Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Física I - Teoria FACENS – Prof. Me. André Vitor Bonora Página 1 Capítulo 5 Leis de Newton 1. Introdução – Newton e os Principia Sir Isaac Newton era um matemático, físico e teólogo inglês. Fig. 5.1: Sir Isaac Newton (23/12/1642 – 20/03/1727) No ano de 1685 Newton apresenta à Royal Society of London os dois primeiros dos três que viria a escrever dos volumes do seu livro mais famoso, intitulado Philosophiae Naturalis Principia Mathematica (Principios Matemáticos de Filosofia Natural), ilustrados nas figuras 5.2 e 5.3. Física I - Teoria FACENS – Prof. Me. André Vitor Bonora Página 2 Fig. 5.2: Frontispício dos Principia de Newton Fig. 5.3: Um dos volumes originais dos Principia de Newton Neste livro estão as bases metodológicas e os elementos fundamentais da Física moderna. Só pelo título, há de se perceber que a Física era denominada de “Filosofia Natural”, isto é, a busca pela verdade da Natureza, objeto principal de estudo desta ciência. Física I - Teoria FACENS – Prof. Me. André Vitor Bonora Página 3 2. Os axiomas ou as leis do movimento De acordo com o que Newton escreve em seu Principia, têm-se as seguintes definições sobre o movimento dos corpos, escritos em forma de três leis, mais conhecidas como as Leis de Newton sobre o movimento dos corpos que, pelo seu ponto de vista, são assim descritas: Lei I Todo corpo permanece em seu estado de repouso ou de movimento uniforme em linha reta, a menos que seja obrigado a mudar seu estado por forças impressas nele. Os projéteis permanecem em seus movimentos enquanto não forem retarados pela resistência do ar e impelidos para baixo pela força da gravidade. Uma roda de brinquedo, cujas partes, por sua coesão, desviam continuamente dos movimentos retilíneos, não cessa de rodar senão enquanto é retardada pelo ar. Mas os corpos maiores que são os planetas e os cometas conservam por mais tempo seus movimentos, tanto os progressivos como os circulares, por causa da menor resistência dos espaços. Lei II A mudança do movimento é proporcional à força motriz impressa, e se faz segundo a linha reta pela qual se imprime esta força. Se toda força produz algum movimento, uma força dupla produzirá um movimento duplo e uma tripla um triplo, quer essa força se imprima conjuntamente e de uma vez só, quer seja impressa gradual e sucessivamente. E esse movimento, por ser sempre orientado para a mesma direção que a força geratriz, se o corpo se movia antes, ou se acrescenta a seu movimento, caso concorde com ele, ou se subtrai dele, caso lhe seja contrário, ou, sendo oblíquo, ajunta-se-lhe obliquamente, compondo-se com ele segundo a determinação de ambos. Lei III A uma ação sempre se opõe uma reação igual, ou seja, as ações de dois corpos um sobre o outro sempre são iguais e se dirigem a partes contrárias. Tudo quanto impele ou atrai o outro, é do mesmo modo impelido ou atraído por ele. Se alguém aperta com o dedo uma pedra, seu dedo será apertado pela pedra. Se o cavalo puxa uma pedra amarrada numa corda, o cavalo também será, igualmente, puxado pela pedra, pois a corda esticada dos dois lados, tanto levará, pelo esforço a relaxar-se, o cavalo para a pedra, como esta para o cavalo, e tanto impedirá o progresso de um quanto promover o do outro. Se um corpo, batendo num outro, mudar por sua força, de qualquer, o movimento dele, também mudará, sofrendo por sua vez, por força do outro, a mesma mudança em seu movimento, num sentido oposto ao do outro (devido à Física I - Teoria FACENS – Prof. Me. André Vitor Bonora Página 4 igualdade de pressão mútua). Por essas ações, tornam-se iguais não as mudanças de velocidades, mas a dos movimentos (a saber, nos corpos não impedidos de outro modo). Com efeito, porque os movimentos mudam igualmente, as mudanças das velocidades, feitas da mesma forma em direções opostas, são reciprocamente proporcionais aos corpos. Estas três leis são conhecidas, respectivamente, como Lei da Inércia (Lei I), Princípio Fundamental da Dinâmica (Lei II) e Princípio da Ação e da Reação (Lei III), que serão estudadas a seguir. 3. Lei da Inércia Em latim Newton utiliza o termo vis inertae ou virtude de inércia ou força de inércia. Pela Lei da Inércia quando pessoas estão no interior de um ônibus em movimento, se o ônibus para bruscamente, as pessoas estarão impelidas a continuarem seu movimento e só pararão este movimento quanto algum obstáculo (banco, frente interna do ônibus, etc) se opuser a ele, imprimindo nas pessoas uma força de sentido contrário à anterior. E isto também acontecerá quando pessoas estão no interior de qualquer veículo em movimento. Assim sendo, vê-se a importância do uso do cinto de segurança por parte dos passageiros no interior dos veículos para se evitar tragédias por paradas bruscas nos veículos em movimento. Pela Lei da Inércia relativamente é mais difícil deslocar uma locomotiva do repouso do que uma bicicleta, se ambas estiverem livres para se movimentarem. E, também pela mesma Lei, é relativamente mais difícil colocar em repouso uma locomotiva em movimento do que uma bicicleta. Assim sendo, indiretamente a Lei da Inércia está ligada a uma propriedade fundamental da matéria: a massa. 4. Princípio Fundamental da Dinâmica Dinâmica é a parte da Mecânica que estuda o movimento dos corpos importando-se com a causa deste movimento, isto é, as forças. Em sua Lei II, Newton diz sobre a “mudança do movimento”. “Movimento” em Dinâmica diz respeito a uma grandeza física denominada quantidade de movimento p que, por sua vez, é uma grandeza vetorial e é dada pelo produto da massa pela velocidade do corpo, isto é: [ ] smkgpSIvmp /.:. =→= rr Por sua vez, o termo “mudança de movimento” é a taxa de variação temporal do movimento, isto é, e a derivada temporal da quantidade de movimento que, aplicando-se a regra da cadeia do Cálculo Diferencial, é dada por: dt dm v dt vd m dt pd .. r rr += Física I - Teoria FACENS – Prof. Me. André Vitor Bonora Página 5 Considerando-se que, durante o seu movimento, o corpo não varia a sua massa (isto não acontece, por exemplo, no lançamento de foguetes colocados em órbita planetária), pode-se escrever o Princípio Fundamental da Dinâmica da seguinte forma: [ ] NnewtonFSIam dt vd m dt pdFR ==→=== :.. r rr r O exemplo mais clássico de uma força que obedece a este Princípio Fundamental da Dinâmica é uma força de campo (força que age à distância, sem contato físico direto com o corpo) denominada força peso P, que é o efeito do campo gravitacional de um planeta sobre um corpo próximo a ele. Pelo Princípio Fundamental da Dinâmica a força peso pode ser dada por: ( )kgmgmP ˆ... −== rr Onde g é a aceleração da gravidade local. Por exemplo, na Terra e ao nível do mar, a aceleração da gravidade pode ser dada por: go = 9,80665 m/s2 ≅≅≅≅ 9,81 m/s2 Todavia, na Lua, o valor de g muda para: gLua = 1,6 m/s2 Isto é devido ao fato da aceleração da gravidade depender da massa do planeta considerado e da altitude do ponto considerado com relação a este planeta. Finalmente, pelo Princípio Fundamental da Dinâmica aplicado à força peso, conclui-se que, se uma pessoa quer perder massa, ela deve fazer uma dieta, mas, se quiser perder peso, deve mudar de planeta. 5. Princípio da Ação e da Reação Se um corpo está em repouso sobre uma mesa a força peso age sobre a mesa e a mesa reage sobre o corpo, mas de sentido contrário. Neste caso, esta força de reação é denominada força normal N, como ilustra a figura 5.4. Física I - TeoriaFACENS – Prof. Me. André Vitor Bonora Página 6 Fig. 5.4: corpo sobre uma mesa e suas forças Deve-se ressaltar que a força normal não age sobre o corpo, mas, sim, ela é uma resposta (reação) à ação da força peso do corpo sobre a mesa. Se a mesa não tiver resistência mecânica para reagir, a força peso dominará e ela poderá danificar a mesa, provocando nela uma deformação (cisalhamento ou quebra). Do Princípio Fundamental da Dinâmica, para este caso, pode-se escrever que: ( ) ( ) ( )kgmN kmkgmNamPNamFR ˆ .. ˆ .0.ˆ.... =∴ =−+→=+→= r rrrrrr Exemplo 5.1: para o sistema da figura 5.5 são dados: F = 10 N ���� mA = 1 kg ���� mB = 2 kg. Determinar a aceleração do sistema e a força de contato entre os blocos, desprezando o atrito entre os blocos e o plano. Fig. 5.5: corpos em contato sobre um plano horizontal Solução: primeiramente deve-se descrever o DCL (diagrama de corpo livre) do sistema, ilustrando-se as forças a ele pertinentes, ilustrado na figura 5.6. Física I - Teoria FACENS – Prof. Me. André Vitor Bonora Página 7 Fig. 5.6: corpos em contato sobre um plano e as forças atuantes Onde F’ é a força de reação entre os corpos, de acordo com a Lei III. Assim sendo, aplicando-se a Lei II tem-se que: PBNB.0mPBNB:y em B Bloco PANA.0mPANA:y emA Bloco .amF': xem B Bloco .amF'F: xemA Bloco B A B A =→=− =→=− = =− Somando-se as equações dos blocos em x membro a membro tem- se que: ( ) N 66,32.3,.amF' m/s 33, 21 10 mm F a.ammF B 2 BA BA ===∴ = + = + =→+= Exemplo 5.2: para o sistema da figura 5.7 são dados: mA = 1 kg ���� mB = 2 kg ���� g = 9,81 m/s2. Determinar a aceleração do sistema e a força de tração na corda, suposta inextensível. Desprezar o atrito entre os blocos e o plano e o atrito da roldana com seu eixo. Física I - Teoria FACENS – Prof. Me. André Vitor Bonora Página 8 Fig. 5.7: sistema plano – polia Solução: primeiramente deve-se descrever o DCL (diagrama de corpo livre) do sistema, ilustrando-se as forças a ele pertinentes, ilustrado na figura 5.8. Fig. 5.8: sistema plano – polia e suas forças atuantes Onde T é a força de tração na corda, suposta inextensível, de acordo com a Lei III. Assim sendo, aplicando-se a Lei II tem-se que: .amT-PB:y em B Bloco PANA.0mPANA:y emA Bloco .amT: xemA Bloco B A A = =→=− = Somando-se membro a membro as equações do bloco A em x com a equação do bloco B em y tem-se que: Física I - Teoria FACENS – Prof. Me. André Vitor Bonora Página 9 ( ) N 54,654,6.1.amT m/s 54,6 21 81,9.2 mm .gm a.amm.gmPB A 2 BA B BAB ===∴ = + = + =→+== Exemplo 5.3: para o sistema da figura 5.9 é dado: g = 9,81 m/s2 ���� αααα = 15º. Determinar a aceleração do sistema. Desprezar o atrito entre o bloco e o plano inclinado. Fig. 5.9: plano inclinado com bloco Solução: primeiramente deve-se descrever o DCL (diagrama de corpo livre) do sistema, ilustrando-se as forças a ele pertinentes, ilustrado na figura 5.10. Fig. 5.10: plano inclinado e forças atuantes Física I - Teoria FACENS – Prof. Me. André Vitor Bonora Página 10 Aplicando-se a Lei II no sistema da figura 5.10 tem-se que: 2o AAA A A m/s 2,5390a9,81.sen15g.sena .am.g.senm.gmPA:Como PA.cosαNA.0mPA.cosαNA:y Em .amPA.senα: xEm =→==∴ =→= =→=− = α α
Compartilhar