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INDICADORES METABÓLICOS NA ESTRUTURAÇÃO E ORIENTAÇÃO DO TREINAMENTO DE FORÇA MUSCULAR

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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES 
MÁRIO AUGUSTO CHARRO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INDICADORES METABÓLICOS NA ESTRUTURAÇÃO E 
ORIENTAÇÃO DO TREINAMENTO DE FORÇA MUSCULAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MOGI DAS CRUZES, SP 
2007 
 
 
 
 
 
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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES 
MÁRIO AUGUSTO CHARRO 
 
 
 
INDICADORES METABÓLICOS NA ESTRUTURAÇÃO E 
ORIENTAÇÃO DO TREINAMENTO DE FORÇA MUSCULAR 
 
 
 
Dissertação apresentada ao curso 
de Mestrado em Biotecnologia da 
Universidade de Mogi das Cruzes 
como parte dos requisitos para a 
conclusão do curso. 
 
 
 
Prof. ORIENTADOR: Dr. Reury Frank Pereira Bacurau 
 
 
 
MOGI DAS CRUZES, SÃO PAULO 
2007 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Inicio meus agradecimentos pelos meus pais, Joaquim dos Santos Charro e 
Therezinha Prioli Charro, que devido ao seu suor, sacrifício, cobranças, amor, 
dedicação e prazer com que me encaminharam nos estudos, desde as primeiras séries 
até a conclusão da minha graduação em Educação Física, deram o primeiro grande 
passo para minha formação profissional e pessoal. Pai e Mãe, eu os amo muito!!! 
Agradeço a minha esposa e amiga Sueli Gomes Charro, por sua determinação e 
dedicação, dando o apoio e o suporte necessários para que possamos atingir nossos 
objetivos de vida. Alice, você é uma grande companheira. 
Aos meus filhos Daniel Charro e Giuliana Charro, por existirem e com isso me 
fazerem a pessoa mais feliz do mundo. Filhos, vocês são a razão da minha vida. 
Ao meu irmão Marco Antonio Charro, um grande amigo e companheiro de todas 
as horas. Guidão tenho muito orgulho de ser seu irmão, você é um cara especial. 
Ao meu orientador e amigo Reury Frank Pereira Bacurau, depois de vários anos 
de companheirismo, trabalhando um tanto e dando outro tanto de risadas, posso 
afirmar com toda certeza que é uma pessoa acima da média. Frank, obrigado pela força 
e apoio que sempre dispensou, você é um grande amigo. 
Aos meus grandes companheiros desta jornada profissional, Ruy Calheiros e 
Paulo Marchetti. Além de grandes parceiros profissionais, dois amigos que dificilmente 
nesta vida, ou em outras, encontrarei tanta amizade e companheirismo. É muito 
importante saber que vocês estão sempre ao meu lado, para o que der e vier. 
Aos meus grandes amigos especiais: Eduardo Aguiar, Aylton Figueira Jr., Denis 
Foschini, Marcelo Húngaro, Francisco Navarro, Luciano Pontes Jr, Luis Otávio 
Moscatello (Tavicco), Artur Monteiro, Andréa Hernandes, Maurício Teodoro, Zenaide 
Galvão, Irene Hernandes, Luciano Nardelli. Amigos vocês fazem a diferença. 
A fantástica diretoria (amigos eternos) Alexandre Strauch, Paulo Arid, Isabel 
Sampaio e Lílian Franco. A vida com vocês é muito melhor!!! 
A todos que ajudaram para a concretização deste (sem vocês este trabalho não 
seria possível): 
 
 
Dr. Rogério Gentil Bellot (Faculdade de Ciências Biológicas da UMESP); 
Dra. Carla Gonçalves Talib (LABMESP); 
Dr. Edmar (Laboratório de Analises Clínicas da Universidade IMES); 
Drdo. Aylton Figueira Jr. (Universidade IMES); 
Drdo. Denis Foschini (UMESP); 
Ms. Carlos Eduardo Panfílio (Universidade IMES); 
Ms. Fabio Ceschini (Faculdade de Diadema); 
Esp. Luciano Nardelli (UMESP); 
Prof. Esp. Ricardo Campos de Oliveira (UMESP); 
Ac. Mara Ligia Cardoso (Universidade IMES); 
Alunos formandos do Curso de Educação Física do IMES (2º semestre de 2007). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
 
O treinamento de força é utilizado com vários propósitos, mas particularmente para 
aumentar a massa muscular e a força. Nesse contexto, muitas variações na elaboração 
de seções de treinamento de força têm sido prescritas. Basicamente, as variações 
envolvem a ordem dos exercícios ou a manipulação das variações agudas do 
treinamento de força (sistemas de treinamento). De acordo com a crença popular, isto 
irá otimizar as respostas fisiológicas (ex. respostas hormonais e metabólicas) a seção 
de treinamento de força. Uma vez que hormônios e metabólitos “traduzem” o estímulo 
de treinamento em adaptação, a variabilidade nas seções de treinamento irá otimizar os 
resultados desse tipo de treinamento. Apesar disso, tal crença carece de evidências 
científicas. Portanto, o objetivo do presente estudo foi comparar as mudanças 
metabólicas e hormonais produzidas por duas seções de treinamento de força muito 
similares quanto à carga total, mas elaboradas de modo a caracterizarem dois sistemas 
de treinamento diferentes (convencional e piramidal). Dez sujeitos participaram de 
ambas as seções de treinamento de força sendo a ordem de realização aleatoriamente 
determinada e observando um intervalo de uma semana entre cada seção. Amostras 
de sangue foram coletadas antes, imediatamente após, 24, 48 e 72 horas após o 
término de cada seção de treinamento e a partir das mesmas foram realizadas análises 
de glicose, lactato, hormônio do crescimento, testosterona, cortisol, insulina e creatina 
quinase. Nossos dados demonstram que ambas as seções de treinamento promoveram 
mudanças nas concentrações plasmáticas de todos os parâmetros avaliados; 
entretanto, não houve diferença significativa nos valores observados entre as duas 
seções de treinamento. Assim, os resultados do presente estudo sugerem que 
parâmetros hormonais e metabólicos não são influenciados pela manipulação das 
variáveis agudas do treinamento de força (isto é, em relação ao sistema de 
treinamento) quando a carga total é similar. 
 
Palavras chave: Treinamento de força muscular, sistemas de treinamento, 
musculação, metabólitos, hormônios, dano muscular. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
Resistance training is utilized with several proposes but particularly to increase muscle 
mass and strength. In this context, many variations in the design of resistance training 
sections have been prescribed. Basically, the variations involve the exercise order or the 
manipulation of the acute resistance training variables (training systems). According with 
the popular belief, this will optimize the physiological responses (e.g. hormonal and 
metabolic responses) to resistance training section. Since hormones and metabolites 
“translate” the training stimulus into adaptation, the variability in resistance training 
sections would optimize the results of this type of training. Notwithstanding, such belief 
has no scientific support. Therefore, the aim of the present was to compare the 
metabolic and hormonal changes produced by two resistance training sections very 
similar in their total load but designed in such a way to constitute two different training 
systems (constant intensity and variable intensity). Ten subjects performed both 
resistance training sections in an aleatory order with a week of interval between them. 
Blood samples were collected before, immediately after, 24, 48 and 72 hours after the 
end of each training section and the analysis of glucose, lactate, growth hormone, 
testosterone, cortisol, insulin and creatine kinase were performed. Our findings 
demonstrate that both training sections promoted changes in the plasmatic levels of all 
parameters evaluated; however, there were no significant differences among the results 
of the two training systems. These results suggest that metabolic and hormonal 
parameters are not influenced by the variation of acute resistance training variables (i.e. 
training system) when total load are similar. 
 
Key words: resistance training, training systems,metabolites, hormones, muscular 
damage. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
 Página 
FIGURA 1 – Posição inicial e posição final para a realização do 
exercício supino regulamentar ....................................................... 
 
32 
FIGURA 2 – Posição inicial e posição final para a realização do 
exercício supino regulamentar ....................................................... 
 
33 
FIGURA 3 – Posição inicial e posição final para a realização do 
exercício supino regulamentar ....................................................... 
 
34 
FIGURA 4 – Representação esquemática das coletas de sangue 
realizadas. Antes e imediatamente após o protocolo de 
treinamento, e também 24, 48 e 72 horas após o término de cada 
sessão de treinamento.................................................................... 
 
 
 
37 
 
FIGURA 5 – Gráfico 1. representa as variações de insulina na 
corrente sanguínea antes, imediatamente após os protocolos de 
treinamento, e também 24, 48 e 72 horas após o término de cada 
sessão............................................................................................. 
 
 
 
47 
 
FIGURA 6 – Gráfico 2. representa as variações de glicose na 
corrente sanguínea antes, imediatamente após os protocolos de 
treinamento, e também 24, 48 e 72 horas após o término de cada 
sessão............................................................................................. 
 
 
 
47 
 
FIGURA 7 – Gráfico 3. representa as variações de testosterona 
na corrente sanguínea antes, imediatamente após os protocolos 
de treinamento, e também 24, 48 e 72 horas após o término de 
cada sessão.................................................................................... 
 
 
 
48 
 
FIGURA 8 – Gráfico 4. representa as variações de cortisol na 
corrente sanguínea antes, imediatamente após os protocolos de 
treinamento, e também 24, 48 e 72 horas após o término de cada 
sessão............................................................................................. 
 
 
 
48 
 
FIGURA 9 – Gráfico 5. representa as variações de creatina 
quinase na corrente sanguínea antes, imediatamente após os 
protocolos de treinamento, e também 24, 48 e 72 horas após o 
término de cada sessão.................................................................. 
 
 
 
49 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 10 – Gráfico 6. representa as variações na relação 
testosterona / cortisol antes, imediatamente após os protocolos 
de treinamento, e também 24, 48 e 72 horas após o término de 
cada sessão.................................................................................... 
 
 
49 
 
FIGURA 11 – Gráfico 7. representa as variações de GH na 
corrente sanguínea antes, imediatamente após os protocolos de 
treinamento, e também 24, 48 e 72 horas após o término de cada 
sessão ............................................................................................ 
 
 
50 
 
FIGURA 12 – Gráfico 8. representa as variações de ácido lático 
na corrente sanguínea antes, imediatamente após os protocolos 
de treinamento, e também 24, 48 e 72 horas após o término de 
cada sessão.................................................................................... 
 
 
50 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
 PÁGINA 
Tabela 1 – Exemplo dos métodos convencional e piramidal .............. 25 
Tabela 2 – Distribuição das variáveis antropométricas e idade .......... 41 
Tabela 3 – Estatística do método convencional de treinamento ......... 43 
Tabela 4 – Estatística do método piramidal de treinamento ............... 45 
Tabela 5 – Estatística da comparação pré-treino ............................... 51 
Tabela 6 – Estatística da comparação pós-treino ............................... 52 
Tabela 7 – Estatística da comparação após 24 horas ........................ 53 
Tabela 8 – Estatística da comparação após 48 horas ........................ 54 
Tabela 9 – Estatística da comparação após 72 horas ........................ 55 
Tabela 10 – Estatística Comparação Leucograma tradicional vs. 
 piramidal e pré vs. pós exercício ................................ 
 
57 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIAÇÕES 
 
ADP Adenosina Di-fosfato. 
ATP Adenosina Tri-fosfato. 
CEP Comitê de Ética em Pesquisa. 
CK Cretina quinase. 
CVM Contração Voluntária Máxima � Também chamada de 
1RM (uma repetição máxima). 
DNA Ácido Desoxirribonucléico 
GH Hormônio do Crescimento. 
IGF Insulin-like Growth Factors (Fatores de Crescimento 
Semelhantes à Insulina). 
LABMESP Laboratório de Análises Clínicas da Universidade Metodista 
de São Paulo. 
mRNA Ácido Ribonucléico Mensageiro 
µUI/ml Micro-Unidades por Mililitro. 
ng/dL Nanograma por Decilitro. 
ng/mL Nanograma por Mililitro. 
nmol/L Nanomol por Litro. 
RM’s Repetições Máximas. 
RTC Relação Testosterona / Cortisol. 
S Desvio Padrão. 
SGA Síndrome Geral da Adaptação. 
U/L Unidades por Litro. 
UMESP Universidade Metodista de São Paulo. 
VO2Máx. Volume Máximo de Oxigênio. 
X Média Aritmética. 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 PÁGINA 
1. Introdução ....................................................................................... 13 
1.1. Treinamento de força ........................................................ 14 
1.2. Treinamento de força, metabólitos e hormônios .............. 16 
1.3. Sistemas de treinamento de força .................................... 20 
1.4. Sistema convencional e sistema piramidal ....................... 23 
2. Justificativa e relevância ................................................................. 27 
3. Objetivo .......................................................................................... 28 
4. Método ............................................................................................ 29 
4.1. Seleção dos Sujeitos ........................................................ 29 
4.2. Recomendações nutricionais ............................................ 30 
4.3. Determinação das Intercorrências Clínicas ...................... 30 
4.4. Avaliação da força muscular ............................................. 30 
4.4.1. Teste de força máxima (CVM) ....................................... 30 
4.5. Protocolo de treinamento .................................................. 31 
4.6. Variáveis agudas do treinamento estudadas .................... 35 
4.7. Horário de treino proposto ................................................ 36 
4.8. Avaliações Antropométricas ............................................. 36 
4.9. Coleta do sangue .............................................................. 37 
4.10. Análises Sanguíneas ...................................................... 38 
4.11. Análise Estatística .......................................................... 39 
5. Resultados ..................................................................................... 41 
5.1. Caracterização da Amostra .……..………………...………. 41 
6. Discussão ....................................................................................... 59 
7. Conclusões e sugestões ................................................................ 69 
8. Referências bibliográficas .............................................................. 70 
 
 
Anexo 1 – Aspectos éticos e legais ................................................ 77 
Anexo 2 – Intercorrências clínicas ................................................. 8213 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Em várias modalidades esportivas como em levantamentos de peso e 
levantamentos básicos na musculação, provas de velocidade no atletismo e na 
natação, ou em competições de remo, por muitas vezes o sucesso está condicionado à 
produção de mais esforço físico que os indivíduos contra os quais se está competindo. 
Assim, o que caracteriza tais modalidades esportivas é a tentativa constante de 
aprimorar a capacidade orgânica de produzir um determinado tipo de esforço. O que só 
é possível devido ao fato de que independente da capacidade física de um indivíduo 
num determinado momento de sua vida, essa mesma capacidade quase sempre pode 
ser aumentada por meio da aplicação repetida de estímulos, processo conhecido como 
treinamento físico (BOMPA, 2002). 
Apesar de permitir aumento no nível de aptidão física e conseqüentemente no 
rendimento físico e esportivo, o efeito deste tipo de treinamento não é o mesmo ao 
longo do tempo, pois à medida que o organismo melhora, novas adaptações tornam-se 
gradualmente mais difíceis de serem obtidas. Nesse sentido, os indivíduos que 
trabalham com o treinamento físico se interessam em conhecer os mecanismos por 
meio dos quais os estímulos promovem adaptações, o que permitiria estar sempre 
interferindo na forma de aplicar o estímulo e continuar obtendo estas adaptações 
(FLECK, 2006). 
Contudo, esses mecanismos não podem ser identificados apenas por meio de 
quanto o desempenho aumentou (VIRU & VIRU, 2001). A constatação de que a 
velocidade aumentou em 3%, por exemplo, não explica como isso aconteceu. Se as 
adaptações promovidas pela prática regular de exercício tornam o organismo mais 
14 
 
eficiente para realizar o esforço, torna-se importante investigar onde estas adaptações 
ocorrem e por quais motivos. Baechle (2000) sugere que tais adaptações ocorrem não 
em sua totalidade, mas em grande parte, nos componentes celulares associados ao 
metabolismo energético. 
No organismo, a maior produção de energia é organizada pelo chamado controle 
metabólico (FELL, 1997). Que por meio da estimulação/inibição da atividade enzimática 
influencia as taxas e processos metabólicos. Considerando sua organização, o controle 
metabólico é o resultado da interação de três “níveis” diferentes do funcionamento do 
organismo: a autoregulação celular, a regulação hormonal e a regulação nervosa (VIRU 
& VIRU, 2001). Então, os mecanismos pelos quais o treinamento físico promove 
adaptações podem ser investigados, por exemplo, por meio da avaliação do estado 
metabólico corporal. O que é feito, por sua vez, pela avaliação de vários metabólitos e 
substratos encontrados no sangue, na urina, saliva e/ou suor (TREMBLAY & CHU, 
2000; VIRU & VIRU, 2001). Obviamente a utilização de metabólitos e substratos 
pressupõem que se saiba em que ponto do metabolismo tais substâncias estão 
presentes. Isto é, em quais “pontos” do metabolismo energético elas estão atuando ou 
são produzidas. 
 
1.1 Treinamento de Força 
 
O melhor desempenho para um indivíduo também se caracteriza pela maior 
capacidade de produzir força e/ou potência muscular (BAECHLE et al., 2000). Uma 
forma de induzir aumentos de força conhecida desde a antiguidade é o chamado 
15 
 
treinamento com pesos, ou simplesmente, treinamento de força (FLECK & KRAEMER, 
1997). 
Este aumento na força muscular geralmente leva a aumentos no volume 
muscular, redução do percentual de gordura corporal, melhoria no desempenho motor e 
no desempenho atlético. Como este tipo de força é a capacidade de produzir tensão 
muscular contra uma resistência, e esta pode ser para cada ângulo articular ou 
movimento específico, entende-se que o treinamento para aumentá-la pode ser 
realizado sem a produção de movimento (treinamento estático) ou com a produção de 
movimento (treinamento dinâmico). Em relação aos resultados supracitados, a forma 
mais utilizada para obtê-los é o treinamento dinâmico. 
Durante a execução do treinamento de força, o número máximo de repetições 
(RM’s) que o indivíduo consegue realizar, é um dos fatores determinantes da 
intensidade caracterizando-a como baixa, média ou alta. Este número máximo de 
repetições que uma pessoa pode realizar com determinado peso, corresponde a uma 
porcentagem do peso máximo que essa mesma pessoa levantaria uma única vez (sua 
contração voluntária máxima – CVM). Assim sendo, foi estabelecida uma relação entre 
quantas repetições podem ser realizadas em determinadas porcentagens do máximo 
do indivíduo para o exercício em questão (BAECHLE et al., 2000). 
Observações realizadas ao longo de anos de prática demonstraram uma 
associação entre o número de repetições e a predominância do tipo de adaptação em 
função do treinamento de força. Nesse contexto, observou-se que intensidades 
elevadas (85-100% da CVM) geralmente promovem aumentos de força e/ou potência 
(determinada principalmente pela velocidade de execução), enquanto cargas 
moderadas (67-85% da CVM) promovem aumento do tamanho (hipertrofia) da fibra 
16 
 
muscular e estímulos leves aumentam a resistência muscular localizada (50-66% da 
CVM) (BAECHLE et al., 2000; CREWTHER et al., 2006A; CREWTHER et al. 2006B; 
CREWTHER et al., 2006C; GABRIEL et al., 2006). Esses diferentes tipos de 
adaptações citadas em função da intensidade da carga são as que podem ser 
classificadas como predominante dado o fato de ser impossível separar totalmente 
adaptações. Assim, mesmo quando há um aumento na hipertrofia muscular ocorre um 
aumento de menor magnitude na força e na resistência muscular localizada. 
 
1.2 Treinamento de força, metabólitos e hormônios 
 
Dada a relação entre metabolismo energético e adaptação celular, a existência 
de adaptações predominantes, pode estar, pelo menos em parte, relacionada a 
modificações específicas no metabolismo energético em função da intensidade. De 
modo geral, trabalhos com intensidades mais elevadas, elaborados para o aumento da 
força máxima, são realizados com fornecimento energético predominante da via dos 
fosfagênios. Enquanto que os trabalhos com intensidades moderadas, elaborados para 
promover aumento da massa muscular (hipertrofia), são dependentes principalmente da 
utilização anaeróbia de glicose. Uma vez que os substratos não são iguais entre os 
diferentes trabalhos, o mesmo ocorre para os metabólitos produzidos nas diferentes 
vias metabólicas. 
No trabalho de força máxima a produção de lactato é significativamente menor 
que a observada durante o trabalho de hipertrofia. Isso devido ao fato da creatina 
fosfato ser o substrato com maior contribuição para produção energética ocorrendo 
menor participação da via glicolítica, onde é gerado o lactato. Desta forma, o nível de 
17 
 
lactato no sangue expressa na realidade a taxa entre o influxo a partir dos músculos 
ativos e o efluxo a partir do sangue para locais onde o lactato é oxidado, na ressintese 
de glicogênio ou na gliconeogênese. Como o lactato aumenta em intensidades maiores 
que as correspondentes ao limiar anaeróbio, sua concentração sanguínea pode ser 
usada para caracterizar a contribuição da produção anaeróbia de energia em músculos 
ativos (VIRU & VIRU, 2001). Conforme já mencionado, o controle metabólico não é 
exercido apenas por meio da auto-regulação celular, estando às enzimas intracelulares 
submetidas a influências externas, tais como os hormônios. Isso é observado em 
trabalhos de força com diferentes intensidades. O trabalho para aumento da força, com 
alta intensidade e baixo volume de carga, promove maior alteração nas concentrações 
plasmáticas de testosterona, que atravessa o sarcolema na sua forma livre por um 
mecanismo de difusão, onde se une a proteínas receptoras de andrógenos que sedirige para o núcleo da célula, interagindo com o DNA, produzindo mRNA específico 
provocando aumento da síntese protéica e estimulando a liberação de GH (hormônio do 
crescimento) e de Somatomedina (SCHERMAN, 1984). Enquanto o trabalho com 
intensidade moderada e maior volume de carga, afeta de modo marcante a 
concentração plasmática de GH (KEUL, 1978; HAKKINEN, 1988; HAKKINEN, 1993; 
KRAEMER, 1990), que tem sua principal ação como estimulador de outros hormônios 
chamados Somatomedinas ou IGF, aumentando a síntese de proteínas e sua captação 
pelos músculos esqueléticos, e reduzindo a utilização de proteínas (BADILLO & 
AYESTARÁN, 2001). 
O cortisol é o principal hormônio glicorticóide, que são os que favorecem o 
catabolismo, ou seja, a degradação das proteínas musculares, deteriorando suas 
proteínas contráteis. Isto mostra que uma elevada concentração de cortisol pode levar a 
18 
 
uma redução no volume muscular, e por conseqüência diminuição da força, 
prejudicando o rendimento físico-esportivo. Quando a concentração de cortisol 
aumenta, a produção de testosterona é inibida, pois o cortisol irá competir pelos 
mesmos receptores que se unem com a insulina e com a somatomedina, mostrando 
então que o aumento na intensidade do exercício, leva ao aumento do risco de 
degradação de proteínas (KRAEMER, 1992). A insulina que é um hormônio secretado 
pelo pâncreas também tem a função de inibir a utilização de proteínas (catabolismo), 
ocupando os receptores do cortisol da membrana da célula muscular, evitando a ação 
catabólica protéica do cortisol sobre esses receptores (BADILLO & AYESTARÁN, 
2001). 
A relação testosterona / cortisol (RTC), permite avaliar o equilíbrio anabólico / 
catabólico em que se encontra um indivíduo submetido a um treinamento intenso. 
Esses estudos demonstram que o treinamento de força afeta o metabolismo 
energético e o sistema endócrino de modo diferenciado conforme a intensidade com 
que é praticado. Isso sugere que o estudo de substratos, metabólitos e hormônios 
podem servir de ferramenta para o acompanhamento da eficácia de um dado regime de 
treinamento de força (ALBERNETHY et al., 1994; ENOKA, 2002; GOTO et al., 2005; 
KAWADA & ISHII, 2005). O que em última instância é de extrema importância para a 
obtenção contínua de resultados. Dentre as substâncias associadas ao estresse 
metabólico induzido pelo treinamento de força podem ser citadas então, o ácido láctico 
(ou sua forma plasmática, o lactato), a testosterona, o cortisol e o hormônio do 
crescimento (LIEBER 1992, 2002; RIZZI et al., 1997; VIRU & VIRU, 2001). 
19 
 
Fleck & Kraemer (1997) relatam que o ganho de força muscular entre homens e 
mulheres é semelhante, já o aumento no volume muscular (hipertrofia) é maior nos 
homens. 
Vale destacar que a relação entre a intensidade do esforço físico e o sistema 
energético prioritariamente acionado, não é exclusividade do treinamento de força 
(JANSSEN, 2001). Assim, por exemplo, a corrida ou o salto em alta intensidade 
promove ativação do sistema energético do fosfagênio tal qual o treinamento de força 
de alta intensidade. 
Atualmente os mecanismos responsáveis pelo aumento da massa muscular, por 
meio do aumento da secção transversa do músculo (hipertrofia muscular), são muito 
discutidos, porém autores como Clarkson & Hubal (2002) e Raastad et al. (2003) 
consideram que esta hipertrofia tem como um de seus principais fatores o dano 
muscular após a realização do treinamento de força. Este dano ocorre principalmente 
em função da fase excêntrica da contração muscular. 
A creatina quinase (CK) é uma enzima intracelular que regenera o ADP a ATP, é 
liberada na corrente sanguínea quando a fibra muscular é lesionada. Assim, além dos 
marcadores ligados ao metabolismo energético, diferentes tipos de treinamento de 
força podem ser monitorados quanto à ocorrência de microlesões, conseqüentemente 
pela detecção de creatina quinase (GRABINER, 2000; LIEBER, 2002). Sendo ela 
citoplasmática e não tendo a capacidade de atravessar a barreira da membrana 
sarcoplasmática, se a concentração plasmática dessa enzima estiver aumentada, isto é 
um indicativo de dano muscular (NOSAKA, 2002). 
Existe uma grande variabilidade da resposta intersujeitos, onde a intensidade do 
exercício, o tipo de exercício e a realização de atividade imediatamente após o dano 
20 
 
induzido podem alterar a magnitude da concentração de CK na corrente sanguínea, 
sendo assim, a concentração sanguínea de CK pode ser afetada por vários fatores, 
incluindo fatores genéticos (FOSCHINI, 2006). 
 
 
1.3 Sistemas de treinamento de força 
 
A intensidade não é o único fator manipulado no treinamento de força a fim de 
que adaptações sejam obtidas. Ao longo dos anos, o treinamento de força foi utilizado 
por indivíduos com os mais variados objetivos (ex. alteração da força, da composição 
corporal), além disto, a disponibilidade ou a limitação de tempo e de equipamentos para 
a realização dos treinamentos estimulou a variação de trabalhos. Assim, surgiram os 
chamados sistemas de treinamento de força (KRAEMER & FLECK, 2004). 
De modo geral, tais sistemas manipulam variáveis que se acredita serem 
importantes para a adaptação, sendo possível a realização de uma infinidade de 
combinações. Fry (1999) destaca, por exemplo, que mais de 1.000.000 de tipos de 
treino podem ser facilmente elaboradas a partir da combinação das supracitadas 
variáveis. Obviamente, um número tão grande de opções dificulta a escolha das formas 
mais eficientes para ministrar o treinamento de força (GRAVES & FRANKLIN, 2001; 
GABRIEL et al., 2006). Para aumentar tal dificuldade, vale destacar a falta de 
embasamento científico na criação dos sistemas de treinamento. Eles foram 
estabelecidos por tentativa e erro e geralmente são adotados em função de crenças 
e/ou preferências pessoais. 
21 
 
Um esforço no sentido de estabelecer melhoras para a prescrição do treinamento 
de força foi feito por Kraemer (1983). Esse autor estabeleceu o conceito de variáveis 
agudas do treinamento, que são divididas em variáveis de volume de carga, variáveis 
de intensidade de carga, e a freqüência de treinamento. 
As variáveis de volume de carga (número de exercícios, número de séries e 
número de repetições) são aquelas que podem aumentar ou diminuir a quantidade de 
estímulos que são ministrados durante uma sessão de treinamento. Quando uma ou 
mais dessas variáveis é alterada a quantidade de estímulo para a musculatura também 
muda". 
Já as variáveis de intensidade de carga (seleção dos exercícios, ordem dos 
exercícios, peso, amplitude de movimento, velocidade de execução, e intervalo entre 
séries e exercícios) são aquelas que para um mesmo número de estímulos, ocorre 
alteração no grau de dificuldade com que o exercício é realizado. Por exemplo, se o 
peso for aumentado, a dificuldade em realizar o mesmo número de repetições será 
maior, e da mesma forma se alterar intervalo de recuperação entre as séries, a 
amplitude do movimento ou a velocidade de execução, a dificuldade em realizar os 
exercícios será diferente. 
Existem ainda exercícios que apresentam maior ou menor grau de dificuldade na 
hora de sua realização, isto relacionado ao número de articulações envolvidas (e 
conseqüentemente número de músculos agonistas) ou a necessidade de utilização de 
músculos estabilizadores (coordenação intermuscular), sendo assim, a escolha dos 
exercícios ou a ordem com que estes serão realizados (convencional ou pré-exaustão) 
podem influenciar na intensidade do trabalho realizado para um determinado músculo 
ou grupo muscular. 
22 
 
Posteriormente, Fleck & Kraemer (2006) indicaram que todo e qualquer sistema 
de treinamento de força manipula uma ou mais dessas variáveisagudas. Embora as 
propostas desses autores facilitem a prescrição do treinamento de força elas não 
contribuem quanto ao acompanhamento das adaptações obtidas, uma vez que não 
estabelecem quais seriam os indícios de que mudanças estariam ocorrendo no 
organismo. 
Se cada sistema de treinamento de força manipula de modo particular as 
variáveis agudas, supõe-se que as alterações no metabolismo energético, sistema 
endócrino e ocorrência de microlesões também sejam próprias de cada sistema. Uma 
vez estabelecido o padrão geral de alterações metabólicas e hormonais promovidas por 
cada tipo de sistema de treinamento, esse mesmo padrão poderia ser utilizado como 
referencial para o futuro acompanhamento de tal sistema, assim como acontece em 
procedimentos de avaliação física (antropometria, medidas neuro-motoras ou 
metabólicas), onde existem os “valores de referência”, ou seja, considerados normais. 
Estes são os valores que comumente encontram-se na população estudada (GUEDES 
& GUEDES, 2006). 
O conhecimento sobre o padrão geral de alterações metabólicas e hormonais 
promovidos por um dado sistema de treinamento apresentaria ainda a vantagem de 
servir de instrumento contra o estabelecimento da síndrome de supertreinamento 
(diminuição do desempenho devido a adaptação inadequada ao estímulo do exercício). 
Em modalidades esportivas de força, o supertreinamento ocorre quando erros são 
cometidos em relação às variáveis agudas do treinamento (KRAEMER et al., 1998). 
Além da diminuição no desempenho, o supertreinamento promove alterações nas 
concentrações basais de hormônios como a testosterona e o cortisol (FRY et al., 1993; 
23 
 
RAMSEY et al., 1996; FRY & KRAEMER, 1997). É interessante notar que antes do 
estabelecimento do supertreinamento há uma fase prévia denominada overreaching na 
qual já há alterações hormonais sem comprometimento severo do desempenho (INDER 
E WITTERT, 2005). O conhecimento da resposta normal do organismo ao treinamento 
pode detectar a ocorrência do overreaching permitindo assim a modificação do 
treinamento e evitando que o supertreinamento se instale. 
 
1.4 Sistema convencional e sistema piramidal 
 
Os dois sistemas de treinamento de força mais utilizados são o convencional (ou 
tradicional) e o piramidal. O sistema convencional surgiu como uma variação da forma 
original de praticar treinamento de força. Inicialmente, os treinamentos eram realizados 
em série simples, ou seja, os praticantes realizavam o número estabelecido de 
repetições uma única vez em cada exercício. Posteriormente, passou-se a realizar um 
dado número de repetições e após breve descanso repetir o procedimento. A 
justificativa para isso era a crença de que o novo procedimento aumentaria a fadiga e a 
concentração de metabólicos na musculatura. Isso por sua vez propiciaria um maior 
aumento da massa muscular. Desde então esta nova metodologia, séries múltiplas, foi 
adotada utilizando-se sempre o mesmo número de repetições e com o mesmo 
percentual do valor da CVM a cada nova série, sendo denominado “sistema 
convencional” ou “sistema tradicional”. De modo semelhante à concepção original, 
estes sistemas foram desenvolvidos sem qualquer tipo de verificação experimental. 
Provavelmente o segundo sistema mais utilizado é o piramidal. Ele surgiu a partir 
da diversificação do sistema convencional uma vez que os praticantes do treinamento 
24 
 
de força acreditam que variar os sistemas de treinamento consiste numa estratégia 
válida para promover novas adaptações e, conseqüentemente, melhorar seu 
desempenho. O sistema piramidal pode ser entendido como um sistema de múltiplas 
séries, mas com a variação em relação ao convencional que de uma série para outra o 
peso será modificado, assim como o número de repetições também. 
 Em sua versão original o sistema piramidal foi desenvolvido com a característica 
completa, ou seja, entre as primeiras séries (de uma para a outra) o número de 
repetições diminui e o peso aumenta, e nas últimas séries o número de repetições 
aumenta e o peso diminui (ex: em um treinamento com cinco séries, da primeira para a 
segunda o executante diminui o número de repetições e aumenta o peso, da segunda 
para a terceira, repete o procedimento, da terceira para a quarta, este procedimento é 
invertido, ou seja, aumenta o número de repetições e diminui o peso, realizando 
novamente este último procedimento da quarta para a quinta série). 
Este sistema apresenta variações em relação a sua forma original (completa), 
que são: a pirâmide crescente, onde de uma série para a outra sempre o número de 
repetições diminui, enquanto o peso aumenta; e a pirâmide decrescente onde de uma 
série para a outra sempre o número de repetições aumenta, enquanto o peso diminui. 
 
 
 
 
 
 
25 
 
Tabela 1 – Exemplo dos sistemas convencional e piramidal (completo, crescente e decrescente) 
utilizando números de repetições que pertencem a manifestação Força Hipertrófica – adaptado de Uchida 
e cols, 2006. 
 
Método 
Convencional 
Método Pirâmide 
Completa 
Método Pirâmide 
Crescente 
Método Pirâmide 
Decrescente 
1ª série – 10 rep. 
com 75% CVM 
Descanso 1 min. 
2ª série – 10 rep. 
com 75% CVM 
Descanso 1 min. 
3ª série – 10 rep. 
com 75% CVM 
Descanso 1 min. 
4ª série – 10 rep. 
com 75% CVM 
Descanso 1 min. 
5ª série – 10 rep. 
com 75% CVM 
1ª série – 06 rep. 
com 85% CVM 
Descanso 1 min. 
2ª série – 08 rep. 
com 80% CVM 
Descanso 1 min. 
3ª série – 10 rep. 
com 75% CVM 
Descanso 1 min. 
4ª série – 08 rep. 
com 80% CVM 
Descanso 1 min. 
5ª série – 06 rep. 
com 85% CVM 
1ª série – 12 rep. 
com 67% CVM 
Descanso 1 min. 
2ª série – 10 rep. 
com 75% CVM 
Descanso 1 min. 
3ª série – 09 rep. 
com 77% CVM 
Descanso 1 min. 
4ª série – 08 rep. 
com 80% CVM 
Descanso 1 min. 
5ª série – 06 rep. 
com 85% CVM 
1ª série – 06 rep. 
com 85% CVM 
Descanso 1 min. 
2ª série – 08 rep. 
com 80% CVM 
Descanso 1 min. 
3ª série – 09 rep. 
com 77% CVM 
Descanso 1 min. 
4ª série – 10 rep. 
com 75% CVM 
Descanso 1 min. 
5ª série – 12 rep. 
com 67% CVM 
 
De acordo com Kraemer e Fleck (2004) existe muita especulação a respeito do 
porquê vários sistemas são efetivos. Ainda segundo esses autores são necessárias 
mais investigações a respeito da efetividade dos sistemas de treinamento de força. 
Conforme já mencionado, as alterações metabólicas induzidas pelo treinamento 
sinalizam o tipo de proteína a ser produzido enquanto que as alterações hormonais 
ampliam a quantidade dessas proteínas (VIRU E VIRU, 2001). Por outro lado, tanto as 
alterações metabólicas quanto as hormonais refletem a sobrecarga fisiológica imposta 
ao organismo. 
Os principais determinantes da sobrecarga fisiológica são a intensidade e o 
volume de carga para o treinamento. No treinamento de força muscular (musculação) 
conforme citado anteriormente, as variáveis que indicam a intensidade de carga são 
prioritariamente o peso utilizado, a amplitude do movimento, a velocidade de execução, 
26 
 
o intervalo de recuperação (descanso) e a seqüência dos exercícios, já as variáveis que 
indicam o volume de carga são: o número de exercícios para o grupo muscular, o 
número de séries para cada exercício e o número de repetições para cada série. 
Uma vez que a proposta do presente trabalho é verificar se por meio da 
quantificação de indicadores metabólicos e hormonais é possível caracterizar um 
determinado sistema de treinamento de força, é preciso garantir que a intensidade e o 
volume entre os sistemas avaliados sejam os mesmos. Caso contrário, torna-se 
impossível determinar se os indicadores metabólicos representam diferença quanto à 
forma de ministrar a sobrecarga (estratégiade organização), as variações na 
intensidade/volume ou ambos. 
Assim, para testar essa hipótese de que os sistemas de treinamento de força 
podem ser caracterizados quanto a modificações metabólicas e hormonais, o presente 
trabalho avaliou os dois protocolos de treinamento de força mais utilizados 
(convencional e piramidal) mantendo-se praticamente o mesmo volume e intensidade 
de carga. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
2 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA 
 
Um número crescente de evidências demonstra que o treinamento de força 
promove benefícios tanto para o desempenho (ex. aumento da força máxima e da 
potência muscular) quanto para a saúde (ex. melhoria de problemas ortopédicos, 
hiperlipidemia, hipertensão, bem-estar psicossocial). Contudo, a obtenção de tais 
benefícios está atrelada à prescrição adequada do treinamento de força (GRAVES E 
FRANKLIN, 2001). Dado a grande variedade de sistemas de treinamento de força e o 
fato de desses sistemas terem sido desenvolvidos sem respaldo de pesquisas, faz-se 
necessário o estudo de formas mais eficientes de acompanhamento da efetividade do 
treinamento de força. A determinação das alterações metabólicas e hormonais 
promovidas pelos diferentes sistemas de treinamento de força pode ser uma das formas 
de acompanhamento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
3 OBJETIVO 
 
Comparar algumas das alterações metabólicas induzidas pelo treinamento de 
força muscular, quando os sujeitos são submetidos a dois sistemas diferentes em 
relação à manipulação de variáveis agudas do treinamento, porém muito semelhantes, 
senão iguais, em sua carga total. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
4 MÉTODO 
 
4.1 Seleção dos Sujeitos 
 
Participaram do presente estudo 10 indivíduos do sexo masculino, universitários 
e idade média de 26,1 anos. Todos os participantes eram familiarizados aos exercícios 
de força, mas classificados como iniciantes, isto é, com menos de seis meses de 
treinamento (BAECHLE ET AL., 2000). Os procedimentos a serem utilizados foram 
informados detalhadamente a todos os sujeitos e todos concordaram em participar de 
maneira voluntária do estudo, assinando termo de consentimento informado e proteção 
da privacidade (anexo 1). Foram excluídos do estudo indivíduos com história conhecida 
de doença cardiovascular, respiratória, diabetes, hipertensão, desordem hormonal, 
lesão muscular (últimos 12 meses), além daqueles que estavam administrando ou 
haviam administrado medicação ou suplementos, que alterem o metabolismo, nos 6 
meses que antecederam o início do estudo. As características antropométricas dos 
sujeitos estão apresentadas na Tabela 2. 
O experimento foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade 
Metodista de São Paulo – CEP - UMESP – sob o parecer no 161256/07 (anexo 1). 
Seguindo a resolução específica do Conselho Nacional de Saúde (no 196/96), todos os 
participantes foram informados detalhadamente sobre os procedimentos utilizados e 
concordaram em participar de maneira voluntária do estudo, assinando termo de 
consentimento informado e proteção da privacidade. 
 
30 
 
4.2 Recomendações nutricionais 
 
Os participantes do estudo foram orientados a manter sua alimentação 
convencional até o almoço, que ocorreu às 12:00 hs, podendo ingerir apenas água até 
o horário do treino que ocorreu às 20:00 hs. 
 
4.3 Determinação das Intercorrências Clínicas 
 
Utilizamos como referencial Nieman (1994), o qual sugere um registro das 
intercorrências clínicas (Anexo 2). O procedimento foi realizado no momento da 
explicação e esclarecimento do estudo aos voluntários, antecedendo o início dos testes, 
e antes de cada sessão de treinamento. 
 
4.4 Avaliação da força muscular 
 
4.4.1 Teste de força máxima (CVM – Contração Voluntária Máxima) 
 
Para a determinação da intensidade utilizada em ambos os sistemas de 
treinamento a CVM foi determinada (KRAEMER E FRY, 1995). 
Nos testes foram padronizadas a posição de início e a amplitude de movimento, 
conforme treinamento que será executado posteriormente. O procedimento: 
 Aquecimento: realizaram 08 repetições com 50% do peso máximo estimado, após 
um intervalo de 1 minuto, um leve alongamento. Nova realização de 4 repetições 
com 65% do peso máximo estimado, após um intervalo de 2 minutos, leve 
31 
 
alongamento. Estimou-se um peso próximo do máximo, onde o executante 
realizou 2 repetições, e novo intervalo de 3,5 minutos. 
 Aumentou-se o último peso utilizado no aquecimento em 10% para realizar a 
primeira tentativa de determinação de força máxima; realizou um intervalo de 3,5 
minutos; repetiu o procedimento (aumentou 10%) para realizar a segunda tentativa 
e repetir o intervalo; o procedimento foi repetido novamente até que o executante 
não conseguisse realizar a repetição completa. Então o último peso que este 
realizou o movimento completo foi considerado o valor da CVM. 
As tentativas foram no máximo de 5, caso este número fosse ultrapassado, o 
teste seria refeito em outro dia. 
 
4.5 Protocolo de treinamento 
 
Três exercícios para treinar o grupamento muscular ântero-superior do tronco 
(prioritariamente peitoral) sendo 2 exercícios multi-articulares e um bi-articular. Os 
exercícios propostos foram 1º supino regulamentar, 2º supino inclinado e 3º pec deck. 
Nossa intenção foi realizar o treinamento com os principais exercícios utilizados em um 
programa de treinamento de força convencional. 
 
 
 
 
 
 
32 
 
 
FIGURA 1 – SUPINO REGULAMENTAR – Posições inicial e final para a realização do exercício. 
 
Ajustes do equipamento: 
A barra foi posicionada no apoio do suporte, em uma altura compatível com o 
comprimento dos membros superiores. 
Ajustes corporais: 
Deitado, com os pés apoiados no solo. O afastamento da pegada foi ajustado na posição 
média entre a amplitude máxima de pegada e a alinhada com os ombros. Ombros, 
cotovelos e punhos foram alinhados no plano transversal. 
Execução: 
Realizaram a flexão horizontal de ombros, retornando a posição inicial. 
Músculos Motores Primários: 
Flexão horizontal de ombros: Peitoral maior, deltóide (parte anterior) e coracobraquial. 
Abdução de escápulas: Peitoral menor e serrátil anterior. 
Extensão de cotovelos: Tríceps braquial. 
 
33 
 
 
FIGURA 2 – SUPINO INCLINADO – Posições inicial e final da realização do exercício. 
 
Ajustes do equipamento: 
O banco foi inclinado em aproximadamente 30º. A barra foi posicionada no apoio do 
suporte, em uma altura compatível com o comprimento dos membros superiores. 
Ajustes corporais: 
Deitado, com os pés apoiados no solo. O afastamento da pegada foi ajustado na 
posição média entre a amplitude máxima de pegada e a alinhada com os ombros. 
Execução: 
Realizaram a flexão horizontal de ombros, retornando a posição inicial. 
Músculos Motores Primários: 
Flexão horizontal de ombros: Peitoral maior, deltóide (parte anterior) e 
coracobraquial. 
Abdução de escápulas: Peitoral menor e serrátil anterior. 
Extensão de cotovelos: Tríceps braquial. 
 
34 
 
 
FIGURA 3 – PEC DECK – Posições inicial e final da realização do exercício. 
 
Ajustes do equipamento: 
Este equipamento foi ajustado para cada indivíduo, de forma que os cotovelos 
permaneceram na mesma altura dos ombros. 
Ajustes corporais: 
O indivíduo permaneceu sentado, com os pés apoiados em um suporte, de forma que o 
ângulo entre tronco e coxas aproximou-se de 90º. As articulações de cotovelos e 
ombros ficaram alinhadas no plano horizontal. 
Execução: 
O movimento foi realizado com a flexão horizontal de ombros até que osbraços do 
aparelho se tocassem. 
Músculos Motores Primários: 
Flexão horizontal de ombros: Peitoral maior, deltóide (parte anterior) e 
coracobraquial. 
Abdução de escápulas: Peitoral menor e serrátil anterior. 
 
35 
 
Foram aplicados a estes exercícios propostos, dois sistemas de treinamento: 
• O convencional, onde os indivíduos realizaram cada um dos exercícios em 3 
séries de 10 repetições com 75% do resultado encontrado no teste de CVM, com 
um intervalo de 1 minuto entre as séries, mantendo a velocidade de execução 
em 20 ciclos por minuto (moderada à lenta), e a maior amplitude de movimento 
sem que isto atrapalhasse seu desempenho. 
• O piramidal crescente, onde os indivíduos realizaram cada um dos exercícios em 
3 séries, sendo na primeira 12 repetições com 67% do resultado encontrado no 
teste de CVM, na segunda 10 repetições com 75% da CVM e na terceira 08 
repetições com 80% da CVM, com um intervalo de 1 minuto entre as séries, 
mantendo a velocidade de execução em 20 ciclos por minuto (moderada à lenta), 
e a maior amplitude de movimento sem que isto atrapalhasse seu desempenho. 
 
4.6 Variáveis agudas do treinamento estudadas 
 
Nos dois sistemas de treinamento propostos (convencional e piramidal 
crescente), as duas variáveis agudas que foram modificadas, porém mantendo os 
mesmos valores de carga absoluta, foram o número de repetições e o peso (% da 
CVM) para observar suas interferências sobre o estresse metabólico. As outras 
variáveis foram equalizadas entre os sistemas, sendo estas: a amplitude do movimento; 
a velocidade de execução; o intervalo de recuperação entre as séries e os exercícios 
(descanso), foram realizados 3 exercícios com 3 séries em cada e a seqüência de 
exercícios foi a mesma. 
 
36 
 
4.7 Horário de Treino Proposto 
 
O horário para a realização dos treinos (20 horas) foi proposto, levando-se em 
consideração o horário de maior procura nas academias de musculação (período 
noturno), mesmo sabendo que os indivíduos tem preferências e melhores 
desempenhos em horários variados de acordo com suas características individuais. 
 
4.8 Avaliações Antropométricas 
 
A metodologia utilizada para as medidas de espessura de dobras cutâneas foi o 
compasso de dobras cutâneas, também conhecido adipômetro da marca Cescorf 
(BVE973). O aparelho apresentava uma pressão constante de 10g/mm2 sobre o tecido 
a ser medido. As características do aparelho eram: sensibilidade: 0,1mm, pressão nas 
mandíbulas: 10mm2, amplitude de leitura: 80mm, massa: 280g e tamanho de eixo 
maior: 290mm e eixo menor: 170mm. Os pontos de reparo de dobra cutânea utilizados 
foram: peitoral (torácica), tricipital, subescapular, bicipital, axilar medial, supra-ilíaca, 
abdominal, coxa e panturrilha medial, conforme procedimentos propostos por Heyward 
et al. (2000). A equação (validada) utilizada para a predição da gordura corporal, foi a 
de Jackson & pollock (1978) para homens que utiliza o somatório das dobras cutâneas 
tórax, abdôme e coxa (18 a 61 anos de idade). Através do percentual de gordura e da 
massa corporal total, foram obtidas as massas de gordura e isenta de gordura, com o 
auxílio do programa Physical test versão 6.2. A balança utilizada para realizar as 
medidas de peso em (Kg) e estatura (cm) foi a balança antropométrica mecânica 
Filizola. 
37 
 
4.9 Coleta do sangue 
 
Foram realizados os testes de 1 repetição máxima nos exercícios estabelecidos, 
e 168 horas após (mantendo jejum de 8 horas) foi realizada coleta de sangue, e um 
treinamento com exercícios de força que objetivaram desenvolver a hipertrofia 
muscular, sendo que um grupo (5 indivíduos) realizou o treinamento seguindo o sistema 
convencional e o outro grupo (5 indivíduos) o piramidal crescente. Na semana seguinte 
os indivíduos que haviam realizado o treinamento seguindo o sistema convencional, 
realizaram o treinamento seguindo o piramidal crescente, e vice-versa. Em ambas as 
sessões ocorreram coletas de sangue em repouso (antes do início da sessão), outra 
logo após o término da sessão, e após o treinamento em 24, 48 e 72 horas, para 
posterior análise. A coleta de sangue seguiu o procedimento conforme a representação 
esquemática indicada na figura abaixo (Figura 4). 
1ª sessão de treinamento (50% convencional e 50% piramidal crescente) 
 Pré-treino Pós-treino 24 horas 48 horas 72 horas 
Protocolo de 
 treinamento 
 
 
 Coleta 30 ml. Coleta 30 ml. Coleta 30 ml. Coleta 30 ml. Coleta 30 ml. 
 de sangue de sangue de sangue de sangue de sangue 
 
2ª sessão 168 horas após (50% piramidal crescente e 50% convencional) 
 Pré-treino Pós-treino 24 horas 48 horas 72 horas 
Protocolo de 
 treinamento 
 
 
 Coleta 30 ml. Coleta 30 ml. Coleta 30 ml. Coleta 30 ml. Coleta 30 ml. 
 de sangue de sangue de sangue de sangue de sangue 
 
 
FIGURA 4: Representação esquemática das coletas de sangue realizadas. Antes e imediatamente 
após o treinamento, e também 24, 48 e 72 horas após o término de cada sessão de treinamento. 
38 
 
Os materiais utilizados na coleta eram todos descartáveis, padronizados, e de 
reconhecida qualidade, os tubos foram etiquetados adequadamente. A coleta foi 
realizada por um técnico habilitado e qualificado na Universidade IMES. 
Em cada momento foram coletados 30 ml de sangue, sendo 20 ml em tubo com 
EDTA e fluoretado e 10 ml em tubo seco, e após as coletas o material foi acondicionado 
sob refrigeração controlada a 4ºC. Em seguida, o sangue foi centrifugado e levado para 
armazenamento em -20ºC, onde permaneceu até a realização das análises. 
A solução de EDTA e Fluoreto de Potássio (tubo fluoretado) foi adicionada ao 
sangue no momento da coleta, torna-o incoagulável, impedindo os fenômenos de 
glicólise graças à presença do íon Fluoreto e permitindo o uso do plasma na 
quantificação da glicose. 
As análises foram realizadas no Laboratório de Análises Clínicas da 
Universidade Metodista de São Paulo (LABMESP). 
 
4.10 Análises Sanguíneas 
 
A partir do material coletado, o hormônio insulina foi determinado pelo método de 
Quimioluminescência, seguindo as especificações do Kit da Roche, e os hormônios 
testosterona, cortisol e GH foram avaliados no soro dos voluntários e determinadas pelo 
método de ELISA, seguindo as especificações do fabricante, do Kit Advancing 
Diagnostic para testosterona e cortisol e do Kit Simbiosis para GH. Os metabólitos 
glicose e ácido lático foram analisados no soro dos voluntários e determinadas pelo 
método Colorimétrico, seguindo as especificações do fabricante, do Kit Labtest para 
glicose e do Kit Katal para o ácido lático, contudo o ácido láctico foi analisado somente 
39 
 
pré e pós-exercício, devido ao fato de estar bem consolidado na literatura que a 
remoção desse metabólito (e, conseqüentemente o retorno para os valores basais) não 
se estende por mais que 1 a 2 horas após o término da sessão de treinamento 
(independente da duração e/ou intensidade do esforço) (WILMORE & COSTILL, 2001). 
O marcador de dano muscular creatina quinase foi analisado pelo método de 
espectrofotometria, utilizando o Kit Bio System. 
 
4.11 Análise Estatística 
 
Realizou-se uma análise descritiva dos dados das variáveis de perfil, para 
verificar as característicasdos elementos do estudo. Estas características foram 
apresentadas em forma de tabela. Foram utilizadas estatísticas descritivas de: média e 
desvio padrão. 
Em relação as variáveis estudadas, devido à natureza quantitativa delas, foram 
descritas nas tabelas através da estatística descritiva por meio da média aritmética (X) 
e desvio padrão (S). Como a maioria das variáveis não apresentou distribuição próxima 
a normal por meio do teste de normalidade Shapiro-Wilk, recorreu-se aos testes não-
paramétricos para comparação dos valores médios. 
Foi utilizado a Anova de Friedman para comparação das variáveis entre os 
respectivos momentos (pré, pós, 24, 48 e 72 horas) dentro de cada sistema de 
treinamento. Quando identificada diferença significativa entre as avaliações, recorreu-se 
ao teste de Wilcoxon para localizar as respectivas diferenças entre os momentos 
(SIEGEL & CASTELAN JR, 2006). 
40 
 
Quando foram comparados os valores médios entre os tipos de treinamento de 
acordo com os respectivos momentos da avaliação, também foi utilizado o teste de 
Wilcoxon. O nível de significância adotado foi de p<0,05. O software SPSS versão 10.0 
foi utilizado para os cálculos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
 
5 RESULTADOS 
 
5.1 Caracterização da amostra 
 
As características dos indivíduos participantes estão apresentadas na tabela 2, 
sendo estas a idade, a massa corporal total (em Kg), a estatura (em cm), a quantidade 
de gordura (em %) e os valores das dobras cutâneas. Após foi determinada a massa 
isenta de gordura (em %). 
 
TABELA 2: Distribuição das variáveis antropométricas e idade dos voluntários. Os dados apresentados 
na tabela representam a média aritmética (X) e o desvio padrão (S) dos 10 sujeitos que participaram do 
estudo. 
Variáveis X S 
Idade (anos). 26,1 6,3 
Massa corporal total (Kg). 76,4 13,3 
Estatura (cm). 174,0 5,4 
% de gordura. 15,48 5,42 
Dobra cutânea bíceps (mm). 4,18 2,68 
Dobra cutânea tríceps (mm). 15,92 7,09 
Dobra cutânea subescapular (mm). 18,94 8,04 
Dobra cutânea toráxica (mm). 7,62 4,08 
Dobra cutânea axilar média (mm). 11,38 4,13 
Dobra cutânea suprailíaca (mm). 17,22 3,28 
Dobra cutânea abdominal (mm). 17,76 5,70 
Dobra cutânea coxa medial (mm). 20,94 6,03 
Dobra cutânea panturrilha m. (mm). 12,16 4,73 
 
42 
 
O grupo foi caracterizado com idade média de 26,1 + 6,3 anos, média de peso 
corporal de 76,4 +13,3 Kg., e de estatura de 174,0 + 5,4 cm. 
Com relação à composição corporal, podemos observar que os indivíduos 
apresentam média de 15,48 + 5,42% de gordura e a maior parte da sua constituição de 
massa isenta de gordura, perfazendo 84,52%. 
43 
 
 
Tabela 3 - Valores de média aritmética (X) e desvio padrão (S) segundo a comparação das variáveis bioquímicas pré e pós-
exercício no sistema convencional de treinamento. 
 
SISTEMA CONVENCIONAL 
Indicadores Bioquímicos Pré Pós 24h 48h 72h 
 X±S X±S X±S X±S X±S 
Insulina (µUI/ml) 6,5±4,5 7,4±4,6 4,9±2,8 5,4±4,1 3,9±1,9 
Testosterona (ng/dL) 506,2±120,5 497,6±137,2 516,4±134,7 414,2±126,4 430,5±84,1 
Cortisol (nmol/L) 226,1±172,3 378,7±150,2 229,0±176,8 181,4±83,5# 113,8±157,6## 
RTC 3,80±2,79 2,29±1,94* 4,83±3,59## 2,87±1,65 4,51±2,24# 
GH (ng/mL) 2,1±1,9 5,12±4,61* 0,6±0,7# 1,4±1,9# 0,4±0,6## 
Glicose (mg/dL) 85,2±8,1 79,4±6,7 85,8±4,5 82,1±4,9 81,4±5,4 
Àcido lático (mg/dL) 12,1±4,8 71,2±10,9**a — — — 
Creatina quinase (U/L) 220,9±99,8 236,2±93,5 480,1±402,4 1236,6±1686,4 2708,9±1936,5*#Ŧ 
 
 
* p≤0,05 – diferença significativa referente ao pré-exercício. 
**
a
 p≤0,01 – diferença significativa referente ao pré-exercício. 
#
 p≤0,05 – Diferença significativa em relação ao pós-exercício. 
##
 p≤0,01 – Diferença significativa em relação ao pós-exercício. 
Ŧ
 p≤0,05 – diferença significativa referente a 24 horas. 
 
 
 
44 
 
No sistema convencional, não foram observadas diferenças significativas entre 
os momentos pré-treino, pós-treino, 24, 48 e 72 horas após o treino nos hormônios 
insulina e testosterona, nem na concentração de glicose na corrente sanguínea (figuras 
1, 2 e 3). 
No hormônio cortisol, não foi encontrada diferença entre os momentos pré-treino, 
pós-treino ou 24 hs após o treino, porém foi encontrada diferença entre os momentos 
48 hs após o treino com o pós-treino, e 72 hs após o treino com o pós-treino (figura 4). 
Na relação testosterona/cortisol (RTC) encontrou-se diferença no pós-treino em 
relação ao pré-treino, no momento 24 hs após o treino em relação ao pós-treino, e em 
72 hs em relação ao pós-treino (figura 6). 
No hormônio GH foi encontrada diferença nos momentos pós-treino em relação 
ao pré-treino, em 24 hs em relação ao pós-treino, em 48 hs em relação ao pós-treino, e 
em 72 hs em relação ao pós-treino (figura 7). 
O ácido lático apresentou diferença ente os momentos pré e pós-treino (figura 8). 
 E ainda na creatina quinase encontrou-se diferença significativa entre 72 hs e os 
momentos pré-treino, pós-treino e 24 hs após o treino (figura 5). 
45 
 
 
 
Tabela 4 - Valores de média aritmética (X) e desvio padrão (S) segundo a comparação das variáveis bioquímicas pré e pós-
exercício no sistema piramidal de treinamento. 
 
SISTEMA PIRAMIDAL 
Indicadores Bioquímicos Pré Pós 24h 48h 72h 
 X±S X±S X±S X±S X±S 
Insulina (µUI/ml) 5,0±3,4 6,1±2,8 5,0±3,0 7,6±5,9 5,8±3,5 
Testosterona (ng/dL) 457,3±82,5 478,5±89,9 450,8±83,3 481,9±139,1 381,4±148,1 
Cortisol (nmol/L) 162,2±79,8 312,6±130,7** 150,6±82,5# 122,6±45,7## 169,5±123,7# 
RTC 3,55±2,14 1,59±1,08* 3,75±1,67## 4,31±1,69## 5,28±6,88 
GH (ng/mL) 2,04±2,12 5,06±4,72* 0,39±0,71## 0,59±0,77## 0,62±0,72## 
Glicose (mg/dL) 79,6±6,4 80,5±5,2 80,9±4,6 84,1±5,2 81,3±5,1 
Àcido lático (mg/dL) 11,8±3,3 73,4±16,6**a — — — 
Creatina quinase (U/L) 336,3±206,7 601,2±522,7 1178,2±1109,2 1811,0±2050,1* 2199,4±1747,0* 
 
* p≤0,05 – diferença significativa referente ao pré-exercício. 
**p≤0,01 – diferença significativa referente ao pré-exercício. 
**
a
 p≤0,01 – diferença significativa referente ao pré-exercício. 
#
 p≤0,05 – Diferença significativa em relação ao pós-exercício. 
##
 p≤0,01 – Diferença significativa em relação ao pós-exercício. 
 
46 
 
 
 
No sistema piramidal, também não foram observadas diferenças significativas 
entre os momentos pré-treino, pós-treino, 24, 48 e 72 horas após o treino nos 
hormônios insulina e testosterona, nem na concentração de glicose na corrente 
sanguínea (figuras 1, 2 e 3). 
No hormônio cortisol, foi encontrada diferença entre os momentos pós-treino em 
relação ao pré-treino, em 24 hs em relação ao pós-treino, em 48 hs em relação ao pós-
treino, e em 72 hs em relação ao pós-treino (figura 4). 
Na relação testosterona/cortisol (RTC) encontrou-se diferença no pós-treino em 
relação ao pré-treino, em 24 hs em relação ao pós-treino, em 48 hs em relação ao pós-
treino (figura 6). 
No hormônio GH foi encontrada diferença nos momentos pós-treino em relação 
ao pré-treino, em 24 hs em relação ao pós-treino, em 48 hs em relação ao pós-treino, e 
em 72 hs em relação ao pós-treino (figura 7). 
O ácido lático apresentou diferença ente os momentos pré e pós-treino (figura 8). 
 E ainda na creatina quinase encontrou-se diferença significativa entre o pré-
treino com os momentos 48 hs e 72 hs após o treino (figura 5). 
 
 
 
 
 
 
 
47 
 
PRE PÓS 24hs 48hs 72hs
0
2
4
6
8
10
12
14
16
IN
SU
LI
N
A
 
(uU
I/m
l)
 TRADICIONAL
 PIRÂMIDAL
 
Figura 5 - representa as variações de insulina na corrente sanguínea antes, imediatamente após os 
protocolos de treinamento, e também 24, 48 e 72 horas após o término de cada sessão.PRE PÓS 24hs 48hs 72hs
60
70
80
90
100
110
G
LI
CO
SE
 
(m
g/
dL
) 
 TRADICIONAL
 PIRÂMIDAL
 
Figura 6 - representa as variações de glicose na corrente sanguínea antes, imediatamente após os 
protocolos de treinamento, e também 24, 48 e 72 horas após o término de cada sessão. 
48 
 
PRE PÓS 24hs 48hs 72hs
200
300
400
500
600
700
TE
ST
O
ST
ER
O
N
A
 
(ng
/d
L)
 TRADICIONAL
 PIRÂMIDAL
 
Figura 7 - representa as variações de testosterona na corrente sanguínea antes, imediatamente após 
os protocolos de treinamento, e também 24, 48 e 72 horas após o término de cada sessão. 
 
 
PRE PÓS 24hs 48hs 72hs
-100
0
100
200
300
400
500
600
CO
R
TI
SO
L 
(nm
o
l/L
)
 TRADICIONAL
 PIRÂMIDAL
 
Figura 8 - que representa as variações de cortisol na corrente sanguínea antes, imediatamente após 
os protocolos de treinamento, e também 24, 48 e 72 horas após o término de cada sessão. 
49 
 
PRE PÓS 24hs 48hs 72hs
-500
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
5000
5500
6000
CR
EA
TI
N
A
QU
IN
A
SE
 
(U
/L
) 
 TRADICIONAL
 PIRÂMIDAL
 
Figura 9 - representa as variações de creatina quinase na corrente sanguínea antes, imediatamente 
após os protocolos de treinamento, e também 24, 48 e 72 horas após o término de cada sessão. 
 
 
PRE PÓS 24hs 48hs 72hs
-5
0
5
10
15
R
TC
 
 TRADICIONAL
 PIRÂMIDAL
 
Figura 10 - representa as variações na relação testosterona / cortisol antes, imediatamente após os 
protocolos de treinamento, e também 24, 48 e 72 horas após o término de cada sessão. 
 
50 
 
PRE PÓS 24hs 48hs 72hs
-5
0
5
10
G
H 
(ng
/m
L)
 
 TRADICIONAL
 PIRÂMIDAL
 
Figura 11 - representa as variações de GH na corrente sanguínea antes, imediatamente após os 
protocolos de treinamento, e também 24, 48 e 72 horas após o término de cada sessão. 
 
 
PRE PÓS 24hs 48hs 72hs
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
ÁC
ID
O
 
LÁ
TI
CO
 
(m
g/
dL
) 
 TRADICIONAL
 PIRÂMIDAL
 
Figura 12 - representa as variações de ácido lático na corrente sanguínea antes, imediatamente 
após os protocolos de treinamento, e também 24, 48 e 72 horas após o término de cada sessão. 
 
51 
 
 
Tabela 5 - Valores de média aritmética (X) e desvio padrão (S) segundo as comparações das variáveis bioquímicas pré-
exercício pelos sistemas convencional e piramidal de treinamento. 
 
PRÉ-EXERCÍCIO 
Indicadores Bioquímicos Convencional Piramidal 
 X±S X±S 
p-value 
Insulina (µUI/ml) 6,5±4,5 4,9±3,4 0,054 
Testosterona (ng/dL) 506,2±120,5 457,3±82,5 0,386 
Cortisol (nmol/L) 226,1±172,3 162,2±79,8 0,959 
RTC 3,80±2,79 3,55±2,14 0,646 
GH (ng/mL) 2,1±1,9 2,0±2,1 0,889 
Glicose (mg/dL) 85,2±8,1 79,6±6,4 0,092 
Àcido lático (mg/dL) 12,1±4,8 11,8±3,4 0,798 
Creatina quinase (U/L) 220,9±99,8 336,3±206,7 0,114 
 
Comparação sem diferença significativa. 
 
 
 
 
 
 
 
52 
 
 
Tabela 6 - Valores de média aritmética (X) e desvio padrão (S) segundo as comparações das variáveis bioquímicas pós-
exercício pelos sistemas convencional e piramidal de treinamento. 
 
PÓS-EXERCÍCIO 
Indicadores Bioquímicos Convencional Piramidal 
 X±S X±S 
p-value 
Insulina (µUI/ml) 7,4±4,6 6,1±2,8 0,241 
Testosterona (ng/dL) 497,6±137,3 478,5±89,9 0,799 
Cortisol (nmol/L) 378,7±150,2 312,6±130,7 0,386 
RTC 2,29±1,94 1,59±1,08 0,139 
GH (ng/mL) 5,12±4,61 5,06±4,72 0,760 
Glicose (mg/dL) 79,4±6,7 80,5±5,2 0,507 
Àcido lático (mg/dL) 71,2±10,9 73,4±16,6 0,959 
Creatina quinase (U/L) 236,2±93,5 601,2±522,7 0,005** 
 
**p≤0,01 – diferença significativa entre os sistemas para o mesmo período pós-exercício. 
 
 
 
 
 
 
 
53 
 
 
Tabela 7 - Valores de média aritmética (X) e desvio padrão (S) segundo as comparações das variáveis bioquímicas pós-
exercício pelos sistemas convencional e piramidal de treinamento. 
 
24 horas PÓS-EXERCÍCIO 
Indicadores Bioquímicos Convencional Piramidal 
 X±S X±S 
p-value 
Insulina (µUI/ml) 4,9±2,8 5,0±3,0 0,721 
Testosterona (ng/dL) 516,4±134,7 450,8±83,3 0,139 
Cortisol (nmol/L) 229,0±176,8 150,6±82,5 0,333 
RTC 4,83±3,59 3,75±1,67 0,508 
GH (ng/mL) 0,66±0,77 0,39±0,71 0,340 
Glicose (mg/dL) 85,8±4,5 80,9±4,6 0,037* 
Creatina quinase (U/L) 480,1±402,4 1178,2±1109,2 0,072 
 
* p≤0,05 – diferença significativa entre os sistemas para o mesmo período pós-exercício. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
54 
 
 
Tabela 8 - Valores de média aritmética (X) e desvio padrão (S) segundo as comparações das variáveis bioquímicas pós-
exercício pelos sistemas convencional e piramidal de treinamento. 
 
48 horas PÓS-EXERCÍCIO 
Indicadores Bioquímicos Convencional Piramidal 
 X±S X±S 
p-value 
Insulina (µUI/ml) 5,4±4,1 7,6±5,9 0,386 
Testosterona (ng/dL) 414,2±126,4 481,9±139,1 0,214 
Cortisol (nmol/L) 181,4±83,5 122,6±45,7 0,037* 
RTC 2,87±1,65 4,31±1,69 0,013* 
GH (ng/mL) 1,4±1,9 0,59±0,77 0,362 
Glicose (mg/dL) 82,1±4,9 84,1±5,2 0,168 
Creatina quinase (U/L) 1236,6±1686,4 1811,0±2050,1 0,445 
 
* p≤0,05 – diferença significativa entre os sistemas para o mesmo período pós-exercício. 
 
 
 
 
 
 
 
55 
 
Tabela 9 - Valores de média aritmética (X) e desvio padrão (S) segundo as comparações das variáveis bioquímicas pós-
exercício pelos sistemas convencional e piramidal de treinamento. 
 
72 horas PÓS-EXERCÍCIO 
Indicadores Bioquímicos Convencional Piramidal 
 X±S X±S 
p-value 
Insulina (µUI/ml) 3,9±1,9 5,8±3,5 0,037* 
Testosterona (ng/dL) 430,5±84,1 381,4±148,1 0,575 
Cortisol (nmol/L) 113,8±157,6 169,5±123,7 0,139 
RTC 4,51±2,24 5,28±6,88 0,445 
GH (ng/mL) 0,4±0,6 0,62±0,72 0,497 
Glicose (mg/dL) 81,4±5,4 81,3±5,1 0,798 
Creatina quinase (U/L) 2708,9±1936,5 2199,4±1747,0 0,799 
 
* p≤0,05 – diferença significativa entre os métodos para o mesmo período pós-exercício. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
56 
 
 
 Na comparação entre os sistemas, observamos que não houve diferença em 
relação ao momento pré-treino. No pós-treino encontramos diferença apenas no 
marcador de dano muscular (creatina quinase). Em 24 horas após o treino, a diferença 
ocorreu apenas para a glicose. No momento 48 horas, houve diferença em cortisol e 
RTC. E em 72 horas a diferença ocorreu apenas para insulina. 
57 
 
Tabela 10 – Valores de média aritmética (X), desvio padrão (S) e significância (p) para a comparação das variáveis 
imunológicas de acordo com o sistema de treinamento de força. 
 
 
CONVENCIONAL PIRAMIDAL Significância (p) 
Pré Pós Pré Pós 
 
Variáveis 
Série Branca X±S X±S X±S X±S 1 2 3 4 
Leucócitos mm/3 8060,0±1419,1 7795,0±1810,8 7620,0±1905,1 6995,0±1753,9 0,285 0,168 0,415 0,059 
Bastonete mm/3 45,1±49,3 47,6±69,1 37,3±42,5 20,9±51,0 0,499 0,225 0,053 0,180 
Segmentados mm/3 3927,7±1412,1 3982,8±1889,7 3022,2±1213,6 3408,4±1509,2 0,799 0,241 0,005 0,005 
Eosinófilos mm/3 339,5±239,3 294,4±448,4 279,9±323,7 245,2±168,4 0,114 0,959 0,005 0,005 
Linfócito mm/3 3199,4±1218,0 2917,3±1294,3 3809,1±789,4 2843,8±408,9 0,575 0,013 0,058 0,114 
Monócitos mm/3 537,0±293,3 553,5±181,9 472,1±221,9 476,5±349,2 0,386 0,721 0,005 0,330 
 
* 1-4 o valor de significância (p) foi calculado através do teste não-paramétrico de Wilcoxon (p<0,05) 
1 – sistema convencional (pré vs. pós); 
2 – sistema piramidal (pré vs. pós); 
3 – pré-intervenção (tradicional vs. piramidal); 
4 – pós-intervenção (tradicional vs. piramidal). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
58 
 
Leucócitos e bastonetes não apresentaram diferença em nenhuma das 
comparaçõesrealizadas, segmentados, eosinófilos e monócitos não apresentaram 
diferença do pré para o pós-treino no sistema convencional nem no piramidal, apenas 
linfócitos apresentaram diferença do pré para o pós-treino no sistema piramidal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
59 
 
6 DISCUSSÃO 
 
Os resultados do presente estudo demonstram que os dois protocolos mais 
utilizados de treinamento de força promovem alterações plasmáticas nas concentrações 
de determinados metabólitos e hormônios. 
Esse, contudo não foi o caso da insulina. Uma vez que esse hormônio está 
envolvido em funções tão diversas quanto o controle central da ingestão alimentar 
(NISWENDER et al., 2003), síntese protéica e hipertrofia muscular (HO et al., 2005), 
todas fundamentais para o sucesso no treinamento de força, ele é potencialmente um 
excelente indicador das alterações provocadas por esse tipo de exercício. Assim, 
embora sua mensuração seja justificada no presente estudo, em nenhum dos 
protocolos ou intervalos de tempo analisados a concentração plasmática de insulina 
alterou-se em função do treinamento de força. 
Uma vez que as concentrações basais de insulina não são reguladas pelas 
concentrações normais de glicose sérica (ex. 80-100 mg•dl-1) (NATHAN E CAGLIERO, 
2001) e os sujeitos do presente estudo estavam em jejum em todas as condições 
estudadas, uma das formas da concentração plasmática de insulina aumentar seria em 
função do aumento da glicemia induzido pelo treinamento. Kjaer et al. (1986) 
demonstraram, por exemplo, que exercícios com intensidade superior a 100% do 
consumo máximo de oxigênio (VO2máx) promovem hiperglicemia. Embora os 
protocolos de treinamento de força utilizados no presente estudo apresentem 
metabolismo predominantemente anaeróbio vale ressaltar que exercícios que solicitam 
100% do VO2máx correspondem a um esforço de aproximadamente 30-60% da CVM 
(SALE, 1987). 
60 
 
Em concordância com os dados de insulinemia, não foram observadas 
alterações na concentração plasmática de glicose. Isso poderia ser explicado pela 
redução dos estoques hepáticos de glicogênio em função do jejum. Assim, ainda que o 
exercício intenso promova intensa liberação de glicose a partir do fígado, isso só pode 
ocorrer quando os estoques de carboidratos estão preservados. 
A testosterona é um hormônio fundamental para que as adaptações induzidas 
pelo treinamento de força possam ser implementadas. Isso por causa da sua 
reconhecida atividade anabólica (KOCHAKIAN, 1935) e seu efeito anti-catabólico 
(MAYER E ROSEN, 1977). Essas atividades são tão significativas que por anos atletas 
vem fazendo uso, por vezes excessivo, desse hormônio e seus derivados com o intuito 
de aumentar o desempenho esportivo (YESALIS, 2000). Estes estudos têm indicado 
que a testosterona (em concentração aumentada) compensa a fadiga das fibras tipo II 
(contração rápida), e estas representam o tipo mais utilizado em sessões de 
treinamento de força muscular. Isto garante uma maior eficiência neuromuscular, 
permitindo assim, aumento na capacidade de trabalho e maior resistência à fadiga. 
(BOSCO et al., 2000; TAMAKI et al., 2001). Contudo, os dados do presente estudo 
demonstram que nenhum dos sistemas de treinamento de força promoveu alteração 
nas concentrações plasmáticas de testosterona. 
Alguns autores (GALBO et al., 1977; WILKERSON et al., 1982 ; KRAEMER et 
al., 1992) sugeriram que esses aumentos na concentração de testosterona observados 
durante o exercício podem ser consequência de mudanças no volume plasmático. 
Portanto, a presença aumentada de testosterona no sangue não corresponderia à sua 
maior secreção. O principal causador de redução da volemia durante a prática de 
exercícios é a transpiração (MAUGHAN, 2000). Neste trabalho, os voluntários 
61 
 
executaram os exercícios de ambos os protocolos em locais cuja temperatura ambiente 
não favorecia perdas significativas de água por meio da transpiração. 
O cortisol desempenha vários papéis no organismo tais como controle do 
balanço de sódio e água, regulação da pressão arterial, manutenção da homeostase da 
glicose, inibição da função de osteoblastos e ações inflamatórias incluindo supressão 
da resposta imunológica (STEWART, 2003). Entretanto, com relação ao treinamento de 
força esse hormônio tem sido investigado devido à sua capacidade de degradar 
proteínas (HICKSON E MARRONE, 1993). Os dados do presente estudo demonstram 
que os protocolos de força avaliados promoveram aumento significativo na 
concentração de cortisol. Como os voluntários do estudo não eram indivíduos 
adaptados ao treinamento de força, a literatura sugere que as alterações verificadas 
refletem o estresse metabólico (FLORINI, 1987). 
Kraemer e Fleck (2004) destacam que os mecanismos específicos do 
catabolismo promovido pelo cortisol não são completamente compreendidos, mas que 
em seu conjunto as ações do cortisol sobre o metabolismo protéico representam uma 
tentativa de reestabelecer a homeostase celular. Com isso, poderiasse prevenir 
quaisquer efeitos deletérios que tenham sido causados pelo estresse agudo no 
organismo. Esses autores enfatizam ainda que por essa perspectiva os exercícios de 
força podem ser entenditos como um microtrauma adaptativo que pode levar à 
inflamação (local ou sistêmcia) e em última análise ao rápido aumento das 
concentrações de cortisol na circulação para reparo e remodelação teciduais. 
Os dados relativos ao indicador de lesão (creatina quinase). Em ambos os 
protocolos de força avaliados foram observados aumentos nas concentrações 
plasmáticas dessa substância. Está amplamente estabelecido que em função dos 
62 
 
microtraumas produzidos pelas contrações musculares, prioritariamente as excêntricas, 
ocorre a dor muscular de início tardio. Fenômeno que recebe esse nome por apresentar 
sua intensidade máxima 24-48 horas após o exercício (VIRU & VIRU, 2001). Os 
pesquisadores têm procurado por marcadores bioquímicos da microlesão, Evans e cols 
(1986) foram os primeiros a demonstram o aumento de creatina quinase em função da 
realização de exercício excêntrico. Nossos dados demonstram que a creatina quinase 
aumentou principalmente 48 e 72 horas após a realização dos sistemas de treinamento 
de força. Infelizmente, a concentração de creatina quinase não é um bom indicador da 
magnitude da microlesão muscular (LIEBER et al., 1994; FRIDÉN E LIEBER, 2001). 
Entretanto, em conjunto com as alterações de cortisol, a creatina quinase sugere 
que os protocolos de treinamento foram capazes de induzir microtraumas nos 
participantes do estudo. Na realidade, as elevações agudas no cortisol sérico tem sido 
altamente correlacionadas (r = 0,84) com marcadores de dano muscular (ex. creatina 
quinase) (KRAEMER et al., 1993). O fato desses indivíduos não serem adaptados ao 
treinamento reforça essa hipótese (LIEBER, 2002). 
As concentrações plasmáticas de cortisol podem ainda ser avaliadas em 
conjunto com as concentrações do hormônio testosterona. ADLERCREUTZ et al. 
(1986) recomendaram a utilização da razão entre a testosterona livre e o cortisol (T/C) 
como um indicador de estresse excessivo. Teoricamente, a redução maior que 30% 
dessa taxa representaria uma situação negativa em termos de adaptação ao 
treinamento, uma vez que estaria havendo um predomínio da ação catabólica (cortisol) 
em relação à anabólica (testosterona). Em casos de diminuição extrema dessa taxa 
poderia ocorrer o estabelecimento do supertreinamento no organismo (KUIPERS & 
KEIZER, 1988; URHAUSEN et al., 1995). Os dados do presente estudo demonstram 
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que houve uma queda da RTC logo após o término do exercício em ambos os 
protocolos. Essa queda ocorreu em função do

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