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HEGEL E A DIALÉTICA IDEALISTA

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HEGEL E A DIALÉTICA IDEALISTA
Seminário 5 - 15/04/2016
André Leopoldo da Silva Filho - 3º ano de História/Noturno
Hartman nasceu em Berlim, Alemanha, em 27 de janeiro de 1910. Ele estudou no Colégio Alemão de Ciência Política, e também na Universidade de Paris, na London School of Economics e na Universidade de Berlim. Em 1932, ele deixou a Alemanha para a Grã-Bretanha.
José Carlos Reis é historiador e filósofo, graduado em História pela UFMG, mestrado em Filosofia também pela UFMG, mestrado em Filosofia pela Université Catholique de Louvain e doutorado em Filosofia pela Université Catholique de Louvain. É pós-doutor pela École des Hautes Études en Sciences Sociales, pela Université Catholique de Louvain e pela UFRJ. Tem experiência na área de História, com ênfase em Teoria da História e História da Historiografia, atuando principalmente nos seguintes temas: epistemologia, temporalidade, historiografia brasileira, historiografia francesa, pensamento histórico alemão.
Os dois textos procuram tratar como que Hegel, utilizando-se da lógica dialética, explica as origens da Filosofia da História e sua importância para o entendimento do desenvolvimento da História, sempre em busca do progresso da humanidade. Aparecem como questões secundárias o desenvolvimento universal do homem, a humanidade sempre em busca do progresso, o que seria um Estado ideal, os quatro tipos de homem (cidadão, indivíduo, herói e vítima), entre outros.
Ambos os autores tentam nos explicar a importância do pensamento hegeliano para a história e seu método de análise, e como que alguns movimentos extremistas do século XX foram fortemente influenciados por suas idéias. Nos dois textos utilizados para a realização do seminário, os autores têm como objetivo explicar a metodologia (lógica dialética) utilizada por Hegel para nos explicar como que História e Filosofia se relacionam no desenvolvimento da humanidade. As fontes utilizadas são: “As lições sobre a filosofia da história universal” (1837), “Prefácio” e o último capítulo dos “Princípios de filosofia de direito”, intitulado ‘A História do mundo’ (1821). A metodologia utilizada, já supracitada, é a lógica dialética.
Hartman, em seu prefácio à “A razão na história: uma introdução geral à filosofia da história”, faz elogios a obra de Hegel, e justifica que, vários de seus ideais foram mal interpretados por aqueles que estudaram suas obras. José Ricardo Reis também faz alguns elogios, porém, tem uma visão mais crítica à obra hegeliana. Ambos os autores fazem uma análise da obra de Hegel, apontando os principais pontos discutidos por ele.
A metafísica de Hegel teve uma influência tão forte e duradoura na vida política como nenhum outro sistema filosófico, é na filosofia hegeliana que a “idéia” (poder lógico do divino) orienta a história através dos homens. Ele propõe que o “pensamento” é o que é ideal no mundo, e o mundo é o que é concreto na idéia. A idéia (dinâmica) dá origem a tudo que existe através de sua dinâmica interior. Toda existência é manifestação da idéia. Ela se desenvolve no espaço e no tempo. Quando se desenvolve no espaço, é a natureza. Quando se desenvolve no tempo, é o Espírito. A história, segundo Hegel, é o desenvolvimento do espírito. Seguindo esse pensamento: a realidade se torna mais real em sua existência, e a existência mais existente em sua realidade. A força de sua filosofia está em sua forma – a lógica dialética, e não em seu conteúdo, e fora ela que permitiu que ele alcançasse sua universalidade. Os pensadores que aceitavam o conteúdo de sua filosofia, mas não sua forma, eram chamados de “hegelianos de direita”; já os que aceitavam sua forma e não seu conteúdo, eram chamados de “hegelianos de esquerda”. Hegel traçou uma linha por toda a historia da filosofia e a aplicou à totalidade do mundo: de forma literal, um pensamento (tese) leva-nos à sua antítese e ambos à síntese.
Hegel rejeita o programa de Kant de examinar a faculdade de compreensão das coisas antes de examinar a própria natureza das coisas. Para ele, coisas e pensamentos estão dialeticamente relacionados: o pensamento reconhece as próprias coisas - não há coisa “em si” além do pensamento, nem mesmo Deus. Ele encara a “realidade” como o pensamento de “um pensador”. Para ele, todo o sistema do mundo é uma teologia, a própria historia é o autodesenvolvimento da idéia em progresso, o autodesenvolvimento do espírito em progresso. A historia é o progresso da liberdade.
A historia é o desenvolvimento do espírito no tempo, e natureza é o desenvolvimento da idéia no espaço. Tríade: idéia-natureza-espirito
- o espaço que a natureza se desenvolve é o espaço físico
- o tempo que o espírito se desenvolve é o tempo da consciência.
- a idéia se desenvolve na dialética lógica.
A idéia é a vontade de deus e se desenvolve na história. Supondo que deus seja bom, Hegel tem uma visão otimista da historia. Hegel explica ainda que o espírito é a realidade de três maneiras:
1ª – quanto mais o homem se desenvolve espiritualmente, mais ele se torna consciente de si mesmo, ou seja, livre.
2ª – a história do mundo é o avanço da liberdade, porque ela é o avanço da autoconsciência do espírito.
3ª – a matéria justifica que o espírito é livre: ela luta contra algo fora de si (gravidade, por exemplo), enquanto o espírito contém a si mesmo, que é a liberdade.
Há também o “espírito Nacional (volkgeist): o espírito aparece na realidade como universal e como particular, e o espírito do mundo, incorporado em um povo, é o princípio do povo. Hegel entende como Estado, ou nação, uma cultura ou civilização, organização de liberdade: essa liberdade só é possível nos Estados. Não há historia a menos que haja Estados organizados. O espírito nacional é quem define a vida cultural de um povo, e o estado ideal para Hegel é aquele que cujas ambições e esforços coincidem ou se completam com os dos cidadãos. Pode-se dizer que o Estado é uma idéia divina realizada de uma forma mais elevada. O pseudo-Estado mantém a forma proposta por Hegel, mas não o conteúdo. Este estado usa seu poder para destruir todo conteúdo cultutal e todo o desenvolvimento individual dentro dele. O 3º reich é a negação de sua concepção de estado, sua antitese.
Dando continuidade em seu prefácio, Hartman aponta que Hegel institui quatro espécies de homem (cidadão, individuo, herói, vitima):
a) O cidadão: o Estado é racionalmente universal, e o cidadão como particular deste Estado, é moral. Os cidadãos são menos morais que seu Estado, que é o representativo do Espírito do Mundo, e a liberdade subjetiva (individuo) é cheia de caprichos, mas universalizada na forma de uma civilização, é objetiva e moral.
b) O individuo: o individuo é um ser absolutamente moral (tem suas próprias inclinações), enquanto que o cidadão é relativamente moral (suas inclinações são as mesmas ou parecidas com as do Estado). O moral, ético e o divino existem nos indivíduos e não são garantidos pelo Estado. É o homem, indivíduo, quem possui a divindade.
c) O herói: o herói histórico encontra-se entre o homem de moralidade relativa (social) – o cidadão, e o homem de moralidade absoluta (individual) – o individuo. Nele, o individual se funde com o universal, e é nele que se encontra dada situação histórica. É o homem heróico que empurra a historia para frente. Ele é orientado pelo espírito do mundo, que o utiliza para seus próprios fins. A moral é mais uma questão coletiva do que individual. O grande homem pode tornar-se, se necessário, uma força imoral
d) A vitima: o individuo que não é o sujeito da historia, sem sua percepção, é sua vitima. Ele é, de certa forma, culpado da sua própria morte e sofrimento, por não se mostrar à altura do momento. A vitima é o homem ou mulher comum que prefere a felicidade à grandeza. Hegel não vê grandeza na felicidade que o individuo busca. A historia em marcha passa por cima da vitima. Para Hegel, todo individuo faz parte da historia, independentemente se ele vê ou não a situação histórica. Seu destino será o destino histórico.Hegel nos mostra como o herói é desacreditado: a personalidade poderosa do herói “tem de pisar em muita flor inocente”. Para Hartman, é a historia que deve ser condenada, não Hegel. A tragédia da historia é muito a tragédia da estupidez humana, e o propósito da história é o de aperfeiçoar o homem cada vez mais.
Hegel inicia sua obra nos eplicando três formaz de escrever a História: Original, Reflexiva e Filosófica.
1) História Original: A história passa a ser escrita como história de longa duração a partir da Idade Média. Essa história é menos factual e baseada em diálogos, passando a ser escrita por pessoas que se aprofundam mais sobre determinado assunto.
2) História Reflexiva: ela pode ser Universal, Pragmática, Crítica ou Fragmentária. A análise da história universal está diretamente relacionada com a origem de um povo, sua história – este é seu propósito. A pragmática nos mostra que os governos e seus respectivos governantes deveriam estudar história, para dessa forma aprender com seus erros e não cometê-los novamente. A história crítica é basicamente o estudo historiográfico, que avalia a veracidade das narrativas históricas. Por último, a fragmentária parte de alguns pontos de vistas universais, ou seja, adota determinados momentos históricos e os estuda separadamente
3) História filosófica: Hegel afirma que a filosofia é baseada em especulações, enquanto que a história é baseada em fatos.
Hegel faz um breve resumo da história da liberdade dentro da história. Ele começa seu raciocínio no mundo oriental, no qual a civilização era estacionária e apenas uma pessoa era livre: o governante. Nessa perspectiva, os indivíduos não tinha liberdade individual, pois esta estava concentrada nas mãos de um déspota, que era reconhecido como uma figura paterna, que tinha a obrigação de cuida das vidas das pessoas. Saindo do mundo oriental, ele parte para a Grécia antiga.nesse cenário, surge o reconhecimento da liberdade individual, porém, esta liberdade era ainda limitada. Sua consciência social não os permitia, ainda, enxergar a consciência individual. O próximo estágio do desenvolvimento da liberdade é o mundo romano. Por ser um império muito extenso, não havia uma unidade cultural, pois Roma conquistou diversos países de diversas culturas diferentes. Para haver disciplina, o império fazia uso da força. A solução para a liberdade, segundo Hegel, só seria alcançada com o cristianismo. Segundo ele, a descoberta da consciência humana nos mostra que o homem é um ser espiritual. Para alcançar sua espiritualidade, o homem deve abster-se dos desejos naturais que recaem sobre ele. O papel do cristianismo é mostrar para o homem a cosnciência de sua natureza espiritual.
Hegel propõe que hajam civilizações inferiores na humanidade, e que para fazerem parte da história universal, devem receber uma luz dos povos europeus. Ele classifica como infeores os continentes africano e americano. Os povos que habitavam as américas antes da chegada dos europeus, para Hegel, devem ser desconsiderados, pois já haviam sido submetidos aos colonizadores da Europa. A exceção a essa regra seria os Estados Unidos, que era uma democracia organizada de acordo com valores europeus. Para ele, a África seria um continente sem perspectiva de melhora, pois estava fechada ao seu espírito natural, o que justificava a escravidão como uma forma de tornas esses homens mais humanos. 
BIBLIOGRAFIA
-REIS, José Carlos. “A consciência histórica pós-1879: Hegel e a legitimação da conquista europeia do planeta – a derrota do projeto francês” in História da “consciência histórica” ocidental contemporânea – Hegel, Nietzsche, Ricoeur, pp. 69-102.
-HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. A razão na história: uma introdução geral à filosofia da história. Prefácio de Robert S. Hartman.

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