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Causas extintivas da punibilidade Prescrição É o poder-dever que o estado tem de, dentro de um determinado período, punir o agente que tenha praticado uma infração penal e executar a punição imposta. A prescrição se divide em duas espécies: Prescrição da pretensão punitiva (PPP) Prescrição da pretensão executória (PPE) Momento a partir do qual a prescrição começa a ser contada: Nos crimes consumados, a partir da consumação Nos crimes tentados, a partir da prática do último ato executório Nos crimes permanentes, a partir da cessação da permanência Nos crimes continuados, incide de forma isolada sobre cada um dos crimes que compõem a cadeia delitiva Nos crimes de falsificação de registro civil, a partir do momento em que o fato se torna de conhecimento público Obs: se o acusado for maior de 18 anos e menor de 21 na data do fato ou maior de 70 anos na data da condenação, o prazo prescricional será reduzido à metade. Prescrição da pretensão punitiva: ocorre quando o Estado, em razão da sua inércia, perde o direito de punir. Espécies de PPP: Propriamente dita o prazo começa a ser contado, via de regra, a partir da consumação da infração penal; vai até a publicação da sentença penal condenatória; leva-se em consideração a maior pena cominada “in abstrato”. Superveniente/ posterior/ intercorrente inicia-se com a publicação da sentença penal condenatória; leva-se em consideração, em regra, a pena “in concreto”; caso o MP recorra pedindo aumento de pena, deverá ser levada em consideração a maior pena “in abstrato”, uma vez que o tribunal pode acatar o recurso da acusação e aplicar a pena máxima; caso o MP recorra, mas não peça aumento de pena, será levada em consideração a pena “in concreto”; caso a defesa recorra pedindo diminuição de pena, e o MP recorra pedindo o aumento da pena, será levada em consideração a maior pena “in abstrato”; se apenas a defesa recorrer, leva-se em consideração a pena “in concreto”. Obs: a PPP superveniente deve ser observada pelo Tribunal. Retroativa leva-se em consideração a pena “in concreto” aplicada pelo juiz ou pelo tribunal; deve ser verificada entre as causas interruptivas, de trás pra frente; o limite do cálculo retroativo é o recebimento da denúncia ou da queixa; em razão desse limite, não há que se falar em PPP retroativa na fase do inquérito policial; na fase do inquérito policial poderá ser reconhecida somente a PPP propriamente dita, ou seja, apenas no caminho da ida; há quem admita, na fase da instrução criminal, o reconhecimento da PPP antecipada ou virtual. Antecipada/ virtual (não existe previsão legal) é a requerida pelo MP, na fase de inquérito policial, com base na provável pena a ser aplicada pelo juiz. O fundamento é a economia processual. Nesse caso, o MP irá requerer o arquivamento do inquérito policial com base na extinção da punibilidade do agente em razão da prescrição antecipada. Caso o juiz não concorde com o pedido do arquivamento do MP, deverá se valer do art. 28, CPP, segundo o qual o juiz deverá encaminhar os autos de inquérito policial ao procurador geral de justiça. O PGJ poderá: Concordar com o promotor e arquivar o inquérito policial; ou Oferecer denúncia ou designar um outro promotor para que a ofereça. Nesse caso não haverá quebra da independência funcional desse promotor, porque estará agindo em nome do PGJ. Causas suspensivas da prescrição Carta rogatória; Suspensão condicional do processo; Questões prejudiciais: a prescrição ficará suspensa enquanto não resolvida em outro processo questão de que dependa a existência do crime; Enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro; Citação por edital; PPE- Pretensão da prescrição executória Na prescrição da pretensão executória o Estado perde o direito de executar a sanção imposta na condenatória. A PPE ocorre após o trânsito em julgado da sentença condenatória, seja em primeira instancia ou em grau de recurso. A PPE regula-se pela pena imposta, e verifica-se nos prazos fixados no art. 109, os quais aumentados de 1/3 se o condenado for reincidente. A reincidência produz dois efeitos: Aumenta em 1/3 a PPE futura; Interrompe a PPE que está em andamento. O prazo da PPE será reduzido da metade nos casos de menor de 21 anos na data do fato e do maior de 70 à época da sentença. A PPE é sempre calculada com base na pena fixada (in concreto). O reconhecimento da PPE impede a execução da pena mas não impede o reconhecimento dos efeitos secundários penais e extrapenais. Quando começa a correr o prazo da PPE: Da data do transito em julgado para a acusação; Da data da decisão que revoga o livramento condicional e o sursi; A partir do momento em que a execução da pena é interrompida. Obs. No caso de fuga do condenado e de revogação do livramento condicional, a prescrição é regulada pelo tempo que resta da pena. Fundamento: pena cumprida é pena extinta. Causas interruptivas da PPE Início do cumprimento da execução da pena; Continuação da execução do cumprimento da pena; Reincidência. Causas suspensivas do curso da PPE A prisão por qualquer outro motivo que não a condenação que se pretende executar. Nessa hipótese, a prescrição da pretensão de executar uma condenação não corre enquanto o condenado estiver preso por motivo diverso da condenação que se quer efetivar. Ex. o procurado condenado em uma comarca cumpre pena por outro crime em comarca diversa; enquanto estiver preso, cumprindo tal pena, não correrá a prescrição no que se refere à outra condenação. A contagem da prescrição se faz de acordo com o prazo previsto na legislação penal (sempre que se refere a prazo relativo ao direito de punir), ou seja, conta-se o primeiro dia e exclui-se o último. Prescrição da multa PPP da multa se a pena de multa for a única prevista ou a única aplicada, o prazo será de 02 anos; se a multa é prevista cumulativa ou alternativamente no tipo penal com uma ppl, o seu prazo prescricional será o mesmo da ppl; se a pena de multa for aplicada cumulativamente com a ppl, o prazo de prescrição é o mesmo da ppl. PPE da multa a prescrição da pretensão executória da multa ocorrerá sempre no prazo de 5 anos e a execução será feita separadamente da ppl, perante a Vara da Fazenda Pública, uma vez que, para fins de execução, a multa será considerada dívida de valor. Dessa forma, o prazo prescricional, as causas suspensivas e interruptivas da prescrição, a competência e o procedimento para a cobrança passam a ser da legislação tributária. Morte do agente Trata-se de causa personalíssima da extinção da punibilidade, não se comunica a coautores e partícipes. A morte é provada por meio da certidão de óbito. No caso de sentença extintiva da punibilidade transitada em julgada com base em certidão de óbito falsa, só restará ao MP processar o autor da falsificação, uma vez que não existe revisão criminal “pro societate”. Anistia Lei federal de efeito retroativo, que apaga o fato. Trata-se de uma clemência soberana, de um perdão em sentido amplo. Pode ser concedida antes do trânsito em julgado (anistia própria), ou depois do trânsito em julgado (anistia imprópria). Se a anistia ocorrer antes do trânsito em julgado nenhum efeito da condenação subsistirá. Se a anistia for concedida após o trânsito em julgado, desaparecerá o efeito principal da sentença; também faz desaparecer os efeitos secundários penais; subsistem, no entanto, os efeitos secundários extrapenais, a exemplo, a obrigação de reparar o dano. Uma vez concedida, não pode ser revogada, já que sua revogação implicaria em retroatividade dos efeitos anteriores, prejudicando o agente. A atribuição para conceder a anistia é do Congresso Nacional (art. 48, VIII, CF). Obs. Enquanto a anistia apaga o fato, a abolitio criminis revoga a norma. Graça e indulto Semelhanças: Só podem ser concedidas após o transito em julgado; São concedidas por decreto do Presidente da República, que pode delegar essa atribuição ao Procurador Geral da República, ao Advogado Geral da União, ao Ministro da Justiça;Apagam apenas o efeito principal da sentença penal condenatória. Diferenças: O indulto é coletivo, e é concedido de oficio. Já a graça é individual, e depende da solicitação do condenado. Abolitio criminis É a lei penal posterior, de efeito retroativo, que deixa de considerar o fato criminoso. Apaga os efeitos principais e os efeitos penais secundários, subsistindo os efeitos secundários extrapenais, como a anistia. Decadência Trata-se de causa extintiva da punibilidade que afeta indiretamente o direito de punir do Estado. A decadência está ligada à ação penal pública condicionada (direito de ofertar representação), e também às ações penais privadas (direito de ofertar queixa-crime). Tanto a representação quanto a queixa-crime são condições de procedibilidade da ação penal. Via de regra, o prazo decadencial é de 06 meses, contados a partir do conhecimento da autoria. A contagem do prazo ocorre nos termos do art. 10 do CP (computa-se o dia do começo e exclui-se o do fim). Perdão judicial É o instituto por meio do qual o juiz, embora comprovada a prática da infração penal pelo sujeito, deixa de aplicar a pena em razão de determinadas circunstâncias. Só é possível nos casos expressamente previstos em lei. Pelo fato do art. 120 do CP ser expresso ao dizer que a sentença que concede o perdão judicial não será considerada para fins de reincidência, parte da doutrina se inclinou no sentido de que a natureza da sentença que concede o perdão judicial é condenatória. A súmula 18 do STJ, por sua vez, diz que a sentença que concede o perdão judicial tem natureza declaratória, não subsistindo qualquer efeito penal ou extrapenal. Renúncia e perdão do ofendido A renúncia ao direito de queixa e o perdão do ofendido são causas extintivas da punibilidade aplicáveis à ação penal exclusivamente privada. A renúncia ao direito de queixa pode ser expressa ou tácita. Será expressa quando a vítima, de forma expressa, abrir mão do direito de oferecer queixa-crime contra o autor do fato; será tácita quando a vítima deixar escoar o prazo decadencial sem que ofereça a queixa-crime. O prazo decadencial será, em regra, de 6 meses, a contar do conhecimento da autoria. O perdão do ofendido também pode ser expresso ou tácito. O perdão será expresso quando a vítima, por meio de declaração, afirmar que não deseja mais o prosseguimento da ação penal; será tácito quando a vítima praticar ato incompatível com a vontade de prosseguir na ação. O perdão, para gerar efeito, tem que ser aceito pelo ofensor. Na ação penal privada o ofendido recebe o nome de querelante, ao passo que o ofensor recebe o nome de querelado. O perdão deve ser aceito pelo querelado, pois este pode ter o interesse maior em provar a sua inocência. A aceitação do perdão será expressa quando ofensor, de forma inequívoca, aceitá-la, e será tácita quando o ofensor, notificado para se manifestar se o aceita, nada disser no prazo dos 3 dias subsequentes.
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