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<C q: LU CD 3CORREIA DIREITO PENAL íM líBílíS PARTE GERAL ENGLOBA LEI SECA, DOUTRINA E JURISPRUDÊNCIA CONTÉM OS INFORMATIVOS MAIS RECENTES SOBRE OS TEMAS ESTUDADOS \Jj\ EDITORA 1^1 >PODIVM www.editorajuspoclivm.com.br MARTINA CORREIA Graduada em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco em 2012. Defensora Pública Federal. EDITORA ^PODIVM www.editorajuspodivm.corn.br DIREITO PENAL [M mus PARTE GERAL aM" ip íf, JvtiCi MARTINA CORREIA DIREITO PENAL w mm PARTE GERAL COORDENAÇÃO: MILA GOUVEIA 1^1 2017 EDITORA jusVODWtA www.editorajuspodivm.com.br A todos aqueles que perseguem seus sonhos. i APRESENTAÇÃO Quando concluí a graduação em agosto de 2012, já havia decidido que dedicaria meus próximos anos aos estudos. Mal imaginava o mundo de privações que me aguardava! O concurso da Defensoria Pública da União já era anunciado e decidi que focaria na carreira de Defensor Público Federal. À época, conhecia pouquíssimos, mas todos pareciam terumbrilho noolharquando falavam do trabalho que podiam realizar na instituição. Oscilei. Entrei em desespero. Fiquei calma e recomecei. Passei por fases de profundaconcentração, as quais se intercalavam com uma repen tina incapacidade de entender uma única linha. Em alguns momentos, senti que o aprendizado estava indo de vento em popa. Em outros, via o edital como uma missão impossível. Respirei. Chorei. Acertei algumas questões. Todo concLirseiro se depara diariamente com características con troversas que desconhecia ter. A confiança dá lugar ao desespero, numa montanha-russa que não parece terminar nunca. E é exatamente essa batalha interna que faz a vitória se transformar em poesia. Depois de muitas batalhas contra mim mesma, chegou a aprovação. Com ela, o desejado tempo livre que eu tanto queria. Mas algo me inco modava: o que farei com todos os resumos que fiz até agora? Havia constatado que a revisão tinha sido muito rápida com a ajuda do meu material, organizado e objetivo. Havia lido obras extensas, que foram fundamentais ao aprendizado. Mas, na hora de revisar, as centenas Direito Penal em Tabelas - Parte Gerai • Martina Correia de páginas davam lugar a poucas linhas e grifes. E como eram valiosas essas linhas! O excesso de informação causava desordem, e, portanto, esse conteúdo precisava ser sistematizado. Era necessário organizar as idéias. A ênfase na objetividade sem que fosse perdida a qualidade guiou cada linha da obra DIREITO PENAL EM TABELAS. Nem uma extensa obra doutrinária, nem uma sinopse superficial, mas um material atuali zado e útil a todas as fases dos certames. Agradeço pelo voto de confiança e espero, com todo meu coração, colaborar para a sua vitória. Faço, ainda, um pedido: acredite em você! Pense em todasasbatalhas quevocê já enfrentou em sua vida. Certamente essa não é a primeira. Você pode e vai conseguir. Martina Correia POR QUE TABELAS? A memória é a principal aliada de todo estudante. A necessidade de aprimorar a memorização está no topo das preocupações de todos aque les que se preparam para um concurso público. Nessa preparação, cabe a cada um a tarefa de fazer uma avaliação pessoal para descobrir o seu estilo de aprendizagem e, com isso, traçar técnicas de estudo. O aluno, até mesmo intuitivamente, tende a testar em que tipo de memória apresenta maior facilidade e apropriar-se de recursos que levem a bons resultados. Aqui, faz-se um alerta: aqueleque estuda com o objetivo de ser apro vado em concursos públicos jurídicos não deve negligenciar as obras que levam à construção de uma base jurídica sólida. Todavia, diante de um rol interminável de matérias cobradas em um certame, não é raro que o conhecimento adquirido se dissipe em poucos meses. A obra DIREITO PENALEMTABELAS tem o objetivo de organizar as informações e simplificar a Parte Geral do Direito Penal por meio do estabelecimento de conexões entre os dados, contribuindo para uma assimilação mais eficiente da matéria. Martina Correia ií 1?A.1'lfíAT iji •i'» éJ.Ji I Ají I . I , J.v, , ^ . T̂ liIMíhji-.il! if I J I '• _£íi; v/ifir • li ."jí. i 1' j ij , I ^ ^ f.l< < < I •ilW,- T ' • -1 I 1 . i' • '• ' , i ri" ijl • '' DIREITO PENAL EM TABELAS COMO UTILIZAR? A obra é voltada aos estudantes de direito e será de grande proveito àqueles que se dedicam a concursos públicos que tenham Direito Penal como matéria cobrada. O estudo para concursos públicos exige que o estudante mantenha- -se atualizado e focado na doutrina, na lei seca e na jurisprudência (em especial nos informativos recentes do STF e do STJ). DOUTRINA A obra nasceu de uma diversificada pesquisa doutrinária, com foco nos autores mais consagrados por aqueles que estudam para concursos. Cada obra doutrinária, por mais profunda que seja, possui pontos maisdetalhados e pontos menos explorados. Oobjetivo daobraDIREITO PENAL EM TABELAS é fazer uma compilação desses pontos e tratá-los de forma objetiva e completa. As citações e referências estão por toda a obra. Direito Penal em Tabelas - Parte Geral • Martina Correia LEI Cabe, inicialmente, uma observação: sempre que um artigo não for acompanhado por sua fonte (ex.: art. 5° da CF/88; art. 386 do CPP), deve-se entender que o dispositivo pertence ao Código Penal. Dada a importância do estudo do Código Penal, todos os capítulos trazem os dispositivos pertinentes no seguinte formato: • Art. 2-. Ninguém pode ser punido porfato que iei posterior deixa de considerar crime, cessando emvirtude dela a execução e osefeitos penais da sentença condenatória. JURISPRUDÊNCIA Énotório que a jurisprudência tem sido cada vez mais cobrada em todas as fases dos concursos públicos. O estudo do Direito Penal não pode negligenciar os entendimentos (e freqüentes mudanças) do Supremo Tribunal Federal edo Superior Tribunal de Justiça. As súmulas pertinentes aos temas abordados estão sempre destacadas neste formato: • Súmula 711 do STF: a lei penal mais grave aplica-se ao crime rantmuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior a cessação da continuidade ou da permanência. Aobra está em conformidade com os julgados mais atualizados dos referidos Tribunais. No final dotópico, há uma tabela com osinformativos do STF e do STJ mais recentes sobre o tema. Exemplo: INFORMATIVOS DO STF Info. 743: Crime não pode ser absorvido por contravenção penal. HC 121.652/SC, Rei. Min. Dias Toffoll, li Turma, j. 22/04/2014, Foram analisados os informativos 733 até 844 do STF e 533 até 590 do STJ (2014, 2015 e 2016 - até o fechamento da edição). 12 ABREVIATURAS CC - Código Civil (Lei 10.406/2002). CF - Constituição Federal. CP - Código Penal (Decreto-lei n. 2.848/1940). CPC - Código de Processo Civil (Lei 13.105/2015). CPM - Código Penal Militar (Decreto-lei n. 1.001/1969). CPP - Código de Processo Penal (Decreto-lei n. 3.689/1941). ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/1990). LCP - Lei de Contravenções Penais (Decreto-lei n. 3.688/1941). LEP - Lei de Execução Penal (Lei 7.210/1984). LICP - Lei de Introdução ao Código Penal (Decreto-lei n. 2.848/1940). LINDB - Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Decreto-lei n. 4.657/1942). MP - Ministério Público. PPE - Prescrição da pretensão executória. 13 Direito Penal em Tabelas - Parte Geral • Martina Correia PPL - Pena privativa de liberdade. PPP - Prescrição da pretensão punitiva. PRD - Pena(s) restritiva(s) de direito. STF - Supremo Tribunal Federal. STJ - Superior Tribunal de Justiça. 14 SUMARIO PARTE 1: INTRODUÇÃO 1. Noções gerais 21 2. Propostas doutrinárias 27 3. Fontes do direito penal 31 4. Interpretação da lei penal 33 5. Princípios gerais do direito penal 37 6. Lei penal no tempo 41 7. Lei penal no espaço 47 8. Disposições finais 55 PARTE 2: TEORIA GERAL DO CRIME 9. O crime 59 9.1. Classificação de Crimes 63 15 Direito Penal em Tabelas - Parte Geral • Martina Correia 10. Fato típico 73> 10.1. O Tipo Penal 73 10.2. Conduta 78 10.2.1. Teorias da Conduta 78 10.2.2. Conceito de Condutae Hipóteses de Ausência de Conduta 82 10.2.3. Crime Doloso 83 10.2.4. Crime Culposo 90 10.2.5. Crime Preterdoloso 95 10.2.6. Crimes Comissivos e Omissivos 96 10.2.7. Erro de Tipo 100 10.2.8. Descriminantes Putativas 106 10.3. Resultado 110 10.4. Relação de Causalidade 111 10.5. Tipicidade 117 11. Iter Criminis 133 12. Tentativa 137 13. Desistência voluntária e arrependimento eficaz 143 14. Arrependimento posterior 147 15. Crime impossível 151 16. Ilicitude 157 16.1. Noções Gerais 16.2. Estado de Necessidade 1^1 16.3. Legítima Defesa ^55 16.4. Estrito Cumprimento de Dever Legal 171 16 Sumário 16.5. Exercício Regular de Direito 174 17. Culpabilidade 177 17.1. Noções Gerais 177 17.2. Imputabilidade 180 17.3. Consciência Potencial da Ilicitude 185 17.3.1. Erro de Proibição 185 17.4. Exigibilidade de Conduta Diversa 188 17.4.1. Coação Moral Irresistível e Obediência Hierárquica.. 190 18. Concurso de pessoas 195 19. Concurso de crimes 211 PARTE 3: A PENA 20. Noções gerais 229 21. Aplicação da pena 231 21.1. Noções Gerais 231 21.2. Primeira Fase da Dosimetria 232 21.3. Segunda Fase da Dosimetria 240 21.4. Terceira Fase da Dosimetria 255 22. Pena privativa de liberdade 261 23. Penas restritivas de direitos 291 24. Pena de multa 301 25. Suspensão condicional da pena {sursis) 309 26. Medidas de segurança 321 17 Direito Penal em Tabelas - Parte Geral • Martina Correia 27. Efeitos da condenação 331 28. Reabilitação 339 29. Ação penal 343 30. Extinção da punibilidade 345 31. Prescrição 361 Bibliografia 385 18 PARTE 1 INTRODUÇÃO V i'.0;i: :• 1. NOÇÕES GERAIS NORMAS PENAIS INCRIMINADORAS NÃO INCRIMINADORAS Preceito Drimário ioreceotum iuris): "matar aleuém". Preceito secundário {sanctio iuris): "Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, e multa". Permissivas: iustificantes ou exculoantes. conforme afastem a ilicitude ou a culpabilidade. Explicativas: explicam conceitos. Complementares: princípios oara a aplicação da lei (exemplo: art. 59 do CP)^ NORMA PENAL EM BRANCO Quando o preceito primário é incompleto, temos a norma penal em branco. São normas "primariamente remetidas". HETEROGÊNEA, PRÓPRIA OU EM SENTIDO ESTRITO Complemento por outra norma de status normativo distinto, emanada de outra fonte de produção. Exemplo: o parágrafo único do art. 1® da Lei de Drogas deve ser complementado por uma Portaria do Ministério da Saúde (lei editada pelo Congresso Nacional complementada por Portaria editada pela ANVISA). HOMOGÊNEA, IMPRÓPRIA OU EM SENTIDO AMPLO Complemento por outra norma de mesmo status normativo, emanada da mesma fonte de produção. Pode ser homovitelina (ou homóloga) on heterovitelina (ou heteróloga). GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal - Parte Geral. Vcl. 1. 17. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2015. p. 97. Direito Penal em Tabelas - Parte Gerai • Martina Correia HOMOVITELINA HETEROVITELINA 0 complemento está no mesmo diploma legal. Exemplo: no crime de fraude de lei sobre estrangeiro (art. 309), o conceito de "território nacional" encontra-se no art. 52 do CP. 0 complemento está em diploma legal diverso. Exemplo: o crime de ocultação de impedimento para casamento (art. 236) é complementado pelo art. 1.521 do Código Civil, que estabelece as causas impeditivas. A NORMA PENAL EM BRANCO É CONSTITUCIONAL? la CORRENTE: NÃO 2a CORRENTE: SIM Quando o conteúdo da norma é modificado por uma espécie normativa diferente de lei, há ofensa ao princípio da legalidade^ Quando a norma penal em branco prevê 0 núcleo essencial da conduta, não há ofensa ao princípio da legalidade porque o complemento restringe-se a detalhar algum aspecto do tipo penal. MajoritáriaT NORMAS PENAIS AO REVÉS OU INVERTIDAS O preceito secundário é fixado por outro dispositivo, na mesma lei ou em outra lei. São normas "secundariamente remetidas". Exemplo: o crime de genocídio (Lei 2.889/56) deve ser punido com as penas do homicídio qualificado (art. 121, § 22 do CP). É possível, ainda, que a norma penal seja duplamente Incompleta. Exemplo: "fazer uso de qualquer dos papéisfalsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302: Pena - a cominada à falsificação ou à alteração" (art. 304 - uso de documento falso). 2 GRECO, Rogério (op. cit. p. 100). 3 Cf. NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal. 6. ed. São Paulo: RT, 2009. 22 1. NOÇÕES GERAIS PRINCÍPIOS UTILIZADOS NO CONFLITO APARENTE DE NORMAS ESPECIALIDADE A lei especial afasta a geral. SUBSIDIARIEDADE A lei primária afasta a subsidiária. CONSUNÇÃO A lei consuntiva afasta a lei consumida. Quando um crime menos grave (crime- meio) é necessário, fase de preparação ou de execução de outro crime mais grave (crime-fim), o agente responde pelo último. Exemplo: • Súmula 17 do STJ: quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido. 0 princípio aplica-se ao crime progressivo e à progressão criminosa. CRIME PROGRESSIVO PROGRESSÃO CRIMINOSA 0 agente, para alcançar um determinado resultado mais grave, produz outro resultado menos grave como fase antecedente. Exemplo: no homicídio, 0 agente necessariamente comete o crime de lesão corporal (crime de ação de passagem). Logo, a lesão deve ser absorvida pelo homicídio. 0 dolo do agente não muda (é voltado, desde o início, ao resultado mais grave). 0 agente quer um determinado resultado menos grave. Durante a execução, decide cometer outro crime mais grave. Exemplo: inicialmente, o agente quer causar lesões corporais na vítima, mas depois decide matá-la. 0 homicídio absorverá o crime de lesão. Há mudança no dolo do agente (é o chamado dolo cumulativo). 23 Direito Penal em Tabelas - Parte Gerai • Martina Correia INFORMATIVOS DO STF Info. 743; Crime não pode ser absorvido por contravenção penal. HC 121.652/SC, Rei. Min. Dias Toffoii, Turma, j. 22/04/2014. Info. 775: No caso concreto, a 1^ Turma entendeu que o crime de homicídio não absorve o uso da arma de fogo de numeração raspada. HC 120.678/PR, Rei. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, 1® Turma, j. 24/02/2015. Obs.: Na decisão, baseada no caso concreto, a 1- Turma entendeu que os tipos penais consumaram-se em momentos distintos e que havia desígnios autônomos. Se, contudo, restasse comprovado que a arma de fogo foi tão somente o meio para praticar o homicídio, o princípio da consunção seria aplicado. INFORMATIVOS DO STJ Info. 535: O crime de sonegação fiscal absorve o de falsidade ideológica e o de uso de documento falso praticados posteriormente àquele unicamente para assegurar a evasão fiscal. EREsp 1.154.361/MG, Rei. Min. Laurita Vaz, 3^ Seção, j. 26/02/2014. Info. 562: O delito de estelionato não será absorvido pelo de roubo na hipótese em que o agente, dias após roubar um veículo e os objetos pessoais dos seus ocupantes, entre eles um talonário de cheques, visando obter vantagem ilícita, preenche uma de suas folhas e, diretamente na agência bancária, tenta sacar a quantia nela lançada. HC 309.939/SP, Rei. Min. Newton Trisotto (Desembargador convocado do TJ-SC), 5^ Turma, j. 28/04/2015. Info. 572: O Conselheiro do Tribunal de Contas Estadual que mantém sob sua guarda munição de arma de uso restrito não comete o crime do art. 16 da Lei 10.826/2003, pois estaria equiparado, por simetria constitucional, a magistrado (arts. 73, § 3-, e 75 da CF/88). APn 657/PB, Rei. Min. João Otávio de Noronha, Corte Especiai, j. 21/10/2015. Obs.: No julgado, a Corte Especial afirma que o art. 16 do Estatuto do Desarmamento é uma norma penal em branco, ante a necessidade de definição do que vem a ser arma de uso restrito. Essa definição é deixada pelos arts. 23 e 27 do Estatuto ao Poder Executivo (arts. 11 e 18 do Decreto 5.123/2004), que, por sua vez, remete à portaria do Comando do Exército a autorização para pessoas físicas ou jurídicas terem essa espécie de porte. 24 1. NOÇÕES GERAIS INFORMATIVOS DO STJ Info. 578: O exercício da acupuntura não configura o delito previstono art. 282 do CP. Este tipo penal é uma norma penal em branco e, por isso, deve ser complementado por lei ou ato normativo em geral, para que se discrimine e detalhe as atividades exclusivas de médico, dentista ou farmacêutico. Ausente complementação da norma penal em branco, o fato é atípico. RHC 66.641/SP, Rei. Min. Nefi Cordeiro, 6? Turma, j. 03/03/2016. Info. 582: Classifica-se como "droga" a substância apreendida que possua "canabinoides", ainda que naquela não haja tetrahidrocanabinol (THC). REsp 1.444.537/RS, Rei. Min. Rogério Schietti Cruz, Turma, J. 12/04/2016. Info. 587: Quando o falso se exaure no descaminho, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido, como crime-fim, condição que não se altera por ser menor a pena a este cominada. REsp 1.378.053/PR, Rei. Min. Nefi Cordeiro, 3^ Seção, j. 10/08/2016. Obs.: Recurso repetitivo. Info. 590: Ainda que alguns dos medicamentos e substâncias ilegais manipulados, prescritos, alterados ou comercializados contenham substâncias psicotrópicas capazes de causar dependência elencadas na Portaria n. 344/1998 da SVS/MS - o que, em princípio, caracterizaria o tráfico de drogas -, a conduta criminosa dirigida, desde o início da empreitada, numa sucessão de eventos e sob a fachada de uma farmácia, para a única finalidade de manter em depósito e vender ilegalmente produtos falsificados destinados a fins terapêuticos ou medicinais enseja condenação unicamente pelo crime descrito no art. 273 do CP- e não por este delito em concurso com o tráfico de drogas (art. 33, caput, da Lei de Drogas). REsp 1.537.773/SC, Rei. Min. Sebastião Reis Júnior, Rei. para acórdão Min. Rogério Schietti Cruz, 6? Turma, j. 16/08/2016. Obs.: O caso em análise retrata típica hipótese de conflito aparente de normas penais, a ser resolvido pelo critério da absorção (ou princípio da consunção). 25 O < o D Q O cr oc á -T^ . • * 1 -j. , ã'À Mf fjn .írf .•l". .. J rw 97' M %«Êk .. • Ih ^irtii. •f.t -íT IfjptWülk. . ^m. 'dst . •i.'! I*•'••'** • , #vMÍwí«*'4<_ JtWgtlff|ií^on> i .''THN ; na!^u^éki^kim .•'9l« '^/W •' .*•• '• ' .r,'i • ^ .J . .• . '••f! • f^. J 1-Íf^ '. l" aüfeib- 2. PROPOSTAS DOUTRINÁRIAS DIREITO PENAL OBJETIVO DIREITO PENAL SUBJETIVO É 0 conjunto de normas penais positivadas pelo Estado. É0 próprio ius puniendi (direito de punir do Estado). lUS PUNIENDI POSITIVO IUS PUNIENDI NEGATIVO É "o poder que tem o Estado não somente para criar os tipos penais, como também para executar suas decisões condenatórias"". Expresso na atribuição do STF de declarar a inconstitucionalidade de uma norma penal produzindo eficácia contra todos e efeito vinculante (art. 102, § 22 da CF/88)^ DIREITO PENAL DE EMERGÊNCIA DIREITO PENAL SIMBÓLICO DIREITO PENAL PROMOCIONAL Pretende proteger a sociedade da alta criminalidade através da hipertrofia do direito penal (aumento de crimes e de penas). 0 direito penal é usado para produzir a sensação de paz pública e a falsa impressão de que a criminalidade está sob controle. 0 Estado ubiiza o direito penal com um viés polítíco, como um instrumento de mudança. Exemplo: Lei de Crimes Hediondos. Exemplo: punição de Jogos de azar (art. 50 da LCP). Exemplo: Lei de Crimes Ambientais. 4 GRECO, Rogério (op. cit. p. 8). 5 Idem. Direito Penal em Tabelas - Parte Geral • Martina Correia l" - VELOCIDADES DO DIREITO PENAL' PRIMEIRA SEGUNDA TERCEIRA QUARTA Ênfase na pena Ênfase nas penas Conjugam-se Reiaciona-se ao privativa de alternativas. as velocidades: neopunitivismo liberdade. Relativização das aplicação de e à prática de Respeito às garantías clássicas. penas privativas crimes que lesam garantias Procedimento mais de liberdade e a humanidade. constitucionais célere e flexível. flexibilização de cometidos clássicas. garanbas. principalmente por Procedimento mais Chefes de Estado. lento. Incidência internacional'. DIREITO PENAL DO INIMIGO (GÜNTHER JAKOBS) A teoria encontra-se na terceira velocidade do direito penal. O Estado deve respeitar as garantias dos cidadãos. Contudo, há sujeitos que ameaçam a convivência em sociedade e violam o contrato social. Esses sujeitos, contumazes e nocivos, devem ser tratados como inimigos e, como tal, devem ser enfrentados e vencidos. Exemplo: o terrorista, o traficante de drogas, o membro de organização criminosa. Expressão do direito penal do autor (punição centrada na personalidade perigosa do agente). O combate ao "inimigo" envolve a supressão de diversas garantias processuais. Possíveis desdobramentos: a) Eliminação da ampla defesa e do direito de constituir defensor; b) Flexibilização de princípios; c) Mitigação do princípio da legalidade; d) Possibilidade de incomunicabilidade; e) Ênfase na periculosidade, e não na culpabilidade; 6 Teoria do espanhol Jesús-María Silva Sánchez. 7 Relaciona-se à quarta velocidade a criação do Tribunal Penal Internacional. 28 2. PROPOSTAS DOUTRINÁRIAS DIREITO PENAL DO INIMIGO (GÜNTHER JAKOBS) f) Penas substituídas por medidas de segurança; g) Punição de atos preparatórios; h) Excesso de cautelares; i) A tortura como meio de prova; j) Criação artificial de delitos; k) Execução penal mais rigorosa; I) Eliminação de direitos e garantias individuais. A Lei de Crimes Hediondos (Lei 8.072/90) flexibiliza algumas garantías processuais em detrimento de uma punição mais enérgica. DIREITO PENAL DO AUTOR DIREITO PENAL DO FATO Punição de uma pessoa em virtude de suas condições pessoais. Exemplo; direito penal na Alemanha nazista. Ênfase nas condutas tipificadas como crime. 0 direito penal brasileiro é do fato, e não do autor (ou, ao menos, pretende ser)®. "Alertamos, noentanto, que o nosso ordenamento penal, de forma legitima, adotou o Direito Penal do fato, mas que considera circunstâncias relacionadas ao autor, especificamente quando da aná lise da pena (personalidade, antecedentes criminais), corolário do mandamento constitucional da individualização da sançãopenal" (SANCHES CUNHA, Rogério. Manual de Direito Penal -Parte Geral, volume único. 3. ed. Salvador: Editora JusPodIvm, 2015, p. 80). 29 O < D D Q O o; UJ H a < Q. \. i . 1 . nt. r.i Ií;ii u, -r • r . • ..rij • í. ' ^Irtn ' -v- 3. FONTES DO DIREITO PENAL FONTE MATERIAL FONTE FORMAL Apenas a União pode legislar sobre Direito Penal (art. 22, 1, CF/88) e, excepcionalmente, os Estados'. IMEDIATA MEDIATA Lei. Costumes e princípios gerais. CONSTITUIÇÃO FEDERAL Enquanto cabe à lei criar tipos penais e suas funções (fonte formal imediata), a Constituição pode criar mandados de crlmlnalização, vinculando o legislador à proteção de determinados bens jurídicos. Exemplo: ao estabelecer que "a prática do racismo constitui crime inafiançável, imprescritível e sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei" (art. 5S, XLII da CF/88), o constituinte determinou a criminalização do racismo pelo legislador, o que ocorreu com a edição da Lei 8.072/90. TRATADOS INTERNACIONAIS Segundo o STF, "em matéria penal, prevalece o dogma da reserva constitucional de lei em sentido formal, pois a Constituição da República somente admite a lei Interna como única fonte formal e direta de regras de direito penal [...]. As convenções internacionais, como a Convenção de Palermo, não se qualificam, constitucionalmente, como fonte formal direta legitimadora da regulação normativa concernente à tipificação de crimes e à cominação de sanções penais"^". 9 O parágrafo único do art. 22 da CF/88diz: "Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo". 10 HC 121.835/PE, Rei. Min. Celso de Mello. 2^ Turma. j. 13/10/2015. Direito Penal em Tabelas - Parte Geral • Martina Correia COSTUME INCRIMINADOR »9 COSTUME ABOLICIONISTA COSTUME INTERPRETATIVO Proibido. Apenas a lei pode criar crimes e cominar penas. Proibido, embora haja divergências". Permitido. Exemplo: o horário que se entende por "repouso noturno"" tem sido delimitado de acordo com0 costume. 11 12 Adespeito de opiniões contrárias, o STJ decidiu que manter casa de prostituição (art. 229 do CP) é crime que deve ser punido (HC 99.144/RJ, Rei. Min. Og Fernandes, 65 Turma, j. 04/11/2008). No mesmo sentido, o jogo do bicho continua sendo típico enquanto não for revogado por outra lei. O costume não pode revogar a lei penal. Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 19 A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno. 32 fT' 4. INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL FORMAS DE INTERPRETAÇÃO 1. AUTÊNTICA OU LEGISLATIVA; ORIGEM 2. DOUTRINÁRIA; 3. JURISPRUDENCIAL. 1. GRAMATICAL; 2. TELEOLÓGICA; MODO 3. HISTÓRICA; 4. SISTEMÁTICA, 1. DECLARATIVA; RESULTADO 2. RESTRITIVA; 3. EXTENSIVA. 33 'tj Direito Penai em Tabelas - Parte Geral • Martina Correia INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA ANALOGIA Há lei criada para o caso. Há lei criada para o caso. Não há lei criada para o caso. Ampliação de um conceito legal nos casos em que a lei diz menos do que pretendia {iex minus dixit quam voluit). Não há criação de nova norma. Ampliação de um conceito legal quando há o encerramento do texto de forma genérica, permitindo alcançar outras hipóteses além dos exemplos apresentados. Interpretação intra legem. Criação de uma nova norma a partir de outra (analogia legis) ou de princípio geral do direito (analogia júris). É forma de Integração", não interpretação. Exemplo: no caso do roubo majorado pelo emprego de "arma" (art. 157, § 2S, II), 0 que se entende por "arma"? Com a interpretação extensiva, fixa-se seu alcance (revólver, faca de cozinha, lâmina de barbear, caco de vidro etc). Exemplo: o homicídio é qualificado se é cometido "mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe" (art. 121, § 2°, 1). No caso, "mediante paga promessa" é um exemplo de "motivo torpe" (fórmula genérica). Exemplo: o art. 181, 1, isenta de pena quem comete o crime em prejuízo do cônjuge. Através da analogia, pode- se incluir 0 companheiro no conceito de cônjuge. 13 Art. 4S do Decreto-Lei 4,657/42: Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. 34 4. INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA A corrente majoritária entende que é admitida. Segundo o STF, "a interpretação extensiva no direito penal é vedada apenas naquelas situações em que se identifica um desvirtuamento na mens legis"". Nesse sentido, a interpretação extensiva apenas revelaria a intenção do legislador, sem acrescentar demais elementos. Por conseguinte, "o princípio da estreita legalidade impede a interpretação extensiva para ampliar o objeto descrito na lei penal"'^ Não obstante, o STJ, recentemente, decidiu que a injúria racial deve ser considerada imprescritível por também traduzir preconceito de cor, assim como o racismo. No caso, parece que o STJ fez interpretação extensiva contra o réu''. ANALOGIA //V BONAM PARTEM ANALOGIA IN MALAM PARTEM Analogia benéfica ao acusado. É permitida e recomendada". Analogia que prejudica o acusado. É vedada em virtude do princípio da reserva legal". Exemplo: uma menina de 12 anos foi estuprada (estupro de vulnerável) e engravidou. A lei não diz nada sobre ser possível o aborto, mas o art. 128, II, autoriza a interrupção da gravidez resultante de estupro, sem mencionar 0 estupro de vulnerável. A autorização valerá para o caso. Exemplo: no crime de homicídio culposo na direção de veículo automotor, há uma causa de aumento relativa ao agente que não possui CNH (art. 302, § 15, 1do CTB). Não se pode, por analogia, incluir no rol das circunstâncias que agravam a pena o fato de 0 agente portar CNH vencida". 14 RHC 106.481/IVIS, Rei. Min. Cármen Lúcia, 1^ Turma, j. 08/02/2011. 15 STJ, REsp 475.315/DF, Rei. Min. CelsoLimongi (des. convocado), 6- Turma, j. 22/02/2010. 16 AgRg no AREsp 68696B/DF, Rei. Min. Ericson Maranho (des. convocado do TJ/SP), 6^ Turma, j. 18/08/2015. 17 Apenas as leis excepcionais não admitem analogia. 18 STF, HC97.261/RS, Rei. Min. Joaquim Barbosa, 2? Turma. j. 12/04/2011. 19 STJ, HC 226.128/TO, Rei. Min. Rogério Schietti Cruz, 08 Turma, j. 07/04/2015. 35 O '< o D Q O a o: á Direito Penal em Tabelas - Parte Geral • Martina Correia INFORMATIVOS DO STJ Info. 567: O crime de dano não será qualificado (art. 163, parágrafo único, III) pelo fato de ser praticado contra o patrimônio da Caixa Econômica Federal (CEF). RHC 57.544/SP, Rei. Min. Leopoldo de Arruda Raposo (Desembargador convocado do TJ-PE), S- Turma, j. 06/08/2015. Obs.: O crime é qualificado se é cometido "contra o patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista" (art. 163, parágrafo único, III). Não estão incluídas no rol as empresas públicas, como a CEF. Incabível, portanto, a analogia In matam partem. 36 5. PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO PENAL PRINCÍPIO DA LEGALIDADE Cláusula pétrea (art. 59, XXXIX da CF/88) e pilar do Estado de Direito; "não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal". O dispositivo conjuga dois princípios: ANTERIORIDADE + RESERVA LEGAL'". A "lei anterior" deve ser compreendida como LEI ORDINÁRIA e LEI COMPLEMENTAR (lei em sentido estrito). O princípio abrange infrações penais (crimes e contravenções) e sanções penais (penas e medidas de segurança). É vedada a criação de crimes e penas por lei delegada e resoluções. É vedada a edição de medidas provisórias sobre direito penal (art. 62, § 19, I, b da CF/88). Embora não possam criar crime, o STF entende que podem beneficiar o agente-'. Exigência de tipos penais escritos, claros, precisos e determinados: a lei deve ser taxativa quanto ao conteúdo do tipo e quanto à sanção a ser aplicada. Como decorrência, o princípio veda a retroatividade maléfica da lei penal, o costume incriminador e a analogia In matam partem. A norma penal em branco" e o tipo aberto", desde que suficientemente determinados, são admibdos. 20 Parte da doutrina entende que o termo "legalidade" é incorreto, porquese referea quaisquer das espécies do art. 59daCF/88, o queincluiria, porexemplo, medidas provisórias e leis delegadas. Mais correto, portanto, o termo"reserva legal", quese refere somente às leis ordinárias e complementa- res. 21 RHC 117.556/SP. Rei. Min. Luiz Fux, 1^ Turma, j. 24/09/2013. 22 Vide tópico 1. NOÇÕES GERAIS. 23 Vide tópico 10.1 O TIPO PENAL. 37 Direito Penal em Tabelas - Parte Geral • Martina Correia PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO PENAL INTERVENÇÃO MÍNIMA 0 direito penai só deve interferir quando os outros ramos do direito não tutelarem devidamente os bens jurídicos mais importantes e necessários à vida em sociedade", constituindo-se na última etapa de proteção de tais bens. 0 direito penal deve ser subsidiário [ultima ratio, executor de reserva) e fragmentário {proteger apenas os bens jurídicos mais importantes eem j casos de lesão de maior gravidade). OFENSIVIDADE OU LESIVIDADE Só existe crime quando há efetiva lesão ou o perigo de lesão ao bem jurídico. Por isso, é proibida a criminalização de atitudes internas, de estados ., existenciais, de condutas que se esgotem no âmbito do próprio autor ou de qualquer conduta que não afete nenhum bem jurídico. 0 principio relaciona-se (ou até mesmo confunde-se) com 0 princípio da exteriorização ou materialização do fato. ALTERIDADE 0 sujeito não pode ser punido por causar mal a si próprio. Exemplos: autoiesão e tentativa de suicídio. EXCLUSIVA PROTEÇÃO DO BEM JURÍDICO 0 direito penal deve preocupar-se com bens jurídicos dignos de proteção consagrados na CF/88, e não com questões de ordem ética, moral, ideológica, religiosa etc. ADEQUAÇÃO SOCIAL 0 direito penai não deve criminalizar condutas consideradas adequadas pela sociedade (sentimento social de justiça). 0 princípio é um norte ao legislador nacriminalização de condutas e na revogação de tipos penais. 24 GRECO, Rogério (op. cit. p. 97), 38 5. PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO PENAL princípios gerais do direito penal INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA VEDAÇÃO DO BIS INIDEM RESPONSABILIDADE PESSOAL OU INTRANSCENDÊNCIA RESPONSABILIDADE PENAL SUBJETIVA LIMITAÇÃO DAS PENAS Princípio constitucional (art. 5-, XLVI) a ser observado em 3 momentos: 1) Cominacão: o legislador valora os bens que devem ser protegidos pelo direito penal. 2) Aplicação da pena: o juiz deve fixá-la de acordo com o critério trifásico estabelecido no CP. 3) Execução penal: os condenados serão classificados, segundo os seus antecedentes e personalidade, para orientar a individualizaçâo da execução penal (art. 52 da Lei 7.210/84). Uma pessoa não pode ser processada, condenada ou executada duas vezes pelo mesmo fato. Princípio constitucional (art. 52, XLV") segundo o qual cada um responde pelo que praticou: apenas o condenado deve submeter-se à aplicação da pena. A multa é um tipo de pena, logo, não deve passar da pessoa do condenado. Como a obrigação de reparar o dano é civil, os sucessores podem responder até as forças da herança. Quanto ao confisco (art. 52, XLV, CF/88), este não é pena, mas efeito da condenação. Não existe responsabilidade penal sem dolo ou culpa, elementos subjetivos da conduta. É vedada a responsabilidade penal objetiva". Deriva da dignidade da pessoa humana. Não haverá penas de morte (salvo em casos de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX); de caráter perpétuo; de trabalhos forçados; de banimento e cruéis (art. 52, XLVII). 25 Éo textodo dispositivo: "nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimentode bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucesso res e contra eles executada, até o limite do valor do patrimônio transferido" 26 OCP admite a responsabilidade objetiva emalguns casos: rixa qualificada (art.137, parágrafo único) e nocasodas infrações praticadas em estado de embriaguez voluntária ouculposa (actio libera incausa). 39 Direito Penal em Tabelas - Parte Geral • Martina Correia PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO PENAL PRESUNÇÃO DE NÃO CULPA OU DE INOCÊNCIA Princípio constitucional (art. 52, LVll) segundo 0 qual "ninguém será considerado culpado até 0 trânsito em julgado de sentença penal condenatória". PROPORCIONALIDADE Deve ser feito um juízo de ponderação sobre 0 que agente fez e a pena que cumprirá, para que a resposta penal seja justa. Pode ser uma proibição ao excesso ou uma proibição de proteção insuficiente aos bens jurídicos. INFORMATIVOS DO STJ Info. 559: É Inconstitucional o preceito secundário do art. 273, § Is-B, V, do CP - "reclusão, de 10 a 15 anos, e multa" devendo-se considerar, no cálculo da reprimenda, a pena prevista no caput do art. 33 da Lei de Drogas, com possibilidade de incidência da causa de diminuição de pena do respectivo § 42. Al no HC 239.363/PR, Rei. Min. Sebastião Reis Júnior, Corte Especial, j. 26/02/2015. Obs.: ACorte Especial, com fundamento nos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, entendeu que a pena do dispositivo é exagerada. Embora o Plenário do STF não tenha se manifestado sobre o tema, há decisões em sentido contrário das Turmas (RE 829.226 AgR, j. 10/02/2015). Info 569: O agente que, numa primeira ação penal, tenha sido condenado pela prática de crime de roubo contra uma instituição bancária não poderá ser, numa segunda ação penal, condenado por crime de roubo supostamente cometido contra o gerente do banco no mesmo contexto fático considerado na primeira ação penal, ainda que a conduta referente a este suposto roubo contra o gerente não tenha sido sequer levada ao conhecimento do juízo da primeira ação penal, vindo à tona somente no segundo processo. HC 285.589/MG, Rei. Min. Felix Fischer, 5^ Turma, j. 04/08/2015. Obs.: A decisão trata do bis in idem. 40 6. LEI PENAL NO TEMPO TEORIAS - LEI PENAL NO TEMPO ATIVIDADE RESULTADO UBIQÜIDADE Considera-se praticado 0 crime no momento da CONDUTA. • Art. 42. Considera- se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resuitado. Considera-se praticado 0 crime no momento do resultado. Aplica-se à prescrição (data da consumação - art. 111, 1). Considera-se praticado 0 crime no momento da conduta ou do resultado. Para memorizar as teorias aplicadas na lei penal no tempo e no espaço: LUTA (Lugar = Ubiqüidade; Tempo = Atividade). . EXTRA-ATIVIDADE DA LEI PENAL RETROATIVIDADE ULTRA-ATIVIDADE Ocorre quando a lei alcança fatos ocorridos antes da sua entrada em vigor. Ocorre quando a lei é revogada e continua a regular fatos que ocorreram enquanto estava vigente. Pressupõem sucessão de leis no tempo e só podem agir em benefício do réu, salvo no caso da lei temporária ou excepcional. ABOLITIO CRIMINIS E LEX MITIOR NOVATIO LEGIS INCRIMINADORA E LEX GRAVIOR Por serem benéficas ao agente, são dotadas de retroatividade e ultra- atividade. Por serem maléficas ao agente, aplicam- se apenas a fatos posteriores à sua entrada em vigor. 41 Direito Penal em Tabelas - Parte Gerai • Martina Correia LEI AO TEMPO DA CONDUTA VERSUS LEI POSTERIOR 1. A lei ao tempo da conduta tipifica o fato e a lei posterior torna o fato atípico Abolitío criminis. A lei posterior retroage para alcançar os fatos praticados na vigência da lei anterior. 2. A lei ao tempo da conduta não tipifica o fato e a lei posterior torna o fato típico ^ Novatio legis incriminadora. A lei ao tempo da conduta é ultra-ativa e continua a regular os fatos praticados durante a sua vigência. 3. O fato já era típico ao tempo da conduta e lei posterior confere tratamento mais benéfico ao agente ^ Lex mitíor ou novatío legis in melllus. A lei posterior retroage para alcançar os fatos praticados na vigência da lei anterior. 4. O fato já era típico ao tempo da conduta e lei posterior confere um tratamento mais rigoroso ao agente. Lex gravior ou novatío legis in pejus. A lei ao tempo da conduta é ultra-ativa e contínua a regular os fatos praticados durante sua vigência. abolitío criminis e lex mitior • Art. 2s. Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitospenais da sentença condenatória". Parágrafo único. Alei posterior, que dequalquer modo favorecer o agente, apiica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. Por serem mais benéficas, não respeitam a coisa julgada. Havendo dúvida sobre qual seria a mais benéfica no caso concreto, deve ser consultado o acusado. LEX MITIOR E TRÂNSITO EM JULGADO • Súmula 611 do STF; transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juiz da execução a aplicação de lei mais benigna. Asumula aplica-se apenas aos casos em que a aplicação da lei nova depende de mero cálculo matemático. Contudo, se for necessário juízo de mérito para a aplicação da lei penal mais favorável, o interessado deverá ajuizar revisão criminal para desconstituir o trânsito em julgado e aplicar a lei nova^®. 27 Vide tópico30. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. 28 SANCHES CUNHA, Rogério, Manual de Direito Penal, 3. ed., cit., p. 105. 42 6. LEI PENAL NO TEMPO COMBINAÇÃO DE LEIS E LEX TERTIA A antiga Lei de Drogas (Lei 6.368/76) previa a pena de 3 a 15 anos de prisão para o crime de tráfico de drogas. A pena era mais branda, mas não havia possibilidade de diminuição de pena. A Lei de Drogas (Lei 11.343/06) comina a pena de 5 a 15 anos para o crime de tráfico. A pena é mais severa, mas há possibilidade de diminuição de 1/6 a 2/3 nos casos do § 4S do art. 33 ("tráfico privilegiado"). Havendo conflito de leis no tempo, é possível a combinação de leis (3 a 15 anos + diminuição de 1/6 a 2/3)? Não, aplica-se a teoria da ponderação unitária. • Súmula 501 do STJ: é cabível a aplicação retroativa da lei 11.343/06, desde que o resultado da incidência das suas disposições, naíntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei 6.368/76, sendo vedada a combinação de leis. No mesmo sentido, o STF" decidiu em sede de repercussão geral. Não obstante, ainda há corrente minoritária e julgados antigos do STF e STJ que admitem a combinação de leis. LEi POSTERIOR BENÉFICA E VACATIO LEGI5 is CORRENTE 23 CORRENTE Durante o período de vacatío legis, a lei ainda não entrou em vigor e não pode ser aplicada". Majoritária. Embora a lei ainda não esteja vigente, é possível aplicá-la em respeito ao princípio constitucional da benignidade". ABOLITIO CRIMINI5 CONTINUIDADE TÍPICO-NORMATIVA 0 crime é revogado formal e materialmente. 0 crime é revogado formalmente, mas não materialmente. 0 fato não é mais punível (ocorre extinção da punibiiidade —art. 107, 111). 0 fato continua sendo punível (a conduta criminosa é deslocada para outro tipo penal). Exemplo: houve abolitío críminis do crime de adultério (era punido no art. 240 do CP e não é mais proibido pelo ordenamento). Exemplo; o crime de atentado violento ao pudor passou a ser tipificado no art. 213, em conjunto com o crime de estupro (Lei 12.015/2009)". 29 RE 600.817/MS, Rei. Min. Ricardo Lewandowski, Plenário, j. 07/11/2013. 30 NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. São Paulo: RT, 2009. p. 47. 31 FRANCO, Albertoda Silva. Comentários ao Código Penale sua jurisprudência. 5. ed. São Paulo;RT, 1995. p. 47. 32 STJ, REsp 1.320.924/MG, Min. Rogério Schietti Cruz, 6§ Turma, j. 29/08/2016. 43 O •< o 3 Q O a Ul H C£ < O. Direito Penal em Tabelas - Parte Geral • Martina Correia !f LEI INTERMEDIÁRIA U. Lei A (tempo da conduta). Lei B Lei C (tempo da sentença).Pode ser aplicada se for mais benéfica que as Leis A e C". VACATIO LEGIS INDIRETA E ABOLITIO CRIMINI5 TEMPORÁRIA • Súmula 513 do STJ: a abolitio críminis temporária prevista na Lei n. 10.826/2003 aplica-se ao crime de posse de arma de fogo de uso permitido com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado, praticado somente até 23/10/2005. Assim, durante o prazo estipulado pelo (de 23.12.2003 até 23.10.2005 - prazo de vacatio legis indireta), verificou-se a abolitio críminis temporária em relação aos crimes previstos nos arts. 12 e 16 da Lei 10.826/03 (posse de arma de fogo de uso permitido e restrito). LEI TEMPORÁRIA LEI EXCEPCIONAL 0 texto da lei indica o seu tempo de vigência. Exemplo: a Lei Xestabelece qúe sua vigência durará de 01/05/2017 até 01/06/2017. A temporariedade deve-se a situações específicas. Exemplo: a vigência da Lei Y se inicia no dia 04/05/2017 e perdurará até o fim de uma guerra ou catástrofe. 5ão "leis intermitentes". • Art. 3S. A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, apiica-se ao fato praticado durante sua vigência. 5ão ultra-ativas. Em regra, a posterior autorrevogação não caracteriza abolitio críminis em relação aos fatos ocorridos durante a vigência da lei temporária ou excepcional. Exemplo: a Lei 12.663/2012 (lei temporária) tipifica condutas no contexto das Copa das Confederações 2013 e Copa do Mundo FIFA 2014, com vigência até 31.12.2014. 33 STF, RE 418.876/MT, Rei. Min. SepúlvedaPertence, 1® Turma. j. 30/03/2004. 44 6. LEI PENAL NO TEMPO ABOLITIO CRIMINIS E EFEITOS DA CONDENAÇÃO" A abolitío criminis opera a extinção da punibilidade (art. 107, III) e apaga os efeitos penais da condenação. Logo, se o agente cometer outro crime, não será considerado reincidente. Todavia, subsistem os efeitos extrapenais. Exemplo: obrigação de indenizar o dano causado pelo crime (art. 91, I). CRIMES PERMANENTES E CONTINUADOS • Súmula 711 do STF: a lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. Situação 1 O agente iniciou a prática do crime de extorsão mediante seqüestro (art. 159) enquanto estava vigente a Lei A. Quando a vítima foi libertada, há pouco tempo estava vigente a Lei B, que dobrava a pena pelo crime {lex gravior). Embora a Lei A (tempo da conduta) seja mais benéfica, deve ser aplicada a Lei B porque sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. Aplica-se a súmula 711 do STF. Situação 2 O agente começou a praticar o crime de extorsão mediante seqüestro (art. 159) enquanto estava vigente a Lei X. Quando a víbma foi libertada, há pouco tempo estava vigente a Lei Y, que diminuía a pena do crime pela metade {novatio legis In meilius). No caso, o conflito de leis é resolvido com as regras gerais de direito penal: por ser mais benéfica, deve ser aplicada a Lei Y. INFORMATIVOS DO STJ Info. 543: O condenado por estupro e atentado violento ao pudor, praticados no mesmo contexto fático e contra a mesma vítima, tem direito à aplicação retroativa da Lei 12.015/2009, de modo a ser reconhecida a ocorrência de crime único, devendo a prática de ato libidinoso diverso da conjunção carnal ser valorada na aplicação da pena-base referente ao crime de estupro. HC 212.305/DF, Rei. Min. Marilza Maynard (Desembargadora Convocada do TJ/SE), 6- Turma, j. 24/04/2014. 34 Videtópicos 27. EFEITOS DA CONDENAÇÃO e 30. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. 45 7. LEI PENAL NO ESPAÇO TEORIAS - LEI PENAL NO ESPAÇO ATIVIDADE RESULTADO UBIQÜIDADE Considera-se praticado o crime no local da conduta. Considera-se praticado o crime no local da consumação. Considera-se praticado o crime tanto no lugar da CONDUTA quanto no da CONSUMAÇÃO. • Art. 6° Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. Para memorizar as teorias aplicadas na lei penal no tempo e no espaço: LUTA (Luear = Ubiqüidade; Tempo = Atividade). EXCEÇÕES À TEORIA DA UBIQÜIDADE CRIMES CONEXOS (teoria da atividade). CRIMES CONTRA A VIDA (teoria da atividade). INFRAÇÕES DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO (teoria da atividade). ATOS INFRACIONAIS (teoria da atividade). CRIMES FALIMENTARES (será competente o foro do local em que foi decretada a falência, concedida a recuperação judicial ou homologado o plano de recuperação extrajudicial - art. 183 da Lei 11.101/05). CRIMES PLURILOCAIS* CRIMES MILITARES** Direito Penal em Tabelas - Parte Geral • Martina Correia *CRIMES À DISTÂNCIA E CRIMES PLURILOCAIS (ARI. 69 DO CP XARI. 70 DO CPP) • Art. 69. Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. Art. 70 do CPP. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado 0 último ato de execução. Teoria da UBIQÜIDADE. Teoria do RESULTADO. 0 dispositivo aplica-se a crimes que envolvem o território de dois ou mais países, ou seja, conflitos internacionais de jurisdição. 0 dispositivo aplica-se a crimes que envolvem duas ou mais comarcas dentro do Brasil, ou seja, conflitos internos de competência local. Nos CRiMES À DiSTÂNCIA (ou crimes de espaço máximo), a prática do delito envolve o território de dois ou mais países. Exemplo: a droga é transportada de San Matias (Bolívia) até Cáceres/MT (Brasil). Nos CRIMES PLURILOCAIS, a prática do delito envolve duas ou mais comarcas/ seções judiciárias dentro do mesmo país. Exemplo: a droga é transportada de São Paulo até o Rio de Janeiro. 'r- **CRIMES MILiTARES COMiSSIVOS OMISSIVOS UBIQÜIDADE (local da conduta ou do resultado). ATIVIDADE (onde deveria realizar-se a ação). 48 7. LEI PENAL NO ESPAÇO PRINCÍPIOS APLICÁVEIS Na territorialidade, o rrime é rnmeHdn nn Rra<:il e aplira-<;e a lei brasileira. Na extraterritorialidade. o rrime é rometirin nn pctrangoim o aplira-co a Ipí brasileira. Na intraterritorialidade o rrime e rnmetídn nn Rracil o apiira-c^p ^ l^i pctrangpira^s. TERRITORIALIDADE •A/t. 52. Aplica-se a lei brasiieira, sem prejuizo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacionai. 0 CP adota o princípio da territorialidade mitigada (comporta exceções - "sem prejuizo de [..•]")• PERSONALIDADE OU NACIONALIDADE ATIVA • Art. 72. Ficam sujeitos à iei brasiieira, embora cometidos no estrangeiro: i, d -Os crimes de genocidio, quando 0 agente for brasiieiro [...]; II, b - Os crimes praticados por brasiieiro. PERSONALIDADE OU NACIONALIDADE PASSIVA • Art. 72. Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro; § 3^ A lei brasiieira apiica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasii, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior. DOMICÍLIO • Art. 72. Ficam sujeitos à iei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: 1, d - Os crimes de genocidio, quando 0 agente for [...] domiciliado no Brasil; JUSTIÇA UNIVERSAL OU COSMOPOLITA • Art. 72. Ficam sujeitos à iei brasiieira, embora cometidos no estrangeiro: II, a - Os crimes que, por tratado ou convenção, 0 Brasil se obrigou a reprimir. 35 Exemplos de intraterritorialidade: imunidade diplomática e crimes a serem julgados pelo Tribunal Penal Internacional. 49 O < a D Q O (X H- Z 111 H a < o. Direito Penal em Tabelas - Parte Gerai • Martina Correia PRINCIPIO REAL OU DA DEFESA representação OU BANDEIRA PRINCÍPIOS APLICÁVEIS • Art. 75. Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: I, a - A vida ou a liberdade do Presidente da República; I, b - O patrimônio ou a fé pública^^ da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; I, c - A administração pública, por quem está a seu serviço. • Art. 7°. Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cametidos no estrangeiro: il, c - Os crimes praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. 36 "Os crimes apurados foram supostamente cometidos por estrangeiro perante o Consulado-Geral do Brasil em Xangai, na China, tratando-se, portanto, de crimes contra a fé pública nacional" (STJ, CC 122.119/DF, Min. Marco Aurélio Beiiizze, 3- Seção, j. 27/06/2012). 50 7. LEI PENAL NO ESPAÇO EXTENSÃO DO TERRITÓRIO NACIONAL" • Art. 52, § Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quese achem, ! respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. j § 2^ É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso 1 no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto i ou mar territorial do Brasil. Atenção: embora as embaixadas sejam invioláveis, não são consideradas extensão do território representado EMBARCAÇÕES E AERONAVES... SERÁ APLICADA A LEI BRASILEIRA... Brasileiras, públicas ou a serviço do governo brasileiro Onde quer que se encontrem Brasileiras, mercantes ou particulares Em alto-mar ou no espaço aéreo correspondente (extensão do território brasileiro - "lei da bandeira"). Estrangeiras privadas Em território brasileiro (são estrangeiras, mas quando estão no território brasileiro aplica-se a lei brasileira). DIREITO DE PASSAGEM INOCENTE O art. 3® da Lei 8.517/39 prevê o direito de passagem inocente: é reconhecido aos navios de todas as nacionalidades o direito de passagem inocente no mar territorial brasileiro. Contudo, a passagem será considerada inocente desde que não seja prejudicial à paz, à boa ordem ou à segurança do Brasil, devendo ser contínua e rápida (§ 1®)- 37 SANCHES CUNHA, Rogério. Código Penal para Concursos. 9. ed.Salvador: Editora JusPodIvm, 2016, p. 34. 51 O < t> D Q O cr lU 1- K < O. Direito Penal em Tabelas - Parte Geral • Martina Correia HIPÓTESES DE EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA • Art. 72. Ficam sujeitos à iei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: I - Os crimes: a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federai, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; d) de genocídio, quando o agente for brasileiro oudomiciliado no Brasil; [...]. • Art. 72, § 19, Nos casos do inciso i, o agente é punido segundo a leibrasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. • Art. 89. Apena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelomesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. Obs.: o art. 29 da Lei de Tortura prevê outro caso de extraterritorialldade incondldonada'®. CONDICIONADA • Art. 75. Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: II - Os crimes: a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; b) praticados por brasileiro; c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. Além desses, acrescente-se os crimes praticados por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil (HIPERCONDICIONADA - próxima tabela). • Art. 72, § 19. Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: a) entrar o agente no território nacional; b) ser o fato punívei também no país em que foi praticado; c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter ai cumprido a pena; e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibiiidade, segundo a iei mais favorável. 38 Art. 29da Lei 9.455/1997: O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido co metido em território nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira. 52 7. LEI PENAL NO ESPAÇO HIPÓTESES DE EXTRATERRÍTORIALIDADE HIPERCONDICIONADA • Art. 72, § 35. A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior; a) Não foi pedida ou foi negada a extradição; b) Houve requisição do Ministro da Justiça. Acrescente-se as condições gerais (extraterritorialidade condicionada). 53 o < o D Q O cc 111 H a < Q. 8. DISPOSIÇÕES FINAIS EFICÁCIA DA SENTENÇA PENAL ESTRANGEIRA • Ari. 95. A sentença estrangeira, quando a aplicação da iei brasileira produz na espécie as mesmas conseqüências, pode ser homologada no Brasil para: I - Obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis; Parágrafo único. A homologação depende; a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada; II - Sujeitá-lo a medida de segurança. Parágrafo único. A homologação depende: b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade Judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça. I Súmula 420 do STF: não se homologa sentença proferida no estrangeiro sem prova do trânsito em julgado. Compete ao STJ a homologação de sentenças estrangeiras (art. 105, I, / da CF/88). A sentença estrangeira homologada é um título executivo judicial (art. 515, VIII do CPC). FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS DA PENA • Art. 11. Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações decruzeiro. Direito Penal em Tabelas - Parte Geral • Martina Correia LEGISLAÇÃO ESPECIAL • Art. 12. As regras gerais deste Código aplicam-se aosfatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso. PENAL PROCESSO PENAL CONTAGEM DE PRAZOS • Art. 10. Odia do começo inciui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. Exemplo: se o prazo é de 5 dias e inicia-se no dia 10, terminará no dia 14. Soma-se o número de dias e retira-se um dia: dia 10 + 5 dias = 15 (logo, vence no dia 14). O prazo é fatal e improrrogável: pode ter início e vencimento em dia não útil (sem expediente forense). Exemplos: prescrição, decadência, contagem da pena e da prisão (prazos relacionados ao jus puniendi). Todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e peremptórios, não se interrompendo por férias, domingo ou dia feriado" (art. 798 do CPP). Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, porém, o do vencimento (§ l^)". Exemplo: se o prazo é de 5 dias e inicia-se no dia 1®, terminará no dia 6 (o primeiro dia será o dia 02). Não se iniciam nem vencem em dia não útil (sem expediente forense). Exemplos: prazos para interpor recursos, para o oferecimento de denúncia, para a conclusão do inquérito policial. 56 PARTE 2 TEORIA GERAL DO CRIME 9. o CRIME INFRAÇÕES PENAIS (GÊNERO) CRIMES OU DELITOS A lei comina pena de RECLUSÃO ou de DETENÇÃO, quer isoladamente, quer cumulativamente com a pena de MULTA (art. 1? da LICP). Admitem extraterritorialidade. A tentativa é punível. Podem ser dolosos, culposos ou preterdolosos. Erro de tipo e de proibição. No máximo 30 anos de cumprimento da pena. O período de prova do sursis é de 2 a 4 anos ou 4 a 6 anos. O prazo mínimo das medidas de segurança é de 1 a 3 anos. Ação penal pública, incondicionada ou condicionada, ou ação penal privada. Pode ser Imposta prisão preventiva. CONTRAVENÇÕES A lei comina, isoladamente, pena de PRISÃO SIMPLES ou MULTA, ou ambas, alternabva e cumulativamente (art. 15 da LICP). Só admitem territorialidade. A tentativa não é punível. Basta a ação ou omissão voluntária. Ignorância ou errada compreensão da lei, se escusáveis. No máximo 5 anos de cumprimento da pena. O periodo de prova do sursis é de 1 a 3 anos. O prazo mínimo das medidas de segurança é de 6 meses. Ação penal pública incondicionada. Não pode ser imposta prisão preventiva. Direito Penal em Tabelas - Parte Gerai • Martina Correia Kl CONCEITO DE CRIMES E ART. 28 DA LEI DE DROGAS Problema: as penas constantes do art. 28 da Lei 11.343/06' não trazem a privação da liberdade, requisito que caracteriza o crime de acordo com o art. 1? da LICP. Após intenso debate doutrinário sobre a natureza jurídica do art. 28, o STF entendeu que a norma contida no art. 12 do LICP - que, por cuidar de matéria penal, foi recebida pela CF/88 como de legislação ordinária - limita-se a estabelecer um critério que permite distinguir quando se está diante de um crime ou de uma contravenção. Nada Impede, contudo, que lei ordinária superveniente adote outros critérios gerais de distinção, ou estabeleça para determinado crime - como o fez o art. 28 da Lei 11.343/06 - pena diversa da "privação ou restrição da liberdade", a qual constitui somente uma das opções constitucionais passíveis de serem adotadas pela "lei" {CF/88, art. 52, XLVI e XLVIljC Por fim, o STF concluiu pela ocorrência da "despenalização", entendida como exclusão, para o tipo penal, das penas privativas de liberdade. A conduta, frise-se, continua criminosa. Rechaçou, portanto, as teses de abolitio críminis ou de que o art. 28 configuraria infração penal sui generis. O STJ seguiu a mesma orientação'. 1 CONCEITO DE CRIME material LEGAL ANALÍTICO Crime é uma ação ou omissão que viola os bens jurídicos mais Importantes. Enfatiza a relevância jurídico-penai do mal causado e reafirma o princípio da intervenção mínima. Crime é "a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa Í...1" (art. 12 da LICP). Crime é um fato típico, ilícito e praticado por agente culpável (teoria tripartite - adotada) ou um fato típico e ilícito (teoria bipartite - considera a culpabilidade como pressuposto de aplicação da pena). Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: I- Advertência sobreosefeitos dasdrogas; II - Prestação de serviços à comunidade; III - Medida educativade comparecimento a programa ou cursoeducativo. § 12 As mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas è preparação de pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica. RE 430.105 QO/RJ, Rei. Min. Sepúlveda Pertence, 12 Turma. j. 13/02/2007. REsp 862.758/MG, Rei. Min. Laurita Vaz, 5? Turma. j. 26/06/2007. 60 9. O CRIME CRIME (TEORIA TRIPARTITE) FATO TÍPICO ILÍCITO CULPÁVEL É composto pelos elementos abaixo: É a contrariedade entre a conduta praticada e o ordenamento jurídico. É 0 juízo de reprovação que se faz sobre a conduta ilícita do agente. 1) Conduta; 2) Resultado; 3) Nexo causai; 4) Tipicídade. 0 agente não atua em: - Estado de necessidade; - Legítima defesa; - Estrito cumprimento de dever legal; - Exercício regular de direito. 1) Imputabilidade; 2) Potencial consciência sobre a ilicitude do fato; 3) Exigibilidade de conduta diversa. O CÓDIGO PENAL ADOTOU QUAL TEORIA? BIPARTITE Para parte da doutrina"', o CP adotou a teoria bipartida (crime = fato típico e ilícito). Sem ilicitude, "não há crime" (art. 23). Contudo, diante das causas de exclusão da culpabilidade, o agente é "isento de pena" (art. 26 e 28, § l^), o que insinua que a culpabilidade é apenas um pressuposto de aplicação da pena. TRIPARTITE Outra corrente entende que o fato de o CP ter utilizado a expressão "isento de pena" (art. 26 e 28, § 1®) não significa que foi adotada a concepção bipartida. Isto porque "todos os elementos que compõem o conceito analítico do crime são pressupostos para a aplicação da pena, e não somente a culpabilidade É a corrente adotada nesta obra, conforme a tabela anterior. MASSON, Cleber. Direito penalesquemotizado-Parte Gera\. Vol. 1.7.ed. Rio deJaneiro: Forense; São Paulo: Método, 2013. p. 183. Nomesmo sentido: Damàsiode Jesus, Fernando Capez,Celso Delman- to, Renê Ariel Dotti, Júlio Fabbrini Mirabete, Celso Delmanto dentre outros. GRECO, Rogério. Curso de Direito Penai - Parte Geral. Vol. 1. 17. ed. Riode Janeiro: impetus, 2015. p. 199. No mesmo senbdo: Cezar Bitencourt, Edgard Magalhães Noronha, Francisco de AssisToledo, Fleleno Fragoso, Aníbal Bruno, Frederico Marques, Nelson Flungria,Juarez Tavares, Guilherme Nucci, dentre outros. 61 LU z DL O O Q < DL LU O < DL O LU U1 a < o. Direito Penal em Tabelas - Parte Geral • Martina Correia SUJEITO PASSIVO DO CRIME O sujeito passivo mediato é sempre o Estado, titular do ius puniendi. O sujeito passivo imediato é o titular do bem jurídico tutelado pelo direito penal: qualquer pessoa física, jurídica, entes indeterminados ou sem personalidade jurídica (coletividade, família etc). Animais e mortos não podem ser sujeito passivo. r SUJEITO ATIVO DO CRIME Éaquele que realiza a conduta criminosa. Qualquer pessoa física e capaz pode ser sujeito ativo. Quanto às PESSOAS JURÍDICAS, há divergências: doutrina STF® E STJ' Não podem ser sujeito ativo, pois são entes desprovidos de consciência e vontade, além de não agirem com culpabilidade {societas delinquere non potest)^. É possível a responsabilização da pessoa jurídica porque há previsão na CF/88' (com dispositivo regulamentado pela Lei 9.605/98'°). Vale ressaltar que a teoria da dupla imputação (anteriormente defendida pelo STJ) foiabandonada. Portanto, a pessoa jurídica pode ser responsabilizada por crime ambiental independentemente da punição concomitante da pessoa física que agia em seu nome. 6 RE 548.181/PR, Rei. Min. Rosa Weber, is Turma. j.06/08/2013. 7 RMS 39.173/BA, Rei. Min. Reynaldo Soares daFonseca, 6-Turma. j.06/08/2015. Noticiado no infor mativo 566. 8 GOMES, Luiz FIávio; Cl/JHA, Rogério Sanches (Coord.). Legislação Criminal Especial. São Paulo: RT, 2009, p. 691. 9 Art. 225, § 35. As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infrato res, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obriga ção de reparar os danos causados. 10 Art. 35. As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infraçãoseja comebda por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. Parágrafo único. Aresponsabilidade das pessoas jurídicas não excluia das pessoas físicas, autoras, coauto- ras ou partícipes do mesmo fato. 62 9. O CRIME INFORMATIVOS DO STJ Info. 536: O exercício, sem o preenchimento dos requisitos previstos em lei, da profissão de guardador e lavador autônomo de veículos automotores (flanelinha) não configura a contravenção penal prevista no art. 47 do Decreto-Lei 3.688/1941 (exercício ilegal de profissão ou atividade). RHC 36.280/MG, Rei. Min. Laurita Vaz, 5^ Turma, j. 18/02/2014. Info. 551: É possível a Incidência da Lei Maria da Penha nas relações entre mãe e filha. HC 277.561/AL, Rei. Min. Jorge MussI, 5- Turma, j. 05/11/2014. Obs.: Pode ser sujeito ativo pessoa do sexo feminino ou masculino, desde que presente a vulnerabilidade. Info. 566: É possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos ambientais Independentemente da responsabilização concomitante da pessoa física que agia em seu nome. RMS 39.173/BA, Rei. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, 5- Turma, j. 06/08/2015. 9.1 CLASSIFICAÇÃO DE CRIMES (T U O Q _! < o: LU O COMUM PRÓPRIO DE MÃO PRÓPRIA < IX O Pode ser praticado por Só pode ser praticado pelo Só pode ser praticado pela LU , K qualquer pessoa. sujeito que detenha uma pessoa expressamente Oí Exemplo: qualquer situação fática ou jurídica indicada no tipo penal. Ui K pessoa pode praticar um diferenciada. Exemplo: só Exemplo: crime de falso <a homicídio (art. 121). os funcionários públicos testemunho ou falsa podem praticar o crime de perícia (art. 342). peculato (art. 312). Admite participação e Admite participação e Admite apenas a coautoria. coautoria. participação". 11 STF, RHC 81.327/SP, Rei. Min. Elien Gracie, 1? Turma, j. 11/12/2001. 63 Direito Penal em Tabelas - Parte Geral • Martina Correia CRIME PRÓPRIO PURO IMPURO Sem a condição diferenciada do sujeito ativo, 0 fato é atípico. Exemplo: o crime de abandono de função (art. 323) só existe se for praticado por funcionário público. Sem a condição diferenciada do sujeito ativo, 0 fato é típico com base em outro tipo penal. Exemplo: se o Indivíduo não for funcionário público, não poderá responder por peculato (art. 312), mas o mesmo fato pode se subsumir ao crime de furto (art. 155) ou de apropriação Indébita (art. 168). l SIMPLES COMPLEXO Ajusta-se em um único tipo penal. Exemplo: furto (art. 155). Fusão de dois ou mais tipos penais" (crime complexo em sentido estrito) ou da fusão de um crime e um comportamento Irrelevante (crime complexo em sentido amplo)". Exemplo: o roubo (art. 157) nada mais é do que a fusão do furto (art. 155) com a ameaça (art. 147). 12 13 Aconsumação depende da ocorrência do resultado naturalístico. Exemplo: só ocorre homicídio (art. 121) com o óbito da vítima. FORMAL A consumação independe da ocorrência do resultado naturalístico. Exemplo: • Súmula 96 do STJ: o crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem indevida. MERA CONDUTA Não há resultado naturalístico (o tipo só descreve a conduta). Exemplo: não há resultado naturalístico no crime de praticar ato obsceno (art. 233). É um crime de simples atividade. "nrnr ""fo/ de Direito Penal, 3. ed., cit., p. 153) cita ocrime ultra complexo, oqualre quan oum crime complexo éacrescido de outro, este servindo como qualificadora ou ma- joran e aque e Temos, na hipótese, uma unidade jurídica ultra complexa formada pela reunião do cnrne erou o(nascido da fissão do constrangimento ilegal +furto) eocrime de porte ilegal de arma de fogo. Cleb^er Masson (op. cit. p. 195) cita como exemplo de crime complexo em sentido amplo adenun- ciação caluniosa (art. 339), originária da união da calúnia (art. 138) com aconduta lícita de noticiar à autoridade pública a prábca de uma infração penal e sua respecbva autoria. 64 INSTANTÂNEO Consuma-se em momento determinado. Exemplo: furto (art. 155). PERMANENTE Por vontade do agente, a consumação prolonga- se no tempo. Exemplo: seqüestro (art. 148). 9. O CRIME INSTANTÂNEO DE EFEITOS PERMANENTES Independentemente da vontade do agente, os efeitos se prolongam após a consumação. Exemplo: bigamia (art. 235). UNISSUBSISTENTE PLURISSUBSISTENTE É praticado em um único ato de execução (conduta não fracionável). Não admite tentativa. Exemplo: crimes contra a honra. E praticado mediante dois ou mais atos de execução (conduta fracionável). Admite tentativa. Exemplo: homicídio (art. 121) com golpes de faca. UNISSUBJETIVO PLURISSUBJETIVO (N U1 h- Pode ser pratícado por uma ou por várias 0 crime só pode ser realizado mediante <a pessoas (crimes de concurso eventual). concurso de pessoas (crimes de concurso Exemplo: homicídio (art. 121). necessário). Exemplo: associação criminosa (art. 288). TRANSEUNTE NÃO TRANSEUNTE Não deixa vestígio material. Exemplo: crimes contra a honra praticados verbalmente. Deixa vestígio material. Exemplo: homicídio (art. 121). 65 Direito Penal em Tabelas - Parte Geral • Martina Correia DE INTENÇÃO OU DE TENDÊNCIA INTERNA TRANSCENDENTE" A consumação do crime independe de o agente alcançar 0 resultado desejado (finalidade transcendente). Há duas espécies: DE RESULTADO CORTADO" MUTILADO DE DOIS ATOS 0 resultado visado pelo agente (dispensável para a consumação do crime) depende de comportamento de terceiro. Exemplo: no crime de extorsão mediante seqüestro (art. 159), o resgate (finalidade transcendente) depende do pagamento por parte de pessoas ligadas à vítima. 0 resultado visado pelo agente (dispensável para a consumação) depende de uma ação complementar por parte do próprio agente. Exemplo: no crime de moeda falsa (art. 289), o intuito do agente é colocar a moeda falsificada em circulação (ação complementar). Contudo, 0 crime consuma-se com a mera falsificação. DE DANO DE PERIGO Consuma-se com a efetiva lesão do bem jurídico. Exemplo: lesões corporais (art. 129). Consuma-se com a exposição do bem jurídico a perigo. Exemplo: abandono de incapaz (art. 133). 0 perigo pode ser abstrato ou concreto. CRIME DE PERIGO ABSTRATO CONCRETO Asituação perigosa não precisa ser comprovada, pois é presumida pela lei {iurís et de iureY^. A situação perigosa deve ser comprovada. Exemplo: o crime de explosão (art. 251) exige a efetiva exposição a perigo da vida, integridade física ou o patrimônio de outrem. 14 SANCHES CUNHA, Rogério. Manual deDireito Penai, 3.ed., cit., p. 168. 15 Alguns autores tratam o crime de resultado cortado como sinônimo de crime formal {assim comoo crime deconsumação antecipada, outro sinônimo). Nesse sentido, Cleber Masson. 16 Atenção à nova súmula do STJ: • Súmula 575 do STJ: constitui crime a conduta de permitir, confiar ou entregara direçãode veí culoautomotor a pessoa que não seja habilitada,ou que se encontre em qualquer das situações previstas no art. 310 do CTB, independentemente da ocorrência de lesão ou de perigo de dano concreto na condução do veículo. 66 9. O CRIME OUTRAS CLASSIFICAÇÕES GRATUITO Ausênciade motivo conhecido. EXAURIDO Após a consumação do crime, o agente persiste na agressão ao bem jurídico. Os atos posteriores à consumação podem ser penalmente irrelevantes ou podem agravar a pena''. DE ATENTADO OU EMPREENDIMENTO A punição do crime tentado é igual à do crime consumado (tentativa sem pena diminuída). Exemplo: crime de evasão mediante violência contra a pessoa (art. 352). VAGO 0 sujeito passivo não tem personalidade jurídica. Exemplo: o tráfico de drogas é um crime contra a coletividade. À DISTÂNCIA OU DE ESPAÇO MÁXIMO • • í A prática do delito envolve o território de dois ou mais ! países'®. ' PLURILOCAL Aprática do delito envolve duas ou mais comarcas/ j seções judiciárias dentro do mesmo país'®. PROGRESSIVO OU DE PASSAGEM 0 agente, para alcançar um determinado resultado mais grave, produz outro resultado menos grave como fase antecedente". SUBSIDIÁRIO Configura-se somente se a conduta do agente não se amoldar a um crime mais grave (soldado de reserva). Exemplo: crime de dano (art. 163). ACESSÓRIO Pressupõe outro crime anterior. Exemplo: receptação (art. 180) e lavagem de capitais (Lei 9.613/98). REMETIDO 0 tipo penal remete a outro crime. Exemplo: "fazer uso de qualquer dos papeis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302" (uso de documento falso, art. 304). 17 Tem-se como exemploo crimede resistência (art. 329),em que a pena é agravadase o ato, em razão da resistência, não se executa {§ 1^). 18 Vide tópico 7. LEI PENAL NO ESPAÇO. 19 Idem. 20 Vide tópico 1. NOÇÕES GERAIS. 67 UJ Z cr u O Q < q: LU O < cr O <M UJ H a < a Direito Penal em Tabelas - Parte Geral • Martina Correia OUTRAS CLASSIFICAÇÕES HABITUAL A consumação depende da reiteração uniforme de vários 1 fatos criminosos. Não admite a tentativa. i 1 Exemplo: curandeirismo (art. 284). j OBSTÁCULO Os atos preparatórios são punidos como crime autônomo. Também chamado de "delito de impaciência". Exemplo: associação criminosa (art. 288). DE CIRCULAÇÃO Crime praticado com o emprego de veículo automotor. DE ATUAÇÃO PESSOAL OU DE CONDUTA INFUNGÍVEL Sinônimo de crime de mão própria. QUASE-CRIME Sinônimo de crime impossível". FALHO Sinônimo de tentativa perfeita ou acabada". CRIME-ANÃO OU LILIPUTIANO Sinônimo de contravenção penal. DE CONSUMAÇÃO ANTECIPADA Sinônimo de crime formal. ESPÚRIO OU PROMÍSCUO Sinônimos de crime omissivo impróprio". DE AÇÃO MÚLTIPLA OU CONTEÚDO VARIADO 0 tipo prevê várias condutas, separadas por "ou". Se praticar uma conduta ou várias, haverá crime único. Exemplo: comete o crime de dano (art. 163) se "destruir, inutilizar ou deteriorar". PUTATIVO 0 agente supõe erroneamente estar cometendo um crime, mas este só existe em sua mente". FUNCIONAL Crime praticado por funcionário público. Também chamado de crime próprio com estrutura inversa. PARCEUR Crime que compõe a série de continuidade delitiva". 21 Vide tópico 15. CRIME IMPOSSÍVEL. 22 Vide tópico 12. TENTATIVA. 23 Vide tópico 10.2.6 CRIMESCOMISSIVOSE OMISSIVOS. 24 Videtópicos 10.2.7 ERRO DE TIPO e 17.3.1 ERRO DE PROIBIÇÃO. 68 9. O CRIME OUTRAS CLASSIFICAÇÕES DE TENDÊNCIA OU DE ATITUDE PESSOAL Exige-se uma determinada tendência subjetiva na realização da conduta. Exemplo: as palavras proferidas, a depender da atitude pessoal e interna do agente, podem configurar o crime de injúria (art, 140) ou apenas uma brincadeira (atípica). Também chamado de crime de tendência intensificada. DE ACUMULAÇÃO A lesão ao bem jurídico tutelado evidencia-se com a reiteração, o acúmulo de condutas. Exemplo: a pesca ilegal de um único peixe pode ser inócua para o meio ambiente. Contudo, se a pesca for reiterada por um grande número de pessoas, haverá efetiva lesão. DE PRAZO Crime cuja consumação exige o transcurso de um lapso temporal. Exemplo: o crime de apropriação de coisa achada (art. 169) exige a observância do prazo de 15 dias. DE CATÁLOGO Crime cuja investigação comporta interceptação telefônica^''. DE MERA SUSPEITA 0 agente é punido em razão da mera suspeita despertada. Exemplo: art. 25 da LCP" ("ter alguém em seu poder, depois de condenado, por crime de furto ou roubo, ou enquanto sujeito à liberdade vigiado ou quando conhecido como vodio ou mendigo, gozuos, choves falsos ou alteradas ou instrumentos empregados usualmente na prático de crime de furto, desde que não prove destinoção legitima"). DO COLARINHO AZUL Crime praticado pelas camadas mais pobres da sociedade. Exemplo: furto (art. 155). Os que não são conhecidos ou solucionados pelo Poder Público integram a cifra negra do direito penal. 25 Vide tópico 19. CONCURSO DECRIMES. 26 STF, HC 100.524/PR, Rei. Min. Joaquim Barbosa, 2^Turma, j. 27/03/2012. 27 Não foi recepcionado pela CF/88 {STF, RE 583.523/RS, Rei. Min. Gilmar Mendes, Plenário, j. 03/10/2013). 69 LU z cr u O Q _J < cr LU O < cr O LU H- fX < Q. Direito Penal em Tabelas - Parte Geral • Martina Correia OUTRAS CLASSIFICAÇÕES DO COLARINHO BRANCO Crime com enfoque econômico, geralmente praticado por pessoas com privilegiada condição financeira e social. Exemplo: lavagem de capitais (Lei 9.613/98) e crimes contra o sistema financeiro nacional (Lei 7.492/86). Os que não são conhecidos ou solucionados pelo Poder Público integram a cifra dourada no direito penal. DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO A pena máxima em abstrato não é superior a 2 anos. Rito dos Juizados Especiais Criminais (Lei 9.099/95). FALIMENTAR Crime constante da Lei 11.101/05 (Lei de Falências). MILITAR Crime tipificado no Código Penal Militar (Decreto-lei 1.001/69). Pode ser próprio (apenas existe no CPM) ou impróprio (existe um crime correspondente no CP). HEDIONDO Crime que consta no rol do art. 1^ da Lei 8.072/90^®. EQUIPARADO A HEDIONDO Tráfico de drogas, terrorismo e tortura (art. 5®, XLIII da CF/88). 28 Art^is, S^ao considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei n?, 2.848, de 7de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados: I- homicídio (art. 121), quan- opratica oern atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, §2°-, incisos I, II, III, iv, V, VI eVII); l-A - lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2S) e iesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3S), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, inte grantes do sistema prisional eda Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição; II - latrocínio (art. 157, §3?, In fine); III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, §2°); IV-extorsão mediante seqüestro ena forma qualificada (art. 159, caput, e§§ 19, 2° e39); V-estupro (art. 213, caput e§§ 19 e 29); VI - estupro devulnerável (art. 217-A, caput e §§ 19, 29, 35 e49); VII - epidemia com resultado morte (art. 267, §19), vil-A - (vetado); Vll-B - falsificação] corrupção, adulteração ou alteração deproduto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e §19, §19-Ae § 19-B, com a redação dada pela Lei no 9.677, de2deJulho de1998); VIII- favorecimento da prostituiçãoou de outra forma de exploraçãosexualde criança ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 19 e 29). Parágrafo único. Considera-se também hediondo o crime de genocídio previsto nos arts. 19, 29 e 39 da Lei no 2.889, de Io de outubro de 1956, tentado ou consumado. 70 9. O CRIME INFORMATIVOS DO STJ Info. 534: É desnecessária a constituição definitiva do crédito tributário por processo administrativo-fiscal para a configuração do delito de descaminho. HC 218.961/SP, Rei. Min. Laurita Vaz, 5^ Turma, j. 15/10/2013. Obs.: O descaminho é um crime formal que se perfaz com o ato de iludir o pagamento de imposto devido pela entrada de mercadoria no país, razão pela qual o resultado da conduta delituosa relacionada ao
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