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Informativo 735 STF Art. 64, I, do CP e maus antecedentes

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Informativo 735 - STF: Art. 64, I, do CP e maus antecedentes 
A existência de condenação anterior, ocorrida em prazo superior a cinco anos, contado da 
extinção da pena, não pode ser considerada como maus antecedentes. Com base nesse 
entendimento, a 1ª Turma, por maioria, não conheceu de habeas corpus, mas concedeu a 
ordem de ofício para excluir o acréscimo de seis meses levado a efeito sobre a pena-base na 
primeira fase de dosimetria. Preliminarmente, a Turma considerou inadmissível habeas corpus 
impetrado contra decisão monocrática de Ministro do STJ, não submetida ao crivo do 
colegiado. Vencido o Ministro Marco Aurélio, que pontuava que, ao contrário dos recursos de 
natureza extraordinária, não haveria exigência de esgotamento da jurisdição na origem para a 
impetração de habeas corpus. O Ministro Dias Toffoli, relator, ressalvou posicionamento 
pessoal de que seria cabível o writ nessa hipótese. Em seguida, a Turma consignou que 
interpretação do disposto no inciso I do art. 64 do CP [Art. 64. Para efeito de reincidência: I - 
não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a 
infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o 
período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação] 
extinguiria, no prazo ali preconizado, não só os efeitos decorrentes da reincidência, mas 
qualquer outra valoração negativa por condutas pretéritas praticadas pelo agente. Assim, se 
essas condenações não mais serviriam para o efeito da reincidência, com muito maior razão 
não deveriam valer para fins de antecedentes criminais. HC 119200/PR, rel. Min. Dias Toffoli, 
11.2.2014. (HC-119200) 
Entendendo o assunto: 
Texto extraído do site: http://cvmasi.blogspot.com.br/2014/02/stf-sinaliza-inexistencia-de-
maus.html 
"A condenação extinta há mais de cinco anos não pode ser utilizada para majorar pena. Com 
base nesse fundamento, o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, retirou o 
acréscimo de seis meses sobre a pena-base de um condenado por tráfico de drogas. A 
majoração, em 1/6 da pena, havia sido determinada pela Justiça Federal do Paraná. 
Segundo o ministro Dias Toffoli, como o Código Penal determina que os efeitos da reincidência 
estão limitados a condenações ocorridas até cinco anos antes da infração, não faz sentido que 
uma pena já extinta há mais tempo seja reconhecida como mau antecedente e sirva para 
elevar a pena imposta ao condenado. 
"A interpretação do disposto no inciso I do artigo 64 do Código Penal [que trata da 
reincidência] deve ser no sentido de se extinguirem, no prazo ali preconizado, não só os efeitos 
decorrentes da reincidência, mas qualquer outra valoração negativa por condutas pretéritas 
praticadas pelo agente”, afirmou o ministro. “Se essas condenações não mais prestam para o 
efeito da reincidência, que é o mais, com muito maior razão não devem valer para os 
antecedentes criminais, que é o menos”, concluiu. 
Condenado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região a 7 anos e 5 meses de prisão e 
pagamento de 748 dias multa, o réu recorreu ao Superior Tribunal de Justiça, onde o Recurso 
Especial foi negado pelo relator, ministro Marco Aurélio Bellize. Segundo o ministro do STJ, a 
corte entende que, embora o decurso de período superior a cinco anos afaste a reincidência, 
isso não impede o reconhecimento de maus antecedentes. 
A defesa então entrou com Habeas Corpus no STF. Ao analisar o caso, o relator, ministro Dias 
Toffoli, afirmou que, embora a questão ainda não tenha sido analisada por colegiado do STJ, o 
que impede o conhecimento do HC pelo Supremo, o caso é de ilegalidade flagrante. Assim, 
Toffoli não conheceu do HC, mas concedeu a ordem de ofício. 
“O homem não pode ser penalizado eternamente por deslizes em seu passado, pelos quais já 
tenha sido condenado e tenha cumprido a reprimenda que lhe foi imposta em regular 
processo penal”, afirmou o ministro. 
O tema, porém, ainda não foi pacificado pelo STF. A palavra final será dada quando a corte 
julgar o Recurso Extraordinário 593.818/SC. O caso é de Repercussão Geral e nele se discute se 
as condenações transitadas em julgado há mais de cinco anos devem ser consideradas como 
maus antecedentes na fixação da pena-base. O relator é o ministro Roberto Barroso".

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