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1 2023.2 2 2023.2, 05.05.2023 3 INDICAÇÃO DOS PRINCIPAIS ARTIGOS COMENTÁRIOS E TABELAS REDAÇÃO SIMPLIFICADA TEXTO LEGAL COM DESTAQUES NAVEGAÇÃO POR MARCADORES Utilize este material como seu caderno de estudos. Os espaços foram pensados para que você tenha uma leitura mais ativa, adicionando o que considera importante e organizando todas as anotações em um só lugar. Destacamos com uma estrela os dispositivos com maior incidência em provas e que merecem uma atenção especial. Para facilitar seus estudos, já incluímos anotações e tabelas com apontamentos doutrinários e jurisprudenciais. Além da diagramação desenhada para tornar a leitura mais fluente, tornamos a redação mais objetiva, especialmente nos números. NEGRITO - ROXO - LARANJA - CINZA SUBLINHADO - Grifos para indicar termos importantes. Destacando números (datas, prazos, percentuais e outros valores). Expressões que apresentam uma ideia de negação ou ressalva/exceção. Indicando vetos e revogações. Dispositivos cuja eficácia está prejudicada, mas não estão revogados expressamente. Uma ferramenta a mais para você que gosta de ler pelo tablet ou notebook. Todos os nossos materiais foram desenhados para você ler de forma muito confortável quando impressos, mas se você também gosta de ler em telas, conheça esta ferramenta que aplicamos em todos os conteúdos, os recursos de interatividade com a navegação por marcadores – a estrutura de tópicos do leitor de PDF, que também pode ter outro nome a depender do programa. Os títulos, capítulos, seções e artigos das legislações, bem como as súmulas e outros enunciados dos materiais de jurisprudências, estão listados na barra de marcadores do seu leitor de PDF, permitindo que a localização de cada dispositivo seja feita de maneira ainda mais fluente. Além disso, com a opção VOLTAR, conforme o leitor de PDF que esteja utilizando, você também pode retornar para o local da leitura onde estava, sem precisar ficar rolando páginas. ESPAÇO PARA ANOTAÇÕES CINZA TACHADO - 4 GUIA DE ESTUDOS Se você está iniciando o estudo para concursos ou sente a necessidade de uma organização e planejamento melhor, este conteúdo deve contribuir bastante com a sua preparação. Liberamos gratuitamente no site. Nele você encontrará: CONTROLE DE LEITURA DAS LEGISLAÇÕES A fim de auxiliar ainda mais nos seus estudos, um dos conteúdos do Guia é a planilha para programar suas leituras e revisões das legislações. Lá nós explicamos com mais detalhes e indicamos sugestões para o uso, trazendo dicas para tornar seus estudos mais eficientes. Veja algumas das principais características: INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DE JURISPRUDÊNCIAS DICAS PARA A RESOLUÇÃO DE QUESTÕES CONTROLE DE ESTUDOS POR CICLOS CONTROLE DE LEITURA DE INFORMATIVOS (STF E STJ) PLANNER SEMANAL MATERIAL GRATUITO 5 SUMÁRIO GERAL ÍNDICE DAS TABELAS .............................................................................................................................................................................. 6 DL 2.848/40 - Código Penal ................................................................................................................................................................... 9 PARTE GERAL .......................................................................................................................................................................................... 10 Título I - Da aplicação da Lei Penal ................................................................................................................................................................... 14 Título II - Do Crime ................................................................................................................................................................................................. 19 Título III - Da Imputabilidade Penal ................................................................................................................................................................. 31 Título IV - Do Concurso de Pessoas ................................................................................................................................................................. 33 Título V - Das Penas ............................................................................................................................................................................................... 35 Título VI - Das Medidas de Segurança ............................................................................................................................................................ 61 Título VII - Da Ação Penal ................................................................................................................................................................................... 63 Título VIII - Da Extinção da Punibilidade ....................................................................................................................................................... 65 PARTE ESPECIAL .................................................................................................................................................................................... 73 Título I - Dos crimes contra a pessoa ............................................................................................................................................................... 73 Título II - Dos crimes contra o patrimônio ..................................................................................................................................................... 93 Título III - Dos crimes contra a propriedade imaterial ............................................................................................................................ 108 Título IV - Dos crimes contra a organização do trabalho ....................................................................................................................... 110 Título V - Dos crimes contra o sentimento religioso e contra o respeito aos mortos .................................................................. 112 Título VI - Dos crimes contra a dignidade sexual ...................................................................................................................................... 113 Título VII - Dos crimes contra a família......................................................................................................................................................... 120 Título VIII - Dos crimes contra a incolumidade pública .......................................................................................................................... 123 Título IX - Dos crimes contra a paz pública ................................................................................................................................................. 131 Título X - Dos crimes contra a fé pública ...................................................................................................................................................... 132 Título XI - Dos crimes contra a Administração Pública........................................................................................................................... 140 Título XII - Dos Crimes Contra o Estado Democrático de Direito ....................................................................................................... 158 DISPOSIÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................................................................ 160 6 ÍNDICE DAS TABELAS DL 2.848/40 - Código Penal .......................................................................................................................9 Direito Penal, Criminologia e política criminal ............................................................................. 10 Conceito de Direito Penal ................................................................................................................... 10 Direito Penal de emergência, simbólico e promocional ............................................................. 10 Princípios do Direito Penal.................................................................................................................. 11 Fontes do Direito Penal ........................................................................................................................ 11 Axiomas do Garantismo Penal ........................................................................................................... 12 Lei Penal - Classificações ..................................................................................................................... 12 Norma penal em branco ....................................................................................................................... 13 Abolitio criminis x Princípio da continuidade normativo-típica ................................................ 14 Teorias do tempo do crime .................................................................................................................. 15 Teorias do lugar do crime .................................................................................................................... 15 Não aplicação da Teoria da Ubiquidade * ....................................................................................... 16 Extraterritorialidade e princípios do art. 7º do CP ...................................................................... 17 Pena cumprida no estrangeiro ........................................................................................................... 17 Contagem de prazo ................................................................................................................................ 17 Conceito de Crime ................................................................................................................................. 19 Momento de consumação ................................................................................................................... 19 Tentativa (conatus) ................................................................................................................................. 20 Crimes que não admitem tentativa .................................................................................................. 20 Punição da tentativa .............................................................................................................................. 21 Pontes do Direito Penal ....................................................................................................................... 22 Teorias no crime impossível * ............................................................................................................. 22 Teorias do dolo adotadas pelo Código Penal ................................................................................. 23 Espécies de dolo * ................................................................................................................................... 23 Modalidades de culpa ........................................................................................................................... 24 Culpa própria e imprópria * ................................................................................................................. 24 Teorias da conduta................................................................................................................................. 25 Erro de tipo * ............................................................................................................................................ 27 Erro sobre a pessoa e erro na execução .......................................................................................... 28 Erro Jurídico-Penal ................................................................................................................................ 28 Modalidades do erro de proibição .................................................................................................... 28 Coação irresistível ................................................................................................................................. 29 Sistema de aferição da inimputabilidade ........................................................................................ 31 Embriaguez............................................................................................................................................... 31 Concurso de pessoas ............................................................................................................................. 33 Punição do partícipe .............................................................................................................................. 33 Penas privativas de liberdade (PPL) ................................................................................................. 35 Fixação do regime inicial ...................................................................................................................... 36 Regime fechado ...................................................................................................................................... 37 Regime semiaberto ................................................................................................................................ 38 Regime aberto ......................................................................................................................................... 38 7 Características das penas restritivas de direitos (PRD) ............................................................. 39 Substituição da PPL por PRD.............................................................................................................. 41 Cálculo da pena de multa ..................................................................................................................... 42 Execução da pena de multa ................................................................................................................. 43 Teorias das penas ................................................................................................................................... 44 Reincidência ............................................................................................................................................. 46 Coação moral irresistível e coação resistível ................................................................................ 47 Cálculo da pena (dosimetria da pena) – Sistema trifásico ......................................................... 47 Concurso material (homogêneo e heterogêneo) ......................................................................... 48 Concurso formal (homogêneo e heterogêneo) ............................................................................. 49 Concurso formal (próprio e impróprio) ........................................................................................... 49 Teorias sobre o crime continuado ..................................................................................................... 50 Sistemas de aplicação da pena ........................................................................................................... 50 Tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade ..................................................... 51 Sistemas do Sursis ..................................................................................................................................52 Espécies de Sursis * ................................................................................................................................ 52 Livramento condicional - Aumento dos requisitos ...................................................................... 54 Livramento condicional - Prorrogação e suspensão ................................................................... 55 Livramento condicional - Requisitos objetivos e subjetivos ..................................................... 56 Efeitos da condenação .......................................................................................................................... 57 Leis Especiais e efeitos da condenação ........................................................................................... 58 Pena x Medida de segurança .............................................................................................................. 61 Espécies de medida de segurança ..................................................................................................... 61 Extinção da punibilidade fora do art. 107 do CP .......................................................................... 65 Anistia, Graça e Indulto ........................................................................................................................ 65 Renúncia x Perdão do ofendido ......................................................................................................... 67 Prazos prescricionais ............................................................................................................................ 68 Termo inicial da prescrição (art. 111 do CP) .................................................................................. 68 Prescrição da pena de multa ............................................................................................................... 69 Não corre a prescrição - Causas impeditivas ................................................................................. 70 Causas impeditivas da prescrição antes do trânsito em julgado ............................................. 70 Causas de suspensão fora do Código Penal ................................................................................... 70 Prescrição ................................................................................................................................................. 71 Hipóteses de homicídio privilegiado ................................................................................................ 73 Homicídio - Causa de diminuição e atenuante genérica ............................................................ 73 Homicídio qualificado (art. 121, § 2º, do CP) ................................................................................. 74 Aborto criminoso.................................................................................................................................... 78 Exceções em que o aborto não é crime (excludente de ilicitude) ............................................ 78 Lesão corporal grave e gravíssima .................................................................................................... 80 Lesão corporal (Art. 129 do CP)......................................................................................................... 81 Calúnia e denunciação caluniosa ....................................................................................................... 84 Exceção da verdade na calúnia .......................................................................................................... 84 Exceção da verdade na difamação .................................................................................................... 85 Art. 140, § 3º - Antes e depois da Lei 14.532/23 .......................................................................... 85 Injúria Racial e o Princípio da Continuidade Normativo-Típica .............................................. 85 Retratação ................................................................................................................................................ 86 Tráfico de pessoas (Art. 149-A do CP) ............................................................................................. 89 Invasão de dispositivo informático - Ação penal .......................................................................... 92 8 Furto (art. 155 do CP) ........................................................................................................................... 94 Roubo próprio e impróprio .................................................................................................................. 95 Roubo com emprego de arma ............................................................................................................. 96 Teorias da consumação do furto e do roubo.................................................................................. 96 Apropriação indébita e sonegação de contribuição previdenciária - Extinção da punibilidade.............................................................................................................................................. 99 Apropriação indébita previdenciária ............................................................................................... 99 Estelionato previdenciário ............................................................................................................... 102 Ação penal no crime de estelionato ............................................................................................... 103 Estelionato e furto mediante fraude ............................................................................................. 103 Estelionato, tráfico de influência e exploração de prestígio .................................................. 103 Receptação e lavagem de dinheiro ................................................................................................ 106 Imunidades patrimoniais .................................................................................................................. 107 Importunação sexual e ato obsceno * ........................................................................................... 113 Corrupção de menores * ................................................................................................................... 115 Associação e organização criminosa ............................................................................................. 131 Falsificação de documento público................................................................................................ 135 Equiparam-se a documento público e particular ....................................................................... 135 Falsidade ideológica ........................................................................................................................... 136 Peculato.................................................................................................................................................. 140 Peculato culposo - Reparação do dano ......................................................................................... 140 Peculato eletrônico............................................................................................................................. 141 Concussão, corrupção ativa/passiva e prevaricação ............................................................... 143 Prevaricação e corrupção passiva privilegiada .......................................................................... 143 Tráfico de influência e exploração de prestígio ......................................................................... 144 Tráficode influência e exploração de prestígio ......................................................................... 146 Concussão, corrupção passiva e ativa .......................................................................................... 147 Sonegação previdenciária................................................................................................................. 149 Denunciação caluniosa e comunicação falsa de crime ............................................................ 153 9 DL 2.848/40 - Código Penal Código Penal. Atualizado até a Lei 14.562/23. 10 PARTE GERAL DIREITO PENAL, CRIMINOLOGIA E POLÍTICA CRIMINAL DIREITO PENAL Analisa os fatos humanos indesejados, define quais devem ser rotulados como crime ou contravenção, anunciando as penas. Ciência Normativa (dever ser) Objeto O crime enquanto NORMA Resultado Normas Método Dedutivo CRIMINOLOGIA (ciência penal) Ciência empírica que estuda o crime, o criminoso, a vítima e o comportamento da sociedade. Ciência Empírica valorativa (ser) Objeto O crime enquanto FATO Resultado Dados científicos Método Empírico Indutivo POLÍTICA CRIMINAL (ciência política) Estratégias e os meios de controle social da criminalidade. Ciência Política Objeto O crime enquanto VALOR Resultado Ações concretas contra a criminalidade CONCEITO DE DIREITO PENAL Aspecto FORMAL (ou estático) Direito Penal é o conjunto de normas que qualifica certos comportamentos humanos como infrações penais, define os seus agentes e fixa sanções a serem-lhes aplicadas Aspecto MATERIAL O Direito Penal refere-se a comportamentos considerados altamente reprováveis ou danosos ao organismo social, afetando bens jurídicos indispensáveis à própria conservação e progresso da sociedade. Aspecto SOCIOLÓGICO (ou dinâmico) O Direito Penal é um instrumento de controle social, buscando assegurar a necessária disciplina para a harmônica convivência dos membros da sociedade. DIREITO PENAL DE EMERGÊNCIA, SIMBÓLICO E PROMOCIONAL DIREITO PENAL DE EMERGÊNCIA O Estado, atendendo as demandas de criminalização, cria normas de repressão ignorando garantias do cidadão. Finalidade: devolver o sentimento de tranquilidade para a sociedade. Exemplo: lei dos crimes hediondos. DIREITO PENAL PROMOCIONAL, POLÍTICO OU DEMAGOGO O Estado visando a consecução dos seus objetivos políticos, emprega leis penais desconsiderando o princípio da intervenção mínima. Finalidade: usar o direito penal para transformação social/política. Exemplo: contravenção da mendicância (revogada), o Estado cria a contravenção ao invés de melhorar as políticas públicas. DIREITO PENAL SIMBÓLICO O Estado cria leis sem qualquer eficácia jurídica ou social. Exemplo: proibição da marcha da maconha (direito de liberdade de expressão). 11 PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL Relacionados à MISSÃO FUNDAMENTAL DO DIREITO PENAL Princípio da EXCLUSIVA PROTEÇÃO DOS BENS JURÍDICOS Princípio da INTERVENÇÃO MÍNIMA (subsidiariedade) Princípio da INSIGNIFICÂNCIA (decorre da intervenção mínima) Princípio da ADEQUAÇÃO SOCIAL Princípio da PROIBIÇÃO DE PROTEÇÃO DEFICIENTE Princípio da VEDAÇÃO À CONTA CORRENTE (carta de crédito carcerário) Princípio da CONFIANÇA Relacionados ao FATO DO AGENTE Princípio da EXTERIORIZAÇÃO (materialização do fato) Princípio da LEGALIDADE Princípio da OFENSIVIDADE (lesividade) Relacionados ao AGENTE DO FATO Princípio da RESPONSABILIDADE PESSOAL Princípio da RESPONSABILIDADE SUBJETIVA Princípio da CULPABILIDADE Princípio da ISONOMIA (igualdade) Princípio da PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA Relacionados à PENA Princípio da DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA Princípio da HUMANIDADE Princípio da INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA Princípio da PROPORCIONALIDADE Princípio da PESSOALIDADE Princípio da VEDAÇÃO DO BIS IN IDEM FONTES DO DIREITO PENAL Fontes MATERIAIS ou de PRODUÇÃO Se refere ao encarregado da criação do Direito Penal. REGRA União (art. 22, I, da CF) EXCEÇÃO Estados, em questões especificas, autorizados por LC (art. 22, parágrafo único, da CF) Fontes FORMAIS, de CONHECIMENTO ou de COGNIÇÃO É o instrumento de exteriorização do Direito Penal, ou seja, do modo como as regras são reveladas. Doutrina CLÁSSICA Imediata Lei Mediata Costumes Princípios Gerais Doutrina MODERNA Imediata Lei (única fonte incriminadora) CF Tratados e Convenções Internacionais de Direitos Humanos Jurisprudência Princípios Complementos das Normas Penais em Branco Mediata Doutrina O costume é uma fonte informal 12 AXIOMAS DO GARANTISMO PENAL A teoria garantista penal de Luigi Ferrajoli tem sua base fincada em 10 axiomas ou implicações dêonticas que não expressam proposições assertivas, mas proposições prescritivas; não descrevem o que ocorre, mas prescrevem o que deva ocorrer; não enunciam as condições que um sistema penal efetivamente satisfaz, mas as que deva satisfazer em adesão aos seus princípios normativos internos e/ou a parâmetros de justificação externa. Cada um dos axiomas se relaciona com um princípio: AXIOMAS e PRINCÍPIOS CORRELATOS Nulla poena sine crimine (Não há pena sem crime) Princípio da retributividade ou da consequencialidade da pena em relação ao delito Nulluam crimen sine lege (Não há crime sem lei) Princípio da legalidade Nulla lex (poenalis) sine necessitate (Não há lei penal sem necessidade) Princípio da necessidade ou da economia do direito penal Nulla necessitas sine injuria (Não há necessidade sem ofensa a bem jurídico) Princípio da ofensividade ou da lesividade do evento Nulla injuria sine actione (Não há ofensa ao bem jurídico sem ação) Princípio da materialidade ou da exterioridade da ação Nulla actio sine culpa (Não há ação sem culpa) Princípio da culpabilidade ou da responsabilidade pessoal Nulla culpa sine judicio (Não há culpa sem processo) Princípio da jurisdicionalidade Nulla judicio sine accusatione (Não há processo sem acusação) Princípio acusatório Nulla accusatio sine probatione (Não há acusação sem prova) Princípio do ônus da prova ou da verificação Nulla probatio sine defensione (Não há prova sem defesa). Princípio do contraditório ou da defesa ou da falseabilidade LEI PENAL - CLASSIFICAÇÕES NORMAS INCRIMINADORAS São aquelas descrevem crimes (preceito primário) e cominam penas (preceito secundário). NORMAS NÃO INCRIMINADORAS Não criam infração e nem comina sanção. Divide-se em: Permissivas Justificantes Aquelas que afastam a ilicitude. Ex.: arts. 23, 24 e 25, CP - Excludentes de ilicitude Exculpantes Aquelas que afastam a culpabilidade. Ex.: art. 26, caput, CP - Inimputáveis. Explicativas ou Interpretativas Aquelas que explicam conceitos. Exemplo: art. 327, CP - Conceito de funcionário público para fins penais. Complementares, de Aplicação ou Finais Aquelas que fornecem princípios gerais para aplicação da lei penal. Exemplo: art. 59, CP – Critérios para a fixação da pena. Integrativas ou de Extensão Aquela utilizada para viabilizar a tipicidade de alguns fatos, pois a subsunção do fato à norma é indireta (normas penais de adequação típica indireta ou mediata). Exemplo: norma de extensão pessoal ou espacial (concurso de crimes) - art. 29, CP. 13 COMPLETAS ou PERFEITAS São aquelas que apresentam todos os elementos da conduta criminosa. Exemplo: art. 157, caput, CP. INCOMPLETAS ou IMPERFEITAS São aquelas que dependem de complemento valorativo, feito pelo juiz (tipo aberto) ou normativo, feito por outra norma ou por ato da Administração Pública (norma penal em branco). NORMA PENAL EM BRANCO Segundo Franz von Liszt, leis penais em branco são como corpos errantes em busca de alma. Existem fisicamenteno universo jurídico, mas não podem ser aplicadas em razão de sua incompletude. A lei penal em branco é também denominada de cega ou aberta, e pode ser definida como a espécie de lei penal cuja definição da conduta criminosa reclama complementação. DIVIDE-SE EM: IMPRÓPRIA, HOMOGÊNEA OU EM SENTIDO AMPLO/LATO O seu complemento normativo emana do próprio legislador, ou seja, da mesma fonte de produção normativa. Homovitelina ou Homóloga O complemento emana da mesma instância legislativa (norma incompleta e seu complemento integram a mesma estrutura normativa). Exemplo: no crime de peculato (art. 312 do CP), a elementar funcionário público está descrita no próprio CP (art. 327 do CP). Heterovitelina ou Heteróloga O complemento emana de instância legislativa diversa (norma incompleta e seu complemento integram estruturas normativas diversas). Exemplo: no crime de ocultação de impedimento para o casamento (art. 236 do CP), as hipóteses impeditivas da união civil estão elencadas no CC (art. 1.521 do CC). PRÓPRIA, HETEROGÊNEA OU EM SENTIDO ESTRITO O seu complemento normativo não emana do legislador, mas de fonte normativa diversa. Exemplo: no crime de tráfico de drogas (art. 33, da Lei nº 11.343/06), as substâncias consideradas drogas estão na Portaria 344 SVS/MS AO QUADRADO A norma penal requer um complemento que, por sua vez, deve também ser integrado por outra norma (o tipo penal é duplamente complementado). Exemplo: art. 38 da Lei 9.605/98, que pune as condutas de destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente. O conceito de floresta de preservação permanente é obtido no Código Florestal, que, dentre várias disposições, estabelece uma hipótese em que a área de preservação permanente será assim considerada após declaração de interesse social por parte do Chefe do Poder Executivo. DE FUNDO CONSTITUCIONAL É aquela em que o complemento está em norma constitucional. Exemplo: no crime de abandono intelectual (art. 246 do CP), o conceito de instrução primária está no art. 208, I, da CF. AO REVÉS, AO AVESSO, INVERTIDA OU INVERSA O complemento refere-se à sanção/preceito secundário, não ao conteúdo proibitivo/preceito primário. Exemplo: art. 1º, a, da Lei de Genocídio (Lei 2.889/56), segundo o qual aquele que com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso, mata membros do grupo, é punido com as penas do art. 121, § 2º, do CP (homicídio doloso qualificado). Em decorrência do princípio da reserva legal, o complemento obrigatoriamente tem que ser outra lei. 14 TÍTULO I - DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL Anterioridade da Lei Art. 1º Não há crime sem lei anterior que o defina [Princípio da anterioridade]. Não há pena sem prévia cominação legal [Princípio da legalidade]. (Lei 7.209/84) Lei penal no tempo Art. 2º Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime , CESSANDO em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. [Abolitio criminis] (Lei 7.209/84) Parágrafo único. A LEI POSTERIOR, que de qualquer modo favorecer o agente, APLICA-SE AOS FATOS ANTERIORES, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. [Retroatividade de lei penal benéfica] (Lei 7.209/84) Súmula 611 do STF: Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao Juízo das execuções a aplicação de lei mais benigna. Súmula 711 do STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. Súmula 471 do STJ: Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da vigência da Lei 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) para a progressão de regime prisional. Súmula 501 do STJ: É cabível a aplicação retroativa da Lei 11.343/2006, desde que o resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei 6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis. ABOLITIO CRIMINIS X PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE NORMATIVO-TÍPICA ABOLITIO CRIMINIS CONTINUIDADE NORMATIVO-TÍPICA O instituto da abolitio criminis refere-se à supressão da conduta criminosa nos aspectos formal e material. O princípio da continuidade normativo- típica refere-se apenas à supressão formal. O fato não é mais punível (ocorre extinção da punibilidade – art. 107, III, do CP). O fato continua sendo punível (a conduta é deslocada para outro tipo penal). Ex.: O revogado crime de adultério (art. 240 deste Código). Ex.: O crime de atentado violento ao pudor passou a ser tipificado no art. 213 em conjunto com o crime de estupro (Lei 12.015/09). Lei excepcional ou temporária Art. 3º A LEI EXCEPCIONAL OU TEMPORÁRIA, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. [Ultratividade] (Lei 7.209/84) São 2 as características essenciais da lei excepcional ou temporária: autorrevogabilidade e ultratividade. Tempo do crime Art. 4º Considera-se PRATICADO O CRIME no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. (Lei 7.209/84) 15 TEORIAS DO TEMPO DO CRIME Teoria da ATIVIDADE ou da AÇÃO Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. É a teoria adotada pelo Código Penal brasileiro. Teoria do RESULTADO, DO EVENTO ou DO EFEITO Considera-se praticado o crime quando da ocorrência do seu resultado, pouco importando o momento da ação. Teoria da UBIQUIDADE, MISTA, HÍBRIDA ou ECLÉTICA Considera tempo do crime tanto o momento da ação ou omissão quanto o momento da produção do resultado. CRIME PERMANENTE E IMPUTABILIDADE: Se uma pessoa menor de 18 anos inicia a prática de um crime permanente (ex.: sequestro) e atinge a maioridade enquanto não cessada a permanência, aplica-se a legislação penal, tendo em vista que passou a ser imputável durante a prática da conduta. CRIME CONTINUADO E IMPUTABILIDADE: Se alguém praticar dois atos infracionais da mesma espécie (ex.: furto) e outros dois furtos já quando maior de 18 anos, as duas primeiras condutas não serão consideradas para fim de reconhecimento de crime continuado. FIXAÇÃO DA IMPUTABILIDADE (TEMPO DA CONDUTA): Se um menor de 18 anos desfere facadas na vítima que vem a falecer dias depois, ocasião em que já atingiu a maioridade, aplica-se o Estatuto da Criança e do Adolescente e não o Código Penal, tendo em vista que o ato infracional foi praticado na época em que era inimputável (momento da conduta). Territorialidade Art. 5º Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. (Lei 7.209/84) § 1º. Para os efeitos penais, consideram-se como EXTENSÃO DO TERRITÓRIO NACIONAL as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. (Lei 7.209/84) § 2º. É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. (Lei 7.209/84) Lugar do crime Art. 6º Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. (Lei 7.209/84) TEORIAS DO LUGAR DO CRIME Teoria da ATIVIDADE O crime considera-se praticado no lugar da CONDUTA. Teoria doRESULTADO O crime considera-se praticado no lugar do RESULTADO. Teoria MISTA (UBIQUIDADE) O crime considera-se praticado no lugar da CONDUTA ou do RESULTADO. É a teoria adotada pelo Código Penal brasileiro. 16 NÃO APLICAÇÃO DA TEORIA DA UBIQUIDADE * Crimes CONEXOS Não se aplica a teoria da ubiquidade, eis que os diversos crimes não constituem unidade jurídica. Deve cada um deles, portanto, ser processado e julgado no país em que foi cometido. Crimes PLURILOCAIS Aplica-se a regra delineada pelo art. 70 do CPP, ou seja, a competência será determinada pelo lugar em que se consumar a infração ou, no caso de tentativa, pelo local em que for praticado o último ato de execução. Na hipótese de crimes dolosos contra a vida, aplica-se a teoria da atividade, segundo pacífica jurisprudência, em razão da conveniência para a instrução criminal em juízo, possibilitando a descoberta da verdade real. Infrações penais de MENOR POTENCIAL OFENSIVO Teoria da Atividade - “A competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi praticada a infração penal”. (art. 63 da Lei 9.099/95) Crimes FALIMENTARES Foro do local em que foi decretada a falência, concedida a recuperação judicial ou homologado o plano de recuperação extrajudicial. (art. 183 da Lei 11.101/05) ATOS INFRACIONAIS Nos casos de ato infracional, será competente a autoridade do lugar da ação ou omissão, observadas as regras de conexão, continência e prevenção. (art. 147, § 1º, do ECA) * Conforme ensina Cleber Masson. Extraterritorialidade Art. 7º FICAM SUJEITOS À LEI BRASILEIRA, embora cometidos no estrangeiro: (Lei 7.209/84) I. OS CRIMES: [EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA] (Lei 7.209/84) a. contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; [Princípio da Defesa] (Lei 7.209/84) b. contra o patrimônio ou a fé pública da União, do DF, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; [Princípio da Defesa] (Lei 7.209/84) c. contra a administração pública, por quem está a seu serviço; [Princípio da Defesa] (Lei 7.209/84) d. de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; [Princípio da Justiça Penal Universal] (Lei 7.209/84) II. OS CRIMES: [EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA] (Lei 7.209/84) a. que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; [Princípio da Justiça Penal Universal] (Lei 7.209/84) b. praticados por brasileiro; [Princípio da personalidade / nacionalidade ativa] (Lei 7.209/84) c. praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. [Princípio da Representação] (Lei 7.209/84) § 1º. Nos casos do inciso I (extraterritorialidade incondicionada), o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. (Lei 7.209/84) § 2º. Nos casos do inciso II (extraterritorialidade condicionada), a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: (Lei 7.209/84) a. entrar o agente no território nacional; (Lei 7.209/84) b. ser o fato punível também no país em que foi praticado; (Lei 7.209/84) c. estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; (Lei 7.209/84) d. não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; (Lei 7.209/84) e. não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. (Lei 7.209/84) 17 § 3º. A lei brasileira aplica-se também ao CRIME COMETIDO POR ESTRANGEIRO CONTRA BRASILEIRO FORA DO BRASIL, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: [EXTRATERRITORIALIDADE HIPERCONDICIONADA] (Lei 7.209/84) a. não foi pedida ou foi negada a extradição; (Lei 7.209/84) b. houve requisição do Ministro da Justiça. (Lei 7.209/84) EXTRATERRITORIALIDADE E PRINCÍPIOS DO ART. 7º DO CP Art. 7º, I, a, b, c Princípio da DEFESA INCONDICIONADA Art. 7º, I, d Princípio da JUSTIÇA UNIVERSAL INCONDICIONADA Art. 7º, II, a Princípio da JUSTIÇA UNIVERSAL CONDICIONADA Art. 7º, II, b Princípio da NACIONALIDADE ATIVA CONDICIONADA Art. 7º, II, c Princípio da REPRESENTAÇÃO CONDICIONADA Art. 7º, § 3º Princípio da NACIONALIDADE PASSIVA HIPERCONDICIONADA Pena cumprida no estrangeiro Art. 8º A pena cumprida no estrangeiro ATENUA a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é COMPUTADA, quando idênticas. (Lei 7.209/84) PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO ATENUA Quando DIVERSAS COMPUTADA Quando IDÊNTICAS Eficácia de sentença estrangeira Art. 9º A SENTENÇA ESTRANGEIRA, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil para: (Lei 7.209/84) I. obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis; (Lei 7.209/84) II. sujeitá-lo a medida de segurança. (Lei 7.209/84) Não é necessário homologar a sentença estrangeira para caracterização da reincidência. Segundo Cleber Masson, analisando os arts. 9º e 63 do CP, não há necessidade de homologação da sentença estrangeira condenatória para caracterização da reincidência no Brasil. Basta a sua simples existência. Parágrafo único. A HOMOLOGAÇÃO DEPENDE: (Lei 7.209/84) a. para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada; (Lei 7.209/84) b. para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça. (Lei 7.209/84) Contagem de prazo Art. 10 O DIA DO COMEÇO inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. (Lei 7.209/84) CONTAGEM DE PRAZO Prazo PENAL INCLUI o do COMEÇO Art. 10 do CP Exclui o do final Prazo PROCESSUAL PENAL Exclui o do começo Art. 798 do CPP INCLUI o do FINAL 18 Frações não computáveis da pena Art. 11 Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro (real). (Lei 7.209/84) Legislação especial Art. 12 As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso. [Princípio da especialidade] (Lei 7.209/84) As regras gerais (previstas na parte geral e na parte especial do CP) possuem aplicação subsidiária em relação às leis especiais (legislação extravagante). Não se aplicará as regras gerais do Código Penal na hipótese da legislação especial regular a matéria de forma diversa. Súmula 171 do STJ: Cominadas cumulativamente, em lei especial, penas privativa de liberdade e pecuniária, é defeso a substituição da prisão por multa. 19 TÍTULO II - DO CRIME CONCEITO DE CRIME Enfoque FORMAL Infração penal consiste na prática de uma conduta descrita em uma normal penal incriminadora; em outras palavras, é aquilo que está rotulado em uma norma penal incriminadora com ameaça de pena. Enfoque MATERIAL Infração penal é o comportamento humano, causador de uma lesão ou ameaça de lesão ao bem jurídico tutelado pelo Estado. Enfoque ANALÍTICO Leva em consideração os elementos estruturais que compõem o crime. Em relação a essa espécie de conceituação temos basicamente duas correntes: Bipartite Crime é fato típico + ilícito (a culpabilidade é pressuposto para a aplicação da pena) Tripartite Crime é fato típico, ilícito e culpável. É a corrente amplamente adotada no Brasil. Enfoque LEGAL Considera-se crime a infração penal a que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa (art. 1° da LICP) Relação de causalidade Art. 13 O RESULTADO, de que depende a existência do crime, somente é imputávela quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. [Teoria da equivalência dos antecedentes / Conditio sine qua non] (Lei 7.209/84) Superveniência de causa independente § 1º. A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. [Teoria da causalidade adequada] (Lei 7.209/84) Relevância da omissão § 2º. A OMISSÃO É PENALMENTE RELEVANTE QUANDO o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: [Crimes omissivos impróprios] (Lei 7.209/84) a. tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; b. de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; c. com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. Art. 14 Diz-se o CRIME: (Lei 7.209/84) Crime consumado I. CONSUMADO, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; (Lei 7.209/84) MOMENTO DE CONSUMAÇÃO Crime INSTANTÂNEO Quando a consumação se dá em momento determinado. Exemplo: roubo, que se dá com a inversão da posse do bem. Crime PERMANENTE É aquele cuja consumação se protrai no tempo. Exemplo: extorsão mediante sequestro. Crime INSTANTÂNEO de EFEITOS PERMANENTES É aquele em que a consumação se dá em momento determinado, mas o efeito causado é irreversível. Exemplo: homicídio. 20 Súmula 610 do STF: Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a subtração de bens da vítima. Súmula 96 do STJ: O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem indevida. Tentativa II. TENTADO, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. (Lei 7.209/84) TENTATIVA (CONATUS) BRANCA ou INCRUENTA Quando a vítima não sofre lesões. VERMELHA ou CRUENTA Quando a vítima sofre lesões. PERFEITA (acabada, frustrada ou crime falho) O sujeito faz tudo o que pode para chegar à consumação do delito, esgotando todos os meios executórios que estavam à sua disposição, e mesmo assim, a consumação não sobrevém, por circunstâncias alheias à sua vontade. IMPERFEITA (inacabada ou tentativa propriamente dita) O sujeito não chega a fazer tudo o que queria, ou seja, ainda há meios executórios ao seu alcance, contudo, o agente é interrompido, por causas estranhas à sua vontade e o crime não se consuma. FALHA ou FRACASSADA O agente acredita que não pode prosseguir na execução, quando, na verdade, isso lhe era possível. O sujeito, de forma equivocada, supõe que não atingirá a consumação do crime com os meios que possui e, por isso, desiste de prosseguir na execução. Não se trata de desistência voluntária, pois o agente paralisa a prática dos atos não por não mais querer a consumação, mas por acreditar que a consumação não ocorrerá. (ex.: é convencido por terceiro que a arma está descarregada e não atira, mas, na verdade, a arma estava municiada). QUALIFICADA ou ABANDONADA Refere-se às hipóteses de desistência voluntária ou arrependimento eficaz. INIDÔNEA, IMPOSSÍVEL, INÚTIL, INADEQUADA ou QUASE CRIME Crime impossível. Art. 17 do CP: Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. Adota-se teoria objetiva – a função da tentativa leva em consideração o perigo ao bem jurídico. No crime impossível, o bem jurídico não corre perigo, pois o agente se vale de meios absolutamente ineficazes ou se volta contra objetos absolutamente impróprios. Brasil: teoria objetiva temperada ou moderada – meio “absolutamente” ineficaz ou objeto “absolutamente” improprio. Se meio relativamente ineficaz ou objetivo relativamente improprio, o agente responde pela tentativa. Ex.: tentar envenenar alguém usando substância letal, mas em quantidade insuficiente (meio relativamente eficaz). Responde por tentativa de homicídio. CRIMES QUE NÃO ADMITEM TENTATIVA CULPOSOS (exceto culpa imprópria) CONTRAVENÇÕES PENAIS (A tentativa até pode ocorrer, mas não é punível – art. 4º da LCP) HABITUAIS OMISSIVOS PRÓPRIOS UNISSUBSISTENTES PRETERDOLOSOS ATENTADO / EMPREENDIMENTO (A tentativa já é punida com a pena do crime consumado, pois ela está descrita no tipo penal) 21 Pena de tentativa Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, PUNE-SE A TENTATIVA com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de 1/3 a 2/3. (Lei 7.209/84) PUNIÇÃO DA TENTATIVA Teoria OBJETIVA (REALÍSTICA) Observa o ASPECTO OBJETIVO do delito (sob a perspectiva dos atos praticados pelo agente). A punição se fundamenta no perigo de dano acarretado ao bem jurídico, verificado na realização de parte do processo executório. Por ser objetivamente incompleta, a tentativa merece pena reduzida. A tentativa é chamada de tipo manco. REGRA! Pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de 1/3 a 2/3. Teoria SUBJETIVA (VOLUNTARÍSTICA ou MONISTA) Observa o ASPECTO SUBJETIVO do delito (sob a perspectiva do dolo). A consumação e a tentativa são idênticas, logo, a tentativa deve ter a mesma pena da consumação, sem redução. EXCEÇÃO! São os crimes de atentado ou empreendimento. Desistência voluntária e arrependimento eficaz Art. 15 O agente que, voluntariamente, DESISTE de prosseguir na execução ou IMPEDE que o resultado se produza, SÓ RESPONDE PELOS ATOS JÁ PRATICADOS. [Ponte de Ouro] (Lei 7.209/84) Arrependimento posterior Art. 16 Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, REPARADO O DANO OU RESTITUÍDA A COISA, até o recebimento da denúncia ou da queixa , por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de 1/3 a 2/3. [Ponte de Prata] (Lei 7.209/84) Súmula 554 do STF: O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da denúncia, não obsta ao prosseguimento da ação penal. CP, art. 65. São circunstâncias que sempre atenuam a pena: (...) III. ter o agente: (...) b. procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano; (...) É possível o reconhecimento da causa de diminuição de pena prevista no art. 16 do Código Penal (arrependimento posterior) para o caso em que o agente fez o ressarcimento da dívida principal (efetuou a reparação da parte principal do dano) antes do recebimento da denúncia, mas somente pagou os valores referentes aos juros e correção monetária durante a tramitação da ação penal. É suficiente que ocorra arrependimento, uma vez reparada parte principal do dano, até o recebimento da inicial acusatória, sendo inviável potencializar a amplitude da restituição. STF. 1ª Turma. HC 165312, Rel. Min. Marco Aurélio, j. em 14/04/2020 - Informativo 973. 22 PONTES DO DIREITO PENAL PONTE DE OURO A lei estabelece um tratamento mais favorável em face da voluntária não produção do resultado. Evita-se a consumação do crime. Desistência voluntária (art. 15, 1ª parte, do CP) e Arrependimento eficaz (art. 15, 2ª parte, do CP) EXCLUDENTE DA TIPICIDADE PONTE DE OURO ANTECIPADA A Lei Antiterrorismo prevê a possibilidade de incidência das hipóteses de desistência voluntária e arrependimento eficaz (art. 15, CP), mesmo antes de iniciada a execução, quando o agente realiza atos preparatórios, mas desiste de iniciar a execução do crime de terrorismo. Art. 10 da Lei 13.260/16. Mesmo antes de iniciada a execução do crime de terrorismo, na hipótese do art. 5º desta Lei (atos preparatórios), aplicam-se as disposições do art. 15 do Código Penal. PONTE DE PRATA Institutos que atuam após a consumação da infração penal, trazendo um tratamento penal mais benéfico ao agente. Arrependimentoposterior (art. 16 do CP) CAUSA GERAL DE DIMINUIÇÃO DE PENA PONTE DE BRONZE Confissão qualificada: quando o agente admite a autoria dos fatos, mas suscita, a seu favor, uma causa de exclusão da ilicitude ou da culpabilidade. Confissão espontânea (art. 65, III, d, do CP) ATENUANTE GENÉRICA PONTE DE DIAMANTE ou PONTE DE PRATA QUALIFICADA Institutos penais que, depois da consumação do crime, podem chegar até a eliminar a responsabilidade penal do agente. Colaboração premiada (diversas previsões) PERDÃO JUDICIAL, SUBSTITUIÇÃO DE PENA, ETC Crime impossível Art. 17 Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é IMPOSSÍVEL CONSUMAR-SE O CRIME. (Lei 7.209/84) Súmula 145 do STF: Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação. Súmula 567 do STJ: Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de furto. TEORIAS NO CRIME IMPOSSÍVEL * Teoria SUBJETIVA É chamada de subjetiva porque, para essa teoria, o que importa é o elemento subjetivo. Assim, o agente é punido pela sua intenção delituosa, mesmo que, no caso concreto, não tenha colocado nenhum bem em situação de perigo. Teoria SINTOMÁTICA O enfoque é a periculosidade do autor e não propriamente o fato. Com a conduta praticada o autor mostrou ser perigoso e deve sofrer a punição, ainda que o crime se mostre impossível de ser consumado. Percebe-se que a teoria tem forte relação com o direito penal do autor. Teorias OBJETIVAS Diz-se que há elemento objetivo quando a tentativa tinha possibilidade de gerar perigo de lesão para o bem jurídico. Se a tentativa não gera perigo de lesão, ela é inidônea. 23 A inidoneidade pode ser: › Absoluta (aquela conduta jamais conseguiria fazer com que o crime se consumasse); ou › Relativa (a conduta poderia ter consumado o delito, o que somente não ocorreu em razão de circunstâncias estranhas à vontade do agente). OBJETIVA PURA Para esta corrente, não haverá crime se a tentativa for inidônea (não importa se inidoneidade absoluta ou relativa). Enfim, em caso de inidoneidade, não interessa saber se ela é absoluta ou relativa, não haverá crime. OBJETIVA TEMPERADA (Teoria adotada pelo Brasil) Esta segunda corrente faz a seguinte distinção: › Se os meios ou objetos forem relativamente inidôneos, haverá crime TENTADO. › Se os meios ou objetos forem absolutamente inidôneos, haverá crime IMPOSSÍVEL. * Conforme ensina Márcio Cavalcante. Art. 18 Diz-se o crime: (Lei 7.209/84) Crime doloso I. DOLOSO, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; (Lei 7.209/84) Crime culposo II. CULPOSO, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. (Lei 7.209/84) Parágrafo único. Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica DOLOSAMENTE. (Lei 7.209/84) TEORIAS DO DOLO ADOTADAS PELO CÓDIGO PENAL TEORIA DA VONTADE CP, art. 18, I: “quis o resultado”. Configuração do dolo exige: previsão do resultado + vontade de produzir o resultado. JUSTIFICA O DOLO DIRETO. TEORIA DO ASSENTIMENTO (consentimento ou da anuência) CP, art. 18, I: “assumiu o risco de produzi-lo”. Configuração do dolo: não é somente quando o agente quer o resultado, mas também quando realiza a conduta assumindo o risco de produzi-lo. JUSTIFICA O DOLO EVENTUAL. ESPÉCIES DE DOLO * DOLO DIRETO O agente “quer a produção do resultado” (CP, art. 18, I, primeira parte). Dolo direto de PRIMEIRO GRAU O agente tem intenção (vontade consciente) de produzir o resultado e dirige sua conduta para este fim. Dolo: fim e meios escolhidos. Exemplo: o agente deseja matar um inimigo Dolo direto de SEGUNDO GRAU (DOLO DE CONSEQUÊNCIAS NECESSÁRIAS) O agente tem intenção (vontade consciente) de produzir o resultado, mas sabe que a sua produção necessariamente dará causa a outros resultados. Exemplo: o agente coloca um explosivo dentro de um carro de seu desafeto. Morte do desafeto: dolo de 1º grau. Morte de outros passageiros: dolo de 2º grau. 24 DOLO INDIRETO O agente não dirige sua vontade a um resultado determinado. Dolo ALTERNATIVO O agente quer alcançar um ou outro resultado (alternatividade objetiva) ou atingir uma ou outra pessoa (alternatividade subjetiva). Dolo EVENTUAL O agente quer um resultado, mas assume o risco de realizar o outro. Adoção da teoria do assentimento. Há indiferença em relação ao resultado. Diferença de dolo eventual e dolo de segundo grau: DOLO EVENTUAL: é possível que o resultado “indiferente” sequer ocorra. DOLO DE 2º GRAU: o resultado certamente ocorrerá em virtude do meio de execução. * Conforme ensina Márcio Cavalcante. MODALIDADES DE CULPA (VIOLAÇÃO DO DEVER OBJETIVO DE CUIDADO) IMPRUDÊNCIA Conduta positiva. Ex.: motorista que dirige em velocidade excessiva. NEGLIGÊNCIA Conduta negativa. Ex.: motorista deixa de fazer manutenção nos freios. IMPERÍCIA Culpa profissional. Ex.: médico, durante o parto, por imperícia, causa a morte da gestante. CULPA PRÓPRIA E IMPRÓPRIA * CULPA PRÓPRIA (O agente não quer o resultado nem assume o risco de produzi-lo) É a culpa propriamente dita. Subdivide-se em duas espécies: Culpa INCONSCIENTE É a culpa SEM PREVISÃO. O agente não prevê o resultado que era previsível para o homem médio (homo medius ou homem standard). Culpa CONSCIENTE É a culpa COM PREVISÃO. O agente acredita sinceramente que o resultado não ocorrerá. ** Em ambos os casos a consequência jurídico-penal é a mesma. CULPA IMPRÓPRIA (Culpa por extensão, por equiparação ou por assimilação) O sujeito, após prever o resultado, e desejar sua produção, realiza a conduta por erro inescusável quanto à ilicitude do fato. Supõe uma situação fática que, se existisse, tornaria a sua ação legítima. Por política criminal, é a única modalidade de crime culposo que comporta tentativa. * Conforme ensina Márcio Cavalcante. ** No caso do DOLO EVENTUAL, o resultado previsto não é desejado, mas assume o risco de produzi-lo. Na CULPA CONSCIENTE o resultado previsto não é desejado ou assumido, porque o agente acredita, sinceramente, que pode evitá-lo. Agravação pelo resultado Art. 19 Pelo RESULTADO que AGRAVA ESPECIALMENTE A PENA, só responde o agente que o houver causado ao menos culposamente. (Lei 7.209/84) É possível a aplicação das agravantes genéricas do art. 61 do CP aos crimes preterdolosos. Assim, nos crimes preterdolosos, espécie de delito qualificado pelo resultado, é possível a incidência de agravante genérica prevista no art. 61 do CP. Ex.: pode ser aplicada agravante genérica do art. 61, II, “c”, do CP no delito de lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3º, do CP). STJ. 6ª Turma. AgInt no AREsp 1074503/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 18/09/2018. Em crimes preterdolosos ou preterintencionais, imprescindível é que a denúncia impute a previsibilidade e culpa no crime consequente, sob pena de indevida 25 responsabilização objetiva em direito penal, com atribuição de responsabilidade apenas pelo nexo causal. STJ. 6ª Turma. RHC 59.551/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 09/08/2016. TEORIAS DA CONDUTA TEORIA CAUSALISTA Causal-Naturalista / Clássica / Naturalística / Mecanicista Von Liszt, Beling, Radbruch. Início do século XIX Movimento corporal (ação) voluntário que produz uma modificação no mundo exterior perceptível pelos sentidos. Crime É fato típico, ilícito e culpável. A teoria causalista é tripartite. Fato típico É conduta, resultado, nexo e tipicidade. Culpabilidade (3º substrato)É imputabilidade, dolo e culpa (“espécies” de culpabilidade). Conduta AÇÃO consistente em um movimento humano voluntário que causa modificação no mundo exterior. Críticas: desconsidera que toda ação humana é dirigida a uma finalidade; não explica de maneira adequada os crimes omissivos, formais e de mera conduta; desconsidera os elementos normativos e os elementos subjetivos do tipo. TEORIA NEOKANTISTA Causal-Valorativa / Neoclássica / Normativista Edmund Mezger. Primeiras décadas do século XX Base causalista Comportamento humano (ação ou omissão) voluntário causador de um resultado. Crime É fato típico, ilicitude e culpabilidade. Tripartite Fato típico É conduta, resultado, nexo causal e tipicidade. Culpabilidade Imputabilidade, exigibilidade de conduta diversa, culpa e dolo. Conduta COMPORTAMENTO humano voluntário, causador de modificação no mundo exterior. Críticas: partindo de conceitos naturalistas, ficou contraditória quando reconheceu elementos normativos e subjetivos no tipo. TEORIA FINALISTA Ôntico- Fenomenológica Criada por Hans Welzel. Meados do século XX (1930 – 1960) Comportamento humano voluntário psiquicamente dirigido a um fim – toda conduta é orientada por um querer. Crime É fato típico, ilícito e culpável. Fato típico É conduta, resultado, nexo e tipicidade. Dolo e culpa migram da culpabilidade para o fato típico (dolo deixa de ser normativo e passa a ser natural: só elementos subjetivos: consciência e vontade. Permanece a consciência da ilicitude na culpabilidade). Culpabilidade Imputabilidade, exigibilidade de conduta diversa e potencial consciência da ilicitude (a antiga atual consciência da ilicitude que ficava no dolo – neokantismo –, tornando-o normativo, se desloca para a culpabilidade, tornando-se potencial consciência). Conduta COMPORTAMENTO humano voluntário psiquicamente dirigido a um fim (ilícito). Críticas: a finalidade não explica os crimes culposos (sendo frágil também nos crimes omissivos); a teoria se centralizou no desvalor da conduta, ignorando o desvalor do resultado. TEORIA SOCIAL DA AÇÃO Desenvolvida por Wessels, tendo como principal adepto Jescheck Comportamento humano voluntário psiquicamente dirigido a um fim socialmente reprovável. Crime Fato típico, ilicitude e culpabilidade. Fato típico É conduta, resultado, nexo e tipicidade. Culpabilidade É imputabilidade, potencial consciência da ilicitude, e exigibilidade de conduta diversa. 26 Conduta Comportamento humano voluntário psiquicamente dirigido a um fim, socialmente reprovável. Crítica: não há clareza no que significa fato socialmente relevante. FUNCIONALISMO TELEOLÓGICO OU MODERADO Dualista / Moderado / da Política Criminal / Valorativo Roxin – Escola de Munique Comportamento humano voluntário causador de relevante e intolerável lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. Crime Fato típico, ilícito e REPROVÁVEL (imputabilidade, potencial consciência da ilicitude, exigibilidade de conduta diversa e necessidade da pena). Culpabilidade passa a ser limite da pena (culpabilidade funcional). Fato típico Ainda é conduta, resultado, nexo e tipicidade. Conduta Orientada pelo princípio da intervenção mínima, consiste em um comportamento humano voluntário, causador de relevante e intolerável lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. Crítica: coloca a reprovabilidade como substrato do crime. FUNCIONALISMO RADICAL OU SISTÊMICO Monista / Radical Jakobs – Escola de Bonn Comportamento humano voluntário causador de um resultado violador do sistema, frustrando as expectativas normativas. Crime Fato típico, ilicitude e culpabilidade. Também é tripartite. Fato típico É conduta, resultado, nexo causal e tipicidade. Culpabilidade Imputabilidade, potencial consciência de ilicitude, exigibilidade de conduta diversa. Conduta Comportamento humano voluntário causador de um resultado evitável, violador do sistema, frustrando as expectativas normativas. Críticas: serve aos Estados totalitários; reduz direitos e garantias fundamentais. Erro sobre elementos do tipo Art. 20 O ERRO sobre elemento constitutivo do TIPO legal de crime EXCLUI O DOLO, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. (Lei 7.209/84) Descriminantes putativas § 1º. É ISENTO DE PENA quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. NÃO HÁ ISENÇÃO DE PENA quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo. (Lei 7.209/84) Quanto à natureza jurídica das descriminantes putativas, o Código Penal adotou a teoria limitada da culpabilidade, conforme consta expressamente no item 19 da Exposição de Motivos da parte geral: Repete o Projeto as normas do Código de 1940, pertinentes às denominadas "descriminantes putativas". Ajusta-se, assim, o Projeto à teoria limitada pela culpabilidade, que distingue o erro incidente sobre os pressupostos fáticos de uma causa de justificação do que incide sobre a norma permissiva. Tal como no Código vigente, admite-se nesta área a figura culposa (artigo 17, § 1º). Teoria Limitada da Culpabilidade As descriminantes putativas tem natureza jurídica de erro de tipo, quando o engano recair sobre os pressupostos do fato; ou de erro de proibição, quando o erro recair sobre a existência ou os limites de uma causa putativa de exclusão da ilicitude. Erro determinado por terceiro § 2º. Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. (Lei 7.209/84) 27 Erro sobre a pessoa § 3º. O ERRO QUANTO À PESSOA contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. (Lei 7.209/84) ERRO DE TIPO * ESSENCIAL (CP, art. 20, caput) ESCUSÁVEL / INEVITÁVEL / INVENCÍVEL Exclui o DOLO e a CULPA É a modalidade de erro que não deriva de culpa do agente. Mesmo que ele tivesse agido com a cautela e a prudência de um homem médio, ainda assim não poderia evitar a falsa percepção da realidade sobre os elementos constitutivos do tipo penal. INESCUSÁVEL / EVITÁVEL / VENCÍVEL Exclui o DOLO, MAS NÃO A CULPA (CASO haja previsão da MODALIDADE CULPOSA) É a espécie de erro que provém da culpa do agente, é dizer, se ele empregasse a cautela e a prudência do homem médio poderia evitá-lo, uma vez que seria capaz de compreender o caráter criminoso do fato. ACIDENTAL Erro de tipo acidental é o que recai sobre dados diversos dos elementos constitutivos do tipo penal. Sobre as circunstâncias (qualificadoras, agravantes genéricas e causas de aumento da pena) e fatores irrelevantes da figura típica. A INFRAÇÃO PENAL SUBSISTE ÍNTEGRA, E ESSE ERRO NÃO AFASTA A RESPONSABILIDADE PENAL. Pode ocorrer nas seguintes situações: Erro sobre a PESSOA (ou error in persona) Quando o agente confunde a pessoa visada, contra a qual desejava praticar a conduta criminosa, com pessoa diversa. Erro sobre o OBJETO O sujeito crê que a sua conduta recai sobre um determinado objeto, mas na verdade incide sobre coisa diversa. Erro quanto às QUALIFICADORAS O sujeito age com falsa percepção da realidade no que diz respeito a uma qualificadora do crime. Erro sobre o NEXO CAUSAL (aberratio causae) É o engano relacionado à causa do crime: o resultado buscado pelo agente ocorreu em razão de um acontecimento diverso daquele que ele inicialmente idealizou. Erro na EXECUÇÃO (aberratio ictus / aberração no ataque) Art. 73 do CP: Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. Nocaso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO (aberratio delicti ou aberratio criminis) Art. 74 do CP: Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. * Conforme ensina Cleber Masson. 28 ERRO SOBRE A PESSOA E ERRO NA EXECUÇÃO ERRO SOBRE A PESSOA (art. 20, § 3º, CP) ERRO NA EXECUÇÃO (art. 73, CP) Há equívoco na representação da VÍTIMA PRETENDIDA. Representa-se corretamente a VÍTIMA PRETENDIDA. A EXECUÇÃO DO CRIME é correta. Não há falha operacional. A EXECUÇÃO DO CRIME é errada. Há falha operacional (erro na execução). A pessoa visada não corre perigo (foi confundida com outra). A pessoa visada corre perigo. O agente responde pelo crime nos dois casos, considerando as qualidades da vítima virtual/pretendida (teoria da equivalência). Erro sobre a ilicitude do fato [Erro de proibição] Art. 21 O DESCONHECIMENTO DA LEI É INESCUSÁVEL. O erro sobre a ilicitude do fato, SE INEVITÁVEL, isenta de pena; SE EVITÁVEL, poderá diminui-la de 1/6 a 1/3. (Lei 7.209/84) Parágrafo único. Considera-se EVITÁVEL o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência. (Lei 7.209/84) ERRO JURÍDICO-PENAL ERRO DE TIPO Recai sobre situação fática. Exemplo: Apoderar-se de objeto alheio supondo-o próprio. ERRO DE PROIBIÇÃO Atinge a compreensão sobre a ilicitude de uma conduta. Exemplo: Apoderar-se de objeto do devedor inadimplente, supondo lícita a ação de satisfazer o crédito com as próprias mãos. MODALIDADES DO ERRO DE PROIBIÇÃO ERRO DE PROIBIÇÃO DIRETO Agente se engana em relação ao conteúdo da norma proibitiva (porque ignora a existência de uma norma penal incriminadora; porque não conhece completamente o seu conteúdo; ou porque não entende seu âmbito de incidência). Ex.: pensa que não é crime portar drogas para consumo próprio. ERRO DE PROIBIÇÃO INDIRETO (descriminante putativa por erro de proibição) Agente sabe que a conduta é típica, mas acredita que está amparado por uma norma permissiva (equivoca-se quanto à existência da norma permissiva ou quanto aos seus limites). Ex.: pensa que está autorizado a matar a mulher adúltera em legítima defesa da honra. ERRO DE PROIBIÇÃO MANDAMENTAL É o erro de direito que incide nos crimes omissivos impróprios (art. 13, § 2º, do CP). O garantidor, diante da situação de perigo, acredita, erroneamente, estar autorizado a não agir para evitar o resultado. Coação irresistível e obediência hierárquica Art. 22 Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem. (Lei 7.209/84) Causa legal de exclusão da culpabilidade por inexigibilidade de conduta diversa. 29 COAÇÃO IRRESISTÍVEL Coação FÍSICA irresistível (VIS ABSOLUTA) Ocorre nas hipóteses em que o agente, em razão de força física externa, é impossibilitado de determinar seus movimentos de acordo com sua vontade. Exclui a TIPICIDADE (por falta de conduta) O fato é atípico. Exemplo: um sujeito, com dever de agir para impedir determinado resultado, é amarrado e, consequentemente, impossibilitado de evitar que ocorra o resultado lesivo. Coação MORAL irresistível (VIS COMPULSIVA) Na coação moral é conferida ao coagido a possibilidade de escolha, entre cumprir o ato determinado pelo coator ou sofrer as consequências danosas por ele prometidas. Exclui a CULPABILIDADE (por inexigibilidade de conduta diversa) O fato é típico, ilícito, porém não culpável. Exemplo: um pai que é bancário e tem sua filha sob a mira de uma pistola e caso não passe a senha do cofre sua filha será morta. Exclusão de ilicitude Art. 23 NÃO HÁ CRIME quando o agente pratica o fato: (Lei 7.209/84) I. em estado de necessidade; (Lei 7.209/84) II. em legítima defesa; (Lei 7.209/84) III. em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. (Lei 7.209/84) Excesso punível Parágrafo único. O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo. (Lei 7.209/84) O rol deste artigo não é taxativo, pois admite causas supralegais, como consentimento do ofendido. AS FONTES DAS CAUSAS DE JUSTIFICAÇÃO SÃO: › LEI (estrito cumprimento de dever legal e exercício regular de direito); › NECESSIDADE (estado de necessidade e legítima defesa); › FALTA DE INTERESSE (consentimento do ofendido). Os efeitos das causas excludentes de antijuridicidade se estendem à esfera extrapenal. CPP, art. 65: Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. Estado de necessidade Art. 24 Considera-se em ESTADO DE NECESSIDADE quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. (Lei 7.209/84) § 1º. Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo. (Lei 7.209/84) § 2º. Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de 1/3 a 2/3. (Lei 7.209/84) 30 Legítima defesa Art. 25 Entende-se em LEGÍTIMA DEFESA quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. (Lei 7.209/84) Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, CONSIDERA-SE TAMBÉM em LEGÍTIMA DEFESA o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes. (Lei 13.964/19) 31 TÍTULO III - DA IMPUTABILIDADE PENAL Inimputáveis Art. 26 É ISENTO DE PENA o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, INTEIRAMENTE INCAPAZ de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. [Critério biopsicológico] (Lei 7.209/84) Redução de pena Parágrafo único. A pena pode ser REDUZIDA de 1/3 a 2/3, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (Lei 7.209/84) Menores de 18 anos Art. 27 Os menores de 18 anos são PENALMENTE INIMPUTÁVEIS, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial. [Critério biológico] (Lei 7.209/84) SISTEMA DE AFERIÇÃO DA INIMPUTABILIDADE SISTEMA BIOPSICOLÓGICO ou MISTO Art. 26 do CP Não basta que o agente tenha a condição mental (doença mental, ou desenvolvimento mental incompleto). É necessário que essa condição mental tenha sido capaz de comprometer o seu entendimento ou o seu comportamento a partir desse entendimento. SISTEMA BIOLÓGICO ou ETIOLÓGICO Art. 27 do CP É irrelevante que o sujeito tenha, no caso concreto, se mostrado lúcido ao tempo da prática da infração penal para entender o caráter ilícito do fato e determinar-se de acordo com esse entendimento. O decisivo é o fator biológico, a formação e o desenvolvimento mental do ser humano. Emoção e paixão Art. 28 Não excluem a imputabilidade penal: (Lei 7.209/84) I. a emoção ou a paixão; (Lei 7.209/84) Embriaguez II. a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância
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