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Rompimento ligamento pré pubico

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RUPTURA DO TENDÃO PRÉ-PÚBICO EM ÉGUA 
(RELATO DE CASO) 
Sandra Silva Duarte1, Débora Monteiro Navarro Marques de Oliveira1, Marcus Antonio de Souza Medeiros1 , Lucas 
Carvalho Pereira1 ,Elizabeth Regina Rodrigues da Silva 2, Joana D’Arc da Rocha Alves 3, Alcir Loureiro de Carvalho3,
Áurea Wischral 4, Beatriz Berlink Dutra Vaz 4, Paulo Fernandes de Lima 4

________________
1. Aluno de graduação em Medicina Veterinária , Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros, s/n, Recife, PE, CEP 
52171-900. E-mail: sandrinhamargi@hotmail.com
2. Residente do Hospital Veterinário de Grandes Animais , Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros, s/n, Recife, 
PE, CEP 52171-900.
3. Técnico Administrativo, Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros, s/n, 
Recife, PE, CEP 52171-900.
4. Professor do Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros, s/n, Recife, PE, 
CEP 52171-900.
Introdução
 O tendão pré-púbico funciona como uma inserção 
comum para os músculos abdominais e a linha alba [1]. 
Este tendão é composto, tanto em eqüinos como em 
ruminantes, de tendões originários dos músculos 
pectíneos, do tendão pélvico advindo dos músculos 
abdominais retos e oblíquos e dos tendões originários 
da porção cranial dos músculos gráceis, sendo que a 
ligação pélvica com a linha alba e as fáscias 
abdominais se incorporam a ele[2]
 A ruptura do tendão pré-púbico ou desmorrexia pré-
pubiana da prenhez é muito comum na égua, e rara na 
vaca e na ovelha [3]. Esta condição se desenvolve 
lentamente durante a última parte da prenhez, é 
precedida por edema do abdômen ventral, e depois de 
um período variável desse edema, ocorre a ruptura do 
tendão. O músculo reto do abdome atua como um 
aparato de contenção para o abdome ventral, e ao 
romper o tendão, ocorre uma distensão em sua porção 
posterior, a pélvis posterior é girada para cima e a 
anterior se posiciona para baixo. O grau de 
desprendimento abdominal varia de um caso para 
outro, dependendo da extensão da ruptura do tendão e 
das estruturas associadas ao mesmo [4].
 Segundo Emmerson [3], a ruptura do tendão pré-
púbico é bastante rara em bovinos porque o tendão sub-
pubiano, que não existe nos eqüinos, serve de apoio 
adicional a este tendão. Na égua e, ocasionalmente na 
vaca, vem precedida por um acentuado edema tenso e 
doloroso, de 8 a 12 cm de espessura, no assoalho 
abdominal, que começa no úbere e se estende até a 
região xifóide. O edema grave da parede abdominal na 
égua em gestação avançada deve sempre ser 
considerado como muito sério [3].
 Nas ocasiões em que ocorre danos ou traumas, este 
transtorno se produz repentinamente sem que ocorra o 
edema [3]. As gestações gemelares, a hidropisia das 
membranas fetais, o gigantismo fetal e a gestação 
prolongada, favorecem a ruptura [5]. Neste estado há 
uma ruptura transversa do tendão pré-púbico, dos 
músculos abdominais ventrais, da túnica abdominal e 
do peritônio, o que permite que as vísceras e o útero 
gravídico se movam para baixo penetrando em uma 
bolsa formada por pele e pelos músculos cutâneos. 
Raramente ocorre uma eventração completa [3]. Na
ruptura produzida repentinamente, devido à violência 
além do instantâneo alargamento da região abdominal 
ventral e do colapso dos flancos, há geralmente dores 
intensas e cólicas junto com suor frio, respiração 
acelerada, pulso rápido, debilidade e tendência ao 
colapso devido ao choque, e, eventualmente,
hemorragia [6]. Às vezes a égua e seu feto intra-uterino 
morrem neste momento apesar do tratamento de 
suporte com soro fisiológico, estimulantes e transfusão 
de sangue, além de suporte da parede abdominal [3].
 O prognóstico em caso de ruptura do tendão pré-
púbico é geralmente desfavorável, pois a maioria das 
éguas e potrinhos morrem antes do parto. Se este 
termina bem, a égua pode melhorar e o trabalho torna-
se mais leve, mas geralmente o animal fica tão 
deformado que é sacrificado [5]. Decididamente, é 
desaconselhável que estas éguas sejam cobertas 
novamente [3].
 Quando ocorre a ruptura do tendão, o tratamento é 
geralmente insatisfatório. O tratamento preventivo das 
éguas com marcha rígida, cautelosa e um acentuado 
edema do assoalho abdominal, deve consistir em 
confinar o animal em uma baia grande e confortável e 
restringir o exercício. Deve-se evitar os alimentos 
fibrosos e pesados e administrar uma ração leve e 
concentrada. Em algumas éguas, poderá ser 
conveniente administrar laxantes suaves. Deve-se 
enfaixar firmemente o abdômen, de modo que o peso 
das vísceras abdominais se transfira para coluna 
vertebral. É geralmente necessária uma almofada na 
coluna para prevenir as necroses por pressão. A égua 
deve ser vigiada cuidadosamente para detectar o 
momento do parto, podendo-se ajudá-la imediatamente 
para extrair o feto por tração. Esta ajuda é necessária,
pois, as contrações abdominais são muito fracas e o 
parto não pode ocorrer sem ajuda e direção. Na maioria 
dos casos pode haver contrações uterinas e dilatação 
cervical, porém como o feto não se insere no canal do 
parto, não se inicia as contrações abdominais e a 
expulsão fetal [3].
 É possível que seja necessário induzir o parto no 
final da gestação injetando 30 a 40 unidades de 
ocitocina [3]. Outra possibilidade nestas éguas é a 
cesariana, que tem bastante êxito e permite salvar o 
feto, no entanto pode ocorrer a morte da mãe. Este 
último procedimento está indicado em ruptura 
repentina com um eminente colapso e perigo de morte 
para mãe [3]. 
 O objetivo desse trabalho é relatar o caso de ruptura 
de tendão pré-púbico ocorrido no Hospital Veterinário 
de Grandes Animias da Universidade Federal Rural de 
Pernambuco, pois, apesar de não ser tão rara, quase não 
há na literatura relato de casos desta patologia.
Material e métodos
Um eqüino, fêmea, sem raça definida, pelagem 
tordilha, com onze anos e pesando aproximadamente 
trezentos quilos, deu entrada no dia 14 de abril de 
2009, com o histórico de que há oito dias apresentava
aumento de volume abdominal, antímero direito. O 
animal estava com prenhez de dez meses. No exame 
clínico foi observado uma drenagem de secreção 
amarelada, e ruptura do tendão pré-púbico (Figura 1). 
Foram solicitados exames complementares como 
hemograma, leucograma, fibrinogênio e análise do 
líquido cavitário abdominal. O hemograma revelou, 
além dos demais parâmetros normais, uma leucopenia 
provavelmente devido a imunossupressão, que pode 
ocorrer durante a gestação, sendo agravada pelo estado 
patológico do animal. Na análise do líquido cavitário 
abdominal verificou-se a coloração amarelada, aspecto 
turvo, contagem de células nucleadas acima de 30.000 
e presença de neutrófilos degenerados, o que 
identificou a presença de exudato séptico, sugerindo 
um processo infeccioso. 
O protocolo de tratamento aplicado foi 
dexametazona (20mg, bid, IM) e estradiol (5ml, IM)
para a indução do parto. Nos demais dias manteve-se o 
protocolo adicionando o uso de 10ml de Naquasone, 
para a diurese. 
No dia 16 de abril optou-se pela cirurgia cesariana, 
além do uso de flunixina (Desflan, 10 ml bid), 
penicilina (Pencivet, 2 frascos), oxitetraciclina 
(Kuramicina, 10 ml, IM) e cipermetrina (Bactrovet 
tópico). Pela cesariana foi retirado um potro de dez 
meses, ativo, cascos amolecidos, sem andar e mamando 
colostro artificial.
Após a cirurgia o animal ainda ficou internado para 
observação (Figura 2).
Resultados e discussão
 O aumento de peso do útero gravídico sobre o 
assoalho abdominal e as possíveis alterações 
degenerativas devido ao edema e o peso, predispõe a 
ruptura [3]. A ruptura do tendão pré- púbico do animal 
atendido ocorreu provavelmente por estas condições.Durante a cirurgia cesariana foi observado que além da 
ruptura do tendão, ocorreu a laceração dos músculos 
circunvizinhos. 
 Depois que ocorre a ruptura, o úbere e os mamilos se 
deslocam para frente e para baixo no assoalho 
abdominal. A atitude é a típica posição em cavalete, 
com elevação da cauda, cabeça e tuberosidades
isquiáticas e lordose. A pelve se inclina para trás 
porque o tendão pré-púbico não está intacto para 
mantê-la em sua adequada relação com a coluna 
vertebral [3]. Para corrigir esta postura, utilizou-se uma 
faixa de algodão na região do abdômen visando 
diminuir a pressão das vísceras sobre o assoalho 
abdominal.
 Williams [3], sugeriu a indução precoce do parto na 
égua mediante a dilatação manual da cérvix, seguida da 
remoção do feto. Foi feita a indução com 
corticosteroídes e, não havendo uma resposta 
adequada, optou-se pela cirurgia cesariana.
 A ferida cirúrgica começou a drenar secreção 
amarelada após cinco dias da cirurgia, e após 15 dias a 
ferida estava com aspecto purulento e as bordas 
encontravam-se afastadas. O animal ficou durante mais 
um mês em tratamento e observação, não ocorrendo 
uma melhora, foi realizado a eutanásia no dia oito de 
junho.
 Como descrito na literatura, casos de ruptura do 
tendão pré-púbico geralmente tem o prognóstico 
desfavorável. Mesmo com a tentativa de tratamento é 
difícil a recuperação, levando na maioria dos casos, o 
animal a óbito. Quando ocorre uma recuperação, o 
animal não volta às condições físicas de antes. Desta 
maneira, deve-se oferecer as melhores condições para o 
animal poder ter uma vida útil sem sofrimento ou, 
quando isto não é possível, como no caso relatado, 
fazer uma eutanásia aliviando o sofrimento do animal.
Referências
[1] OLIVEIRA,P.,2008.[Online] Características do Músculo Reto 
do Abdome. Homepage: http://www.portaldeveterinaria.com 
/2008_12_01_archive.html
[2] HABEL, R.E.; BUDRAS, K.D. 1992. Am. J. Vet. Research, 53 
,volume 11, p-2183-2195.
[3] STEPHEN, J.R.,1979. Obstetrícia Veterinária y Patologia de 
la Reproduccion. Ed. Hemisfério Sur. Buenos Aires, 
Argentina. p- 241-244.
[4] PAVEZ, E.F.,CATTANEO,F.G., 2006.[Online] Hernia: Una 
Enfermedad Quirúrgica Sin Época Ni Edad .Homepage: 
http://74.125.113.132/search?q=cache:5TV_dDgIQ_QJ:www.a
vancesveterinaria.uchile.cl/CDA/avan_vet_simple/Vol21_n1-
2_
2006_008.pdf+ruptura+del+tend%C3%B3n+prepubiano&cd=
1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br
[5] ALLEN,W.E.,1994. Fertilidade e Obstetrícia Eqüina. Livraria 
Varela, São Paulo.p- 123.
[6] PRESTES,N.C., ALVARENGA, F.C.L, 2006. Obstetrícia 
Veterinária. Ed. Guanabara,São Paulo. p-226. 
Figura 1 Contenção para exame clínico do animal 
Figura 2 Animal após a cirurgia cesariana.

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