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TUMORES DE TESTÍCULO INTRODUÇÃO Tumores malignos ‐ acometem principalmente adolescentes e adultos jovens ‐ importante é a diferenciação entre tumores germinatios (originados nas células germinativas produtoras de espermatozóides) e os tumores não germinativos (células de Sertoli). ‐ os mais freqüentes são os tumores de células germinativas (95%) ‐ quase a metade são do tipo seminoma – 45 a 50% ‐‐ clássicos ou puros – 80% ‐‐ anaplásicos – 10% ‐‐ espermatócitos – 10% (mais comum no idoso) ‐ não‐seminomatosos – 35 a 45% ‐‐ carcinoma embrionário – 15 a 20% ‐‐ teratocarcinoma – 20 a 25% ‐‐ teratoma – 8 a 10% ‐‐ saco vitelínico – no adulto: 1%; na criança: 80% Não germinativos – tipos e frequencia: ‐ primários ‐‐ células de Leydig – 1 a 3% ‐‐ células de Sertoli ‐ 00,5 a 1% ‐‐ sarcomas – 1 a 2% ‐ secundários ‐‐ linfomas – 6 a 8% ‐‐ metástases Epidemiologia: ‐ faixa etária – 15 a 34 anos (3ª causa de morte neste grupo etário) ‐ 10 vezes mais freqüente em brancos ‐ população rural mais comum ‐ lado direito mais comum (criptorquia) – assim, deve sempre ser corrigida pois um testículo que não desce é mais propenso a desenvolve câncer Criptorquia: ‐ tumores testiculares 50 vezes mais freqüentes que nos indivíduos normais ‐ até 30% dos CA – testículo criptorquídico ‐ 5% ‐ testículo contralateral ‐ testículo abdominal (4x) versus testículo inguinal ‐ etiologia no câncer de testículo: papel indefinido ‐ ectopia (aumento de temperatura)? ‐ fatores endócrinos? ‐ alterações disgenéticas intrínsecas ‐ recomendação: corrigir na idade de 1 a 2 anos (primeira tentativa com tratamento hormonal; caso não haja a decida, realizar o tratamento cirúrgico). História natural – apresentação inicial: ‐ doença localizada – 60% ‐ extensão regional (já invade algum órgão vizinho, como epidídimo ou cordão espermático) – 23% ‐ doença metastática – 15% ‐ bilateral (assincrônico – tumor no outro testículo em épocas diferentes) – 1,5 a 5% História natural: ‐ Crescimento e disseminação ‐‐ velocidade de crescimento rápida ‐‐ tempo de duplicação – Do não‐seminomatoso – 10 a 30 dias; Do seminomatoso – mais lento ‐ contigüidade – túnica albugínea primeiro e então do epidídimo e cordão espermático ‐ linfática – linfonodos retroperitoneais (à nível do hilo renal) ‐ hematogênica – pulmão, fígado e cérebro Disseminação linfática: Linfáticos do cordão espermático ‐> linfáticos retroperitoneais (vasos renais) ‐> cranialmente em direção ao mediastino ou caudalmente em direção aos vasos ilíacos Disseminação linfática: ‐ lado direito – frente da veia cava e entre a cava e a aorta 23% a 88% contralaterais ‐ lado esquerdo – frente e lateral a aorta; raramente há comprometimento contralateral ABORDAGEM INICIAL ‐ História clínica – aumento de bolsa escrotal ou desconforto no testículo. Nódulo endurecido, indolor em bolsa escrotal até que se prove o contrário é um tumor. ‐ exame físico ‐ exames de imagem – o primeiro a ser feito é a USG. – mostra imagem hipoecóicas. ‐ estadiamento – feita por TC e RNM para a realização do estadiamento TNM ‐ marcadores tumorais Assim, na primeira consulta, e quando há a suspeita de um tumor, pedir marcadores tumorais + USG. Caso alterados, indicar para cirurgia (caso não haja doença avançada, com metástase, etc.) Exame físico: ‐ epidídimo comumente encontra‐se normal ‐ espessamento do cordão espermático (10 a 15%) ‐ hidrocele (10 a 25%) – presença de água na bolsa escrotal devido ao acumulo de liquido reacional à presença do tumor ‐ massas abdominais e gânglios supra‐claviculares – mais presentes em doença mais avançada ‐ ginecomastia Exame físico: ‐ tumoração indolor, com aumento do volume da bolsa escrotal, com palpação de um ou mais nódulos, aumento do peso do testículo e conseqüentemente pode estar mais baixo. Diagnóstico diferencial: ‐ orquiepididimite – geralmente mais dolorosa, com história de corrimento uretral, relação sexual suspeita ‐ hidrocele exclusiva ‐ hérnia ‐ torção testicular – quadro doloroso, abrupto, com dor aguda, decorrente de uma obstrução ao fluxo sanguíneo. Mais comum em crianças, porém. ‐ orquite granulomatosa DIAGNÓSTICO ‐ Exame físico ‐ marcadores tumorais (desidrogenase lática/alfa‐fetoproteína/HCG) ‐ USG com Doppler (para o diagnóstico diferencial entre o tumor e uma torção testicular) ‐ RX de tórax/TC/RNM (para estadiamento) ‐ inguinotomia exploradora é a cirurgia a ser realizada ESTADIAMENTO DOS TUMORES DO TESTÍCULO PELA CLASSIFICAÇÃO TNM T: ‐ T1 – tumor dentro do testículo ‐ T2 – tumor que já invade a túnica albugínea ‐ T3 – já invade órgãos adjacentes (como exemplo o epidídimo) ‐ T4 – o tumor já invade a pele do testículo N: ‐ Nx: linfonodos não podem ser avaliados ‐ N0: sem metástases para linfonodos ‐ N1: linfonodos menores de 2 cm, , menos de 5 linfonodos ‐ N2: linfonodos maiores que 5 cm M: ‐ Mx: metástase à distância invaliável ‐ M0: não há metástases à distância ‐ M1: presença de metástase à distância MARCADORES TUMORAIS Gonadotrofina coriônica humana (β‐HCG) alto – indica que trata‐se de um tumor grande, provavelmente com metástase linfonodal, seja ele seminomatoso ou não seminomatoso ‐ valor de normalidade até o homem é de 2,67 mUI/mL ‐ possui uma meia vida de 36 horas – assim, espera‐se que, caso não se trate de uma doença avançada, após a cirurgia de ressecção, haja uma queda dos níveis do seu marcador. ‐ coriocarcinoma – aumentado em 100% dos casos ‐ carcinoma embrionário – aumentado em 40 a 60% dos casos ‐ seminoma – aumentado em 10% dos casos Obs.: a β‐HCG pode estar aumentada na doença inflamatória intestinal, na úlcera duodenal e na cirrose. Alfa‐fetoproteína: ‐ valor de normalidade: 0,60 a 6,65 ng/mL ‐ meia vida de 5 dias ‐ tumores não seminomatosos ‐> 50 a 60% produzem alfa‐fetoproteína ‐ principais tumores que levam a uma elevação de AFP: carcinoma embrionário; carcinoma de saco vitelínico; tumores mistos (teratocarcinomas) ‐ Falsa elevação: em crianças menores de 1 ano; carcinomas hepatocelular, gástrico, pancreático e pulmonar; hepatites viral e tóxica; cirrose ‐ Assim, seminoma puro e carcinoma puro ‐> não produzem alfa‐fetoproteína Marcadores tumorais: 1) Marcadores: ‐ elevados ‐> câncer de testículo ‐ normais ‐> não exclui 2) sem metástases ‐> marcadores normalizam 3) aumento de AFP e beta‐HCG após orquiectomia ‐> tumor residual 4) Recorrência: 85% com marcadores elevados até 6 meses Obs.: quando ocorre disseminação hematogenica ‐> mais comum para pulmão, fígado e cérebro Positividade dos marcadores tumorais de acordo com a variedade histológica ‐ seminoma ‐‐ beta‐HCG: 8% ‐‐ AFP: 0% ‐‐ ambos: 8% ‐ não‐seminoma ‐‐ beta‐HCG: 57% ‐‐ AFP: 65% ‐‐ ambos: 84% Frequencia dos marcadores tumorais nos cânceres de células germinativas do testículo: ‐ seminoma: 0% de AFP e 10% de beta‐HCG ‐ carcinoma embrionário: 70% de AFP e 65% de beta‐HCG (ambos em 85%) ‐ teratocarcinoma: 0% ambos ‐ coriocarcinoma: 0% de AFP e 100% de beta‐HCG ‐ tumor do saco vitelino: 75% de AFP e 25% de beta‐HCG Metástases: ‐ propedêutica básica: radiografia de tórax; tomografia de abdome e tórax; marcadores (exploração cirúrgica) ‐ excepcionais: biópsia de gânglio supraclavicular (raramente é feito) ‐ outros: urografia; linfografia – punção de glânglio (quase não são mais feitos) TRATAMENNTO ‐ vai depender da extensão da doença, do tipo celular (alguns tumores são mais radiossensíveis que outros, por exemplo) e dos níveis séricos de marcadores tumorais 1. Tratamento do tumor primário ‐ orquiectomia radical – incisão inguinal alta, com clampeamento do cordão. Deve‐se evitar a violação tumoral* ‐ excepcional: feita em casosmais avançados ‐> quimioterapia prévia seguida de orquiectomia secundária *Obs.: na biópsia, nunca violar a bolsa! Sempre realizar a incisão pela região inguinal, pois isso muda todo o padrão de disseminação linfática típico do tumor de testículo. Fatores de pior prognóstico pós‐orquiectomia: ‐ tumor não seminomatoso: invasão linfovascular; mais de 50% de carcinoma embrionário; invasão da albugínea ou do epidídimo (pT no mínimo de 2); tumor de saco vitelínico; marcadores acentuadamente elevados pré‐orquiectomia ‐ tumor seminomatoso: invasão linfovascular; tamanho maior que 3 cm; tumor anaplásico; marcadores elevados pós‐orquiectomia Obs.: Tais fatores de risco elevam as taxas de metástases e recorrência ganglionar de 10% para aproximadamente 50% Tratamento dos pacientes de acordo com o estágio (não é importante decorar para a prova): 1. Seminomas a) Seminoma localizado (T1‐T4, N0, M0) ‐ Estádio I: pacientes com pT1 ou pT2 e sem fatores de risco ‐ orquiectomia + vigilância ativa ‐> recorrência de 15 a 18% ou orquiectomia + quimioterapia (1 ou 2 ciclos de Carboplatina – 400 mg/m2) ‐> recorrência de 1 a 4% b) Seminoma localizado (T1‐T4, N0, M0) – Estádio I: (1) pacientes com pT1 ou pT2 e com fatores de risco ou (2) pacientes com pT3 ou pT4 ou tumores maiores que 4 cm ou (3) pacientes 1S (marcadores elevados e qualquer pT) ‐ orquiectomia + radioterapia adjuvante periaórtica e ilíaca ipsilateral (20 a 25 Gy) c) Seminoma (T1‐T4, N1‐N2, M0) ‐ Estádio II (II‐A e II‐B): pacientes com pN1 ‐ orquiectomia + radioterapia adjuvante periaórtica e ilíaca ipsilateral (30 a 35 Gy) ‐> taxa de recorrência de 10 a 12%; cura em 95 a 100% dos casos. d) Seminoma (T1‐T4, N1‐N2, MO) – Estádio II (II‐A e II‐B): pacientes com pN2 ‐ orquiectomia + radioterapia adjuvante periaórtica e ilíaca ipsilateral (30 a 35 Gy) ou orquiectomia + quimioterapia (fatores de risco) Seminoma com doença metastática avançada (T1‐T4, N2‐N3 ou M1) – Estágio II‐C e III ‐ Tratamento de primeira linha: orquiectomia + quimioterapia ‐ Tratamento de segunda linha: radioterapia + linfadenectomia (linfadenectomia no caso de massas maiores que 3 cm) 2. Não‐seminomas: a) Não seminomas localziados (T1‐T4, N0, M0) – Estádio I: pacientes com pT1 ou pT2 e sem fatores de risco ou bom/intermediário prognóstico ‐ orquiectomia + vigilância ou orquiectomia + linfadenectomia retroperitoneal ‐> até 30% dos pacientes apresentam micrometástases e recorrência da doença b) não seminomas localizados (T1‐T4, N0, M0) – Estádio I: pacientes com pT1 ou pT2 com fatores de risco ou prognóstico ruim ‐ orquiectomia + quimioterapia sistêmica c) não seminoma com doença retroperitoneal limitada (T1 a T4, N1 (linfonodos com menos de 2 cm e menos de 5 linfonodos), M0) – Estádio II ‐ Tratamento de primeira linha ‐‐ orquiectomia + linfadenectomia retroperitoneal ‐‐ orquiectomia + linfadenectomia retroperitoneal + quimioterapia Em casos de marcadores e tumor original maior que 3 cm; reduz a recorrência de 49% para 6% ‐ opcional: orquiectomia + quimioterapia sistêmica d) não seminoma com doença metastática avançada (T1‐T4, N2‐N3 ou M1) ‐ Tratamento de primeira linha: orquiectomia + quimioterapia + ressecção cirúrgica (massas) Resumo do tratamento do câncer de testículo: ‐ Seminomas: ‐‐ T1‐T4, N0, M0: Sem fatores de risco ‐> orquiectomia + quimioterapia; Com fatores de risco ‐> orquiectomia + radioterapia adjuvante ‐‐ T1‐T4, N1‐N2, M0: orquiectomia + radioterapia ajduvante ‐‐ T1‐T4, N1‐N2, M1: orquiectomia + quimioterapia ‐ Não‐seminomas: ‐‐ T1‐T4, N0, M0: Sem fatores de risco ‐> orquiectomia + linfadenectomia; Com fatores de risco ‐> orquiectomia + quimioterapia ‐‐ T1‐T4, N1‐N2, M0: orquiectomia + linfadenectomia + quimioterapia ‐‐ T1‐T4, N1‐N2, M1: orquiectomia + quimioterapia + ressecção de massa linfonodal Importante para a prova: ‐ Seminoma é radiossensivel ‐> utilizar radioterapia ‐ não‐seminoma é radioresistente ‐> utilizar quimioterapia
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