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Apostila 2 2007 redação

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Prévia do material em texto

2007 - Caderno 2 1
REDAÇÃO
ORGANIZADORES
Maxuel Rodrigues (maxuelsr22@ig.com.br)
 Wanessa Oliveira dos Santos (wanolissan@yahoo.com.br)
ORIENTADORES
 Leonor Werneck dos Santos
Professora Adjunta de Língua Portuguesa
 da Faculdade de Letras – UFRJ (leonorwerneck@yahoo.com.br)
Tipologia textual e gêneros textuais
 Na apostila anterior (Noções de Texto), aprendemos que “um texto é 
toda e qualquer forma de expressão em que diversas idéias se concatenam 
logicamente, visando a formar um todo signifi cativo e a estabelecer a comu-
nicação entre locutor e interlocutor.” Se a matéria prima do texto é a idéia 
a ser transmitida e compreendida, então todas as fi guras acima podem ser 
vistas como texto. A grande questão é: se “tudo” é texto, então como orga-
nizar essas formas de comunicação? Como alcançar determinado objetivo e 
determinado público? É então que surgem os “gêneros textuais”.
 Defi ne-se gênero textual como “entidades sócio-discursivas”; eles 
tornaram-se quase infi nitos devido à adaptabilidade aos diversos con-
textos discursivos. Hoje em dia a própria tecnologia gera novos “gêne-
ros”, como por exemplo, os e-mails, editoriais, notícias, telefonemas, 
telegramas, telemensagens, reportagens ao vivo, chats, etc.
 Outro fator importante é diferenciar os conceitos sobre “tipo tex-
tual” e “gêneros de texto”. Marchuschi (2002, p. 22) diz para “partimos 
do pressuposto básico de que é impossível se comunicar verbalmente 
a não ser por algum gênero, assim como é impossível se comunicar 
verbalmente a não ser por algum texto. Usa-se, portanto, a expressão 
tipo textual para designar a natureza lingüística de categorias conhecidas 
como narração, argumentação, descrição, dissertação, injunção. A ex-
pressão gênero textual, por sua vez, refere-se aos textos materializados 
que encontramos em nossa vida diária e que apresentam característi-
cas sócio-comunicativas defi nidas por conteúdos característicos (...) Se 
os tipos textuais são apenas meia dúzia, os gêneros são inúmeros. Por 
exemplo: sermões, carta pessoal, carta comercial, romance, bilhete, ho-
róscopo, receita culinária, bula de remédio, lista de compras, cardápio 
de restaurante, edital de concurso, outdoor, manuais de instrução, aula 
expositiva, reunião de condomínio, etc.”
 Vamos ler os textos abaixo e observar as semelhanças e diferenças 
entre eles:
Texto 1
INCAPAZES
 No domingo (12/03/06), nós, brasileiros, tomamos mais um brutal 
choque de realidade por meio de duas importantes reportagens. Uma 
delas, publicada pelo GLOBO, traz informações contundentes sobre a 
exploração sexual de crianças e adolescentes no Brasil e mostra que, 
passados três anos da CPMI do Congresso Nacional que investigou o 
tema, as redes criminosas identifi cadas pelo nosso trabalho continuam 
atuando a pleno vapor, de norte a sul do país. A outra, veiculada pelo 
“Fantástico”, da Rede Globo, é o corajoso documentário sobre o envol-
vimento de crianças e adolescentes no tráfi co de drogas, “Falcão – Me-
ninos do tráfi co”, produzido pelo Rapper MV Bill e por Celso Athayde.
 Ambas retratam o Brasil real, o Brasil que, muitos de nós, que vi-
vemos entre os salões Azul e Verde do Congresso Nacional, as CPIs e as 
acirradas disputas políticas, não conseguimos sentir, não conseguimos 
enfrentar. Não podemos mais perder um minuto sequer: sem uma ação 
contundente de resgate da nossa infância e da nossa adolescência, va-
mos assistir à morte de milhares de meninos e meninas.
 A luta contra problemas complexos como o tráfi co de drogas e a 
exploração sexual não é uma tarefa simples. Mas é viável, sim, reverter 
esse ciclo vicioso que contaminou a vida de milhões de famílias brasi-
leiras. O problema é que nós, sociedade brasileira; nós, políticos; nós, 
representantes do Poder Público; não temos sido capazes de enfrentar 
esse “monstro”, como disse o próprio Celso Athayde ao se referir à guer-
ra instalada pelo tráfi co. Por que não conseguimos dar as condições 
necessárias para que essas famílias tenham uma vida digna? Será que é 
tão difícil concorrer com essas atividades ilícitas? Será que é tão difícil 
evitar que meninas façam programas sexuais pelo irrisório valor de 1,99 
real, como mostramos na CPMI da Exploração Sexual e como continua 
acontecendo, segundo reportagem publicada no GLOBO?
 É fundamental garantir a toda criança brasileira uma educação 
de qualidade desde a primeira infância. Mas somente isso não basta. 
Temos que olhar para dentro dessas famílias. Recentemente, o econo-
mista Ricardo Paes de Barros, um dos nossos maiores especialistas 
no combate à pobreza, fez uma sugestão bastante pertinente para que 
possamos avançar mais em ações como o Bolsa Família. Segundo ele, 
uma estratégia interessante para aprimorar o programa seria capacitar os 
nossos agentes de saúde, que já fazem um trabalho extraordinário em 
todo o Brasil, para que eles se transformem em agentes de atendimento 
integral às famílias. Assim, seria mais fácil conhecer as necessidades e 
as peculiaridades de cada uma dessas famílias, encurtando o caminho 
da libertação de ações de cunho assistencialista.
 Que o grito de socorro desses meninos e meninas seja capaz de 
nos tirar da inércia e de nos conduzir à construção de um país mais 
justo.
(Patrícia Soboya Gomes, senadora (PSB-CE) - O Globo, 14/03/2006.)
Curso Pré-Vestibular de Nova Iguaçu2
Texto 2
A DOIDA
 A doida habitava um chalé no centro do jardim maltratado. E a rua 
descia para o córrego, onde os meninos costumavam banhar-se. (...)
 Os três garotos desceram manhã cedo, para o banho e a pega de 
passarinho. Só com essa intenção. Mas era bom passar pela casa da doida 
e provocá-la. As mães diziam o contrário: que era horroroso, poucos pe-
cados seriam maiores. Dos doidos devemos ter piedade, porque eles não 
gozam dos benefícios com que nós, os sãos, fomos aquinhoados. Não 
explicavam bem quais fossem esses benefícios, ou explicavam demais, e 
restava a impressão de que eram todos privilégios de gente adulta, como 
fazer visitas, receber cartas, entrar para irmandades. E isso não comovia 
ninguém. A loucura parecia antes erro do que miséria. E os três sentiam-se 
inclinados a lapidar a doida, isolada e agreste no seu jardim. (...)
 Vinte anos de tal existência, e a legenda está completa. Quarenta, e 
não há mudá-la. O sentimento de que a doida carregava uma culpa, que 
sua própria doidice era uma falta grave, uma coisa aberrante, instalou-
se no espírito das crianças. E assim, gerações sucessivas de moleques 
passavam pela porta, fi xavam cuidadosamente a vidraça e lascavam uma 
pedra. A princípio, como justa penalidade. Depois, por prazer. Final-
mente, e já havia muito tempo, por hábito. Como a doida respondesse 
sempre furiosa, criara-se na mente infantil a idéia de um equilíbrio por 
compensação, que afogava o remorso. (...)
 Os três verifi caram que quase não dava mais gosto apedrejar a 
casa. As vidraças partidas não se recompunham mais. A pedra batia no 
caixilho ou ia aninhar-se lá dentro, para voltar com palavras iradas. Ain-
da haveria louça por destruir, espelho, vaso intato? Em todo caso, o mais 
velho comandou, e os outro obedeceram na forma do sagrado costume. 
Pegaram calhaus lisos, de ferro, tomaram posição. Cada um jogaria por 
sua vez, com intervalos para observar o resultado. O chefe reservou-se 
um objetivo ambicioso: a chaminé.
 O projétil bateu no canudo de folha-de-fl andres – blem – e veio es-
patifar uma telha, com estrondo. Um bem-te-vi assustado fugiu da man-
gueira próxima. A doida, porém, parecia não ter percebido a agressão, a 
casa não reagia. Então o do meio vibrou um golpe na primeira janela. Bam! 
Tinha atingido uma lata, e a onda de som propagou-se lá dentro; o meni-
no sentiu-se recompensado. Esperaram um pouco, para ouvir os gritos. 
As paredes descascadas, sobas trepadeiras e a hera da grade, as janelas 
abertas e vazias, o jardim de cravo e mato, era tudo a mesma paz.
 Aí o terceiro do grupo, em seus onze anos, sentiu-se cheio de co-
ragem e resolveu invadir o jardim. (...)
 O garoto empurrou o portão: abriu-se. Então, não vivia trancado?... 
e ninguém ainda fi zera a experiência. Era o primeiro a penetrar no jardim, 
e pisava fi rme, posto que cauteloso. (...)
 Tinha a pedra na mão, mas já não era necessária; jogou-a fora. 
Tudo tão fácil, que até ia perdendo o senso da precaução. Recuou um 
pouco e olhou para a rua: os companheiros tinham sumido. Ou estavam 
mesmo com muita pressa, ou queriam ver até aonde iria a coragem dele, 
sozinho em casa da doida. Tomar café com a doida. Mas onde estaria a 
doida? (...)
 O menino foi abrindo caminho entre as pernas e braços de 
móveis, contorna aqui, esbarra mais adiante. O quarto era pequeno e 
cabia tanta coisa.
 Atrás da massa do piano, encurralada a um canto, estava a cama. E 
nela, busto soerguido, a doida esticava o rosto para a frente, na investi-
gação do rumor insólito.
 Não adiantava ao menino querer fugir ou esconder-se. E ele estava 
determinado a conhecer tudo daquela casa. De resto, a doida não deu 
nenhum sinal de guerra. Apenas levantou as mãos à altura dos olhos, e 
como para protegê-los de uma pedrada.
 Ele encarava-a, com interesse. Era simplesmente uma velha, joga-
da num catre preto de solteiro, atrás de uma barricada de móveis. E que 
pequenininha! O corpo sob a coberta formava uma elevação minúscula. 
Miúda, escura, desse sujo que o tempo deposita na pele, manchando-a. 
E parecia ter medo. (...)
 O menino aproximou-se, e o mesmo jeito da boca insistia em soltar a 
mesma palavra curta, que entretanto não tomava forma. Ou seria um bater 
automático de queixo, produzindo um som sem qualquer signifi cação?
 Talvez pedisse água. A moringa estava no criado-mudo, entre vi-
dros e papéis. Ele encheu o copo pela metade, estendeu-o. A doida pa-
recia aprovar com a cabeça, e suas mão queriam segurar sozinhas, mas 
foi preciso que o menino a ajudasse a beber.
 Fazia tudo naturalmente, nem se lembrava mais por que entrara ali, 
nem conservava qualquer espécie de aversão pela doida. A própria idéia 
de doida desaparecera. Havia no quarto uma velha com sede, e que talvez 
estivesse morrendo.
 Nunca vira ninguém morrer, os pais o afastavam se havia em casa 
um agonizante. Mas deve ser assim que as pessoas morrem.
 Um sentimento de responsabilidade apoderou-se dele. Desajeita-
damente, procurou fazer com que a cabeça repousasse sobre o travessei-
ro. Os músculos rígidos da mulher não o ajudavam. Teve que abraçar-lhe 
os ombros – com repugnância – e conseguiu, afi nal, deitá-la em posição 
suave.
 Mas a boca deixava passar ainda o mesmo ruído obscuro, que fa-
zia crescer as veias do pescoço, inutilmente. Água não podia ser, talvez 
remédio...
 Passou-lhe um a um, diante dos olhos, os frasquinhos do cria-
do-mudo. Sem receber qualquer sinal de aquiescência. Ficou perplexo, 
irresoluto. Seria caso talvez de chamar alguém, avisar o farmacêutico 
mais próximo, ou ir à procura do médico, que morava longe. Mas hesi-
tava em deixar a mulher sozinha na casa aberta e exposta a pedradas. E 
tinha medo de que ela morresse em completo abandono, como ninguém 
no mundo deve morrer, e isso ele sabia não apenas porque sua mãe 
o repetisse sempre, senão também porque muitas vezes, acordando no 
escuro, fi cara gelado por não sentir o calor do corpo do irmão e seu bafo 
protetor.
 Foi tropeçando nos móveis, arrastou com esforço o pesado armá-
rio da janela, desembaraçou a cortina, e a luz invadiu o depósito onde a 
mulher morria. Com o ar fi no veio uma decisão. Não deixaria a mulher 
para chamar ninguém. Sabia que não poderia fazer nada para ajudá-la, a 
não ser sentar-se à beira da cama, pegar-lhe nas mãos e esperar o que ia 
acontecer.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. A doida. In: ___. Contos de aprendiz.
16ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1977, p. 32-40.)
Texto 3
REDAÇÃO DE UMA ALUNA DE PRÉ-
VESTIBULAR
 Sobre uma fotografi a de jovens participantes do movimen-
to “Caras pintadas”
 Na fotografi a, aparecem três jovens em cujos rostos se verifi ca, pin-
tada, a frase “Fora Collor”. Todas vestem uma blusa preta e têm cabelos 
longos, sendo que os da segunda são mais claros do que os das outras. 
A primeira expressa um riso sutil e usa aparelho de dentes. A fi sionomia 
da segunda apresenta um tom maior de revolta e sua boca se encontra 
mais aberta. A terceira também mostra a boca aberta; seu tom de revolta 
é menor, porém. São moças do movimento dos “Caras pintadas”, que 
pediu o impeachment do presidente Collor, em 1992. (Fragmento)
 2007 - Caderno 2 3
INTRODUÇÃO
(Adaptado de OLIVEIRA, 2006)
 Observe que, embora as três composições abordem temas ligados à 
juventude (no primeiro, a autora expõe seu ponto de vista sobre a exploração 
sexual e o envolvimento do jovem com o tráfi co; no segundo, narra-se a 
história de um menino que amadurece depois de ter contato com uma mu-
lher tida como louca pelos habitantes preconceituosos de uma cidade; e, 
no terceiro, descreve-se uma fotografi a de participantes do movimento dos 
“Caras pintadas”), a sua estruturação é bastante distinta. Os três defi nem-se, 
respectivamente, como: (a) dissertativo; (b) narrativo; e (c) descritivo. 
Confi ra, a seguir, uma pequena análise das referidas composições.
1. O TEXTO DISSERTATIVO
 A reportagem “Incapazes”, da senadora Patrícia Saboya Gomes, é 
um texto dissertativo porque, nele, a autora defende suas idéias acerca 
(a) da exploração sexual de jovens que se prostituíam a troco de R$ 1,99 
e (b) do envolvimento de meninos com o tráfi co de drogas, denuncia-
do pelo documentário “Falcão”, de MV Bill e Celso Athayde. Para que 
seu pensamento seja expresso de modo mais claro, a senadora valeu-
se da estrutura: (1) Introdução; (2) Desenvolvimento; e (3) Conclusão. 
Na introdução, correspondente ao primeiro parágrafo, Patrícia expressa 
seu “brutal choque” frente aos dois problemas, revelando-se contrária 
a eles. No desenvolvimento, constituído dos três parágrafos seguintes, 
são lançados três argumentos que respaldam a tese da autora: (1) Tais 
problemas são também fomentados pelo descaso dos políticos, que só 
vivem “entre os salões Azul e Verde do Congresso Nacional, as CPIs e as 
acirradas disputas”; (2) Os problemas ainda não são resolvidos porque 
a sociedade como um todo os julga muito difíceis; e (3) É necessário 
se investir em educação e cuidar da própria estrutura das famílias. Por 
fi m, na conclusão, a senadora retoma sua tese, referindo-se ao “grito 
de socorro” expresso pelos jovens na reportagem de O Globo sobre a 
exploração sexual e no documentário “Falcão”. Ela demonstra sua re-
volta acerca dos problemas apontados e diz ser urgente a tomada de 
consciência da sociedade para que o país se torne mais justo. Observe o 
esquema abaixo:
Introdução Ponto de vista: a autora expõe seu “brutal 
choque” frente aos problemas de exploração 
sexual e envolvimento dos jovens com o 
tráfi co, revelando-se contrária a eles. 
1º argumento: tais problemas são também 
fomentados pelo descaso dos políticos, que 
só vivem “entre os salões Azul e Verde do 
Congresso Nacional, as CPIs e as acirradas 
disputas”.
Desenvolvimento 2º argumento: os problemas ainda não 
são resolvidos porque a sociedade como 
um todo os julga muito difíceis.
3º argumento: é necessário se investir em 
educação e cuidar da própria estrutura das 
famílias.
Conclusão Síntese: retomada do ponto de vista 
contrário aos problemas de exploração 
sexual e envolvimento dos jovens com o 
tráfi co; ênfase na idéia de que a sociedade 
tem que se preocupar com o problema, a fi m 
de que o país se torne mais justo.
 Perceba, ainda, que os argumentos da autora não são subjetivos, 
isto é,são pressupostos pautados na lógica, no concreto. Melhor exem-
plo disso é o terceiro, em que ela aponta a educação de qualidade como 
um fator muito importante na vida dos jovens, além de se respaldar nas 
idéias de um grande especialista no combate à pobreza, o economista 
Ricardo Paes de Barros. Veja, ainda, que Patrícia é categórica em seu 
discurso: em nenhum momento, ela usa a 1ª pessoa do singular e ex-
pressões como “Eu acho que”, “Na minha opinião” e “A meu ver”. Tais 
características também pertencem ao texto dissertativo.
2. O TEXTO NARRATIVO
 Bem diferente da reportagem da senadora, todavia, é o conto “A 
doida”, do modernista Carlos Drummond de Andrade. Sua estruturação 
o defi ne como um texto narrativo. Nele, há a presença de um narrador 
por cuja voz se relata a comovente história de um menino que parece 
amadurecer ao se aproximar, de fato, da doida, concluindo que, antes 
de tudo, ela era uma mulher, uma vítima do preconceito da cidade. A 
morte da velha sugere que o jovem deixa de pensar como a massa e se 
individualiza, enxergando o mundo com outros olhos. Veja que o relato 
se foca, sobretudo, na ação das personagens:
Os três garotos desceram manhã cedo, para o banho e a pega 
de passarinho.
O garoto empurrou o portão: abriu-se. Então, não vivia 
trancado?... e ninguém ainda fi zera a experiência. Era o 
primeiro a penetrar no jardim, e pisava fi rme, posto que 
cauteloso. 
De resto, a doida não deu nenhum sinal de guerra. Apenas 
levantou as mãos à altura dos olhos, e como para protegê-los 
de uma pedrada.
 Observe que ainda se fala do cenário em que se passa a história: “A 
doida habitava um chalé no centro do jardim maltratado. E a rua descia para 
o córrego, onde os meninos costumavam banhar-se”. Também se delimita 
o tempo: “Vinte anos de tal existência, e a legenda está completa. Quarenta, 
e não há mudá-la” (após 40 anos, a doida ainda é maltratada pelas pesso-
as). Não há, portanto, uma estrutura de (1) Introdução, (2) Desenvolvimento 
(argumentos 1, 2, 3...) e (3) Conclusão. É evidente, porém, que se defende 
uma determinada tese, mas esta é de ordem implícita e subjetiva: “É preciso 
amar as pessoas como se não houvesse amanhã”, “O preconceito é letal”, 
“O contato com a morte amadurece os indivíduos”. O autor não a expõe de 
modo claro. Fica a cargo do leitor extrair essa idéia central. 
 Frise-se, no entanto, que qualquer texto em que se narre, relate um 
dado acontecimento pode ser considerado narrativo. Nas composições 
literárias em prosa, como “A doida”, é mais fácil se verifi carem as ca-
racterísticas de uma narração, mas, em textos jornalísticos, também se 
podem encontrar esses traços. Observe o seguinte trecho do jornal Folha 
de São Paulo, de 12/05/1999, em que se narra um acontecimento:
Madrugada de 11 de agosto. Moema, bairro paulistano 
de classe média. Choperia Bodega – um bar da moda, 
freqüentado por jovens bem-nascidos. Um assalto. Cinco 
ladrões. Todos truculentos. Duas pessoas mortas: Adriana 
Ciola, 23, e José Tahan, 25. Ela, estudante. Ele, dentista. A 
cada dia, a violência aumenta mais na cidade de São Paulo e 
no país como todo.
 Veja que se marca o tempo (“Madrugada de 11 de agosto”), 
delimita-se o local (“Moema”, “Choperia Bodega”) e narra-se um 
acontecimento (“Um assalto”) envolvendo personagens (“Cinco ladrões”, 
“Adriana Ciola”, “José Tahan”). Não é um texto literário, mas constitui 
uma narração.
Curso Pré-Vestibular de Nova Iguaçu4
3. O TEXTO DESCRITIVO
 Por fi m, distinto da reportagem de Patrícia Saboya e do conto de 
Drummond, tem-se o texto descritivo da aluna de um pré-vestibular. 
Por meio dele, a discente descreve três jovens que participaram do mo-
vimento de impeachment contra o ex-presidente Collor. Observe que a 
autora descreve a pintura no rosto das meninas, seus cabelos, sua fi sio-
nomia, seus trajes: “[...] três jovens em cujos rostos se verifi ca, pintada, 
a frase Fora Collor”; “têm cabelos longos”; “A fi sionomia da segunda 
apresenta um tom maior de revolta e sua boca se encontra mais aberta”; 
“Todas vestem uma blusa preta”. 
 Vale dizer, entretanto, que existem dois tipos de descrição. A pri-
meira, de que o aludido texto constitui exemplo, chama-se objetiva e se 
caracteriza pelo fato de o autor descrever a realidade do modo mais fi el 
possível, sem acrescentar suas impressões. A segunda defi ne-se como 
subjetiva e se confi gura a partir do olhar subjetivo do autor sobre o real. 
A título de ilustração, destaque-se o trecho da letra da música “Você é 
linda”, de Caetano Veloso, na qual o autor descreve a mulher amada 
de acordo com suas impressões, enxergando-a, devido à sua extrema 
beleza, como “fonte de mel” e “mãe do sol”:
Fonte de mel
Nuns olhos de gueixa
Kabuki, máscara
Choque entre o azul
E o cacho de Acácias
Luz das Acácias
Você é mãe do sol
A sua coisa é toda tão certa 
Beleza esperta
Você me deixa a rua deserta
Quando atravessa
 E não olha pra trás 
Linda 
E sabe viver
Você me faz feliz
Esta canção é só pra dizer
E diz
Você é linda
Mais que demais
Você é linda sim
Onda do mar do amor
Que bateu em mim (...)
 Leve-se em conta, ainda, que um texto descritivo não se 
caracteriza, necessariamente, por descrever uma pessoa. Outros 
elementos podem servir de fonte, tais como um objeto, um lugar, uma 
roupa e uma paisagem.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
 Ainda vale dizer que, apesar de se classifi car um determinado texto 
como dissertativo, narrativo ou descritivo, tal categorização não é abso-
lutamente fechada. Por exemplo, no que se refere à reportagem “Incapa-
zes”, verifi cam-se características de narração e descrição, embora o texto 
seja dissertativo:
No domingo (12/03/06), nós, brasileiros, tomamos mais um 
brutal choque de realidade por meio de duas importantes 
reportagens. Uma delas, publicada pelo GLOBO, traz 
informações contundentes sobre a exploração sexual de 
crianças e adolescentes no Brasil e mostra que, passados 
três anos da CPMI do Congresso Nacional que investigou o 
tema, as redes criminosas identifi cadas pelo nosso trabalho 
continuam atuando a pleno vapor, de norte a sul do país. 
A outra, veiculada pelo “Fantástico”, da Rede Globo, é o 
corajoso documentário sobre o envolvimento de crianças e 
adolescentes no tráfi co de drogas, “Falcão – Meninos do 
tráfi co”, produzido pelo Rapper MV Bill e por Celso Athayde.
 Observe que se narra um fato (a veiculação da reportagem e a 
exibição do documentário), delimita-se o tempo (“No domingo”) e 
se mostram personagens (“O GLOBO”, “crianças e adolescentes”, 
“Congresso Nacional”, “Fantástico”, “MV Bill”, “Celso Athayde”). 
Além disso, verifica-se a descrição tanto da reportagem de 12/03 
(“[...] traz informações contundentes sobre a exploração sexual de 
crianças e adolescentes”; “mostra que [...] as redes criminosas iden-
tificadas pelo nosso trabalho continuam atuando a pleno vapor”) 
quanto de “Falcão – Meninos do tráfico” (“[...] é o corajoso docu-
mentário sobre o envolvimento de crianças e adolescentes no tráfico 
de drogas”; “produzido pelo Rapper MV Bill e por Celso Athayde”).
 Em síntese, percebeu-se que, mesmo versando sobre assuntos 
que tratam, também, da questão da juventude e apresentando alguns 
traços em comum (como no caso da reportagem de Patrícia Saboya, 
em que se verificam características de narração e descrição), os três 
textos definem-se de modos distintos. Segundo Branca Granatic 
(1999: 13), os tipos de composição estudados assim se caracteri-
zam:
Dissertação É o tipo de composição na qual expomos 
idéias gerais, seguidas da apresentação de 
argumentos que as promovem.
Narração É a modalidade de redação na qual 
contamos um ou mais fatos que ocorreram 
em determinado tempo e lugar, envolvendo 
certos personagens.
Descrição É o tipo de redação na qual se apontam 
as características que compõem um 
determinado objeto, pessoa,ambiente ou 
paisagem.
ATIVIDADES DE LEITURA E
 PRODUÇÃO DE TEXTOS
TEXTO 1
FAROESTE CABOCLO
1. Letra e música: Renato Russo
Não tinha medo o tal João de Santo Cristo
Era o que todos diziam quando ele se perdeu
Deixou pra trás todo o marasmo da fazenda
Só pra sentir no seu sangue o ódio que Jesus lhe deu
Quando criança só pensava em ser bandido
Ainda mais quando com tiro de soldado o pai morreu
Era o terror da cercania onde morava
E na escola até o professor com ele aprendeu
Ia pra igreja só pra roubar o dinheiro
Que as velhinhas colocavam na caixinha do altar
Sentia mesmo que era mesmo diferente
Sentia que aquilo ali não era o seu lugar
 2007 - Caderno 2 5
Ele queria sair para ver o mar
E as coisas que ele via na televisão
Juntou dinheiro para poder viajar
E de escolha própria escolheu a solidão
Comia todas as menininhas da cidade
De tanto brincar de médico aos doze era professor
Aos quinze foi mandado pro reformatório
Onde aumentou seu ódio diante de tanto terror
Não entendia como a vida funcionava
Descriminação por causa da sua classe e sua cor
Ficou cansado de tentar achar resposta
E comprou uma passagem foi direto a Salvador
E lá chegando foi tomar um cafezinho
E encontrou um boiadeiro com quem foi falar
E o boiadeiro tinha uma passagem
Ia perder a viagem mas João foi lhe salvar: 
Dizia ele “-Estou indo pra Brasília
Nesse país lugar melhor não há
To precisando visitar a minha fi lha
Eu fi co aqui e você vai no meu lugar”
E João aceitou sua proposta
E num ônibus entrou no Planalto Central
Ele fi cou bestifi cado com a cidade
Saindo da rodoviária viu as luzes de natal
“- Meu Deus mas que cidade linda!
No Ano Novo eu começo a trabalhar”
Cortar madeira aprendiz de carpinteiro
Ganhava cem mil por mês em Taguatinga
Na sexta feira foi pra zona da cidade
Gastar todo o seu dinheiro de rapaz trabalhador
E conhecia muita gente interessante
Até um neto bastardo do seu bisavô
Um peruano que vivia na Bolívia
E muitas coisas trazia de lá
Seu nome era Pablo e ele dizia
Que um negócio ele ia começar
E Santo Cristo até a morte trabalhava
Mas o dinheiro não dava pra ele se alimentar
E ouvia às sete horas o noticiário
Que dizia sempre que seu ministro ia ajudar
Mas ele não queria mais conversa
E decidiu que como Pablo ele ia se virar
Elaborou mais uma vez seu plano santo
E sem ser crucifi cado a plantação foi começar
Logo logo os maluco da cidade
Souberam da novidade
“-Tem bagulho bom ai!”
E João de Santo Cristo fi cou rico
E acabou com todos os trafi cantes dali
Fez amigos, freqüentava a Asa Norte
Ia pra festa de Rock pra se libertar
Mas de repente
Sob um má infl uência dos boyzinhos da cidade
Começou a roubar
Já no primeiro roubo ele dançou
E pra inferno ele foi pela primeira vez
Violência e estupro do seu corpo
“-Vocês vão ver, eu vou pegar vocês!”
Agora Santo Cristo era bandido
Destemido e temido no Distrito Federal
Não tinha nenhum medo de polícia
Capitão ou trafi cante, playboy ou general
Foi quando conheceu uma menina
E de todos os seus pecados ele se arrependeu
Maria Lúcia era uma menina linda
E o coração dele pra ela o Santo Cristo prometeu
Ele dizia que queria se casar
E carpinteiro ele voltou a ser
“-Maria Lúcia eu pra sempre vou te amar
E um fi lho com você eu quero ter”
O tempo passa
E um dia vem na porta um senhor de alta classe com dinheiro na mão
E ele faz uma proposta indecorosa
E diz que espera uma resposta, uma resposta de João
“-Não boto bomba em banca de jornal
E nem em colégio de criança
Isso eu não faço não
E não protejo general de dez estrelas
Que fi ca atrás da mesa com o cu na mão
E é melhor o senhor sair da minha casa
Nunca brinque com um peixe de ascendente escorpião”
Mas antes de sair, com ódio no olhar
O velho disse:
“-Você perdeu a sua vida, meu irmão!”
“-Você perdeu a sua vida, meu irmão”
“-Você perdeu a sua vida, meu irmão”
Essas palavras vão entrar no coração
“-Eu vou sofrer as conseqüências como um cão.”
Não é que o Santo Cristo estava certo
Seu futuro era incerto
E ele não foi trabalhar
Se embebedou e no meio da bebedeira
Descobriu que tinha outro trabalhando em seu lugar
Falou com Pablo que queria um parceiro
Que também tinha dinheiro e queria se armar
Pablo trazia o contrabando da Bolívia
E Santo Cristo revendia em Planaltina
Mas acontece que um tal de Jeremias
Trafi cante de renome apareceu por lá
Ficou sabendo dos planos de Santo Cristo
E decidiu que com João ele ia acabar. 
Mas Pablo trouxe uma Winchester 22
E Santo Cristo já sabia atirar
Curso Pré-Vestibular de Nova Iguaçu6
E decidiu usar a arma só depois
Que Jeremias começasse a brigar
Jeremias maconheiro sem vergonha
Organizou a Roconha e fez todo mundo dançar
Desvirginava mocinhas inocentes
E dizia que era crente mas não sabia rezar
E Santo Cristo há muito não ia pra casa
E a saudade começou a apertar
“-Eu vou me embora, eu vou ver Maria Lúcia
Já está em tempo de a gente se casar”
Chegando em casa então ele chorou
E pra inferno ele foi pela segunda vez
Com Maria Lúcia Jeremias se casou
E um fi lho nela ele fez
Santo Cristo era só ódio pro dentro
E então o Jeremias pra um duelo ele chamou
“-Amanhã, as duas horas na Ceilândia
Em frente ao lote catorze é pra lá que eu vou
E você pode escolher as suas armas
Que eu acabo com você, seu porco traidor
E mato também Maria Lúcia
Aquela menina falsa pra que jurei o meu amor”
E Santo Cristo não sabia o que fazer
Quando viu o reporter da televisão
Que a notícia do duelo na TV
Dizendo a hora o local e a razão
No sábado, então as duas horas
Todo o povo sem demora
Foi lá só pra assistir
Um homem que atirava pelas costas
E acertou o Santo Cristo
E começou a sorrir
Sentindo o sangue na garganta
João olhou as bandeirinhas
E o povo a aplaudir
E olhou pro sorveteiro
E pras câmeras e a gente da TV que fi lmava tudo ali
E se lembrou de quando era uma criança
E de tudo o que viveu até aqui
E decidiu entrar de vez naquela dança
“-Se a via-crucis virou circo, estou aqui.”
E nisso o sol cegou seus olhos
E então Maria Lúcia ele reconheceu
Ela trazia a Winchester 22
A arma que seu primo Pablo lhe deu
“-Jeremias, eu sou homem. Coisa que você não é
Eu não atiro pelas costas, não.
Olha pra cá fi lha da puta sem vergonha
Dá uma olhada no meu sangue
E vem sentir o teu perdão”
E Santo Cristo com a Winchester 22
Deu cinco tiros no bandido traidor
Maria Lúcia se arrependeu depois
E morreu junto com João, seu protetor
O povo declarava que João de Santo Cristo
Era santo porque sabia morrer
E a alta burguesia da cidade não acreditava na história
Que ele viram da TV
E João não conseguiu o que queria
Quando veio pra Brasília com o diabo ter
Ele queria era falar com o presidente
Pra ajudar toda essa gente que só faz
Sofrer
a. Torne-se personagem da história de João de Santo Cristo, es-
colha o elemento (paisagem, cena, pessoas) que mais lhe chamou 
a atenção e redija, em 1ª pessoa, um texto da tipologia descritiva 
sobre ele (10-15 linhas). Sugestões:
ƒ a fazenda em que Santo Cristo vivia; 
ƒ o reformatório; 
ƒ Salvador;
ƒ o boiadeiro; 
ƒ a viagem a Brasília; 
ƒ Pablo, Maria Lúcia ou Jeremias;
ƒ Discussão com o “general de dez estrelas” na porta de casa;
ƒ Confronto fi nal.
b. De modo dilacerante, João de Santo Cristo morre ao fi nal da 
música. Redija uma história (tipologia narrativa) em que o fi nal 
seja mudado (15-20 linhas). Libere a imaginação!
c. “E João não conseguiu o que queria / Quando veio pra Brasília 
com o diabo ter / Ele queria era falar com o presidente / Pra ajudar 
toda essa gente que só faz / Sofrer”. Agora, suponha que você é 
o próprio João de Santo Cristo, não morreu e tem a possibilidade 
de, por meio de uma carta endereçada ao presidente, defender 
melhores condições de vida para o povo brasileiro. Eleja um dado 
aspecto social (educação, saúde, trabalho, transporte)e, baseado 
em argumentos fortes, mostre sua importância a Luís Inácio Lula 
da Silva. O texto deve ser predominantemente dissertativo / argu-
mentativo (15-20 linhas).
TEXTO 2
POEMA TIRADO DE UMA NOTÍCIA DE JORNAL
João Gostoso era carregador de feira-livre no morro da
Babilônia num barracão
Sem número
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.
(Manoel Bandeira)
2. Qual a tipologia textual predominante no poema de Bandeira?
3. Retextualize o poema acima, transformando-o em uma notícia de 
jornal, organizada predominantemente de maneira narrativa. Use a 
criatividade e pense em que jornal será: O Globo, Jornal do Brasil, O 
Povo...
 2007 - Caderno 2 7
4. Agora escreva uma notícia de jornal que critique o comportamento 
de João Gostoso, organizada predominantemente de maneira disserta-
tiva (lembre-se de deixar o texto mais impessoal). Use a criatividade e 
pense em que jornal será: O Globo, Jornal do Brasil, O Povo...
TEXTO 3
DOMINGO NO PARQUE
O rei da brincadeira - ê, José
O rei da confusão - ê, João
Um trabalhava na feira - ê, José
Outro na construção - ê, João
A semana passada, no fi m da semana
João resolveu não brigar
No domingo de tarde saiu apressado
E não foi pra Ribeira jogar
Capoeira
Não foi pra lá pra Ribeira
Foi namorar
O José como sempre no fi m da
semana
Guardou a barraca e sumiu
Foi fazer no domingo um passeio
no parque
Lá perto da Boca do Rio
Foi no parque que ele avistou
Juliana
Foi que ele viu
Juliana na roda com João
Uma rosa e um sorvete na mão
Juliana, seu sonho, uma ilusão
Juliana e o amigo João
O espinho da rosa feriu Zé
E o sorvete gelou seu coração
O sorvete e a rosa - ô, José
A rosa e o sorvete - ô, José
Oi, dançando no peito - ô, José
Do José brincalhão - ô, José
O sorvete e a rosa - ô, José
A rosa e o sorvete - ô, José
Oi, girando na mente - ô, José
Do José brincalhão - ô, José
Juliana girando - oi, girando
Oi, na roda gigante - oi, girando
Oi, na roda gigante - oi, girando
O amigo João – João
O sorvete é morango - é vermelho
Oi, girando, e a rosa - é vermelha
Oi, girando, girando - é vermelha
Oi, girando, girando - olha a faca!
Olha o sangue na mão - ê, José
Juliana no chão - ê, José
Outro corpo caído - ê, José
Seu amigo, João - ê, José
Amanhã não tem feira - ê, José
Não tem mais construção - ê, João
Não tem mais brincadeira - ê, José
Não tem mais confusão - ê, João
5. Faça uma história, como se fosse um depoimento, com base na 
letra de música “Domingo no parque”, de Gilberto Gil, contando o que 
aconteceu na perspectiva de Juliana, João ou José. Inclua algum trecho 
descritivo na sua narrativa. 
TEXTO 4
O trecho a seguir é uma descrição do autor da música Domingo no 
parque. Faça um texto a ser veiculado em um cartaz, descrevendo 
alguma personalidade: cantor(a), ator (atriz) ou jogador de futebol, vôlei 
etc.), sem identifi car quem você está descrevendo. Depois, leia seu texto 
para ver se a turma descobre de quem se trata.
Gilberto Gil: Gilberto Passos Gil Moreira nasce em Salvador, 
Bahia, a 29 de junho de 1942. Passa a infância em Ituaçu, inte-
rior baiano, onte tem contato com sanfoneiros e violeiros. Ouve 
também ídolos do rádio, como Luís Gonzaga. Em 1950 vai es-
tudar em Salvador e, enquanto faz o ginásio, estuda também 
acordeom. Em 1960 ingressa na Universidade Federal da Bahia 
para cursar administração de empresas. Em 1963 lança seu pri-
meiro disco, Gilberto Gil - sua música, sua interpretação. 
Participa de alguns festivais de MPB. Em 1968 lança o disco 
Gilberto Gil, ligado à tropicália, movimento que teve Gil e Ca-
etano Veloso entre as figuras mais exponenciais. Em dezembro 
desse mesmo ano é preso em São Paulo, vítima do Ato Institu-
cional nº5. Em Julho de 1969, exila-se em Londres, voltando ao 
Brasil somente em 1972. Lança vários discos, entre eles, Tro-
picália ou Panis et Circensis (1968), Um Banda Um (1981), 
Quanta (1997). Em 1990, é homenageado com o Prêmio Shell 
para a Música Brasileira, pelo conjunto de sua obra. 
TEXTO 5
6. Leia o anúncio classifi cado abaixo, com a descrição de uma 
cadelinha, e responda:
a. Comparando com o texto sobre Gilberto Gil, as duas descrições 
são objetivas ou subjetivas? Identifi que passagens dos textos que 
justifi quem sua resposta.
b. Compare o anúncio abaixo com outros das páginas de classifi ca-
dos dos jornais. É comum os classifi cados serem assim como esse? 
Que diferenças você identifi ca?
c. Reescreva o anúncio da cadelinha Juma, para que ele seja publi-
cado num jornal como O Dia ou O Globo, por exemplo.
Curso Pré-Vestibular de Nova Iguaçu8
Receita escrita e receita falada
TEXTO 6
PÃO DOCE - Receita Básica
Ingredientes
¼ lata de Leite Moça
1 tablete de fermento para pão(15g)
½ kg de farinha de trigo
2 colheres(sopa) de manteiga
1 ovo
1 colher (café) de sal
½ xícara (chá) de água
Modo de Preparo
1. Numa tigela, dilua o Leite Moça em ½ xícara (chá) de água morna 
e dissolva aí o fermento. Junte uma quantidade de farinha sufi cien-
te para dar a consistência de massa líquida, como para panqueca. 
Cubra amassa e deixe descansar, em lugar protegido até crescer e 
formar bolhas. 
2. Sobre a mesa de trabalho, ou numa tigela grande, faça um montinho 
com a farinha que sobrou. Abra uma cova na farinha e coloque a 
manteiga, o ovo e o sal. Despeje a massa líquida fermentada e junte 
os ingredientes com a ponta dos dedos, acrescentando a água aos 
poços até dar a liga.
3. Trabalhe bem a massa durante 5 minutos, até que fi que fi rme e bem 
lisa. Em seguida, dê o formato que quiser. Se for rechear, abra a 
massa, recheie e enrole como rocambole. Coloque o pão numa as-
sadeira, cubra e deixe descansar em um lugar protegido até dobrar 
de volume.
4. Leve o pão para assar no forno quente (200º C) previamente aque-
cido, por meia hora.
Rendimento: 10 a 15 porções
Dicas: Para saber se o pão está pronto para ser assado, faça o seguin-
te: separe uma bolinha de massa na hora de colocá-la para descansar. 
Mergulhe essa bolinha em um copo com água e deixe. Quando a bolinha 
fl utuar, a massa estará crescida e pronta para assar. 
Variações:
- Junte 4 colheres (sopa) de Chocolate em Pó Nestlé à massa.
- Depois de pronto, polvilhe o pão com uma mistura de açúcar e 
canela em pó.
- Faça uma calda com 2 colheres (sopa) de açúcar de confeiteiro e 3 
colheres (sopa) de suco de limão. Cubra o pão doce e depois de 
pronto comum essa calda.
TEXTO 7
PIZZA
Pra fazer a pizza de carne moída... bom, eu pego 1kg de carne mo-
ída..., misturo com um... pacote de creme de cebola, bem mis-
turadinho, aí eu pego uma ...ahn... uma forma redonda, média, e 
espalho essa... essa mistura, formando uma... forrando o fundo da 
fôrma. Antes de espalha, coloco um pouquinho de óleo no fundo. 
Daí eu ponho no forno e deixo... a carne fi car... mais ou menos as-
sada. Depois, eu tiro do forno, coloco por cima uns... dois tomates 
picados em cubinhos, temperados com... com... azeite, orégano, 
cebola, sal e... ponho umas fatias, ponho isso aí por cima da carne 
moída, ponho isso aí por cima da carne moída, ponho umas fatias 
de mussarela, e volto pro forno. Quando a mussarela derreter, está 
pronto para servir. Fica uma delícia! Se você quiser pode pôr tam-
bém batata...já pré-cozida, né, cortada em cubinhos, cenoura, ovo 
cozido... cortado em... fatias, incrementa do jeito que você quiser, 
depois põe a ... a mussarela por cima, deixa derreter a mussarela 
e ta pronto.
(Maria Aparecida Boschi Ribeiro, professora)
7. Qual é a tipologia textual predominante na receita escrita? E na receita 
falada? Justifi que sua resposta transcrevendo alguns trechos.
8. Os dois textos pertencem ao mesmo gênero textual? Justifi que.
9. Após a leitura das receitas, observe a diferença quanto à organização 
do texto e identifi queque partes presentes na receita escrita não se en-
contram na falada. 
10. O que causa “estranhamento” na receita falada?
11. Existem diversas marcas lingüísticas diferentes presentes nos textos 
das receitas falada e escrita. Dentre elas, identifi que:
a) os tempos verbais
b) a tipologia textual predominante
c) a pontuação
d) a progressão temática
TEXTO 8
ANTES DE 1007
 Segundo o tal relatório sobre os que nos espera se as coisas 
continuarem assim, mesmo se medidas drásticas forem tomadas 
agora para diminuir os efeitos do aquecimento global só serão sen-
tidos daqui a mil anos. O que nos leva a imaginar o que deveria ter 
sido feito há mil anos para impedir que chegássemos a este ponto. 
Se uma missão de prevenção retroativa pudesse ser mandada ao 
passado, que sinais ela deveria procurar de que se iniciava o pro-
cesso que ameaçaria a vida no planeta, mil anos depois? O que 
poderia ser feito para evitar o processo? 
 Deixa ver. Mil anos atrás. O ano 1007. Um programa de cons-
cientização do público teria que começar com recomendações para 
controlar o número de fogueiras e queimadas e diminuir o fogo nos 
fogões, e em hipótese alguma adotar aquela novidade, o carvão, 
que só traria sujeira e desgraça. O carvão, aliás, deveria ser proi-
bido antes de as pessoas descobrirem o que era. Todos teriam que 
ser convencidos de que a mula, o cavalo, o boi, a carroça e, vá lá, 
a carruagem eram o máximo que se poderia desejar em matéria de 
transporte e que o melhor era mesmo acabar com aquela mania de 
ir de um lugar para o outro. Todo o mundo deveria fi car sossegado 
em casa, principalmente, deixar de inventar coisas ou pensar fazer 
coisas, acima de tudo coisas cuja feitura produzisse fumaça.
 Mas talvez o ano de 1007 já fosse tarde demais. Em vez de 
voltar mil anos nossa hipotética missão salvadora teria que voltar 
vários milhares de anos e, com sorte, chegar à idade da pedra las-
cada no local exato e na hora certa.
 - Pare!
 - O quê?
 - O que você está fazendo.
 - Mas eu só estava...
 - Inventando a roda. Ainda bem que chegamos a tempo. Você 
não tem idéia do que estava começando. Parando agora, você es-
tará salvando milhões de vidas humanas. Estará salvando o próprio 
planeta. Desista. Invente outra coisa.
 - Mas eu só estava fazendo uma mesa de centro.
 2007 - Caderno 2 9
 - É o que você pensa. Estava inventando o automóvel. O 
engarrafamento, o monóxido de carbono, os cartéis do petróleo, 
guerras...
 - Mas...
 - Faça uma mesa de centro quadrada. E outra coisa.
 - O quê?
 - Nos leve ao cara que está descobrindo como fazer o fogo.
 - Por quê?
 - Temos que eliminá-lo.
(Luiz Fernando Veríssimo - Jornal O Globo, 15/03/2007.)
12. O texto de Veríssimo é uma crônica. Que tipologia(s) textual(is) po-
demos encontrar nele? Há alguma predominante?
13. Este texto foi publicado no jornal O Globo na página reservada para 
os artigos de opinião. Segundo as características textuais, a presença do 
humor e o assunto tratado, o texto estaria adequado à página? Justifi que 
sua resposta.
14. A partir de que tema o autor desenvolve o texto?
15. Qual a perspectiva adotada no texto: presente para o passado ou 
presente para o futuro? Justifi que. 
16. Que relação o título do texto “Antes de 1007” mantém com o assunto 
discutido?
17. Para sanar o problema levantado pelo autor, que tanto se discute na 
sociedade, que hipóteses são construídas?
18. A partir do seu conhecimento de mundo, apresente soluções, em 
forma de tópicos, para o problema do aquecimento global.
19. A partir dos tópicos levantados na questão anterior, produza um ar-
tigo de opinião, da tipologia argumentativa, de 20 a 25 linhas, apre-
sentando sua posição com relação ao aquecimento global.
Comparação de textos de jornal
Texto 9
NA COLA DOS MILICIANOS 
Um miliciano vigia a favela Kelson’s
Secretário diz que já sabe nomes e unidades de policiais envolvi-
dos com grupos paramilitares
 Um dia depois da morte de nove pessoas durante confl itos 
que envolveram PMs e trafi cantes de drogas na área da favela 
Kelson’s, na Penha, o secretário estadual de Segurança Pública, 
José Mariano Beltrame, disse que já tem um relatório com nomes 
de policiais envolvidos com milícias, os locais onde atuam e as 
unidades em que trabalham. Ele não quis dizer a quantidade de 
homens investigados, mas adiantou que não é pequena:
 - É um número grande.
 A maior difi culdade, segundo ele, é obter provas de ligações 
de policiais com milícias:
 - Não adianta eu ir à favela e trazer um miliciano preso, sem 
provas. Assim, ele vai sair da delegacia junto comigo. Precisamos 
ter inteligência policial e apresentar provas.
 Também ontem, o delgado titular da 22º DP (Penha), Alcides 
Iantorno de Jesus, afi rmou que trafi cantes não queriam retomar 
o controle da favela Kelson’s, mas sim se vingar de três pessoas 
consideradas traidoras por terem ligações com a milícia que pas-
sou a dominar a área: o pedreiro Sidnei Moreira de Azevedo, de 32 
anos, Adão Mário Rodrigues Neto, de 26 anos, e Noelson Ribeiro 
de Azeredo, de 52.
 Policiais investigam se as três vítimas colaboravam com os 
trafi cantes antes de a milícia assumir o controle. O pedreiro tinha 
cinco passagens pela polícia por tráfi co, roubo e furto. Ele teria 
erguido um muro na favela por ordem de milicianos. Adão, por 
sua vez, tinha relação com a ex-namorada de um dos bandidos 
expulsos da Kelson’s. Ele levou vários tiros na genitália.
 - Os bandidos sabiam a hora da troca de guarda da milícia 
e se aproveitaram disso. Também conheciam o endereço das três 
vítimas – disse o delegado.
 A 22º DP também tenta esclarecer as circunstâncias do as-
sassinato do cabo Luiz Cláudio de Souza Vargas, de 34 anos, do 
16º BPM (Olaria), e descobrir se ele tinha relação com a milícia da 
Kelson’s. O policial foi encontrado baleado numa picape. O coman-
dante do batalhão, tenente-coronel José Luiz Nepomuceno, instau-
rou uma sindicância para apurara supostas ligações de policiais 
com a milícia local. Cinco responsáveis pelo ataque foram mortos 
pela PM quando fugiam pela Avenida Brasil.
(Jornal Extra, 17/02/2007.)
Texto 10
COBRA TÁ FUMANDO NA KELSON’S
CV quer se vingar
Ação de domingo tinha objetivo de matar três moradores que se 
aliaram à milícia
 O delegado-titular da 22º DP (Penha), Alcides Antorno, disse on-
tem que os três moradores da favela Kelson’s, na Penha, que foram 
mortos na manhã de domingo – o pedreiro Noelson Ribeiro de Azeve-
do, Adão Mário Rodrigues Neto e Sidnei Moreira de Azevedo – foram 
considerados traidores por trafi cantes do Comando Vermelho (CV), 
que haviam sido expulsos da favela em novembro pela milícia.
 “Eles morreram porque traíram o CV. Foram retirados de suas 
casas e executados à vista dos moradores. Os invasores não que-
riam retomar os pontos de venda de drogas que perderam para a 
milícia”, disse o delegado.
Passagens pela polícia
 Segundo Iantorno, a princípio pensou-se que o pedreiro 
havia sido executado apenas por ter erguido muro a favela 
a mando dos milicianos. “Ele era muito conceituado na 
comunidade. Quando levantamos sua fi cha criminal, descobrimos 
que tinha cinco passagens pela polícia e estava sendo processado 
pela Justiça”, explicou. Adão tinha uma passagem pela polícia por 
uso de drogas, e a polícia ainda levanta a vida de a Sidnei.
Curso Pré-Vestibular de Nova Iguaçu10
 Além dos três, morreram o cabo PM Luiz Cláudio de Souza 
Vargas, do 16º BPM (Olaria), que estava de licença médica, e 
cinco bandidos, que encontraram equipe do 16º BPM (Olaria) 
quando fugiam em direção à Av. Brasil. Dois foram identifi cados: 
Leonardo Oliveira de Souza e Alex Silva de Oliveira.
(Jornal Meia Hora, 17/02/2007)
Texto 11
DELEGADO: TRÁFICO FOI À FAVELA PARA SE 
VINGAR
Relatório mostra que polícia sabia que poderiam ocorrer novos 
confrontos entre os bandidos e os milicianosO delegado titular da 22ª DP (Penha), Alcides Iantorno de Je-
sus, afi rmou ontem que trafi cantes não tentaram retomar o controle 
da favela Kelson’s, anteontem, numa ação que acabou com a morte 
de nove pessoas. Segundo o policial, o objetivo dos bandidos foi 
se vingar de três pessoas, consideradas traidoras por terem liga-
ções com a milícia que passou a dominar a área: o pedreiro Sidnei 
Moreira de Azevedo, Adão Mário Rodrigues Neto e Noelson Ribeiro 
de Azeredo.
 Policiais investigam se as três vítimas colaboravam com os tra-
fi cantes antes da milícia assumir o controle da favela. O pedreiro 
tinha cinco passagens pela polícia, por tráfi co, roubo e furto. Ele teria 
erguido um muro na favela, por ordem dos milicianos. Adão, por 
sua vez, namorava a ex-namorada de um dos bandidos expulsos da 
Kelson’s. Seu corpo estava crivado de balas na área genital. 
 A polícia sabia que novos confrontos entre trafi cantes e mili-
cianos poderiam ocorrer. Segundo um relatório obtido pela Rede 
Globo, policiais envolvidos com as milícias estariam arregimen-
tando homens para retomar o controle da Cidade Alta, invadida no 
dia 3 por trafi cantes. Os bandidos teriam, porém, se antecipado à 
reação dos milicianos e invadido anteontem o reduto deles, a Fave-
la Kelson’s. Segundo o comandante da PM, Ubiratan Ângelo, as in-
formações foram checadas pela polícia, que teria fi cado no entorno 
das favelas para evitar a entrada ou saída de grupos envolvidos na 
disputa: “Isso não evitou coisas em pontos isolados da Kelson’s, 
mas o que houve em frente da patrulha acabou em confronto.
Secretário tem relatório de policiais ligados a milícias
 A 22ªDP também tenta esclarecer as circunstâncias do assas-
sinato do cabo Luiz Cláudio de Souza Vargas, do 16º BPM(Olaria), 
e descobrir se ele tinha relação com a milícia da Kelson’s. O policial 
foi encontrado baleado numa picape, em frente ao mercadão São 
Sebastião, próximo à favela. O comandante do batalhão, tenente-
coronel José Luiz Nepomuceno, instaurou uma sindicância para 
apurar a ligação de policiais com a milícia. Cinco dos trafi cantes 
responsáveis pelo ataque na favela foram mortos pela PM, quando 
fugiam pela Av. Brasil. O comandante também espera uma orien-
tação da Secretaria de Segurança para saber como proceder em 
relação ao muro que teria sido erguido por ordem da milícia: “En-
tramos em favelas para retirar barreiras feitas com trilhos. Também 
podemos derrubar muros, se essa for a determinação.”
 Com a violência na Kelson’s, a Marinha montou uma barricada 
com tonéis e pedaços de madeira no principal acesso à favela, na 
Av. Lobo Júnior, ao lado de um quartel da corporação. O Secretário 
de Segurança, José Mariano Beltrame, disse que já tem um rela-
tório com nomes de policiais envolvidos com milícias, os locais 
onde eles atuariam e as unidades em que trabalham. Beltrame não 
quis dizer a quantidade de profi ssionais investigados:”É um núme-
ro substancial. A maior difi culdade, segundo ele, é obter provas 
de ligações com as milícias.(...). Não adianta eu ir à Vila Joaniza e 
trazer um miliciano preso, sem provas, que ele vai sair da delega-
cia junto comigo. Precisamos ter inteligência policial e apresentar 
provas.
Vila Joaniza vai continuar ocupada pela PM
 Na Vila Joaniza, na Ilha do Governador, onde um portão foi 
instalado supostamente pelos milicianos, a situação permanece 
tranqüila. Segundo o comandante do 17º BPM (Ilha), tenente-co-
ronel Célio da Cunha, os trafi cantes não retomaram o controle do 
local. “O morro permanece ocupado”, disse o comandante.
(Jornal O Globo, 13/02/07)
20. Os textos 9, 10 e 11 falam sobre o mesmo assunto: as milícias 
na favela Kelson’s. No entanto, o(s) veículo(s) de comunicação em que 
foram publicados são distintos – os jornais O Globo, Meia-hora e Extra. 
Compare as três reportagens e destaque o que mais chama a atenção 
quanto aos aspectos abaixo:
a. linguagem utilizada
b. detalhes do fato
c. presença ou não de entrevistas de autoridades ou testemunhas
21. As três notícias trabalham com sentenças narrativas e descritivas e 
incluem diferentes tipos de discursos.
a. Retire dos textos exemplos de trechos narrativos e descritivos.
b. Identifi que os tipos de discurso utilizados no texto “Na cola dos 
milicianos” e transcreva alguns exemplos.
c. Quais as marcas utilizadas para marcar a mudança da narrativa 
para a fala no texto 1? E nos textos 2 e 3?
22. As três notícias trabalham sobre o mesmo foco: a invasão das milí-
cias à favela Kelson´s. Apesar de todos os textos apresentarem o mesmo 
fato, existe alguma diferença nas abordagens? Justifi que.

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