Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Direito Civil Conteúdo 1. Direito Civil e lei de Introdução ao Código Civil..........................................................2 2. Direito Civil - Código Civil Brasileiro - das Pessoas Naturais......15 3. Direito Civil - Código Civil Brasileiro - das Pessoas Jurídicas.......27 4. Direito Civil - Código Civil Brasileiro - Fatos Jurídicos. Ato Jurídico . Negócio Jurídico..................................39 5. Direito Civil - Código Civil Brasileiro - Ato Ilícito . Responsabilidade Civil no Novo Código e seu Impacto no Direito do Trabalho.........................67 Exercícios.......................................................................75 Direito Constitucional EDITORA APROVAÇÃO 1. Direito Civil e Lei de Introdução ao Codigo Civil. 1. Introdução ao estudo do Direito............................................................3 2. Conceito de Direito Civil................................4 3. Lei de Introdução ao Código Civil........................................................4 3.1 Fontes do Direito....................................4 3.2 Vigência da Norma.................................4 3.3 Tempo de vigência e Revogação da Norma................................5 3.3.1 Repristinação e a lei brasileira............................................6 3.4 Conflito de Normas no Tempo..............6 3.5 Conflito de Lei no Espaço......................8 3.6 Preenchimento de Lacunas Jurídicas.........................................11 3.6.1 Analogia.........................................12 3.6.2 Costume.........................................12 3.6.3 Princípios Gerais do Direito....................................12 3.6.4 Eqüidade.......................................12 4. Questão Comentada.......................................14 Direito Civil2 MINISTÉRIO DA FAZENDA ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO FAZENDÁ- RIA CONCURSO PÚBLICO PARA PROVIMEN- TO DE CARGOS DE AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL EDITAL ESAF N. 85, DE 18 DE SETEMBRO DE 2009 Direito Civil 1. Lei de Introdução ao Código Civil: vigên- cia e revogação da norma, conflito de nor- mas no tempo e no espaço, preenchimento de lacuna jurídica. 2. Pessoa Natural: conceito, capacidade e incapacidade, começo e fim, direitos da personalidade. 3. Pessoa Jurídica: conceito, classificação, começo e fim de sua existência legal, des- consideração. 4. Fatos Jurídicos. Ato Jurídico. Negócio Ju- rídico: conceito, classificação, elementos essenciais gerais e particulares, elementos acidentais, defeitos, nulidade absoluta e relativa, conversão no negócio nulo. Pres- crição e Decadência. 5. Ato Ilícito. Abuso de Direito. 6. Responsabilidade Civil no novo Código Civil e seu impacto no direito do trabalho. EDITORA APROVAÇÃO 3Direito Constitucional 1. Introdução ao estudo do Direito Por uma concepção filosófica intrínseca do ser hu- mano, o homem percebeu a necessidade de viver em grupo, em sociedade. Por mais primitivo que fossem os agrupamentos humanos sempre se fez necessário a imposição de uma ordem para regulamentar as re- lações humanas, como há muito já sintetizaram os Romanos “Ubi societas, ibi jus” – Onde existe socie- dade existe Direito. Nesse aspecto o Direto nasce com a necessidade de regulamentar as relações humanas. A expressão Direito decorre da palavra latina “Direc- tum”, qual significa o que é reto, o que é correto, ou seja, normas de condutas que regem uma sociedade naquele tempo. O Direito pode ser dividido em Objetivo e Subjetivo: -Direito Objetivo – a própria norma / lei de uma sociedade, a qual o indivíduo deve conhecer e cum- prir. -Direito Subjetivo – é o conjunto de direitos que o indivíduo possui em uma sociedade, conferido pelo Ordenamento Jurídico. •Hans Kelsen e Duguit negam a existência do Direito Subjetivo. A origem do Direto pode ser dividida em Direito Na- tural e Direito Positivo: - Direito Natural – Jus Naturalismo – Para os de- fensores da Corrente Naturalista o Direito decorre da Própria Natureza Humana. Será no pensamento grego que encontraremos ini- cialmente a idéia da existência de um Direito base- ado no mais íntimo da natureza humana, como ser individual ou coletivo. Acreditavam alguns pensa- dores, que existe um “direito natural permanente e eternamente válido, independente de legislação, de convenção ou qualquer outro expediente imagina- do pelo homem” 1. Este pensamento já nasce numa perspectiva universal, pois a idéia de Direito Natural surge da procura de determinados princípios gerais que sejam válidos para os povos em todos os tempos. Será a partir do momento em que os pensadores gre- gos percebem a existência de uma grande diversida- de de leis e costumes nas várias nações e povos, que eles colocam a seguinte questão: “existem princípios superiores a estas normas específicas que sejam vá- lidas para todos os povos, em todos os tempos, ou a Justiça e o Direito são uma mera questão de conve- niência?” Este é o ponto de partida para o pensamento do Di- reito Natural que se desenvolverá através dos tem- pos, e a resposta a esta questão se transformou na conquista gradual, permanente e ainda distante para nós, do que hoje conhecemos por Direitos Hu- manos. O Jusnaturalismo é a corrente de pensamento que reúne todo o conhecimento sobre Direito Natural que surgiu no transcorrer da história. - Direito Positivo – Jus Positivismo – Conjunto de Normas jurídicas vigentes em determinado lugar em determinado tempo. O Direito Positivado é a lei es- crita. Divisão didática do Direto O Direito como ciência deve ser visto como um todo, pois todas as normas jurídicas de um ordenamento devem ser inter-relacionadas e harmônicas. Contudo, para fins didáticos é possível dividir o Di- reito Positivo em dois ramos: Direito Público e Di- reito Privado: • Direito Público – Ramo do Direito que visa re- gulamentar os interesses gerais da coletividade2 . Estabelece a organização do Estado e as relações o Estado com o indivíduo, sendo composto, em regra, de normas de ordem pública, de caráter cogente (imperativo). Para este ramo, em regra, alei vai sempre determinar o que PODE, NÃO PODE ou DEVE ser feito no caso concreto. São exemplos, dentre outros, do Direito Público: Direto Administrativo | Direito Ambiental | Direi- to Constitucional | Direito Internacional | Direito Tributário | Direito Previdenciário | Direto do Tra- balho3. • Direito Privado – Ramo do Direito que regula- menta as relações dos indivíduos, predominando os interesses particulares. São exemplos: Direito Civil | Direito Comercial | Di- reito do Consumidor. Direito Civil 3 Direito Constitucional EDITORA APROVAÇÃO 2. Conceito de Direito Civil O Direito Civil tem sua origem no Ius Civile roma- no, que era o Direto da Cidade Romana, qual no seu tempo regulamentava toda a vida dos cidadãos ro- manos, sendo para os romanos o que para nós é o Direito Brasileiro. O primeiro Código Civil Brasileiro foi o de 1916 e teve vigência até 2003. Este Código foi influenciado es- sencialmente pelo Código Liberal Napoleônico, que teve a sua influência na Revolução Francesa, e foi um código baseado no ideal individualista e voluntaris- ta. O atual Código Civil Brasileiro é a Lei 10.406 de 10 de janeiro de 2002, que entrou em vigência em 2003, foi influenciado pelo movimento de Constitucionaliza- ção dos Direitos Civis, especialmente nas idéias de igualdade, justiça e incursão da dignidade da pessoa humana, como se exemplifica, especialmente nos arts. 112, 113, 114, 421, 422, 423 todos do Código Civil. 3. Lei de Introdução ao Código Civil A Lei de Introdução ao Código Civil é consubstan- ciada pelo Decreto nº. 4.707, de 04 desetembro de 1942, não é, na realidade uma lei integrante do Có- digo Civil, na realidade trata-se de um conjunto de normas para regulamentar as normas, não somente as de Direito Civil, mas todas as leis, por conter prin- cípios gerais sobre as normas sem qualquer discri- minação, indicando como aplicá-las, determinando vigência, eficácia, interpretação e integração4. 1 (03) BODENHEIMER, Edgar. Teoría del Derecho, ob. cit., p. 127; Friedrich, Carl Joachim. La Filosofía del Derecho. Fondo de Cultura Económica, México, 1969, pp. 27 e ss; Machado Neto. A. L. Para uma Sociologia do Direito Natural. Livraria Progresso, Salvador, 1.957. 2 MONTEIRO, Washington de Barros; Curso de Direito Civil – Parte I; Saraiva. 3 Alguns autores classificam o Direito do Trabalho como Direi- to Privado. 4 DINIZ, Maria Helena; Curso de Direito Civil brasileiro; SA- RAIVA. A LICC é considerada um Código de Normas que contém normas de sobredireito que regulamenta todos os ramos do Direito, salvo naquilo que for re- gulamentado de forma diferente na legislação espe- cífica. 3.1 Fontes do Direito As Fontes do Direito são divididas em Fontes For- mais (Lei, Analogia, Costume e os Princípios Gerais do Direito) e Fontes Não Formais (Doutrina e Ju- risprudência). Dentre as Fontes Formais a lei para o Direito Brasi- leiro é a principal fonte, somente podendo ser utili- zada as demais fontes quando a lei for omissa (art. 4º da LICC c/c 126 CPC); 3.2 Vigência da Norma A lei, para pertencer ao Ordenamento Jurídico, pas- sa por três fases: elaboração (iniciativa, discussão e aprovação, sanção ou veto), promulgação e publica- ção. A Fase de Promulgação é o momento do “nascimen- to” da lei, mas somente estará vigente quando for publicada no Diário Oficial da União e respeitar o prazo legal, se houver. A publicação é o instrumento jurídico utilizado para dar conhecimento, em tese, “para todas as pessoas”, que a lei foi aceita no Ordenamento Jurídico Brasi- leiro e a partir deste momento TODAS AS PESSOAS DEVEM CUMPRI-LA, como nos orienta o art. 3º da LICC: Direito Civil4 Importante: essa divisão é apenas para ajudar na compreensão do estudo do Direito, pois cada ma- téria do Direito possui relações e conexões com as demais. Art. 3º Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece. O art. 1º da LICC disciplina que a lei brasileira entra em vigor em todo o território nacional 45 dias depois da sua publicação, contudo pode ser disciplinado de forma contrária. Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. Art. 126. O juiz não se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei. No julgamento da lide caber-lhe-á aplicar as normas legais; não as havendo, recorrerá à analogia, aos costumes e aos princípios gerais de direito. (Redação dada pela Lei nº. 5.925, de 1º.10.1973) EDITORA APROVAÇÃO 5Direito Constitucional Contudo, a publicação pode determinar que a lei en- tre em vigor na data da sua publicação; dessa forma, se a lei for omissa sobre a vigência aplica-se o dispo- sitivo da LICC. O período entre a data da publicação e a entrada em vigor da lei é denominado vacatio legis. A contagem do prazo de vacatio legis inclui a data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subseqüente à sua consumação integral (art. 8º, § 1º da LC 95/98). Casos de alteração da lei antes da vigência Caso uma lei seja novamente publicada com intuito de corrigir erros materiais ou falhas de ortografia durante o prazo de vacatio legis, incidirá novo prazo que come- çará a fluir na data da nova publicação, para toda a lei. Casos de alteração da lei vigente Se a lei já entrou em vigor, considera-se a correção uma nova lei, devendo correr nova vacatio legis (art. 1º, § 4º da LICC). 3.3 Tempo de vigência e Revogação da Norma Caso a lei não discipline que ela será válida por tem- po determinado, todas as leis são permanentes, per- manecendo em vigor até que seja revogada por outra lei, por força do princípio da continuidade das leis. A revogação é a supressão da força obrigatória da lei, ou seja, é o ato jurídico capaz de retirar a lei do ordenamento jurídico, acabando com a sua aplica- bilidade. Somente uma lei pode revogar outra; um costume ou a falta de uso não são instrumentos jurídicos para revogação da lei. 5 Dessa forma, a sua obrigatoriedade / exigibi- lidade, NO TERRITÓRIO BRASILEIRO, não se inicia com a publicação, mas sim 45 dias de- pois de ser publicada. A vacatio legis é uma espécie de elemento aciden- tal de uma norma jurídica, que uma vez consigna- da, impõe a eficácia somente após o decurso de um prazo determinado no intuito de levar a lei ao co- nhecimento de todas as pessoas, como nos orienta o art. 8º da LC nº. 95/98: Atenção: as leis brasileiras que serão aplicadas fora do território nacional somente entrarão em vigor 03 meses depois de oficialmente publicadas no Diário Oficial, art. 1º, §1º da LICC. Leis estaduais que sejam elaboradas com auto- rização do Governo Federal para a sua vigência depende de autorização do Governo Federal e entrarão em vigor no prazo estipulado pelos Estados-membros. Atenção: Dispositivo Revogado pela Lei 12.036 de 1º de outubro de 2009. Observações: 1) O prazo de 45 dias é relativo somente às leis, não sendo aplicado aos decretos e regulamen- tos. 2) A Falta de Lei pode ser suprida por Manda- do de Injunção. Direito Civil Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei co- meça a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada. Art. 8º. A vigência da lei será indicada de for- ma expressa e de modo a contemplar prazo razoável para que dela se tenha amplo co- nhecimento, reservada a cláusula “entra em vigor na data de sua publicação” para as leis de pequena repercussão. Art. 2º Não se destinando à vigência tempo- rária, a lei terá vigor até que outra a modifi- que ou revogue. § 3º Se, antes de entrar a lei em vigor, ocor- rer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo e dos pará- grafos anteriores começará a correr da nova publicação.. Direito Constitucional EDITORA APROVAÇÃO A Revogação pode ser; - TOTAL (ab-rogação) ou PARCIAL (derrogação); - EXPRESSA ou TÁCITA: Revogação Expressa Ocorre quando uma nova lei declara a revogação da lei anterior totalmente ou parcialmente. As leis temporárias possuem dispositivo expresso de- terminando o tempo de vigência da lei (termo), per- dendo eficácia independente de outra lei. Revogação Tácita Ocorre quando uma lei posterior não declara ex- pressamente que revoga a anterior, mas em análise das duas leis, os dispositivos da lei anterior mos- tram-se incompatíveis com a nova lei ou a nova lei regulamenta inteiramente a matéria que tra- tava a lei anterior. 3.3.1 Repristinação e a lei brasileira Repristinar significa restituir ao valor, caráter ou es- tado primitivo. Na ordem jurídica repristinação é o restabelecimento da eficácia de uma lei anterior- mente revogada diante da revogação da lei que revo- gou originariamente a primeira. Sob a égide da Lei de Introdução ao Código Civil não existe repristinação automática. Se porventura uma lei que revogou outra for revo- gada por uma terceira, a primeira não tem a sua efi- cácia restabelecida automaticamente, valendo a ex- pressão: “lei que morre, morre para sempre”. Contudo o Direito Brasileiro prevê, excepcional- mente, que caso a terceira lei que está revogando a segunda preveja que a primeira volta a ter eficácia, haverá a Repristinação no Direito Brasileiro. Outro fatorimportante é que em caso excepcional de declaração de inconstitucionalidade de lei pelo Supremo Tribunal Federal, poderá ocorrer a repristi- nação automática, como nos orienta a o art. 11 da Lei nº. 9.868/99 (Lei de julgamento de Ação Direta de Inconstitucionalidade e Ação Declaratória de Cons- titucionalidade): 3.4 Conflito de Normas no Tempo A regra sobre aplicabilidade das leis é que elas são feitas para valer para o futuro, ou seja, para as rela- ções que nasçam depois da vigência da lei. No entanto quando uma lei vem revogar ou modi- ficar uma anterior pode-se verificar o conflito da lei no tempo para as relações que se formaram sob o escopo da lei anterior. Em síntese, paira a dúvida: a lei nova é aplicada ás situações anteriormente cons- tituídas? Direito Civil6 CUIDADO: - Ocorre a revogação tácita de uma lei quando está é incompatível com a Constituição da República diante da hierarquia das normas. - A nova lei que estabeleça uma disposição espe- cial ou geral a par da lei já existe NÃO revoga nem modifica a anterior. Revogará somente se houver incompatibilidade, sendo dessa forma possível se falar em revogação tácita da lei nova em detrimen- to da antiga, independente da nova ser geral ou especial. Art. 11. Concedida a medida cautelar, o Supre- mo Tribunal Federal fará publicar em seção especial do Diário Oficial da União e do Diá- rio da Justiça da União a parte dispositiva da decisão, no prazo de dez dias, devendo solici- tar as informações à autoridade da qual tiver emanado o ato, observando-se, no que couber, o procedimento estabelecido na Seção I deste Capítulo. § 1o A medida cautelar, dotada de eficácia con- tra todos, será concedida com efeito ex nunc, salvo se o Tribunal entender que deva conce- der-lhe eficácia retroativa. § 2o A concessão da medida cautelar torna aplicável a legislação anterior acaso exis- tente, salvo expressa manifestação em sentido contrário. § 1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. § 3º Salvo disposição em contrário, a lei revo- gada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. EDITORA APROVAÇÃO 7Direito Constitucional Para solucionar esse conflito possui o ordenamento jurídico dois critérios: 1) Disposições Transitórias; 2) Irretroatividade das Normas. 1) Disposições Transitórias São elaboradas pelo legislador no próprio texto nor- mativo e se destinam a evitar ou solucionar eventu- ais conflitos que possam surgir do confronto entre a lei nova e a antiga, sendo sempre temporária. Como exemplo, pode-se citar as disposições transi- tórias do Código Civil Brasileiro: 2) Irretroatividade da Lei Sob o escudo da irretroatividade as relações consti- tuídas antes da nova lei não serão modificadas. Este princípio busca assegurar a certeza, a segurança e a estabilidade do ordenamento jurídico-positivo, preservando as relações consolidadas em que o inte- resse individual prevalece. O Código Civil de 2002 também observou o princí- pio da irretroatividade da norma: Entretanto, a irretroatividade não é absoluta, pois por razões de política legislativa podem recomendar que determinada situação a nova lei seja retroativa, atingindo os efeitos jurídicos praticados sob o im- pério da norma revogada, exemplo também trazido pelo Código Civil de 2002: A Lei de Introdução ao Código Civil disciplina: Percebe-se que a LICC e a nossa Constituição ado- tam o princípio da irretroatividade da norma como regra e a retroatividade como exceção. A LICC protege o ato jurídico perfeito, o direito ad- quirido e a coisa julgada, aplicando-se a nova nor- ma, em regra, aos casos pendentes e futuros. • Ato Jurídico Perfeito - é ato já consumado pela lei antiga. No caso concreto o fato iniciou e findou durante a vigência da lei anterior, tendo sido findado antes da vigência da nova norma; • Direito Adquirido – é o Direito que foi consubstanciado integralmente pela lei anterior; 7 Direito Civil LIVRO COMPLEMENTAR DAS Disposições Finais e Transitórias Art. 2.028. Serão os da lei anterior os pra- zos, quando reduzidos por este Código, e se, na data de sua entrada em vigor, já houver transcorrido mais da metade do tempo es- tabelecido na lei revogada. Art. 2.029. Até dois anos após a entrada em vigor deste Código, os prazos estabelecidos no parágrafo único do art. 1.238 e no pará- grafo único do art. 1.242 serão acrescidos de dois anos, qualquer que seja o tempo trans- corrido na vigência do anterior, Lei no 3.071, de 1o de janeiro de 1916. Art. 2.030. O acréscimo de que trata o arti- go antecedente, será feito nos casos a que se refere o § 4o do art. 1.228. Art. 2.034. A dissolução e a liquidação das pessoas jurídicas referidas no artigo ante- cedente, quando iniciadas antes da vigência deste Código, obedecerão ao disposto nas leis anteriores. Art. 2.031. As associações, sociedades e fun- dações, constituídas na forma das leis ante- riores, bem como os empresários, deverão se adaptar às disposições deste Código até 11 de janeiro de 2007. (Redação dada pela Lei nº. 11.127, de 2005) Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica às organizações religiosas nem aos partidos políticos. (Incluído pela Lei nº. 10.825, de 22.12.2003) Art. 2.032. As fundações, instituídas segun- do a legislação anterior, inclusive as de fins diversos dos previstos no parágrafo único do art. 62, subordinam-se, quanto ao seu fun- cionamento, ao disposto neste Código. Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. (Redação dada pela Lei nº. 3.238, de 1º.8.1957) § 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já con- sumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. (Parágrafo incluído pela Lei nº. 3.238, de 1º.8.1957) § 2º Consideram-se adquiridos assim os di- reitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como alquiles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou con- dição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. (Parágrafo incluído pela Lei nº. 3.238, de 1º.8.1957) § 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recur- so. (Parágrafo incluído pela Lei nº. 3.238, de 1º.8.1957) Direito Constitucional EDITORA APROVAÇÃO • Coisa Julgada – é a decisão judicial que transitou em julgado (sem possibilidade de recurso) quando a lei anterior estava vigente. 3.5 Conflito de Lei no Espaço Com fundamento do Princípio da Soberania do Es- tado, a lei terá aplicação nos limites do território de- limitado do Estado, isso se denomina Princípio da Territorialidade. Mas o Princípio da Territorialidade não é absoluto; algumas vezes surge a necessidade do Estado regu- lamentar as relações entre nacionais e estrangeiros, o que permitiu o surgimento do sistema de extrater- ritorialidade, sem prejuízo da Soberania Nacional. O Brasil adota o Princípio da Territorialidade Moderada. Dessa forma, o Direito alienígena será, em alguns casos, aplicado no Brasil. ► Direitos de Personalidade – começo e fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direi- tos de família – Direito do Domicílio 5. ► Casamentos no Brasil – aplica-se a lei Brasi- leira (impedimentos e formalidades) ► Casamento no Brasil de estrangeiros de mes- ma nacionalidade domiciliados no Brasil – Pode ser feito no Consulado do País 5 Domicílio – art. 70 e ss. do Código Civil: Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo. •Se os nubentes forem de nacionalidade diferente deve ser realizado por autoridade brasileira. •O casamentode ambos os nubentes brasileiros no exterior pode ser feito perante autoridade consular brasileira. •Não pode ocorrer no consulado brasileiro casamento de brasileiro com estrangeira. •Autoridade Consular Brasileira – competente para realizar casamentos, e atos de Registro Civil e de Tabeliães. ► Casamento de nubentes com domicílio di- verso – 1º domicilio do casal. ► Casamento – Regime de Bens – lei do país do domicílio do casal ou do 1º domicílio conjugal Direito Civil8 Art. 7º A lei do país em que domiciliada a pes- soa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família. § 1º Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedi- mentos dirimentes e às formalidades da cele- bração. § 2º O casamento de estrangeiros poderá ce- lebrar-se perante autoridades diplomáticas ou consulares do país de ambos os nubentes. (Re- dação dada pela Lei nº. 3.238, de 1º.8.1957) Art. 18. Tratando-se de brasileiros, são com- petentes as autoridades consulares brasileiras para lhes celebrar o casamento e os mais atos de Registro Civil e de tabelionato, inclusive o registro de nascimento e de óbito dos filhos de brasileiro ou brasileira nascido no país da sede do Consulado. (Redação dada pela Lei nº. 3.238, de 1º.8.1957) Art. 19. Reputam-se válidos todos os atos in- dicados no artigo anterior e celebrados pelos cônsules brasileiros na vigência do Decreto-lei nº. 4.657, de 4 de setembro de 1942, desde que satisfaçam todos os requisitos legais. (Incluído pela Lei nº. 3.238, de 1º.8.1957) Parágrafo único. No caso em que a celebração desses atos tiver sido recusada pelas autorida- des consulares, com fundamento no artigo 18 do mesmo Decreto-lei, ao interessado é facul- tado renovar o pedido dentro em 90 (noventa) dias contados da data da publicação desta lei. (Incluído pela Lei nº. 3.238, de 1º.8.1957) § 3º Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do matrimô- nio a lei do primeiro domicílio conjugal. § 4º O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nuben- tes domicílio, e, se este for diverso, a do primei- ro domicílio conjugal. EDITORA APROVAÇÃO 9Direito Constitucional ► Estrangeiro casado ao naturalizar brasi- leiro pode alterar o regime de bens – comunhão parcial de bens – anuência do cônjuge ► Divórcio no exterior de brasileiros pode ser reconhecido no Brasil – observada as nor- mas do Código Civil Brasileiro e homologada a sentença estrangeira pelo STJ – SUPERIOR TRI- BUNAL DE JUSTIÇA 6 . 6 Atenção à EC-45/2004. ► Domicilio Familiar – cônjuge e filhos não emancipados / incapazes – Rege pelo Domicilio do Chefe de Família ou tutor ou curador ► Pessoa sem domicílio – lugar da residência ou lu- gar que se encontre ► Bens – qualificação e relações concernentes – Aplica-se a lei da situação da coisa (lex rei sitae) ► Bens móveis que trouxer ou que forem trans- portados para outros lugares – aplica-se a lei do domicílio do proprietário ► Penhor 7 – Aplica-se a lei do domicílio do possuidor da coisa ► Obrigações – qualificar e reger – lei do país que se originar a obrigação, mesmo que a execu- ção tenha que ser aplicada no Brasil e observar a forma alienígena 7 Penhor é um direito real que consiste na tradição de uma coi- sa móvel ou mobilizável, suscetível de alienação, realizada pelo devedor ou por terceiro ao credor, a fim de garantir o pagamento do débito; 9 Direito Civil § 5º - O estrangeiro casado, que se naturali- zar brasileiro, pode, mediante expressa anu- ência de seu cônjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega do decreto de naturalização, se apostile ao mesmo a adoção do regime de comunhão parcial de bens, respeitados os direitos de terceiros e dada esta adoção ao competente registro. (Redação dada pela Lei nº. 6.515, de 26.12.1977) § 6º - O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem brasi- leiros, só será reconhecido no Brasil depois de três anos da data da sentença, salvo se houver sido antecedida de separarão judicial por igual prazo, caso em que a homologa- ção produzirá efeito imediato, obedecidas as condições estabelecidas para a eficácia das sentenças estrangeiras no País. O Supremo Tribunal Federal, na forma de seu regimento interno, poderá reexaminar, a requerimen- to do interessado, decisões já proferidas em pedidos de homologação de sentenças es- trangeiras de divórcio de brasileiros, a fim de que passem a produzir todos os efeitos legais. (Redação dada pela Lei nº. 6.515, de 26.12.1977) § 6º O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem brasi- leiros, só será reconhecido no Brasil depois de 1 (um) ano da data da sentença, salvo se houver sido antecedida de separação judicial por igual prazo, caso em que a homologa- ção produzirá efeito imediato, obedecidas as condições estabelecidas para a eficácia das sentenças estrangeiras no país. O Su- perior Tribunal de Justiça, na forma de seu regimento interno, poderá reexaminar, a requerimento do interessado, decisões já proferidas em pedidos de homologação de sentenças estrangeiras de divórcio de brasi- leiros, a fim de que passem a produzir todos os efeitos legais. (alterado pela Lei 12.036 de 1º de outubro de 2009). § 7º Salvo o caso de abandono, o domicí- lio do chefe da família estende-se ao outro cônjuge e aos filhos não emancipados, e o do tutor ou curador aos incapazes sob sua guarda. § 8º Quando a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á domiciliada no lugar de sua residência ou naquele em que se en- contre. Art. 8o Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que estiverem situados. § 1º Aplicar-se-á a lei do país em que for do- miciliado o proprietário, quanto aos bens moveis que ele trouxer ou se destinarem a transporte para outros lugares. § 2º O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pessoa, em cuja posse se encontre a coisa apenhada. Direito Constitucional EDITORA APROVAÇÃO ► Obrigação decorrente de contrato – residên- cia do proponente. ► Sucessão causa mortis ou ausência – Rege-se pela lei do último domicílio do de cujos ou do ausente. ► Sucessão de bens no Brasil – Aplica-se a lei mais favorável, brasileira ou estrangeira ► Sucessão – Capacidade para suceder – aplica- se a lei do domicilio do herdeiro ► Sociedades e Fundações – aplica-se a lei da sua constituição, mas para ter filiais no Brasil devem ter aprovação do Governo Federal e apli- ca-se então a lei brasileira ► Governo estrangeiro e organizações perten- centes à Estados soberanos não podem adquirir imóveis no Brasil, salvo prédios para atividades diplomáticas ► Réu domiciliado no Brasil ou cumprindo obrigações no Brasil – aplica-se a lei brasileira no tocante à competência jurisdicional ► Imóveis situados no Brasil – competência ex- clusiva do Poder Judiciário Brasileiro para jul- gar. Também compete à autoridade judiciária ► Ordem estrangeira – compete à autoridade judiciária brasileira dar exequatur nos termos da legislação brasileira quanto á forma e da lei estrangeira quanto ao objeto ► Produção de Provas – Lei do país que foram produzidas – no entanto a lei brasileira não co- nhecerá as formas de provas não previstas no Brasil Direito Civil10 Art. 9º Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constitu- írem. § 1º Destinando-se a obrigação a ser executa- da no Brasil e dependendo de forma essencial, será esta observada, admitidas as peculiari- dades da lei estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos do ato. § 2º A obrigação resultante do contrato repu- ta-se constituída nolugar em que residir o pro- ponente. Art. 10. A sucessão por morte ou por ausên- cia obedece à lei do país em que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens. § 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situa- dos no País, será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. (Redação dada pela Lei nº. 9.047, de 18.5.1995) § 2º A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder. Art. 11. As organizações destinadas a fins de interesse coletivo, como as sociedades e as fundações, obedecem à lei do Estado em que se constituírem. § 1º Não poderão, entretanto. ter no Brasil fi- liais, agências ou estabelecimentos antes de serem os atos constitutivos aprovados pelo Governo brasileiro, ficando sujeitas à lei bra- sileira. § 2º Os Governos estrangeiros, bem como as organizações de qualquer natureza, que eles tenham constituído, dirijam ou hajam investi- do de funções públicas, não poderão adquirir no Brasil bens imóveis ou susceptíveis de de- sapropriação. § 3º Os Governos estrangeiros podem adquirir a propriedade dos prédios necessários à sede dos representantes diplomáticos ou dos agen- tes consulares. Art. 13. A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei brasileira desconheça. § 1º Só à .autoridade judiciária brasileira com- pete conhecer das ações, relativas a imóveis situados no Brasil. Art. 12. É competente a autoridade judiciária brasileira, quando for o réu domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a obriga- ção. § 2º A autoridade judiciária brasileira cumpri- rá, concedido o exequatur e segundo a forma estabelecida pela lei brasileira, as diligências deprecadas por autoridade estrangeira compe- tente, observando a lei desta, quanto ao objeto das diligências. EDITORA APROVAÇÃO 11Direito Constitucional Se o Juiz não conhecer a lei estrangeira, a parte que alegar cabe fazer prova do estipulado ► Sentença estrangeira – validade no Brasil desde que preenchido os requisitos: → Proferida por Juiz competente no exterior; → Haver citação válida ou revelia; → Estar a decisão sem possibilidade de recurso (transitada em julgada) e estar passível de execução para o direito estrangeiro; → Estar traduzida por intérprete autorizado; → Ter sido homologada pelo Superior Tribunal de Justiça 8 8 Vide art. 105, “i” da CR/88, acrescentado pela EC-45/2004. 9 Na lição do Exmo Ministro do STJ, Professor Teori Albino Za- vascki: A ação puramente declaratória, e, portanto, a sentença que nela vier a ser proferida, tem por objeto, segundo o artigo 4º do CPC, a declaração “da existência ou inexistência de rela- ção jurídica” ou “da autenticidade ou falsidade de documento”. Segundo os padrões tradicionais, não compõe seu objeto o juízo a respeito da violação da norma individualizada ou da sanção correspondente. A declaração de certeza, nestas ações, refere-se, como ensinava Calamandrei, ao preceito primário (“no transgre- dido todavia, pero incierto”) e não ao mandado sancionatório. A análise do juízo é apenas sobre a forma do ato e como se faz com qualquer análise de sentença ou ato estrangeiro para aplicabilidade no Bra- sil, o Juiz analisa apenas se o ato ou a decisão ofende a ordem pública, a soberania nacional ou o bom costume, e caso não ofendam o Juiz não faz análise de mérito, caso ofendam não são aplicáveis. Também não é necessária a homologação de cartas rogatórias (pois sem caráter executivo) e execução de título executivo extrajudicial oriundo de estado estrangeiro (art. 585, § 2º do PC). 3.6 Preenchimento de Lacunas Jurídi- cas O legislador ao elaborar as leis deve atentar pela cla- reza e aplicabilidade prática da norma criada, contu- do a lei elaborada será sempre geral (genérica) com o objetivo de abranger o maior número de situações possíveis. Por essa generalidade o legislador não conseguirá abranger todas as situações no presente, tampouco, as futuras. Como o Juiz não pode se eximir de jul- gar sobre o pretexto de que inexiste lei ou que a lei é omissa, a LICC orienta como as lacunas jurídicas devem ser preenchidas. 11 Atenção: Não dependem de homologação a sentença me- ramente declaratórias9 - Revogado pela Lei 12.036/2009. Direito Civil Art. 14. Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a invoca prova do texto e da vigência. Art. 15. Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reúna os se- guintes requisitos: a) haver sido proferida por juiz competente; b) terem sido os partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia; c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a execu- ção no lugar em que ,foi proferida; d) estar traduzida por intérprete autorizado; e) ter sido homologada pelo Supremo Tribu- nal Federal. Parágrafo único. Não dependem de homo- logação as sentenças meramente declarató- rias do estado das pessoas. Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil, quan- do ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes. § 2º Não dependem de homologação pelo Supremo Tribunal Federal, para serem exe- cutados, os títulos executivos extrajudiciais, oriundos de país estrangeiro. O título, para ter eficácia executiva, há de satisfazer aos requisitos de formação exigidos pela lei do lugar de sua celebração e indicar o Brasil como o lugar de cumprimento da obriga- ção. (Redação dada pela Lei nº. 5.925, de 1º.10.1973) Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz de- cidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. Direito Constitucional EDITORA APROVAÇÃO Dessa forma, o Juiz, no caso concreto, por intermé- dio da integração do ordenamento jurídico e das normas não deixará nenhum caso sem decisão. Mas o Juiz deve observar uma hierarquia na utili- zação dos mecanismos de solução de lacunas. Deve utilizar a analogia primeiramente, pois como a lei para o sistema jurídico brasileiro é a principal fonte formal, o juiz deve buscar em primeiro plano uma solução e uma outra norma, para depois utilizar ou- tros mecanismos. 3.6.1 Analogia A analogia consiste na aplicação de uma norma ju- rídica constituída para um caso a uma outra deter- minada situação de fato semelhante, entendida na expressão romana: Ubi eadem ratio, ibi idem jus. Alguns autores distinguem analogia legis (aplicar um norma existente ao caso concreto sem norma específica) da analogia jus (aplicar um conjunto de normas, para obter elementos que permitam a apli- cabilidade para solucionar um caso concreto sem lei específica). Exemplo: Lei 2.681/1921 – que regulamenta a responsabilidade das companhias de estrada de ferro no transporte de passageiros e bagagens pode ser utilizada por analogia à odas as espécies de transporte coletivo terrestre de pessoa ou bagagem ante à falta de legislação específica. 3.6.2 Costume O costume resulta da prática geral, uniforme, cons- tante, pública de atos pelas pessoas, com a convicção de sua necessidade jurídica. A repetição generaliza- da e reiterada de certos atos praticados é o elemento material do costume. A LICC estabelece o costume como forma supletiva de lacunas jurídicas, mas o Juiz somente pode apli- cá-lo se esgotado os meios de aplicação da analogia. O costume é composto de dois elementos: o uso (ele- mento externo)e a convicção da necessidade de jurídica (elemento interno). Existem três espécies de costume: •seundum legem – quando a pratica do costume leva ao reconhecimento da lei; •praeter legem – quando a pratica do costume visa complementar uma lei omissa (ex.: cheque pré-datado); •contra legem – quando a prática usual é contraria ao dispositivo legal. Contudo, juridicamente o costume não revoga ou modifica a lei. 3.6.3 Princípios Gerais do Direito O juiz não encontrando uma resposta ideal na ana- logia ou no costume, poderá utilizar-se dos Princí- pios Gerais do Direito para alcançar uma resposta justa à lacuna legal. Os Princípios Gerais do Direito são constituídos pe- las regras gerais que se encontram na consciência coletiva e são universalmente reconhecidas. Algumas estão positivadas e outras tantas encon- tram-se apenas o inconsciente coletivo, como por exemplo: •“daí a César o que é de César”, ou seja ninguém pode lesar o próximo, regra consubstanciada no art. 186 do CC 10 ; •Ninguém pode se enriquecer ilicitamente (art. 1.226, 1.220 etc. do CC); •Ninguém pode alegar o desconhecimento da norma para não cumpri-la (art. 3º da LICC); •“Ninguém pode se prevalecer da própria torpeza”; •“A boa-fé é presumida”; •“Ninguém pode transferir direitos que não tem”; •“Deve-se prevalecer mais aquele que tenta evitar um dano do que aquele que busca um ganho”; entre outros. 3.6.4 Eqüidade A Eqüidade consiste na aplicação do “bom senso” para solucionar um problema jurídico, é a aplicação do Princípio da Razoabilidade na aplicação da lei ao caso concreto, ou em latim ars boni et aequi – arte do bom e do justo, princípio formador do Direito da Antiguidade Clássica. Direito Civil12 Art. 126. O juiz não se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei. No julgamento da lide caber-lhe-á aplicar as normas legais; não as havendo, recorrerá à analogia, aos costumes e aos princípios gerais de direito. (Redação dada pela Lei nº. 5.925, de 1º.10.1973) EDITORA APROVAÇÃO 13Direito Constitucional Dessa forma, somente pode ser utilizada quando a lei assim previr, como é o caso do art. 127 do CPC ou nas hipóteses em que o legislador formula várias alternativas e determina que o Juiz escolha a melhor no caso concreto, como ocorre nos arts. 1.586 ou 1.740, II ambos do CC. 10 Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negli- gência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Anotações : 13 Importante salientar que a eqüidade NÃO está presente na LICC como meio de solução de la- cunas legais, mas é um recurso para auxiliar o preenchimento. Direito Civil Código de Processo Civil Art. 127. O juiz só decidirá por eqüidade nos casos previstos em lei. Código Civil Art. 1.586. Havendo motivos graves, poderá o juiz, em qualquer caso, a bem dos filhos, regular de maneira diferente da estabeleci- da nos artigos antecedentes a situação deles para com os pais. Art. 1.740. Incumbe ao tutor, quanto à pes- soa do menor: II - reclamar do juiz que providencie, como houver por bem, quando o menor haja mis- ter correção; Direito Constitucional EDITORA APROVAÇÃO 4. Questão Comentada Comentários: I. Os brasileiros no exterior podem se casar pe- rante as autoridades consulares. Verdadeiro. Nos termos do art. 18 da LICC, “Tratando-se de bra- sileiros, são competentes as autoridades consulares brasileiras para lhes celebrar o casamento e os mais atos de Registro Civil e de tabelionato, inclusive o registro de nascimento e de óbito dos filhos de bra- sileiro ou brasileira nascido no país da sede do Con- sulado.” II. O divórcio de estrangeiros proferido no exte- rior deve passar pelo Supremo Tribunal Federal. Falso. A Lei Brasileira não é competente para julgar divór- cio de estrangeiros proferidos no exterior, seria um absurdo se fosse diferente. III. O casamento de estrangeiros celebrado no Brasil segue, em qualquer caso, o princípio da lei de sua nacionalidade. Falso. Em regra, quanto aos Direitos de Personalidade – co- meço e fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família – é aplicada a lei do domicílio da pessoa (art. 7º, caput da LICC). O casamento realizado no Brasil segue a lei brasilei- ra, quanto aos impedimentos e formalidades (art. 7º, § 1º da LICC). Quando ambos os nubentes estrangeiros forem de mesma nacionalidade, poderá ser realizado o casa- mento perante autoridade consular, aplicando-se então a lei da nacionalidade (art. 7º, § 2º da LICC). Casamento de nubentes com domicílio diverso apli- ca-se, no tocante à invalidade do matrimonio e re- gime de bens, a lei do primeiro domicilio do casal, e sobre regime de bens, caso mesmo domicílio, a do domicílio do casal (art. 7º, §§ 3º e 4º da LICC). IV. O domicilio da mãe estender-se-á aos filhos menores e ao cônjuge. Falso. Domicilio Familiar – cônjuge e filhos não emancipa- dos / incapazes – Rege pelo Domicilio do Chefe de Família (art. 7º, § 7º da LICC). V. A aquisição da nacionalidade brasileira por naturalização permite a mudança do regime de bens. Verdadeiro. Estrangeiro casado ao naturalizar brasileiro pode al- terar o regime de bens – comunhão parcial de bens – anuência do cônjuge (art. 7º, § 5º da LICC). Resposta Correta Letra “B”, as alternativas I e V estão corretas. Direito Civil14 TRF5 - Juiz Substituto – 2001 Instruções: A questão abaixo apresenta cinco proposições das quais SOMENTE duas estão corretas. Para respondê-las use a chave abaixo. Estão corretas SOMENTE as proposições (A) I e II (B) I e V (C) II e III (D) III e IV (E) IV e V Família. I. Os brasileiros no exterior podem se casar peran- te as autoridades consulares. II. O divórcio de estrangeiros proferido no exterior deve passar pelo Supremo Tribunal Federal. III. O casamento de estrangeiros celebrado no Bra- sil segue, em qualquer caso, o princípio da lei de sua nacionalidade. IV. O domicilio da mãe estender-se-á aos filhos menores e ao cônjuge. V. A aquisição da nacionalidade brasileira por na- turalização permite a mudança do regime de bens. EDITORA APROVAÇÃO 15Direito Constitucional 2. Direito Civil - Código Civil Brasileiro - das Pessoas Naturais 1. Introdução.......................................................16 2. Das Pessoas Naturais.....................................16 2.1 Conceito e Capacidade..........................16 2.2 Das Incapacidades.................................17 2.2.1 Absolutamente Incapazes...............................................17 2.2.1.1 Menores de dezesseis anos...........................19 2.2.1.2 As Pessoas sem discernimento...........................19 2.2.1.3 Os que não puderem exprimir sua vontade................18 2.2.2 Relativamente Incapazes.............18 2.2.2.1 Os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos..............................18 2.2.2.2 Os ébrios habituais, os toxicômanos e os de deficiência mental reduzida.....19 2.2.2.3 Os Excepcionais sem desenvolvimento mental completo......................19 2.2.2.4 Os Pródigos...................19 2.2.2.5 Os Índios, os Falidos e Os Condenados Criminalmente.........................20 2.3 Do Início da Capacidade.......................20 2.4 Início da Personalidade Jurídica...........21 2.5 Fim da Personalidade Jurídica da Pessoa Natural........................................21 2.5.1 Morte Presumida com declaração de ausência.................21 2.5.2 Morte Presumida sem declaração de ausência..................22 2.5.3 Comoriência.................................222.6 Individualização da Pessoa Natural.............................................22 2.6.1 Nome.............................................22 2.6.2 Estado...........................................23 2.6.3 Domicilio ......................................23 2.7 Direitos da Personalidade.....................23 2.7.1 Características do Direito da Personalidade......................23 2.7.2 Disposição do Próprio Corpo........................................24 2.7.3 Tratamento Médico de Risco..................................................24 2.7.4 Direito de Nome...........................24 2.7.5 Proteção à palavra e à imagem.............................................24 2.7.6 Proteção da Intimidade...............24 3. Questão Comentada......................................25 15 Direito Civil Direito Constitucional EDITORA APROVAÇÃO 1. Introdução O conceito de pessoa remete-se ao latim persona que era uma máscara utilizada pelo atores em Roma para ressoar melhor a voz, significando soar com in- tensidade 1 . Na Idade Média esse conceito foi adotado para de- signar o papel desenvolvido pelo ser humano en- quanto ator de sua própria vida. Do ponto de vista jurídico a pessoa é o sujeito capaz de adquirir direitos e contrair obrigações, podendo ser dividido em Pessoa Natural (nova designação de Pessoa Física) e Pessoa Jurídica (ente fictício criado pela Norma para satisfazer necessidades sociais). • Pessoa Natural – ser humano • Pessoa Jurídica – ente ficto □Direito Público ■ Externo – Estado Soberano Estrangeiro e todas as pessoas que forem regidas pelo Direito Internacional Público ■ Interno – a União; os Estados, o Distri to Federal e os Territórios; os Municípios; as autarquias, inclusive as associações públicas; as demais entidades de caráter público criadas por lei. □Direito Privado – as sociedades simples (civis); sociedades empresárias (comerciais); as associações; as fundações; as organizações religiosas; os partidos políticos. 2. Das Pessoas Naturais 2.1 Conceito e Capacidade O artigo primeiro do Código Civil disciplina que “toda pessoa é capaz de direitos e deveres”. Dessa forma, pelo simples fato de uma pessoa hu- mana existir, em tese, ela já é dotada da capacidade de adquirir direitos e contrair obrigações. 1 GOMES, Orlando; Introdução ao Direito Civil; 2007; Forense. A Capacidade é uma medida da Personalidade, sen- do que esta somente terá seu início, no Brasil, com o nascimento com vida. • Capacidade é a aptidão para ser sujeito de direitos e obrigações e exercer os atos da vida civil por si e por outrem; • Personalidade é o conjunto de capacidades (aptidões) referentes a uma pessoa. A Capacidade poderá ser dividida em Capacidade de Direito e de Fato: • Capacidade de Direito – TODAS AS PESSOAS POSSUEM – é a capacidade de adquirir ou gozar os direitos; • Capacidade de Fato – SOMENTE OS CAPAZES POSSUEM – é a aptidão para exercer, por si só, os atos da vida civil, também chamada de “capacidade de ação”. A Capacidade não pode ser confundida com legiti- mação, pois em alguns casos a pessoa pode ser ca- paz para o exercício de um ato da vida civil, mas para poder executá-lo necessita de legitimação (aptidão para a pratica de determinado ato). Por exemplo: venda de ascendente para descendente (art. 496 do CC 2 ) A Capacidade Plena é o poder de exercer a Capacida- de de Direito e a Capacidade de Fato. A Capacidade Limitada é o poder de exercer apenas Capacidade de Direito, necessitando da ajuda de ou- tra pessoa para poder exercer a sua vontade. Essas pessoas são denominadas Incapazes. 2 Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, sal- vo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressa- mente houverem consentido. Direito Civil16 EDITORA APROVAÇÃO 17Direito Constitucional 2.2 Das Incapacidades A incapacidade para a lei brasileira é apenas de Fato e nunca de Direito, sendo dividida da seguinte for- ma: • Incapacidade Absoluta – proibição total do exercício de direitos por si só, sob pena de nulidade (art. 3º do CC). • Incapacidade Relativa – possibilidade da pratica de alguns atos da vida civil, desde que assistido, sob pena de anulabilidade (art. 4º do CC). O atual Código Civil adota um sistema de proteção ao incapaz, diferente do anterior que tinha uma vi- são de excluir o incapaz das relações civis. 2.2.1 Absolutamente Incapazes São as pessoas que possuem a proibição total da prati- ca da Capacidade de Fato, devendo o ato ser praticado por alguém que o represente legalmente. Sendo o ato praticado sem a representação legal, quer por alguém não habilitado ou somente pelo absolutamente incapaz, o ato é nulo. O Código Civil disciplina: 2.2.1.1 Menores de dezesseis anos Critério estritamente biológico. São conhecidos como menores impúberes, classificados como a pes- soa que não atingiu ainda a maturidade suficiente para a pratica de atividade jurídica. Esse critério atinge ambos os sexos; não leva em consideração qualquer distinção psíquica, amadu- recimento precoce ou desenvolvimento social adap- tativo. Devem ser sempre representados por seu represen- tante legais, que em regra são os pais e na falta destes os tutores. 2.2.1.2 As Pessoas sem discernimento O Código utiliza expressão genérica para referir-se às pessoas que não possuem discernimento para os atos da vida civil, seja em decorrência de enfermida- de ou deficiência mental. São considerados os indivíduos que por motivo de ordem patológica ou acidental, congênita ou adqui- rida, não estão em condições para reger sua pessoa ou administrar seus bens, por exemplo, a demência, paranóia, psicopatia etc. Nossa legislação não contempla o que a ciência mé- dica denomina intervalo lúcido, dessa forma, decla- rado absolutamente incapaz, seus atos serão sempre nulos. Problema Jurídico: o ato praticado pelo deficiente mental antes da sentença é nulo? 1) Alguns autores afirmam que como a deficiência é um estado da pessoa e a sentença é apenas declaratória, dessa forma, os atos praticados antes da sentença também são nulos. 2) O Superior Tribunal de Justiça, adotando a corrente inspirada no Direito Francês, tem entendido que deve ser respeitado o direito do terceiro de boa-fé, dessa forma, somente seria nulo o ato praticado pelo amental, antes da sentença de interdição, se era notório o estado de loucura, isto é de conhecimento público geral 4. 3 Esse processo segue o rito do art. 1.177 e ss. do CPC e da Lei 6.015/73, sendo a sentença de natureza meramente declaratória de uma situação ou estado anterior, devendo ser registrada no Cartório do 1º Ofício de Registro Civil da comarca em que foi proferida para ter efeito erga omnes (art. 92 da LRP). 4 Nesse sentido: STJ - REsp 296895 PR 2000/0142646-0 Relator(a): Ministro CARLOS A. MENEZES DIREITO Publicação: DJ 21.06.2004 p. 214 Ementa: Nulidade de ato jurídico praticado por incapaz antes da senten- ça de interdição. Reconhecimento da incapacidade e da ausên- cia de notoriedade. Proteção do adquirente de boa-fé. Prece 17 Direito Civil Importante: Para que seja declarada a incapacidade absoluta nesse caso é necessário um pro- cesso de interdição 3 . Atenção: A velhice ou senilidade, por si só, não é causa de limitação da capacidade, salvo se motivar um estado patológico que afete o estado mental. Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: I - os menores de dezesseis anos; II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discerni- mento para a prática desses atos;III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. Direito Constitucional EDITORA APROVAÇÃO 2.2.1.3 Os que não puderem exprimir sua vontade A expressão também muito abrangente do código abrange todas as pessoas, temporária ou permanen- temente, que não puderem exprimir a sua vontade, por qualquer razão, inclusive: arteriosclerose, ex- cessiva pressão arterial, coma, paralisia, embriagues não habitual, uso eventual e excessivo de entorpe- centes ou substancia alucinógena, hipnose, etc. Em causas transitória não há que se falar em inter- dição 5 . Dessa forma, “é nulo o ato jurídico exercido por pes- soa de condição psíquica normal, mas que se encon- trava completamente embriagada no momento em que praticou e que, em virtude dessa situação tran- sitória, não se encontrava em perfeitas condições de exprimir a sua vontade” 6. dentes da Corte. 1. A decretação da nulidade do ato jurídico praticado pelo inca- paz não depende da sentença de interdição. Reconhecida pelas instâncias ordinárias a existência da incapacidade, impõe-se a decretação da nulidade, protegendo-se o adquirente de boa-fé com a retenção do imóvel até a devolução do preço pago, devi- damente corrigido, e a indenização das benfeitorias, na forma de precedente da Corte. 2. Recurso especial conhecido e provido 5 Art. 1.767, II do CC. 6 GONÇALVES, Carlos Roberto; Direito Civil: Parte Geral; Sa- raiva; 2008. 2.2.2 Relativamente Incapazes A Capacidade Relativa diz respeito àqueles que pode praticar, por si só, certos atos da vida civil, desde que assistidos. Caso os atos sejam praticados sem a assistência po- derão ser passiveis de anulabilidade por iniciativa do prejudicado. Contudo há hipóteses em que o ato, mesmo sendo praticado sem a assistência, pode ser ratificado ou convalidado pelo representante legal. São relativamente incapazes para os atos da vida ci- vil: 2.2.2.1 Os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos Critério meramente biológico. São conhecidos como menores púberes. Podem praticar atos, por si só, mas precisam da assistência do representante legal. Contudo a legislação permite que pratiquem alguns atos sem a assistência, tais como aceitar mandato, ser testemunha, fazer testamento etc. Caso pratiquem atos sem a assistência, esses podem ser anulados, caso o lesado tome providências ou se o vício não for sanado posteriormente ao ato. Caso dolosamente omitam a idade ou declare-se maior perderão a proteção legal de incapaz e serão compelidos a cumprir a obrigação assumida (art. 180 CC). Direito Civil18 Atenção: - O Surdo-mudo somente é considerado absolutamente incapaz se não puder ma- nifestar sua vontade. Se puder, poderá ser considerado relativamente incapaz ou mesmo plenamente capaz, dependendo do grau de sua expressão, sendo impedi- dos, em regra, apenas a praticar atos que dependam de audição (testemunho). - O Deficiente Visual não está no rol dos incapazes, sendo impedido apenas de prá- ticas que dependam da visão e somente podendo fazer testamentos públicos. - O analfabeto não é considerado incapaz. - O ausente também não é considerado in- capaz. Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer: I - os maiores de dezesseis e menores de dezoi- to anos; II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o dis- cernimento reduzido; III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; IV - os pródigos. Art. 180. O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma obri- gação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior. EDITORA APROVAÇÃO 19Direito Constitucional Somente se opera o presente dispositivo se o erro foi escusável. Caso causem prejuízo, a obrigação de indenizar é do responsável, mas caso este não possam pagar ou não possam fazer, o incapaz responde pelo dano causado (ar. 928 do CC). Mas a obrigação de indenizar, em regra, é sempre do responsável (art. 932 do CC). 2.2.2.2 Os ébrios habituais, os toxicômanos e os de deficiência mental reduzida Somente os dependentes de substância alcoólica ou entorpecentes são considerados relativamente in- capazes, sendo que os usuários eventuais somente serão protegidos pela legislação se no momento do ato da vida civil comprovar não puderam exprimir a sua vontade, sendo protegidos como absolutamente incapazes. Os deficientes mentais aqui protegidos possuem discernimento reduzido. Para haver a proteção legal, também é necessário o processo de interdição, sendo que preceituam os ar- tigos 1.772 e 1.782, que compete ao Juiz, nos casos de interdição dos deficientes mentais, ébrios habituais e drogaditos, determinar, segundo o desenvolvimen- to mental do interdito, os limites da curatela, que poderão ser a privação do direito de sem assistência do curador, praticar os atos que possam onerar ou desfalcar o patrimônio. 2.2.2.3 Os Excepcionais sem desenvolvimento mental completo Qualquer pessoa portadora de deficiência que tenha desenvolvimento mental incompleto pode ser bene- ficiada com a proteção legal da incapacidade relati- va, inclusive os surdos-mudos, os cegos, os portado- res de certas deficiências mentais (os mentalmente fracos), os portadores de anomalias psíquicas etc. Aplicam-se neste caso também os art. 1.772 e 1.782. 2.2.2.4 Os Pródigos Os Pródigos são as pessoas que dilapidam, dissipam o próprio patrimônio e seus bens, fazendo gastos ex- cessivos e anormais. Trata-se de um desvio de personalidade e não de uma alienação mental. 19 Direito Civil Importante: São considerados relativamente incapa- zes apenas os surdos-mudos que não rece- beram educação adequada e permanecem isolados da sociedade. Se puderem expri- mir a sua vontade, são considerados capa- zes. O mesmo vale para todos os outros excep- cionais, Art. 932. São também responsáveis pela re- paração civil: I - os pais, pelos filhos menores que estive- rem sob sua autoridade e em sua compa- nhia; II - o tutor e o curador, pelos pupilos e cura- telados, que se acharem nas mesmas condi- ções; Art. 1.772. Pronunciada a interdição das pes- soas a que se referem os incisos III e IV do art. 1.767, o juiz assinará, segundo o estado ou o desenvolvimento mental do interdito, os limites da curatela, que poderão circuns- crever-se às restrições constantes do art. 1.782. Art. 1.782. A interdição do pródigo só o pri- vará de, sem curador, emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos que não sejam de mera administração. Art. 928. O incapaz responde pelos preju- ízos que causar, se as pessoas por ele res- ponsáveis não tiverem obrigação de fazê- lo ou não dispuserem de meios suficientes. Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser eqüitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem. Direito Constitucional EDITORA APROVAÇÃO 2.2.2.5 Os Índios, os Falidos e Os Condenados Criminalmente. O Código Civil de 2002 não regulamentou a capaci- dade dos índios, remetendo à legislação específica e à Fundação Nacional do Índio – FUNAI. A legislação que regulamenta os silvícolas é a Lei nº. 6.001/73, junto com a lei que criou a FUNAI, Lei nº. 5.371/67, entre outras leis que citam esparsamente a responsabilidades como a Lei de Registros Públicos, Lei nº. 6.015/73. O Falido para a lei brasileira não é considerado em incapaz, tendo apenas restrições em âmbito mer- cantil. Os condenados criminalmente também continuam com capacidade, mas perdem alguns direitos como investiduraem funções públicas, poder familiar etc. 2.3 Do Início da Capacidade Começa a Capacidade Plena quando cessam as con- dições que levam à incapacidade. Dessa forma, a regra é que no primeiro momento do dia em que a pessoa natural completa biologica- mente 18 anos, tem-se o início da Capacidade Plena, devendo por óbvio serem respeitados os demais dis- positivos sobre incapacidade. Contudo existem outras formas, que não a biológica de início da capacidade, que podem ser sintetizadas: • Voluntária – Por concessão dos pais, ou na falta de um deles, do outro; – emancipação parental – requisitos: □ Deve ser Menor Púbere □ Concedida por instrumento público; □ Registro em Cartório de Pessoas Naturais, para produzir efeitos; □ Não necessita de homologação judicial • Judicial – Por sentença judicial □ Quando um dos pais não concorda com a emancipação parental, contrariando a vontade do cônjuge; □ Quando o menor está sob tutela; requisitos: ■Menor Púbere ■Oitiva do Tutor ■Verificação do Juiz da Conveniência para o bem do menor □ Obs.: Para produzir efeitos devem ser registradas em Cartório (art. 9º do CC c/c arts. 107, §1º e 91, parágrafo único da LRP). • Legal – Por determinação da Lei: □ Pelo Casamento; requisitos: ■Idade mínima nupcial do homem e da mulher – 16 anos – menor púbere; ■ Autorização de ambos os pais (enquanto menores); ■ Conseqüências: Direito Civil20 O atual Código Civil não interdita o Pródi- go em benefício do cônjuge, descendentes ou ascendentes, mas sim para protegê-lo, por isso, é que a interdição ficará restri- ta apenas aos atos de administração que acarretem comprometimento do patri- mônio, tais como emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado. Pode praticar por si só, sem a presença do curador, os demais atos da vida civil, como casar, fixar domicílio do casal, dar autori- zação para casamento de filhos etc. Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial. Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. Parágrafo único. A capacidade dos índios Pa- rágrafo único. Cessará, para os menores, a in- capacidade: I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; II - pelo casamento; III - pelo exercício de emprego público efetivo; IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. EDITORA APROVAÇÃO 21Direito Constitucional • Uma vez emancipado pelo casamento não retorna a incapacidade, mesmo que o casamento seja anulável ou que haja posterior divórcio. • No caso de nulidade, como o casamento era nulo, a emancipação também o é. □Por exercício de emprego público ■ Deve ser efetivo; não pode ser os diaristas, os contratados e os nomeados para cargos em comissão. ■ Contudo algumas decisões judiciais já abrandaram o rigor da lei e entendem que deve prevalecer o status de Servidor Público, pois ao ser admitido assim já demonstra a maturidade. Mais ainda, o simples emprego, com estabelecimento de economia própria, já é suficiente para a emancipação. □ Por colação de Grau em curso de ensino supe- rior □ Por estabelecimento civil ou comercial ou pela existência de relação de emprego com eco- nomias próprias ■ Mínimo ser menor púbere 2.4 Início da Personalidade Jurídica Como verificado anteriormente a Personalidade Ju- rídica é o conjunto das Capacidades (aptidões) que uma Pessoa Natural possui. A Pessoa Natural, para a lei brasileira, somente será considerada como tal, se houver o nascimento com vida, passando então a ter Personalidade Jurídica. O nascimento com vida é a primeira respiração. Caso o ser nasça, mas não respire, não adquire Per- sonalidade Jurídica e consequentemente não existiu para o Direito Brasileiro. Caso esse ser nasça e respire, ainda que uma única vez, ele adquire a Personalidade Jurídica e conse- quentemente passou a ter a Capacidade de Direito. 2.5 Fim da Personalidade Jurídica da Pessoa Natural Em regra, o fim da Personalidade Jurídica se dá com a morte real da pessoa natural. Mas excepcional- mente a Personalidade Jurídica pode terminar com a declaração de ausência, quando há presunção da morte, quando a lei autorizar. Doutrinariamente existem três tipos de Morte: • Morte Real – quando a Pessoa Natural é cientificamente declarada morta, provando-se pelo atestado de óbito, que deve ser declarada por um profissional da Medicina ou em casos excepcionais por duas pessoas; • Morte Civil - Existente no Direito Romano, nos casos de Falência. No Direito Brasileiro há apenas resquícios, ex.: herdeiro afastado por indignidade. • Morte Presumida – Quando a lei estabelece situações que levam a crer estar a pessoa natural morta, com ou sem declaração de ausência. 2.5.1 Morte Presumida com declaração de ausência Ausente é a pessoa natural que desaparece sem que noticie ou saibam o seu paradeiro. Dessa forma, não basta que a pessoa não esteja presente, deve-se não se ter notícia da pessoa e de seu paradeiro para que seja declarada ausência. Para a que seja declarado presumidamente morto a pessoa natural por ausência é necessária que se cumpram três fases: 1) Declaração da Ausência e nomeação de cura- doria dos bens – hipóteses de desaparecimen- to real ou desaparecimento com nomeação de procurador que não queira ou não possa exercer o mandato. 21 Direito Civil Cuidado: Embora não tenha Personalidade Jurídi- ca, o Direito Brasileiro protege os direitos do nascituro desde a sua concepção. Art. 2º A personalidade civil da pessoa come- ça do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nas- cituro. Art. 6o A existência da pessoa natural ter- mina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autori- za a abertura de sucessão definitiva. Direito Constitucional EDITORA APROVAÇÃO 2) Sucessão Provisória – 01 ano depois da deci- são que nomeou curador ou 03 anos se deixou procurador solicita-se a declaração da ausência e abertura da sucessão provisória 3) Sucessão Definitiva – Passados 10 anos da sentença transitada em julgado da sucessão provisória ou provando que o ausente conta com oitenta anos e faz cinco anos que não se tem notícia, solicita-se a sucessão definitiva. 2.5.2 Morte Presumida sem declaração de au- sência A Lei Brasileira permite que haja presunção de mor- te, sem declaração de ausência, nas hipóteses em que é provável pelo caso concreto que a pessoa en- contre-se morta. 2.5.3 Comoriência Se duas ou mais pessoas morrem ao mesmo tem- po, sem poder precisar qual delas morreu primeiro, tem-se a comoriência. 2.6 Individualização da Pessoa Natural 2.6 Individualização da Pessoa Natural A pessoa natural identifica-se na sociedade pelo nome, estado e pelo domicílio. 2.6.1 Nome É o primeiro elemento de individualização da Pessoa Natural, designação da qual a Pessoa é conhecida em seu meio social e familiar, sendo que a expressão “nome” compreende o nome completo, que é com- posto pelo prenome e sobrenome: O Direito também protege, igualmente o faz como o nome, o pseudônimo utilizado para atividades lí- citas: . Alguns autores classificam o nome como um Direito de Propriedade, outros como um Direitode Proprie- dade sui generis. Mas a classificação mais moderna, defendida por Li- mongi França e que foi adotada pelo Código Civil, é que o nome é um Direito da Personalidade. Direito Civil22 Importante: Não há transferência de bens entre comorientes. Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado representante ou procura- dor a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausên- cia, e nomear-lhe-á curador. Art. 23. Também se declarará a ausência, e se nomeará curador, quando o ausente dei- xar mandatário que não queira ou não pos- sa exercer ou continuar o mandato, ou se os seus poderes forem insuficientes. Art. 26. Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou repre- sentante ou procurador, em se passando três anos, poderão os interessados requerer que se declare a ausência e se abra provisoria- mente a sucessão. Art. 37. Dez anos depois de passada em jul- gado a sentença que concede a abertura da sucessão provisória, poderão os interessa- dos requerer a sucessão definitiva e o levan- tamento das cauções prestadas. Art. 38. Pode-se requerer a sucessão defini- tiva, também, provando-se que o ausente conta oitenta anos de idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele. Art. 7º Pode ser declarada a morte presumi- da, sem decretação de ausência: I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra. Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento. Art. 8º Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averi- guar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamen- te mortos. Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobreno- me. Art. 19. O pseudônimo adotado para ativi- dades lícitas goza da proteção que se dá ao nome EDITORA APROVAÇÃO 23Direito Constitucional O Nome possui um aspecto público (no sentido de identificar a Pessoa Natural) e um aspecto individual (abrangendo o direito de uso e o direito de defendê- lo contra usurpação): Trata-se de um direito inalienável e imprescritível, essencial para o exercício regular dos direitos e do cumprimento das obrigações. 2.6.2 Estado O Estado é a soma das qualificações da pessoa, no intuito de enquadrá-la socialmente. O Estado se divide em: • Individual – modo de ser a pessoa características pessoais físicas / psicológicas – idade, sexo, cor, altura, capaz, incapaz etc. • Familiar – como a pessoa se apresenta no seio social – solteiro, casado, viúvo, divorciado, pai, filho, irmão, sogro, cunhado etc. • Político – como ele se apresenta perante o Estado – nacional, estrangeiro, nato, naturalizado. As características do Estado são: • Indivisibilidade – o Estado é uno, ninguém pode ter duas características opostas ao mesmo tempo em relação à mesma pessoa ou coisa, por exemplo, casado e solteiro. Dupla Nacionalidade é exceção. • Indisponibilidade – São condições inalienáveis, mas pode ser mudada. • Imprescritibilidade – Elemento integrante da personalidade, não se perde nem se adquire pela prescrição. 2.6.3 Domicilio O Domicílio é, em regra, o lugar em que a pessoa natural estabelece a sua residência com vontade de lá permanecer. 2.7 Direitos da Personalidade Os Direitos da Personalidade são direitos inerentes à Pessoa Natural, estando ligados à ela de forma per- manente, sem conteúdo econômico imediato, por isso se distinguem-se totalmente dos Direitos Patri- moniais Destacam-se o direito à vida, à liberdade, à indivi- dualidade, ao nome, ao próprio corpo, à imagem e à honra. O Coordenador do Código Civil Brasileiro, Professor Miguel Reale explicita: “tratando-se de matéria de per si complexa e de significação ética essencial, foi preferido o enunciado de poucas normas dotadas de rigor e clareza, cujos objetivos permitirão os naturais desenvolvimentos da doutrina e da jurisprudência”. 2.7.1 Características do Direito da Persona- lidade O Código Civil estabelece que os Direitos da Perso- nalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, mas são também inalienáveis e imprescritíveis. 23 Direito Civil Art. 17. O nome da pessoa não pode ser em- pregado por outrem em publicações ou re- presentações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória. Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial. Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lu- gar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo. Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver di- versas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas. Art. 72. É também domicílio da pessoa natu- ral, quanto às relações concernentes à pro- fissão, o lugar onde esta é exercida. Parágrafo único. Se a pessoa exercitar pro- fissão em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem. Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa na- tural, que não tenha residência habitual, o lugar onde for encontrada. Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a intenção manifesta de o mudar. Parágrafo único. A prova da intenção resul- tará do que declarar a pessoa às municipa- lidades dos lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se tais declarações não fizer, da pró- pria mudança, com as circunstâncias que a acompanharem. Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intrans- missíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. Direito Constitucional EDITORA APROVAÇÃO Disso, pode a pessoa natural exigir que cesse qual- quer lesão ou ameaça aos seus Direitos da Persona- lidade, podendo exigir indenizações e ainda outras sanções cabíveis. 2.7.2 Disposição do Próprio Corpo Não pode (é proibido), salvo por exigência médica, a pessoa natural dispor do próprio corpo quando im- portar diminuição permanente da integridade físi- ca, ou contrariar os bons costumes. Também se excepciona esta proibição os casos de transplantes de órgãos, nos termos da legislação es- pecifica, e para depois da morte a disposição do cor- po para fins altruísticos (busca do bem do próximo) ou científico. 2.7.3 Tratamento Médico de Risco Nos casos de tratamentos médicos ou intervenções cirúrgicas que corram risco de perder a vida a Pessoa Natural pode se reusar ao Procedimento. Importante salientar que nesses casos essa regra obriga que os Médicos não atuem sem a anuência do paciente, sob pena de responsabilidade civil. 2.7.4 Direito de Nome Como já foi esboçado anteriormente apresentamos nesta parte apenas a legislação pertinente. 2.7.5 Proteção à palavra e à imagem Ninguém poderá utilizar-se, sem autorização do au- tor, de escritos, transmissão de palavras, publicação e imagem da Pessoa Natural, se isso ferir-lhe a hon- ra, a boa fama ou a respeitabilidade ou se destina- rem para fim comercial. Excepciona-se essa regra, se forem utilizadas com autorização, ou para administração da justiça ou à manutenção da ordem pública. Sobre proteção da palavra e a divulgação de escritos é mais bem regulamentada pela Lei nº. 9.610/98. 2.7.6 Proteção da Intimidade Em conformidade com o art. 5º, X da Constituição da República, o Código Civil protege a intimidade da Pessoa Natural, sendo inviolável
Compartilhar