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MATERIAIS DE ENGENHARIA ELÉTRICA – PROF. AELFO MARQUES LUNA – VOL 1 1 CAPITULO I 1.1 - INTRODUÇÃO E PERSPECTIVAS HISTÓRICAS Os materiais cercam o homem de todos os lados e desempenham um papel crucial na cultura e desenvolvimento da humanidade. Na habitação, no transporte, nas vestes, nas comunicações, no lazer e na alimentação, ou seja, em cada segmento do quotidiano os materiais influenciam, em grau maior ou menor, a qualidade de vida do homem na Terra. Historicamente a ascensão das civilizações no mundo está estreitamente relacionada com as habilidades do homem de produzir e manusear os materiais de acordo com as suas necessidades. De fato as civilizações mais antigas foram designadas pelo nível de conhecimento e desenvolvimento dos materiais por elas utilizados. Deste modo à própria história denominam diversas eras com o nome dos materiais de uso mais predominante, tais com as Idades da Pedra, do Cobre, do Bronze e do Ferro. Os antepassados do homem tinham acesso a um número muito limitado de materiais cuja ocorrência era de forma natural, tais como a pedra, madeira, as peles dos animais, o barro. Com o tempo eles foram descobrindo empiricamente técnicas para produção de materiais que tinham propriedades superiores àqueles obtidos naturalmente. Esses novos materiais incluem as cerâmicas e os metais. Outrossim, descobriram que as propriedades de um material poderiam ser alteradas por tratamento térmico ou pela adição de outras substâncias. Assim surgiu o bronze que é uma combinação do cobre e do estanho, que resultou num material mais versátil para fundição. A utilização dos materiais era feita por meio de um processo seletivo, baseado num elenco muito limitado de materiais, cujo desempenho era conhecido empiricamente para determinadas aplicações, em virtude de suas características. Ao longo da História este processo seletivo foi dramático, pontilhado ora de sucessos, ora de fracassos, as custas dos quais os antigos foram aprendendo. Por outro lado os magníficos palácios, pirâmides, catedrais, pontes, muralhas e outros numerosos artefatos construídos pelo homem e deixados para a posteridade são, sem sombra de dúvidas, o testemunho eloqüente da sua extraordinária capacidade criativa. Em tempos mais recentes, os cientistas vieram a compreender, por meio da Ciência dos Materiais, as relações existentes entre os elementos da estrutura dos materiais e suas propriedades. Este conhecimento adquirido pela Ciência dos Materiais permitiu um desenvolvimento, em alto grau, das propriedades dos materiais, fazendo surgir dezenas de milhares de diferentes tipos com características especiais e que foram ao encontro das necessidades da moderna e complexa sociedade atual. O desenvolvimento de muitas tecnologias tornou possível fazer a existência do homem bastante confortável e isso está intimamente associado com o uso e a acessibilidade aos materiais adequados. MATERIAIS DE ENGENHARIA ELÉTRICA – PROF. AELFO MARQUES LUNA – VOL 1 2 Figura 1.1 -Concepção artística da torre de Babel, imaginada pelo pintor P. Breiguel. Os tijolos utilizados na sua construção eram cozidos. No livro Gênesis, capítulo11, versículo 3 está escrito: “E disseram uns aos outros: Vamos! Façamos tijolos e cozamo-los ao fogo. E serviu-se dos tijolos como de pedra e o betume lhes serviu de cimento”. Desconheciam os construtores daquela época das limitações do tijolo quanto aos esforços de compressão. Daí o insucesso, com o desmoronamento da torre. 1.2 - CIÊNCIA DOS MATERIAIS E ENGENHARIA A Ciência dos Materiais está envolvida com a investigação cientifica das relações que existem entre a estrutura dos materiais e suas propriedades. A Engenharia dos Materiais consiste, com base nas correlações estrutura e propriedade, no projeto ou engenharia da estrutura de um material para produzir um conjunto predeterminado de propriedades. Ao longo deste livro serão sempre destacadas as relações existentes entre as propriedades e os elementos estruturais. Há conveniência de melhor precisar o significado do termo “estrutura” o qual será utilizado neste livro, visto que pode, algumas vezes, apresentar-se como um termo nebuloso, merecendo, portanto, alguns esclarecimentos. Entende-se usualmente como “estrutura do material” o arranjo de seus elementos constituintes.Internos. A estrutura subatômica envolve os elétrons dentro do seu átomo e suas interações com o núcleo. No nível atômico o conceito de estrutura encerra a organização dos átomos ou das moléculas, uns em relação aos outros. No estado seguinte, de maior dimensão, o conceito de estrutura contêm uma grande aglomeração de átomos e que recebe a denominação de microscópica, significando que somente são observáveis usando algum tipo de microscópio. Finalmente ela é denominada de macroscópica quando a estrutura dos seus elementos pode ser observada com os olhos nus. MATERIAIS DE ENGENHARIA ELÉTRICA – PROF. AELFO MARQUES LUNA – VOL 1 3 Estrutura subatômica Envolve os elétrons dentro do seu átomo e suas interações com o núcleo Estrutura atômica ou molecular Envolve a organização dos átomos ou das moléculas, uns em relação aos outros. Estrutura microscópica È um universo estrutural de maior dimensão e envolve grandes grupos de átomos, normalmente conglomerados. Somente são observadas com algum tipo de microscópio, daí o nome de microscópica. Estrutura macroscópica Os elementos estruturais podem ser observados com olhos nus 1.3 - CONCEITO DE PROPRIEDADE Quando em uso, todos os materiais são expostos a estímulos externos que determinam algum tipo de resposta do material. Por exemplo, um material submetido a tensões (tração ou compressão) apresentará como resposta uma deformação. A propriedade é uma característica do material em termos da natureza e da grandeza da resposta a um estímulo externo imposto. As propriedades mais importantes dos materiais podem ser agrupadas em seis categorias: MECÃNICAS TÉRMICAS ELÉTRICAS MAGNÉTICAS ÓTICAS QUÍMICAS OU DETERIORATIVAS * * indicam a reatividade química dos materiais Em complemento ao conceito de estrutura e de propriedade há outros dois importantes aspectos que envolvem a Ciência e a Engenharia dos Materiais: processamento e desempenho dos materiais. Entende-se como processamento à seqüência de estados de um sistema que se transforma. Quando do seu uso pela engenharia os materiais são submetidos a diversos processos, a partir do seu estado bruto até seu estado final como produto acabado. Nesta sucessão de estados os materiais podem ter suas propriedades alteradas. Observa-se que existe uma correlação entre estes quatro componentes, assim verifica-se que a estrutura do material dependerá do seu processamento, e por sua vez seu desempenho será uma função de suas propriedades finais. A esta correlação que é linear, como mostrado a seguir, toda atenção deve ser dispensada a esses quatro fatores em termos de projeto, produção e utilização dos materiais. Processamento Estrutura Propriedades Desempenho MATERIAIS DE ENGENHARIA ELÉTRICA – PROF. AELFO MARQUES LUNA – VOL 1 4 1.4 - CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DOS MATERIAIS Há vários critérios nos quais são baseadas as decisões finais para seleção adequada dos materiais. O primeiro de todos é a caracterização das condições de serviço, a partir das quais é possível delinear as propriedades requeridas pelo material a ser utilizado. Somente em raras oportunidades as propriedades deum material atendem de forma ideal as condições de serviço, onde é então necessário buscar uma solução de compromisso entre as propriedades. Exemplo clássico envolve a resistência mecânica e ductilidade dos materiais: normalmente, um material que tem alta resistência mecânica tem uma limitada ductilidade. Em tal condição uma razoável compromisso entre duas ou mais propriedades pode tornar-se necessário. Um segundo critério considera a degradação das propriedades que pode ocorrer com o material quando em serviço. Exemplo: redução da resistência mecânica como decorrência de temperaturas elevadas ou de corrosão ambiental. Finalmente, um aspecto que provavelmente supera em importância aos outros critérios citados é a questão econômica. Quanto custará o produto final? O material é encontrado com facilidade na natureza? E também em quantidades adequadas para atender a demanda comercial? Seu processamento é complexo ou simples? Muitas vezes um material pode ser encontrado com um elenco ideal de propriedades, entretanto, o seu custo é proibitivo. Mas uma vez é inevitável adotar uma solução de compromisso entre os diversos requisitos. 1.5 - CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS Existe uma imensa variedade de materiais e sob o ponto de vista de suas aplicações na Engenharia podem ser classificadas de vários modos. Os materiais podem ser agrupados segundo o seu estado de agregação, assim tem-se os materiais no estado gasoso, líquido e sólido. A Ciência pesquisa atualmente outros estados de agregação dos materiais tais como o “plasma” e a “matéria condensada” Os materiais podem ser de origem natural ou sintética e também podem ser de natureza inorgânica ou orgânica. Os materiais inorgânicos compõem a maior parte da crosta terrestre. São encontrados nas rochas e constituídos de metais e seus derivados, óxidos, hidróxidos, sulfetos, silicatos, cloretos, etc. Isto é, pertencem ao denominado reino Mineral. Incluem ainda compostos de todos elementos, com exceção do carbono em substâncias orgânicas. Os materiais orgânicos compreendem a grande parte dos produtos renováveis, pertencentes aos reinos Animal e Vegetal. Todos contêm carbono e hidrogênio, podendo apresentar também em sua composição átomos de oxigênio, nitrogênio, enxofre ou fósforo. Um exemplo desses materiais e dos mais antigos é a madeira. Aos materiais naturais o homem acrescentou uma grande diversidade de outros produtos, destacando-se entre eles os polímeros sintéticos, cuja característica principal é apresentarem pesos moleculares elevados. Os polímeros são produtos orgânicos, para os quais a matéria prima principal é o petróleo. MATERIAIS DE ENGENHARIA ELÉTRICA – PROF. AELFO MARQUES LUNA – VOL 1 5 1.6 - ASPECTOS QUALITATIVOS E QUANTITATIVOS DAS P ROPRIEDADES O conhecimento científico de uma propriedade, ou seja, o conhecimento científico da reação que o material apresenta quando solicitado por um estímulo externo, pode ser de natureza qualitativa ou quantitativa. O primeiro resulta de representações esquemáticas que ajudam o observador a determinar previamente quais as variáveis que podem ser controladas. Como exemplo considere-se a informação qualitativa de que a resistividade dos metais condutores aumenta com a temperatura. Ou seja, limita-se a uma descrição fenomenológica da propriedade e dos fatores nela intervenientes. Por outro lado o conhecimento científico quantificado, como o próprio nome diz, mede os resultados produzidos pela reação do material ao estímulo externo, este também devidamente mensurado. A propriedade é assim caracterizada por um número, que é expresso mediante um “sistema de unidades”, bem definido e universalmente aceito, número este obtido por meio de procedimentos ou processos de medição devidamente “normalizados”, os quais parametrizam a ação dos fatores externos variáveis que podem influenciar a quantificação do conhecimento. Adotar procedimentos ou processos normalizados significa dizer que as medições da propriedade devem obedecer a um conjunto padronizado de operações e usar instrumentos de medição devidamente aferidos. Esses procedimentos assim padronizados constituem a origem das normas. As normas são acordos documentados que contêm especificações técnicas ou outros critérios precisos destinados a ser utilizados de forma sistemática, tanto sob formas de regras, diretrizes ou definição de características para assegurar que os materiais, produtos, processos e serviços são aptos para seu emprego adequado e confiável. A idéia de medir está intrinsecamente associada às atividades do engenheiro. Pitágoras, famoso matemático que viveu alguns séculos antes de Cristo, dizia que os “números regem o mundo”. Lord Kelvin dá também uma mensagem muito importante sobre a quantificação dos fenômenos observados pelo homem: “Quando podemos medir alguma cousa de que falamos e podemos expressá-la em números, nós sabemos algo sobre ela; mas quando não podemos expressa-la em números, nosso conhecimento é um conhecimento pobre e insuficiente.” O conhecimento científico quantificado das propriedades dos materiais possibilita seleciona-los de forma correta e adequada, ou seja, permite a escolha criteriosa de materiais de BOA QUALIDADE. Nos dias atuais, de economia globalizada e fortemente competitiva valoriza-se muito a “qualidade” dos materiais, entendendo-se como tal esse atributo ou condição dos materiais que os distingue de outros e lhes determina uma característica peculiar mais valiosa. Por este conceito acima expresso a qualidade parece ser, a primeira vista, uma idéia vaga, se o processo de sua avaliação permanecer no campo puramente qualitativo, ou seja, não se expressar quantitativamente por meios de números, como é recomendado por Lord Kelvin. Pode-se afirmar que a METROLOGIA, constituída pelos sistemas de unidades métricas, reconhecidas universalmente, tais como o Sistema Internacional- SI, o sistema CGS etc, em conjunto com a NORMALIZAÇÃO, constituída por sua MATERIAIS DE ENGENHARIA ELÉTRICA – PROF. AELFO MARQUES LUNA – VOL 1 6 vez pelo conjunto de normas, técnicas internacionais e nacionais, formam um “continuum” que deságua na caracterização da QUALIDADE. METROLOGIA NORMALIZAÇÃO QUALIDADE Não pode haver qualidade sem normalização e esta para sua aplicação, depende de medições com instrumentos aferidos adequadamente e da expressão das grandezas medidas, segundo um sistema metrológico universalmente consagrado. Tem-se, portanto, a METROLOGIA como base, a NORMALIZAÇÃO como referência e a QUALIDADE como fim. O número que mede, ou seja, o número métrico, é o fundamento de todos os conhecimentos científicos e técnicos e veio transformar a QUALIDADE – uma idéia relativamente vaga - em QUANTITADE – uma idéia precisa. 1.7 - RELEVÂNCIA DA METROLOGIA É preciso frisar que a metrologia não se preocupa tão somente com o uso adequado de sistemas de unidades padronizadas e reconhecidas, mas também com a aferição e calibração dos instrumentos de medição utilizados nos processos produtivos e comerciais. Para tal mister existe no Brasil uma autarquia federal, vinculada ao Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo, denominada INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial que atua como órgão executivo do Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – CONMETRO, colegiado este que é o órgão normativo do Sistema Nacional de Metrologia,Normalização e Qualidade Industrial – SINMETRO. Esta estrutura foi criada pelo Governo Federal pela Lei n. 5966 de 11/11/1973, cabendo ao INMETRO substituir o então Instituto Nacional de Pesos e Medidas – INPM e ampliar seu raio de ação a serviço da sociedade brasileira. Historicamente, desde o Primeiro Império, o país preocupou-se com a uniformização das medidas brasileiras, que eram na época numerosas e confusas, sendo, portanto, causadoras de transtornos comerciais e prejuízos financeiros. Mas apenas em 1862, D. Pedro II promulgava a Lei Imperial n. 1157 e com ela oficializava, em todo território nacional, o sistema métrico decimal francês, tendo sido o Brasil uma das primeiras nações a adotar o novo sistema decimal, que seria paulatinamente utilizado em todo o mundo. Em 1961, com a criação do Instituto Nacional de Pesos e Medidas - INPM, já mencionado anteriormente, foi implantado no país o Sistema Nacional de Unidades em todo território nacional. MATERIAIS DE ENGENHARIA ELÉTRICA – PROF. AELFO MARQUES LUNA – VOL 1 7 1.8 - A NORMALIZAÇÃO NO BRASIL E OS ORGÃOS INTERNACIONAIS No Brasil o conjunto de Normas Técnicas para as engenharias é coordenado e elaborado pela “Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT”. A ABNT é uma entidade privada, sem fins lucrativos, fundada em 1940 e reconhecida tanto no âmbito nacional como internacional, sendo a representante no Brasil da IEC e da ISO. Os trabalhos de elaboração das normas técnicas são realizados por meio de Comitês. Nestes Comitês são reunidos diversos profissionais de cada setor específico, de renomada experiência técnica. A ABNT já tem no seu acervo mais de 7500 Normas Técnicas. A obediência rigorosa as Normas Técnicas é, sem sombra de dúvidas, o aval mais valioso do engenheiro para assegurar, tanto a qualidade dos materiais como dos produtos e obras resultantes. A natureza das normas da ABNT pode ser identificada por meio das siglas que precedem a sua numeração: CB Classificação NB Procedimento EB Especificação PB Padronização MB Método SB Simbologia TB Terminologia Convém anotar que nas normas ABNT, além do número de registro da norma no INMETRO (precedido pelas letras NBR), também consta o número com que a norma foi registrada na ABNT. Dentre os diversos Comitês da ABNT, o de n.03, trata especificamente dos assuntos relacionados com a área da Engenharia Elétrica. Observa-se que as Normas Técnicas da área elétrica são fortemente inspiradas nas normas européias, especialmente nas normas da Internacional Electrical Comission – IEC. A IEC foi fundada em 1906 e é uma organização mundial que elabora e publica normas internacionais para tudo aquilo que é tratado pela eletrotécnica, eletrônica e tecnologias aparentadas. A IEC congrega mais de 50 países, compreendendo neste elenco todas as grandes nações comerciantes do mundo e um número crescente de países em vias de desenvolvimento, tendo inclusive o Brasil como seu caudatário. Deste modo é comum a citação das normas da IEC, na hipótese de ausência de normas nacionais ou como referência importante. A sigla ISO é também usada no mundo inteiro e significa Organização Internacional para Normalização. É uma organização não governamental, criada em 1947 e tem por missão fomentar o desenvolvimento da normalização e atividades conexas no mundo, tendo em vista a facilitação do comércio de bens e serviços entre as nações, bem como desenvolver a cooperação nos domínios intelectual, científico, técnico e econômico. MATERIAIS DE ENGENHARIA ELÉTRICA – PROF. AELFO MARQUES LUNA – VOL 1 8 Outros países possuem também órgãos de normalização que são influentes no contexto internacional, tais como: ANSI- American National Standards Institute. ASTM- American Society for Testing Materials NEC- National Electrical Code DIN- Deutsches Institut für Normung AFNOR- Association Française de Normalisation BSI- British Standards Institute GOST - Rússia VDE - Alemanha IRAM - Instituto Argentino de Racionalizacion de Materiales 1.9 – CICLO DOS MATERIAIS Os materiais consumidos pela humanidade podem ser visualizados como fluindo num vasto ciclo de materiais, ou seja, poucos são os materiais que podem ser usados no seu estado natural ou bruto. Na sua grande maioria eles são elaborados, ou seja, submetidos a diversos processos de transformações físicas e químicas diversas que o conduzem a sua forma final de uso. Assim as diversas etapas do processamento são: Estado bruto São extraídos da terra por meio de processos de mineração, perfuração, exploração etc. Exemplos: petróleo, metais. Extração das arvores nas florestas etc Estado bruto intermediário Os materiais são convertidos em matérias BASE, ou seja, beneficiados. Os metais por processos metalúrgicos são transformados em lingotes; o petróleo em produtos petroquímicos (nafta); em madeira serrada; em pedras compostas etc. Materiais de engenharia Os lingotes de metal alumínio são transformados em fios isolados com produtos poliméricos derivados do petróleo; a madeira é transformada em madeira compensada; os produtos petroquímicos são transformados em componentes plásticos etc. Utilização como produto final Último estágio é a sua utilização nos equipamentos, máquinas, dispositivos etc. MATERIAIS DE ENGENHARIA ELÉTRICA – PROF. AELFO MARQUES LUNA – VOL 1 9 A capacidade de produção dos materiais é estreitamente ligada aos recursos naturais e as possibilidades de reciclagem dos resíduos. Nos dias atuais a acumulação de equipamentos e de bens de consumo é acompanhada de um excesso localizado de materiais usados (sucatas). Após seu desempenho a serviço do homem, os materiais retornam como sucata ou sob a forma de resíduos e percorrem o caminho de volta a terra, ou se viável penetram no denominado “ciclo de reprocessamento”. Exemplos significativos são exibidos pelo alumínio, ferro, cobre, vidro, papel etc. Há, portanto, um sistema global de transformação regenerativa. A recuperação para os polímeros orgânicos é mais difícil em face de sua estrutura química ser mais complexa Neste ciclo existe uma forte interação entre a matéria, a energia envolvida nos processos e o meio ambiente. Esses três elementos não podem ser desassociados, particularmente nos dias de hoje quando a qualidade do espaço vital é muito questionada pelos ambientalistas. Muitos dos materiais que usamos são derivados de fontes não renováveis, isto é, de recursos impossíveis de serem regenerados. Nestes incluem-se os polímeros, para os quais a matéria prima básica é o petróleo. Estes recursos estão se tornando gradualmente escassos, o que demandará as seguintes providencias: a) Descoberta de novas reservas adicionais; b) O desenvolvimento de novos materiais que possuam propriedades comparáveis, porém apresente impacto ambiental menos adverso; c) Maiores esforços de reciclagem e/ou o desenvolvimento de novas tecnologias de reciclagem. Como decorrência desse quadro está se tornando cada vez mais importante considerar o ciclo de vida dos materiais “desde o berço até o seu túmulo”, em relação ao seu processo global de fabricação. Na Fig. 1.3 é apresentado um diagrama descrevendo o ciclo dos materiais, com as suas múltiplas fases de transformações sucessivas, que vão da exploração dos recursos naturais até a formação dos resíduos. Uma gestão ótima deste ciclo é muito difícil de se realizar na prática. 1.10 – RECURSOS E RESERVAS DE MATERIAISOs recursos de um elemento químico são constituídos pela quantidade deste elemento disponível na crosta terrestre, nos oceanos e na atmosfera e que podem ser extraídos no futuro. Para calcular os recursos de um elemento deve-se ter em conta a sua concentração media na crosta terrestre até uma profundidade relativamente baixa, ou seja, 1 km de profundidade. Esta porção limitada da crosta terrestre corresponde a MATÉRIA ENERGIA MEIO AMBIENTE MATERIAIS DE ENGENHARIA ELÉTRICA – PROF. AELFO MARQUES LUNA – VOL 1 10 uma massa de cerca de 10 18 ton. A concentração media dos elementos químicos na crosta terrestre é geralmente muito baixa para que os trabalhos de extração e obtenção da maioria dos metais sejam rentáveis. Somente as jazidas, ou seja, somente nas zonas onde a concentração de um mineral é importante, valem a pena ser exploradas comercialmente. A parte dos recursos que é atualmente susceptível de ser explorada economicamente é denominada de reserva. As reservas são quantitativamente muito menores que os recursos e o limite entre os dois é determinado por um conjunto de fatores econômicos e tecnológicos relacionados com a sua exploração. Eles variam ao longo do tempo e dependem igualmente das estratégias econômicas praticadas pelos paises possuidores dessas riquezas e dos grandes grupos industriais. DISTRIBUIÇÃO PORCENTUAL DOS PRINCIPAIS ELEMENTOS NA CROSTA TERRESTRE, NOS OCEANOS E ATMÓSFERA Crosta Continental (1km) Massa de 10 18 ton Oceanos Massa de 10 17 ton Atmosfera Massa 10 16 ton Oxigênio 47 % Oxigênio 85% Nitrogênio 79% Silício 27% Hidrogênio 10% Oxigênio 19% Alumínio 8% Cloro 2% Argônio 2% Ferro 5% Sódio 1% Cálcio 4% Sódio 3% Potássio 3% Magnésio 2% Titânio 0,4% Dados extraídos do livro “Introduction à la Science des Matériaux” de Wifrieda Kurz, Jean P. Mercier et Gérald Zambelli –Presses Polytechniques et Universitaires Romaines – Suisse. De acordo com a tabela acima, nove elementos químicos compõem 99,4% da massa da crosta terrestre. Entre eles encontram-se dois metais muito importantes: o ferro e o alumínio que são atualmente produzidos em larga escala. A concentração média dos outros metais da crosta terrestre e que não figuram na tabela é inferior a 0,01%, ou seja, inferior a 100 g/ton. È o caso do cobre que é, entretanto, produzido numa escala próxima a do alumínio. A crosta terrestre é composta, em cerca de 96% de seu volume, por óxidos que constituem recursos inesgotáveis para a fabricação de produtos cerâmicos. Os polímeros orgânicos são elaborados a partir do carbono e de hidrocarbonetos que constituem igualmente de recursos muito extensos. A extração e a fabricação de produtos exigem uma enorme quantidade de energia, decorrendo daí que o preço dos materiais é fortemente dependente do custo da energia. Do ponto de vista energético, os materiais orgânicos são particularmente favorecidos, pois a energia necessária a sua síntese (conteúdo energético intrínseco) e ao seu processamento é muito menor do que aquela necessária à obtenção e fabricação dos metais e dos produtos cerâmicos. Certos metais, como por exemplo, o alumínio, em particular, é consumidor intensivo de energia elétrica. Para se obter um kg de alumínio consome-se cerca de 13,4 kWh de energia elétrica. O crescimento da demanda pelos metais vem sendo contido pela sua substituição por materiais orgânicos em face de razões relacionadas com o custo da energia. MATERIAIS DE ENGENHARIA ELÉTRICA – PROF. AELFO MARQUES LUNA – VOL 1 11 CICLO DOS MATERIAIS Fig. 1.3 – Ciclo dos materiais CONCEITOS CHAVES Desempenho do material Normas IEC e ISO Estrutura do material Propriedade do material Metrologia Processamento do material Normalização Qualidade Normas Técnicas da ABNT Recursos e reservas Fontes De Recursos ss Resíduos Produtos Montagem Elementos Fabricação Materiais Extração Matérias Primas Elaboração Reciclagem MATERIAIS DE ENGENHARIA ELÉTRICA – PROF. AELFO MARQUES LUNA – VOL 1 12 UM EXEMPLO DA MULTIPLICIDADE DOS MATERIAIS NO CAMPO DA ENGENHARIA ELÉTRICA Os materiais são freqüentemente caracterizados por suas funções ou suas propriedades mais típicas: materiais de alta resistência mecânica, condutores elétricos, imãs permanentes etc. Para melhor conhecer as funções múltiplas que devem possuir os materiais, observe-se a composição de uma linha elétrica de alta tensão(foto acima). O cabo que deve transmitir a corrente elétrica deve ser um bom condutor de eletricidade. Como a tensão elétrica é muita elevada, suspendem-se os cabos acima do solo (daí a expressão inglesa muito usada “over head lines”) e usa-se o ar como isolante, justificando assim a existência das torres de sustentação da linha. Para limitar o numero de torres, o cabo condutor deve ser leve e bastante resistente à ruptura. Sabe-se que os melhores condutores elétricos são os metais no estado puro: o cobre e o alumínio preenchem este ultimo requisito, entretanto, não apresentam uma resistência mecânica satisfatória. Então é preciso usar um cabo condutor composto de vários materiais. A alma do cabo é constituída de fios de aço muito resistentes as solicitações mecânicas elevadas, mas caracterizados por uma condutividade elétrica fraca. A transmissão da energia elétrica é feita predominantemente pelos fios de alumínio dispostos em volta da alma de aço do cabo, pois este apresenta uma condutividade bem maior que o aço. As torres são fabricadas de aço para poder resistir a tração dos cabos condutores, que nelas são suspensas e tencionadas. O aço deve ser protegido contra a corrosão por meio de uma pintura protetora de natureza polimérica, ou por um revestimento metálico, como por exemplo, de zinco, a qual confere ao aço uma melhor resistência aos ataques da corrosão. Tal processo de proteção denomina-se “zincagem a quente” ou “galvanização”. Elementos isolantes são necessários para fixar os cabos condutores no alto das torres metálicas. Esta importante função é cumprida por meio dos isoladores feitos em porcelana, que é um material cerâmico. Podem ser usados isoladores de vidro, como alternativa aos de porcelana. O concreto, que é outro material cerâmico, também é usado nas fundações das torres. Acrescente-se ainda toda uma miscelânea de ferragens galvanizadas para efetuar as conexões entre os cabos e os isoladores e destes com as estruturas de sustentação. Conclusão: quase uma dezena de materiais é necessária para a construção de uma linha de transmissão de alta tensão. A combinação criteriosa de suas propriedades permite estabelecer um sistema funcional adequado aos propósitos do projeto. Trata-se evidentemente de um exemplo pouco complexo, entretanto, mostra que toda realização técnica coloca geralmente em jogo um numero significativo de materiais, cujas propriedades devem ser combinadas judiciosamente. MATERIAIS DE ENGENHARIA ELÉTRICA – PROF. AELFO MARQUES LUNA – VOL 1 13 CAPITULO II ESTRUTURA ATÕMICA E LIGAÇÕES INTERATÔMICAS Uma razão importante para se ter uma compreensão da estrutura e das ligações interatômicas se deve ao fato de que ela permite explicar as propriedades de um material. Por exemplo, o carbono, que pode existir tanto na forma de grafite como na forma de diamante. Enquanto, o grafite é relativamentemacio “como graxa” ao tato, o diamante é o mais duro material conhecido. A matéria com a qual é feito o mundo é composta de partículas discretas, de dimensões submicroscópicas e onde as leis de comportamento são descritas pelas teorias atômicas. Os estados de organização da matéria são muito variados, desde a desordem completa dos átomos nos gases até a ordem ditatorial, quase perfeita dos átomos num monocristal. 2.1 – ESTRUTURA DA MATÉRIA – BREVE HISTÓRICO A curiosidade do homem sobre a constituição da matéria é muito antiga, e remontam aos filósofos gregos que defendiam a tese de que a matéria não é contínua e sim composta de pequenas partículas indivisíveis chamadas átomos (palavra grega que significa não divisível). Esta teoria é devida ao filósofo Demócrito que viveu quatrocentos anos antes de Cristo e prevaleceu por mais de 20 séculos, até as chamadas leis ponderais de John Dalton (1805), que afirmavam: a) A matéria é constituída de pequenas partículas chamadas de átomos; b) O átomo é indivisível e sua massa e seu tamanho é característico para cada elemento químico; c) Os compostos são formados de átomos de diferentes elementos químicos. Em 1811 Amedeo Avogadro, completou a teoria atômica de Dalton, criando o conceito de molécula e em 1883 Lord Kelvin fez a primeira estimativa do tamanho dos átomos e moléculas, cerca de 10 -8 cm. A essas teorias segui-se uma fascinante história de modelos e descobertas sobre a intimidade da matéria a qual vale a pena fazer uma breve retrospectiva. J.J. Thomson, em 1897, descobre experimentalmente que o átomo era composto de partículas com carga elétrica positiva, chamada depois de prótons e de partículas carregadas negativamente, as quais ele deu o nome de elétrons. Este mesmo J.J. Thomson, induzido por Lord Kelvin, formulou, em 1904, um modelo que descrevia o átomo como uma esfera de eletricidade positiva e no seu interior estava distribuída os elétrons. Como a matéria , via de regra, é eletricamente neutra, considerou-se que a carga elétrica dos prótons e dos elétrons devia ser a mesma a fim de se cancelarem. Entretanto, em 1911 este modelo foi derrubado pelas experiências de Ernest Rutherford com o espalhamento de partículas alfa (núcleos de hélio) quando MATERIAIS DE ENGENHARIA ELÉTRICA – PROF. AELFO MARQUES LUNA – VOL 1 14 bombardeava lâminas finas de vários materiais. Rutherford propôs assim um novo modelo, no qual a carga elétrica positiva estava concentrada numa região central do átomo, muito pequena, chamada de núcleo, e os elétrons girariam em torno do núcleo, atraídos eletricamente. Um modelo bastante similar ao sistema planetário. Veja a Fig. 2.1 (a). Contudo este novo modelo de Rutherford apresentava uma seria dificuldade: se os elétrons giravam em torno do núcleo, de acordo com a teoria clássica do magnetismo, irradiavam energia sob forma de ondas eletromagnéticas; assim sendo os elétrons perderiam energia neste movimento de rotação e se precipitariam sobre o núcleo do átomo. Veja a Fig. 2.1(b). A resposta para este impasse foi concebida por Niels Bohr (1913) quando afirmou que os elétrons de um átomo só podem mover-se em determinadas órbitas ao redor do núcleo, sem absorverem, nem emitirem energia. Segundo Bohr o numero dessas órbitas podia ser até 7 (para átomos maiores) e receberam o nome de “níveis ou camadas eletrônicas” . Fig. 2.1 – (a) Modelo do átomo de Rutherford. (b) O elétron precipitando-se sobre o núcleo do átomo. (adaptado do livro de Ângelo Fernando Padilha – “Materiais de Engenharia - Microestrutura e Propriedades” Edt. Hemus – SP). Foram designadas a partir do núcleo pelas letras K,L,M,N,O,P e Q. Niels Bohr também afirmava, em um segundo postulado, que um elétron pode passar de um nível para outro, bastando para tanto o fornecimento de energia (por exemplo calor) para que um ou mais elétrons absorvam esta energia passando para estágios energéticos mais elevados. Se o átomo adquire energia suficiente, o elétron pode até separar-se do átomo, ficando este ionizado. Em caso contrário, se o elétron passa de uma órbita de maior energia para uma de menor energia, como decorrência deste movimento o elétron emitirá radiação. A energia radiante emitida ou absorvida surgirá como um fóton, de freqüência , de acordo com a equação: Ei – Ef = h (2.1) Ei = energia inicial Ef = energia final h = constante de Planck (6,6262 x 10 -34 Js) e a freqüência da radiação. MATERIAIS DE ENGENHARIA ELÉTRICA – PROF. AELFO MARQUES LUNA – VOL 1 15 Se Ef > Ei, o átomo absorverá um fóton; se, ao contrário, Ei >Ef ele emitirá um fóton. Entretanto, a teoria de Bohr não foi capaz de explicar diversos problemas relevantes levantados pelos cientistas. Na verdade Bohr usava os conhecimentos da mecânica clássica de Newton e estes eram insuficientes para esclarece-los. Novas contribuições foram sendo propostas e a teoria de Bohr foi modificada com base na mecânica quântica. Entre as novas contribuições importantes tais como a proposição de Sommerfeld, em 1916, afirmando que os elétrons de um mesmo nível não estão igualmente distanciados do núcleo, porque as órbitas além de circulares podem ser elípticas. Esta abordagem sugere que todos os elétrons de uma mesma camada não são iguais. Esses elétrons se subdividem em subcamadas energéticas ou subníveis.. Esses subníveis podem ser de 4 tipos: s, p, d e f. Estas designações derivam do inglês: s de ‘sharp”; p de “principal”; d de “difuse” e f de “fine”. Fig. 2,2 – Representação do átomo de alumínio segundo modelo de Bohr. (adaptado de Angelo Fernando Padilha – “Materiais de Engenharia – Microestrutura e Propriedades”- Edt. Hemus –SP. As camadas ou níveis eletrônicos K,L.M... etc, anteriormente citadas, podem também ser identificadas em função do seu numero de ordem (n), a partir do núcleo, conforme indicado abaixo K L M N O P Q n=1 n=2 n=3 n=4 n=5 n=6 n=7 Cada capa é limitada a um número máximo de elétrons dado por 2.n 2 , onde n é também denominado de NÚMERO QUÂNTICO PRINCIPAL. De acordo com esta restrição são preenchidas as diversas camadas, até que o átomo alcance o seu número total de elétrons. A tabela abaixo mostra a seqüência de preenchimento de conformidade com a equação 2n 2 . Camada Num. Máx.. Elétrons K 2 L 8 M 18 N 32 O 50 P 72 MATERIAIS DE ENGENHARIA ELÉTRICA – PROF. AELFO MARQUES LUNA – VOL 1 16 Q 98 Por sua vez o numero máximo de elétrons em cada subnível é 2, 6, 10 e 14. A representação mais usada é a seguinte: s 2 , p 6 , d 10 e f 14 No sentido de melhor entender a redistribuição de energia nos subníveis das camadas eletrônicas uma boa ajuda é prestada pelo PRINCÍPIO DA EXCLUSÃO DE PAULI, o qual postula que cada um destes subestados energéticos não pode ser ocupado por mais de que dois elétrons, e assim mesmo de “spins” opostos. O conceito de “spin” está relacionada com o movimento de rotação que o elétron tem em torno de si mesmo, além daquele movimento de translação ao redor do núcleo. Este “spin” gera um campo magnético quântico denominado de MAGNETO DE BOHR e cujo valor é 9,29 x 10 -24 amp.m 2 . 2.2 – A DUALIDADE DO ELÉTRON Mas a revolução produzida pela mecânica quântica foi mais além ao ser estabelecido por Louis de Broglie, em 1924 a dualidade sobre a natureza do elétron. De Broglie propôs que em determinadascircunstâncias os elétrons poderiam se comportar como ondas. Assim foi demonstrado experimentalmente que um feixe de elétrons ao atingir a superfície de um cristal apresentava uma difração semelhante a uma onda. Ao interpretar esta dualidade onda-partícula do elétron Werner Karl Heisenberg formulou o princípio da incerteza, segundo o qual não é possível determinar com precisão a posição e a quantidade de movimento de um elétron em um átomo. Assim, na mecânica clássica pode-se falar em raio do átomo, enquanto na mecânica quântica diz-se valor mais provável do raio, ou seja, esta variável é tratada em termos de probabilidade. No modelo quântico, o elétron pode ser visualizado como uma “névoa de eletricidade” ao invés de uma simples partícula. Veja a Fig. 2.3. 2.3 – CARACTERÍSTICAS IMPORTANTES DAS PARTÍCULAS SUBATÔMICAS Observou-se que todos os átomos, com exceção do átomo de hidrogênio, possuem uma massa maior do que teriam se fosse levado em conta apenas o número de prótons de seus núcleos. Tal observação conduziu a descoberta de outra partícula no núcleo, chamada de nêutron, Sua descoberta é creditada a James Chadwick, em 1932. Resumindo-se: cada átomo é constituído de um núcleo muito pequeno composto de prótons e nêutrons, envolvido pelos elétrons. MATERIAIS DE ENGENHARIA ELÉTRICA – PROF. AELFO MARQUES LUNA – VOL 1 17 Os elétrons e prótons têm carga elétrica idêntica, ou seja, de 1,6022 x10 -19 coulomb, mas de sinais opostos. Os nêutrons são eletricamente neutros. Prótons e nêutrons têm aproximadamente a mesma massa (1,6725 x 10 -27 kg), a qual é cerca de 1836 vezes maior que a massa do elétron (9,1095 x 10 -31 kg) O núcleo é muito pequeno (10 -13 cm), extraordinariamente denso e carregado positivamente. Em um átomo eletricamente neutro o numero de prótons é igual ao número de elétrons. O numero de prótons de um átomo identifica o elemento químico e é chamado de numero atômico (representado pela letra Z). Por definição o numero de massa de um átomo (representado pela letra A) é a soma das massas de seus prótons e nêutrons. Na realidade é a massa média dos átomos neutros de um elemento e resulta na maioria dos casos de vários isótopos (átomos com o mesmo numero de prótons, porém com um numero de nêutrons diferentes; notar ainda que a palavra isótopo significa iso=igual e topo=lugar, ou seja, elementos isótopos têm mesmo numero atômico e estão no mesmo lugar na classificação periódica de Mendeleyev.) Os isótopos de um elemento têm as mesmas propriedades químicas, mas têm massas diferentes. O raio do núcleo é aproximadamente de 10 -4 a 10 -5 do raio do átomo. Isso leva a crer que a matéria é praticamente um grande vazio. O chão sob os pés de uma pessoa consiste em átomos que, em mais de 99,9 %, são espaços vazios. Em proporção ao tamanho de seu núcleo o sistema atômico é tão vazio quanto o vazio cósmico. Outra constante muito importante é o numero de Avogadro (6,0220 x 10 23 ) que representa a quantidade de átomos que há em um átomo-grama de um elemento. Representa também o numero de moléculas que há em uma molécula-grama. Fig. 2.3 – Comparação entre o modelo clássico de Bohr (a) e o modelo quântico (b) em termos de probabilidade. (adapatado de Z.D. Jastrzebsky – “The nature and Properties of Engineering Materials”- Edt. John Wiley & Sons- NY –US MATERIAIS DE ENGENHARIA ELÉTRICA – PROF. AELFO MARQUES LUNA – VOL 1 18 2.4 – A TABELA PERIÓDICA DE MENDELEYEV A tabela periódica dos elementos foi criada por Dimitri Ivanovich Mendeleyev, em 1869. Naquela época eram conhecidos apenas 63 elementos, hoje são conhecidos 107, sendo 92 naturais. O princípio básico que norteou Mendeleyev foi de que as propriedades dos elementos são funções periódicas de seus números atômicos. A grande contribuição da tabela periódica dos elementos para a química foi a sua capacidade em prever a existência de elementos desconhecidos, para os quais Mendeleyev deixou posições vagas na sua tabela. Com o auxílio da tabela periódica, o estudo da química tornou-se muito sistemático. A organização da tabela está relacionada com a configuração eletrônica dos átomos. A seqüência dos elementos é disposta na ordem crescente de seus números atômicos, em linhas horizontais, denominadas “períodos”. Tomou-se o cuidado de deixar na mesma coluna, elementos de propriedades químicas semelhantes, ou seja, os elementos que estão na mesma coluna vertical formam compostos semelhantes. De forma mais descritiva a tabela periódica de Mendeleyev apresenta-se composta de 7 períodos, duas séries ou famílias de terras raras e de dezoito colunas, conforme a Fig. 2.4. Existem ainda duas séries ou famílias de terras raras, denominadas de “Lantanídeos” e de “Actinídeos”. A primeira citada compreende 15 elementos (La ao Lu). Esses quinze elementos deveriam ficar na terceira casa do sexto período, entretanto, por comodidade foram discriminados numa linha fora da tabela. A segunda série, também com 15 elementos (Ac ao Lw) deveria ficar na terceira casa do sétimo período, mas costuma-se colocá-los numa linha à parte. Cada uma das dezoito colunas reúne os elementos químicos que mais se assemelham entre si na formação de compostos. Fig. 2.4 – Tabela Períódica de Mendeleyev MATERIAIS DE ENGENHARIA ELÉTRICA – PROF. AELFO MARQUES LUNA – VOL 1 19 2.5 - AS LIGAÇÕES ATÔMICAS Os átomos raramente podem ser encontrados isoladamente., com exceção dos gases nobres.. Geralmente os átomos tendem a agrupar-se para formar agregados dos quais resultam as estruturas dos materiais. O estado de agregação pode ser sólido, líquido ou gasoso, dependendo do tipo de direcionalidade e da intensidade das forças de coesão atômica denominadas de “ligações interatômicas”. As forças de ligação interatômica podem ser classificadas segundo sua intensidade em “ligações primárias ou fortes” e “ligações secundárias ou fracas”, sendo aquelas dez vezes mais intensas que estas. As energias de ligação primárias são da ordem de 100 kcal/mol, enquanto as consideradas fracas envolvem energia de coesão da ordem de 10 kcal/mol. As ligações primárias podem ser de três tipos: 2.5.1 –LIGACÕES IÔNICAS A ligação iônica, também conhecida como eletrovalente, resulta da atração entre íons positivos e negativos. Os elétrons de valência cedidos pelo átomo ionizado positivamente passam a orbitar na camada de valência do átomo ionizado negativamente, formando pólos eletrostáticos de atração coulombiana. Um exemplo típico de ligação iônica é o da formação de cristais de cloreto de sódio, o conhecido sal de cozinha. Assim o átomo do sódio que possui um único elétron na sua camada externa, cede este elétron ao átomo de cloro, o qual por sua vez já continha sete elétrons em sua camada externa. Por meio desta transferência, a partícula do sódio fica com a camada externa completa e estável (igual à camada do neônio); a partícula de cloro também fica com a camada externa completa (igual à camada de argônio). As partículas produzidas por transferências de elétrons, tal como descrito, são conhecidas como íons. Veja a Fig. 2.5. As ligações iônicas são características nos cristais de sais inorgânicos em geral (cloreto de sódio, cloreto de magnésio, fluoreto de lítio etc) e de certos compostos cerâmicos, tais como óxido de alumínio, óxido de magnésio etc. Vale observar que neste tipo de ligação há um comprometimento total de todos elétrons constituintes da última camada dosátomos envolvidos na ligação. 2.5.2 – LIGAÇÕES COVALENTES Na ligação covalente, um ou mais elétrons são compartilhados, entre dois átomos gerando uma força de atração entre os átomos que participam da ligação. Nestas condições, seus elétrons de valência passam a orbitar indiferentemente nas camadas externas dos átomos envolvidos. Este tipo de ligação é muito comum na maioria das moléculas orgânicas. Ligação Iônica Ligação Covalente Ligação Metálica MATERIAIS DE ENGENHARIA ELÉTRICA – PROF. AELFO MARQUES LUNA – VOL 1 20 Suponha-se, para ilustrar: dois átomos do gás flúor combinam-se por meio de compartilhamento de um par de elétrons, conforme fig.2.6 (d) para formação da molécula do flúor. . Fig. 2.5 - A transferência de elétrons na formação do NaCl produz camadas externas estáveis. Os íons negativos e positivos que se formam se atraem mutuamente através de forças coulombianas, constituindo assim as ligações iônicas. ( Adaptado de Maurício Prates de Campos Filho - "A estrutura da matéria" - Editora da Unicamp - 1991 - SP) Desta maneira cada átomo fica com a sua camada externa composta por oito elétrons, como se fosse o gás neônio. Os dois átomos mantêm-se ligados por meio das forças elétricas envolvidas pelo compartilhamento dos elétrons que pertencem aos orbitais externos de ambos os átomos. Por esta razão, a ligação covalente é uma ligação química forte e estável. Dois átomos de hidrogênio combinam-se de forma similar, assim como o oxigênio e nitrogênio (Fig. 2.6). A partícula formada pela combinação de átomos é chamada de molécula.Esta combinação pode conter mais de dois átomos e pode também ser constituída de átomos de elementos distintos. Desta forma a água é formada pela ligação covalente de dois átomos de hidrogênio e um átomo de oxigênio A ligação covalente apresenta freqüentemente características de direcionalidade preferencial. Em outras palavras, ela geralmente resulta em um determinado ângulo de ligação, como indicado na Fig. 2.7 que representa a formação da molécula de água. Numa ligação covalente ideal, os pares de elétrons são igualmente compartilhados. Na ligação covalente da água, por exemplo, ocorre uma transferência parcial de carga fazendo com que o hidrogênio fique levemente positivo MATERIAIS DE ENGENHARIA ELÉTRICA – PROF. AELFO MARQUES LUNA – VOL 1 21 e o oxigênio levemente negativo. Este compartilhamento desigual resulta numa ligação “polar”. Somente nos casos onde os dois lados da molécula são idênticos, como no H2 e no N2, a ligação é totalmente apolar. A ligação entre átomos distintos tem sempre algum grau de polaridade. Nas ligações covalentes observa-se também um comprometimento total dos elétrons das últimas camadas dos átomos envolvidos. . Fig. 2.6 – Arranjo esquemático dos elétrons da camada mais externa, nas ligações covalentes para: (a) Oxigênio; (b) Nitrogênio; (c) Hidrogênio; (d) flúor; (e) Hidreto de flúor. (adaptado de Lawrence H. Van Vlack – “Princípios de Ciência dos Materiais” - Edt. Edgard Blücher-SP). Fig. 2.7 – Formação da molécula polar da água por meio da ligaçào covalente (Adaptado de Maurício Prates de Campos Filho – “A estrutura dos Materiais” – Editora da Unicamp- 1991 – SP) MATERIAIS DE ENGENHARIA ELÉTRICA – PROF. AELFO MARQUES LUNA – VOL 1 22 2.5.3 – LIGAÇÕES METÁLICAS A ligação metálica resulta da interação de átomos iguais ou muito similares que apresentam a tendência de se ionizar positivamente. Nestas condições os átomos perdem seus elétrons de valência e formam íons positivos. Os elétrons assim liberados, denominados de elétrons livres, formam uma espécie de gás ou nuvem eletrônica ao redor dos íons, criando um aglomerante eletro-magnético que atrai os íons positivos em todas direções do espaço, mantendo-os ligados fortemente entre si. Veja a Fig. 2.8. Fig. 2.8 – Representação simplificada da natureza da ligação metálica. A nuvem eletrônica funciona como um aglomerante, mantendo os núcleos positivos unidos.(Adaptado de R. Higgins – “Propriedades e Estruturas dos Materiais em Engenharia”- Difel – SP) Este tipo de ligação é peculiar dos metais, como o próprio nome indica. Os metais têm um, dois ou no máximo três elétrons de valência. Estes elétrons fracamente presos ao núcleo não estão ligados a um único átomo, mais estão mais ou menos livres para se movimentar por todo o metal, formando o gás eletrônico. A Fig. 2.9 ilustra a explicação enunciada. Fig. 2.9 – Formação da estrutura do cristal de sódio por meio de uma ligação metálica. (Adaptado de Maurício Prates de campos Filho – “A Estrutura dos Materiais”- Edit. da Unicamp- SP) Os átomos de um metal, assim ligados estão distribuídos de tal maneira, que seus íons se posicionam segundo uma configuração cristalina regular. Este tipo de MATERIAIS DE ENGENHARIA ELÉTRICA – PROF. AELFO MARQUES LUNA – VOL 1 23 ligação interatômica é peculiar dos metais, que constituem cerca de três quartos dos elementos existentes. Apenas uma oitava parte dos elementos são “não metais” (a outra oitava parte são os metalóides). São os elétrons livres, resultantes da ligação metálica, que concedem aos metais suas principais características: alta condutividade elétrica e térmica, opacidade, brilho superficial e deformabilidade plástica. 2.5.4 – LIGAÇÕES SECUNDÁRIAS OU FRACAS As ligações secundárias ou fracas estão associadas a ligações primárias covalentes, como por exemplo, nas estruturas moleculares e recebem a denominação de forças de van der Waals. Em homenagem ao físico holandês que estudou este tipo de interação entre as moléculas. A direcionalidade característica das ligações covalentes causa um desbalanceamento de carga elétrica, fazendo com que as moléculas atuem como dipolos elétricos e se atraiam entre si , como no caso das moléculas de água, ilustrada na Fig. 2.10(a). Os polímeros em geral têm sua estrutura formada por longas moléculas covalentes unidas entre si por meio de ligações dipolares fracas fornecidas por pontes de hidrogênio e outros radicais. A Fig. 2.10 (b). Ilustra a ligação entre duas cadeias do polímero PVC. Por fim deve ser destacado o fato de que em geral, mais de um tipo de ligação estará atuando na formação da estrutura de um material, podendo haver, isto sim, a predominância de um determinado tipo. Fig. 2.10 – (a) Ligações secundárias entre moléculas de água (Adaptado de Maurício Prates Campos Filho – “A Estrutura dos Materiais”- Edt. da Unicamp – SP) - (b) Ligação secundária entre duas cadeias de PVC ( Adaptado de Angelo Fernando Padilha – “Materiais de Engenharia- Microestrutura e Propriedades”-Edt. Hemus- SP) MATERIAIS DE ENGENHARIA ELÉTRICA – PROF. AELFO MARQUES LUNA – VOL 1 24 No caso dos metais, quanto menor o numero de elétrons de valência do átomo maior será a predominância das ligações metálicas. É o caso do Sódio, Potássio, Cobre, Prata e Ouro, que apresentam elevada condutividade elétrica e térmica, devido a alta mobilidade de elétrons livres na formação de suas estruturas cristalinas. No caso dos metais com elevado numero de elétrons de valência nos átomos, como é o caso do Níquel, Ferro, Titânio, Tungstênio e Vanádio, já aparece uma parcela apreciávelde ligações covalentes atuando em conjunto com as ligações metálicas. Isto também explica a menor condutividade elétrica e térmica destes metais, assim como a sua maior resistência mecânica (ligações reforçadas) e seu maior ponto de fusão. A predominância das ligações covalentes em relação às ligações metálicas já aparece nos materiais semicondutores como o Germânio, Silício e Selênio. De uma maneira generalizada pode-se afirmar que as ligações metálicas são típicas nas estruturas dos elementos à esquerda da tabela Periódica de Mendeleyev e as ligações covalentes dos elementos à direita da mesma, havendo uma proporção variável dos dois tipos de ligações nos elementos intermediários. Da mesma forma, as ligações iônicas são peculiares da formação da estrutura de compostos resultantes da combinação de elementos opostamente situados nos extremos da tabela Periódica. Se o material é composto de elementos não situados nas extremidades da tabela, haverá uma proporção variável de ligações iônicas e covalentes na sua estrutura. Por outro lado à combinação de elementos situados à direita da tabela pode resultar em moléculas por meio de ligações covalentes (compostos orgânicos em geral). Nestas condições as ligações secundárias surgem para manter as moléculas unidas entre si na estrutura como um todo. Outra observação importante: a ligação metálica não existe na formação de compostos orgânicos e inorgânicos. Os compostos cerâmicos são formados por ligações iônicas coadjuvadas por ligações covalentes. Nos compostos cerâmicos as ligações covalentes reforçam as ligações iônicas, concedendo a estes materiais alta dureza e alto ponto de fusão. No caso dos compostos orgânicos, em particular os polímeros que formam os plásticos e borrachas, predominam totalmente as ligações covalentes coadjuvadas pelas ligações secundárias (fracas). Observe-se que a ausência de ligações metálicas na formação estrutural dos materiais cerâmicos e poliméricos (ausência de elétrons livres) explica a baixa condutividade elétrica e térmica destes materiais, utilizados muitas vezes como isolantes térmicos e elétricos. Leitura para reflexão EM BUSCA DOS TIJOLOS FUNDAMENTAIS DA MATÉRIA Desde Demócrito sabe-se que tudo no mundo é feito de átomos. Embora o átomo dos gregos seja diferente do átomo moderno, a idéia de que a matéria e feita de entidades fundamentais indivisíveis sobreviveu até hoje como uma das heranças culturais da Grécia Antiga. O átomo moderno não é indivisível como o dos gregos antigos. Os átomos têm um núcleo composto pro prótons e nêutrons, por sua vez orbitado por elétrons. O mais simples dos átomos é o do hidrogênio, cujo núcleo tem apenas um próton e um elétron, enquanto o de urânio tem 92 prótons e 92 elétrons e pode ter até 146 nêutrons ! Os físicos estudaram esse assunto nas décadas de 30 a 50 e empregaram processos envolvendo as partículas em níveis de energia cada vez maiores. A idéia do processo é fazer colidir objetos coma energias altíssimas em fantásticas máquinas denominadas de MATERIAIS DE ENGENHARIA ELÉTRICA – PROF. AELFO MARQUES LUNA – VOL 1 25 “aceleradores de partículas” e ver o que acontece. Por exemplo, a colisão de um próton e um núcleo de um átomo de ouro é observada por meio de detectores de partículas, que são máquinas capazes de fotografar o que acontece durante e após a colisão. Os resultados surpreenderam os cientistas. Esses experimentos revelaram a existência de centenas de outras partículas “elementares”, resultados da transformação entre energia e massa, prevista pela teoria da relatividade especial de Einstein. A energia de movimento das partículas é transformada em matéria, em novas partículas, durante a colisão. A descoberta dessas centenas de partículas conduziu os físicos a questionar o próprio conceito de “partícula elementar”, dado originalmente ao elétron, próton e nêutron. Afinal, os físicos se depararam com uma embaraçosa situação; a matéria é feita de centenas de tijolos fundamentais. Nos anos 60 o físico americano Murray Gell-Mann sugeriu de que essas partículas eram compostas por outras menores que ele chamou de “quarks”, expressão tirada de um romance do famoso escritor inglês Charles Dickens. A idéia proposta por Murray Gell-Mann é simples. Do mesmo modo que os vários átomos podem ser explicadas por combinações de prótons, neutros e elétrons, essas várias partículas podem ser explicadas por combinações de apenas alguns quarks. Com isso, os físicos chegaram a uma nova classificação das partículas fundamentais da matéria: as que são compostas por quarks e as que não são compostas por eles. As partículas que não são compostas por quarks são chamadas de lépton, do grego leve. O elétron, por exemplo, é um lépton. Os lépton são partículas que viajam sozinhas. Por sua vez todas as partículas compostas por quarks interagem através da força nuclear forte, responsável pela coesão do núcleo atômico. Como o núcleo é feito de prótons e nêutrons, os prótons sofrem uma repulsão elétrica e algo mais forte que essa repulsão tem de estar agindo para manter a coesão do núcleo. Essa “cola” nuclear é a força nuclear forte e deriva dos quarks que constituem o núcleo atômico. Portanto, prótons e nêutrons são feitos por quarks, três para ser preciso. Outra característica dos quarks é que eles são partículas que estão presas no interior de partículas maiores e nunca são encontradas isoladamente. Sabe-se que existem seis quarks, todos observáveis em aceleradores de partículas. O mais pesado é o “top” quark, foi observado em 1996 no Fermilab, notável laboratório de pesquisas físicas existente perto de Chicago – EUA. A esses seis quarks são acrescentados seis léptons e com isso chegamos aos 12 tijolos fundamentais da matéria, em sua versão atual. Fica no ar a seguinte indagação: o que acontecerá quando os aceleradores de partículas desenvolverem maiores níveis de energia em seus experimentos ? RESUMO: OS DOZE TIJOLOS FUNDAMENTAIS DA MATÉRIA LÉPTONS QUARKS Partículas que viajam sozinhas Partículas que estão presas no interior de outras partículas maiores e nunca são encontradas isoladamente. Toda matéria “comum” é formada por este grupo ELÉTRON Gira em torno do núcleo atômico e é responsável pela eletricidade. ELÉTRON- NEUTRINO Neutrinos são partículas sem carga; bilhões de elétrons-neutrinos atravessam o corpo humano a cada segundo UP O próton contém dois; o nêutron contém apenas um. DOWN O nêutron contém dois; o próton contém apenas um. A maioria dessas partículas só existiu depois do Big Bang e hoje é produzida apenas em aceleradores A matéria formada dessas partículas é chamada de MÚON “Parente” mais pesado do elétron TAU Mais pesado ainda MÚON- NEUTRINO Surgem em algumas desintegrações de partículas TAU- NEUTRINO CHARM “Parente” mais pesado do “up” TOP Recentemente descoberto STRANGE “Parente” mais próximo do “down” BOTTOM Mais pesado ainda MATERIAIS DE ENGENHARIA ELÉTRICA – PROF. AELFO MARQUES LUNA – VOL 1 26 “matéria exótica”. Ainda não descoberto, só existe na teoria OBSERVAÇÕES: 1) ANTIMATÉRIA: A cada uma das 12 partículas indicadas no quadro anterior, corresponde uma antipartícula gêmea (com a mesma massa e carga trocada). O”antigêmeo” do elétron é o pósitron, porque tem carga elétrica positiva. 2) Recomenda-se a leitura dos livros de Marcelo Gleiser: “Retalhos Cósmicos” e “A dança do Universo”, ambos editados pela Edt. Companhia das Letras. Outro livro interessante e “Gigantesda Física”, de Richard Brennan, capitulo 8, que trata das teorias de Murray Gell-Mann, editado pela Jorge Zahar Editor CONCEITOS CHAVES Átomo Elétron, próton e nêutron Camadas ou capas eletrônicas Numero quântico principal Princípio de exclusão de Pauli Spin Magneto de Bohr Numero atômico Numero de massa Numero de Avogadro Tabela Periódica de Mendeleyev Ligação iônica Ligação covalente Ligação metálica Ligação secundária ( van der Waals) Livre percurso médio QUESTÕES PARA ESTUDOS 2.1 – Sob o ponto de vista cientifico e tecnológico explique o que se entende por “propriedade” de um material e qual a importância do seu conhecimento, tanto qualitativo, como quantitativo, no estudo da engenharia dos materiais. 2.2 – De onde derivam as propriedades dos materiais? 2.3 – Enumere a natureza das principais propriedades que interessam mais de perto a tecnologia dos materiais? 2.4 – Quais são os critérios utilizados para uma seleção criteriosa dos materiais? 2.5 – De quantos modos os átomos se ligam na constituição interna da matéria? 2.8 – Qual a característica principal apresentada pela estrutura interna de um material gasoso? 2.9 – No estado gasoso da matéria o que se entende por “livre percurso médio” de uma partícula? MATERIAIS DE ENGENHARIA ELÉTRICA – PROF. AELFO MARQUES LUNA – VOL 1 27 2.10 – A prata cristaliza-se no sistema CFC e seu raio atômico é 1,444 A . Qual o comprimento do lado de sua célula unitária? 2.11 – Dadas às configurações eletrônicas abaixo apresentadas, identifique os elementos químicos que os caracterizam: a) 1s 2 2s 2 2p 6 3s 2 3p 5 b) 1s 2 2s 2 2p 6 3s 2 3p 6 4s 1 c) 1s 2 2s 2 2p 4 MATERIAIS DE ENGENHARIA ELÉTRICA – PROF. AELFO MARQUES LUNA – VOL 1 28 CAPITULO III Neste capitulo é abordado os diversos estados da matéria. Todos os elementos e seus compostos podem existir sob a forma de gases, líquidos e sólidos. O estado no qual um elemento ou um composto existe, depende da combinação de temperatura e pressão a que o mesmo está submetido Em especial será discutido neste capítulo as estruturas cristalinas e não cristalinas dos sólidos. 3.1 – O ESTADO GASOSO Neste estado os átomos ou moléculas do composto estão em movimento contínuo e aleatório e colidem entre si e com as paredes do recipiente que os contém. As colisões contra as paredes do recipiente dão origem à pressão exercida pelo gás. Considerando o volume do gás constante, devido à expansão restringida, o resultado é que a pressão irá aumentar com o aumento das colisões com as paredes do recipiente. Esse movimento randômico das partículas deve sua descoberta ao botânico Robert Brown, em 1827 e são peculiares nos gases e nos líquidos, tendo isto levado à formulação da teoria cinética da matéria. Este estado da matéria é, portanto, caracterizado pela desordem total ou caos.A velocidade média dos átomos ou moléculas de um gás é proporcional a temperatura absoluta e pode ser encontrada pela fórmula: ______ Vm = 3kT/m m/s (3.1) Onde: Vm = velocidade média m/s k = constante de Boltzman (1,38 x 10 -23 J/K) T = temperatura absoluta Kelvin m = massa molecular do gás, gramas. Exemplo: o hidrogênio a 300 K, a velocidade média de suas partículas é de 1600 m/s. Na sua caótica e permanente agitação térmica os átomos ou moléculas do gás estão também continuamente colidindo umas com as outras.A distância média que uma molécula do gás poderá percorrer antes de colidir com outra molécula é chamada de “livre percurso médio” (). O caminho médio livre dependerá da densidade do gás. Exemplo: um gás posto a 1 atmosfera de pressão (que corresponde a 101.300 pascal – unidade de pressão do SI) e a uma temperatura de 273 K apresenta um “livre percurso médio” de 10-5 cm. 3.2 – O ESTADO LÍQUIDO Se no estado gasoso a temperatura baixar a energia média dos átomos decresce e pode-se atingir um nível de energia média, no qual as forças de Van der Waals que atuam entre os átomos são capazes de sobrepor-se ao movimento cinético dos átomos. Então, aqueles átomos que estiverem em nível energético menor que a energia cinética média, atraem-se mutuamente, de tal maneira, que se juntam. Deste modo eles se condensam, formando gotas de líquidos que caem sob a ação da gravidade. Neste ponto, o restante da energia cinética transforma-se em calor (calor latente de MATERIAIS DE ENGENHARIA ELÉTRICA – PROF. AELFO MARQUES LUNA – VOL 1 29 vaporização). Nos líquidos não existe arranjo ordenado dos átomos ou moléculas; estas partículas ainda estão livres para movimentar-se, isto é, um líquido possui mobilidade. Nos líquidos, os átomos ou moléculas resvalam umas sobre as outras e variam algo em suas localizações mútuas Continuam estando juntas, mas não detém uma disposição regular determinada; em lugar disso o agrupamento de moléculas varia continuamente em torno de uma posição dada. A natureza da agitação térmica de uma molécula no líquido difere daquela no gás, não obstante as moléculas de um líquido se moverem em zig-zag, contudo, elas demoram-se por um certo tempo em cada ponto de mudança de direção, onde vibram com a uma freqüência de 10 12 a 10 13 c/s. São vibrações térmicas dadas pela expressão: F = kT/ h onde: (3.2) h= constante de Planck (6,6262 x 10 -34 J.s) k=constante de Boltzman (1,38 x 10 -23 J/K) T=temperatura absoluta Kelvin A mais importante característica dos líquidos é a viscosidade e esta resulta do atrito interno entre as partículas que oferecem ao escorregamento de umas sobre as outras. A viscosidade pode ser concebida como o coeficiente de resistência ao escoamento. Os líquidos são mais viscosos que os gases, pois aqueles têm uma densidade muito maior. A viscosidade pode ser definida a partir da lei de Stockes, cuja expressão é formulada a seguir: v = F / 6r (3.3) v é a velocidade desenvolvida por um corpo esférico de raio r, impelido por uma força F num líquido cuja viscosidade dinâmica é . No SI a viscosidade dinâmica é expressa em Pa.s, e no sistema CGS é medida em Poise. Denomina-se viscosidade cinemática dos líquidos o quociente da sua viscosidade dinâmica pela sua densidade. As unidades usadas para viscosidade cinemática nos sistemas SI e CGS são respectivamente m 2 /s e cm 2 /s, esta última também chamada de stocke, abreviadamente St. O inverso da viscosidade é denominado de “fluidez”.Na Tabela 3.1 estão indicados os valores da viscosidade dinâmica de alguns líquidos A viscosidade dos líquidos pode ser medida por vários processos empíricos. Um método clássico é baseado na medida do tempo despendido para uma certa quantidade de líquido fluir através de um orifício. Usando o viscosímetro de Engler verifica-se quanto mais lento Tabela 3.1 10 3 Pa.s 10 3 Pa.s Água 1,01 Álcool metilico 0,59 Mercúrio 1,69 Álcool etílico 1,19 Benzeno 0,65 Éter 0,23 Glicerina 850 Temperatura considerada de 20 o C o líquido se escoa em relação a uma mesma quantidade de água a 20 o C. O resultado é expresso em grau Engler, o qual apresenta o inconveniente de não poder ser utilizado MATERIAIS DE ENGENHARIA ELÉTRICA – PROF. AELFO MARQUES LUNA – VOL 1 30 nos cálculosde viscosidade, segundo as definições dadas anteriormente. Entretanto, conduz a uma melhor avaliação física desta grandeza. Veja a ilustração da Fig. 3.1. Existem outros tipos de viscosímetros, tais como o de Sherwood (usado na Grã- Bretanha) e o de Saybolt, empregado nos Estados Unidos. O viscosímetro de Engler é muito utilizado na.Europa Continental. Fig. 3.1 – Viscosímetro de Engler (adaptado de A. Remy/ M. Gay e R. Gonthier – “Materiais” -Edt. Hemus - SP). O recipiente em latão A contém o líquido do qual se quer conhecer a viscosidade. O recipiente B contém água. Um corpo de aquecimento (resistência) C permite levar a água à temperatura desejada, com ajuda do termômetro D. o termômetro e indica a temperatura de ensaio do líquido a medir. Quando esta temperatura é atingida eleva-se a haste F. o líquido escorre pelo bocal G na proveta I. Duas marcas H1 e H2 indicam um volume de 200 cm 3. Desde que o nível atinja H1, aperta-se um cronômetro, e depois se desliga quando o líquido chega a H2. Os graus de Engler representam o quociente do tempo de escoamento de 200 cm3 do líquido considerado pelo tempo de escoamento de 200 cm3 de água a 20oC, sendo as duas medidas feitas através de um mesmo orifício de 2,8 mm de diâmetro interno. Tendo assim o tempo de escoamento T de 200 cm3 de líquido à temperatura de toC, dividimos este tempo pelo tempo de escoamento Te de 200 cm 3 de água destilada a 20oC. Este último tempo é dado por um número que é característico do viscosímetro; este valor é próximo de 51,65 s. Assim temos; oEt = T / Te. 3.3 – O ESTADO SÓLIDO A uma temperatura mais baixa, o líquido começa a solidificar-se. Este é um processo onde os átomos ou as moléculas passam de um estado desordenado para um estado de arranjo no espaço, ou seja, as partículas ocupam posições definidas no espaço, porém vibram em torno de uma posição de equilíbrio. A natureza dos deslocamentos das moléculas ou átomos é diversa daquela apresentada pelos líquidos e gases Os sólidos são divididos em três grupos, de acordo com o arranjo da sua estrutura interna: cristais, amorfos e mistos. MATERIAIS DE ENGENHARIA ELÉTRICA – PROF. AELFO MARQUES LUNA – VOL 1 31 Os cristais são caracterizados por uma rigorosa e regular ordem de arranjo das suas partículas constituintes no espaço, formando as denominadas estruturas cristalinas. Os sólidos amorfos são caracterizados pela falta de uma ordem regular das posições relativas no espaço das suas partículas constituintes. O próprio vocábulo amorfo significa sem forma. Costuma-se denominar os sólidos amorfos de líquidos super resfriados. Exemplos: o vidro, as resinas etc. O material amorfo difere do cristalino porque não tem “ponto de fusão” definido. Por fim os sólidos de estrutura mista são aqueles em que seus elementos constituintes estão na fase cristalina e amorfa. Exemplo: os materiais cerâmicos. 3.3.1 – AS ESTRUTURAS CRISTALINAS A maioria dos materiais usados pela engenharia, em particular os metais apresenta-se sob a forma de estrutura cristalina. Isto é, segundo um arranjo atômico no qual os átomos (íons) se agrupam ordenadamente no espaço, obedecendo a um padrão repetitivo e sistemático nas três dimensões, dando lugar à formação de um ou mais cristais. O material de estrutura cristalina pode ser monocristalino (um único cristal) ou policristalino (constituídos de diversos cristais unidos entre si pelos seus limites). A forma policristalina é a mais freqüentemente encontrada. O trabalho mais importante descrevendo e classificando os reticulados cristalinos deve-se ao físico francês Auguste Bravais. Segundo este físico existem sete sistemas primários de reticulados, a seguir enumerados: cubico, hexagonal, tetragonal, ortorrômbico, romboédrico, monoclínico e triclínico. Observe a Fig. 3.2 Estes sistemas podem estar arranjados de 14 maneiras diferentes. Assim tem- se o sistema cubico de corpo centrado (CCC) e o sistema cúbico de face centrado (CFC), ilustrados na Fig. 3.3. Um dos parâmetros que determinam o tipo de estrutura cristalina é o número de coordenação, definido como o número de átomos vizinhos a qualquer átomo da estrutura. Os números de coordenação das estruturas CFC e CCC da fig 3.3 são 12 e 8 respectivamente. Numa rede cristalina, a menor unidade geométrica tridimensional que se repete é denominada de célula elementar da rede. Grande parte dos sólidos se apresenta sob forma cristalina, em especial a maioria dos metais comuns se cristaliza no sistema cubico. CFC (cubo de face centrada) – Ag, Al, Au, Cu, Ni, Pt , Fe- etc. CCC (cubo de corpo centrado) – Cr, K, Li, W, Mo, Na, Fe- etc. No sistema hexagonal (H) temos os seguintes metais: Be, Cd, Mg, Zn etc. Veja a Fig. 3.4: Um exemplo muito lembrado é do cristal de cloreto de sódio, cristalizado no sistema cúbico de face centrada (CFC), veja Fig. 3.5. As substâncias cristalinas exibem anisotropia de varias propriedades, tais como: constantes elásticas, constantes óticas, condutividade elétrica e térmica, dilatação térmica e até a reatividade química de suas superfícies depende da orientação cristalina (anisotropia significa que o material tem propriedades variáveis com a direção). MATERIAIS DE ENGENHARIA ELÉTRICA – PROF. AELFO MARQUES LUNA – VOL 1 32 Fig. 3.2 – Os 14 reticulados de Bravais. (Adaptado de Lawrence Van Vlack – “Princípios de Ciência dos Materiais” –Edt. Edgard Blücher – SP). 3.3.2 – ESTRUTURAS AMORFAS Como foi salientado nem todos sólidos são cristalinos. Assim alguns apresentam um arranjo de seus átomos ou moléculas com uma configuração geométrica irregular, decorrendo daí o uso da expressão amorfo, ou seja, sem forma definida. Situam-se nesta classificação os vidros e as resinas termofixas. Costuma-se chamar os sólidos amorfos como líquidos super esfriados e de fato, sob o ponto de vista estrutural não existem diferenças significativas entre um sólido amorfo e um líquido. Por convenção, a viscosidade é utilizada para distinguir um vidro de um líquido; acima de 10 15 poise, a substância é considerada amorfa. Estes sólidos amorfos não se fundem a uma temperatura definida, como no caso dos materiais cristalinos. Ao contrário, eles amolecem, gradualmente, tornando- se mais fluídos e com o aspecto de líquidos com elevada viscosidade. .As substâncias amorfas são habitualmente isotrópicas. Fig. 3.3 – Células unitárias, supondo-se serem os átomos esferas rígidas: a) cubica de faces centradas e b) cúbicas de corpo centrado (Adaptado de Ângelo Fernando Padilha – “Materiais de Engenharia – Microestruturas – propriedades” da Edt). Hemus – SP) MATERIAIS DE ENGENHARIA ELÉTRICA – PROF. AELFO MARQUES LUNA – VOL 1 33 Fig. 3.4 Fig. 3.5 Fig. 3.4 – Estrutura hexagonal compacta. (a) Vista esquemática, mostrando a localização dos centros dos átomos. (b) Modelo de esferas rígidas. Fig. 3.5 – Estrutura tridimensional do cloreto de sódio. O cátion de sódio é igualmente atraído por todos os seis ânions de clore que o cercam. (Ambas figuras adaptadas de Lawrence Van Vlack – “Princípios de Ciência dos Materiais” - Edt. Edgard Blücher – SP). 3.3.3 – ESTRUTURAS MISTAS Classificam-se neste grupo as resinas termoplásticas e as cerâmicas. Nestes materiais ocorrem regiões cristalinas em uma matriz amorfa, ou seja, apresentam um certo grau de cristalinidade. 3.4 – CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS SÓLIDOS Os diversos materiais sólidos podem ser classificados segundo suas composições, suas microestruturas ou por suas propriedades.
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