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Revisão Direito Penal Parte Geral - Material feito por Dayana da S. Sales siga @corujinha_juridica Revisão Direito Penal Parte Geral - Material feito por Dayana da S. Sales siga @corujinha_juridica Apresentação Olá! Meu nome é Dayana Sales, do perfil @corujinha_juridica, sou servidora do TJRJ. A minha preparação para concursos começou desde muito cedo. Passei com 18 anos para Sargento Especialista da Aeronáutica. Minha formação militar foi na Escola de Especialistas (EEAR), em Guaratinguetá-SP. Na época que prestei o concurso, para área de Eletricidade (tenho formação em escola técnica – CEFET-RJ), eram 22 vagas nível Brasil. Passei em 7º lugar. Fiquei um bom tempo na FAB, fiz faculdade de Direito, prestei alguns concursos (reprovei em uns e passei em outros) e finalmente tomei possei no TJRJ. Tenho pós-graduação em Direito do Consumidor. Trabalhei cedida no TRF-1 e STF. Atualmente estou cursando um MBA em Gestão de Pessoas, Liderança e Coaching e uma pós em Psicologia Positiva. Minha vida é estudar, conhecer novos assuntos, crescer como profissional e ajudar outras pessoas com a minha experiência. A minha técnica de estudos é baseada no estudo ativo. O estudo ativo é aquele onde o estudante sai da posição passiva e vai para ativa em busca das informações, criando os seus próprios materiais de estudos. Os meus resumos são feitos em cima de anotações de cursinhos, de materiais em pdf, pesquisas em livros, manuais e blogs jurídicos, lives de professores, Buscador do Dizer o Direito. Ou seja, uma miscelânea de informações registradas no formato de tabela. Fiz assim porque acho uma forma mais simples de estudar e memorizar os principais tópicos de cada matéria. Até então, eu não havia disponibilizado meus materiais na internet. Apenas um grupo de amigos tinham acesso. Alguns colegas que usaram meus materiais tiveram êxito nos concursos que prestaram. Espero que você faça um bom uso desses materiais. Estude, leia, faça questões, indague, pesquise, complemente esse material e ajuste para sua realidade. Vá atrás das informações. Assuma uma posição de estudante ativo. Por fim, quero também falar do meu novo projeto que vai ajudar muitas pessoas a destravar nos estudos e alcançar a tão desejada aprovação nos concursos públicos e na OAB. Estou falando do Rotina de Estudos Sustentável. O treinamento é para aqueles que querem aprender a estudar da forma correta e estratégica. Nesse treinamento, vamos trabalhar como técnicas de estudos, organização, planejamento, otimização do tempo, controle de ansiedade, mindset de crescimento e todas as dores e dificuldades que permeiam o universo dos estudos. Se você quer aprender a estudar de forma correta, eficaz, estratégica – venha conhecer meu projeto. Me segue lá no insta @corujinha_juridica. Todos os dias têm post com dicas valiosas sobre técnicas de estudos, produtividade, gerenciamento do tempo, planejamento. Espero que os meus materiais possam ajudá-los a conquistar a tão sonhada vaga no serviço público ou na OAB. Estude e confie no seu potencial! Tenha foco e disciplina! Adotem esse pensamento para a vida de vocês. Nossos objetivos só podem ser alcançados através de um plano, no qual devemos acreditar fervorosamente e sobre o qual devemos agir vigorosamente. Não há outro caminho para o sucesso (Pablo Picasso). Aguardo o contato de vocês no meu insta. Bons Estudos! Dayana Revisão Direito Penal Parte Geral - Material feito por Dayana da S. Sales siga @corujinha_juridica Teoria Geral do Crime – Referência: Livro Jamil Chaim Chaves + materiais em pdf +DOD Conceito De Direito Penal Conjunto de normas limitadores do poder punitivo estatal, voltadas a disciplinar a proibição de determinados comportamentos, estabelecendo infrações penais (crimes ou contravenções) e fixando as sanções respectivas (penas e medidas de segurança). Função do Direito Penal: proteção de bens jurídicos e limitação do poder punitivo. Características do Direito Penal Positivo A existência e a coercibilidade do direito penal pressupõem normas escritas provenientes do Estado. Autônomo Trata-se de ramo autônomo do Direito, regendo-se por normas próprias. Público Ramo do Direito Público, pois sempre envolve a participação do Estado, detentor exclusivo do direito de punir. Além disso, o Estado figura como sujeito passivo constante em todas as infrações penais. Sancionatório A pena e a medida de segurança são reações do ordenamento positivo na luta contra a criminalidade. Constitutivo Resulta do princípio da reserva legal, com a exigência de prévia definição dos crimes e do estabelecimento das reações penais. Valorativo Suas normas são carregadas de valores humanos e sociais. Coercitivo As normas jurídico-penais são providas de reações (penas e medidas de segurança) contra aqueles que as desobedecem. Ciências Criminais Direito Penal Conjunto de normas limitadoras do poder punitivo, voltadas a disciplinar determinados comportamentos, estabelecendo as infrações penais e fixando as sanções respectivas. Criminologia Ciência empírica e interdisciplinar, voltada ao estudo crítico do delito enquanto fenômeno social, da pessoa do delinquente e da vítima, bem como do funcionamento e eficácia dos programas de prevenção de crime e de ressocialização do infrator. Política Criminal Conjunto de estratégias, programas e alternativas a ser adotado pelos poderes públicos no tocante ao controle do crime. Direito Processual Penal Conjunto de normas ser observado para que a punição prevista em lei possa ser efetivamente imposta a alguém no caso concreto. Regula as atividades persecutórias e a aplicação jurisdicional do Direito Penal. Classificações Direito Penal Objetivo Conjunto de normas jurídicas que estabelece as infrações penais e fixa as sanções respectivas. Direito Penal Subjetivo Direito de punir (jus puniendi) do Estado, que surge com a prática da infração penal. Direito Penal Material ou Substantivo Direito Penal Direito Penal Forma ou Adjetivo Direito Processual Penal Direito Penal de Emergência É aquele criado em razão da ocorrência de algum acontecimento de maior repercussão, para servir como resposta rápida à sociedade. Leis penais editadas casuisticamente às pressas, geralmente de péssima qualidade. Revisão Direito Penal Parte Geral - Material feito por Dayana da S. Sales siga @corujinha_juridica Direito Penal Simbólico Refere-se às leis penais desprovidas de efetividade no tocante à proteção de bens jurídicos, editadas tão somente para transmitir à opinião pública a aparência de que o legislador é atuante e está tomando medidas contra a criminalidade. Direito Penal Promocional Consiste na utilização das leis penais para tingir finalidades políticas, como instrumento de transformação social (função promocional). Ofende o princípio da intervenção mínima e, geralmente, não se revela eficaz. Direito Penal Subterrâneo É aquele realizado pelas agências estatais de persecução penal, porém atuando à margem da lei, de forma violenta e arbitrária (ex: execução sumária, desaparecimento, tortura, sequestros). Direito Penal Paralelo Diz respeito ao poder punitivo exercido por agências que não têm oficialmente essa finalidade (ex: banimento de atletas por federações esportivas). Escolas Penais Escola Expoentes Características Clássica 1ª fase – Gaetano Filangieri, Domenico Romagnosi e Giovanni Carmignani 2ª fase – Pelegrino Rossi, Francesco Carrara e Enrico Pessina O crime é um ente jurídico (violação do Direito). A responsabilidade penal é baseada no livre-arbítrio. A pena tem caráter retributivo, com sentido de expiação e restabelecimento do equilíbrio do sistema ( inspiração em Kant e Hegel). Prega a legalidade, a humanidade e a proporcionalidade das punições (reação ao Absolutismo). Método racionalista e dedutivo. Positiva Cesare Lombroso, Enrico Ferri e Raffaele Garofalo O crime é fenômenonatural e social. Nega a ideia de livre-arbítrio. A responsabilidade penal é baseada na responsabilidade social, derivada do determinismo. A melhor forma de punição é a medida de segurança por prazo indeterminado. A pena é um meio de defesa social, com função de prevenir crimes. Método indutivo-experimental. Terceira Escola (Terza Scuola ou Escola Crítica) Emanuele Carmevale, Bernardino Alimena e Giuseppe Imlallomeni Escola eclética, busca conciliar os postulados das escolas anteriores. O crime é fenômeno social e individual. A responsabilidade penal é baseada na imputabilidade moral (determinismos psicológico) Podem conviver tanto as penas (imputáveis) quanto as medidas de segurança (inimputáveis) A pena tem a função de defesa ou de preservação da sociedade. Método lógico-abstrato e dedutivo, rejeitando o método indutivo- experimental. Moderna Alemã Paulo Anselmo de Feuerbach, Franz Von Liszt, Van Hamel e Adolphe Prins Também é uma escola eclética, buscando conciliar os postulados das escolas clássicas e positiva. Distinção entre o Direito Penal e as demais ciências criminais. O delito é considerado, ao mesmo tempo, um fato jurídico e um fenômeno humano-social Revisão Direito Penal Parte Geral - Material feito por Dayana da S. Sales siga @corujinha_juridica A aplicação da pena e de medidas de segurança – como duplo meio de luta contra o direito. Sem perder caráter retributivo, prioriza a finalidade preventiva da sanção, particularmente a prevenção especial, orientada conforme a personalidade do delinquente. Emprego tanto do método lógico-abstrato quanto do indutivo- experimental Técnico-Jurídica Arturo Rocco, Karl Binding e Vincenzo Manzini O delito é a relação jurídica de caráter individual e social. A responsabilidade é moral, sendo o homem dotado de livre- arbítrio. São aplicáveis tanto as penas quanto as medidas de segurança Método técnico- jurídico Rejeita o emprego da filosofia no âmbito penal. Correcionalista Karl David August, Dorado Montero e Concepción Arenal O crime é um ente jurídico, criação do homem. A reponsabilidade penal é coletiva e solidária. O delinquente é um individuo incapaz e, que, portanto necessita de auxílio. A pena tem a finalidade de cura ou emenda, e não de castigo, devendo ser determinada (sem prévia duração). Defesa Social Fillippo Gramatica e Marc Ancel O crime é um mal, desestabilizador da sociedade. O criminoso precisa ser adaptado à ordem social. A pena tem finalidade de defesa social Preconiza a humanização das punições e o respeito aos direitos humanos. Rejeita o sistema punitivo-retributivo, bem como a pena de morte e o uso indiscriminado das penas privativas de liberdade. Abolicionismo Penal Eliminação do sistema penal ou, em algumas vertentes abolicionistas, um amplo processo de descriminalização, despenalização e atenuação do rigor das penas. Fundamentos: (1) cifra negra elevada ( a maior parte das infrações já não é levada ao conhecimento das autoridades); (2) o sistema penal é seletivo e estigmatizante; (3) o sistema penal é burocrático e expropria dos envolvidos (acusado e vítima) a solução do conflito; (4) as penas não cumprem a sua finalidade (não inibem a prática de crimes e não ressocializam), servindo apenas para causar dor ao acusado e a sua família. Expoentes: Louk Hulsman, Thoman Mathiesen e Nils Christie Críticas: (1) propostas utópicas, que não oferecem solução aos crimes graves; (2) o Direito Penal foi historicamente concebido para limitar o poder punitivo. Ao se remover o Direito Penal, estar-se-ia retirando também essa limitação, podendo-se voltar à barbárie e à vingança privada; (3) a certeza da punição é fundamental para inibir a prática de crimes. A eliminação do sistema penal, com o aparato estatal de persecução penal, reduziria essa certeza. Direito Penal Máximo Aumentar as criminalizações e a severidade das penas, bem como reduzir a impunidade. Coibir infrações de menor gravidade, para evitar que se transformem em delitos de maior monta. Nenhum culpado deve ficar impune, mesmo que algum inocente seja condenado. Compatível com as políticas de “lei e ordem” e “ tolerância zero”. Fundamentos: (1) Teoria das Janela Quebradas (Broken Windows Theory): se um prédio tiver algumas janelas quebradas, isso passará a mensagem de abandono, servindo como estímulo para que vândalos destruam as Revisão Direito Penal Parte Geral - Material feito por Dayana da S. Sales siga @corujinha_juridica outras. A conclusão é que desordem gera mais desordem, e a leniência com pequenas transgressões pode incentivas a prática de crimes mais graves. A política de Tolerância Zero provocou redução da criminalidade e modificou a feição da cidade de Nova York nos anos de 1990. Críticas; (1) não foi demonstrada a relação entre desordem e criminalidade suscitada pela teoria das janelas quebradas; (2) desrespeito aos direitos humanos; (3) sobrecarga dos tribunais e das prisões, revelando-se insustentável a longo prazo e (4) diversas cidades não adotaram o programa de tolerância zero também tiverem redução da criminalidade nos anos de 1990, decorrente de outros fatores. Direito Penal do Inimigo Expoente: Günther Jakobs Regramento diferenciado para os “inimigos”. Aqueles que não oferecem garantia cognitiva mínima de que cumprirão as normas, afastando-se de maneira intencional do Direito, não fazem jus às garantias processuais reconhecidas aos cidadãos. Existem, assim, dois modelos de direito penal: do cidadão e do inimigo. Como exemplos de inimigos, Jakobs cita os delinquentes econômicos, os terroristas, membros de organizações criminosas, autores de delitos sexuais e de outros delitos graves e perigosos. Características Principais: Aplicação de medidas de segurança, baseadas na periculosidade, sem prazo determinado. Tomar por base o futuro, o perigo que o inimigo representa (prospectivo). Direito penal do autor (pune o agente por ser quem é). Antecipação da punição, abrangendo atos preparatórios. Fundamento: quem está fora do pacto social e almeja destruí-lo, perde o status de pessoa e os direitos de quem integra o pacto. Em linhas gerais, essa noção remonta a diversos filósofos contratualistas, tais como Kant, Rousseau, Fichte e Hobbes. Crítica: A concepção de “inimigo” muda de acordo com o momento histórico e o contexto social (basta imaginar que, para um nazista, um judeu seria considerado inimigo). Um Estado Democrático de Direito jamais pode divisar seres humanos em “pessoas” e “não pessoas”. Desrespeito aos direitos humanos. Direito Penal Mínimo Proposta: Redução do âmbito de incidência do Direito Penal e a maximização da liberdade dos cidadãos, assegurando que nenhum inocente seja punido, mesmo que algum culpado possa ser absolvido. Garantismo Penal (Luigi Ferrajoli): considerado o paradigma das doutrinas minimalistas. O modelo garantista é cristalizado em 10 axiomas: (1) não há crime sem pena; (2) não há crime sem lei; (3) não há lei penal sem necessidade; (4) não há necessidade sem injúria; (5) não há injúria sem ação; (6) não há ação sem culpa; (7) não há culpa sem sentença; (8) não há sentença sem acusação; (9) não há acusação sem prova e (10) não há prova sem defesa. Direito de Intervenção (Winfried Hassemer): Novo campo do direito, localizado entre o Direito Penal e o Direito Administrativo, voltado ao enfrentamento da criminalidade moderna, admitindo a flexibilização de garantias individuais, embora sem contemplar penas privativas de liberdade. Velocidades do Direito Penal (Silva Sánchez) 1ª Velocidade do Direito Penal Pena privativa de liberdade. Respeito aos direitos e garantias individuais. Revisão Direito Penal Parte Geral - Material feito por Dayana da S. Sales siga @corujinha_juridica 2ª Velocidade do Direito Penal Medidasalternativas à prisão. Flexibilização de direitos e garantias individuais. 3ª Velocidade do Direito Penal Pena privativa de liberdade. Flexibilização de direitos e garantias individuais. 4ª Velocidade do Direito Penal Aplicável em face de agentes que exercem a função de Chefe de Estado e praticaram grandes violações internacionais de proteção a direitos humanos (crimes de lesa humanidade), ficando sujeitos ao direito penal internacional. Justiça Restaurativa Espécie de justiça consensual, buscando a reparação dos danos causados pelo delito. O objetivo é a realização de um acordo (chamado acordo restaurativo) que atenda às necessidades do ofendido e da coletividade, ao mesmo tempo em que promova a ressocialização do infrator. Os processos restaurativos podem incluir a mediação, a conciliação, a reunião familiar ou comunitária e círculos decisórios. Proporcionalidade e razoabilidade das obrigações assumidas no acordo restaurativo (reparação, restituição, prestação de serviços comunitários). Privatização do Direito Penal Expressão utilizada para indicar a crescente preocupação com a vítima no processo penal (leva-se em consideração o interesse privado do ofendido, e não apenas o interesse público). Exemplo disso é o crescimento da justiça restaurativa, além de diversas leis editadas nos últimos anos. Revisão Direito Penal Parte Geral - Material feito por Dayana da S. Sales siga @corujinha_juridica Terceira Via do Direito Penal Segundo Claus Roxin, a terceira via é a reparação de danos, que seria uma sanção autônoma, mesclando caráter civil ( sob o prisma da compensação de danos) e penal (sob o prisma do ônus para o acusado promover a reparação e da vinculação dessa reparação às finalidades da pena). A reparação do dano substituiria ou atenuaria a pena, na medida que atendesse as finalidades da pena e as necessidades da vítima. Para alguns, a terceira via se identifica com a justiça restaurativa. Justiça Consensual Modelo de justiça caracterizado, basicamente, pela concordância dos envolvidos quanto ao desfecho do conflito penal. Modelo reparador: o objetivo central é a reparação de danos. Ex: composição civil de danos – art. 74 da lei 9.099/95 Modelo restaurativo: busca-se a pacificação interpessoal e social de conflitos, a reparação de danos à vítima, a satisfação das expectativas de paz social, etc. Aqui, insere-se a denominada justiça restaurativa. Modelo de justiça negociada: acordo entre a acusação e o réu, por meio do qual este confessa a prática de uma infração, ou deixa de contestá-la, em troca de algum beneficio no tocante às consequências jurídicas do delito. Fora do Brasil, o mais célebre instituto de justiça negociada é o plea bargaining. No Brasil, pode-se mencionar a transação penal e a suspensão condicional do processo e o acordo de não persecução penal. Modelo de justiça colaborativa: tem como escopo obter a colaboração do acusado. É o que se dá na colaboração premiada (Obs: como também existe um acordo prevendo algum benefício para o acusado, boa parte da doutrina considera essa hipótese como justiça negociada). Princípios Constitucionais Explícitos Implícitos Legalidade ( Anterioridade e Retroatividade da lei mais benéfica) Personalidade ou Responsabilidade Pessoal Individualização da pena Humanidade Intervenção Mínima Fragmentariedade Subsidiariedade Ofensividade ou Lesividade Insignificância ou Bagatela Adequação Social Culpabilidade Proporcionalidade Vedação da Dupla Punição P. da Legalidade Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. Garantias relacionadas à legalidade: (1) Lei certa (lex certa): os tipos penais incriminadores devem ser redigidos de forma clara e objetiva (taxatividade). (2) Lei prévia (lex praevia): a lei penal incriminadora somente é aplicável se anterior ao fato (anterioridade), não podendo retroagir para prejudicar o réu (irretroatividade). (3) Lei estrita (lex stricta): a lei penal incriminadora deve ser interpretada restritivamente, não se admitindo analogia contra o réu. (4) Lei escrita (lex scripta): para ter validade, deve ser escrita e ter sido publicada. Corolários da legalidade: Revisão Direito Penal Parte Geral - Material feito por Dayana da S. Sales siga @corujinha_juridica (1) P. da anterioridade: a lei penal incriminadora somente pode ser aplicada se for anterior ao fato. (2) Irretroatividade da lei: a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. P. da Personalidade, Pessoalidade, Responsabilidade Pessoal ou Intranscendência A pena não pode passar da pessoa do delinquente. A obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens, nos termos da lei, podem ser estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido. P. da Individualização da Pena A punição do agente deve ser dar na exata medida do crime praticado, de forma justa, evitando-se padronizações. A individualização da pena ocorre em 3 planos: (1) legislativo: estabelecimento das balizadas sancionatórias cominadas pelo legislador à infração penal; (2) judiciário: fixação da pena no caso concreto, pelo juiz de conhecimento, tomando por base a pena mínima e a pena máxima estabelecidas em lei; (3) executório: relacionado ao cumprimento da sanção, momento em que o juiz da execução fará as adaptações da pena no caso concreto. P. da Humanidade Determina o respeito à integridade física e moral dos acusados e sentenciados, vedando quaisquer tipos de penas desumanas ou cruéis. P. da Intervenção Mínima O Direito Penal, sendo a forma mais violenta de interferência estatal na vida privada do indivíduo, somente deve ser utilizado em face dos ataques mais graves aos bens jurídicos mais relevantes, e desde que outros instrumentos não sejam suficientes para lidar com a situação. Corolários da Intervenção Mínima: Fragmentariedade: O Direito Penal não deve ser utilizado para tutelar qualquer situação, nem para proteger todo bem jurídico. Somente deve ser empregado em se tratando dos ataques mais graves aos bens jurídicos mais relevantes. Subsidiariedade: O Direito Penal é o último recurso, devendo ser utilizado somente se outros instrumentos (somo sanções administrativas ou cíveis) não forem suficientes para resolver o problema (ultima ratio). Princípios decorrentes da Intervenção Mínima: Princípio da Lesividade ou Ofensividade: apenas condutas que causem efetiva lesão ou perigo de lesão a bem jurídico podem ser objeto de repressão penal. Insignificância ou Bagatela: certas condutas, embora formalmente típicas, representam uma lesão ínfima ao bem jurídico, sendo materialmente atípicas. Critérios para aferição STF: (1) reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; (2) ausência de periculosidade social da ação; (3) inexpressiva lesão jurídica e (4) ofensividade mínima da conduta. Adequação Social: uma conduta aceita e aprovada pela sociedade não pode ser considerada materialmente típica. P. da Culpabilidade Ninguém deve ser punido se não tiver agido com dolo ou culpa. É vedada a responsabilidade penal objetiva. P. da Proporcionalidade Adequação: o meio adotado pelo poder público deve ser apto a promover a realização do objetivo perseguido. Necessidade: o ato limitador de um direito somente deve ser utilizado se não houver outro meio menos gravosos para se alcançar o fim pretendido. Revisão Direito Penal Parte Geral - Material feito por Dayana da S. Sales siga @corujinha_juridica Proporcionalidade em sentido estrito: ponderação entre a intensidade da restrição ao direito fundamental e a importância de se realizar o fim pretendido (relação custo-benefício). Vertentes do P. da Proporcionalidade: Proibição da proteção deficiente: o Estado tem o dever de tutelar direitos fundamentais imperativo de tutela). A CF relaciona infraçõesespecialmente perniciosas, determinando que o legislador adote quanto a elas tratamento diferenciado e mais severos (mandados de criminalização). Proibição de excesso: é vedada a hipertrofia da punição. P. da Vedação da Dupla Punição pelo mesmo fato (Ne Bis In Idem) Significa que ninguém pode ser processado e punido mais de uma vez pelo mesmo fato. Dimensões: (1) processual: ninguém pode ser processado mais de 1 vez pelo mesmo fato; (2) material: ninguém pode ser condenado mais de 1 vez pelo mesmo fato e (3) execucional: ninguém pode sofrer mais de 1 execução penal pelo mesmo fato. P. da Isonomia A isonomia ou igualdade é um princípio constitucional explícito. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. Não é vedada toda e qualquer distinção de tratamento, mas tão somente aquelas arbitrárias, incompatíveis com valores constitucionais. Sobre a aplicação do Princípio da Insignificância: Fontes do Direito Penal Materiais Formais Entes responsáveis pela criação do Direito Penal (União e Estados – se autorizados por LC) Forma de exteriorização do Direito Penal Direta ou Imediata: lei em sentido estrito: o DP incriminador somente pode se exteriorizar por meio de lei emanada do Congresso Nacional (princípio da reserva legal). Em regra, as figuras penais incriminadoras são veículos em lei ordinária. Porém, a LC é meio hábil para tanto. Lei delegada não pode criar lei penal incriminadora. Revisão Direito Penal Parte Geral - Material feito por Dayana da S. Sales siga @corujinha_juridica Medidas provisórias não pode criar crimes e cominar penas, embora já tenha admitido MP contendo disposições benéficas ao réu. Resolução não pode criar lei penal incriminadora. Indireta/Medita: Constituição, Tratados e Convenções Internacionais sobre DH, Princípios de DP, Jurisprudência, Atos Adm., Doutrina e Costume. Características da Lei Penal Exclusividade Somente a lei penal pode criar infrações penais e cominar sanções. Imperatividade A prática da infração penal resulta na imposição de pena ou medida de segurança independentemente da vontade do destinatário. Impessoalidade A lei penal incriminadora é aplicável a fatos futuros, abstratamente considerados, e não a situações já ocorridas. Generalidade Volta-se indistintamente a todas as pessoas. Anterioridade A lei penal incriminadora somente pode ser aplicada se anterior ao fato, exceto na hipótese de beneficiar o réu. Classificação das Leis Penais Incriminadoras Definem os fatos puníveis e comina as respectivas sanções. A estrutura das leis incriminadoras é composta de preceito primário (conduta) e um preceito secundário (sanção). Não Incriminadoras Permissivas Autorizam a prática de determinados fatos típicos. São as causas de exclusão da ilicitude. Exculpantes Excluem a culpabilidade de determinados fatos típicos e ilícitos. Interpretativas ou Explicativas Revelam o sentido e o alcance de outras leis penais. Complementares, de aplicação final Delimitam o campo de atuação de outras leis. De extensão ou integrativas Estendem a tipicidade de modo a permitir a punição de determinados fatos que não se amoldam, por si, ao tipo penal. Leis Penais em Branco Em sentido estrito, própria ou heterogênea A fonte de complemento é heterogênea, ou seja, diversa da lei (ex: portaria). Em sentido amplo, imprópria ou homogênea A fonte de complemento é homogênea, ou seja, tanto a lei penal quanto o complemento emanam do mesmo ente (do legislador). O complemento homogêneo pode ser: Homovitelino, Homovitelíneo ou Homólogo: o complemento fornecido pelo legislador está no mesmo corpo normativo do tipo principal. Heterovitelino, Heterovitelíneo ou Heterólogo: o complemento normativo dado pelo legislador está em outra conjunto normativo. Invertida, ao avesso ou ao revés Exige um complemento normativo relacionado com a pena. Revisão Direito Penal Parte Geral - Material feito por Dayana da S. Sales siga @corujinha_juridica Classificação das formas de Interpretação da Lei Quanto ao sujeito (origem) Autêntica ou Legislativa Realizada pelo próprio legislador. Pode ser feita no corpo da própria lei ou em lei posterior. Tem força de lei. Judiciária ou Jurisprudencial Feita pelos juízes e tribunais aplicarem a lei aos casos concretos. Doutrinária ou Científica Realizada pelos estudiosos do Direito. Não tem força obrigatória. Quanto ao meio Gramatica ou Literal Leva em consideração o sentido literal das palavras. Lógica Extrai o sentido e o alcance da lei por meio de raciocínio dedutivo. Teleológica Busca a finalidade da lei. Sistemática Interpreta a lei considerando o sistema jurídico como um todo, confrontando-a com outras leis e com princípios gerais do Direito. Revisão Direito Penal Parte Geral - Material feito por Dayana da S. Sales siga @corujinha_juridica Histórica Considera os antecedentes da lei, como discussões sociais e parlamentares, redação de diplomas anteriores que tratavam da matéria, etc. Progressiva, Adaptativa ou Evolutiva Extrai o significado da lei considerando a evolução social, científica e jurídica. Quanto ao resultado Declarativa Considera o alcance da lei correspondente ao seu teor literal, não sendo preciso ampliar nem restringir o sentido do texto legal. Restritiva Restringe o alcance da lei, por considerar que o texto legal foi além do que pretendia expressar. Extensiva Amplia o alcance da lei, por considerar que o texto legal ficou aquém do que pretendia expressar. Interpretação Extensiva Interpretação Analógica Analogia Processo de extração de significado da lei. Busca ampliar o alcance da lei, entendendo que o legislador disse menos do que queria dizer. Prevalece na doutrina que é aplicável tanto em benefício quanto em prejuízo do acusado. Há precedentes do STF e STJ vedando interpretação extensiva in malam partem. Processo de extração do significado da lei. O legislador fornece uma fórmula casuística seguida de uma cláusula genérica, permitindo a aplicação da lei a casos semelhantes. Processo de integração da lei. Aplicação a um fato não disciplinado por lei alguma de uma lei que disciplina fato semelhante. Admitida in bonam partem. Vedada in malam partem. Tempo do Crime Teoria da Atividade Teoria do Resultado Teoria Mista Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. É a teoria adotada pelo CP. Considera-se praticado o crime no momento da produção do resultado. Considera-se praticado o crime tanto no momento da ação ou omissão, quanto no momento da produção do resultado. Revisão Direito Penal Parte Geral - Material feito por Dayana da S. Sales siga @corujinha_juridica Sucessão de Leis Penais no Tempo Hipótese Definição Características Lei nova incriminadora (neocriminalização) Torna crime conduta até então considerada irrelevante penal. Somente atinge fatos praticados após a sua entrada em vigor, ou seja, é irretroativa. Lei penal mais severa (novatio legis in pejus ou lex gravior) Aquela que, de qualquer modo, prejudica o acusado. Somente atinge fatos praticados após a sua entrada em vigor, ou seja, é irretroativa. Revisão Direito Penal Parte Geral - Material feito por Dayana da S. Sales siga @corujinha_juridica Abolitio Criminis Revogação de figura penal criminalizadora (descriminalização). Benéfica ao acusado e, como tal, dotada de retroatividade. Apaga todos os efeitos penais da condenação. Porém, os efeitos civis permanecem. Obs: havendo revogação de figura criminalizadora, porém com transferência de seu conteúdo para outro dispositivo, não há abolitio criminis (princípio da continuidade normativo-típica). Lei nova favorável (novatio legis in mellius ou lex mitior) Aquela que, de qualquer modo, beneficiao acusado. Retroage para atingir fatos praticados antes da sua vigência. Vacatio Legis Interregno entre o dia da publicação e o dia em que a lei entra em vigor. Lei benéfica em vacatio legis é aplicável? Há controvérsias: Sim – o instituto da vacatio é beneficiar o indivíduo, não podendo ser utilizado em seu desfavor. Não – lei em vacatio ainda não está em vigor. Lei intermediária Aquela surgida depois da prática do fato, mas revogada antes de ser imposta a sanção do agente. Aplicam-se integralmente as regras de Extratividade (retroatividade e ultratividade) da lei mais benéfica. Leis intermitentes Abrange as lei temporárias ( o prazo de vigência vem determinado em seu próprio texto) e as leis excepcionais (editadas para serem aplicadas durante a situação de anormalidade). Pela letra do art. 3º do CP, têm ultratividade (aplicam-se ao fato praticado durante a sua vigência, mesmo após decorrido o período da sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram). Neste ponto, o art. 3º é constitucional? (1) Prevalece que sim; (2) não, por ofensa à irretroatividade da lei penal. Lei penal em branco Precisa ser complementada por outra lei para ter revelado o seu sentido e alcance. Alteração do complemento, benéfica ao acusado, retroage? (1) Sim; (2) não; (3) depende da natureza do complemente. Combinação de leis Conjugação de trechos de leis penais que se sucederam no tempo, para formar uma terceira lei, benéfica ao acusado É admissível? (1) Não, o juiz estaria legislando. Posição majoritária; (2) sim, é um processo de integração da lei, em obediência ao princípio da retroatividade da lei mais benéfica. Lugar do Crime Teoria da Atividade Teoria do Resultado Teoria da Ubiquidade, Mista ou Híbrida Considera-se praticado o crime no local da ação ou da omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. Considera-se praticado o crime no local da produção do resultado. Considera-se praticado o crime tanto no local da ação ou omissão, quanto no local onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. É a teoria adotada no CP. Revisão Direito Penal Parte Geral - Material feito por Dayana da S. Sales siga @corujinha_juridica Territorialidade Intraterritorialidade Extraterritorialidade Aplicação da lei brasileira a crime praticado em território brasileiro. É a regra (art. 5º CP) Aplicação da lei estrangeira a crime praticado em território brasileiro. Possível em razão de convenções, tratados e regras de direito internacional. Aplicação da lei brasileira a crime praticado fora do território brasileiro. Quando presente algum fator que desperta o interesse do Brasil na punição. Territorialidade e Aplicação da Lei Brasileira Aplicação da Lei Brasileira Aplicação da lei do país da bandeira que ostentam Espaço terrestre, fluvial, marítimo (12 milhas marítimas de largura, medidas a partir da linha baixa- mar do litoral continente e insular) e espaço aéreo correspondente, sujeito à soberania do Estado. Embarcações e aeronaves brasileiras de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro, em território nacional ou estrangeiro. (território brasileiro por Aeronaves e embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar . (território Embarcações e aeronaves estrangeiras privadas, em território nacional. Embarcações e aeronaves privadas, em alto-mar ou espaço aéreo correspondente. Revisão Direito Penal Parte Geral - Material feito por Dayana da S. Sales siga @corujinha_juridica extensão ou equiparação) brasileiro por extensão ou equiparação) Extraterritorialidade da Lei Brasileira (art. 7º CP) Crimes (inciso I) Princípio Requisitos da Extraterritorialidade Contra a vida ou a liberdade do Presidente da República Contra o patrimônio ou fé pública da U/E/DF/M/ EP/ SEM/ autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público. Contra a administração pública, por quem está a seu serviço. Defesa, proteção ou Real (bem jurídico envolvido é de relevância nacional) Incondicionada – o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. Genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil. Justiça Universal ou Cosmopolita (bem jurídico envolvido é de interesse transnacional). Crimes (inciso II) Princípio Requisitos da Extraterritorialidade Que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir. Justiça Universal ou Cosmopolita (bem jurídico envolvido é de interesse transnacional). Condicionada – a aplicação da lei brasileira depende das seguintes condições: a) entrar o agente no território nacional; b) se o fato punível também no país em que foi praticado; c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. Praticados por brasileiros. Nacionalidade ou personalidade ativa (crime praticado por brasileiro) Praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. Princípio da Bandeira, Pavilhão, Representação ou Substituição Crimes (§3º) Princípio Requisitos da Extraterritorialidade Cometidos por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil. Princípio da nacionalidade ou personalidade passiva (a vítima é brasileira). Hipercondicionada. Além das condições acima: Não foi pedida ou negada a extradição. Revisão Direito Penal Parte Geral - Material feito por Dayana da S. Sales siga @corujinha_juridica Houve requisição do Ministério da Justiça. Pena cumprida no estrangeiro (art. 8º CP) A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. Na hipótese de territorialidade condicionada, se o agente for processado no exterior, desaparece o interesse do Estado Brasileiro na persecução do delito. Imunidades Diplomáticas Imunidades Diplomáticas Hipótese de Intraterritorialidade da lei penal. O agente diplomático, ainda que pratique um crime em território brasileiro, responderá perante seu país de origem. As imunidades se baseiam no princípio da reciprocidade (o Brasil confere imunidade diplomática aos agentes de outros países, os quais, da mesma forma, concedem imunidade aos agentes brasileiros). Desfrutam de Imunidade Diplomática Diplomatas de carreira Membros do pessoal administrativo e técnico (estende-se a membros da família que com eles convivam, desde que não sejam nacionais do estado acreditado nem nele tenham residência permanente). Membros do pessoal de serviço (encarregado dos serviços domésticos) gozam de imunidade quanto aos atos praticados no exercício de suas funções, desde que não sejam nacionais do Estado acreditado nem nele tenham residência permanente). Chefe de governo ou de Estado estrangeiro e membros da comitiva. Funcionários das organizações internacionais (ex: ONU) quando estejam em serviço. Obs: não estão incluídos os empregados particulares dos diplomatas (faxineira, jardineiro, etc). Prerrogativas conferidas pela Imunidade Diplomática Imunidade de Jurisdição: agente diplomático goza de imunidade de jurisdição penal do estado acreditado. Ainda que pratique um delito em território nacional ficará sujeito à lei do país a que pertence. Se o fato não for punível no país de origem, não será responsabilizado. Imunidade Pessoal: o agente diplomático não pode sofrer nenhuma forma de detenção ou prisão, nem ser obrigado a prestar depoimento como testemunha.Contudo, pode ser investigado pela polícia. Inviolabilidade da residência: as sedes diplomáticas são invioláveis. A residência particular do agente diplomático goza da mesma inviolabilidade e proteção que os locais da missão. A inviolabilidade se estende a seus documentos, sua correspondência e seus bens. Obs: as embaixadas, apesar de invioláveis, não são consideradas extensão do território estrangeiro. Imunidades Consulares A imunidade dos agentes consulares é bem mais restrita que a dos diplomatas, limitando-se aos atos de ofício, isto é, àqueles praticados no exercício das funções consulares (imunidade funcional relativa). Como se limita aos atos realizados no exercício das funções consulares, não é extensiva aos familiares ou funcionários pessoais do agente consular. Os locais consulares (imóveis utilizados pelas repartições consulares) são invioláveis e gozam de imunidade tributária. Renúncia às Imunidades Diplomáticas e Consulares Os agentes diplomáticos e consulares não podem abrir mão da imunidade (irrenunciabilidade). Contudo, a renúncia pode ser feita pelo país de origem (Estado acreditante), devendo fazê-lo de forma expressa. Revisão Direito Penal Parte Geral - Material feito por Dayana da S. Sales siga @corujinha_juridica Imunidades Parlamentares Imunidade Parlamentar Absoluta, Substancial, Material, Real ou Inviolabilidade (Freedom of Speech) Art. 53 da CF:Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. Para o reconhecimento da imunidade material, as afirmações devem estar relacionadas ao exercício do mandato. Essa relação com o exercício do mandato é presumida se o parlamentar estiver nas dependências da casa legislativa. Imunidade Parlamentar Relativa, Formal, Processual ou Adjetiva Relativa à prisão (freedom from arrest): desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional, não podem ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Ocorrendo a prisão, os autos serão remetidos dentro de 24 horas à casa respectiva, para que, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, resolva sobre a prisão. Relativa sobre o processo: recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após da diplomação, o STF dará ciência à casa respectiva, que, por inciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria dos seus membros, poderá, até, a decisão final, sustar o andamento da ação. O pedido de sustação será apreciado pela casa respectiva no prazo improrrogável de 45 dias do seu recebimento pela Mesa Diretora. A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato. Deputados Estaduais Gozam das mesmas prerrogativas que os deputados federais. Vereadores Somente têm imunidade substantiva, desde que suas opiniões, palavras e votos sejam proferidos no exercício do mandato e na circunscrição do Município. Conflito Aparente de Normas Especialidade Norma especial tem preferência em relação à norma geral. É especial aquela que contém todos os elementos da geral, além de elementos especializantes. Subsidiariedade Norma principal deve ser aplicada em detrimento da subsidiária. A norma é subsidiária quando prevê uma conduta que é composta de norma principal, ou seja quando está inserida na principal. A subsidiária pode ser: (1) expressa – prevista explicitamente na lei (“ se o fato não constitui crime mais grave”); (2) tácita – o fato previsto em uma norma (subsidiária) é elemento componente de fato incriminado mais gravemente por outra conduta (principal). Ex: a ameaça é subsidiária em relação ao estupro. Consunção ou Absorção A norma prevê crime mais abrangente e grave deve ser aplicada em detrimento daquela que pune mera fase de realização do delito, ou constitui seu exaurimento. Hipóteses: a) Ante factum não punível: o crime é praticado como meio para realização de outro crime. Ex: agente invade a residência para praticar furto. Responderá apenas pelo furto. b) Post factum não punível: ocorre geralmente quando, após consumar o crime, há agressão contra o mesmo bem jurídico. Ex: após furtar o celular da vítima, o agente danifica. Responderá apenas pelo furto. c) Crime progressivo ou de passagem: ocorre quando o agente, para chegar a um crime mais grave, precisa necessariamente passar por crime menos grave. Ex: para atingir a consumação do homicídio, é preciso passar pela lesão corporal. Responderá apenas pelo homicídio. d) Progressão criminosa: ocorre quando o agente, logo após praticar um crime menos grave, delibera e vem praticar um crime mais grave. Ex: sujeito decide agredir a vítima e faz isso. Em seguida, decide matá-la e faz isso. Responderá apenas pelo homicídio. Revisão Direito Penal Parte Geral - Material feito por Dayana da S. Sales siga @corujinha_juridica Sucessividade Lei posterior prevalece sobre lei anterior que cuide do mesmo fato. Ex: o art. 309 do CTB, que é posterior, derrogou o art. 32 da LCP no tocante à direção sem habilitação em vias terrestres. Alternatividade Há 2 entendimentos: 1) Está relacionado aos tipos mistos alternativos, de ação múltipla, ou de conteúdo variado. Em tais delitos, mesmo havendo a prática de mais de uma conduta incriminada (no mesmo contexto fático), haverá só um crime. 2) Ao se reconhecer que um tipo penal deve ser aplicado a determinado fato, automaticamente está excluída a aplicação de outros que também o preveem como delito. Nesse sentido, a alternatividade é inútil, pois os demais critérios são suficientes para resolver os conflitos aparentes de normas. Boa parte da doutrina não inclui a alternatividade como critério para solução de conflito aparente de normas, pelas razões apontadas. Revisão Direito Penal Parte Geral - Material feito por Dayana da S. Sales siga @corujinha_juridica Homologação de Sentença Estrangeira Para ser executada no Brasil, a sentença proferida por autoridade judiciária de outro país precisa ser aqui homologada. A homologação é feita no STJ. A homologação requer prova do trânsito em julgado da sentença estrangeira, nos termos da Súmula 420 do STJ. Hipóteses em que se admite a homologação: (1) obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis e (2) sujeita-lo a medida de segurança. A lei de Lavagem de Capitais prevê a possibilidade de o juiz brasileiro aplicar, por solicitação de autoridade estrangeira competente, medidas assecuratórias sobre bens, direitos ou valores oriundos de crimes descritos no art. 1º da lei. Existem hipóteses em que a sentença estrangeira produz efeitos no Brasil, sem a necessidade de homologação, pois não existe execução da sentença. São elas: gerar reincidência; gerar maus antecedentes, impedir a suspensão condicional da pena, prorrogar o prazo para o livramento condicional. Prazo Penal Prazo Processual Penal O dia do começo deve ser incluído no cômputo. Os dias, meses e anos são contados pelo calendário comum. Não se computa o dia do começo do prazo, incluindo, porém, o dia do vencimento. O prazo que terminar em domingo ou feriado considerar-se-á prorrogado até o último dia útil imediato. Conceito de Crime Material ou Substancial Conduta que provoca a lesão ou perigo de lesão a um bem jurídico, merecedora de punição. Revisão Direito Penal Parte Geral - Material feito por Dayana da S. Sales siga @corujinha_juridica Formal ou Legal Conduta estabelecida em lei como tal. Analítico ou Dogmático Exame sob o prisma da ciência do Direito. O crime é decomposto em elementos ou substratos, para fins de estudos. Concepção Elementos ou Substratos do Crime Quadripartite Fato típico + Antijuridicidade + Culpabilidade + Punibilidade Tripartite Fato típico + Antijuridicidade + Culpabilidade (adotada pela teoria causalista e pela teoria finalista) Bipartite Fato típico + Antijuridicidade (teoria finalista bipartida)Criminalização Primária Criminalização Secundária Tipificação de determinada conduta, abstratamente. Somente pode ser realizada pelo Poder Legislativo, por força do princípio da Reserva Legal. Ação punitiva exercida sobre pessoas concretas, desenvolvida quando as agências policiais detectam um indivíduo que supostamente praticou um ato criminalizado primariamente. Sujeito Ativo do Crime Pessoa que pratica a infração penal. Poder ser qualquer pessoa física capaz e com 18 anos completos. Animais não podem figurar como sujeito ativo do crime. Crime Comum Crime Próprio Crime de Mão Própria Não exige qualidade especial do sujeito ativo, podendo ser praticado por qualquer pessoa (homicídio) Exige sujeito ativo qualificado ou especial (ser mãe no crime de infanticídio) Além de próprio, somente pode ser executado pelo próprio agente, pessoalmente (falso testemunho) Pessoa Jurídica como sujeito ativo de crime Legislação Doutrina Jurisprudência A CF permite a responsabilização penal da PJ nos crimes contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular e nos crimes ambientais. Embora haja controvérsia, prevalece a admissibilidade da responsabilidade da PJ. O STF e o STJ admitem a responsabilidade penal da PJ por crimes ambientais, sendo desnecessária a responsabilização simultânea da pessoa física que agia em seu nome (desnecessária dupla imputação). Sujeito Passivo É o titular do bem jurídico atingido pela infração. Pode ser qualquer pessoa (física ou jurídica) e até mesmo entes sem personalidade jurídica, como a coletividade. O morto não é sujeito passivo de crime (na calúnia contra os mortos, por exemplo, as vítimas são os seus familiares). Animais também não figuram como sujeito passivo (no crime de crueldade contra animais, o sujeito passivo é a coletividade). Espécies de Sujeito Passivo Revisão Direito Penal Parte Geral - Material feito por Dayana da S. Sales siga @corujinha_juridica Sujeito passivo constante, mediato, formal, geral ou genérico Sujeito passivo eventual, imediato, material, particular ou acidental É o Estado, que figura como sujeito passivo de todas as infrações, em razão do seu interesse na manutenção da paz e da ordem. É o titular do bem jurídico diretamente atingido pela infração. Alguns crimes não têm sujeito passivo eventual determinado, vale dizer, o sujeito passivo é a coletividade (ex: tráfico de drogas). São os denominados crimes vagos. Sujeito passivo comum Sujeito passivo próprio O tipo penal não exige qualquer qualidade especial da vítima, ou seja, qualquer pessoa pode sofrer a prática criminosa (homicídio) O tipo penal demanda alguma qualidade da vítima (infanticídio) Observações Crimes bipróprios são aqueles que exigem uma qualidade especial do sujeito ativo e também do sujeito passivo (infanticídio).. Crimes de dupla subjetividade passiva são aqueles que apresentam pluralidade de vítimas (o crime de violação de correspondência tem como ofendidos o emitente e o destinatário). A mesma pessoa não pode figurar como sujeito ativo e passivo da própria conduta. Vitimização Primária Consequência negativas decorrentes da infração penal em si. Vitimização Secundária Causadas pelos órgãos de persecução penal, sujeitando o ofendido à burocracia e a constrangimento diversos (ex: aguardar longas horas para ter registrada a ocorrência, submeter-se a exame de corpo de delito, relatar eventuais abusos sexuais perante desconhecidos...) Vitimização Terciária A doutrina atribui dois sentidos a essa expressão: Essa vitimização resulta da estigmatização social sofrida pelo ofendido (ex: vítima de furtos é alvo de zombarias e repreendida em seu meio social por ter sido descuidada; pessoa estuprada é rejeitada pelo companheiro ou lhe é atribuída culpa ao evento) Vítima terciária: é a pessoa sobre a qual recai a imputação do fato criminoso, quando sofre punição além daquela imposta pela lei (ex: tortura e sevícias de outros presos) ou responde a processos mesmo sendo inocente. Objeto jurídico do crime Objeto material do crime Bem ou interesse protegido pela norma penal. Ex: vida, patrimônio, dignidade sexual. Pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta criminosa. Infração Penal Crime Contravenção Penal Principal fonte normativa Código Penal Lei das Contravenções Pena privativa de liberdade aplicável Reclusão, detenção ou multa Prisão simples ou multa Revisão Direito Penal Parte Geral - Material feito por Dayana da S. Sales siga @corujinha_juridica Regime inicial cabível Reclusão : fechado, semiaberto ou aberto Detenção: semiaberto ou aberto Possível regressão para o regime fechado Semiaberto ou aberto Inadmissível regressão para o fechado Ação Penal Pública (incondicionada ou condicionada) ou privada Pública incondicionada Tentativa Punível Não punível Competência J. Federal ou Estadual J. Estadual Limite de cumprimento de pena 40 anos 5 anos Prazo mínimo das medidas de segurança 1 a 3 anos 6 meses Período de Sursis 2 a 4 anos ou 4 a 6 anos 1 a 3 anos Reincidência Ocorre quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado à sentença que, no país ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior Ocorre quando o agente comete uma contravenção depois de passar em julgado a sentença que o tenha condenado, no Brasil ou no estrangeiro, por qualquer crime, ou, no Brasil , por motivo de contravenção Extraterritorialidade Admite Não admite Prisão preventiva e temporária Admissível Não admite Ignorância ou compreensão errada da lei O desconhecimento da lei é inescusável, podendo servir como atenuante da pena No caso de ignorância ou de errada compreensão da lei escusáveis, a pena pode deixar de ser aplicada Tabela da principais classificações dos crimes Crime Comum Pode ser praticado por qualquer pessoa (homicídio) Crime Próprio Exige uma qualidade especial do sujeito ativo. Crime próprio puro: a conduta somente é incriminada quando cometida por sujeito ativo qualificado, se for praticada por outra pessoa, não configura crime. Ex: advocacia administrativa. Crime próprio impuro: a conduta é incriminada se for cometida por sujeito ativo qualificado e também se for praticada por outra pessoa, mas neste caso configura crime diverso. Ex: se o funcionário público subtrai determinada quantia responde por peculato. A mesma conduta, praticada por um particular, configura delito de furto. Crime de Mão Própria Além de próprio, somente pode ser executado pelo próprio agente, pessoalmente. Ex: falso testemunho. Crime Instantâneo Consuma-se num momento específico, ou seja, não se prolonga no tempo. Ex: homicídio Crime Permanente A consumação se prolonga, se arrasta no tempo, por vontade do agente. Ex: sequestro ou cárcere privado. Pode ser: Necessariamente permanente: para a consumação, é imprescindível a manutenção da situação antijurídica por tempo juridicamente relevante. Ex: sequestro. Revisão Direito Penal Parte Geral - Material feito por Dayana da S. Sales siga @corujinha_juridica Eventualmente permanente: é um crime instantâneo, mas a lesão ao bem jurídico, no caso concreto, acaba se prolongando no tempo. Ex: furto de energia elétrica. Crime Instantâneo de efeitos Permanentes Consuma-se em um momento específico, mas os seus efeitos se prolongam no tempo, sem que o agente possa fazê-lo desaparecer. Ex: homicídio – ocorrida a morte, não há mais como voltar atrás. Crime Comissivo O tipo penal descreve uma ação. Ex: homicídio Crime Omissivo O tipo penal descreve uma omissão, ou seja, um não fazer. Ex: omissão de socorro Crime Omissivo Impróprio (comissivo por omissão) O sujeito, por conta de sua omissão, responde pela prática de crime comissivo. Isso ocorre quando o agente podia e devia agir para impedir o resultado. Crime Comissivo Impróprio (omissivo por comissão)O agente, por conta de uma ação, responde por crime omissivo. Crime Mono- Ofensivo Atinge somente um bem jurídico. Ex: furto. Crime Pluriofensivo Atinge mais de um bem jurídico. Ex: roubo Crime de Subjetividade Passiva Única O tipo penal prevê uma só vítima. Crime de Dupla Subjetividade Passiva O tipo penal prevê a existência de mais de uma vítima. Crime de Dano ou Lesão Consuma-se com a efetiva ocorrência de lesão ao bem jurídico tutelado. Crime de Perigo Consuma-se com a mera colocação em perigo de um bem jurídico tutelado. Crimes de perigo concreto: o perigo ao bem jurídico deve ficar comprovado nos autos. Crimes de perigo abstrato: o perigo é presumido pelo legislador, dispensando- se a comprovação no caso concreto. Crimes de perigo individual: a conduta expõe a perigo uma só pessoa ou um número determinado de pessoas. Crimes de perigo comum ou coletivo: a conduta expõe a perigo um número indeterminado de pessoas. Crime Unissubjetivo, monossubjetivo, unilateral ou de concurso eventual Pode ser cometido por um só agente. Crime Plurissubjetivo, plurilateral ou de concurso necessário Requer mais de um agente para se configurar. Condutas Paralelas: os agentes colaboram mutuamente para resultado comum. Ex: associação criminosa. Condutas Convergentes ou Bilaterais: as condutas partem de pontos opostos e vem a se encontrar, advindo desse encontro de vontades o resultado. Ex: bigamia Condutas Divergentes ou Contrapostas: as condutas se voltam umas contra as outras. Ex: rixa Crime Simples Constituído por uma conduta típica. Revisão Direito Penal Parte Geral - Material feito por Dayana da S. Sales siga @corujinha_juridica Crime Complexo Constituído pela fusão de mais de uma conduta. Crime complexo em sentido estrito: constituído peça fusão de mais de uma conduta típica. Ex: roubo Crime complexo de sentido amplo: formado pela junção de uma conduta típica e outra conduta, que, em si considerada, não é típica. Ex: estupro. Crimes Ultra Complexos Crime complexo ao qual é acrescido outro crime, que funciona como qualificadora ou causa de aumento de pena – ex: roubo com causa de aumento por conta de emprego de arma de fogo. Crime Progressivo (de passagem) Ocorre quando o agente, para chegar a um delito mais grave, precisa necessariamente passar por um menos grave. Ex: para atingir a consumação no homicídio, é preciso passar pela lesão corporal menos grave. Crime Progressão Criminosa Ocorre quando o agente, logo após praticar um crime menos grave, delibera e vem a praticar um crime mais grave. Há uma evolução criminosa na vontade do agente. Crime Habitual Constituído pela prática reiterada de condutas que, tomadas em seu conjunto, constituem um modo de vida inaceitável pela lei penal. Ex: exercício ilegal da medicina, manutenção de casa de prostituição e o curandeirismo. Crime habitual próprio: é o crime habitual propriamente dito, ou seja, a prática de uma conduta isolada é atípica, porém quando cometidas reiterada e sucessivamente, configuram o crime. Crime habitual impróprio: a prática de uma só conduta já tem relevância para configurar o crime, sendo as demais ações consideradas reiteração do mesmo delito, e não pluralidade de crimes. Ex: gestão fraudulenta, previsto no art. 4º da Lei de Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional. Crime Material ou Causal A consumação depende da ocorrência de resultado naturalístico (modificação do mundo exterior). Ex: homicídio Crime Formal ou de Consumação Antecipada Consuma-se com a prática da conduta, independentemente de possível resultado naturalístico. Ex: extorsão mediante sequestro – se consuma com a conduta de sequestrar a pessoa com o fim de obter vantagem como condição ou preço do resgate. A efetiva obtenção da vantagem, embora possa ocorre, é desnecessária para a consumação. Crime de Mera Conduta Consuma-se com a simples prática da conduta, sequer comportando resultado naturalístico. Ex: violação de domicílio. O ingresso na casa alheia é suficiente para consumar o crime e não provoca alteração no mundo exterior. Crime Unissubsistente Pode ser praticado mediante um só ato. Ex: injúria verbal. Crime Plurissubsistente Exige a prática de diversos atos. Ex: roubo ou estupro. Crime de Forma Livre Pode ser praticado de qualquer modo escolhido pelo agente. Ex: homicídio, furto. Crime de Forma Vinculada Somente se configura se praticado de um modo específico descrito no tipo penal. Ex: curandeirismo Crime Vago, Multivitimário ou de Vítimas Difusas Não possui sujeito passivo determinado. O sujeito passivo é a coletividade. Ex: violação de sepultamento. Crime Remetido Remete a outro tipo penal, sendo que sua compreensão depende da consulta a essa figura remetida. Ex: uso de documento falso. Crime Condicionado Aquele cuja punibilidade depende do advento de determinada condição. Ex: crimes falimentares, em regra, dependem da sentença de falência para serem puníveis. Revisão Direito Penal Parte Geral - Material feito por Dayana da S. Sales siga @corujinha_juridica Crime de Atentado ou de Empreendimento É aquele que equipara a punição da forma tentada à forma consumada. Crimes Militares É aquele praticado por militar. Crime militar próprio: previsto apenas no CPM. Ex: deserção Crime militar impróprio: previsto no COM e também em outras leis. Crimes Políticos Aqueles previstos na Lei de Segurança Nacional. Crimes Transeunte ou de Fato Transitório Não deixa vestígios materiais. Crime Não Transeunte Deixa vestígios materiais. Crime Exaurido ou Crime Esgotado A expressão diz respeito a resultados ocorridos após a consumação do delito. Crime Profissional Praticado no exercício da profissão, ou seja, o agente se vale do seu mister para perpetuar o delito. Crime de Trânsito Praticado na condução de veículo automotor, o qual se aplica o CTB. Crime de Circulação Cometido por intermédio de um automóvel, dolosa ou culposamente – podendo-se aplicar o CP ou CTB. Crime de Ação Violenta Praticado com o emprego de violência ou grave ameaça Crime de Ação Astuciosa Cometido com emprego de artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento. Crime de Ação Múltipla (de conteúdo variado) O tipo penal prevê mais de um verbo nuclear. Crime de Lockout ou de Locaute É a paralisação total ou parcial das atividades promovida pelo empregador. Crime a Prazo Aquele cuja consumação depende do advento de um prazo. Ex: apropriação de coisa achada. Comete o crime quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, deixando de restituí-la ao titular ou de entrega-la à autoridade competente no prazo de 15 dias. Crime Funcional ou Delicta in officio É aquele praticado por funcionário público. Próprio: ausente a qualidade de funcionário público, o fato é atípico (ex: prevaricação) Impróprio: ausente a qualidade de funcionário público, o fato continua sendo típico, porém constitui outro delito. Crime de Tendência Interna Transcendente (crimes de intenção) Traz como elementar uma finalidade especial, a qual não precisa ser alcançada para consumação do delito. Ex: extorsão mediante sequestro. O crime se consuma com o sequestro da vítima, mesmo que a finalidade do agente (obtenção da vantagem econômica) não seja alcançada. Crime de Resultado Cortado Espécie de crime de intenção, no qual o agente busca uma finalidade desnecessária à consumação, sendo que a efetiva obtenção dessa finalidade não requer a sua intervenção. Ex: extorsão mediante sequestro. O crime está consumado com o sequestro da vítima, visando a obtenção de vantagem como condição ou preço do resgate. O efetivo recebimento do resgate ocorre se terceiros efetuarem o pagamento. Revisão Direito Penal Parte Geral - Material feito por Dayana da S. Sales siga @corujinha_juridica Crime Mutilado de Dois Atos Espécie de crime de intenção,no qual o agente busca um finalidade desnecessária à consumação, sendo que a efetiva obtenção dessa finalidade requer uma nova intenção sua. Ex: agente falsifica moeda falsa, com o fim de restituí-la à circulação. Crime do Colarinho Azul ou Blue Collar Crimes Também chamados de crimes de rua. São aqueles geralmente praticados por pessoas economicamente menos favorecidas. Crime do Colarinho Branco ou White Collar Crimes São aqueles geralmente cometidos por pessoas que desfrutam de elevado poder econômico. Crimes sem Colarinho ou Colorless Crimes Sendo aqueles praticados por meio da internet, cujo perfil dos autores é totalmente desconhecido. Crimes Parcelares Crimes que formam a série de continuidade delitiva. Por ficção jurídica, os vários delitos parcelares são considerados um único crime. Crime de Catálogo Crimes que admitem interceptação telefônica, nos termos da lei 9.296/1996. Crime Aberrantes Abrange as hipóteses de aberratio causae (erro sobre o nexo causal), aberratio ictus (erro na execução) e aberratio criminis ou delicti (resultado diverso do pretendido). Crime Principal e Acessório (Parasitário) Crime principal é aquele que independe da existência de outro, como o homicídio e o roubo. Crime acessório ou parasitário é o que depende da existência de uma infração antecedente – receptação e lavagem de dinheiro. Crime Natural Contraria valores éticos absolutos e universais. São condutas que têm sido criminalizadas nas diversas ordenações ao longo da história, como o homicídio, a violência sexual, furto, roubo. Crime de Plástico Não encontra amparo direto em valores universais, mas ainda assim são inseridos na lei penal. Ex: crimes que não tutelam diretamente qualquer valor universal – ex: sonegação fiscal, os que buscam proteger prerrogativas de autoridades – ex: desacato e os de cunho exclusivamente moral ou religiosos – ex: suicídio, autolesão e homossexualidade. Crime de Opinião ou de Palavra É o delito que envolve a manifestação abusiva de pensamento. Ex: crimes contra a honra. Crime de Conexão Teleológica ou Ideológica É aquele praticado para assegurar a execução de outro delito posterior. Crime de Conexão Consequencial ou Causal É aquele praticado para assegurar a ocultação, a impunidade ou a vantagem de outro crime, já ocorrido. Crime Falho Nome dado à tentativa perfeita ou acabada, ocorrendo quando o agente não alcança o resultado por circunstâncias alheias à sua vontade. Crime Obstáculo Tipifica de modo autônomo condutas preparatórias. Ex: associação criminosa e petrechos para fabricação de moeda. Crimes de Impressão É aquele que provoca determinado estado anímico na vítima. Divide-se em: Delito de inteligência: recai sobre as faculdades cognitivas, sendo realizado por meio de engano ou engodo, como o estelionato. Delito de sentimento: recai sobre as faculdades emocionais, como a injúria. Delito de vontade: recai sobre a capacidade de autodeterminação, como o constrangimento ilegal. Crime Putativo, Imaginário ou O agente imagina estar praticando um delito, mas na realidade não está. Pode decorrer de: Revisão Direito Penal Parte Geral - Material feito por Dayana da S. Sales siga @corujinha_juridica Erroneamente Suposto Erro de tipo: o agente equivocadamente supõe estarem presentes todos os elementos constitutivos do tipo penal. Erro de Proibição (delito de alucinação ou crime de loucura): o agente imagina ser proibida uma conduta que, na realidade, é permitida. Obra do agente provocador (crime de ensaio, crime de experiência, flagrante provocado ou flagrante preparado): ocorre na hipótese em que terceiro provoca o agente a praticar infração e toma todas as providências para tornar impossível a ocorrência do resultado. Crime Gratuito Aquele praticado sem motivo conhecido. Crime Anão ou Liliputiano São sinônimos de contravenção penal. Crime de Atuação Pessoal ou de Conduta Infungível É sinônimo de crime de mão própria. Crime Espúrio ou Promíscuo São sinônimos de crime omissivo impróprio. Crime Multitudinário É aquele cometido por um grande número de pessoas, num contexto de tumulto. Crime de ímpeto É aquele cometido por impulso, sem previa racionalização ou planejamento. Crime Premeditado É aquece precedido de prévia racionalização e planejamento. Crime Achado A expressão refere-se precipuamente ao encontro fortuito de provas (serendipidade), em que se descobre uma infração penal que não estava até então sendo investigada. Delitos de Esquecimento ou de Olvidamento Delitos em que o agente é omissivo por culpa inconsciente ( ou seja, sem a intenção de produzir o resultado, nem prever que ele poderia ocorrer) ex: agente causa lesões a terceiro porque esquece o gás aberto, esquece de colocar um aviso que anuncie o perigo ou de acender as luzes para sinalizar um obstáculo. Crimes de Hermenêutica Criminalização de um modo particular de interpretar a lei, considerado inadequado. Tal hipótese é inadmissível. Tabela sobre Fato Típico: Conduta Teoria Conceito de Conduta Causalista, Naturalista, Clássica, Causal ou Mecanicista - Idealizada: Franz von Liszt, Ernst von Beling e Gustav Radbruch. - Surgiu: início do século XIX. - Estrutura do crime: Tipicidade + Ilicitude + Culpabilidade (TEORIA TRIPARTITE). - Elementos da culpabilidade: Imputabilidade (apenas). Dolo e culpa, são ESPÉCIES de culpabilidade, ou seja: A culpabilidade será dolosa ou culposa, e o elemento que a configurará será a imputabilidade, caso ocorra. Conduta: movimento corporal voluntário que produz uma modificação no mundo exterior perceptível pelos sentidos. Movimento corpóreo voluntário que produz modificação no mundo exterior. A conduta não está associada a uma finalidade do agente (dolo e culpa são examinados na culpabilidade. Neokantista, Neoclássica ou Causal-Valorativa - Idealizada: Edmund Mezger. - Surgiu: início do século XX (1.900 a 1.930). - Estrutura do crime: Tipicidade + Ilicitude + Culpabilidade (TEORIA TRIPARTITE). - Elementos da culpabilidade: Imputabilidade + Exigibilidade de Conduta Diversa + Dolo e Culpa. Revisão Direito Penal Parte Geral - Material feito por Dayana da S. Sales siga @corujinha_juridica Dolo e culpa deixam de ser espécies de culpabilidade e passam a ser ELEMENTOS da mesma. Não se fala mais, portanto, em culpabilidade dolosa ou culpabilidade culposa. - Conduta: comportamento humano voluntário, causador de modificação no mundo exterior. Teoria Finalista - Idealizada: Hans Welzel. - Surgiu: metade do século XX (1.930 a 1.960). - Estrutura do crime: Tipicidade + Ilicitude + Culpabilidade (TEORIA TRIPARTITE). - Elementos da culpabilidade: Imputabilidade + Exigibilidade de Conduta Diversa + Potencial Consciência da Ilicitude. O traço marcante do finalismo é que dolo e culpa saíram da culpabilidade para integrar a tipicidade – de onde, aliás, não mais saíram. - Conduta: comportamento humano voluntário, psiquicamente dirigido a um fim. Teoria da Ação Social - Idealizada: Johannes Wessels e Hans-Heirinch Jescheck. A pretensão desta teoria não é substituir as teorias clássica e finalista, mas sim acrescentar-lhes uma nova dimensão, a relevância ou transcendência social. - Estrutura do crime: Tipicidade + Ilicitude + Culpabilidade (TEORIA TRIPARTITE). - Elementos da culpabilidade: Imputabilidade + Exigibilidade de Conduta Diversa + Potencial Consciência da Ilicitude. Dolo e culpa integram o fato típico, mas seriam novamente analisados quando do juízo de culpabilidade. - Conduta: comportamento humano voluntário, psiquicamente dirigido a um fim socialmente reprovável. Teoria Funcionalista Moderada, Teleológica, Dualista ou da Política Criminal - Idealizada: Claus Roxin (ESCOLA DE MUNIQUE). - Estrutura do crime: Fato Tipíco + Ilicíto + Reprovável (Imputabilidade + Exigibilidade de Conduta Diversa + Potencial Consciência da Ilicitude + Necessidadede Pena). - Elementos da culpabilidade: A culpabilidade é LIMITE DE PENA (CULPABILIDADE FUNCIONAL). - Conduta: comportamento humano voluntário, causador de relevante e intolerável lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. - Missão do Direito Penal: proteção de bens jurídicos Teoria Funcionalista Sistêmica, ou Monista - Idealizada: Günther Jakobs (ESCOLA DE BONN). - Estrutura do crime: Tipicidade + Ilicitude + Culpabilidade. - Elementos da culpabilidade: Imputabilidade + Exigibilidade de Conduta Diversa + Potencial Consciência da Ilicitude. - Conduta: comportamento humano voluntário, violador do sistema e frustrador das expectativas normativas. - Missão do Direito Penal: assegurar a vigência do sistema Revisão Direito Penal Parte Geral - Material feito por Dayana da S. Sales siga @corujinha_juridica Causas que excluem a conduta a) Inconsciência: sonambulismo, hipnose, narcolepsia, crise epilética, estado de coma. b) Involuntariedade b.1) Caso Fortuito – evento decorrente de ato humano, imprevisível e inevitável, como a greve e a guerra. Força Maior – fato previsível ou imprevisível, porém inevitável, proveniente de força da natureza – como a chuva e relâmpago. b.2) Movimentos Reflexos – reação motora (muscular) ou secretória (glandular) automática provocada por um estímulo – tosse ou espirro. Cuidado! Não excluem a vontade (existe conduta): Ações em curto circuito (reações explosivas e momentâneas, provocadas por emoções violentas que afloram rapidamente) Ações habituais (mecânicos ou automáticos) – comportamentos reiterados b.3) Coação física irresistível (vis absoluta): constrangimento físico, eliminando a possibilidade de o agente se comportar de acordo com a sua vontade. Não se confunde com a coação moral irresistível (vis compulsiva): em que a vontade não é eliminada, mas se torna viciada. Exclui a exigibilidade de conduta diversa e, por consequência, a culpabilidade. Dolo Teorias - Representação: Dolo é a consciência e a vontade de praticar a conduta, prevendo a possibilidade de produzir o resultado. - Vontade: Dolo é a consciência e a vontade de praticar a conduta, dirigida especificadamente ao resultado. Adotada no Brasil quanto ao dolo direto. - Consentimento, do Assentimento ou da Anuência: Dolo é a consciência e a vontade de praticar a conduta, prevendo o resultado e assumindo o risco de produzi-lo. Adotada no Brasil quanto ao dolo eventual. Elementos - Cognitivo ou intelectivo: consciência dos elementos objetivos do tipo penal. - Volitivo: vontade da realização dos elementos objetivos do tipo penal. Revisão Direito Penal Parte Geral - Material feito por Dayana da S. Sales siga @corujinha_juridica Características - Abrangência: o dolo deve abranger todos os elementos objetivos do tipo. - Atualidade: o dolo deve estar presente no momento da conduta. - Aptidão para influenciar o resultado: o dolo envolve um quere ativo, ou seja, pune-se a vontade desde que apta a produzir o resultado. Dolo Normativo e Dolo Natural - Teoria Causalista: O dolo está alocado na culpabilidade (terceiro substrato do crime) e traz em seu bojo a consciência da ilicitude. Faltando a consciência da ilicitude, não há dolo. Por isso, recebe o nome de dolo normativo ou dolo malus. - Teoria Finalista: o dolo está alocado no fato típico. Ao ser trazido para o primeiro substrato do crime, o dolo desprende-se da consciência da ilicitude (inserida na culpabilidade), abandonando seu aspecto normativo. Por essa razão, passa a ser chamado dolo natural, dolo neutro ou dolo bonus. Dolo Enantiomórfico Ocorre quando ambas as partes agem dolosamente, um visando causar prejuízo ao outro utilizando meios contrários a boa-fé. Trata-se do conhecido dolo recíproco, compensando ou bilateral. Dolo Normativo, Híbrido, Colorido, Cromático, Cinzento, Valorado ou Dolus Malus Dolo Natural, Neutro, Acromático ou Avalorado Adotado pela teoria neokantista, integra a culpabilidade, trazendo, a par dos elementos consciência e vontade, também a consciência atual da ilicitude (elemento normativo). #EMRESUMO: Teoria adotada Neokantista; Elemento do Crime Culpabilidade; Elementos Consciência, Vontade e Consciência ATUAL da ilicitude. Adotado pela teoria finalista, integra a conduta e necessariamente o fato típico, despido da consciência da ilicitude (elemento da culpabilidade), pressupondo somente consciência e vontade. #EMRESUMO: Teoria adotada Finalista; Elemento do Crime Fato Típico; Elementos Consciência e Vontade. Espécies de Dolo Direto, determinado ou intencional É a vontade consciente dirigida especificadamente à produção do resultado típico (teoria da vontade). Indireto ou Indeterminado Aqui, a vontade do agente não se fixa num só sentido ou direção. Divide-se em: Revisão Direito Penal Parte Geral - Material feito por Dayana da S. Sales siga @corujinha_juridica Dolo Eventual: o agente visualiza mais de um resultado, direcionando sua conduta para atingir um deles, mas assumindo o risco de causar outro (teoria do assentimento). Dolo Alternativo: o agente visualiza mais de um resultado, direcionando sua conduta para atingir, indistintamente, qualquer um deles. Dolo de 1º grau É a vontade consciente dirigida especificadamente ao resultado. Dolo de 2º grau É a vontade de atingir determinado resultado, sabendo que ocorrerão outros resultados, como consequência necessária do primeiro. Dolo de 3º grau Alguns autores sustentam, ainda, a existência de dolo direto de terceiro grau, também chamado de dolo de dupla consequência necessária. Ele ocorre nos casos em que a consequência do dolo direto de segundo grau causa, inevitavelmente, a violação de outro bem juridicamente protegido. Esta outra violação também acontece com o conhecimento e vontade do agente. Ex: Cristina, com o objetivo de matar Tiago, coloca uma bomba no avião em que o mesmo viajava. O avião explode, causando a morte de Tiago (dolo direto de primeiro grau), de todos os demais passageiros (dolo direto de segundo grau), bem como o aborto da passageira Flávia, a qual estava grávida (dolo direto de terceiro grau). Ressalta-se que, para responder pelo resultado, Cristina deveria ter ciência da gravidez de Flávia. Dolo Cumulativo O agente tem a vontade de atingir determinado resultado, evoluindo em seguida para vontade de atingir outro resultado. É um caso de progressão criminosa. Dolo de Dano É a vontade de causar efetiva lesão a um bem jurídico tutelado. Ex: atirar em uma pessoa, almejando matá-la. Dolo de Perigo É a vontade de expor a perigo um bem jurídico tutelado. Dolo Genérico O agente deseja praticar a conduta descrita no tipo penal, o qual não exige nenhuma finalidade específica. Dolo Específico O agente deseja praticar a conduta visando uma finalidade específica, que é elementar do tipo penal. Dolo Presumido Também chamado de in re ipsa – é aquele que dispensa a comprovação no caso concreto. Não é admitido. Dolo Geral (Aberratio Causae) É o erro quanto ao meio de execução do crime. O agente, imaginando ter produzido o resultado pretendido, pratica nova conduta com finalidade diversa, sendo esta a efetiva causa do resultado inicialmente visado. Dolo de ímpeto É aquele surgido repentinamente, por impulso, sem prévia racionalização ou planejamento. Dolo Premeditado É aquele precedido de prévia racionalização e planejamento. Dolo Abandonado É a hipótese de desistência voluntária ou arrependimento eficaz, nas quais o agente, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza. Dolo Global ou Unitário É o dolo necessário para a configuração da continuidade delitiva (segundo posição majoritária), devendo o agente atuar de acordo com um plano global ou unitário que encampe toda a cadeia de crimes. Revisão Direito Penal Parte Geral - Material feito por Dayana da S. Sales
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