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Introdução Geral a Bíblia

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2 
SUMÁRIO 
 
 
O CARÁTER DA BÍBLIA E A NATUREZA DA INSPIRAÇÃO ........................... .3 
 
A INSPIRAÇÃO DOS DOIS TESTAMENTOS ......................................................... 7 
 
EVIDÊNCIAS DA INSPIRAÇÃO DA BÍBLIA ........................................................ 13 
 
O DESENVOLVIMENTO E EXTENSÃO DO CÂNON NO A.T. .......................... 18 
 
O DESENVOLVIMENTO E EXTENSÃO DO CÂNON DO N.T. .......................... 23 
 
AS LÍNGUAS E OS MATERIAIS DA BÍBLIA ........................................................ 28 
 
OS PRINCIPAIS MANUSCRITOS DA BÍBLIA ...................................................... 31 
 
O DESENVOLVIMENTO DA CRÍTICA TEXTUAL ............................................. 39 
 
TRADUÇÕES E BÍBLIAS ARAMAICAS, SIRÍACAS, 
LATINAS, GREGAS E AFINS ................................................................................... 45 
 
TRADUÇÕES MODERNAS ....................................................................................... 54 
 
BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................... 57 
 
 
 
3 
O CARÁTER DA BÍBLIA E A NATUREZA DA INSPIRAÇÃO 
 
A Bíblia é um livro singular. Um dos livros mais antigos do mundo é o bestseller 
mundial por excelência. Produto do mundo oriental antigo que moldou o mundo ocidental 
moderno. 
A palavra Bíblia (livro) entrou para as línguas modernas por intermédio da língua 
francesa, passando primeiro pelo latim Bíblia, com origem no grego Biblos. 
 
Os Dois Testamentos 
 
O A.T. foi escrito pela comunidade judaica e por ela preservado por mais ou menos 3 
milênios e meio. O N.T. foi composto pelos discípulos de Cristo ao longo de século I d.C. 
A palavra testamento, que seria mais bem traduzida por “aliança” é tradução de 
palavras hebraicas e gregas que significam “pacto ou acordo” celebrado entre duas partes. Na 
realidade as Escrituras em si não são a Aliança (ou o Testamento) propriamente dita, mas o 
registro e o desenrolar dos fatos que envolveram a aliança de Deus e Seu povo no AT e tem 
continuidade no NT. Quando o povo não foi fiel, quebrou a aliança, esta foi anulada para eles. 
Perderam a fé em Deus e o rejeitaram, mas Deus continuou estendendo Sua graça, a aliança 
de salvação, que foi a mesma sempre, através do Cordeiro prometido no AT e revelado no NT 
– através do Filho de Deus. Porém, durante todo esse processo de aceitação e de rejeição da 
aliança com Deus por parte dos que ouviram Seu evangelho, as Escrituras (AT e NT) jamais 
perderam seu valor e autoridade. Não se deve confundir as Escrituras que contém a aliança 
abolida com a própria aliança. Todas as mensagens centrais do AT encontram a sua realidade 
no NT e a base do NT está no AT. Um não mantém sua força sem o outro. 
A Bíblia divide-se comumente em oito seções, quatro do A.T. e quatro do N.T. 
O A.T. divide-se em: a Lei (Pentateuco) – 5 livros / História - 12 livros / Poesia – 5 livros / 
Profetas – 17 livros. 
O N.T. divide-se em: Evangelhos – 4 livros / História – 1 livro / Epístolas – 21 livros / 
Profecia – 1 livro. 
A divisão do A.T. em quatro seções baseia-se na disposição dos livros por tópicos, 
com origem na tradução das escrituras sagradas para o grego. Essa tradução, conhecida como 
a versão dos Septuaginta (LXX), foi iniciada no século III a.C. A Bíblia judaica não segue 
esta divisão tópica dos livros em quatro partes, antes se emprega uma divisão de três partes; a 
Lei (Tora), os Profetas e os Escritos. 
4 
As Bíblias antigas não era dividida em capítulos e versículos. Para facilitar, Stephen Langton 
dividiu a Bíblia em capítulos em 1227 d.C. e Robert Stephanus acrescentou a divisão em 
versículos em 1551. 
 
Inspiração da Bíblia 
“Toda escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, 
para corrigir, para instruir em justiça” (2 Tm. 3:16). 
Pela revelação, Deus falou aos profetas de muitas maneiras (Heb. 1:1): mediante anjos, 
visões, sonhos, vozes e milagres. Inspiração é a forma pela qual Deus falou aos homens 
mediante os profetas, as palavras dos profetas não partiam deles próprios, mas de Deus. A 
definição teológica da inspiração contém três elementos essenciais: a causalidade divina, a 
mediação profética e a autoridade escrita. 
A causalidade divina - Deus é a fonte primordial da inspiração da Bíblia. 
A mediação profética - os profetas que escreveram as escrituras não eram autômatos, mas 
com seus estilos literários e seus vocabulários individuais, Deus usou personalidades humanas 
para comunicar posições divinas. 
A Autoridade escrita - o produto final da autoridade divina em operação por meio dos 
profetas é a autoridade escrita de que se reveste a Bíblia. 
 
Distinções Importantes 
Inspiração diz respeito à exposição da verdade, ou seja, é o meio que Deus usou para falar ao 
homem através da Bíblia dando autoridade escrita. 
A Revelação é o fato da comunicação divina, ou seja, é o que Deus revela através da profecia. 
Iluminação é a devida compreensão dessa verdade descoberta, ou seja, é a compreensão dos 
escritos. 
Resumindo, a Bíblia é um livro incomum. Compõe-se de dois testamentos formados de 66 
livros, os quais declaram ou comprovam a inspiração divina. Ela possui a absoluta autoridade 
de Deus, para formar o pensamento e a vida cristã. Isso significa que tudo quanto a Bíblia 
ensina constitui tribunal de apelação infalível para o cristão. 
 
A Natureza da Inspiração 
 
Durante quase dezoito séculos, a idéia sobre a inspiração da Bíblia não foi 
questionada de forma que viesse a causar prejuízos para a igreja e a própria Bíblia. Contudo, 
5 
com o desenvolvimento de conceitos modernistas e existencialistas na sociedade, a idéia de 
inspiração bíblica dividiu-se em três grandes teorias. São elas: 
1. Ortodoxia – A Bíblia é a Palavra de Deus 
Defendem que a Bíblia é realmente o registro escrito inspirado por Deus. Possui duas 
correntes de pensamento: 
a. Ditado Verbal – A Bíblia foi ditada por Deus palavra por palavra. 
b. Conceitos Inspirados – Deus deu aos profetas a inspiração dos conceitos e 
os homens exprimiram em termos humanos, segundo seus próprios estilos. 
Os autores do livro, “Introdução Bíblica”, William Nix e Norman Geisler, defendem 
o caráter ortodoxo da inspiração bíblica, isto é, eles defendem que a Bíblia é a palavra de 
Deus. Porém, crêem na idéia que a Bíblia foi ditada palavra por palavra, ou seja, conceito 
verbal. 
No livro Nisto Cremos, é possível encontrar a posição oficial da Igreja Adventista do 
Sétimo Dia quanto a inspiração bíblica que a define como conceitual. Os homens sãos 
inspirados e enchidos de pensamentos pelo Espírito que também os capacita a registrar a 
mensagem. Embora usando a linguagem, estilo e recursos humanos a Bíblia é a Palavra de 
Deus. 
A singularidade das Escrituras baseia-se em sua origem e fonte. Os autores bíblicos 
destacaram freqüentemente o fato de que não eram os originadores de suas mensagens. Eles 
as recebiam das fontes divinas. Através da revelação divina, eles haviam sido habilitados a 
“ver” estas verdades (Isa. 1:1; Amós 1:1; Miq. 1:1; Hab. 1:1; Jer. 38:21). Os escritores 
bíblicos indicaram o Espírito Santo como sendo a fonte de suas revelações. Ele Se 
comunicava com o povo através dos profetas (Nee. 9:30; Zac. 7:12). Davi declarou: “O 
Espírito do Senhor fala por meu intermédio, e a Sua palavra está na minha língua” (II Sam. 
23:2). Ezequiel escreveu: “Então, entrou em mim o Espírito”, “caiu, pois, sobre mim o 
Espírito do Senhor”, “depois, o Espírito de Deus me levantou” (Ezeq. 2:2; 11:5 e 24). E 
Miquéias testificou: “Eu, porém, estou cheio dopoder do Espírito do Senhor” (Miq. 3:8). O 
Novo Testamento reconhece o papel desempenhado pelo Espírito Santo na produção do 
Antigo Testamento. Jesus disse que Davi fora inspirado pelo Santo Espírito (Mar. 12:36). 
Semelhantemente, Paulo percebeu que o Espírito Santo falara “através de Isaías” (Atos 
28:25). Pedro salientou o fato de que o Espírito Santo não operara por intermédio de uns 
poucos homens selecionados, e sim através de todos os profetas (I Ped. 1:10 e 11; II 
Ped.1:21). Por vezes a figura do autor humano desaparece completamente, e apenas o 
verdadeiro autor – o Santo Espírito – passa a falar: “Assim, pois, como diz o Espírito Santo”; 
6 
“querendo com isto dar a entender o Espírito Santo...” (Heb. 3:7; 9:8). São inúmeras as 
evidências bíblicas de que o autor da Bíblia é o próprio Deus. Quanto à inspiração, Paulo 
mostra que “toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino” (II Tim. 3:16). A 
palavra grega theopneustos, aqui traduzida como “inspirada”, significa literalmente “soprada 
pr Deus”. Deus “soprou” a verdade nas mentes dos homens, os quais expressaram estas 
mesmas verdades em suas próprias palavras, que foram consolidadas nas Escrituras. Portanto, 
inspiração é o processo através do qual Deus comunica Sua verdade eterna. A revelação 
divina foi concedida através da inspiração de Deus, ou – conforme Pedro menciona, tendo em 
mente a revelação profética – “homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo 
Espírito Santo” (II Ped. 1:21). Eles traduziram estas revelações em linguagem humana com 
todas as limitações e imperfeições de que esta se acha revestida, mas ainda assim aquele era o 
testemunho de Deus. Os homens – não as palavras – foram inspirados. Percebe-se neste ponto 
que a Igreja Adventista diverge de outros quanto ao pensamento de que os homens não são 
inspirados. Na verdade, a idéia bíblica é que a verdadeira inspiração não tira a individualidade 
do escritor, pelo contrário, o profeta ainda dispunha da faculdade de utilizar seu próprio estilo 
e palavras para dizer as coisas. Isso significa que a Bíblia “não é a maneira de pensar e 
exprimir - se de Deus” diz Ellen White em Mensagens Escolhidas, vol. 1, 21. Ela também 
afirma: “A inspiração não atua nas palavras do homem ou em suas expressões, mas no próprio 
homem que, sob a influência do Espírito Santo, é possuído de pensamentos. As palavras, 
porém, recebem o cunho da mente individual. A mente divina é difusa. A mente divina, bem 
como Sua vontade, é combinada com a mente e a vontade humanas; assim as declarações do 
homem são a Palavra de Deus”. É verdade que existe uma exceção à regra, quando fala-se 
sobre os Dez Mandamentos, cujas palavras foram ditadas e escritas pelo próprio Deus. 
A Igreja Adventista do Sétimo Dia concorda com a definição de inspiração 
conceitual, onde Deus mostrou Sua mensagem ao escritor ou profeta, e este, movido pelo 
Espírito, exprimiu as verdades eternas e divinas em seu próprio estilo e contexto em que vivia. 
 
2. Modernismo – A Bíblia contém a Palavra de Deus 
Esta teoria defende a idéia de que certas partes da Bíblia são inspiradas e divinas, 
mas outras são meramente humanas e apresentam erros. E é dividida em dois conceitos 
também: 
a. Conceito da Iluminação – Iluminação religiosa concedida por Deus a apenas 
determinados autores. 
7 
b. Conceito da Intuição – A Bíblia não é um registro divino, não passando apenas de 
uma caderneta de rascunho dos judeus para registro de lendas e histórias sem valor histórico. 
3. Neo-Ortodoxia – A Bíblia torna-se a Palavra de Deus 
A Bíblia torna-se a Palavra de Deus mediante um encontro pessoal entre Deus e o 
homem. Ela possui duas visões: 
a. Visão Demitizante – A Bíblia foi elaborada com trajes mitológicos, e que a tarefa 
do crente é despi-la de seus mitos e descobrir o conhecimento existencial que ela possui. 
b. Encontro Pessoal – A Bíblia é uma revelação divina a pessoas do passado e não a 
Palavra de Deus. Porém, quando o homem moderno necessita de algo, basta apenas ir até a 
“revelação” e este terá um encontro pessoal com seu Deus. 
 
Ensino Bíblico Sobre Inspiração 
a. A Inspiração é o processo pelo qual Deus comunica Sua verdade eterna – II Tim. 
3:16 
Diz a Bíblia que tais verdades vieram da parte de Deus – Êx.24:4; II Sam.23:2; 
Jer.26:2; Mat.4:4,7; Luc.24:27,44; I Cor.2:13; Apo.22:19; Mat.5:18 
b. A Inspiração é Plena – II Tim. 3:16 
Toda a Bíblia recebeu total e plena autoridade divina. 
c. A Inspiração Atribui Autoridade – João 10:35 
A Bíblia provém de Deus e está envolta na autoridade divina que o próprio Deus lhe 
concedeu. 
 
Implicações da Doutrina Bíblica da Inspiração 
a. O AT e o NT estão em pé de igualdade quanto a sua inspiração. 
b. A inspiração compreende vários estilos literários e diversas fontes 
c. Inspiração pressupõe inerrância, isto é, não contém erros de ordem doutrinária que 
venham interferir na salvação do homem. Todavia, houve erros na reprodução dos textos ou 
cópias, as quais são vistas nas variantes, nas omissões e interpolações feitas pelos escribas. 
 
 
 
A INSPIRAÇÃO DO ANTIGO E NOVO TESTAMENTOS 
 
8 
O Antigo Testamento vindica para si a inspiração divina. Cada profeta, depois de 
Moisés, acrescentou seus escritos sagrados à coleção existente. Aliás, o segredo da inspiração 
do Antigo Testamento está na função profética de seus escritores. 
O profeta era o porta-voz de Deus, assim chamado de homem de Deus (1Rs. 12:22), 
servo do Senhor (1Rs. 14:18), mensageiro do Senhor (Is. 42:19), vidente (Os. 9:7), homem do 
Espírito (Ez. 3:17). Acima de todas as designações, entretanto, sobressai a de “profeta”, ou 
seja, o porta-voz de Deus. O profeta era aquele que dava a saber o que Deus lhe havia 
revelado, assim os profetas de Deus deveriam falar somente aquilo que o Senhor lhes 
ordenasse. 
Os falsos profetas eram identificados graças às suas profecias falsas e pela falta de 
confirmação miraculosa. Sempre ficou bem claro na função do profeta de Deus que o que 
dizia era palavra da parte de Deus, sendo assim, qualquer que errasse em suas profecias não 
poderiam ser chamados de profetas de Deus. 
Havia várias maneiras de comprovar se o pretendente era ou não um profeta de Deus. 
- Os escritores do Antigo Testamento eram profetas. A pessoa era denominada 
profeta por título ou por função. Nem todos eram profetas por ter estudado para isso, mas 
todos possuíam o dom da profecia. Davi, a quem se atribui a criação de quase metade dos 
salmos, exercia a função de rei. Moisés, o grande legislador e libertador de Israel, é 
denominado profeta (Dt. 18:15; Os. 12:13). 
- Manteve-se um registro oficial dos escritores proféticos. Parece que houve 
continuidade de profetas, e cada um acrescentava seu próprio livro aos escritos proféticos 
anteriores. 
Samuel fundou uma escola de profetas (1Sm. 19:20), cujos alunos mais tarde se 
chamariam “filhos dos profetas” (2Rs. 2:3). 
De acordo com Ezequiel (13:9), havia um registro oficial dos verdadeiros profetas de 
Deus. 
 
Reivindicações Específicas do AT a Favor de Sua Inspiração 
- A inspiração da lei de Moisés. Nas Crônicas, os registros mosaicos são tidos por 
“livros da lei do Senhor, dada por intermédio de Moisés” (2Cr. 34:14). O consenso unânime 
do Antigo Testamento é que os livros de Moisés foram outorgados pelo próprio Deus. 
- A inspiração dos profetas. Segundo a atual divisão do Antigo Testamento, feita 
pelos judeus, os livros dos profetas abrangem os antigos profetas (Josué, Juízes, Samuel e 
Reis) e os profetas posteriores (Isaías, Jeremias, Ezequiel, e os doze profetas 
9 
menores).Também esses vindicam autoridade divina. De Isaías até Malaquias, o leitor é 
literalmente bombardeadopor expressões reveladoras da autoridade divina. 
- A inspiração dos escritos. É provável que o Antigo Testamento originariamente 
tivesse apenas duas divisões básicas: a lei e os profetas. Esta última seção seria dividida 
posteriormente em profetas e escritos. Salmos, o primeiro livro dessa coleção, foi escrito em 
grande parte por Davi, que dizia que seus salmos lhe haviam sido dados pelo Espírito (2Sm. 
23:2). Do início ao fim, a doutrina da inspiração do Antigo Testamento está solidamente 
instalada em numerosos trechos, os quais sustentam sua origem divina. 
 
Referências do Novo Testamento à Inspiração do Antigo Testamento 
No Novo Testamento, há referências à inspiração de determinadas partes ou seções 
do Antigo Testamento. Finalmente, há citações de livros específicos do cânon judaico. 
O Novo Testamento reconhece a inspiração do Antigo Testamento de muitas 
maneiras. Às vezes, o Novo Testamento usa expressões como “Escrituras”, “Palavra de 
Deus”, “a lei”, “os profetas”, “a lei e os profetas” e “oráculos de Deus”. 
- Escrituras - para referir-se à coleção de escritos judaicos dotados de autoridade 
divina. Disse Jesus: “ A Escritura não pode ser anulada” (Jo. 10:35). Nessas e em muitas 
outras referências o Novo Testamento reconhece que o Antigo Testamento como um todo são 
escritos inspirados por Deus. 
- Palavra de Deus é expressão que aparece menos comumente, mas talvez seja a 
alusão mais forte à inspiração divina do Antigo Testamento. Em Marcos 7:13 Jesus acusou os 
fariseus de invalidar “a palavra de Deus”, e empregou a expressão como sinônimo de 
“Escrituras”. 
- Lei - em geral é palavra que se refere ao Antigo Testamento como forma abreviada 
de “lei de Moisés’’. Em João 10:34 provavelmente é um desses casos mais significativos. 
-A Lei e os profetas - Jesus usou essa expressão duas vezes em seu famoso sermão 
(Mt. 5:17; 7:12), afirmando ter vindo à terra a fim de cumprir “a lei e os profetas”, os quais 
jamais haveriam de passar. 
Os profetas - Na verdade, o titulo “profetas” é usado em paralelo com a expressão 
“lei e os profetas” (Lc. 24:25, 27), referindo-se claramente a todo o Antigo Testamento. 
- Oráculos de Deus - Em certa passagem, declara-se a necessidade de alguém 
“ensinar os princípios elementares dos oráculos de Deus” (Hb. 5:12). 
10 
- Está escrito - é expressão que se encontra mais de noventa vezes no Novo 
Testamento. Eis alguns exemplos: “ Por que, pois está escrito que o Filho do homem deve 
sofrer muito e ser rejeitado?” (Mc. 9:12; cf. 14:21). 
- Para que se cumprissem as Escrituras - é expressão encontrada com muita 
freqüência no Novo Testamento em referência ao Antigo Testamento como um todo. Jesus 
disse “ que era necessário que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito” na Lei, nos 
Profetas e nos Salmos (Lc. 24:44). 
 
Referências do Novo Testamento a Livros Específicos do Antigo Testamento 
Dos 22 livros do cânon judaico mencionados por Josefo (Contra Ápion, I, 8), cerca 
de 18 são citados no Novo Testamento como autorizados. Não se encontram menções a 
Juízes, a Crônicas, a Ester e ao Cântico dos Cânticos, ainda que haja referências a 
acontecimentos de Juízes (Hb 11:32) e de Crônicas (Mt. 23:35; 2Cr. 24:20). Pode haver uma 
alusão a Cânticos 4:15 na referência que Jesus faz a “águas vivas” (Jo. 4:10), assim também, a 
provável referência à Festa do Purim, de Ester 9, em João 5:1, ou a similaridade entre 
Apocalipse 11:10 e Ester 9:22. 
A criação do homem em Gênesis (1:27) é citada por Jesus em Mateus 19:4, 5. 
Deuteronômio é um dos livros mais citados do Antigo testamento (Mt. 4:4,7 e 4:7). O livro de 
Salmos é outro do Antigo Testamento que se menciona com muita freqüência (At. 2:34 e 35). 
Isaias é muito citado no Novo (Lc.4:18 e 19). Lamentações, anexo a Jeremias na relação dos 
22 livros da Bíblia hebraica, é mencionado em Mateus 27:30. 
Daniel é identificado pelo nome do sermão profético, pregado por Jesus (Mt. 24:15; 
cf. Dn 9:27; 11:31), e Mateus 21:30 reflete Daniel 7:13. 
As referências mais numerosas e significativas quanto à genuinidade e à inspiração 
divina do Antigo Testamento vêm dos lábios do próprio Jesus, o próprio Antigo Testamento 
reivindica a própria inspiração. E o Novo Testamento a confirma de modo maravilhoso. 
 
A Inspiração do Novo Testamento 
Os apóstolos e profetas do Novo Testamento não hesitaram em classificar seus 
escritos como inspirados, ao lado do Antigo Testamento. Seus livros eram respeitados, 
colecionados e circulavam na igreja primitiva como Escrituras Sagradas. O que Jesus declarou 
a respeito do Antigo Testamento, o Senhor prometeu também quanto ao Novo Testamento. 
Há dois movimentos básicos na compreensão das reivindicações do Novo 
Testamento a respeito de sua inspiração. Primeiramente temos a promessa de Cristo de que o 
11 
Espírito Santo guiaria os discípulos no ensino de suas verdades; que constituem o 
fundamento da igreja. Em segundo lugar, há o cumprimento aclamado disso no ensino 
apostólico e nos Escritos do Novo Testamento. 
Cristo nunca escreveu um livro, mas confirmou a autoridade do Antigo Testamento e 
a promessa de inspiração para o Novo Testamento. Na comissão dos doze, Ele lhes prometeu 
a direção do Espírito Santo (Mt.10:19-20; cf. Lc.12:11-12). No envio dos setenta em Lucas 
10:9, Jesus afirma que é chegado a vós o reino de Deus. No sermão do monte das oliveiras, 
Jesus reafirma a promessa da presença do Espírito Santo em seus discípulos (Mc 13:11). Nos 
ensinos durante a última Ceia, Jesus promete a presença do Consolador (Jo. 14:26). Na grande 
comissão Jesus fez a seus discípulos a promessa de que teriam toda autoridade nos céus e na 
terra para realizar a tarefa (Mt. 28:19-20). 
 
A Promessa de Cristo Reivindicada pelos Discípulos 
Lucas afirma estar dando prosseguimento ao ensino de Cristo de forma exata em seu 
relato (At. 1:1; cf. Lc. 1:3-4). E vemos a primeira igreja se caracterizando pela devoção ao 
ensino dos apóstolos (At. 2:42). Ao lado do Antigo Testamento, os 27 livros do Novo 
Testamento são considerados inspirados e dotados de autoridade divina, visto que só eles são 
verdadeiramente apostólicos e proféticos. 
Na comparação entre o Novo e o Antigo Testamento, Paulo reconheceu a inspiração 
do Antigo Testamento (2Tm.3:16) chamando-o de Escrituras, e no Novo Testamento, 
menciona também o evangelho de Lucas, chamando-o de Escritura (1Tm.5:18, citando 
Lc.10:7). Na verdade, em outra passagem o apóstolo Paulo atribui a seus próprios escritos à 
mesma autoridade das Escrituras (1Tm.4:11-13). 
No próprio texto dos livros do Novo Testamento existem numerosos indícios de sua 
autoridade divina. Os Evangelhos apresentam-se como registros autorizados do cumprimento 
do Antigo Testamento a respeito de Cristo (cf. Mt.1:22; 2:15-17; Mc1:2). Isso reivindica de 
forma direta nos livros do Novo Testamento sua inspiração e autoridade divina. 
 
Apoio à Reivindicação de Inspiração do Novo Testamento 
 
Há dois tipos de evidências que demonstram haver total apoio á reivindicação de que 
o Novo Testamento faz acerca de sua inspiração divina. Uma delas acha-se dentro do próprio 
Novo Testamento; a outra, inicia-se com os pais da igreja que seguiram os apóstolos. O fato 
de que os livros eram lidos, citados, colecionados, e passados de mão em mão dentro da igreja 
12 
da época, assegura-nos que eram tidos como proféticos ou divinamente inspirados desde o 
começo da Igreja de Cristo. Paulo admoestou a Timóteo que persistisse “em ler, exortar e 
ensinar” (1Tm.4:13) as Escrituras. 
A circulação dos livros do Novo Testamento mencionado em Cl.4:16, revela outro 
fato muito importante. Aos livros escritos para uma igreja tencionavam ser de valor para 
outrasigrejas também, e por isso, circulavam para a leitura pública. Esses escritos circulavam 
entre as igrejas, eram lidos, copiados e colecionados pelas igrejas do Novo Testamento, sendo 
colocados ao lado do cânon do Antigo Testamento sem serem questionados, tidos também 
como Escritos inspirados. 
 
Apoio à Reivindicação da Inspiração Dentro da Igreja Primitiva 
Todos os autores do Novo Testamento são mencionados pelo menos por um pai 
apostólico por terem autoridade divina. Esses pais vieram uma ou duas gerações após o 
encerramento do Novo Testamento (I.E.,antes de 150 d.c.). Na verdade eles representavam o 
vínculo ininterrupto da reivindicação do Novo Testamento a favor de sua inspiração divina, 
desde os tempos apostólicos, passando pela fundação da igreja e, sem quebra nem 
interrupção, pelos séculos e milênios que se seguiram. 
Os primeiros Pais da Igreja, como Clemente de Roma, que em sua epístola aos 
Coríntios (C.95-97), chama os evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas) “Escrituras”; e 
Pais da Igreja de época posterior como Clemente de Alexandria (C.150-215) classifica os dois 
Testamentos como igualmente inspirados por Deus e com a mesma autoridade divina, 
dizendo: “as Escrituras {...} na lei, nos profetas e, além dessas, no abençoado Evangelho {...} 
são válidas por causa de sua autoridade onipotente.” (STRÔMATA {seleções}, 2, 408-9). 
É desnecessário prosseguir. Basta-nos salientar, nesta altura, que a doutrina ortodoxa 
da inspiração do Novo Testamento teve continuidade ao longo dos séculos, passando pela 
Idade Media, chegando à Reforma e penetrando no período Moderno da história da Igreja. 
Em resumo, portanto, a inspiração do Novo Testamento baseia-se na promessa de 
Cristo de que seus discípulos seriam dirigidos pelo Espírito em seus ensinos a respeito do 
Senhor. Os discípulos creram nessa promessa e a assimilaram , havendo claros indícios de 
que os próprios autores do Novo Testamento, bem como os de sua época , reconheceram o 
cumprimento dessas promessas. Criam que o Novo Testamento havia sido divinamente 
inspirado, pelo que, desde os primórdios nos registros cristãos, tem havido apoio unânime à 
doutrina da inspiração do Novo Testamento, em igualdade de condições com o Antigo 
Testamento. 
13 
 
EVIDÊNCIAS DA INSPIRAÇÃO DA BÍBLIA 
 
Reivindicar que a Bíblia é inspirada por Deus é uma coisa, mas comprovar é algo 
bem diferente. Outrossim, não podemos confundir inspiração da Bíblia com inspiração 
poética, pois a inspiração atribuída à Bíblia diz respeito à autoridade dada por Deus quanto 
aos seus ensinos, que, por sua vez, formam a vida e o pensamento do crente. 
A palavra inspiração significa “soprada por Deus”, ou “que passou pelo hálito de 
Deus”. É o processo mediante o qual os Escritos Sagrados foram revestidos de autoridade 
divina no que concerne a doutrina e a prática (2Tm 3.16,17). Os escritores foram movidos 
pelo Espírito Santo, e por isso a inspiração se dá quando registram mensagens sopradas por 
Deus. 
Os três elementos da inspiração. O primeiro é a causa: Deus que a origina, pois a 
motivação primária dos escritos inspirados é o desejo de Deus comunicar-se com o ser 
humano. O segundo é a mediação humana, pois Deus faz uso do ser humano para transmitir a 
sua mensagem, e o terceiro é a autoridade Divina, pois as palavras dos profetas são revestidas 
de autoridade Divina - é a palavra de Deus. 
Características dos Escritos Inspirados 
A inspiração é conceitual: Deus fala ao profeta, dando-lhe idéias e pensamentos e o 
profeta, por sua vez, emprega seu vocabulário e estilo próprio. A inspiração é plena 
(completa): a inspiração não é apenas em partes, mas total, pois Paulo diz: “TODA a escritura 
é divinamente inspirada”. A inspiração é inerrante, no sentido de que o que a Bíblia transmite 
como mensagem de salvação é isento de erro. 
 
Evidência Interna da Inspiração da Bíblia. 
A Bíblia se autoconfirma, pois fala com autoridade própria. O próprio Jesus ensinava 
“como tendo autoridade” (Mc. 1:22). Ela fala por si mesma, semelhante à expressão “Assim 
diz o Senhor”. As palavras da Bíblia não precisam ser defendidas, mas ouvidas, e assim ela 
defende sua própria autoridade. 
 Testemunho do Espírito Santo. O Espírito Santo não só dá testemunho ao 
crente de que este é Filho de Deus (Rm 8:16), mas também afirma que a Bíblia é a Palavra de 
Deus (II Pe 1:20, 21). 
 Capacidade transformadora da Bíblia. (leia Hb 4:12) milhares e milhares têm 
experimentado esse poder. Viciados em drogas têm sido curados pela palavra, o ódio tem 
14 
cedido lugar ao amor, os entristecidos recebem conforto, os pecadores são repreendidos, e os 
negligentes são exortados, tudo isso pela leitura da Palavra de Deus. 
 Unidade da Bíblia. Sendo constituída de 66 livros escritos ao longo de 1500 
anos, por cerca de 40 autores, em diversas línguas, com centenas de tópicos, é muito mais do 
que mero acidente que a Bíblia apresente espantosa unidade temática. Assim a unidade da 
Bíblia adveio de algo que estava fora do alcance de seus autores humanos. 
Evidência Externa da Inspiração da Bíblia. 
Historicidade da Bíblia. Existem duas espécies principais de apoio da história 
bíblica: Os artefatos arqueológicos e os documentos escritos. No que diz respeito aos artefatos 
desenterrados, nenhuma descoberta arqueológica invalidou o relato bíblico. Aliás, grande 
parte da antiga crítica à Bíblia foi firmemente refutada pelas descobertas arqueológicas que 
demonstraram a existência da escrita nos dias de Moisés, a história e a cronologia dos reis de 
Israel e até mesmo a existência dos hititas, povo até pouco só mencionado na Bíblia. A Bíblia 
é o livro do mundo antigo mais bem documentado que existe. 
Testemunho de Cristo. O Senhor Jesus ensinou que a Bíblia é a Palavra de Deus. As 
evidências escriturísticas revelam irrefutavelmente que Jesus confirmou a autoridade divina 
da Bíblia. O texto do Evangelho revela que JESUS era homem de integridade e verdade. Se o 
que Jesus ensinou é verdade, e Jesus ensinou que a Bíblia é inspirada, segue-se que é verdade 
que a Bíblia é inspirada por Deus. 
A profecia. Até o presente momento, nenhuma profecia incondicional da Bíblia a 
respeito de acontecimentos previstos ficou sem cumprimento. Centenas de predições, algumas 
delas feitas centenas de anos antes de se cumprirem, concretizaram-se literalmente. A época 
do nascimento de Jesus (Dn 9), a cidade em que ele haveria de nascer (Mq 5:2) e a naturezas 
de sua concepção e nascimento (Is 7:14) foram preditos no Antigo Testamento bem como a 
exata quantidade de moedas de prata que seria seu preço. O nome e a obra de Ciro previstos 
em Isaías cerca de duzentos anos antes de seu aparecimento (Is 44-45). Outras profecias, 
como a do enfraquecimento de desaparecimento de nações; a destruição de cidades antigas 
com a garantia de que não seriam reedificadas (Nínive e Edom entre outras) e a 
impossibilidade de sua reconstrução; o avanço na pregação do evangelho; a trajetória da 
igreja e os problemas que enfrentaria preditos nos evangelhos, epístolas e no apocalipse; o 
milagreirismo como marca registrada do engano dos últimos dias; a secularização paralela ã 
falsa piedade no mundo cristão são evidência de profecias cumpridas. 
 A influência da Bíblia. Nenhum outro livro tem sido disseminado, nem 
exercido tão forte influência sobre o mundo do que a Bíblia. A Bíblia foi traduzida em mais 
15 
de mil línguas, abrangendo mais de 90% da população mundial. Os bestsellers que tem vindo 
em segundo lugar, nunca chegam perto do primeiro lugar, a Bíblia. As escrituras têm 
influenciado mais a civilização que qualquer outro livro ou combinação de livros do mundo. 
A Bíblia apresenta ao homem osmais elevados ideais que já pautaram a civilização. 
 A indestrutibilidade da Bíblia. A Bíblia tem sofrido muitos ataques. No 
entanto, tem resistido a todos os ataques e a todos os atacantes. Diocleciano tentou exterminá-
la (c.303 d.C.); no entanto não conseguiu. Prosseguem os ataques da parte de alguns 
cientistas, de alguns psicólogos e de alguns líderes políticos, mas a Bíblia permanece ilesa, 
indestrutível. A Bíblia continua mais forte do que nunca, depois desses ataques. Assim se 
manifesta a seu respeito o Senhor Jesus: “passarão o céu e terra, mais as minhas palavras não 
passarão” (Mc 13:31). 
 A integridade de seus autores. Quando homens sadios mentalmente, dotados de 
reconhecida integridade moral, reivindicam inspiração divina e oferecem como evidência o 
fato de haverem mantido comunicações com o Cristo ressurreto, todas as pessoas de boa fé, 
que buscam a verdade, precisam reconhecer a realidade desses fatos. Em suma, a honestidade 
dos escritores da Bíblia constitui comprovante da autoridade bíblica que reveste seus escritos. 
 
As Características da Canonicidade 
O que é canonicidade? Como um livro chega a ser aceito como sagrado ou vindo de 
Deus? Que diremos a respeito dos chamados livros ausentes? São questões que abordaremos 
nesta seção. 
 
Canonicidade e Formação da Bíblia 
Canonicidade é o estudo que trata do reconhecimento e da compilação dos livros que 
nos foram dados por inspiração de Deus. Há, portanto, dois processos complementares, porém 
distintos aí implicados: reconhecimento da sacralidade e procedência dos escritos e sua 
compilação. 
A palavra cânon deriva do grego Kanon (cana, régua), que por sua vez se origina do 
hebraico Kaneh (ou qaneh), palavra do Antigo Testamento que significa “vara ou cana de 
medir” (Ez. 40:3 a 5). Contudo a palavra adquiriu também um sentido metafórico, sendo 
empregada para definir normas ou padrões que servem para regular e medir. Os significados 
possíveis mais comuns para o termo kanon são: 
1. Cana; 
2. Vara longa para tomar medidas (usada por pedreiros e carpinteiros); 
16 
3. Normas e padrões para regular e medir; 
4. Regra de fé; 
5. Ordenamento religioso (geralmente no plural, “cânones”); 
6. Parte da liturgia; 
7. Elenco dos santos católicos; 
8. Escrituras Sagradas. 
Esta última acepção foi utilizada pela primeira vez para o NT por Atanásio, bispo de 
Alexandria, no ano de 367 d.C., sendo já comum essa acepção da palavra kanon no século IV 
“tanto nas igrejas do Oriente quanto nas do Ocidente, como se pode constatar na leitura das 
obras de Gregório, Priciliano, Rufino, Santo Agostinho e São Jerônimo”.(SÁNCHEZ. 1998, 
p. 156). 
O Cânon bíblico, segundo Sánchez (1998), é o catálogo de livros considerados 
normativos para os crentes e que, portanto, pertencem, com todo direito, às coleções incluídas 
no Antigo Testamento e no Novo. “O cânon da Bíblia delimita os livros que os crentes têm 
considerado como inspirados por Deus para transmitir a revelação divina à humanidade, ou 
seja, estabelece os limites entre o divino e o mundo: apresenta a revelação de Deus de forma 
escrita”.(SÁNCHEZ, 1998, p. 155). 
Concepções Equivocadas Sobre o que Determina a Canonicidade 
1. A idade determina a canonicidade. Essa concepção erra o alvo duplamente. 
Primeiro, muitos livros antiqüíssimos, como Os Livros dos Justos e o Livro das Guerras do 
Senhor, nunca foram aceitos no cânon. Segundo, alguns livros foram inseridos no cânon 
imediatamente, a exemplo dos livros de Moisés (Dt. 31:24-26) e Jeremias (Dn. 9:2). 
2. O hebraico determina a canonicidade. Nem todos os livros redigidos em 
hebraico foram aceitos, como no caso dos livros apócrifos e de outros documentos (Js. 10:13) 
enquanto algumas partes de Daniel e Esdras foram escritas em aramaico. A língua hebraica 
em si não era sagrada. 
3. Acordo com a Torá. Não é a Torá que determina a canonicidade de um livro, 
antes, o fator que determinava a canonicidade da Torá era o mesmo que determinaria o de 
todas as Escrituras Sagradas. Em outras palavras: o considerar a Torá como medida de todas 
as coisas não explica quem deu canonicidade à Torá. Além disso, muitos textos estavam de 
acordo com a Torá, mas jamais foram aceitos como inspirados, a exemplo do Talmude e o 
Midrash. 
4. O valor religioso determina a canonicidade. Nem todos os livros que possuem 
valor espiritual são automaticamente canônicos, como alguns tesouros da literatura judaico-
17 
cristã, dos quais alguns são apócrifos. Não podemos confundir causa e efeito. Não é o valor de 
um livro que determina sua autoridade divina, mas é autoridade divina que determina seu 
valor. 
 
Idéia Básica para Compreender Canonicidade 
Deus é quem dá autoridade divina a um livro, e os homens de Deus o acatam. Sejam 
quais forem às medidas usadas pela igreja para descobrir com exatidão a autoridade canônica, 
jamais se deve dizer que são essas medidas que a determinam. Só Deus pode conceder a um 
livro autoridade absoluta. A Ele compete a inspiração que investe a mensagem de autoridade, 
a nós o reconhecimento e aceitação, ou seja, inclusão do cânon sagrado e consideração como 
regra de fé e prática. 
 
Princípios para Identificar um Livro Canônico 
Não devemos imaginar uma comissão de Pais da Igreja carregando pilhas e livros 
para análise. O processo de canonização era muito natural. Algumas características, contudo, 
eram mais claras que outras, como no caso das mensagens dadas por profetas reconhecidos e 
honrados. Outras características, porém, eram mais implícitas, requerendo certo tempo para 
determinar a canonicidade de um livro. “É muito difícil determinar com precisão os critérios 
que foram aplicados para estabelecer a canonicidade dos livros. Alguns estudiosos supuseram, 
que entre os critérios se encontravam o caráter legal dos escritos e a idéia que foram 
inspirados por Deus”.(SANCHEZ, 1998, p. 160). 
Há cinco critérios básicos que parecem perpassar o processo de canonização dos 
livros que foram incluídos na Bíblia: 
1. Autoridade de um livro. Expressões como “assim diz o Senhor” a revelam. 
Tais expressões ficam mais implícitas nos livros históricos, mas os livros proféticos estão 
repletos de frases tais como “o Senhor me disse” e “a palavra do Senhor veio a mim”. Os 
livros que não tinham nenhuma reivindicação de procederem de Deus eram rejeitados como 
canônicos. O livro de Ester, por exemplo, foi inicialmente questionado como canônico, porém 
aceito posteriormente pelos judeus. 
2. Autoridade Profética de um livro. A palavra de Deus só foi entregue a seu povo 
mediante os profetas de Deus. Todos os autores bíblicos tinham um dom ou função profética, 
embora nem todos tenham sido profetas por ocupação (Hb. 1:1). 
3. Confiabilidade de um livro. Todo e qualquer livro que contenha erros factuais 
ou doutrinários (segundo o julgamento de revelações anteriores), não pode ter sido inspirado 
18 
por Deus. Não pode haver incoerência nas palavras divinas. Por esse motivo foi rejeitada 
grande parte dos livros Apócrifos. Suas anomalias históricas e heresias teológicas fizeram 
com que fossem rejeitados. 
4. A natureza dinâmica de um livro. A capacidade de um texto para transformar 
vidas. A palavra de Deus é viva e eficaz (Hb. 4:12). Alguns livros foram postos de lado, pois 
não conduziam os crente ao crescimento na verdade de Jesus Cristo. 
5. A aceitação de um livro. A marca final de um documento escrito e autorizado é 
o seu reconhecimento pelo povo de Deus a quem estava destinado. Quando muitos não davam 
pronto reconhecimento às mensagens dos profetas, Deus assumia a defesa de tais textos, como 
nos casos de Moisés desafiado por Coré, ou Elias desafiado pelos profetas de Baal. 
“Aquestão de poder ou não a falta de confiabilidade afastar a confirmação de um 
livro profético é puramente hipotética. Nenhum livro concedido por Deus pode ser falso”. 
(GEISLER e NIX, 1997, p. 71). 
 
O DESENVOLVIMENTO E EXTENSÃO DO CÂNON NO A.T. 
 
A história da canonização da Bíblia é incrivelmente fascinante trata-se de um livro 
escrito e coligido ao longo de quase 2 mil anos, sem que cada autor estivesse consciente de 
como sua contribuição, como seu título se enquadraria no plano global. 
Deus inspirou os livros, o povo original de Deus reconheceu-os e os colecionou. 
Os três passos mas importantes no processo de canonização são: Inspiração de Deus, 
foi Ele quem deu o primeiro passo no processo de canonização. Outro passo é o 
reconhecimento por parte do povo de Deus, a partir do momento que o livro fosse copiado e 
circulado com credencias da comunidade dos crentes passava a pertencer ao cânon. O último 
passo era a preservação da coleção de livros pelo povo de Deus, os escritos eram preservados 
na Arca (Dt 31:26), as palavras de Samuel foram colocadas “num livro”, e o pôs perante o 
Senhor (I Sm 10:25). 
A diferença entre os livros canônicos e os apócrifos é que os canônicos são 
normativos (tem autoridade). É importante ressaltar que “os autores bíblicos testificam que o 
seu testemunho não se origina com eles próprios , mas que suas mensagens vem diretamente 
de Deus”.(Nisto Cremos, 26). Os livros inspirados exercem autoridades sobre os crentes, os 
não inspirados poderão ter algum valor devocional ou para edificação espiritual, mas jamais 
poderão ser usados para definir doutrinas. 
 
19 
O Desenvolvimento do Canôn 
O fator significativo foi a coleção dos livros proféticos. Tais livros foram 
preservados como inscritos divinos autorizados. 
Desde o início, os inscritos proféticos foram reunidos e reverenciados como escritos 
sagrados, autorizados, de inspiração divina. As leis de Moisés foram preservadas ao lado da 
arca, no tabernáculo de Deus (Dt 31:24-26) e mais tarde, no templo (II reis 22:08) Josué 
acrescentou suas palavras “no livro da lei de Deus”. Então tomou uma grande pedra e erigiu 
junto ao Santuário de Senhor” (Js 24:26). Samuel informou os israelitas a respeito dos deveres 
de seu rei “ e escreveu-o no livro e pos perante o Senhor . 
De acordo com Ezequiel, havia um registro oficial de profetas e seus escritos no 
templo (Ez 13:09) Daniel refere-se aos “livros” que continham a “lei de Moisés” e os 
“profetas” (Dn 9:2,6,11). Os autores dos livros de Reis e Crônicas estavam cientes da 
existência de muitos livros escritos pelos profetas que narravam toda a história anterior ao 
exílio babilônico. 
Esta evidência de uma coleção progressiva de livros proféticos se confirma pelo uso 
específico de escritos de profetas antigos que viriam mais tarde. Os livros de Moisés são 
citados por todo o Antigo Testamento desde Josué (Js 1:17) até Malaquias (Ml 4:04), em 
Juízes (Jz 1:21-28) há referencias a Josué e os acontecimentos narrados no seu livro. Os livros 
de Reis citam Davi conforme narrados no livro de Samuel (I Reis 3:14), Daniel cita Jeremias 
(Jr 9:02), o profeta Jonas cita partes de muitos salmos (Jn 2), Ezequiel menciona Jó e Daniel 
(Ez 14:14-20). 
Nem todos os livros de determinadas épocas são mencionados em livros da época 
posterior; todavia há menções suficientes para demonstrar que existiu uma coleção de livros 
divinamente inspirados dotados de uma autoridade divina, que os profetas subseqüentes 
faziam uso, citando-os em suas profecias. Houve pois uma coleção crescente de escritos 
proféticos: o Antigo Testamento em formação, cada profeta que surgia ligava sua história aos 
da história existente, narrada pelos seus predecessores, formando uma corrente contínua de 
livros. 
A evidência de que o cânon do Antigo Testamento se conclui com os profetas. Até 
agora mostrou-se que as Escrituras Hebraicas como um todo haviam sido coligidas em duas 
grandes seções: Os cinco livros de Moisés e os dezessete (ou dezenove) profetas que 
sucederam Moisés. Demonstrou-se que houve continuidade nas escrituras destes profetas, 
cada profeta apoiou-se na autoridade dos escritos anteriores e acrescentou sua contribuição à 
crescente coleção das escrituras sagradas. 
20 
Na época de Neemias (400 a. C.) a sucessão profética havia produzido e coligido os 
22 livros do Cânon hebraico. Não havia uma terceira seção do Cânon, escrita e reconhecida 
naquela época (que pudesse ser usada para dar apoio aos apócrifos). As evidências são: 
1 – Não se tem certeza sobre o alegado concílio judeu de Jâmnia (90 dC.), época em 
que supostamente a terceira seção de escritos teria sido canonizada. Para o judeu não houve 
um concílio autorizado. Assim, não houve canonização de livros em Jâmnia. 
2 – O livro de Daniel, que na opinião da alta crítica pertencia à seção dos escritos 
porquanto era lido como um livro mais recente e não profético havia sido relacionado por 
Josefo entre os livros dos profetas e a referência que Jesus fez a Daniel como profeta 
confirmam isso; 
3 – O Novo Testamento cita quase todos os livros do Cânon Hebraico mesmo os 
chamados escritos; 
4 – O livro dos Salmos, relacionado à terceira seção por Josefo, fazia parte dos 
profetas. Jesus usou a expressão “Moisés e os profetas e [ ...] salmos” num paralelismo com a 
expressão “ Moisés e os profetas”; 
5 – De acordo com Josefo e com o Talmude a sucessão dos profetas encerrou-se com 
Malaquias nos dias de Neemias (c. 400 a. C.); 
Mas o fato é que o Cânon completo do Antigo Testamento é mencionado sempre 
como “a lei e os profetas”. 
 
A Extensão do Cânon do Antigo Testamento 
Por volta do século IV a.C o cânon hebraico já estava formado contendo 22 livros. 
(39 de nossa Bíblia). Mas, estudiosos de eras posteriores levantaram questionamento sobre 
determinados livros que se candidataram à canonicidade. 
 A discussão originou uma terminologia técnica da seguinte forma: 
-Homologoumena (falar comum), livros aceitos por todos. 
-Antilegomena (falar contra), livros questionados. 
-Pseudepígrafo (falso nome), livros rejeitados por todos. 
-Apócrifo (oculto, escondido, duvidoso), livros aceitos por alguns. 
 
Os Homologoumena do AT 
A canonicidade de alguns livros jamais foi questionada por nenhum dos grandes 
rabis da comunidade judaica, entre estes estão 34 dos 39 livros do Antigo Testamento que 
podem ser classificados como Homologoumena. 
21 
 
Os Antilegomena do AT 
Já vimos que dos 39 livros 34 foram aceitos por todos (homologoumena). 
Os outros questionados (antilegomena) são: Cânticos dos Cânticos, Eclesiastes, 
Ester, Ezequiel, Provérbios. Cada um se tornou controvertido por motivos diferentes, que 
seriam: 
 -Cânticos dos Cânticos - seria muito sensual. 
 -Eclesiastes - teria um conteúdo cético. 
 -Ester –ausência do nome de Deus. 
 -Ezequiel – seria anti-mosaico. 
 -Provérbios – os provérbios se contradiziam entre si. 
Todos estes questionamentos devia-se a interpretação e não a canonicidade e a 
inspiração. Assim sendo, logo foram aceitos como inspirados. 
 
Pseudepigrafos do AT 
Grande número de documentos religiosos espúrios circulavam entre a antiga 
comunidade hebraica - eram conhecidos como pseudepigrafo. 
Comumente se colocava o nome (epigrafe) do autor no livro. Estes documentos eram 
atribuídos a pessoas que não o tinham escrito, ou seja, o nome (epigrafe) era pseudo (falsos) 
nomes falsos ou falsos autores. O nome referia-se a serem escritos falsos. 
A maior parte surge de tradições e fantasias religiosas. Com freqüência sua origem 
estava em especulações espirituais, em assuntos que não ficaram claro nas Escrituras 
Canônicas, como, por exemplo,a ressurreição de Moisés, que deu origem ao livro Ascensão 
de Moisés, o livro de Enoque que fala deste patriarca, etc. 
No entanto nem tudo nestes escritos são falsos, existe verdade neles e estas são 
citadas por autores bíblicos como Paulo que fala sobre Janes e Jambres (II Tm 3:8), e Judas 
sobre a ressurreição de Moisés (Jd 14,15), o fato de serem citados não lhes confere autoridade 
como inspirados. 
Lista de alguns pseudepígrafos 
O Livro do Jubileu 
Epístola de Aristéia 
O Livro de Adão e Eva 
O Martírio de Isaías 
O Oráculo Sibilino 
Assunção de Moises 
2Enoque 
2Baruque 
Pirque e Abote 
A História de Aicar 
Salmos de Salomão 
Salmo 151 
Fragmentos de uma obra de 
22 
1Enoque 
Testamento dos Doze 
Patriarcas 
3Baruque 
3Macabeus 
4Macabeus 
Sadoque 
 
 
Apócrifos do AT 
 Apócrifo quer dizer, escondido, oculto, duvidoso. Eles preenchem a lacuna ente 
Malaquias e Mateus. Compreende dois ou três séculos a.C. Alguns livros apócrifos são 
aceitos pelos católicos como canônicos, e são usados para sustentar pontos doutrinários. Eles 
são rejeitados como canônicos pelos protestantes e judeus mas aceitos por estes como fonte de 
valor histórico e religioso. 
Que os livros apócrifos não são canônicos, comprova-se pelos seguintes fatos: 
1. A comunidade judaica jamais os aceitou como canônicos. 
2. Não foram aceitos por Jesus, nem pelos autores do Novo Testamento. 
3. A maior parte dos primeiros Pais da Igreja rejeitou sua canonicidade. 
4. Nenhum concilio da igreja os considerou canônicos se não no final do século IV. 
5. Jerônimo, o grande especialista bíblico e tradutor da Vulgata, rejeitou fortemente 
os livros apócrifos. 
6. Muitos estudiosos católicos romanos, ainda ao longo da Reforma rejeitaram os 
livros apócrifos. 
7. Nenhuma Igreja Ortodoxa Grega, Anglicana ou Protestante, até a presente data, 
reconhece os apócrifo como inspirados e canônicos no sentido integral destas palavras. 
Com efeito, quando examinados segundo os critérios elevados de canonicidade, 
verificamos que aos livros apócrifos falta o seguinte: 
1. Os apócrifos não reivindicam serem proféticos. 
2. Não detêm a autoridade de Deus. 
3. Contem erros históricos (v.Tobias 1.3-5 e 14.11), e graves heresias teológicas, 
como oração pelos mortos (2 Macabeus 12.45[46]; 4,). 
4. Há evidente ausência de profecia. 
5. Os apócrifos nada acrescentam ao nosso conhecimento das verdades messiânicas. 
6. O povo de Deus, a quem os apócrifos teriam sido originalmente apresentados, 
recusou-os terminantemente. 
Seja qual for o valor que se lhe atribui, fica evidente que a Igreja como um todo 
nunca aceitou os livros apócrifos como Escrituras Sagradas. 
23 
Lista de alguns Apócrifos 
Sabedoria de Salomão 
Eclesiastico (Siraque) 
Tobias 
Judite 
1Esdras 
1Macabeus 
2Macabeus 
Baruque 
Epistola de Jeremias 
2Esdras 
Adições a Ester 
Oração de Azarias 
Suzana 
Bel e o Dragão 
Oração de Manassés
 
 
O DESENVOLVIMENTO E EXTENSÃO DO CÂNON DO N.T. 
 
Desde o começo, o cristianismo era uma religião internacional e não havia 
comunidade profética fechada que recebia livros inspirados que os coligisse em 
determinado lugar. Isso fez com que os livros apostólicos demorassem um pouco até se 
tornarem universalmente aceitos. Quando os 27 livros canônicos do Novo Testamento 
foram finalmente aceitos e reconhecidos pela comunidade cristã, não mais houve 
movimentos para acrescentar ou eliminar livros. 
Durante os quatro primeiros séculos, várias forças contribuíram para que o 
mundo cristão da antiguidade providenciasse o reconhecimento oficial dos 27 livros 
canônicos do Novo Testamento. Destacamos três estímulos principais: 
1. Estímulo eclesiástico: havia necessidade de saber que livros deveriam 
ser lidos nas igrejas e quais deveriam ser traduzidos para as línguas estrangeiras de 
pessoas convertidas. 
2. Estímulo teológico: tinha como causa a necessidade de se definir quais 
livros deveriam ser usados para ensinar as doutrinas com autoridade divina. 
3. Estímulo político, caracterizado pela influência política. As perseguições 
de Diocleciano (c. 302-305) foi um forte motivo para definir a lista dos livros canônicos 
e assim preservá-los. 
Existe fortes evidências a mostrar que os primeiros cristãos coligiram e 
preservaram os livros inspirados do Novo Testamento. Alguns desses livros foram 
copiados e circularam entre as igrejas primitivas. Existem também evidências 
neotestamentárias de um cânon crescente, na Ásia Oriental (1Pedro), na Ásia Ocidental 
(Apocalipse) e até mesmo na Europa (Romanos), e outros. Por haver grande diversidade 
geográfica de origens e destinatários, é compreensível que nem todas as igrejas 
haveriam de possuir, de imediato, as cópias de todos os livros inspirados do Novo 
24 
Testamento. Devido aos problemas de transportes e de comunicação. Apesar de tão 
grande dificuldade, a igreja primitiva começou de imediato a coligir todos os escritos 
apostólicos que pudessem autenticar. 
- Seleção dos livros fidedignos: desde o início, existiram escritos falsos em 
circulação. João informa-nos que Jesus fez muitos outros sinais “que não estão escritos 
neste livro” (João 20:30), visto que, se todos fossem escritos, “cuido que nem ainda o 
mundo todo poderia conter os livros que seriam escritos” (João 21:25). Enquanto as 
testemunhas oculares da vida e ressurreição de Cristo estivessem vivas, tudo poderia 
sujeitar-se à autoridade do ensino e da tradição oral dos apóstolos. Em resumo, existem 
muitas evidências de que no seio da igreja do século I havia um processo seletivo em 
operação, submetida ao ensino apostólico. Tal fonte primordial de autoridade apostólica 
era o cânon, mediante o qual a igreja escolheu os escritos aos quais obedeceria. 
- Leitura de livros autorizados: outro sinal de que o processo da canonização 
do Novo Testamento teve início na igreja do século I foi a prática da leitura pública 
oficial dos livros apostólicos. Tal leitura das palavras autorizadas de Deus era um 
costume antigo. Todas as igrejas no tempo e no espaço teriam a obrigação de lê-las, e, à 
medida que as igrejas iam recebendo, lendo e coligindo essas cartas, cheias de 
autoridade divina, lançavam os alicerces de uma coleção crescente de documentos 
inspirados. 
- A circulação e compilação dos livros: já havia nos tempos do Novo 
Testamento algo parecido com uma declaração do cânon das Sagradas Escrituras, 
circulando pelas igrejas. Não há dúvidas de que as primeiras cópias das Escrituras 
surgiram dessa prática de fazer que circulassem as cartas apostólicas. Com o passar do 
tempo, mais e mais congregações desejavam ter sua compilação para as leituras 
regulares e para os estudos, ao lado das Escrituras do Antigo Testamento. Logo de 
início as primeiras igrejas foram exortadas a selecionar apenas os escritos apostólicos 
fidedignos. Já pelo final do século I, todos os 27 livros do Novo Testamento haviam 
sido recebidos e reconhecidos pelas igrejas cristãs. O cânon estava completo, e todos os 
livros haviam sido reconhecidos pelos crentes de outros lugares. 
 
A Confirmação da Compilação Oficial dos Livros Canônicos 
Evidencia-se de várias maneiras a confirmação da canonicidade do Novo 
Testamento. Logo após a era dos apóstolos, vê-se nos primeiros escritos dos Pais da 
Igreja o reconhecimento da inspiração de todos os 27 livros. Em apoio ao testemunho 
25 
dos apóstolos temos as antigas versões, as listas canônicas e os pronunciamentos dos 
concílios eclesiásticos. Todos juntos constituem elo histórico de reconhecimento desde 
a concepção do cânon, nos dias dos apóstolos, até a confirmação irrevogávelda igreja 
universal, em fins do século IV. 
O processo de coligir os escritos apostólicos confiáveis iniciou-se nos tempos 
do Novo Testamento. No século II houve exame desses escritos mediante a citação da 
autoridade divina de cada um desses 27 livros do Novo Testamento. No século III, as 
dúvidas e objeções a respeito de determinados livros prosseguiram, culminando nas 
decisões dos Pais da Igreja e dos concílios influentes do século IV. A partir de então, ao 
longo dos séculos, a igreja vem sustentando a canonicidade desses 27 livros. 
 
A Extensão do Cânon do Novo Testamento 
Hoje o Novo Testamento como o temos, está completo e é aceito por todos os 
cristãos, mas alguns ainda se perguntam: Será que tudo isto é verdade? Será que alguma 
coisa não foi acrescentada ou omitida? Neste estudo falaremos sobre a extensão do 
Cânon do Novo Testamento e tentaremos responder a algumas perguntas como: quais 
teriam sido precisamente os livros do cânon do NT, que foram objetados pela Igreja? 
Com base em que tiveram sua aceitação definitiva? E o que dizer dos livros apócrifos e 
os pseudepígrafos. Essas perguntas são o ponto de partida dessa seção. 
 
Os livros aceitos por todos – homologoumenas do NT 
Como o Antigo Testamento, a maioria dos livros do NT foi aceita pela igreja 
logo de início, por todos os pais da Igreja e aparece na maior parte das traduções e 
cânones da Igreja primitiva. Dos 27 livros do NT 20 deles foram aceitos por todos. Os 
que tinham objeções e não entraram na lista dos homologoumena foram: Hebreus, 
Tiago, 2 Pedro, 2 e 3 João, Judas e Apocalipse. Outros três livros, Filemom, 1 Pedro e 1 
João às vezes ficam de fora do reconhecimento, no entanto é melhor dizer que foram 
omitidos, não questionados. 
 
Os livros rejeitados por todos – Pseudepígrafos do NT 
Surgiram durante os séculos II e III e eram, totalmente absurdos, heréticos e 
espúrios, praticamente nenhum Pai da Igreja, ou cânon, ou concílio aceitou tais livros 
como canônicos, pois, eram cheios de erros e ensinos gnósticos, docetas e ascéticos. 
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Os Gnósticos eram uma seita filosófica que não acreditava na encarnação de 
Cristo por acharem que a matéria é má. Já os Docetas ensinavam a divindade de Cristo, 
porém, negavam sua humanidade. Os Monofisistas Ascéticos diziam que Cristo possuía 
apenas uma natureza, uma fusão do divino com o humano. Esses livros traziam uma 
tendência mórbida e doentia de dar apoio a idiossincrasias doutrinárias, mediante 
fraudes aparentemente piedosas. 
O numero desses livros é difícil de ser apurado, no século XIX Fótio havia 
relacionado 280 obras divididas em quatro partes das quais podemos citar: 
 
 Evangelhos: 
O evangelho de Tomé (séc. I); dos Ebionitas (séc. II); um falso evangelho de 
Pedro (séc. II); o proto-evangelho de Tiago (séc. II); os evangelhos dos Egípcios (séc. 
II) o evangelho do carpinteiro José e outros como um evangelho de um pseudo Mateus 
do século V. 
 Atos: 
Os atos de Pedro; de João; de André; de Tomé; os atos de Paulo; de Matias, 
Felipe e Tadeu. 
 Epistolas: 
A carta atribuída ao nosso Senhor, uma suposta resposta de Jesus a um pedido 
de cura de alguém, dizia que Jesus enviaria alguém após a sua ressurreição; a carta 
perdida aos corintios; a carta de Paulo aos laodicensses e outras. 
 Apocalipses: 
De Pedro; de Paulo; de Tomé, Estevão, o segundo apocalipse de Tiago; o 
apocalipse de Messos e o de Dositeu. 
Outras três obras de cunho gnóstico do século III foram descobertas em 1946, 
em Nag-hammadi no Egito: o livro secreto de João; tradições de Matias; e o Diálogo do 
Salvador. 
Todos estes foram rejeitados por seus falhos ensinos e por não apresentarem 
nenhum valor devocional, sendo apenas históricos, revelando somente as crenças de 
seus autores. 
 
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Os Livros Questionados por Alguns – Antilegomena do NT 
Estes foram questionados somente enquanto não chegavam a todas a igrejas, 
mas, logo que isso se deu foram aceitos por todos os Pais da Igreja, sendo também desta 
forma canonizados. Foram eles os livros seguintes: 
1. Tiago – devido a alegada justificação pelas obras e não afirmar ser apóstolo. As 
igrejas originais, contudo, sabiam da procedência apostólica e a justificação pelas 
obras foi erro de interpretação. 
2. Hebreus - por não se identificar explicitamente como apostólico e não se declarar o 
autor. A igreja finalmente o aceitou como sendo de Paulo e o conteúdo reivindicou 
sua autoridade apostólica. 
3. 2 Pedro – pela diferença de estilo com 1 Pedro. Essa objeção foi resolvida devido ao 
conhecimento de que I Pedro foi resultado de um escriba (secretário) o que 
interferiu no estilo e os temas serem petrinos de fato. 
4. 1 e 2 João – não identificou-se como apóstolo e circulou pouco no início. As 
dúvidas não sobreviveram devido a que Policarpo, discípulo de João, entre outros, 
aceitou como sendo do apóstolo. Além disso os temas e estilo são joaninos e o 
termo presbítero era o título dos apóstolos (I Pedro 5:1; Atos 1:20) e o termo 
apóstolo denotava o Dom (Efésios 4:11). 
5. Judas – por uma citação e uma referência a dois pseudoepígrafos. A citação de 
outras fontes não canonizava tais fontes, apenas destacava verdades incrustradas 
nesses outros livros. Além disso Paulo e outros autores bíblicos usam citações e 
recursos literários não bíblicos. (Atos 17:28; I Cor. 15:33; Tito 1:12) 
6. Apocalipse – devido ao ensino do milênio no capítulo 20. O fato de ser um dos 
primeiros livros que tinham sido aceitos pelos primeiros pais da igreja e se encontrar 
mencionado como aceito nas primeiras produções literárias da igreja (Didaquê; O 
Pastor; Cânon Muratoriano) forneceu a base para o fim do questionamento. 
Todos esses livros após uma cuidadosa investigação foram aceitos como canônicos uma 
vez que todas as objeções foram refutadas e as dúvidas sanadas. 
 
Os Livros Aceitos por Alguns – Os Apócrifos do NT 
A distinção que se faz entre os apócrifos do NT, tentando insinuar sua 
canonicidade, e os pseudepígrafos não é autorizada, pois apenas alguns apócrifos eram 
aceitos em algumas comunidades enquanto em outras eram rejeitados, a isto Alexander 
Souter chamou de “uma canonicidade temporal e local”. Diversas razões fizeram com 
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que estes livros tivessem mais importância do que os pseudepígrafos e assim fizessem 
parte das bibliotecas devocionais e homiléticas das igrejas primitivas. 1) esses livros 
revelam o ensino da igreja do século II; 2) fornecem documentação da aceitação dos 27 
livros canônicos do NT e 3) fornecem outras informações da igreja primitiva no que 
concerne a sua doutrina e liturgia. 
Esses livros não são fáceis de serem enumerados, contudo tentaremos formular 
uma lista: 
A Epístola de Pseudo-Barnabé; uma Epístola aos Corintios; a Homilia Antiga, 
chamada de Segunda Epístola de Clemente; o Pastor de Hermas; o Didaquê, ou ensino 
dos doze discípulos; Apocalipse de Pedro; Atos de Paulo; Carta aos Laodiceanos; o 
fragmento Muratório; o Evangelho Segundo os Hebreus; a Epístola de Policarpo aos 
Filipenses e Sete Epístolas de Inácio. 
Concluindo este estudo podemos dizer que a grande maioria dos livros do NT, 
jamais sofreram polêmicas quanto à inspiração, os que foram questionados, o foram por 
pouco tempo e todos os que a igreja rejeitou foram sendo separados do cânon, portanto, 
os 27 livros que compõem o NT são sem dúvida alguma, fiéis e confiáveis e, portanto 
merecedores de total confiança. 
 
AS LÍNGUAS E OS MATERIAIS DA BÍBLIA 
 
Visto que a Bíblia vem passando por quase dois mil anos de transmissão 
através de cópias de cópias, é razoável que se pergunte se a Bíblia que dispomos hoje, 
constitui uma reprodução exata dos textos hebraicose gregos. Afinal será que sofreu 
alguma alteração neste longo processo de transmissão? 
A fim de responder a esta pergunta e tratar melhor este assunto, faremos uso da 
ciência da crítica textual que analisa as línguas, os materiais da Bíblia bem como as 
evidências dos próprios manuscritos. 
A importância das línguas escritas: nos tempos bíblicos Deus usou diversos 
meios em várias ocasiões para comunicar sua vontade ao povo. Por exemplo, usou anjos 
(Gn 18,19; Ap 22:8-21), o lançar sorte, além de Urim e do Tumim (Ex 28:30; Pv 
16:33), voz da consciência (Rm 2:15) e da criação (Sl 19: 1-6). Além disso Deus usou 
vozes audíveis (I Sm 3) e milagres diretos ( Jz 6: 36-40). Porém esses métodos sofriam 
limitações e deficiências quando comparadas a outros meios de comunicação de 
maiores amplitudes e melhores recursos. 
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Seria incorreto afirmar que os métodos não eram bons, no entanto havia um 
caminho mais excelente, através do qual Deus decidiu comunicar aos homens de 
maneira permanente por todas as eras, por meio da escrita. Vantagens deste método: 
Preciso, ou seja, (claramente entendido pelo autor e facilmente assimilado pelo 
leitor). 
Permanente (pode preservar o pensamento ou a expressão sem que o percamos 
por lapso da memória, ou por vacilação mental). 
Objetivo (por ser objetiva, a escrita têm caráter definitivo e combate a má 
interpretação e má transmissão da mensagem). 
Disseminação (outra vantagem da língua escrita sobre as demais, é a fácil 
propagação). 
 
Línguas em que a Bíblia Foi Escrita 
As línguas utilizadas na escrita do Antigo Testamento foram o hebraico e o 
aramaico da família Semítica (Ed 4:7-6:18; 7:12-26 e Dn 2:4-7:28). E a língua do Novo 
Testamento é predominantemente o grego, da família indo-européia. 
Apesar de Jesus e seus discípulos falarem o aramaico (sua língua materna) e o 
hebraico influenciar mediante expressões idiomáticas e o latim ter emprestado muitas 
palavras como: tribuno, legião, centurião, o Novo Testamento foi escrito em grego, pois 
esta era a língua quase universal da época. 
 
O Desenvolvimento das Línguas Escritas 
Até chegarmos ao alfabeto desenvolvido pelos fenícios durante o II milênio 
a.C. passou-se por três estágios: Os pictogramas (figuras que representavam seres 
humanos ou animais como o boi, o leão, etc); os ideogramas (figuras que representavam 
idéias em vez de pessoas e objetos, exemplo: a águia representava o poder, o boi a 
força) e os fonogramas (figuras que representavam sons em vez de objetos ou idéias. 
Exemplo: o desenho de uma boca poderia representar o verbo falar e uma perna o verbo 
andar). 
Conclui-se que Moisés “mais ou menos 1450 anos a.C.”, e os demais autores 
da Bíblia escreveram na época em que a humanidade estava “alfabetizada”, ou melhor 
dizendo, podia comunicar seus pensamentos por escrito. 
 
 
30 
Os Materiais e os Instrumentos da Escrita 
Os autores das escrituras empregaram os mesmos materiais em uso no mundo 
antigo. Por exemplo: as tabuinhas de barro (Jr 17:13), as pedras (Ex 24:12; 32:15, 16), 
o papiro (Ap 5:1, II Jo 12), velino, pergaminho e couro (Jr 36:23), o metal (Ex 28:36; 
Mt 22:19,20), a cera (Is 8:1; 30:8, Lc 1:16), as pedras preciosas (Ex 39:6-14), os cacos 
de louça (Jó 2:8). O linho era usado no Egito, na Grécia e na Itália, mas não se tem 
indícios de ter sido usado na escrita bíblica. 
Entre os vários instrumentos usados para que se produzissem os registros 
escritos nos materiais mencionados acima estava: o estilo (instrumento com formato em 
pontalete triangular, Gn 17:1), o cinzel (usado para fazer escrito em pedra, Js 8:31,32) 
conhecido como “pena de ferro”, a pena (para escrever em papiro III Jo 13), o canivete 
(Jr 36:23) e a tinta. 
 
A Preparação e a Preservação dos Manuscritos 
Os escritos originais, autênticos, chamados autógrafos, escritos pelos profetas 
ou seus secretários não mais existem. Por essa razão precisaram ser reconstituídos a 
partir de manuscritos e versões primitivas do texto da Bíblia. 
Manuscritos do Antigo Testamento foram retirados de cópias das escrituras que 
datam da era do Talmude (c. 300 a.C. 500 d.C). Nesta época houve uma grande 
reprodução de cópias dos escritos sagrados que deram origem aos rolos das sinagogas e 
as cópias particulares. Os rolos das sinagogas ou escritos sagrados foram escritos sob 
regras rigorosas, e eram lidos apenas em cultos, reuniões públicas e nas festas anuais. Já 
as cópias particulares foram escritas com grande cuidado, mas não sob regras tão 
rigorosas quanto as que regiam a confecção das cópias das sinagogas, e eram poucos os 
que possuíam uma coleção completa do Antigo Testamento. 
O Novo Testamento provavelmente foi escrito em rolos de papiro entre os anos 
de 50 a 100 d.C. E por volta do início do II século introduziram-se códices de papiro 
mas estes também eram perecíveis. As cópias do Novo Testamento só foram produzidas 
sistematicamente após a perseguição romana e as principais cópias impressas tornaram-
se disponíveis após a reforma protestante. 
Por não haver registros de datas nos manuscritos, para se apurar a idade dos 
mesmos, recorre-se aos métodos que avaliam: 
Os materiais empregados na confecção dos mesmos (peles, papiros, velino e o 
pergaminho). 
31 
O tamanho da letra e forma, por exemplo, as letras hebraicas em formato de 
garfo prevalecem até a época de Neemias (c.444 a.C.), já as letras quadradas passaram a 
serem usadas após o ano 200 d.C. 
A pontuação passou a ser usada em maior quantidade durante o século VI 
pelos escribas e ao redor do século VIII passam a ser empregados não só os espaços 
mas, também o ponto-final, a vírgula, o ponto-e-vírgula, acentos e mais tarde a 
interrogação. Este longo processo completou-se por volta do século X. 
As divisões do texto (usadas desde o Antigo Testamento em alguns livros, 
como o de Lamentações e Salmos 119). Porém, a Torá foi dividida em 54 seções 
durante o cativeiro babilônico. Mas foi durante o período da reforma que o Antigo 
Testamento começou a seguir a divisão em capítulos pelos protestantes, e só depois de 
900 d.C começou a padronizar-se a divisão em versículos. Após várias modificações 
durante um longo período de tempo a primeira Bíblia que empregou a divisão atual de 
capítulos e versículos foi a Bíblia inglesa de Genebra em 1560. 
Fatores diversos, outros fatores diversos estão presentes no processo de 
datação de um manuscrito: tamanho e formato das letras, a ornamentação do 
manuscrito, grafia das palavras, a cor da tinta, a textura e a cor do pergaminho. 
 
OS PRINCIPAIS MANUSCRITOS DA BÍBLIA 
 
Dentre os vários fatores que tornam a Bíblia um livro singular, digno de 
aceitação e confiança, é o caráter da preservação dos seus manuscritos. Somente o Novo 
Testamento, possui mais de cinco mil (5.000) manuscritos, alguns datam desde o 
primeiro século, e seguem uma genealogia perfeita nas eras que se seguiram, com 
intervalos de menos de 100 anos, de um manuscrito para o outro. 
Por outro lado, os livros clássicos da Grécia e de Roma, (que são livros 
históricos e religiosos do mundo antigo), possuem uma quantidade baixíssima de 
manuscritos em relação à Bíblia. A Ilíada de Homero, considerada a obra antiga com 
maior quantidade de manuscritos, tem apenas 643 exemplares; da História de Roma, de 
Tito Lívio, restaram apenas 20 exemplares; da obra Guerras Gálicas, de César, conhece-
se apenas nove ou dez manuscritos. Das Obras de Tácito, só foram encontrados dois 
manuscritos, e nestes manuscritos existem brechas de 900 a 1000 anos de um 
documento para o outro. O que é interessante, e ao mesmo tempo preocupante, é o fato 
e que essas histórias antigas são ensinadas em faculdadessem nenhuma contestação, 
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sem qualquer espírito crítico ou observações irônicas relativas à sua autenticidade e 
confiabilidade, e sem levar em conta o exame dos manuscritos, mas simplesmente são 
aceitos pacificamente como verdade histórica. 
Isto nos leva a concluir que a Bíblia não é aceita pelos céticos, não pela sua 
historicidade, mas por puro preconceito evidenciado em “reportagens” e 
“documentários” na mídia e especialmente em revistas sensacionalistas cujo principal 
objetivo é vender, atraindo público pela curiosidade e de quebra disseminando a 
ideologia da incredulidade como se sustentando em “pesquisa”. 
 
Os Manuscritos do Antigo Testamento 
Existem menos exemplares em relação ao Novo Testamento. Isso é 
compreensível devido a alguns fatores: 
 O primeiro e o mais óbvio é a própria antiguidade dos manuscritos, e a 
sua degradação natural. 
 Outro fator é a constante deportação dos israelitas, que eram levados para 
outras terras. Somente de 1800 a 1948 d.C., Jerusalém foi conquistada 47 vezes. 
 Outro fator responsável pela escassez de manuscritos do A.T. foi a lei 
sagrada dos escribas, de que os manuscritos gastos pelo uso ou com erros fossem 
destruídos e enterrados. 
Os principais trechos hebraicos foram copiados durante o período massorético, 
(os massoretas eram escribas judeus), eles tinham um cuidado muito grande ao fazerem 
suas cópias. Segundo o Talmude, (tradição judaica), só determinados tipos de papel 
podiam ser usados, tanto a escrita como a forma, eram controladas por leis rígidas, um 
único erro era motivo para rasgar toda cópia. Desta forma os manuscritos que temos 
hoje, são bem conservados e com pouquíssimas variantes entre os manuscritos. 
 
33 
 
 
 
 
Os Rolos do Mar Morto 
Até à descoberta de manuscritos bíblicos nas cavernas de Qumrã, perto do Mar 
Morto, o mais velho manuscrito do Antigo Testamento era o 
Codex dos Profetas de Leningrado, que 
datava do século X de nossa era. 
Rolos do Mar Morto é o nome 
dado aos documentos encontrados na 
região do Mar Morto, em Israel, no ano 
de 1947. Um jovem beduíno de nome Mahamed Dib que estava tomando conta de um 
rebanho de ovelhas, foi à procura de uma de suas ovelhas que estava perdida, com 
receio de entrar nas cavernas da região, jogou uma pedra para que a ovelha fizesse 
algum barulho, mais em vez da ovelha ele ouviu o barulho de um vaso de cerâmica se 
quebrando. Receoso de entrar por causa de animais, foi chamar outros companheiros 
para ver o que tinha no interior da caverna. Quando encontraram os vasos, pensaram 
que tinham encontrado um tesouro, mas qual não foi sua decepção, quando viram que 
eram apenas velhos pergaminhos. Sem saber o tamanho da descoberta que tinham feito 
e pensando em ganhar algum dinheiro, venderam aos negociantes de antiguidades de 
Belém. Um bispo sírio ortodoxo que passava, ao ver os pergaminhos, comprou boa 
parte dos rolos. Em fevereiro de 1948, os rolos do bispo sírio foram levados à Escola 
Americana de Pesquisa Oriental em Jerusalém para que sua autenticidade fosse 
averiguada. 
 Após várias análises, seu valor foi reconhecido pelo jovem professor John C. 
Trever. Foram enviadas cópias ao Dr. W. F. Albright, maior autoridade em paleografia 
hebraica. Após verificar cuidadosamente, ele confirmou o julgamento de Trever e o 
 
34 
cumprimentou pela “maior descoberta dos tempos modernos”. Foi então que o Prof. 
Millar Burrows, diretor da Escola na época, fez o anúncio oficial à imprensa mundial 
em 11 de abril de 1948. 
 Estes pergaminhos são os escritos de uma comunidade que viveu nos arredores do 
Mar Morto aproximadamente entre os anos 150 a.C. a 70 a.D. Alguns manuscritos 
datam de antes de 100 a.C. Entre os documentos encontrados estavam partes dos 
livros do Velho Testamento, com exceção de Ester. O dado mais importante é que 
foi encontrada uma cópia completa do Livro de Isaías. 
 A importância desta descoberta arqueológica é que os últimos textos bíblicos 
encontrados por arqueólogos datam do ano 900 a.D., mais ou menos 1400 anos depois 
que o Antigo Testamento possuía todos os livros que hoje o compõem. Este período de 
tempo foi apontado como motivo de questionamento sobre a veracidade do texto 
bíblico, uma vez que não se tinha nenhum documento da época que pudesse corroborar 
com os textos bíblicos. Segundo os céticos, o texto original da Bíblia teria sofrido 
alterações ao longo dos tempos, um período de 500 anos. Com a descoberta dos 
Pergaminhos do Mar Morto, os cientistas agora averiguaram que os textos bíblicos 
encontrados tinham os mesmos textos da Bíblia, o que confirma que o texto 
sagrado continua basicamente inalterado. 
 Antes desta descoberta, os céticos afirmavam que o livro de Isaías, com todas as 
uas profecias sobre o Messias, foi escrito depois do Novo Testamento com o objetivo de 
afirmar e justificar Jesus Cristo como Deus. Os Pergaminhos do Mar Morto provam 
que Isaías foi escrito antes do Novo Testamento e que as profecias escritas no livro 
mostram que Deus é verdadeiramente o autor da Bíblia Sagrada. 
Os pergaminhos de Isaías estão em exibição em Jerusalém. 
 Quanto às datas dos manuscritos e sua confiabilidade, existem várias evidências 
que os tornam confiáveis: 
 Testes através de carbono 14 datam entre 168 a.C. – 233 d.C. 
 A Paleografia (estudos da escrita antiga e seus materiais) datam alguns 
manuscritos antes de 100 a.C. 
 A arqueologia, mediante o estudo das cerâmicas encontradas nas grutas, 
diz que é da era Helenística (150 – 163 a.C), e da era romana (63 – 100 d.C). 
 Os rolos fornecem espantosa confirmação da fidelidade do texto 
massorético usado para a tradução das Bíblias modernas. 
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 Mostra que existem pouquíssimas alterações do texto, num período 
aproximado de 1.000 anos. 
Como já foi mencionado, o Novo Testamento possui uma multiplicidade de 
manuscritos, que são escritos em Grego, e se dividem em categorias: 
 Os papiros → Datam do séc. I e II, quando o cristianismo ainda era 
ilegal. Eram os materiais mais baratos, existem cerca de 26 manuscritos em papiro. 
 Unciais → Escritos em velino e em pergaminho nos séc. IV e V. Existem 
cerca de 297 unciais. Eram dispostos em códices (forma de livro), sendo os mais 
conhecidos: Códice Vaticano, Sinaítico, Alexandrino, Beza, entre outros, nos quais se 
acha praticamente todos os livros do Novo Testamento. 
 Minúsculo → Eram manuscritos e lecionários escritos em relevo, (do séc. 
IX – XV). Existem cerca de 4. 643 minúsculos. 
Todos estes manuscritos estão em acervos históricos, em museus espalhados 
por todo mundo. A cada ano pesquisadores estudam e se maravilham com a 
conservação histórica do texto bíblico, e com sua linha contínua de transmissão. 
Podemos afirmar com absoluta certeza, através dos manuscritos existentes, que 
a Bíblia que hoje usamos, é a mesma que os Pais da Igreja primitiva usavam. E o 
mesmo livro capaz de conduzir a Jesus que é “o caminho a verdade e a vida” (João 
14:6), sendo a regra de fé para qualquer pessoa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Outros Testemunhos de Apoio ao Texto Bíblico 
 
Os Papiros Não Bíblicos 
O Novo Testamento é um exemplo lúcido de linguagem coloquial do século I. 
Descobriram que o Novo Testamento não havia sido escrito numa “linguagem perfeita”, 
como alguns pais latinos da igreja haviam presumido, mas que em seu vocabulário, 
sintaxe e estilo, o Novo Testamento realmente é um registro do grego coloquial do 
século I. Além disso, descobriram entre os papiros não bíblicos o pano de fundo que 
constituía os antecedentes religiosos e culturais do século I. 
Saliente-se o fato de que o Novo Testamento não foi escrito

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