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Direito Penal I Prof. Marcelo Valdir Monteiro marcelo.monteiro@monteiroegodoy.com.br marcelovaldir@hotmail.com Noções introdutórias • Conceito: “Direito Penal é o conjunto de normas jurídicas que regulam o poder punitivo do Estado, tendo em vista os fatos de natureza criminal e as medidas aplicáveis a quem os pratica” (Magalhães Noronha) • Nomenclatura (Direito Penal x Direito Criminal) Finalidade do Direito Penal - Proteção dos bens jurídicos x - Garantir a vigência da norma (Jakobs) Fontes do DP • Material - direta (= lei) • formal - indireta - costumes - princípios gerais do direito - Relação do DP com outras áreas - Direito constitucional; - direito processual penal; - direito administrativo; -direito internacional; -direito civil e comercial -direito do trabalho -direito tributário; -ciências auxiliares (medicina legal, psiquiatria forense, criminologia, psicologia forense, política criminal etc) - Princípios constitucionais do DP - princípio da legalidade ou reserva legal; - princípio da anterioridade ou da irretroatividade da lei penal; - princ. da individualização da pena; -princ. da taxatividade ou da determinação; -princ. do respeito ao preso; - princ. da presunção de inocência ou da não culpabilidade. Outros princípios do Direito Penal - fragmentariedade; - intervenção mínima; - ofensividade; - insignificância; - humanidade; - proporcionalidade da pena; -igualdade Breve história do DP - Fases da Vingança Penal - Período Medieval - Idade moderna (séc. XVI) - Período humanitário – séc XVIII; - Período científico – séc. XIX - Escola clássica -Escola positivista - Direito Penal no Brasil Códigos brasileiros: - Ordenações Afonsinas (1446) – D. Afonso V; - Ordenações Manuelinas (1521) – D. Manuel I; - Compilações de Duarte Nunes de Leão (1569) – D. Sebastião; - Ordenações Filipinas (1603) – Filipe II; - Código Criminal do Império (1830) – D. Pedro I; - Código Penal da República (1890) – Batista Pereira; - Código Penal (1940) – Alcântara Machado em 1937 no Estado Novo, sancionada em 1940 e entrou em vigor apenas em 1942. - Anteprojeto de Código Penal (1969) – Nélson Hungria - Reforma da parte geral (1984) A lei penal Características: - imperativa; - geral; - impessoal; - exclusiva Formas de interpretação da lei penal Quanto a fonte - Autêntica; - Jurisprudencial; - Doutrinária Quanto ao meio empregado - gramatical; - histórica; - lógico-sistemática; - teleológica Quanto aos resultados - Declarativa; - extensiva; - restritiva Formas de interpretação da lei penal Vigência e Revogação da Lei penal - Vacatio legis - revogação expressa e revogação tácita - revogação total e revogação parcial - Princípio da legalidade ou da reserva legal (art. 5º, XXXIX, CF/88 e art. 1º, CP) • Norma Penal em Branco - em sentido estrito - em sentido amplo Aplicação da Lei Penal - Princípio da anterioridade e da irretroatividade da lei penal (art. 5º, XL, CF/88 e art. 2º, par. único, CP) - novatio legis incriminadora; - novatio legis in pejus; - novatio legis in mellius; - abolitio criminis Lei Penal no Tempo - Novatio legis incriminadora: lei nova que torna típico fato anteriormente não incriminado. É irretroativa por ser mais severa. - Novatio legis in pejus: lei nova é mais severa que a anterior. É irretroativa por ser mais severa. Lei Penal no Tempo - Novatio legis in mellius: lei nova mais favorável que a anterior. É retroativa, pois beneficia o réu. - Abolitio criminis: não incrimina mais o fato que anteriormente era ilícito penal. É retroativa por ser mais benéfica. - Princípio da individualização da pena (art. 5º, XLV e XLVI, CF/88) - Princípio da taxatividade ou da determinação (limitação das penas) (art. 5º, XLVI e XLVII, CF/88) - Princípio do respeito ao preso (art. 5, XLIX, CF/88) - Princípio da Presunção de inocência (art. 5º, LVII, CF/88) Formas de interpretação das normas jurídicas - Gramatical; - Histórica; - Lógico-sistemática; - Teleológica Tempo do crime - Teoria da atividade: considera como crime o momento da conduta (art. 4º, CP); - Teoria do Resultado: considera o momento da consumação; - Teoria mista: considera tanto o momento da conduta quanto do resultado. Conflito aparente de normas - Princípio da especialidade - Princípio da subsidiariedade - Princípio da consunção ou absorção - Princípio da alternatividade Lei Penal no Espaço Quanto ao lugar do crime: - Teoria da atividade: é o local da conduta criminosa - Teoria do resultado: é o local da consumação - Teoria mista ou da ubiqüidade: é tanto o local da conduta como o do resultado (art. 6º, CP). Princípios de aplicação da lei penal no espaço • Princípio da territorialidade: aplica-se a lei nacional ao fato praticado no território do próprio país (art. 5º, caput, CP); • Princípio da nacionalidade: aplica-se a lei do país de origem do agente (art. 7º, II, b, CP); • Princípio de proteção: é usada a lei do país que teve o seu bem jurídico atingido (art. 7º, I, CP); • Princípio da competência universal: é usada a lei do país onde o criminoso foi detido (art. 7º, II, a, CP); • Princípio da representação: em delitos cometidos em aeronaves ou embarcações usa-se a lei do país (da bandeira) quando outros que deveriam reprimir não o fazem (art. 7º, II, c, CP). Quanto ao espaço aéreo: • Teoria da absoluta liberdade do ar • Teoria da soberania • Teoria da soberania sobre a coluna atmosférica (art. 11 do Código Brasileiro da Aeronáutica - Lei nº 7.565/86) Extraterritorialidade • Extraterritorialidade incondicionada (art. 7º, §, 1º, CP) • Extraterritorialidade condicionada (art. 7º, § 2º e 3º, CP) Lei Penal em Relação às pessoas • Imunidades diplomáticas • Imunidades parlamentares - Absoluta ou material - relativa ou formal » em relação a prisão » em relação ao processo • Imunidade de deputados estaduais e vereadores • Imunidade do Presidente da República - Cláusula de imunidade penal relativa » em relação à prisão » em relação ao processo • Imunidade dos advogados • Frações não computáveis da pena (art. 11, CP) • Legislação Especial (art. 12, CP) Conceito de Crime • Conceito formal • Conceito material • Conceito analítico conduta fato típico resultado Crime nexo de causalidade • Fato tipicidade Punível ilícito (ou antijurídico) Culpável Fato típico • Elementos: – Conduta – Resultado – Nexo de causalidade – Tipicidade Teorias sobre a conduta • Teoria causalista ou naturalista (Franz von Liszt - início do séc. XIX até meados do séc. XX) • Teoria finalista (Hans Welzel - elaborada no final da década de 1920 e início da década de 1930) • Teoria social (Hans-Heinrich Jescheck) Elementos da conduta • Vontade • finalidade • exteriorização • consciência Formas de conduta • Comissiva • omissiva própriaimprópria (dever de agir) - art. 13, § 2º Crimes omissivos impróprios (art. 13, § 2º) • Tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância • de outra forma assumir a responsabilidade de impedir o resultado • com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. Omissão por culpa • Erro de apreciação • erro na execução • erro sobre a possibilidade de agir Ausência de fato típico • Caso fortuito • Força maior Sujeitos da conduta típica • Crime comum • Crime próprio Pessoa Jurídica como sujeito ativo do crime • Teoria da ficção: Savigny - societas delinquere no potest (a pessoa jurídica não pode cometer delito) – ausência de consciência, vontade e finalidade; – ausência de culpabilidade – ausência de capacidade de pena – ausência de justificativa para imposição da pena • Teoria da realidade ou da personalidade real – a pessoa jurídica tem vontade própria; – pode ser responsável pelos seus atos; – a pena não ultrapassa a pessoa da empresa Tipicidade • Tipo básico ou fundamental • tipo derivado • Tipicidade direta • tipicidade indireta Tipicidade • Tipos fechados • tipos abertos • Tipos incriminadores • Tipos permissivos ou justificativos Tipicidade • Tipos objetivos • tipos normativos • tipos subjetivos • Tipos simples • tipos mistos Tipicidade • Tipo conglobante • Atipicidade absoluta • atipicidade específica Crime doloso • Teorias sobre o dolo: – teoria da vontade; – teoria da representação; – teoria do assentimento, consentimento ou assunção Crime doloso • Elementos do dolo: – momento intelectivo – momento volitivo Espécies de dolo • Dolo direto indireto alternativo eventual • Dolo de dano de perigo Espécies de dolo • Dolo genérico específico • Dolo geral ou erro sucessivo Crime culposo • Art. 18, II, CP • Conduta; • Inobservância do dever de cuidado objetivo; • Resultado lesivo involuntário; • Nexo de causalidade; • Previsibilidade; • tipicidade Modalidades de culpa • Negligência; • Imprudência; • Imperícia Espécies de culpa • Inconsciente • Consciente • Própria • Imprópria • presumida Crime culposo • Compensação e concorrência de culpas • Co-autoria e participação • Tentativa • Crime omissivo impróprio Crime preterdoloso • (dolo + culpa) Erro de tipo (art. 20, CP) • Erro de tipo essencial – Erro sobre elementos do tipo – Erro sobre circunstâncias – Erro de tipo essencial • Invencível, inevitável ou escusável (art. 20, caput, 1ª parte e § 1º, 1ª parte) • Vencível, evitável ou inescusável (art. 20, caput, 2ª parte e § 1º, 2ª parte) Erro de tipo • Erro de tipo acidental – Erro sobre o objeto – Erro sobre a pessoa (art. 20, § 3º, CP) – Erro na execução (aberratio ictus) – art. 73, CP – Resultado diverso do pretendido (aberratio delicti ou aberratio criminis) – art. 74, CP – Erro sobre o nexo causal ou aberratio causae • Discriminantes putativas • Erro provocado por terceiro (art. 20, § 2º, CP) • Erro de tipo e delito putativo por erro de tipo Tentativa ( art. 14, II, CP) cogitação • Iter criminis atos preparatórios atos de execução • Tentativa perfeita ou crime falho • Tentativa imperfeita ou inacabada • Desistência voluntária (art. 15, 1ª parte, CP) • Arrependimento eficaz (art. 15, 2ª parte, CP) • Desistência voluntária (art. 15, 1ª parte, CP) • Arrependimento eficaz (art. 15, 2ª parte, CP) • Arrependimento posterior (art. 16, CP) • Crime impossível (art. 17, CP) – Ineficácia absoluta do meio; – Absoluta impropriedade do objeto conduta fato típico resultado Crime nexo de causalidade • Fato tipicidade Punível ilícito (ou antijurídico) Culpável Causas de exclusão da ilicitude • Art. 23, CP: • - Estado de necessidade; • - Legitima defesa; • - Estrito cumprimento do dever legal; • - Exercício regular do direito • - Causas supralegais Estado de necessidade (art. 24, CP) • Requisitos: – Existência de um perigo atual e inevitável – Situação não provocada voluntariamente pelo agente – Inexigibilidade de sacrifício do bem ameaçado – Ameaça à direito próprio ou alheio – Ausência do dever legal de enfrentar o perigo – Conhecimento da situação de fato justificante Estado de necessidade • Teorias: – Unitária – Diferenciadora estado de necessidade justificante estado de necessidade exculpante Formas de estado de necessidade • - Defensivo • - Ofensivo ou agressivo • - Recíproco • - Putativo Legítima defesa (art. 25, CP) • Teorias: – Subjetiva – Objetiva Legítima defesa • Requisitos: – Reação a uma agressão atual ou iminente e injusta – Defesa de um direito próprio ou alheio – Moderação no emprego dos meios necessários à repulsa – Conhecimento da situação de fato justificante Legítima defesa • Excesso extensivo • Excesso intensivo Modalidades de Legítima defesa • Leg. Def. defensiva • Leg. Def. agressiva • Leg. Def. sucessiva • Leg. Def. subjetiva ou putativa • Leg. Def. com aberratio ictus • Est. de Necessidade • Ação • Bem jurídico exposto à perigo • Legitima Defesa • Reação • Bem jurídico exposto à agressão Título e classificação das infrações penais • Título genérico; • Título específico • - Classificação das infrações: – Crimes – Delitos – Contravenções • Crimes instantâneos; • Crimes Permanentes; • Instantâneos de efeitos permanentes; Classificação das infrações • Crimes comissivos • Crimes omissivos puros • Crimes de conduta mista • Crimes omissivos impróprios • Crimes unissubjetivos • Crimes plurissubjetivos • Crimes simples • Crime qualificado • Crime privilegiado • Crime progressivo • Progressão criminosa • Crime habitual • Crime profissional • Crime exaurido • Crime de ação única • Crime de ação múltipla • Crime unissubsistente • Crime plurissubsistente • Crimes materiais • Crimes formais • crimes de mera conduta • Crimes de dano • Crimes de perigo • Crimes complexos • crimes comuns • crimes próprios • crimes de mão própria • Crimes principais • crimes acessórios • crimes vagos • crimes políticos puros relativos • - crimes militares próprios impróprios • crimes hediondos • crime de forma vinculada • crime pluriofensivo Classificação das infrações • crime a prazo • crime gratuito • crime transeunte • crime não transeunte • crime de atentado ou de empreendimento Culpabilidade • Culpa x culpabilidade • Pena = prevenção geral do crime Princípio da culpabilidade • subjetividade da responsabilidade penal • Personalidade da responsabilidade penal – Intranscendência da pena– Individualização da pena • Art. 5º, I, do Código Penal da República Democrática da Alemanha de 1968: • “uma ação é cometida de forma reprovável quando seu autor, não obstante as possibilidades de uma conduta socialmente adaptada que lhe tenham sido oferecidas, realiza, por atos irresponsáveis, os elementos legalmente constitutivos de um delito ou de um crime” A posição da culpabilidade na TGC • Teoria bipartida – Crime = fato típico + ilícito (ou antijurídico) • Teoria Tripartida – Crime = fato típico + ilícito + culpável conduta fato típico resultado Crime nexo de causalidade • Fato tipicidade Punível ilícito (ou antijurídico) Culpável • Culpabilidade do autor • Culpabilidade do fato • Grau de culpabilidade • TRF 4ª REGIÃO - APELAÇÃO CRIMINAL Nº 2001.04.01.064387-8/SC (DJU 03.09.03, SEÇÃO 2, P. 653, J. 20.08.03) • EMENTA • PENAL. FALSIFICAÇÃO DE SINAL PÚBLICO. FALSIDADE IDEOLÓGICA. ARTIGOS NºS 296 E 299 DO CP. AUTORIA. INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. ABSOLVIÇÃO MANTIDA. 1. O fato de um dos acusados ser proprietário da empresa que realizou o negócio objeto das notas fiscais onde foram apostos sinal público e assinaturas falsas não induz, por si só, sua participação nos crimes, porquanto nosso sistema penal veda a responsabilização objetiva. Depoimentos contraditórios do co-réu que não encontram amparo no conjunto probatório. 2. Da mesma forma, com relação ao preposto, não se pode inculpá-lo simplesmente por ter sido encontrado o indigitado carimbo falso em uma das gavetas de sua mesa de trabalho. 3. Necessária a demonstração da prática dolosa, o que inocorreu in casu. 4. Absolvição mantida. • STJ - HABEAS CORPUS Nº 25.637 - PR (2002/0160523-1) (DJU 03.11.03, SEÇÃO 1, P. 352, J. 23.09.03) RELATOR : MINISTRO HAMILTON CARVALHIDO EMENTA • HABEAS CORPUS. PENAL. ROUBO COM EMPREGO DE ARMA E CONCURSO DE PESSOAS. INDIVIDUALIZAÇÃO DAS PENAS. BIS IN IDEM. OCORRÊNCIA. RECORRÊNCIA À RESPONSABILIDADE OBJETIVA. CARACTERIZAÇÃO. • 3. Afora casos excepcionais de caracterizadas ilegalidades ou abuso de poder, fazem-se estranhos ao âmbito estreito e, pois, ao cabimento do habeas corpus, os pedidos de modificação ou de reexame do juízo de individualização da sanção penal, na sua quantidade e no estabelecimento do regime inicial do cumprimento da pena de prisão, enquanto requisitam a análise aprofundada dos elementos dos autos, referentes ao fato criminoso, às suas circunstâncias, às suas conseqüências, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade e aos motivos do agente, bem como ao comportamento da vítima. • 4. Constitui rematada violação do princípio non bis in idem, que também informa o vigente direito penal e por cuja observância têm, mui acertadamente, zelado as nossas Cortes de Justiça, a dupla consideração dos antecedentes penais do réu na individualização da pena, como acontece quando se o invoca na etapa da consideração das circunstâncias judiciais, para, a seguir, exasperar a pena-base, por força da reincidência. 5. A consideração só numérica das causas de aumento, insertas nos incisos I e II do parágrafo 2º do artigo 157 do Código Penal, é pura recorrência à proscrita responsabilidade objetiva. 6. Ordem concedida. • STJ - HABEAS CORPUS Nº 14.298 - SP (2000/0092276-5) (DJU 18.02.02, SEÇÃO 1, P. 502, J. 03.12.01) • EMENTA • PENAL. HABEAS-CORPUS. INÉPCIA DA DENÚNCIA. INOCORRÊNCIA DE TAL VÍCIO. OBSERVÂNCIA DO ART. 41 DO CPP. PROVA PERICIAL. ALEGAÇÃO DE CONTRADITORIEDADE E SUSPEIÇÃO. EXAME DE PROVAS. IMPROPRIEDADE DO WRIT. FUNCIONÁRIOS DE EMPRESA DE TRANSPORTE DE VALORES. ACIDENTE EM SERVIÇO. MORTE. ATIPICIDADE PENAL. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA. • - Não contém o vício da inépcia a denúncia que observa o disposto art. 41, do CPP, e oferece condições para o pleno exercício do direito de defesa. - O habeas-corpus, ação constitucional destinada a assegurar o direito de locomoção em face de ilegalidade ou abuso de poder, não se presta para desconstituir decisão condenatória fundada em judicioso exame de provas, pois o estudo do fato não se compadece com o rito especial do remédio heróico. - A ocorrência de acidente em serviço, causador de morte de funcionários que faziam travessia de balsa em carro-forte que caiu ao mar em decorrência da ausência de frenagem e de engrenamento do veículo, não tem repercussão na lei penal, pois inexiste em nosso sistema responsabilidade penal objetiva. - Habeas-Corpus denegado. Concessão da ordem de ofício. • Jur. ementada 1951/2001: Penal. Prefeito (Dec.-Lei 201/67, art. 1º). Ato cometido por outra pessoa. Inexistência de responsabilidade objetiva. • STJ - HABEAS CORPUS Nº 13.720 - PR (2000/0062897-2) (DJU 13.08.01, SEÇÃO 1, p. 182, J. 22.05.01) • EMENTA PENAL. FUNCIONÁRIO QUE ELABORAVA FOLHA DE PAGAMENTO INDEVIDA. PREFEITO E EX-PREFEITO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. IMPOSSIBILIDADE. TRANCAMENTO DA AÇÃO. • 1. No Direito Penal, não há espaço para a responsabilidade objetiva. Por conseguinte, não pode o Prefeito de um Município ser responsabilizado com base exclusivamente em ato de terceiro Chefe do Departamento Pessoal que, mediante a inclusão irregular de valores na folha de pagamento, obtinha vantagem ilícita. • 2. Pedido de Habeas Corpus deferido para trancar a ação penal. Teorias da culpabilidade • Teoria psicológica: Von Liszt e Beling em 1900 na Alemanha. • Teoria psicológico-normativa: Reinhard Frank, em 1907. • Teoria normativa pura: Welzel, em 1930 Teoria Psicológica • Tem como fundamento a teoria causal ou naturalística da ação. • Elementos: – Imputabilidade – Dolo e culpa Teoria psicológico-normativa • Elementos: – Imputabilidade; – Dolo ou culpa; – Exigibilidade de conduta diversa Teoria normativa pura • Tem como fundamento a teoria finalista da ação • Elementos: – Imputabilidade; – Potencial consciência da ilicitude; – Exigibilidade de conduta diversa. Teorias da Culpabilidade Psicológica Psicológica- normativa Normativa pura Imputabilidade Imputabilidade Imputabilidade Dolo e culpa Dolo e culpa Potencial consciência da ilicitude Exigibilidade de conduta diversa Exigibilidade de conduta diversa Imputabilidade • Causas de exclusão (inimputabilidade): – Doença Mental; – Desenvolvimento mental incompleto ou retardado; – Menoridade; – Embriaguez completa, decorrente de caso fortuito ou força maior Sistemas para aferir a inimputabilidade • Sistema biológico; • Sistema psicológico; • Sistema biopsicológico Exemplos de doença mental • Esquizofrenia; • Psicose maníaco-depressiva; • Paranóia; • Epilepsia; • Demência senil; • Psicose alcoólica (embriaguez patológica ou alcoolismo crônico); • Paralisia progressiva; • Sífilis progressiva; • Arteriosclerose cerebral; • Histeria etc. fator biológico + incapacidade de entender o caráter ilícito ou determinar-se de acordo com este entendimento = inimputabilidade Laudo pericial • 1- O agente, ao tempo do fato, era doente mental, tinha desenvolvimento mental incompleto ou retardado ? • 2- Ao tempo do fato, o agente era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ? • 3- o agente, ao tempo do fato, era inteiramente incapaz de determinar-sede acordo com aquele entendimento do caráter ilícito do fato ? Se o laudo for inconclusivo ? • A) aplica-se Medida de Segurança ? • B) presume-se a culpabilidade ? • C) pergunta ao defensor o que é melhor fazer, tendo em vista o princípio do in dubio pro reo ? • D) pergunta ao perito o que é melhor fazer ? Desenvolvimento mental incompleto • RECURSO CRIMINAL Nº 00.021590-2, DE ABELARDO LUZ (ACÓRDÃO ENVIADO PARA PUBLICAÇÃO EM 05.12.2000) • EMENTA • RECURSO CRIMINAL - JÚRI – HOMICÍDIO TENTADO – PRONÚNCIA – RECURSO DEFENSIVO. PRELIMINARES - INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO E INIMPUTABILIDADE DOS RÉUS – FIRMADA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL COMUM – INTELIGÊNCIA DO ART. 109, XI DA CF/88 – PRELIMINAR DE INIMPUTABILIDADE AFASTADA – ESTATUTO DO ÍNDIO – APLICAÇÃO - SILVÍCOLA PERFEITAMENTE INTEGRADO. PRETENDIDA ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA – AUTORIA E MATERIALIDADE CONFIGURADAS - APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DO IN DUBIO PRO SOCIETATE – DECISÃO CONFIRMADA - RECURSO DESPROVIDO. Menoridade Penal • Critério biológico (art. 27, CP) • Tempo da maioridade • Legislação Especial Menoridade Penal • TACrim-SP - CIRCUNSTÂNCIA ATENUANTE - Menoridade relativa - Comprovação pela exibição de certidão de batismo - Possibilidade de reconhecimento - Jurisprudência citada: - Para o reconhecimento da menoridade relativa requer-se prova através de documento hábil, nos termos da Súmula nº 74 do STJ, bastando para demonstrar a real idade do réu a certidão de batismo, mormente se comprovado pelo conjunto probatório. Apelação nº 1.330.821/0 - Santos - 9ª Câmara - Relator: Pedro de Alcântara - 29.1.2003 - V.U. (Voto nº 2.741) Embriaguez • Fases: – Excitação; – Depressão; – Estado letárgico (sono) – Formas: Completa (pode ou não excluir a imputabilidade) Incompleta (pode ou não reduzir a pena) Espécies de embriaguez • Não acidental (actio libera in causa) • Voluntária • culposa • Acidental • Caso fortuito • Força maior • Patológica • preordenada • Formas de constatação da embriaguez: – Exame clínico; – Exame de laboratório; – Prova testemunhal. • TACrim-SP - CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO - Prova do art. 306 da Lei nº 9.503/97 - Acusado, com sintomas de alcoolemia, que não é submetido a qualquer exame para se comprovar a embriaguez - Absolvição: - Deve ser absolvido da imputação de embriaguez ao volante, com fulcro no art. 386, VI, do CPP, o acusado que, com sintomas de alcoolemia, inobstante não tenha se furtado, não é submetido a qualquer exame para se comprovar a embriaguez. A aferição do delito do art. 306 da Lei nº 9.503/97 exige, por deixar vestígios, o exame de corpo de delito, cuja substituição por prova testemunhal, a teor do art. 167 do CPP, só pode ser feita quando tiverem desaparecido os referidos resíduos do crime. Apelação nº 1.330.455/1 - Itapeva - 4ª Câmara - Relator: João Morenghi - 7.1.2003 - V.U. (Voto nº 6.031) • TACRIM 1ª CÂMARA - APELAÇÃO CRIMINAL 1200855-2 • RELATOR: PIRES VOTAÇÃO: UNÂNIME • ROLO/FLASH: 1349/264 • DATA DO JULGAMENTO: 03.08.2000 • • EMENTA • - EMBRIAGUEZ DO AGENTE, ISENÇÃO DE PENA. IMPOSSIBILIDADE. HIPÓTESE. • - A EMBRIAGUEZ NÃO ISENTA DE PENA O AGENTE QUANDO INEXISTIREM NOS AUTOS PROVA DE QUE ELE NÃO FICARA NESSE ESTADO VOLUNTARIAMENTE E DE QUE TAL EMBRIAGUEZ FOSSE COMPLETA. GRADUAÇÃO ALCOÓLICA (dg de álcool/litro de sangue ) X SINTOMATOLOGIA (DETRAN) Curitiba 2000-2002 • Até 2dg/l não produz efeitos aparentes na maioria das pessoas. • De 2 a 5 dg/l sensação de tranqüilidade, sedação, reação mais lenta a • estímulos sonoros e visuais; dificuldade de julgamento de distâncias e • velocidades. = 9,99 % • De 5 a 9 dg/l aumento do tempo necessário à reação a estímulos. • De 9 a 15 dg/l redução da coordenação e da concentração, alteração do • comportamento.= 37,29 % • De 15 a 30 dg/l intoxicação, confusãomental, descoordenação geral, visão dupla e desorientação. = 37,56% • De 30 a 40 inconsciência e coma. = 1,66 % Art. 323a, CP Alemão • Quem se coloque em um estado de embriaguez premeditada ou negligentemente por meio de bebidas alcoólicas ou de outras substâncias estimulantes, será punido com pena privativa de liberdade de até cinco anos ou com multa quando cometa neste estado um fato ilícito e por esta causa não possa ser punido, porque como conseqüência da embriaguez seja inimputável. A pena não pode ser superior àquela que seria imposta pelo fato cometido no estado de embriaguez. Art. 295, CP Português • Quem pela ingestão voluntária ou por negligência, de bebidas alcoólicas ou outras substâncias tóxicas, se colocar em estado de completa inimputabilidade e, nesse estado, praticar um acto criminalmente ilícito, será punido com prisão até 5 anos e multa de 600 dias. Emoção e paixão • Não excluem, como regra, a imputabilidade 2º elemento da culpabilidade: • Potencial consciência da ilicitude – Art. 21, CP; – Art. 3º, LICC; – Art. 8º, LCP – Art. 65, II, CP Erro de proibição • Espécies: – inevitável ou escusável (art. 21, 1ª parte, CP) – Evitável ou inescusável (art. 21, 2ª parte e parágrafo único, CP). • Ver art. 249, CP • “Tratando-se a mãe do menor de pessoa de pouca idade e simplesmente alfabetizada, a quem pareceu não estar cometendo ilícito penal ao levar o filho consigo, é de se reconhecer o erro sobre a ilicitude do fato em termos inevitáveis, justificando a absolvição com fundamento no art. 386, V, do CPP” (RT 630/315). • Ver art. 242, CP • “Se o registro de menor abandonado como filho próprio foi praticado por motivo de reconhecida nobreza e não ocultado pelo agente que tinha a plena convicção de estar atuando licitamente, pode-se aplicar o denominado erro sobre a ilicitude do fato, afastando-se a culpabilidade, nos termos do art. 21, caput, do CP” (RT 680/339) Obediência hierárquica (art. 22, CP) • Requisitos para exclusão da culpabilidade: – Seja emanada da autoridade competente; – Tenha o agente atribuição para prática do ato; – Não seja a ordem manifestamente ilegal. Exigibilidade de conduta diversa • Coação física (vis absoluta) • Coação moral (vis relativa ou compulsiva) • Irresistível • Resistível • TRF 2ª REGIÃO - APELAÇÃO CRIMINAL Nº 2273 2000.02.01.004962-5 (DJU 02.05.06, SEÇÃO 2, P. 265, J. 24.04.06)RELATOR: A.F. ORIGEM: 3ª VARA FEDERAL DE VOLTA REDONDA (9805020703)EMENTAPENAL - PROCESSO PENAL - APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA - ARTIGO 5º DA LEI N.º 7.492/86 C/C ARTIGO 95, \'D\' E §1º DA LEI N.º 8.212/91 - NÃO RECOLHIMENTO AOS COFRES DO INSS DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS RECOLHIDAS DOS EMPREGADOS - DIFICULDADES FINANCEIRAS DA SOCIEDADE EMPRESÁRIA - VÁRIOS TÍTULOS PROTESTADOS - INEXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA - CAUSA DE EXCLUSÃO DE CULPABILIDADE - MANUTENÇÃO DA SENTENÇA - RECURSO DO MINISTÉRIO PÚBLICO IMPROVIDO • TRF 4ª REGIÃO - APELAÇÃO CRIMINAL Nº 2003.04.01.036544-9/RS (DJU 29.03.06, EMENTAPENAL. APROPRIAÇÃO INDÉBITA. OMISSÃO DO RECOLHIMENTO DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. ÂNIMO DE APROPRIAÇÃO. DESNECESSIDADE. DIFICULDADES FINANCEIRAS. PROVA. INEXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA. 1. O crime de apropriação indébita previdenciária é omissivo puro, não havendo necessidade da ocorrência do \"animus rem sibi habendi\" para a sua caracterização. 2. Nos delitos de não recolhimento de contribuições previdenciárias descontadas dos empregados, a tese da inexigibilidade de conduta diversa, como causa de exclusão da culpabilidade, vem sendo aceitaapenas em casos verdadeiramente extremos. Somente dificuldades \"financeiras muito graves podem justificar a conduta de quem não cumpre a obrigação de recolher as contribuições devidas no prazo legal, tendo em vista o interesse social, igualmente relevante, de manter a empresa em funcionamento\" (ACR nº 2001.04.01.004010-2, TRF 4ª Região, DJU 11/09/02), incumbindo à defesa, ainda assim, o ônus de trazer prova robusta que justifique a aplicação da excludente. Hipótese de comprovação das dificuldades financeiras alegadas. • TRF 2ª REGIÃO - APELAÇÃO CRIMINAL Nº 2000.02.01.021931-2/RJ (DJU 06.02.2001, SEÇÃO 2, p. 104) • RELATOR : JUIZ FEDERAL CONVOCADO ANTONIO IVAN • Inexigibilidade de conduta diversa. Não se poderia exigir do acusado, conduta diversa da que o levou a adulterar passaporte alheio, vez que privado do seu para regressar a seu país, premido pela urgência do falecimento de um dos seus filhos gêmeos recém-nascido, e pelo perigo, e pelo perigo de vida corrido pela genitora dos mesmos.
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