquanto variem de pessoa para pessoa. Também apresenta outros significados, entre os quais, o conjunto de indivíduos com origem étnica, lingüística ou social comum. 
Os seres humanos são todos descendentes do homo sapiens sapiens, portanto são a mesma raça, mas o legislador não utilizou critério antropológico para definir raça (do contrário, teríamos de investigar se alguém é descendente de ‘homo sapiens neanderthalensis’). Ambos descendem do australopithecus afarensis. 
Há dificuldade insuperável na identificação do significado penal da palavra raça. Para o STF, deve-se vincular raça à etnia e cor da pele.
Segundo o STF o conceito de raça não é biológico, genético ou antropológico, mas o proposto pela sociologia moderna que identifica o racismo como “tendência cultural decorrente de construções ideológicas e programas políticos visando à dominação de uma parcela da sociedade por outra (STF HC 82424). Assim, a palavra raça assume acepção de qualquer agregado de pessoas que possam ser identificadas - por seus traços culturais, sociais, dentre outros – como pertencentes a um certo grupo, podendo,em decorrência destas características, ser vítimas de ato de preconceito e discriminação. Deve harmonizar-se com os princípios fundamentais da CF, que tem como objeto a dignidade da pessoa humana.
Assim, entende-se por RACISMO a teoria que estabelece que certos povos ou nações são dotados de qualidades psíquicas e biológicas que os tornam superiores a outros seres humanos.
Etnia, na definição de Aurélio, é um grupo biológico e culturalmente homogêneo. Todavia é necessário ampliar o conceito. Assim, pode-se entender como uma etnia ou um grupo étnico no sentido mais amplo, uma comunidade humana definida por afinidades linguisticas e culturais e semelhanças genéticas. Estas comunidades geralmente reivindicam para si uma estrutura social, polícita e território. A palavra etnia é usada muitas vezes erroneamente como um eufemismo para raça, ou como um sinônimo para grupo minoritário.
RAÇA e ETNIA – Embora se trate de conceitos diferentes, o de raça é associado ao de etnia. A diferença reside no fato de que etnia também compreende os fatores culturais, como a nacionalidade, afiliação tribal, a religião, a língua e as tradições, enquanto raça compreende apenas os fatores morfológicos, como cor de pele, constituição física, estatura, traço facial, etc.
Cor deve ser entendido como um parâmetro para distinguir pessoas pela cor da pele (cutis). Na verdade, este componente integra o conceito raça. Para Nucci, a cor da pele é um critério indevido e ineficiente. Cita o caso dos irmãos gêmeos univitelinos que se inscreveram pelo regime do cotas da UnB. A comissão que analisou as fichas concluiu que um era ‘branco’ e outro não.[3: NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit. P. 304.]
Religião, segundo Aurélio, é a crença na existência de uma força ou forças sobrenaturais, consideradas como criadoras do Universo e que como tal devem ser adoradas e obedecidas. Também abrange o conceito a manifestação de tal crença por meio de doutrina e ritual próprios, que envolvem, em geral preceitos éticos. Assim, o cristianismo, por exemplo, possui inúmeros segmentos, desde ortodoxos até pentecostais, mas cada um deve ser considerado isoladamente e não pelo seu tronco de origem.
Nacionalidade, também apresenta divergências conceituais. Para a sociologia o termo está vinculado à nação, língua, grupo étnico. Para o Direito a nacionalidade é um vínculo jurídico de direito público interno entre uma pessoa e um Estado. Este tem o dever de garantir a cidadania e a proteção de direitos em sentido amplo. Assim, nacionais e estrangeiros não possuem os mesmos direitos. A nacionalidade de uma pessoa pode ser originária (nascimento) ou adquirida (nacionalização).
Assim, a Lei nº 7716 considera relevante, para definir os crimes, o preconceito ou a discriminação referente apenas à raça, à cor, à etnia, à religião e à origem nacional da pessoa. Os demais parâmetros e que resultam em preconceito não configuram crimes, exceto as questões ligadas ao sexo e ao estado civil, que configurariam contravenção penal. Não podemos esquecer o crime de injúria por preconceito, amplia os parâmetros da Lei nº 7716, incluindo a deficiência e a condição de pessoa idosa.
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DOENÇA DE AIDS – Lei nº 12.984/2014 - Define o crime de discriminação dos portadores do vírus da imunodeficiência humana (HIV) e doentes de aids
	 
	.
Art. 1o  Constitui crime punível com reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, as seguintes condutas discriminatórias contra o portador do HIV e o doente de aids, em razão da sua condição de portador ou de doente:
I - recusar, procrastinar, cancelar ou segregar a inscrição ou impedir que permaneça como aluno em creche ou estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau, público ou privado;
II - negar emprego ou trabalho;
III - exonerar ou demitir de seu cargo ou emprego;
IV - segregar no ambiente de trabalho ou escolar;
V - divulgar a condição do portador do HIV ou de doente de aids, com intuito de ofender-lhe a dignidade;
VI - recusar ou retardar atendimento de saúde.
Art. 2o  Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília,  2  de  junho  de 2014; 193o da Independência e 126o da República.
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A injúria consistena ofensa da dignidade (aspectos morais) ou do decoro (aspectos físicos ou intelectuais ou sociais) da pessoa. A conduta é ofender a honra subjetiva, isto é, o amor próprio, a auto-estima, o sentimento sobre seus atributos pessoais. Assim, chamar alguém de assassino, caloteiro, cafajeste, mau caráter, filho de uma puta, chifrudo, canalha, burro, imbecil, feio, gordo, nanico, etc., com o propósito de magoar, menosprezar ou discriminar a pessoa, caracteriza o crime de injúria. Pode-se praticar o crime através de gestos, imagens, palavras ou escritos. O elemento subjetivo é representado pelo animus injuriandi. 
Forma qualificada de injúria: 
Art. 140 § 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: Pena - reclusão de um a três anos e multa. 
Trata-se da injúria por preconceito (injúria racista), que é a forma mais grave de injúria, com pena de reclusão de 1 a 3 anos. Consiste na injúria que emprega elementos referentes à cor, raça, etnia, religião, origem ou condição de pessoa idosa ou deficiente. 
A distinção entre os crimes da Lei nº 7716 e o art. 140, § 3º, do CP reside sobre o bem jurídico objeto de tutela. Naqueles, o agente agride, obstaculiza ou viola o exercício de direitos que a todos é assegurado, como por ex., matricular filho em escola ou utilizar o serviço de transporte público, enquanto neste o agente apenas ofende o decoro da vítima, ofendendo sua honra subjetiva (amor próprio, auto-estima), como por ex., chamar alguém de negrão, gringo, japa, macaco, velho gagá, manco, maneta, etc.
A grande discussão está no art. 20 da Lei nº 7.716 e o art. 140, § 3º, do CP, que será objeto de análise mais adiante. A distinção entretanto é simples, porque na injúria por preconceito o agente visa à honra subjetiva da vítima (a auto-estima, o amor próprio), enquanto naquele a conduta se relaciona com aspectos inerentes ao grupo social ou à coletividade a que pertence. Não é apenas uma ofensa individual, mas uma depreciação de uma coletividade. Exemplificando: um brasileiro é humilhado por um americano, pela condição da nacionalidade, demonstrando a superioridade dos americanos em relação aos brasileiros como povo. A ofensa não reside na mera condição de origem da vítima, mas por integrar uma coletividade, a ofensa adquire dimensões que extrapolam a individualidade e atingem o grupo todo. Na prática a questão não é tão simples e depende muito da interpretação, por isso gera tantas controvérsias. 
Crime de racismo e injúria. Julgamento do STF é esclarecedor:
QUEIXA-CRIME - INJÚRIA QUALIFICADA VERSUS CRIME DE RACISMO - ARTIGOS 140, § 3º, DO CÓDIGO PENAL E 20 DA LEI Nº 7.716/89. Se a um só tempo o fato consubstancia, de início, a injúria qualificada e o crime de racismo, há a ocorrência de progressão do que assacado contra a vítima, ganhando relevo o crime de maior gravidade, observado o instituto da absorção. Cumpre receber a queixa-crime quando, no inquérito referente ao delito de racismo, haja manifestação irrecusável do titular da ação penal pública pela ausência de configuração do crime. Solução que atende ao necessário afastamento da impunidade. 
(INQ 1458-RJ, Relator Min. MARCO AURÉLIO Julgamento: 15/10/2003 Órgão Julgador: Tribunal Pleno Publicação DJ 19-12-2003 P-00050 EMENT VOL-02137-01 PP-00077).
Há outro julgado no mesmo sentido.[4: PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. ART. 20, DA LEI Nº 7.716/89. ALEGAÇÃO DE QUE A CONDUTA SE ENQUADRARIA NO ART. 140, §3º, DO CP. IMPROCEDÊNCIA. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. FALTA DE JUSTA CAUSA. INOCORRÊNCIA.I - O crime do art. 20, da Lei nº 7.716/89, na modalidade de praticar ou incitar a discriminação ou preconceito de procedência nacional, não se confunde com o crime de injúria preconceituosa (art. 140, §3º, do CP). Este tutela a honra subjetiva da pessoa. Aquele, por sua vez, é um sentimento em relação a toda uma coletividade em razão de sua origem (nacionalidade).II - No caso em tela, a intenção dos réus, em princípio, não era precisamente depreciar o passageiro (a vítima), mas salientar sua humilhante condição em virtude de ser brasileiro, i.e., a idéia foi exaltar a superioridade do povo americano em contraposição à posição inferior do povo brasileiro, atentando-se, dessa maneira, contra a coletividade brasileira. Assim, suas condutas, em tese, subsumem-se ao tipo legal do art. 20, da Lei nº 7.716/86.III - A peça acusatória deve vir acompanhada com o mínimo embasamento probatório apto a demonstrar, ainda que de modo indiciário, a efetiva realização do ilícito penal por parte dos denunciados. Se não houver um lastro probatório mínimo a respaldar a denúncia, de modo a tornar esta plausível, não haverá justa causa a autorizar a instauração da persecutio criminis (Precedentes da Corte Especial e da Turma). In casu há o mínimo de elementos (v.g., prova testemunhal) que indicam possível participação dos recorrentes no delito a eles imputado. Writ denegado.(RHC 19166/RJ RECURSO ORDINARIO EM HABEAS CORPUS 2006/0049804-8 Relator(a) Ministro FELIX FISCHER (1109) Órgão Julgador T5 - QUINTA TURMA Data do Julgamento 24/10/2006 Data da Publicação/Fonte DJ 20/11/2006 p. 342).]
Por outro lado, a injúria por preconceito de idade (etária) está contida no § 3º do art. 140 e deve ser praticada contra vítima com mais de 60 anos e a ofensa consiste exatamente na sua condição de idosa (ex. velho caduco, velho esclerosado, velho gagá). Cuidado com o art. 96, parágrafo único, da Lei nº 10.741, que contém dispositivo semelhante, porém se distingue pelo fato de haver objetivo de discriminar e humilhar o velho na sua casa ou no local onde habita.
Forma qualificada de injúria: 
Art. 140 § 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: Pena - reclusão de um a três anos e multa. 
Lei nº 7776 - Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
Pena: reclusão de um a três anos e multa.
O verbo nuclear ‘praticar’ coloca uma pá de clã sobre todos os tipos anteriores, em face de sua abrangência. Praticar significa executar, realizar atos de preconceito ou discriminação. É TUDO, inclusive a injúria por preconceito.
Entendo que o art. 20 deve ser interpretado restritivamente, porque ofende o princípio penal da taxatividade. Se for entendido que o art. 20 tem função residual, isto é, o que não cabe nos artigos anteriores, caberá no art. 20, então será inconstitucional, por ferir o princípio da reserva legal. 
Feliz foi a observação de Nucci a respeito: Praticar discriminação ou preconceito não quer dizer absolutamente nada e pode dizer respeito a absolutamente tudo. Nucci entende que o art. 20 é inaplicável.[5: NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit. P. 320.]
Veja-se: Pedro induz Paulo a não contratar um candidato ao emprego, porque é negro. Houve o crime do art. 4º, e Pedro é partícipe deste crime e não é autor do crime do art. 20. LAMENTÁVEL. 
Nucci sugere que se interprete o art. 20 como sendo a conduta direcionada a um grupo de pessoas e não a um único indivíduo, a fim de pode-se distinguir do art. 140 § 3º do CP.
Todavia, na jurisprudência, colhem-se decisões que acolhem o art. 20, mesmo que dirigido a uma pessoa. Apresenta-se o argumento de que comete o crime de racismo, quem emprega palavras pejorativas contra determinada pessoa, com clara pretensão de menosprezar ou diferenciar determinada coletividade, agrupamento ou raça.
Curiosamente, pela redação anterior, o crime só ocorria se fosse praticado através dos meios de comunicação social ou publicação de qualquer natureza, portanto atingia a coletividade. Com a modificação legislativa, o crime de racismo praticado através de meio de comunicação social ou publicação de qualquer natureza constitui forma qualificada (§2º).
Pela redação atual a abrangência ficou infinita.
Na maioria dos autores que comentam o art. 20, tem-se observado que há uma tentativa de conciliação do art. 140 § 3º do CP. Neste sentido se a conduta do agente atinge o sentimento de dignidade do grupo social como um todo, refletindo-se sobre o indivíduo enquanto parte da coletividade que integra, será o crime do art. 20. Se a ofensa preconceituosa recair sobre o sentimento que o próprio indivíduo possui acerca de si mesmo, mas sua extensão não alcance o sentimento de dignidade do grupo social no qual se insere, fala-se de injúria preconceituosa ou discriminatória,porque atinge apenas a honra subjetiva. Neste sentido já decidiu o TJ-SP.[6: A utilização de palavras depreciativas referentes à raça, cor, religião ou origem, com intuito de ofender a honra subjetiva da pessoa, caracteriza o crime previsto no § 3º do art. 140 do CP, ou seja, injúria qualificada, e não o previsto no art. 20 da Lei 7716/89, que trata dos crimes de preconceito de raça ou cor. (TJSP – RT 752/594).]
Há dois casos emblemáticos: Um refere-se ao jogador argentino Desábato, que teria ofendido com palavras de cunho racista o atacante Grafite do São Paulo, em partida pela Taça Libertadores da América, foi preso dentro do gramado do estádio Morumbi. O enquadramento penal foi de injúria racista – art. 140 , § 3º, do CP, porque o argentino teria dito palavras ofensivas (negron, macaquito, negro sujo), porque o fito era de atingir sua honra subjetiva. Desábato não ultrapassou a esfera de intimidade do jogador Grafite. Não se trata de menosprezo aos negros, como se fosse um grupo étnico inferior, porque grande parte dos jogadores de futebol é de origem negra.
Outro caso refere-se ao jogador do Grêmio Porto Alegrense, que foi ofendido por outro jogador do Juventude no estádio Alfredo Jaconi, em Caxias do Sul. Após ser expulso o jogador do Juventude fez gestos racistas. A ofensa consistiu em esfregar os dedos indicador e médio sobre a outra mão, numa demonstração de que seu desafeto era ‘negrão’. O fato foi interpretado como racismo pelo MP de Caxias – art. 20 da Lei nº 7716 – e não injúria racista. No meu juízo, tratava-se também de injúria.
Hipótese bastante comum hoje é a utilização da internet para a prática do racismo. Em novembro de 2009, em Belo Horizonte, foi denunciado agente que utilizava a internet para disseminar crime de ódio contra negros, judeus, incentivando a escravidão a tortura e o racismo. Utilizando-se do mesmo recurso, jovem paulista de 21 anos foi denunciado por racismo na internet, por induzir e incitar a discriminação através do site de relacionamento Orkut. O denunciado escreveu: “Mate um negro e ganhe um brinde”. A comunidade era composta por 16 pessoas e veiculava mensagens racistas e nazistas. O acusado tinha em casa material relativo aos Skinheads – a força branca. 
§ 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por intermédio dos meios de comunicação social ou publicação de qualquer natureza: (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.
Os verbos nucleares fabricar (produzir, construir), comercializar (vender, negociar), distribuir, veicular relacionam-se a símbolos, emblemas, ornamentos, distintivo ou propaganda, com a utilização da cruz suástica (dois esses cruzados) gamada para fins de divulgação do nazismo.
O objetivo do legislador foi banir todas as formas que possam incentivar o ressurgimento do nazismo ou de idéias nazistas. Uma das maiores chagas da humanidade.
 ou 
O simples uso de símbolos, emblemas, ornamentos ou distintivos não tipifica o crime em tela, basta observar os verbos nucleares. Lamentavelmente não houve a criminalização das condutas usar, trazer consigo, ter em depósito para fins de divulgação do nazismo os referidos objetos.
§ 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá determinar, ouvido o Ministério Público ou a pedido deste, ainda antes do inquérito policial, sob pena de desobediência: (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97) (Vide Lei nº 12.288, de 2010) (Vigência)
I - o recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos exemplares do material respectivo;
II - a cessação das respectivas transmissões radiofônicas ou televisivas.
§ 4º Na hipótese do § 2º, constitui efeito da condenação, após o trânsito em julgado da decisão, a destruição do material apreendido. (Parágrafo incluído pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
As disposições são autoexplicativas e dispensam comentários.
JURISPRUDÊNCIA
Julgamento histórico do STF (HC 82424 / RS):
HABEAS-CORPUS. PUBLICAÇÃO DE LIVROS: ANTI-SEMITISMO. RACISMO. CRIME IMPRESCRITÍVEL. CONCEITUAÇÃO. ABRANGÊNCIA CONSTITUCIONAL. LIBERDADE DE EXPRESSÃO. LIMITES. ORDEM DENEGADA. 
1. Escrever, editar, divulgar e comerciar livros "fazendo apologia de idéias preconceituosas e discriminatórias" contra a comunidade judaica (Lei 7716/89, artigo 20, na redação dada pela Lei 8081/90) constitui crime de racismo sujeito às cláusulas de inafiançabilidade e imprescritibilidade (CF, artigo 5º, XLII). 
2. Aplicação do princípio da prescritibilidade geral dos crimes: se os judeus não são uma raça, segue-se que contra eles não pode haver discriminação capaz de ensejar a exceção constitucional de imprescritibilidade. Inconsistência da premissa. 
3. Raça humana. Subdivisão. Inexistência. Com a definição e o mapeamento do genoma humano, cientificamente não existem distinções entre os homens, seja pela segmentação da pele, formato dos olhos, altura, pêlos ou por quaisquer outras características físicas, visto que todos se qualificam como espécie humana. Não há diferenças biológicas entre os seres humanos. Na essência são todos iguais. 
4. Raça e racismo. A divisão dos seres humanos em raças resulta de um processo de conteúdo meramente político-social. Desse pressuposto origina-se o racismo que, por sua vez, gera a discriminação e o preconceito segregacionista. 
5. Fundamento do núcleo do pensamento do nacional-socialismo de que os judeus e os arianos formam raças distintas. Os primeiros seriam raça inferior, nefasta e infecta, características suficientes para justificar a segregação e o extermínio: inconciabilidade com os padrões éticos e morais definidos na Carta Política do Brasil e do mundo contemporâneo, sob os quais se ergue e se harmoniza o estado democrático. Estigmas que por si só evidenciam crime de racismo. Concepção atentatória dos princípios nos quais se erige e se organiza a sociedade humana, baseada na respeitabilidade e dignidade do ser humano e de sua pacífica convivência no meio social. Condutas e evocações aéticas e imorais que implicam repulsiva ação estatal por se revestirem de densa intolerabilidade, de sorte a afrontar o ordenamento infraconstitucional e constitucional do País. 
6. Adesão do Brasil a tratados e acordos multilaterais, que energicamente repudiam quaisquer discriminações raciais, aí compreendidas as distinções entre os homens por restrições ou preferências oriundas de raça, cor, credo, descendência ou origem nacional ou étnica, inspiradas na pretensa superioridade de um povo sobre outro, de que são exemplos a xenofobia, "negrofobia", "islamafobia" e o anti-semitismo. 
7. A Constituição Federal de 1988 impôs aos agentes de delitos dessa natureza, pela gravidade e repulsividade da ofensa, a cláusula de imprescritibilidade, para que fique, ad perpetuam rei memoriam, verberado o repúdio e a abjeção da sociedade nacional à sua prática. 
8. Racismo. Abrangência. Compatibilização dos conceitos etimológicos, etnológicos, sociológicos, antropológicos ou biológicos, de modo a construir a definição jurídico-constitucional do termo. Interpretação teleológica e sistêmica da Constituição Federal,conjugando fatores e circunstâncias históricas, políticas e sociais que regeram sua formação e aplicação, a fim de obter-se o real sentido e alcance da norma. 
9. Direito comparado. A exemplo do Brasil as legislações de países organizados sob a égide do estado moderno de direito democrático igualmente adotam em seu ordenamento legal punições para delitos que estimulem e propaguem segregação racial. Manifestações da Suprema Corte Norte-Americana, da Câmara dos Lordes da Inglaterra e da Corte de Apelação da Califórnia nos Estados Unidos que consagraram entendimento que aplicam sanções àqueles que transgridem as regras de boa convivência social com grupos humanos que simbolizem a prática de racismo. 
10. A edição e publicação de obras escritas veiculando idéias anti-semitas, que buscam resgatar e dar credibilidade à concepção racial definida pelo regime nazista, negadoras e subversoras de fatos históricos incontroversos como o holocausto, consubstanciadas na pretensa inferioridade e desqualificação do povo judeu, equivalem à incitação ao discrímen com acentuado conteúdo racista, reforçadas pelas conseqüências históricas dos atos em que se baseiam. 
11. Explícita conduta do agente responsável pelo agravo revelador de manifesto dolo, baseada na equivocada premissa de que os judeus não só são uma raça, mas, mais do que isso, um segmento racial atávica e geneticamente menor e pernicioso. 
12. Discriminação que, no caso, se evidencia como deliberada e dirigida especificamente aos judeus, que configura ato ilícito de prática de racismo, com as conseqüências gravosas que o acompanham. 
13. Liberdade de expressão. Garantia constitucional que não se tem como absoluta. Limites morais e jurídicos. O direito à livre expressão não pode abrigar, em sua abrangência, manifestações de conteúdo imoral que implicam ilicitude penal. 
14. As liberdades públicas não são incondicionais, por isso devem ser exercidas de maneira harmônica, observados os limites definidos na própria Constituição Federal (CF, artigo 5º, § 2º, primeira parte). O preceito fundamental de liberdade de expressão não consagra o "direito à incitação ao racismo", dado que um direito individual não pode constituir-se em salvaguarda de condutas ilícitas, como sucede com os delitos contra a honra. Prevalência dos princípios da dignidade da pessoa humana e da igualdade jurídica. 
15. "Existe um nexo estreito entre a imprescritibilidade, este tempo jurídico que se escoa sem encontrar termo, e a memória, apelo do passado à disposição dos vivos, triunfo da lembrança sobre o esquecimento". No estado de direito democrático devem ser intransigentemente respeitados os princípios que garantem a prevalência dos direitos humanos. Jamais podem se apagar da memória dos povos que se pretendam justos os atos repulsivos do passado que permitiram e incentivaram o ódio entre iguais por motivos raciais de torpeza inominável. 
16. A ausência de prescrição nos crimes de racismo justifica-se como alerta grave para as gerações de hoje e de amanhã, para que se impeça a reinstauração de velhos e ultrapassados conceitos que a consciência jurídica e histórica não mais admitem. Ordem denegada. 
(HC 82424/RS - Relator: Min. MOREIRA ALVES Relator(a) p/ Acórdão: Min. MAURÍCIO CORRÊA Julgamento: 17/09/2003 Órgão Julgador: Tribunal Pleno Publicação DJ 19-03-2004 PP-00017 EMENT VOL-02144-03 PP-00524).
RACISMO PELA INTERNET – competência – diversas minorias atingidas
CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. CRIME DE RACISMO PELA INTERNET. MENSAGENS ORIUNDAS DE USUÁRIOS DOMICILIADOS EM DIVERSOS ESTADOS. IDENTIDADE DE MODUS OPERANDI. TROCA E POSTAGEM DE MENSAGENS DE CUNHO RACISTA NA MESMA COMUNIDADE DO MESMO SITE DE RELACIONAMENTO. OCORRÊNCIA DE CONEXÃO INSTRUMENTAL. NECESSIDADE DE UNIFICAÇÃO DO PROCESSO PARA FACILITAR A COLHEITA DA PROVA. INTELIGÊNCIA DOS ARTS. 76, III, E 78, AMBOS DO CPP. PREVENÇÃO DO JUÍZO FEDERAL PAULISTA, QUE INICIOU E CONDUZIU GRANDE PARTE DAS INVESTIGAÇÕES. PARECER DO MPF PELA COMPETÊNCIA DO JUÍZO FEDERAL DE SÃO PAULO. CONFLITO CONHECIDO, PARA DECLARAR COMPETENTE O JUÍZO FEDERAL DA 4A. VARA CRIMINAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE SÃO PAULO, O SUSCITADO, DETERMINANDO QUE ESTE COMUNIQUE O RESULTADO DESTE JULGAMENTO AOS DEMAIS JUÍZOS FEDERAIS PARA OS QUAIS HOUVE A DECLINAÇÃO DE COMPETÊNCIA.
1. Cuidando-se de crime de racismo por meio da rede mundial de computadores, a consumação do delito ocorre no local de onde foram enviadas as manifestações racistas.
2. Na hipótese, é certo que as supostas condutas delitivas foram praticadas por diferentes pessoas a partir de localidades diversas; todavia, contaram com o mesmo modus operandi, qual seja, troca e postagem de mensagens de cunho racista e discriminatório contra diversas minorias (negros, homossexuais e judeus) na mesma comunidade virtual do mesmo site de relacionamento.
3. Dessa forma, interligadas as condutas, tendo a prova até então colhida sido obtida a partir de único núcleo, inafastável a existência de conexão probatória a atrair a incidência dos arts. 76, III, e 78, II, ambos do CPP, que disciplinam a competência por conexão e prevenção.
4. Revela-se útil e prioritária a colheita unificada da prova, sob pena de inviabilizar e tornar infrutífera as medidas cautelares indispensáveis à perfeita caracterização do delito, com a identificação de todos os participantes da referida comunidade virtual.
5. Parecer do MPF pela competência do Juízo suscitado.
6. Conflito conhecido, para declarar a competência do Juízo Federal da 4a. Vara Criminal da SJ/SP, o suscitado, determinando que este comunique o resultado deste julgamento aos demais Juízos Federais para os quais houve a declinação da competência.
(CC 102454 / RJ CONFLITO DE COMPETENCIA 2008/0285646-3 Relator(a) Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO (1133) Órgão Julgador S3 - TERCEIRA SEÇÃO Data do Julgamento 25/03/2009 Data da Publicação/Fonte DJe 15/04/2009).
INJÚRIA RACISTA – ART. 140 § 3º DO CP
PENAL. PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM HABEAS CORPUS. CRIME DE RACISMO. 1. DENÚNCIA QUE IMPUTA A UTILIZAÇÃO DE PALAVRAS PEJORATIVAS REFERENTES À RAÇA DO OFENDIDO. IMPUTAÇÃO. CRIME DE RACISMO. INADEQUAÇÃO. CONDUTA QUE SE AMOLDA AO TIPO DE INJÚRIA QUALIFICADA PELO USO DE ELEMENTO RACIAL. DESCLASSIFICAÇÃO. 2. ANULAÇÃO DA DENÚNCIA. DECADÊNCIA DO DIREITO DE QUEIXA. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. RECONHECIMENTO. 3. RECURSO PROVIDO.
1. A imputação de termos pejorativos referentes à raça do ofendido, com o nítido intuito de lesão à honra deste, importa no crime de injúria qualificada pelo uso de elemento racial, e não de racismo. 2. Não tendo sido oferecida a queixa crime no prazo de seis meses, é de se reconhecer a decadência do direito de queixa pelo ofendido, extinguindo-se a punibilidade do recorrente. 3. Recurso provido para desclassificar a conduta narrada na denúncia para o tipo penal previsto no § 3º do artigo 140 do Código Penal, e, em conseqüência, extinguir a punibilidade do recorrente, em razão da decadência, por força do artigo 107, IV, do Código Penal.
(RHC 18620 / PR RECURSO ORDINARIO EM HABEAS CORPUS 2005/0187497-1 Relator(a) Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA (1131) Órgão Julgador T6 - SEXTA TURMA Data do Julgamento 14/10/2008 Data da Publicação/Fonte DJe 28/10/2008 RT vol. 880 p. 520)
PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. ART. 20, DA LEI Nº 7.716/89. ALEGAÇÃO DE QUE A CONDUTA SE ENQUADRARIA NO ART. 140, §3º, DO CP. IMPROCEDÊNCIA. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. FALTA DE JUSTA CAUSA. INOCORRÊNCIA.
I - O crime do art. 20, da Lei nº 7.716/89, na modalidade de praticar ou incitar a discriminação ou preconceito de procedência nacional, não se confunde com o crime de injúria preconceituosa (art. 140, §3º, do CP). Este tutela a honra subjetiva da pessoa. Aquele, por sua vez, é um sentimento em relação a toda uma coletividade em razão de sua origem (nacionalidade).
II - No caso em tela, a intenção dos réus, em princípio, não era precisamente depreciar o passageiro (a vítima), mas salientar sua humilhante condiçãoem virtude de ser brasileiro, i.e., a idéia foi exaltar a superioridade do povo americano em contraposição à posição inferior do povo brasileiro, atentando-se, dessa maneira, contra a coletividade brasileira. Assim, suas condutas, em tese, subsumem-se ao tipo legal do art. 20, da Lei nº 7.716/86.
III - A peça acusatória deve vir acompanhada com o mínimo embasamento probatório apto a demonstrar, ainda que de modo indiciário, a efetiva realização do ilícito penal por parte dos denunciados. Se não houver um lastro probatório mínimo a respaldar a denúncia, de modo a tornar esta plausível, não haverá justa causa a autorizar a instauração da persecutio criminis (Precedentes da Corte Especial e da Turma). In casu há o mínimo de elementos (v.g., prova testemunhal) que indicam possível participação dos recorrentes no delito a eles imputado. Writ denegado.
(RHC 19166/RJ RECURSO ORDINARIO EM HABEAS CORPUS 2006/0049804-8 Relator(a) Ministro FELIX FISCHER (1109) Órgão Julgador T5 - QUINTA TURMA Data do Julgamento 24/10/2006 Data da Publicação/Fonte DJ 20/11/2006 p. 342).
Processo em que se discute a prática de crime de racismo decorrente de publicação de livros de conteúdo discriminatório contra a comunidade judaica.
CRIMINAL. HABEAS CORPUS. PRÁTICA DE RACISMO. EDIÇÃO E VENDA DE LIVROS FAZENDO APOLOGIA DE IDÉIAS PRECONCEITUOSAS E DISCRIMINATÓRIAS. PEDIDO DE AFASTAMENTO DA IMPRESCRITIBILIDADE DO DELITO. CONSIDERAÇÕES ACERCA DE SE TRATAR DE PRÁTICA DE RACISMO, OU NÃO. ARGUMENTO DE QUE OS JUDEUS NÃO SERIAM RAÇA. SENTIDO DO TERMO E DAS AFIRMAÇÕES FEITAS NO ACÓRDÃO. IMPROPRIEDADE DO WRIT. LEGALIDADE DA CONDENAÇÃO POR CRIME CONTRA A COMUNIDADE JUDAICA. RACISMO QUE NÃO PODE SER ABSTRAÍDO. PRÁTICA, INCITAÇÃO E INDUZIMENTO QUE NÃO DEVEM SER DIFERENCIADOS PARA FINS DE CARACTERIZAÇÃO DO DELITO DE RACISMO. CRIME FORMAL. IMPRESCRITIBILIDADE QUE NÃO PODE SER AFASTADA. ORDEM DENEGADA.
I. O habeas corpus é meio impróprio para o reexame dos termos da condenação do paciente, através da análise do delito – se o mesmo configuraria prática de racismo ou caracterizaria outro tipo de prática discriminatória, com base em argumentos levantados a respeito do judeus – se os mesmos seriam raça, ou não – tudo visando a alterar a pecha de imprescritibilidade ressaltada pelo acórdão condenatório, pois seria necessária controvertida e imprópria análise dos significados do vocábulo, além de amplas considerações acerca da eventual intenção do legislador e inconcebível avaliação do que o Julgador da instância ordinária efetivamente "quis dizer" nesta ou naquela afirmação feita no decisum.
II. Não há ilegalidade na decisão que ressalta a condenação do paciente por delito contra a comunidade judaica, não se podendo abstrair o racismo de tal comportamento, pois não há que se fazer diferenciação entre as figuras da prática, da incitação ou do induzimento, para fins de configuração do racismo, eis que todo aquele que pratica uma destas condutas discriminatórias ou preconceituosas, é autor do delito de racismo, inserindo-se, em princípio, no âmbito da tipicidade direta.
III. Tais condutas caracterizam crime formal, de mera conduta, não se exigindo a realização do resultado material para a sua configuração.
IV. Inexistindo ilegalidade na individualização da conduta imputada ao paciente, não há porque ser afastada a imprescritibilidade do crime pelo qual foi condenado.
V. Ordem denegada.
(HC 15155/RS; HABEAS CORPUS 2000/0131351-7 Relator Ministro GILSON DIPP Órgão Julgador T5 - QUINTA TURMA Data do Julgamento 18/12/2001 Data da Publicação/Fonte DJ 18.03.2002 p. 277 LEXSTJ vol. 157 p. 260 RSTJ vol. 156 p. 446)
STJ - RESP 157805-DF (LEXSTJ 125/366)
HABEAS CORPUS. TENTATIVA DE HOMICÍDIO. RACISMO. PRISÃO PREVENTIVA. REVOGAÇÃO. EGATIVA FUNDADA NA PERICULOSIDADE DO AGENTE E NA GRAVIDADE CONCRETA DO DELITO. FUNDAMENTAÇÃO. RISCO À ORDEM PÚBLICA. IMPRESCINDIBILIDADE DA PRISÃO CAUTELAR DEMONSTRADA. CONDIÇÕES PESSOAIS FAVORÁVEIS. IRRELEVÂNCIA. INEXISTÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL.
1. Verificando-se que a decisão que indeferiu a liberdade provisória está fundada na necessidade concreta de manter-se a prisão cautelar a bem da ordem pública, diante da periculosidade do agente e da gravidade concreta do delito, evidenciada pela prática do crime com extrema violência e, aparentemente, por motivo torpe (racismo), não merece reparos o acórdão proferido pelo Tribunal a quo.
2. A apreensão, na casa do agente, de DVD's e panfletos nazistas, artefatos para confeccionar bombas caseiras, canivete, um bastão de beisebol em madeira, um bastão de uso da Brigada Militar e uma soqueira de metal pontiagudo, revelam a periculosidade efetiva do paciente e a potencialidade do risco à ordem pública com a sua soltura.
3. Condições pessoais, mesmo que realmente favoráveis, em princípio não têm o condão de, por si sós, garantirem a revogação da preventiva, se há nos autos elementos suficientes a demonstrar a necessidade da sua continuação.
4. Ordem denegada.
(HC 102955/RS HABEAS CORPUS 2008/0065952-8 Relator Ministro JORGE MUSSI Órgão Julgador T5 - QUINTA TURMA Data do Julgamento 05/02/2009 Data da Publicação/Fonte DJe 23/03/2009)
DOLO – ART. 20 – RAÇA INDÍGENA
PROCESSUAL-PENAL. DENÚNCIA. DELITOS DOS ARTS. 19, 20 E 21 DA LEI DE IMPRENSA. ( ... ) 3. Para que o Direito Penal atue eficazmente na coibição às mais diversas formas de discriminação e preconceito, importante que os operadores do Direito não se deixem influenciar apenas pelo discurso politicamente correto que a questão da discriminação racial hoje envolve, tampouco pelo nem sempre legítimo clamor social por igualdade.
4. Mostra-se de suma importância que, na busca pela efetividade do direito legalmente protegido, o julgador trate do tema do preconceito racial despido de qualquer pré-concepção ou de estigmas há muito arraigados em nossa sociedade, marcada por sua diversidade étnica e pluralidade social, de forma a não banalizar a violação de fundamento tão caro à humanidade e elencado por nossos constituintes como um dos pilares da República Federativa do Brasil: o da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF/88).
5. Para a aplicação justa e equânime do tipo penal previsto no art. 20 da Lei n. 7.716/89, tem-se como imprescindível a presença do dolo específico na conduta do agente, que consiste na vontade livre e consciente de praticar, induzir ou incitar o preconceito ou discriminação racial.
6. O dolo, consistente na intenção de menosprezar ou discriminar a raça indígena como um todo, não se mostra configurado na hipótese, sequer eventualmente, na medida em que o conteúdo das manifestações do recorrente em programa televisivo revelam em verdade simples exteriorização da sua opinião acerca de conflitos que estavam ocorrendo em razão de disputa de terras entre indígenas pertencentes a comunidades específicas e colonos, e não ao povo indígena em sua integralidade, opinião que está amparada pela liberdade de manifestação, assegurada no art. 5º, IV, da Constituição Federal.
7. Ausente o elemento subjetivo do injusto, de ser reconhecida a ofensa ao art. 20, § 2º, da Lei do Racismo, e absolvido o acusado, nos termos do art. 386, III, do CPP.
8. Recurso especial conhecido e provido parcialmente para, acolhendo a ofensa ao art. 20, § 2º, da Lei 7.716/89, com fundamento no art. 386, III, do CPP, absolver o recorrente.
(REsp 911183/SC RECURSO ESPECIAL 2006/0276851-5 Relator Ministro FELIX FISCHER Relator p/ Acórdão Ministro JORGE MUSSI Órgão Julgador T5 - QUINTA TURMA Data do Julgamento 04/12/2008 Data da Publicação/Fonte DJe 08/06/2009 RSTJ vol. 215 p. 698)
LEI Nº 7.716, DE 5 DE JANEIRO DE 1989.
Define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: 
Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
Art. 2º (Vetado).
Art.3º Impedir ou obstar o acesso de alguém, devidamente habilitado, a qualquer cargo da Administração Direta ou Indireta, bem como das concessionárias de serviços públicos. (Vide Lei nº 12.288, de 2010) (Vigência)
Pena: reclusão de dois a cinco anos.
Art. 4º Negar ou obstar emprego em empresa privada. (Vide Lei nº 12.288, de 2010) (Vigência)
Pena: reclusão de dois a cinco anos.
Art. 5º Recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial, negando-se a servir, atender ou receber cliente ou comprador.
Pena: reclusão de um a três anos.
Art. 6º Recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingresso de aluno em estabelecimento de ensino público ou privado de qualquer grau.
Pena: reclusão de três a cinco anos.
Parágrafo único. Se o crime for praticado contra menor de dezoito anos a pena é agravada de 1/3 (um terço).
Art. 7º Impedir o acesso ou recusar hospedagem em hotel, pensão, estalagem, ou qualquer estabelecimento similar.
Pena: reclusão de três a cinco anos.
Art. 8º Impedir o acesso ou recusar atendimento em restaurantes, bares, confeitarias, ou locais semelhantes abertos ao público.
Pena: reclusão de um a três anos.
Art. 9º Impedir o acesso ou recusar atendimento em estabelecimentos esportivos, casas de diversões, ou clubes sociais abertos ao público.
Pena: reclusão de um a três anos.
Art. 10. Impedir o acesso ou recusar atendimento em salões de cabelereiros, barbearias, termas ou casas de massagem ou estabelecimento com as mesmas finalidades.
Pena: reclusão de um a três anos.
Art. 11. Impedir o acesso às entradas sociais em edifícios públicos ou residenciais e elevadores ou escada de acesso aos mesmos:
Pena: reclusão de um a três anos.
Art. 12. Impedir o acesso ou uso de transportes públicos, como aviões, navios barcas, barcos, ônibus, trens, metrô ou qualquer outro meio de transporte concedido.
Pena: reclusão de um a três anos.
Art. 13. Impedir ou obstar o acesso de alguém ao serviço em qualquer ramo das Forças Armadas.
Pena: reclusão de dois a quatro anos.
Art. 14. Impedir ou obstar, por qualquer meio ou forma, o casamento ou convivência familiar e social.
Pena: reclusão de dois a quatro anos.
Art. 15. (Vetado).
Art. 16. Constitui efeito da condenação a perda do cargo ou função pública, para o servidor público, e a suspensão do funcionamento do estabelecimento particular por prazo não superior a três meses.
Art. 17. (Vetado).
Art. 18. Os efeitos de que tratam os arts. 16 e 17 desta Lei não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença.
Art. 19. (Vetado).
Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
Pena: reclusão de um a três anos e multa.
§ 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por intermédio dos meios de comunicação social ou publicação de qualquer natureza: (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.
§ 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá determinar, ouvido o Ministério Público ou a pedido deste, ainda antes do inquérito policial, sob pena de desobediência: (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97) (Vide Lei nº 12.288, de 2010) (Vigência)
I - o recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos exemplares do material respectivo;
II - a cessação das respectivas transmissões radiofônicas ou televisivas.
§ 4º Na hipótese do § 2º, constitui efeito da condenação, após o trânsito em julgado da decisão, a destruição do material apreendido. (Parágrafo incluído pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. (Renumerado pela Lei nº 8.081, de 21.9.1990)
Art. 22. Revogam-se as disposições em contrário. (Renumerado pela Lei nº 8.081, de 21.9.1990)
Brasília, 5 de janeiro de 1989; 168º da Independência e 101º da República.
JOSÉ SARNEY 
Paulo Brossard 
Este texto não substitui o publicado no D.O.U de 6.1.1989
BIBLIOGRAFIA
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BORGES, Edson; MEDEIROS, Carlos Alberto; D'ADESKY. Racismo, Preconceito e Intolerância. Atual, 2002. p. 43, 48, 57.
FRANCO, Alberto Silva; STOCO, Rui. Leis Penais Especiais e sua Interpretação Jurisprudencial. 2 ed. RT. v. 2.
GUIMARÃES, Antonio Sérgio Alfredo. Racismo e anti-racismo no Brasil. 1ª ed. São Paulo: 1999.
Guimarães, Isaac Sabbá. A intervenção penal para a proteção dos direitos e liberdade fundamentais: linhas de acerto e desacerto da experiência brasileira. Disponível em <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2955>. 
JONES, James M. Racismo e Preconceito. Edusp, 1973.
NUCCI, Guilherme de Souza. Leis Penais e Processuais Penais Comentadas. São Paulo: RT, 4ª edição, 2009
PISÓN, José Martinez. Tolerância y Derechos Fundamentales en las Sociedades Multiculturales. Tecnos, 2001.
SANTOS, Christiano Jorge. Crimes de Preconceito e de Discriminação. Max Limonad, 2001.
Supremo Tribunal Federal – Habeas Corpus n° 82424, Plenário, relator, o Ministro Moreira Alves. Disponível em < www.stf.gov.br>. 
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