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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BELO HORIZONTE – UNIBH CHRISTIAN WILLIAN VIEIRA DA SILVA PAIXÃO FABIO FIDELES HUMBERTO DA SILVA PEREIRA JESSYCA ALVES FILIZOLLA LUANA DE FATIMA DOMINGOS LUANA KAROLINE GONÇALVES DOS SANTOS MICHELE TEIXEIRA POLLYANNA SILVIA AMARO VIRTUALIZAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO Belo Horizonte 2016 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BELO HORIZONTE – UNIBH CHRISTIAN WILLIAN VIEIRA DA SILVA PAIXÃO FABIO FIDELES HUMBERTO DA SILVA PEREIRA JESSYCA ALVES FILIZOLLA LUANA DE FATIMA DOMINGOS LUANA KAROLINE GONÇALVES DOS SANTOS MICHELE TEIXEIRA POLLYANNA SILVIA AMARO VIRTUALIZAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO Trabalho apresentado ao professor Michael Cesar Silva da disciplina Direito Empresarial III como requisito para obtenção de créditos. Belo Horizonte 2016 SUMARIO 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................... 01 2. TÍTULOS DE CRÉDITO ........................................................................ 02 2.1. Conceito .......................................................................................... 02 2.2. Princípios ........................................................................................ 04 2.3. Requisitos formais .......................................................................... 07 2.4. Espécies ......................................................................................... 08 3. TÍTULOS DE CRÉDITOS VIRTUAIS ................................................... 10 3.1. Conceituação, surgimento e evolução dos títulos de créditos virtuais ......................................................................................................... 10 3.2. Relação entre títulos de créditos virtuais e o princípio da cartularidade ................................................................................... 14 3.3. Espécies mais usuais de títulos de créditos virtuais ....................... 16 3.3.1. Duplicata eletrônica ............................................................... 16 3.3.2. Nota promissória eletrônica ................................................... 19 3.4. Circulação dos títulos de créditos eletrônicos ................................. 21 3.5. Protesto dos títulos de créditos virtuais .......................................... 24 3.6. Segurança jurídica dos títulos de créditos virtuais .......................... 26 4. CONCLUSÃO ....................................................................................... 28 5. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................... 29 1 1. INTRODUÇÃO O desenvolvimento dos meios eletrônicos e suas tecnologias, principalmente aqueles utilizados na comunicação e na informação são facilmente percebíveis na atualidade, de forma que tal advento vem sendo desencadeado por décadas, com reflexos em relações humanas, consagrando novas formas de transações comerciais e títulos de créditos. O crédito configura uma atitude de confiança nas relações obrigacionais, fazendo com que acelere e seja mais benéfico nas transações comerciais, o que nem sempre significa uma troca de valores. Como exemplo, a duplicata é um título de credito que tem sua origem de criação no Direito Brasileiro desde 1950, e utilizada para vincular dois sujeitos ao cumprimento de uma obrigação cambiária, consubstanciada em um título de crédito. Contudo, desde sua criação, o mundo passou por diversas transformações, entre elas, aquelas de cunho tecnológico, fazendo com que algumas rupturas fossem criadas no aspecto cambial. Nesse sentido, a desmaterialização do mundo virtual vem com intuito de acelerar e aperfeiçoar algumas atividades econômicas, tornando mais fácil a sua circulação e menos custoso. Assim, a “virtualização” surge como mecanismo de impacto no ramo do direito empresarial, criando uma nova modalidade de título de crédito, a duplicata virtual. A virtualização dos títulos de crédito está prevista no Código Civil de 2002, e também amparado pelo Supremo Tribunal Federal. Destarte, este trabalho visa o olhar jurídico e tecnológico dos títulos de créditos, analisando as relações digitais que se permeiam, buscando entendimentos doutrinários e jurisprudenciais. É de suma relevância enfatizar o Princípio da Cartularidade, este norteador dos títulos de crédito, onde apresenta uma contraposição no ordenamento jurídico, quando na forma virtual. Por fim, pretende-se entender esse fenômeno de virtualização dos créditos e sua importância para o direito empresarial, como também, propor novos caminhos legislativos e doutrinários para viabilizar seu melhor amparo. 2 2. TÍTULOS DE CRÉDITO 2.1 - Conceito Uma das finalidades do direito empresarial é garantir o bom funcionamento das relações de crédito e das atividades econômicas, fazendo com que o dinheiro circule, e gerando contribuições valiosas para a sociedade. Conforme o conceito mais conhecido entre os doutrinadores, Cesare Vivante estabeleceu que o título de crédito é o documento necessário para o exercício do direito literal e autônomo, nele mencionado. Vivante define ainda que: O documento de um crédito só adquire o caráter jurídico de um título de crédito, quando pela sua disciplina – que pode ser fixada pela lei ou pelo contrato – é necessário para transmitir ou exigir o direito literal e autônomo nele mencionado.1 No latim a palavra crédito deriva da expressão “creditum”, que provém de credere, o que indica confiança, ou seja, ter fé. Logo, ter crédito configura uma relação de confiança entre partes. O título de crédito envolve relação de confiança e prazo entre credor e devedor; mas, contudo, nem todo documento é um título de crédito. Para tanto, há uma disciplina jurídica contratual que o defina como tal, então chamada de direito de crédito, que se transmite como o documento em que ele se materializa. Dessa maneira, a confiança configura por quem aceita, em troca de sua mercadoria ou de seu dinheiro, e a promessa de pagamento futuro, pelo devedor. E o tempo, constituindo o prazo ou intervalo, entre prestação presente e atual e a prestação futura. Segundo Fábio Ulhoa Coelho, os títulos de crédito se distinguem dos demais documentos representativos de direitos e obrigações, três aspectos: 1 – Ele se refere unicamente a relações creditícias, apenas o crédito titularizado por um ou mais sujeitos, perante outro ou outros, consta de um instrumento cambial. 2 – Possui executividade, quer dizer, dá o credor o direito de promover a execução judicial do seu direito. Ele é definido pela lei processual como título executivo extrajudicial (CPC, art. 585, I). 3 – O atributo de negociabilidade, torna mais fácil a circulação do crédito, a negociação do direito nele mencionado. A fundamental diferença entre o regime cambiário e a disciplina dos demais documentos representativos de obrigação é relacionada aos preceitos que facilitam, ao credor, encontrar 1 VIVANTE, Cesare. Trattato de diritto commerciale. 3.ed. Milão: F. Vallardi., 1906. 3 terceiros interessados em antecipar-lhe o valor da obrigação, em troca da titularidade do crédito.2 Além do entendimento moral concernente à confiança atribuída ao título de crédito, existem conceitos de crédito no âmbito econômico, onde de acordo com o doutrinador Luiz Emydio da Rosa Junior, podem ser definidos em cinco definições: a) crédito é a troca no tempo e não no espaço(Charles Guide); b) crédito é a permissão de usar capital alheio (Stuart Mill); c) crédito é o saque contra o futuro; d) crédito confere poder de compra a quem não dispõe de recursos para realizá-lo (Werner Sombart); e) crédito é a troca de uma prestação atual por prestação futura.3 Por fim, verificamos a definição também na área jurídica, o que representa o direito a uma prestação do devedor, onde na relação obrigacional pelo menos um dos envolvidos tem direito a uma prestação. Concluímos, então, a ideia do negócio jurídico de crédito, que representa uma relação de confiança e boa-fé entre duas partes, aquele que concede o crédito (credor) e o que dele se favorece (devedor), em troca de uma prestação futura devida. 2 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial, volume 1: direito de empresa, 19ª edição. Saraiva, 10/2014 3 ROSA JÚNIOR, Luiz Emydgio Franco da. Títulos de Crédito. 4 ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2006 4 2.2- Princípios A partir do conceito de Vivante, podemos perceber os atributos fundamentais para a formação de um título. Assim, literalidade, autonomia e cartularidade são os princípios fundamentais que regem tal matéria. A Cartularidade é o documento propriamente dito, ou seja, é a materialização ou incorporação do direito no título. A apresentação do papel é essencial para a consolidação do direito, ou seja, para efeitos futuros em ação cambial ou extrajudicial é necessário a posse da respectiva cártula. Aquele que detém o título tem legitimidade para exigir o cumprimento do crédito nele incorporado, sem ele, por consequência, o devedor não está obrigado, em princípio, a cumprir com a obrigação, ainda que quem esteja exigindo seja seu legitimo credor. Quem paga o título deve exigir que lhe seja entregue a cártula, primeiro para evitar que o título, embora já pago, seja negociado com terceiros de boa-fé, que terão direito a exigir no pagamento; e segundo, para que o sacador possa exercer, contra outros devedores, o direito de regresso. O princípio da cartularidade não se aplica, no direito brasileiro, inteiramente à duplicata mercantil ou de prestação de serviço. Há hipóteses em que a lei permite ao credor desses títulos o exercício de direitos cambiários, mesmo que não se encontre na posse do documento. [...] Assim, prevê o protesto por indicações (LD, art. 13, §1°, in fine, meio pelo qual o credor da duplicata retida pelo devedor pode protestá-la, apenas fornecendo ao cartório os elementos que a individualizam (nome do devedor, quantia devida, fatura originária, vencimento, etc.) [...].4 Outro elemento primordial para a constituição do título de crédito é o Princípio da Literalidade, que consiste na prevalência do que está escrito e explícito no título, ou seja, somente ampara o que está mencionado. Somente se levará em consideração aquilo que estiver escrito expressamente no título de crédito, produzindo somente efeitos jurídicos cambiais os atos lançados no mesmo. Este princípio atua tanto em favor do credor de exigir o que consta do título, como também em favor do devedor que não está vinculado a nada além daquilo que estiver nele expresso. 4 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial, volume 1: direito de empresa, 19ª edição. Saraiva, 10/2014 5 Portanto, não há o que se falar em um direito que não esteja a mostra no título de crédito, evitando assim, possibilidades de ingresso judicial com diferentes valores, referentes à aquela dívida cambial. Por fim, existe o Princípio da Autonomia, onde as obrigações são autônomas entre si, e independe daquele que assina o documento. O vício de uma obrigação não macula as demais. Quando um título documenta mais de uma obrigação, a eventual invalidade de qualquer delas não prejudica as demais. Esse princípio é essencial para circulação do título, na medida em que o portador da cártula é titular de um direito autônomo em relação ao direito que tinham seus predecessores; de modo igual, o possuidor exerce direito próprio que não vincula às relações entre os possuidores anteriores e o atual devedor, isto é, cada relação é autônoma em relação às outras que antecederam. Desse modo, podemos elencar dos princípios decorrentes do elemento da autonomia: o da abstração e o da inoponibilidade das exceções a terceiros de boa- fé. A abstração tem por pressuposto a circulação do título de crédito, nascendo de uma relação jurídica, passando a vincular duas pessoas que não contrataram entre si (possuidor atual e devedor emitente do título) de modo que são unidos apenas pela cártula. Serve, mais do que proteger o possuidor de boa-fé, e sim, para garantir a segurança na circulação do título. Cumpre ressaltar, no entanto, que todos os títulos gozam de autonomia, mas nem todos são abstratos. Como exemplos de títulos abstratos, temos a nota promissória e a letra de cambio. Em oposição existem os causais, que são aqueles que expressamente declaram a relação jurídica que a eles deu causa, como a duplicata que só pode ser emitida em decorrência de uma venda efetiva de mercadoria ou prestação de serviço, os quais se encontram discriminados no título. Já na inoponibilidade das exceções pessoais aos terceiros de boa-fé, as pessoas acionadas em virtude de uma letra não podem opor ao portador exceções fundadas sobre as relações pessoais delas com o sacador ou com os portadores anteriores, a menos que o portador ao adquirir a letra tenha procedido conscientemente em detrimento do devedor. O devedor em relação a seu credor obriga-se por uma relação contratual que os une, em razão pela qual pode ele opor as exceções pessoais que o direito lhe 6 confere, porém aos terceiros possuidores de boa-fé do título que se sucederam ao credor originário, pela corrente de endossos, o fundamento da obrigação está na sua assinatura constante do título que o vincula ao pagamento daquele crédito, ao portador. Pela via oposta, o devedor, o emissor do título, a todo tempo pode opor as exceções pessoais que, eventualmente, possua contra o credor originário. Dessa maneira somente poderá opor contra o possuidor de boa-fé os vícios formais da cártula ou de seu conteúdo literal, como por exemplo, eventual falsidade de sua assinatura, vício de capacidade ou falta de requisito necessário ao exercício da ação. 7 2.3 - Requisitos formais Os requisitos essenciais dos títulos cambiários, sem prejuízo das características peculiares a cada um deles, são: a) denominação do título; b) assinatura de seu subscritor (emitente ou sacador); c) identificação de quem deve pagar (RG, CPF, título de eleitor ou carteira de trabalho); d) data do vencimento (senão constar, o título é à vista); e) data de emissão, e f) local da emissão e do pagamento (podem ser supridos pelo domicilio do emitente). Os requisitos formais citados não precisam estar presentes no momento da emissão cambial, assim, pode ser emitida e até circular incompleta. No entanto, deverá estar completamente preenchida antes de sua cobrança ou protesto. O portador do título desde que de boa-fé, presume-se autorizado pelo subscritor a preenchê-lo. A súmula 387 do STF dispõe: A cambial emitida ou aceita com omissões, ou em branco, pode ser completada pelo credor de boa-fé antes da cobrança ou do protesto.5 Institui o Código Civil de 2002: Art. 888. A omissão de qualquer requisito legal, que tire ao escrito a sua validade como título de crédito, não implica a invalidade do negócio jurídico que lhe deu origem.6 5 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Súmula nº 387. A cambial emitida ou aceitacom omissões, ou em branco, pode ser completada pelo credor de boa-fé antes da cobrança ou do protesto. Disponível em: /www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=387.NUME.%20NAO%20S. FLSV.&base=baseSumulas. Acesso em: 21 mai. 2016. 6 BRASIL. Código Civil. Organização de Sílvio de Salvo Venosa. São Paulo: Atlas, 2012 8 2.4 - Espécies No Brasil, existem diversas espécies de títulos de créditos, todos regulados por lei específica. Porém, os que repercutem mais operações de créditos e são mais utilizados é a letra de câmbio, a nota promissória, o cheque e, por último, a duplicata. A letra de câmbio é uma espécie de título de crédito e representa uma obrigação pecuniária. Também denominada de saque, é um título formal, autônomo e abstrato, que objetiva a obrigação de pagar determinada quantia no tempo e lugar definido. Sua emissão acontece através do sacador, aquele que emite o título, e expede uma ordem de pagamento ao sacado (pessoa que deverá pagar), em benefício do tomador (credor específico), o valor específico no título. A previsão legal da letra câmbio está inserida no Decreto n°2044, de 31 de dezembro de 1908 (art.1), alterado pelo Decreto n°57.663, de 24 de janeiro de 1966 - “Lei Uniforme de Genebra”. A nota promissória consiste no título cambiário onde o credor assume a obrigação direta e principal de pagar determinado valor referente a um título. Portanto, é uma promessa de pagamento e para sua formação são necessários requisitos essenciais, lançados por extenso no contexto. Seu saque gera duas situações jurídicas distintas: a de quem promete pagar, e a do beneficiário da promessa. O subscritor assume o dever de pagar quantia determinada ao tomador, ou a quem esse ordenar. Pode ser transferida por endosso e tem sua garantia por meio do aval. A nota promissória está prevista no Decreto nº 2044 de 31 de dezembro de 1908 e na Lei Uniforme de Genebra. O terceiro título mencionado é o cheque, que pode ser definido como uma ordem de pagamento à vista, emitido por uma pessoa (chamada de emitente ou sacador) contra uma instituição financeira, proveniente essa de contrato de depósito bancário ou de abertura de crédito, com o objetivo de pagar uma certa quantia em dinheiro. O cheque está regido pela lei nº 7.357/85, denominada Lei do Cheque, e podendo encontrar suas peculiaridades, e também pelo Decreto nº 57.595/1966. Por último, a duplicata mercantil é o título de crédito em que no ato da emissão da fatura, dela poderá ser extraída uma duplicata para circulação como efeito 9 comercial, não sendo admitida qualquer outra espécie de título de crédito para documentar o saque do vendedor pela importância faturada ao comprador. Sua função é exclusiva de natureza comercial, diferenciando-se da letra de cambio somente pelo aceite, onde a vinculação é obrigatória. A duplicata é regida pela Lei n° 5.474, de 18 de julho de 1968, com alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n° 436/1969, e pela Lei n° 6.458/1977. 10 3. TÍTULOS DE CRÉDITOS VIRTUAIS 3.1 - Conceituação, surgimento e evolução dos Títulos de Créditos Virtuais Antes de comentar o surgimento dos títulos de créditos virtuais, é fundamental definir do que se trata tal modalidade. Fabio Ulhoa crê na necessidade de uma definição mais ampla sobre os títulos de credito eletrônicos, conceituando primeiramente o meio eletrônico: Para isso precisamos conceituar, antes, o que é o "meio eletrônico" ou o "suporte eletrônico". Trata-se de uma das alternativas de conservação de informações, assim como o papiro, a argila e a pedra foram no passado e o papel tem sido desde sua invenção pelos chineses e introdução na Europa na Idade Média. No suporte eletrônico, a informação é traduzida numa enorme sequência de sensibilização elétrica e falta de sensibilização elétrica nos filamentos de um chip. Fala-se em mundo digital exatamente em razão dessas duas variáveis: a sensibilização elétrica, que costuma ser representada pelo Zero (0) e a falta de sensibilização, representada pelo Um (1). Pois bem, no passado, desde sua invenção, o título de crédito teve por suporte o papel, isto é, todas as informações referentes à obrigação nele documentada, desde o valor do crédito até a assinatura dos co- obrigados, estavam registradas sempre por meio de impressão de tinta sobre um tecido vegetal. No título de crédito eletrônico, essas informações são registradas mediante uma sucessão de sensibilizações e falta de sensibilizações elétricas.7 Partindo dessa compreensão, segue a definição mais simplificada de Fran Martins: Os títulos escriturais são títulos que não têm cártula, nascem e atuam por via de computador, por e-mail, por internet. Eles não contêm assinatura usual, embora, para alguns, haja assinatura digital, representada por uma transformação criptográfica, conjunto de dados do título consubstanciado na memória do sistema eletrônico.8 Mediante a exposição do conceito, assim como os títulos de créditos físicos, as funções dos títulos de créditos eletrônicos são a simplificaçãodo comercio, a comprovação da existência da obrigação, bem como a circulação do crédito, conforme reafirma Marlon Tomazette: Nesta ideia de circulação das riquezas, os títulos de crédito assumem papel primordial, porque simplificam a circulação e dão segurança aos eventuais adquirentes do crédito, que terão interesse nessa circulação. Pode-se transmitir os títulos de crédito a diversos adquirentes sucessivos com o mínimo de insegurança para cada adquirente. Diante disso, há um volume muito maior de negócios que são realizados do que seria possível sem os títulos de crédito.9 7 COELHO, Fábio Ulhoa. Entrevista relativa a títulos de crédito eletrônicos. Jornal Carta Forense. Disponível em: http://www.cartaforense.com.br/conteudo/entrevistas/titulos-de-credito- eletronicos/5199 . Acesso em: 25 mai. 2016. 8 MARTINS, Fran. Títulos de Créditos, 16ª edição. Forense, 07/2013 9 TOMAZETTE, Marlon. Curso de Direito Empresarial - Vol. 2 - Títulos de Crédito, 7ª edição. Atlas, 04/2016 11 Em um ambiente fomentado pelo comercio eletrônico, bem como a globalização das relações comerciais, a criação de normas para regulamentar também os títulos de credito eletrônicos se tornou inevitável para a aceleração da circulação do crédito. De acordo com Graziela Guerra Bacelar: A globalização trouxe grandes transformações para as negociações mercantis que, influenciadas pela tecnologia de informação, possibilitaram celeridade às formas de pagamento e de obtenção de crédito. Assim como a revolução comercial, na Idade Média, propiciou o desenvolvimento de uma sociedade comercial, o desenvolvimento tecnológico introduzido a partir da década de 1970, concentrado principalmente na área da informática, é responsável pelo surgimento da sociedade de informação.10 Ainda que não se tenha uma legislação direcionada para reger os títulos de credito eletrônicos atualmente no Brasil, o ponto de partida foi a importante contribuição para a desmaterialização dos títulos de credito, quando nos anos 70, houve a implementação das duplicatas eletrônicas, conforme revela Eversio Donizete de Oliveira: [...] em 1979, a Associação dos Bancos do Estado de São Paulo, com vistas a racionalizar e modernizar a gestão bancária dos títulos de crédito, implantou a duplicata escritural. O resultado positivo pôde ser sentido de imediato, mas não houve na sequência qualquer preocupação com a sua padronização. Ao final da década de 1980, todo o sistema bancário foi automatizado, alçando o Brasil a dianteira dos países utilizadores do sistema. De início, só os serviços foram informatizados mas, em seguida, proceder-se-iaa uma gradativa e irreversível substituição dos títulos cartulares por títulos eletrônicos.11 Já o artigo 8º da lei 9492 de 1997 persiste na evolução ao permitir o protesto de duplicatas por indicação viabilizada por meio magnético ou gravação eletrônica de dados. Mas o passo mais importante para a modernização do crédito foi dada pela alteração do Código Civil de 2002.O atual código introduziu um novo capitulo, regulamentando o Direito de Empresa que era basicamente a primeira parte revogada da Lei 566/1850 do Código Comercial. 10 BACELETE, Graziella Guerra. A segurança jurídica dos títulos de crédito Eletrônicos e o protesto da duplicata virtual. Dissertação de mestrado apresentada à Faculdade de Direito Milton Campos. 2011. Disponível em: www.mcampos.br/u/201503/grazielaguerrabaceleteasegurancajuridicatituloscredito.pdf. Acesso em: 25 mai. 2016. 11 OLIVEIRA, Eversio Donizete de. A regulamentação dos títulos de crédito eletrônicos no código civil de 2002. São Paulo: Lemos e Cruz, 2007. 12 Normalizando a nova teoria geral dos títulos de crédito, o Código Civil de 2002 abarca tanto os títulos de credito típicos, suprindo possíveis ausências na legislação específica, quanto os títulosde créditos atípicos, que não possuíam regulamentação especifica, mas que foram criados pela prática usual. Além da regulação dos títulos de créditos atípicos, a inovação da codificação está no § 3º do artigo 889 do Código Civil: “O título poderá ser emitido a partir dos caracteres criados em computador ou meio técnico equivalente e que constem da escrituração do emitente, observados os requisitos mínimos previstos neste artigo”. Reforçando a compreensão, cabe salientar que o paragrafo é permeado pelo caput do artigo em que são definidos os requisitos mínimos dos títulos de créditos: a) data de emissão do título; b) indicação dos direitos atinentes ao título; e c) assinatura do emitente do titulo. A maior discussão sobre os títulos de credito eletrônicos é a falta de legislação sobre o tema, dificultando a regularidade do entendimento doutrinário e jurisprudencial quanto aos títulos virtuais. Inúmeros são os projetos de lei que visam a regulamentação dos títulos de credito eletrônicos bem como a unificação da legislação do direito cambial, entre outros tópicos. Sobre isso, Lister de Freitas Albernaz é enfático: Não obstante serem positivas as inovações do novo Código Civil e suas repercussões no campo do Direito da Informática (direito eletrônico), o ideal seria contar com disposições mais específicas e adequadas ao ambiente digital, o que evitaria, inclusive, na discussão, muitas vezes isolada, dos mais de 150 projetos em tramitação no Congresso Nacional.”12 O mais importante desses projetos de lei é o projeto de lei 1572/2011, que propõe a instituição de um novo Código Comercial ao qual traz em seu conteúdo importantes artigos que remetem à desmaterialização dos títulos de crédito. Idealizado por Fabio Ulhoa Coelho e de autoria do Deputado Vicente Candido, o Novo Código Comercial conta com um atraso de 5 anos na discussão, que ainda promete render mais um capitulo às diversas protelações da votação do código, uma vez que no dia 17/05/16 foi adiada a votação do substitutivo sobre a referida codificação. 12 ALBERNAZ, Lister de Freitas. Títulos de crédito eletrônicos. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 10, n. 554, 12 jan. 2005. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/6075. Acesso em: 25 mai. 2016. 13 Por tudo exposto, a definição de títulos de credito apresentada por Fabio Ulhoa se mostra mais realista diante a evolução tecnológica e globalização das negociações mercantis que promete revolucionar o direito cambial: Título de crédito não pode mais ser conceituado como o “documento necessário para o exercício do direito literal e autônomo nele mencionado”, mas sim o “documento, cartular ou eletrônico, que contempla a cláusula cambial, pela qual os coobrigados expressam a concordância com a circulação do crédito nele mencionado de modo literal e autônomo.13 13 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial, volume 1 : direito de empresa, 19ª edição. Saraiva, 10/2014 14 3.2 - Relação entre Títulos de Créditos Virtuais e o Princípio da Carturalidade A questão mais controversa que envolve os títulos de créditos virtuais é a sua oposição perante um dos mais importantes princípios dos títulos de crédito, da Cartularidade. Segundo o Gladston Mamede: A cártula dá ao crédito uma existência material, permitindo ao mercado identificar, do exame do título, sua existência e suas qualidades subjetivas e objetivas. Dessa maneira, o papel viabiliza a circulação do crédito que representa, já que o mercado lhe reconhece facilmente.14 A desmaterialização dos títulos de crédito desafia o principio da cartularidade, uma vez que inexiste a cártula, mostrando a importância da relativização dos princípios norteadores dos títulos de crédito. Apresentado anteriormente, o artigo 889, paragrafo 3º abre precedentes, sem que se desfaça do principio da cartularidade, permitindo a criação de títulos eletrônicos, desde que satisfeitos os requisitos pertinentes Uma vez satisfeita a literalidade através do registro eletrônico do que é necessário constar no titulo, nada há que se discutir sobre autonomia, pois tal principio continua a ser aplicado normalmente, circulando a obrigação cambial de forma independente e autônoma das obrigações anteriores. Por conseguinte, a cartularidade é aplicada aos títulos eletrônicos e não mais aos títulos físicos. Afinal, a manifestação de vontade estaria expressa através da assinatura digital. Apoiando tal relativização, Tomazette explicita: Diante dessas noções, fica claro que não existem maiores diferenças entre os documentos tradicionais e os documentos eletrônicos. Logo, também não há maiores diferenças entre os títulos de crédito cartulares e os títulos de crédito eletrônicos, devendo ser mantido o princípio da cartularidade ou incorporação, cuja aplicação mudará apenas na matéria representativa do direito, que poderá ser o papel ou o meio eletrônico. Em função de tal mudança na matéria, também mudará a forma da assinatura que passará a ser eletrônica, por meio dos sistemas de criptografia. Ressalte-se, porém, 14 MAMEDE, Gladston. Manual de Direito Empresarial: De Acordo com o NOVO CPC, 10ª edição. Atlas, 06/2015 15 que há quem entenda que essa desmaterialização é o canto do cisne dos títulos de crédito,74 isto é, trata-se de um passo para sua extinção e a criação de uma nova categoria de documentos.15 È inegável a necessidade de atualização da legislação, considerando os avanços tecnológicos e a necessidade de reinvenção do direito cambiário ao longo do tempo. 15 TOMAZETTE, Marlon. Curso de Direito Empresarial - Vol. 2 - Títulos de Crédito, 7ª edição. Atlas, 04/2016 16 3.3 - Espécies mais usuais de títulos de créditos virtuais 3.3.1 Duplicata eletrônica Sendo um título de crédito genuinamente brasileiro, a duplicata é um título causal que tem como princípio a compra e venda mercantil ou prestação de serviços. Assim, Tomazette conceitua: A duplicata é, em síntese, um título de crédito emitido por seu credor originário, com base em uma fatura, para documentar o crédito originado de uma compra e venda mercantil ou de uma prestação de serviços.16 Complementado por Mamede: A duplicata,portanto, é um título causal, emitido pelo próprio credor, declarando existir, a seu favor, um credito de determinado valor em moeda corrente, fruto – obrigatoriamente – de um negócio empresarial subjacente de compra e venda de mercadorias ou de prestação de serviços, cujo pagamento é devido em determinada data (termo). O emitente poderá́ usar a duplicata para exigir o pagamento extrajudicial ou judicial (execução) de seu crédito, assim como pode negocia-lá com terceiros, endossando-a.17 A duplicata eletrônica, conhecida também como duplicata escritural ou virtual, surge como uma forma de agilizar a circulação de riquezas, sendo utilizada principalmente pelos bancos e nas relações mercantis. São requisitos da duplicata, ainda que em sua versão eletrônica, confome o art. 889, do Código Civil de 2002: Art. 889. Deve o título de crédito conter a data da emissão, a indicação precisa dos direitos que confere, e a assinatura do emitente. § 1o É à vista o título de crédito que não contenha indicação de vencimento. § 2o Considera-se lugar de emissão e de pagamento, quando não indicado no título, o domicílio do emitente. § 3o O título poderá ser emitido a partir dos caracteres criados em computador ou meio técnico equivalente e que constem da escrituração do emitente, observados os requisitos mínimos previstos neste artigo.18 Bem como o parágrafo primeiro do artigo 2º da Lei 5.474/68: § 1º A duplicata conterá: I - a denominação "duplicata", a data de sua emissão e o número de ordem; II - o número da fatura; 16 TOMAZETTE, Marlon. Curso de Direito Empresarial - Vol. 2 - Títulos de Crédito, 7ª edição. Atlas, 04/2016 17 MAMEDE, Gladston. Manual de Direito Empresarial: De Acordo com o NOVO CPC, 10ª edição. Atlas, 06/2015 18 BRASIL. Código Civil. Organização de Sílvio de Salvo Venosa. São Paulo: Atlas, 2012 17 III - a data certa do vencimento ou a declaração de ser a duplicata à vista; IV - o nome e domicílio do vendedor e do comprador; V – a importância a pagar, em algarismos e por extenso; VI - a praça de pagamento; VII - a cláusula à ordem; VIII - a declaração do reconhecimento de sua exatidão e da obrigação de pagá-la, a ser assinada pelo comprador, como aceite, cambial; IX - a assinatura do emitente.19 Sobre a sua emissão, Luiz Emygdio F. da Rosa Jr esclarece: O vendedor, via computador, saca a duplicata e envia pelo mesmo processo ao banco, que, igualmente, por meio magnético, realiza a operação de desconto, creditando o valor correspondente ao sacador, expedindo, em seguida, guia de compensação bancária, que, por correio, é enviada ao devedor da duplicata virtual, para que o sacado, de posse do boleto, proceda ao pagamento em qualquer agência bancária.20 Sobre o protesto e execução da duplicata eletrônica, para Wille Duarte Costa não seria possível a execução, uma vez que ela nada mais é que um boleto bancário, assim o protesto por indicação só caberia em caso de falta de devolução, fato impossível para um titulo virtual. Contrario à tal tese, Fabio Ulhoa crê na possibilidade de execução da duplicata virtual, uma vez que a apresentação da duplicata é dispensável para o processo de execução, cabendo o protesto por indicação , desde que acompanhado do comprovante de entrega dos produtos devidamente assinada. Reforçando tal tese, Marlon Tomazette afirma: Em nossa opinião, o protesto por indicações em meio magnético (Lei nº 9.492/97 – art. 8º, parágrafo único) pode ser realizado sempre, isto é, mesmo que não exista o título fisicamente. Não devemos limitar tal possibilidade ao caso de retenção ilegítima da duplicata, quando o título existiu sob a forma de papel. O dispositivo não o restringiu, logo, não cabe ao intérprete fazê-lo. Sendo perfeitamente regular esse protesto por indicações em meio eletrônico, sua junção ao comprovante de entrega das mercadorias inegavelmente permite a execução da obrigação (Lei nº 5.474/68 – art. 15).21 Ainda que existam diversas discussões doutrinárias sobre a sua existência, a execução da duplicata virtual, amparada pelo artigo 8º, paragrafo único da Lei nº 9.492/97, o entendimento do STJ foi direcionado favoravelmente por reiterados acórdãos: 19 BRASIL. Lei nº 5.474, de 18 de julho de 1968. Dispõe sôbre as Duplicatas, e dá outras providências. Diário Oficial da república Federativa do Brasil. Brasília, DF, 18 jul. 1968. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5474.htm. Acesso em: 23 mai. 2016. 20 ROSA JÚNIOR, Luiz Emydgio Franco da. Títulos de Crédito. 4 ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2006. 21 TOMAZETTE, Marlon. Curso de Direito Empresarial - Vol. 2 - Títulos de Crédito, 7ª edição. Atlas, 04/2016 18 EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. DIVERGÊNCIA DEMONSTRADA. EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. DUPLICATA VIRTUAL. PROTESTO POR INDICAÇÃO. BOLETO BANCÁRIO ACOMPANHADO DO INSTRUMENTO DE PROTESTO, DAS NOTAS FISCAIS E RESPECTIVOS COMPROVANTES DE ENTREGA DAS MERCADORIAS. EXECUTIVIDADE RECONHECIDA. 1. Os acórdãos confrontados, em face de mesma situação fática, apresentam solução jurídica diversa para a questão da exequibilidade da duplicata virtual, com base em boleto bancário, acompanhado do instrumento de protesto por indicação e das notas fiscais e respectivos comprovantes de entrega de mercadorias, o que enseja o conhecimento dos embargos de divergência. 2. Embora a norma do art. 13, § 1º, da Lei 5.474/68 permita o protesto por indicação nas hipóteses em que houver a retenção da duplicata enviada para aceite, o alcance desse dispositivo deve ser ampliado para harmonizar-se também com o instituto da duplicata virtual, conforme previsão constante dos arts. 8º e 22 da Lei 9.492/97. 3. A indicação a protesto das duplicatas mercantis por meio magnético ou de gravação eletrônica de dados encontra amparo no artigo 8º, parágrafo único, da Lei 9.492/97. O art. 22 do mesmo Diploma Legal, a seu turno, dispensa a transcrição literal do título quando o Tabelião de Protesto mantém em arquivo gravação eletrônica da imagem, cópia reprográfica ou micrográfica do título ou documento da dívida. 4. Quanto à possibilidade de protesto por indicação da duplicata virtual, deve-se considerar que o que o art. 13, § 1º, da Lei 5.474/68 admite, essencialmente, é o protesto da duplicata com dispensa de sua apresentação física, mediante simples indicação de seus elementos ao cartório de protesto. Daí, é possível chegar-se à conclusão de que é admissível não somente o protesto por indicação na hipótese de retenção do título pelo devedor, quando encaminhado para aceite, como expressamente previsto no referido artigo, mas também na de duplicata virtual amparada em documento suficiente. 5. Reforça o entendimento acima a norma do § 2º do art. 15 da Lei 5.474/68, que cuida de executividade da duplicata não aceita e não devolvida pelo devedor, isto é, ausente o documento físico, autorizando sua cobrança judicial pelo processo executivo quando esta haja sido protestada mediante indicação do credor, esteja acompanhada de documento hábil comprobatório da entrega e recebimento da mercadoria e o sacado não tenha recusado o aceite pelos motivos constantes dos arts. 7º e 8º da Lei. 6. No caso dos autos, foi efetuado o protesto por indicação, estando o instrumento acompanhado das notas fiscais referentes às mercadorias comercializadas e dos comprovantes de entrega e recebimento das mercadorias devidamente assinados, não havendo manifestação do devedor à vista do documento de cobrança, ficando atendidas, suficientemente, as exigências legais para se reconhecer a executividade das duplicatas protestadas por indicação. 7. O protesto de duplicatavirtual por indicação apoiada em apresentação do boleto, das notas fiscais referentes às mercadorias comercializadas e dos comprovantes de entrega e recebimento das mercadorias devidamente assinados não descuida das garantias devidas ao sacado e ao sacador. 8. Embargos de divergência conhecidos e desprovidos.22 AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL E CIVIL. EXECUÇÃO. DUPLICATA VIRTUAL. REQUISITOS. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA Nº 211/STJ. REEXAME DE PROVAS. SÚMULA Nº 7/STJ. 1. A jurisprudência desta Corte é assente no sentido de ser possível o ajuizamento de execução de duplicata virtual, desde que 22 BRASIL. Supremo Tribunal de Justiça. Embargos de divergência em recurso especial 2011/0102019-6 – Distrito Federal. Relator: Ministro Raul Araujo. Pesquisa de Jurisprudência, Julgado, 22 ago 2012. Disponível em: http://www.stj.jus.br/SCON/. Acesso em: 25 mai. 2016. 19 devidamente acompanhada dos instrumentos de protesto por indicação e dos comprovantes de entrega da mercadoria e da prestação do serviço. 2. A falta de prequestionamento da matéria suscitada no recurso especial, a despeito da oposição de embargos declaratórios, impede seu conhecimento, a teor da Súmula nº 211 do Superior Tribunal de Justiça. 3. O não pronunciamento do tribunal de origem a respeito da existência dos requisitos para a execução de duplicata virtual atrai a incidência da Súmula nº 7 do Superior Tribunal de Justiça. 4. Agravo regimental não provido.23 Uma vez que a legislação reconhece a existência da duplicata por meio eletrônico, resta somente a conscientização de que se trata de uma modalidade real e que será cada vez mais utilizada conforme os avanços da tecnologia e a necessidade de aceleração da circulação do crédito. 3.3.2 Nota promissória Eletrônica O conceito de Nota Promissória é elucidado por Marlon Tomazette: A nota promissória é uma promessa de pagamento, isto é, “um compromisso escrito e solene, pelo qual alguém se obriga a pagar a outrem certa soma de dinheiro”. Trata-se de uma promessa direta do devedor ao credor e, nisso, se apresenta sua principal diferença em relação à letra de câmbio. Na nota promissória, quem cria o título assume o compromisso de pagar diretamente a obrigação que está ali incorporada, não dando qualquer ordem a terceiro.24 O artigo 75 da LUG define como requisitos essenciais da nota promissória: a) a denominação nota promissória; b) a promessa de pagar determinada quantia; c) o nome do beneficiário; d) a data de emissão; e e) a assinatura do emitente. Sobre as notas promissórias virtuais, Simone Lemos Alves doutrina: Se o credor a endossa, lança-se o registro eletrônico das informações pertinentes a esse ato de transferência da titularidade do crédito, como nome do endossatário, data, se há ou não cláusula sem despesas ou cláusula sem garantia, etc. O saque, endosso e aval da nota promissória serão praticados mediante assinatura digital do subscritor, endossante ou avalista, certificada no mesmo arquivo eletrônico.25 Assim como acontece com a duplicata escritural, a desmaterialização do titulo de credito não impede sua eficácia nem mesmo a sua executividade. Uma vez 23 BRASIL. Supremo Tribunal de Justiça. Agravo Regimental no Recurso Especial 2015/0246591-4 – Distrito Federal. Relator: Ministro Ricardo Villas Boas Cueva. Pesquisa de Jurisprudência, Julgado, 22 dez 2015. Disponível em: http://www.stj.jus.br/SCON/. Acesso em: 25 mai. 2016. 24 TOMAZETTE, Marlon. Curso de Direito Empresarial - Vol. 2 - Títulos de Crédito, 7ª edição. Atlas, 04/2016. 25 ALVES, Simone Lemos. Da documentação dos direitos em papel aos títulos de crédito eletrônicos. Jus Navigandi. Teresina, ano 16, n. 2981, 30 ago. 2011. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/19882/da-documentacao-dos-direitos-em-papel-aos-titulos-de-credito- eletronicos. Acesso em: 25 mai. 2016. 20 satisfeitos todos os requisitos, a possibilidade de emissão, circulação, protesto e execução é latente, podendo ser reforçados pela criação de nova legislação ou emenda de da LUG para que as notas promissórias eletrônicas fossem reguladas. 21 3.4 - Circulação dos títulos de créditos virtuais A circulação dos títulos de credito virtuais é debatida veementemente por estudiosos, uma vez que a garantia de circulação dos títulos de créditos físicos se dá através das quatro declarações cambiais (saque, aceite, aval e endosso). Para averiguar a possibilidade de circulação por títulos de crédito virtuais, o principal ponto a ser debatido é a desmaterialização dos títulos de créditos. Conforme salientado por Fabio Ulhoa Coelho, a desmaterialização dos Títulos de Credito promoverá uma alteração no cerne do direito cambiário: O quadro é provocado pelo extraordinário progresso no tratamento eletrônico das informações, o crescente uso dos recursos da informática no cotidiano da atividade de administração do crédito. De fato, o meio eletrônico vem substituindo paulatina e decisivamente o meio papel como suporte de informações.26 Eversio Donizete de Oliveira confirma: A materialização de um documento não pode mais se restringir a sua apresentação em papel. Mudaram-se a forma e o meio de apresentação, mas impõe-se que a obrigação que lhe deu origem seja igualmente autêntica, capaz de produzir efeito jurídico. Para isso, é indispensável a determinação da sua autoria e integridade.27 Assim sendo, tanto a atribuição de autoria quanto a autenticidade serão confirmadas por meio de assinatura digital. A assinatura física possui três funções: aponta-se quem é o autor; o autor assume a autoria do título, concordando com o conteúdo; e concretizam-se materialmente as funções anteriores, de modo que possam ser verificadas por outrem. Então podemos afirmar que, a assinatura é o meio físico em que está registrada a informação e valida o conteúdo ali descrito, ou seja, é um elo entre o autor e o conteúdo do título. É uma forma pela qual o autor de um conteúdo se identifica e manifesta seu conhecimento e sua concordância acerca do conteúdo. A assinatura digital visa promover a um título que tenha força vinculatória com o direito a atribuição de autoria e integridade dos documentos eletrônicos. Como a declaração do emitente é um elemento constitutivo do título, a sua autenticidade dependerá da assinatura. 26 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial, volume 1 : direito de empresa, 19ª edição. Saraiva, 10/2014 27 OLIVEIRA, Eversio Donizete de. A regulamentação dos títulos de crédito eletrônicos no código civil de 2002. São Paulo: Lemos e Cruz, 2007. 22 Desse modo, nos documentos eletrônicos, os elementos devem estar vinculados ao conteúdo. A verificação depende da tecnologia afinal os documentos não podem ser assinados de forma tradicional. Foi instituída a criptografia (que é a ciência que estuda a escrita em códigos), em sua modalidade assimétrica (que possui duas chaves sendo uma para codificar a mensagem e outra para decifrá-la), para solucionar os problemas referentes à assinatura dos títulos eletrônicos. Aspirando a proteção dos documentos eletrônicos, em 2001, foi a regulamentada a Medida Provisória 2.200-2 que instituía a Infra-estrutura Chaves Publicas – ICP Brasil-, buscando “garantir a autenticidade, a integridade e a validade jurídica de documentos em forma eletrônica, das aplicações de suporte e das aplicações habilitadas que utilizem certificados digitais, bem como a realização de transações eletrônicasseguras”. Christiano Vitor de Campos Lacorte explica claramente o funcionamento da assinatura digital: O signatário, já com o documento que deseja assinar digitalmente disponível, acessa um software de computador que,utilizando uma função hash, gera um resumo do documento deve-se ressaltar que este resumo é único, ou seja, nenhum outro documento digital pode gerar aquela sequência numérica gerada pela função hash (coincidências deste tipo– mesmo resultado do hash para diferentes documentos, denominadas colisões– são raras de ocorrer,e indicam fragilidades dos algoritmos de cifragem; quanto maior a quantidade de colisões, mais vulnerável é aquele algoritmo). É por esta razão que as assinaturas digitais, mesmo que de um mesmo signatário, serão diferentes para cada documento assinado, diferente do que ocorre para a assinatura manuscrita, a qual o subscritor a repete nos diferentes documentos em que a apõe. A seguir, o programa de computador aplica a chave privada do assinante ao resumo da mensagem, gerando uma nova sequência de números, que só pode ser revertida por meio da chave pública que faz par com a chave privada utilizada– o resultado desta operação é a assinatura digital. Os destinatários daquele documento receberão junto à assinatura e para validá-la e utilizarão um software, que primeiro utilizar a chave pública do signatário para obter o hash do documento, e então aplicar uma função hash no documento recebido e verificar. Corresponde-se aquele que ele obteve da assinatura: se corresponder, a autoria e a integridade do documento estão confirmados, se não corresponder, ou a chave privada utilizada não é aquela correspondente chave pública utilizada ou o documento foi adulterado. Apesar de o processo parecer complicado, a sua utilização é bastante simples uma vez que a complexidade é via de regra, encoberta pelos programas de computador, que realizam as operações e informamos resultados, restando aos usuários em geral, apenas instruir quais documentos desejam assinar ou validar e conferir os resultados das verificações das assinaturas.28 28 LACORTE, Christiano Vítor de Campos. A validade jurídica do documento digital. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 11, n. 1078, 14 jun. 2006. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/8524. Acesso em: 23 maio 2016. 23 O instrumento pelo qual é feita a validação das chaves publicas é o certificado digital, contendo todos os dados necessários do titular e da assinatura digital, que usualmente é apresentado pro meio de um pen drive. Para ter a mesma autenticidade dependerá de alguns requisitos que garantam a identidade, a integridade e a perenidade do conteúdo. Da mesma forma que uma assinatura manual é válida, uma assinatura digital, devidamente criptografada, também é válida. No que se refere à segurança da assinatura digital, Eversio Donizete de Oliveira salienta que: A assinatura digital fica de tal modo vinculada ao documento eletrônico subscrito que uma pequena alteração pode invalidá-lo. A técnica permite não só verificar a autoria do documento, como também estabelece uma imutabilidade lógica de seu conteúdo, pois qualquer alteração, como por exemplo, a inserção de mais de um espaço entre duas palavras, invalida a assinatura.29 Assim sendo, a assinatura digital envolve todo um conteúdo, e em função dele, é produzida. 29 OLIVEIRA, Eversio Donizete de. A regulamentação dos títulos de crédito eletrônicos no código civil de 2002. São Paulo: Lemos e Cruz, 2007. 24 3.5 - Protesto dos títulos de créditos virtuais Definido pela em seu primeiro artigo pela Lei nº 9.492/97, o protesto é “o ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplência e o descumprimento da obrigação originada em títulos e outros documentos de dívida”. Conforme a própria definição delimita, por ser formal e solene, o protesto é um ato privativo do tabelião de protestos, de acordo com o artigo 3º da legislação, que tem como finalidade a satisfação do crédito. O Protesto possui duas modalidades: o Protesto Facultativo, que visa somente comprovar a inadimplência ou o descumprimento da obrigação, e o Protesto Necessário, que permite ao portador do título a possibilidade de mover ação contra os coobrigados. Gladston Mamede esclarece as modalidades: Nem sempre o protesto é requisito para o exercício dos direitos inerentes ao titulo de credito. Para acionar o devedor principal e seus avalistas, não é preciso protestar, embora se possa fazê-lo. A obrigação desses devedores está condicionada apenas ao vencimento da cártula. Por isso, há protesto facultativo: é licito ao credor protestar o titulo em tais circunstancias, mas é uma medida facultativa. Só́ para acionar outros coobrigados, cuja responsabilidade decorre da inadimplência do devedor principal, faz-se necessário o protesto. Então, há protesto necessário: o exercício do direito está diretamente vinculado ao protesto do titulo. A previsão de prazo decadencial para o protesto limita-se à sua eficácia contra coobrigados; a execução contra o devedor principal e seus avalistas independe de prévio protesto.30 Sobre a apresentação e protocolização do título para protesto, o artigo 9º é categórico: Todos os títulos e documentos de dívida protocolizados serão examinados em seus caracteres formais e terão curso se não apresentarem vícios, não cabendo ao Tabelião de Protesto investigar a ocorrência de prescrição ou caducidade. Parágrafo único. Qualquer irregularidade formal observada pelo Tabelião obstará o registro do protesto.31 Demarcados as fronteiras de atuação do tabelião, resta discutir sobre sua atuação no que se refere às títulos de créditos eletrônicos. De acordo com o que foi visto em um capitulo anterior, ainda que existam inconstâncias legislativas a respeito dos títulos de créditos eletrônicos, o protesto é 30 MAMEDE, Gladston. Direito Empresarial Brasileiro: Títulos de Crédito, (V. 3), 8ª edição. Atlas, 08/2014 31 BRASIL. Lei nº 9.294, de 10 de setembro de 1997. Define competência, regulamenta os serviços concernentes ao protesto de títulos e outros documentos de dívida e dá outras providências. Diário Oficial da república Federativa do Brasil. Brasília, DF, 10 set. 1997. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9492.htm. Acesso em: 23 mai. 2016. 25 também nessa modalidade o meio de se provar a tentativa de recebimento do credito pelo credor, sem sucesso, havendo a recusa ou negligência relativa à verificação do aceite ou do pagamento. Como atualmente os cartórios lançam mão do certificado digital para praticar diversos atos diários, nada impede o protesto dos títulos de créditos na modalidade eletrônica. A possibilidade da duplicata mercantil e da prestação de serviços serem enviadas a protesto através da forma eletrônica é destacada pela Lei nº 9492/97: Art. 8º Os títulos e documentos de dívida serão recepcionados, distribuídos e entregues na mesma data aos Tabelionatos de Protesto, obedecidos os critérios de quantidade e qualidade. Parágrafo único. Poderão ser recepcionadas as indicações a protestos das Duplicatas Mercantis e de Prestação de Serviços, por meio magnético ou de gravação eletrônica de dados, sendo de inteira responsabilidade do apresentante os dados fornecidos, ficando a cargo dos Tabelionatos a mera instrumentalização das mesmas.32 Considerando que a duplicata possui a previsão legal que permite o protesto por meio eletrônico, cabendo somente verificar a ausência de vícios, como visto anteriormente, razão pela qual é inegável a possibilidade de protesto dos demaistítulos de créditos eletrônicos. 32 BRASIL. Lei nº 9.294, de 10 de setembro de 1997. Define competência, regulamenta os serviços concernentes ao protesto de títulos e outros documentos de dívida e dá outras providências. Diário Oficial da república Federativa do Brasil. Brasília, DF, 10 set. 1997. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9492.htm. Acesso em: 23 mai. 2016. 26 3.6 - Segurança jurídica dos títulos de créditos virtuais Devido às possibilidades técnicas apresentadas no capitulo que trata sobre a circulação dos títulos de créditos eletrônicos, resta discutir sobre a segurança jurídica dos títulos de créditos virtuais. O objetivo do credor, ao lançar mão dos títulos de créditos, é conseguir se salvaguardar de eventuais inadimplementos da obrigação. Ao desmaterializar o titulo de crédito, o primeiro aspecto a ser questionado é a falta de representação material da manifestação de vontade, uma vez que os princípios básicos dos títulos de créditos se tornam teoricamente imateriais. Fabio Ulhoa explica: Quando começou a se disseminar o meio eletrônico como suporte para informações jurídicas isso, evidentemente, suscitou diversas discussões. A mais importante delas, claro, diz respeito à segurança jurídica que se poderia esperar do novo suporte. Estudos realizados pela Comissão da ONU especializada em direito comercial internacional, a UNCITRAL, acabaram indicando que o meio eletrônico cumpre as mesmas funções do meio papel; há, como formulado por estes estudos, uma equivalência funcional entre esses dois meios. 33 Outrossim, se discute a manipulação do documento eletrônico, possibilitando a alteração de identidade das partes e a integridade do seu conteúdo. Seria possível fraudar dados sem deixar vestígios? Obviamente que a falta de legislação pertinente fomenta a discussão, promovendo uma falsa sensação de que os títulos físicos não são passiveis de adulteração: Novamente Fabio Ulhoa alerta: Em primeiro lugar, destaco que a discussão sobre a segurança do meio eletrônico acabou despertando a discussão sobre a segurança do meio papel. Estamos tão acostumados a acreditar nesse suporte que nos esquecemos que ele também pode ser adulterado. O papel, rigorosamente falando, não assegura a integridade do documento. Não é impossível, por exemplo, rasurar um cheque ou uma nota promissória. Acontece que o papel, uma vez adulterado, deixa pistas. A perícia técnica pode detectar que houve adulteração e, muitas vezes, até mesmo reconstruir o que constava do papel antes dela. Com o meio eletrônico é igual: adotadas certas tecnologias, hoje acessíveis a todos, se houver alguma alteração no conteúdo de certo arquivo eletrônico, isto deixará pistas que um perito pode detectar e, por vezes, desfazer. A única diferença é que as pistas da adulteração do papel são físicas e as do arquivo eletrônico são eletrônicas. Partindo do que foi apresentado anteriormente sobre assinatura digital, para combater os questionamentos acima, a segurança promovida pela mesma, 33 COELHO, Fábio Ulhoa. Entrevista relativa a títulos de crédito eletrônicos. Jornal Carta Forense. Disponível em: http://www.cartaforense.com.br/conteudo/entrevistas/titulos-de-credito- eletronicos/5199 . Acesso em: 25 mai. 2016. 27 assegurada pela Medida Provisória 2200-2/01, já é um prelúdio da segurança jurídica dos títulos de créditos eletrônicos. A assinatura digital permite tanto a consolidação da identidade das partes quanto à comprovação da exteriorização da vontade. Quanto à adulteração do documento eletrônico, além da criação de legislação própria para tais meios, a instituição de perícia técnica para auxilio jurídico quando houver duvidas sobre falsificação de documento eletrônico, tornará possível atestar a sua autenticidade, tendo em vista que o permanente avanço tecnológico é capaz de precisar qualquer artificio para corromper o título de crédito virtual. Ideia reforçada por Marco Aurélio Gumieri Valério e José Fernando dos Santos Campos: Por fim, se a contratação do crédito feita de forma eletrônica, mediante a utilização de chaves criptográficas assimétricas públicas e privadas, nos moldes do que dispõe a MP no 2202-2/2001, vier a ser tornar lei, estará garantido o processo executório que poderá, neste caso, ser determinada judicialmente a quebra dos sigilos das chaves que constituíram, assinaram e autenticaram tal documento, de modo a demonstrar a sua validade.34 Ainda que se discuta a dita falta de representação da manifestação de vontade e a fragilidade no que se refere à manipulação dos documentos eletrônicos, o titulo de crédito eletrônico mantêm em si a capacidade de oferecer ao credor a mesma segurança jurídica apresentada pelos títulos de credito físicos. 34 VALÉRIO, Marco Aurélio Gumieri; CAMPOS, José Fernando dos Santos. Títulos de crédito eletrônico : a tecnologia a serviço do direito cambial. Revista de informação legislativa, v. 48, n. 189, p. 189-209, jan./mar. 2011. Disponível em: http://www2.senado.leg.br/bdsf/item/id/242870. Acesso em: 21 mai. 2016. 28 4. CONCLUSÃO Os títulos de créditos se fazem presentes na historia da civilização desde a idade média, permitindo a mobilidade de riqueza e segurança do adimplemento da obrigação. Ainda que ao longo do tempo algumas modalidades deram lugar a meios mais ágeis de comercio, mantendo a confiança nas relações de obrigações entre as parte, o desenvolvimento tecnológico se mostra a cada dia um aliado do crédito e é inegável que um dia iria atingir uma das mais tradicionais instituições do Direito, o Direito cambiário. Com a recente informatização judicial, é surreal que não seja cabido em sua totalidade a desmaterialização dos títulos de crédito, tornando visível o quanto estamos aquém das mais modernas legislações mundiais sobre o assunto. A certificação digital promove a segurança apropriada para a emissão e circulação dos títulos virtuais. Tanto que é amplamente utilizada nos processos judiciais eletrônicos, e em outros campos. A virtualização dos títulos de crédito já impacta a esfera mercantil atreves da duplicata escritural, mas ainda carrega consigo um lapso da legislação que ainda não se adequou aos novos tempos. Tanto a adequação da LUG quanto a criação do Novo Código Comercial, seriam de fundamental importância para a recepção dos títulos de crédito eletrônicos pelo mercado. È a hora de quebrar paradigmas, ainda que existam preconceito e resistência inicial, mas qual foi não a tecnologia que não gerou desconfianças no inicio. Por tudo exposto, mediante a tecnologia que temos acesso e a segurança propiciada por ela, é possível ver que se abrem novas possibilidades para os Títulos de crédito eletrônicos. 29 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALBERNAZ, Lister de Freitas. Títulos de crédito eletrônicos. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 10, n. 554, 12 jan. 2005. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/6075. Acesso em: 25 mai. 2016. ALMEIDA, Gustavo Henrique de Almeida. A suposta permissão do Código Civil para emissão eletrônica dos títulos de crédito à luz do princípio cambiário da cartularidade. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 16, n. 2830, 1 abr. 2011. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/18797. Acesso em: 21 mai. 2016. ALVES, Simone Lemos. Da documentação dos direitos em papel aos títulos de crédito eletrônicos. Jus Navigandi. Teresina, ano 16, n. 2981, 30 ago. 2011. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/19882/da-documentacao-dos-direitos-em- papel-aos-titulos-de-credito-eletronicos. Acesso em: 25 mai.2016. BACELETE, Graziella Guerra. A segurança jurídica dos títulos de crédito Eletrônicos e o protesto da duplicata virtual. Dissertação de mestrado apresentada à Faculdade de Direito Milton Campos. 2011. 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